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Aula 2 - Gestão do conhecimento

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DESCRIÇÃO
A evolução do conhecimento e sua gestão dentro do contexto organizacional.
PROPÓSITO
Explicar a gestão do conhecimento – processo indispensável para o sucesso de qualquer
organização, especialmente diante da grande quantidade de informação disponível atualmente.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer as noções de inovação, invenção, destruição criativa e ciclos econômicos
MÓDULO 2
Descrever a evolução do conhecimento
MÓDULO 3
Definir os conceitos de dado, informação e conhecimento
MÓDULO 4
Descrever o conhecimento organizacional
INTRODUÇÃO
Pense no mundo do século XXI. De uma hora para outra, nosso cotidiano foi transformado pela
maior pandemia em 100 anos de história. Cientistas, empresas e governos imediatamente se
colocaram em busca de remédios e vacinas, usando as mais diversas técnicas, com graus
variados de sucesso a cada etapa.
Reflita sobre o desafio gigante de articular o grande fluxo de informação que essas iniciativas
geram:
Cada um desses agentes precisa tomar sua decisão com base na informação disponível,
pois não queremos repetir experimentos já fracassados ou apenas repetir o que já está
sendo feito em outro lugar, se podemos buscar alternativas promissoras. Ao mesmo
tempo, é humanamente impossível acompanhar o desenvolvimento de todas essas
iniciativas.
Neste momento, talvez, você esteja pensando que, às vezes, não sabe onde guardou os
comprovantes do Imposto de Renda para sua declaração anual ou que precisa comprar um
computador para que seu trabalho seja mais produtivo, mas tem dificuldade de comparar
diversas marcas e configurações para tomar a decisão de compra.
As empresas têm o mesmo tipo de dificuldade. Armazenar e gerar conhecimento estão entre os
grandes desafios da sociedade moderna. Temos à nossa disposição um grande volume de
informação, mas o que fazer com tudo isso? Neste tema, estudaremos algumas ferramentas
para responder a essa questão.
MÓDULO 1
Reconhecer as noções de inovação, invenção, destruição criativa e ciclos
econômicos
PROCESSO DE INOVAÇÃO
A inovação é um processo constante em nossas vidas. A todo o momento, surgem novos
produtos e novas tecnologias que modificam completamente a forma como realizamos
atividades cotidianas.
Por exemplo, a introdução dos telefones no mercado afetou dramaticamente a forma como nos
comunicamos uns com os outros. Se, antes, a comunicação era mais difícil e esporádica, os
telefones serviram para encurtar barreiras e conectar pessoas.
Seguindo um caminho similar, o surgimento dos celulares permitiu que muitas pessoas se
comunicassem mesmo fora de suas residências ou local de trabalho. Já a evolução da Internet
trouxe uma série de transformações para esse aparelho, que, apesar de inovador, cumpria
apenas a função da comunicação.
De fato, enquanto no passado os celulares serviam basicamente para breves ligações e trocas
de mensagens, hoje podemos realizar uma série de atividades com ele. Socializamos em redes
sociais, trocamos e-mails de trabalho, solicitamos transporte via aplicativos e até pedimos
comida pelo celular.
Embora você possa já ter se dado conta de como a introdução de novos produtos e novas
tecnologias afeta nossas vidas, talvez não tenha parado para refletir sobre como esse
fenômeno influencia a atividade comercial como um todo.
Neste módulo, abordaremos os conceitos fundamentais vinculados ao processo de inovação e
entenderemos como esses conceitos se relacionam com os ciclos econômicos segundo a
abordagem schumpeteriana.
VISÃO SCHUMPETERIANA DE INOVAÇÃO
Como o processo de inovação apresenta importantes consequências para a atividade
econômica, o tema foi objeto de estudo de diversas escolas de pensamento ao longo dos
últimos séculos.
Entre os principais expoentes do tema está o economista Joseph Schumpeter, que difundiu o
conceito de destruição criativa e trouxe um caráter mais dinâmico e menos estático para as
teorias sobre o desenvolvimento econômico. Portanto, embora haja múltiplas visões de como a
inovação ocorre e afeta a atividade econômica, focamos, aqui, na visão schumpeteriana desse
processo.
O avanço tecnológico é um processo que permeia boa parte da história da humanidade. Desde
a invenção de máquinas mais primitivas para a confecção de produtos diversos, passando pela
invenção dos carros e aviões, até chegarmos à recente invenção de celulares de última
geração, o avanço tecnológico possibilitou a implementação de atividades econômicas que
afetaram dramaticamente não só costumes sociais como também setores comerciais.
Aqui, cabe uma importante distinção. Embora os termos invenção e inovação possam
comumente ser usados como sinônimos em nosso cotidiano, há uma relevante diferença entre
eles.
A invenção é a criação de algo que pode vir a ter ou não relevância econômica e é entendida
como inovação somente após ser transformada em uma mercadoria que possa ser explorada
economicamente. Como fica claro a partir dessa definição, a inovação é, portanto, uma
invenção que, por gerar valor para as empresas ou para a sociedade, foi aceita pelo mercado
consumidor.
JOSEPH SCHUMPETER (1883-1950)
“Economista austríaco, cuja obra global teve como principal linha de orientação o estudo do
sistema capitalista de organização da sociedade.”
Fonte: Infopédia - Dicionários Porto Editora
EXEMPLO
As telas sensíveis ao toque, por exemplo, foram criadas durante a década de 1960, mas não
eram muito utilizadas pelo mercado nessa época. Em outras palavras, eram uma invenção por
se tratar de algo novo até então, mas não uma inovação, por não gerarem valor para os
consumidores. Foi apenas na década de 1980 que as telas sensíveis ao toque começaram a
ser mais difundidas, tornando-se, portanto, uma inovação.
A inovação pode, ainda, ser dividida em:
INOVAÇÃO RADICAL OU DISRUPTIVA
INOVAÇÃO INCREMENTAL
INOVAÇÃO RADICAL OU DISRUPTIVA
Refere-se à introdução de um produto, processo ou sistema inteiramente novo. Esse tipo de
inovação está muito relacionado com a ruptura dos paradigmas tradicionais de um mercado
específico.
Por exemplo, a introdução dos iPhones no mercado representam um tipo de inovação radical,
já que estes aparelhos foram pioneiros em sua forma de conectar celulares com a Internet e o
mundo dos aplicativos.
INOVAÇÃO INCREMENTAL
Refere-se à introdução de qualquer tipo de melhoria em um produto ou processo. O
lançamento anual de um novo modelo de iPhone, com avanços marginais na qualidade da
câmera e do sistema de processamento, pode ser entendido como uma inovação incremental.
Independentemente dessas diferenças entre inovação incremental ou radical/disruptiva:
O ponto fundamental para que haja progresso econômico é a difusão da nova
tecnologia.
Somente ao atingir um grupo relevante de consumidores, as novas tecnologias passam a ter
um efeito econômico significativo. Assim, antigas tecnologias vão sendo sucessivamente
substituídas por novas, dando início a um processo entendido como destruição criativa (ou
criadora).
DESTRUIÇÃO CRIATIVA
De acordo com Schumpeter, o que é destruição criativa?
A destruição criativa reflete o processo de transformação que revoluciona a estrutura
econômica a partir de dentro, destruindo incessantemente o antigo e criando elementos novos.
O processo de destruição criativa pode ocorrer:
EXEMPLOS
Por meio da introdução de um novo produto no mercado, da descoberta de um novo método de
produção de um produto já existente ou até mesmo de mudanças na estrutura de mercado,
como a quebra de um monopólio ou oligopólio.
Todos esses exemplos citados são motivados pelo aumento do lucro do agente econômico em
questão.
A introdução de uma inovação no sistema econômico é chamada por Schumpeter de ato
empreendedor, realizada pelo empresário empreendedor, visando à obtenção de lucro, que,
segundo o autor, é o motor de toda a atividade empreendedora. Quando fala de lucro,
Schumpeter não se refere à remuneração usual do capital investido, mas ao lucro
extraordinário.
LUCRO EXTRAORDINÁRIOLucro acima da média do mercado, que engendraria novos investimentos e a transferência de
capitais entre os diferentes setores da economia – dos menos rentáveis para os mais rentáveis.
A destruição criativa é a força propulsora do desenvolvimento econômico capitalista.
É por meio da destruição criativa que o fluxo de capital circula entre as diferentes atividades
produtivas e os distintos setores de produção ao longo do tempo. Este é um processo dinâmico
e, muitas vezes, inesperado, que gera os chamados ciclos econômicos.
CICLOS ECONÔMICOS – ONDAS DE
INOVAÇÃO
VOCÊ SABE A QUE SE REFERE O CONCEITO DE
CICLO ECONÔMICO?
RESPOSTA
RESPOSTA
Refere-se às flutuações da atividade econômica no curto prazo, que podem tanto ser positivas
(ciclos de expansão) quanto negativas (ciclos de retração).
Até o surgimento da principal obra de Schumpeter (1911), as descontinuidades cíclicas na
economia eram frequentemente consideradas perturbações passageiras, decorrentes, por
exemplo, de colheitas frustradas ou subconsumo por parte da população. A ideia implícita
nessas justificativas para os ciclos econômicos é a de que a economia tende a um equilíbrio,
somente se desviando dele em função de choques externos.
Contudo, de acordo com Schumpeter (1942): “capitalismo estabilizado é uma contradição em
termos”. Portanto, contrariamente à visão mais estática do capitalismo, o autor vê os ciclos
econômicos e a instabilidade que trazem consigo como inerentes ao progresso econômico. Os
ciclos de expansão e retração são atribuídos ao processo de inovação, que provoca
importantes fricções no sistema econômico como um todo.
Mas como exatamente ocorre esse processo?
Vamos usar a abordagem de Oliveira (2014) para explicar esse fenômeno com mais detalhes:
Primeiramente, em um suposto estado de equilíbrio, as inovações provocam importantes
deslocamentos dos investimentos de determinada atividade ou determinado setor produtivo
para outro. Isso ocorre porque as inovações não acontecem de forma progressiva e igualmente
distribuída entre os diferentes setores. Se este fosse o caso, todo o processo ocorreria de
forma mais gradual, e os deslocamentos de recursos entre os diversos setores seriam
amenizados.
Com a inovação, alguns setores se tornam temporariamente mais atraentes que outros, e os
investimentos fluem em direção a esses setores, buscando oportunidades de lucro superiores
àquelas encontradas anteriormente no mercado. Nesse processo, é imprescindível a captação
de recursos financeiros pelo chamado empresário inovador. Os pioneiros nesse processo de
investimento e inovação passam a obter lucros extraordinários em seus setores de atuação, e
um clima de expansão se instaura.
No entanto, esse influxo inicial de investimentos alavancados pelo aumento da demanda por
crédito acelera a atividade econômica e causa uma pressão inflacionária. Nesse contexto de
expansão econômica e pressão dos preços, também começa a haver um movimento
ascendente das taxas de juros. Combinado a isso, as empresas que ficaram para trás no
processo de inovação passam a investir em inovação e se adaptar ao novo cenário, a fim de
não perderem mercado.
Com isso, os lucros extraordinários derivados da inovação passam a ser progressivamente
reduzidos, à medida que a nova tecnologia passa a ser mais difundida. Quando esses
processos amadurecem, a ampliação da oferta a um preço reduzido anuncia o início de um
processo de retração econômica.
MOVIMENTO ASCENDENTE
As taxas de juros sobem quando a economia está em um ritmo acelerado, além da capacidade
de produção, o que provoca pressão inflacionária. O aumento dos juros diminui esse ritmo.
O novo ponto de equilíbrio alcançado se situa em um patamar superior àquele
observado antes de a inovação ser introduzida no mercado. Esse fluxo de propagações
econômicas ajuda a explicar a importância da destruição criativa para o progresso e
coloca os ciclos de expansão e retração como parte inerente do capitalismo.
A maior contribuição de Schumpeter frente a outras escolas de pensamento foi o tratamento da
inovação como componente intrínseco do capitalismo e dos ciclos econômicos.
UM POUCO SOBRE A VIDA E A OBRA DE
SCHUMPETER
Neste vídeo, vamos falar um pouco mais sobre Schumpeter, um dos principais economistas da
história.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
Descrever a evolução do conhecimento
EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO
Já aprendemos os principais conceitos relacionados à inovação e como eles propagam o
desenvolvimento econômico. Mas ainda precisamos entender como exatamente o acúmulo de
conhecimento e as inovações presentes nos diferentes estágios de desenvolvimento de nossa
sociedade afetam o mundo moderno.
Já parou para pensar que as inovações acontecem hoje de forma muito mais acelerada
que alguns séculos ou até mesmo décadas atrás?
Afinal, não seria exagero dizer que, a cada ano, surge um novo mundo de inovações que
moldam amplamente a forma como a sociedade se organiza e avança. Essa mudança na
dinâmica da inovação está relacionada com a forma com que as diferentes sociedades lidaram
e incentivaram o conhecimento e a inovação ao longo do tempo.
Neste módulo, aprenderemos como o conhecimento nas sociedades industrial e pós-industrial
foi organizado, e como a diferente valorização da inovação e da criatividade ao longo da
história afeta a estrutura econômica como um todo.
SOCIEDADE INDUSTRIAL
As inovações e o progresso do conhecimento trouxeram importantes transformações ao longo
da história. Um evento sem precedentes nesse sentido foi a Revolução Industrial, que deu
origem à chamada sociedade industrial.
Tendo início em meados do século XVIII e fim cerca de dois séculos depois, por volta de 1950,
as sociedades industriais são comumente divididas em duas fases:
Primeira fase
Marcada pelo surgimento da máquina a vapor.
Segunda fase
Impulsionada pela utilização de novas formas de energia, como a eletricidade e os
combustíveis derivados do petróleo, que possibilitaram a difusão dos motores elétricos e à
combustão.
Por mais que a introdução de maquinário no sistema produtivo possa parecer algo banal nos
dias de hoje, suas consequências sociais e econômicas para a Europa do século XVIII foram
enormes.
A sociedade industrial teve início na Inglaterra e marcou o fim da economia agrária e
manufatureira. Se antes o poder estava nas mãos de quem detinha a posse das terras
(aristocracia rural), e em alguma medida, da burguesia, a introdução das máquinas no
processo produtivo deslocou definitivamente o foco de poder para os detentores dos meios de
produção, ou seja, a burguesia industrial.
O trabalho que antes era majoritariamente artesanal passou a ser realizado por meio de
maquinário para a produção em larga escala. Assim, o trabalhador perdeu o controle sobre o
processo produtivo e passou a servir como um mero operador dessas novas máquinas, que
começaram a se encarregar da produção.
Com essa mudança, o trabalhador não precisou mais ter conhecimento sobre as técnicas e
peculiaridades envolvidas na produção de um bem, mas sim operar as máquinas de forma
padronizada e contínua.
A sociedade industrial foi marcada por um apelo à produção em massa e pela eficiência
no sistema produtivo, por certa desvalorização da criação e autodeterminação individual,
e pela valorização da padronização do trabalho.
Combinados, todos esses fatores ajudam a explicar, também, o crescimento do número de
trabalhadores assalariados na época.
Além de impulsionar novas relações de trabalho, a sociedade industrial também se caracterizou
pela introdução de uma nova organização do trabalho.
Com a inserção do maquinário e a progressiva redução da atividade artesanal, o trabalho
passou a ser realizado de forma cada vez mais especializada. Ao invés de participar de todo o
processo produtivo, o trabalhador passava a ficar encarregado por uma parte específica desse
processo. Assim, aumentava-se a produtividade do trabalho ao mesmo tempo em que se criavaum distanciamento entre o trabalhador e sua obra final.
Outro tipo de distanciamento ocorreu por meio da distinção entre o espaço do trabalho e o
espaço do lar. O trabalho, que antes era conduzido no campo ou na própria residência, nas
sociedades agrárias e artesanais, respectivamente, passou a ser realizado, de forma
obrigatória, nas fábricas, na sociedade industrial.
Com isso, o tempo deixou de ser ditado pelas mãos do artesão ou pelas condições climáticas e
estações do ano, passando a ser regido pela velocidade das máquinas. Foi justamente no
período da sociedade industrial que as longas jornadas de trabalho tomaram fôlego.
Enquanto estimativas indicam que o artesão trabalhava cerca de 4 horas por dia, a média de
trabalho durante a Revolução Industrial saltou para cerca de 16 horas diárias. A disciplina
rígida e as punições também serviram como instrumento para ordenar o trabalho da época.
Em resumo, segundo Dantas (2008), as palavras-chave que podem descrever e sintetizar as
características da sociedade industrial são:
Concentrar, agigantar, padronizar, especializar e maximizar.
SOCIEDADE PÓS-INDUSTRIAL
À medida em que a importância da indústria para a atividade econômica foi decaindo, a
sociedade industrial foi dando lugar à sociedade pós-industrial ou sociedade do
conhecimento. Neste novo arranjo, a indústria cedeu lugar aos serviços, que se tornaram
hegemônicos.
De acordo com De Masi (1999), a ascensão da sociedade pós-industrial ocorreu em meados
da década de 1950, quando, pela primeira vez, nos Estados Unidos, o número de
trabalhadores nos setores administrativos superou o número de trabalhadores da produção.
SAIBA MAIS
Para se ter uma ideia do avanço dos serviços frente à produção industrial nesse período,
segundo Bell (1973), enquanto as indústrias apresentavam uma variação inferior a 10% na
quantidade de empregos entre 1947 e 1968, houve um acréscimo de cerca de 60% nos
empregos no setor de serviços. Afinal, as máquinas modernas desenvolvidas entre as
sociedades industrial e pós-industrial conseguem realizar sozinhas as atividades de um número
cada vez maior de trabalhadores.
Além de repercutir na quantidade de empregos no setor industrial, mudanças qualitativas
dentro da classe operária também puderam ser observadas. Os operários manuais e não
qualificados foram progressivamente dando lugar a uma nova classe de trabalhadores mais
qualificados. De fato, esse processo é sintomático de toda a sociedade pós-industrial. Aos
poucos, o trabalho manual foi perdendo espaço para a emergência do conhecimento e da
tecnologia como recursos centrais na sociedade.
Assim como a sociedade agrária, que tinha a terra como foco da atividade produtiva, cedeu
lugar à atividade da indústria na sociedade industrial, a sociedade pós-industrial tem o
conhecimento como foco da atividade econômica. Esse conhecimento, por sua vez, é
materializado como bem comercial por meio dos serviços.
Da mesma forma que a sociedade industrial não dispensou os bens produzidos pela
sociedade agrícola, a sociedade pós-industrial não dispensa os bens industriais. O que
aconteceu nesse processo?
Essa sociedade pós-industrial realocou os trabalhadores dos setores agrícola e industrial. Com
isso, o capital físico, proveniente da terra ou da indústria, perde lugar para o capital humano,
representado pelo conjunto de capacitações profissionais que os trabalhadores adquirem por
meio da educação formal e de treinamento.
Nesse sentido, o maior desafio deixa de ser única e exclusivamente a eficiência do trabalho e
passa a ser a criatividade. Primeiro, observa-se um estágio onde a criatividade é suprimida, e a
função do trabalho se traduz, basicamente, em realizar o mesmo processo repetidas vezes no
menor espaço de tempo, como prescrito pela especialização do trabalho e a meta de eficiência
da sociedade industrial. Depois, a sociedade passa para outro estágio, em que se percebe a
valorização das ideias, do conhecimento e da criatividade.
Seguindo essa linha, outro marco característico da sociedade pós-industrial é a globalização.
Com o advento da Internet e o avanço não só dos meios de comunicação como também dos
transportes, as distâncias foram substancialmente reduzidas, e as trocas de bens e
informações entre os diferentes países foram potencializadas.
O fluxo de novas ideias entre diferentes culturas também serve para impulsionar ainda mais
todo esse processo de valorização de novas ideias e aplicações inovadoras do conhecimento.
Em resumo, as sociedades pós-modernas são marcadas por:
Um rápido crescimento do setor de serviços em oposição aos setores agrícola e industrial.
Um rápido aumento da Tecnologia da Informação.
A valorização do conhecimento e da criatividade dentro da atividade econômica.
DA SOCIEDADE INDUSTRIAL À PÓS-
INDUSTRIAL
Neste vídeo, vamos rever os conceitos sobre a sociedade industrial e a pós-industrial.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
Definir os conceitos de dado, informação e conhecimento
DISTINÇÃO DE CONCEITOS
Até agora, estudamos bastante a inovação e suas aplicações no mundo moderno. Também
tratamos do surgimento da sociedade do conhecimento e de como as informações são valiosas
dentro dos atuais arranjos econômicos.
Mas o que exatamente é o conhecimento?
Como ele se relaciona com essas informações?
Qual é o papel dos dados nesse processo?
Embora usemos os termos dado, informação e conhecimento como sinônimos em muitas
ocasiões, há importantes distinções teóricas entre os três conceitos. Neste módulo,
entenderemos melhor o que significa exatamente cada um desses termos e como eles se
relacionam com a gestão do conhecimento nas organizações.
DADO
Segundo Angeloni (2008), os dados podem ser entendidos como fragmentos de conhecimento
que ainda não passaram por tratamento lógico ou que ainda não foram contextualizados. Os
dados descrevem eventos e características individuais de modo relativamente organizado,
mas, sem contextualização, acabam sendo pouco informativos. Em outras palavras, quando
tomados isoladamente, os dados não contêm um significado intrínseco, não passam
informação nenhuma.
Para ilustrar, considere a tabela 1:
Cliente Dia Hora
Valor da
compra
Método de
pagamento
5935731 21/02/2021 10:10 R$ 69,00 Dinheiro
8216877 21/02/2021 10:33 R$ 141,00 Dinheiro
6609672 21/02/2021 11:00 R$ 90,00 Dinheiro
9381306 21/02/2021 11:02 R$ 272,00 Cartão
8816372 21/02/2021 11:17 R$ 335,00 Dinheiro
5391296 21/02/2021 11:22 R$ 171,00 Dinheiro
1211793 21/02/2021 11:49 R$ 64,00 Cartão
4557270 21/02/2021 12:30 R$ 73,00 Cartão
5650738 21/02/2021 12:32 R$ 342,00 Dinheiro
Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 1. Dados coletados por um mercado. Elaborado por Yan Bernardes Vieites Castro dos
Santos.
O QUE PODEMOS CONCLUIR APÓS ANALISAR
ESSA TABELA?
1 2
1
Foi disposta uma série de dados sobre o consumo dos clientes de um mercado, como o código
de identificação do cliente, o dia, a hora, o valor e o método de pagamento da compra. No
entanto, esses dados não são tão informativos por si só. As informações pessoais do cliente,
como gênero, data de nascimento e bairro de moradia não estão disponíveis na tabela, e o
número de identificação não diz muito sobre quem está realizando a compra.
2
É difícil estabelecer padrões sem uma análise mais detalhada. Ainda não sabemos qual é a
média do valor gasto, qual é a proporção de pagamentos feitos por dinheiro ou cartão, ou,
ainda, se há distinções no consumo em diferentes períodos do dia ou entre dias da semana.
Isso é particularmente relevante nos dias de hoje, em que as organizações contam com bases
de dados cada vez mais volumosas.
Com o avanço da tecnologia, essas organizações puderam passar a coletar e armazenar uma
quantidade cada vez maior de informações sobre seus clientes e funcionários e até mesmo
sobre a concorrência. Em uma época de crescimento vertiginoso da competição, esses dados
ajudam empresas a compreendermelhor o mercado e, assim, obter vantagem competitiva
frente à concorrência. Afinal, quem melhor entende suas forças e fraquezas e consegue
enxergar oportunidades no mercado está mais bem equipado para elaborar estratégias de
negócios.
Pensando nisso, as empresas têm investido cada vez mais na gestão da informação. Os
dados não surgem simplesmente para as empresas: a coleta de dados sobre clientes,
funcionários e demais áreas de interesse faz parte de uma estratégia ativa das empresas para
entender melhor os processos internos e externos.
EXEMPLO
Quando fazemos o cartão fidelidade em um mercado, preenchemos um formulário contendo
dados pessoais. Esses dados podem ser posteriormente cruzados com nossos hábitos de
consumo.
Mas quais dados coletar exatamente?
Por mais que essas questões possam passar despercebidas pelo consumidor típico, tudo isso
é cuidadosamente pensado pelas empresas.
Por fim, com o acúmulo cada vez maior de dados por parte das empresas, também é
necessário um investimento maciço em Tecnologia da Informação. Os dados são armazenados
em bancos de dados computadorizados que requerem cada vez mais espaço e esforço em
termos de categorização. Em resumo, há cada vez mais dados disponíveis, mas, sem o
tratamento adequado, eles podem não dizer muito.
INFORMAÇÃO
De acordo com Chiavenato (2009), informação representa o conjunto de dados com certo
significado, ou seja, dados que conseguem reduzir a incerteza ou aumentar o conhecimento a
respeito de determinado assunto.
Por um lado, os dados não ajudam a compreender as questões de interesse por si só, como
vimos anteriormente. Por outro, os dados servem de insumo para a geração de valiosas
informações.
Segundo Davenport e Prusak (1998), após coletados e armazenados, os dados podem ser
transformados em informações por meio de um processo que envolve:
Contextualização – compreensão dos principais objetivos com os dados coletados.
Categorização – necessidade de agrupar os dados de acordo com semelhanças e padrões.
Cálculo – análise matemática ou estatística dos dados.
Correção – exclusão de possíveis erros na base de dados.
Condensação ou síntese – resumo dos dados de forma simples e objetiva, por meio, por
exemplo, do uso de tabelas e gráficos, que tornam imensas bases de dados compreensíveis
após uma mera inspeção visual.
Com acesso aos dados sobre os clientes e sobre seu consumo, é possível tratar os dados para
gerar importantes informações. Por exemplo, o mercado pode traçar um perfil mais detalhado
sobre seus clientes:
SÃO HOMENS OU MULHERES EM SUA MAIORIA?
QUAL É SUA IDADE MÉDIA?
EM QUE BAIRRO MORAM?
Talvez mais importante, é possível entender melhor o padrão de consumo dos clientes como
um todo, não importando necessariamente a qual grupo pertencem. Assim, cabem os
seguintes questionamentos:
Quais são os dias de maior venda?
Quais são os meses em que os clientes ficam menos sensíveis ao preço?
Quanto os clientes gastam em média por visita ao mercado?
Quantas vezes por semana fazem compras?
Nos dias em que há divulgação nos veículos de mídia, a procura aumenta?
Todas essas perguntas estão relacionadas a informações de grande importância para o
tomador de decisão de qualquer empresa.
ATENÇÃO
Apesar de essenciais para a geração de informações, vivenciamos hoje um paradoxo do
excesso de dados, que pode prejudicar a obtenção dessas informações. Com o crescente
influxo de novos dados, seu processamento e a consequente obtenção de informações para
instruir a tomada de decisão se tornam cada vez mais difíceis.
Em meio a tantas opções, fica difícil escolher qual dado exatamente analisar. Também fica mais
complexo entender o que o amontoado de informações quer dizer de fato. Portanto, para obter
informações, pode ser preciso passar os dados por um filtro que exclua boa parte daquilo que
não é tão necessário e deixe, por fim, somente o essencial.
CONHECIMENTO
Assim como os dados precisam ser devidamente analisados e sintetizados para que possam
se transformar em informação:
A informação também precisa ser interpretada para, então, transformar-se em
conhecimento.
O conhecimento representa, portanto, o passo subsequente rumo à tomada de decisão ou até
mesmo a descobertas importantes que podem guiar o processo de inovação.
Figura 1. Sequência de geração de conhecimento e inovação.
Como vimos no módulo anterior, vivemos na sociedade do conhecimento (ou sociedade pós-
industrial). Nela, o conhecimento é considerado a principal mercadoria, materializada por meio
dos serviços amplamente comercializados nos dias de hoje.
O conhecimento é tão relevante justamente porque se situa próximo ao último degrau rumo à
inovação. Diferentemente das demais fontes de vantagem competitiva, como a terra e a
indústria, o conhecimento (ou capital cultural) é intrínseco aos seres humanos.
Para ilustrar a importância dos indivíduos no processo de obtenção do conhecimento e da sua
aplicação no mundo real, cabe mencionar algumas definições clássicas de conhecimento:
O conhecimento é uma informação valiosa combinada com a experiência, com o contexto
histórico e com a reflexão.
(DAVENPORT; PRUSAK, 1998)
A informação é um fluxo de mensagens, enquanto o conhecimento é criado por esse próprio
fluxo de informação, ancorado nas crenças e nos compromissos de seu detentor.
(NONAKA; TAKEUCHI, 2004)
Diferentemente da informação, o conhecimento está intimamente relacionado com a ação e
serve como seu condutor. Retomando mais uma vez o exemplo do mercado, as informações
obtidas após o processamento adequado dos dados são, então, interpretadas à luz das
especificidades adequadas e direcionadas para a ação.
Mais especificamente, o conhecimento obtido por meio da coleta e da subsequente análise dos
dados ajuda o tomador de decisão a desenvolver estratégias empresariais mais efetivas,
guiando, assim, o processo de inovação.
A tabela 2 sintetiza as principais características que separam os conceitos de dado,
informação e conhecimento:
Dado, informação e conhecimento
Dado Informação Conhecimento
Simples observação
sobre o estado do
Dado dotado de
relevância e propósito.
Informação valiosa da
mente humana, que inclui
mundo.
reflexão, síntese e
contexto.
Facilmente
estruturado;
Facilmente obtido
por máquinas;
Frequentemente
quantificado;
Facilmente
transferível.
Requer unidade de
análise;
Exige consenso em
relação ao
significado;
Exige
necessariamente a
mediação humana.
De difícil
estruturação;
De difícil captura em
máquinas;
Frequentemente
tácito;
De difícil
transferência.
Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 2. Sequência de geração de conhecimento e inovação. Extraída de Davenport e Prusak,
1998, p. 18.
GOOGLE E A PERDA ORGANIZADA DE
INFORMAÇÕES
Neste vídeo, vamos ver o que podemos aprender com o Google sobre organização de
informações.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 4
Descrever o conhecimento organizacional
CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL –
CRIAÇÃO, CODIFICAÇÃO E
COORDENAÇÃO, E TRANSFERÊNCIA DE
CONHECIMENTO
Já entendemos que o conhecimento representa uma peça fundamental no processo de
inovação e na sociedade pós-industrial. Mas resta ainda entender quais são os diferentes tipos
de conhecimentos existentes dentro das organizações e como eles interagem para impulsionar
a implementação de novas ideias.
Neste módulo, abordaremos os conceitos de conhecimento tácito e explícito, e explicaremos
como eles se conectam em um processo cíclico, chamado de espiral do conhecimento.
CONHECIMENTO TÁCITO E EXPLÍCITO
De acordo com Nonaka e Takeuchi (2004), a inovação reflete a evolução entre dois tipos
distintos de conhecimento:
CONHECIMENTO TÁCITO
CONHECIMENTO EXPLÍCITO
CONHECIMENTO TÁCITO
Tem um caráter bastante subjetivo por estar intimamente relacionado com fatores como
crenças, valores e experiências individuais. Assim, como esse tipo de conhecimento parte de
um ponto bem particular, fica difícilsistematizá-lo e codificá-lo sob a forma de linguagem. Ele é
adquirido pela prática (know-ho w), e, geralmente, é por meio dela mesma que pode ser
avaliado.
Esse conhecimento está vinculado diretamente a seu detentor e não está presente de forma
muito acessível. É justamente em função desse grau de inacessibilidade que o detentor do
conhecimento tácito consegue garantir uma vantagem competitiva para a organização.
CONHECIMENTO EXPLÍCITO
Reflete todo aquele conhecimento já traduzido para a linguagem formal. Portanto, ele pode ser
facilmente expresso em palavras, números, gráficos, fórmulas, e assim por diante. Esse tipo de
conhecimento é objetivo, sistemático, racional e muito acessível para terceiros,
independentemente de crenças, experiência e vivências pessoais.
A difusão do conhecimento explícito é mais fácil que a do conhecimento tácito, porque o
primeiro pode ser naturalmente armazenado, replicado e compartilhado entre múltiplas pessoas
ou organizações simultaneamente. Basta pensar em um documento de texto que pode ser
armazenado no computador e, posteriormente, enviado para diversos contatos dentro de uma
organização de forma simultânea.
Vejamos um exemplo claro de conhecimento tácito:
É aquele conhecimento que um chef de cozinha renomado possui e emprega ao fazer seus
pratos. Por meio da prática e da experiência com acertos e erros ao longo dos anos, o chef
consegue preparar pratos elaborados sem nem se dar conta de como sabe tudo aquilo. Esse
conhecimento já está cristalizado no know-how desse profissional.
Como forma de difundir esse conhecimento tácito, muitas vezes, chefs de cozinha lançam
livros com algumas de suas receitas ou publicam dicas em colunas especializadas no assunto.
No entanto, um mero leitor desses assuntos muito provavelmente não conseguirá replicar a
receita com a mesma maestria do chef de cozinha.
Quem nunca se decepcionou na cozinha, não é mesmo? Você sabe por que isso
acontece?
Porque o livro passa os detalhes que podem ser entendidos de forma mais objetiva –
conhecimento explícito –, mas toda a técnica por trás da execução do prato fica a cargo do
conhecimento tácito, que é subjetivo e demanda certo grau de experimentação pessoal.
Os dois conhecimentos são, portanto, parte fundamental do processo de aprendizado e, no
contexto organizacional, do processo de inovação.
ESPIRAL DO CONHECIMENTO
Embora possuam importantes distinções conceituais, os conhecimentos tácito e explícito se
comunicam constantemente para impulsionar o avanço dentro das empresas.
De modo geral, devido a seu caráter pessoal e subjetivo, o conhecimento tácito serve como
ponto de partida do processo da inovação. Já o conhecimento explícito reflete o ponto final
desse processo. Mas um não necessariamente supera o outro em termos de importância.
O conhecimento explícito só pode ser formalizado na medida em que interpretações subjetivas
de contextos particulares permitem generalizações mais claras sobre outras situações de
relevância para a organização.
A criação do conhecimento organizacional pode ser entendida como a sistematização e difusão
do conhecimento gerado pelos indivíduos e propiciado pela organização.
De acordo com Nonaka e Takeuchi (2004), o processo de criação de conhecimento nas
organizações se relaciona com a interação dos conhecimentos tácito e explícito de forma
articulada e cíclica. Esse fenômeno é chamado de espiral de conhecimento, na qual é
fundamental o papel dos indivíduos, que interagem e possibilitam a geração contínua de novos
conhecimentos.
Mas como ocorre exatamente esse processo?
Como ilustrado na figura 2, a conversão cíclica do conhecimento pode ser destrinchada a partir
de quatro padrões principais:
Socialização
Externalização
Combinação
Internalização
Figura 2. Espiral do conhecimento.
Vamos detalhar cada um desses padrões:
SOCIALIZAÇÃO (DE TÁCITO PARA TÁCITO)
Este é o pontapé inicial na espiral do conhecimento, que reflete a conversão de um
conhecimento tácito em outro conhecimento de mesma natureza. Nesse estágio do processo, o
poder de criação de conhecimento é relativamente limitado. Afinal, ocorre, basicamente, a
transferência dos conhecimentos tácitos de um indivíduo para outro sem a criação de qualquer
tipo de conhecimento explícito propriamente dito. Esse processo acontece por meio de
observação, imitação e prática. A chave é a experiência. Um exemplo de socialização é quando
um funcionário mais antigo dentro de uma empresa passa seus conhecimentos para um
funcionário recém-chegado.
EXTERNALIZAÇÃO (DE TÁCITO PARA EXPLÍCITO)
A partir do momento em que os indivíduos se tornam capazes de sistematizar o conhecimento
obtido por meio de observação e prática, há uma conversão do conhecimento tácito para o
conhecimento explícito. Como o conhecimento resultante dessa conversão pode ser mais
facilmente transferido para os demais, há maior chance de que o conhecimento gere
inovações. A abertura a novas ideias e o incentivo à sistematização dos conhecimentos
pessoais são de extrema importância para a condução dessa etapa dentro do contexto
organizacional.
COMBINAÇÃO (DE EXPLÍCITO PARA EXPLÍCITO)
Da mesma forma que o conhecimento tácito pode ser transferido por meio de um processo de
socialização, os fragmentos de conhecimento explícito também podem ser combinados para
gerar um conhecimento novo. Neste estágio, conhecimentos estruturados são transferidos, por
exemplo, por meio de apresentações de resultados e trocas de e-mails para gerar novos
conhecimentos objetivos e acessíveis aos demais – isto é, conhecimentos explícitos.
INTERNALIZAÇÃO (DE EXPLÍCITO PARA TÁCITO)
Também é possível transformar elementos de um conhecimento explícito para gerar um novo
conhecimento tácito. Nesta etapa, os conhecimentos sistemáticos e as padronizações são
consumidos pelo indivíduo e, então, adaptados com base nas experiências e nos valores desse
mesmo indivíduo ou da organização na qual ele atua.
Para que essas etapas se concretizem de forma cíclica e produtiva dentro do contexto
organizacional, é preciso que haja um amplo incentivo às atividades de grupo e à troca de
conhecimentos coletivos. Todo o processo de conversão do conhecimento apresentado resulta
em inovação, mas passa, primeiro, pela troca entre os indivíduos.
Como já mencionamos, na sociedade pós-industrial em que vivemos, o conhecimento
prevalece. Portanto, é necessário criar uma estrutura que favoreça sua troca e sua
sistematização dentro das empresas.
FORMAS DE CONHECIMENTO EM UMA
ORGANIZAÇÃO
Neste vídeo, vamos rever o que estudamos neste módulo sobre conhecimento tácito, explícito,
e a relação entre eles.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Temos à nossa disposição um volume extraordinário de informações, mas não é fácil usá-las
para construir algo relevante no dia a dia. Neste conteúdo, discutimos sobre a relação entre
criação de conhecimento e desenvolvimento econômico e, a partir disso, narramos a evolução
do conhecimento ao longo da história.
Com essa base, pudemos definir formalmente os conceitos de dado, informação e
conhecimento, que, frequentemente, confundem-se, e aprofundamos o debate sobre o
conhecimento – que, ao final, é capaz de gerar as inovações que fazem a economia se
desenvolver.
Este é seu primeiro passo na área de Gestão do Conhecimento – um campo vasto que procura
organizar o que sabemos e buscar novas ideias e práticas. Por exemplo, ao recorrer ao Google
para fazer uma pesquisa sobre restaurantes próximos à sua casa ou ao buscar determinado
tema no Ambiente Virtual de Aprendizagem, você está usando as ferramentas dessa área.
Fique atento à sua volta: nosso dia a dia é organizado em torno da estrutura de produção e
distribuição de conhecimento da sociedade.
PODCAST
Agora, vamos encerrar o conteúdo falando sobre a gestão do conhecimento em tempos de
pandemia, como a COVID-19.
REFERÊNCIAS
ANGELONI, M. T. (org.). Organizações do conhecimento: infraestrutura,pessoas e
tecnologia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
BELL, D. Advento da sociedade pós-industrial: uma tentativa de previsão social. São Paulo:
Cultrix, 1973.
CHIAVENATO, I. Recursos Humanos: o capital humano das organizações. 9. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2009.
DANTAS, D. O cenário pós-industrial: modificações no ambiente do objeto na sociedade
contemporânea e seus novos paradigmas. Revista do Programa de Pós-Graduação em
Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP, São Paulo, n. 22, p. 122-140, dez. 2008.
DAVENPORT, T.; PRUSAK, L. Working knowledge. Boston: Harvard Business Press, 1998.
DE MASI, D. (org.). A sociedade pós-industrial. São Paulo: Senac, 1999.
FIALHO, F. A. P. et al . Empreendedorismo na era do conhecimento. Florianópolis: Visual
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NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação do conhecimento na empresa: como as empresas
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OLIVEIRA, F. A. Schumpeter: a destruição criativa e a economia em movimento. Revista de
História Econômica & Economia Regional Aplicada, Juiz de Fora, v. 10, n. 16, p. 99-122,
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OZAKI, Y.; AVONA, M. E. Gestão do conhecimento. Londrina: Editora e Distribuidora
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SCHUMPETER, J. A. Capitalism, socialism and democracy. Nova York: Harper & Row,
1942. v. 36, p. 132-145.
SCHUMPETER, J. A. The theory of economic development. Cambridge: Harvard University
Press, 1911.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados, leia:
O artigo Das redes sociais à inovação, de Maria Inês Tomael et al ., Ciência da
Informação.
CONTEUDISTA
Yan Bernardes Vieites Castro dos Santos
CURRÍCULO LATTES

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