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SINDROME DO X FRAGIL A síndrome do X frágil causa deficiência intelectual leve a grave. Afeta homens e mulheres, mas as mulheres costumam ter sintomas mais leves. Os sintomas incluem atrasos na fala, ansiedade e comportamento hiperativo. Algumas pessoas têm convulsões. As características físicas podem incluir orelhas grandes, rosto comprido, mandíbula e testa proeminentes e pés chatos. É possível utilizar a terapia para tratar deficiências de aprendizagem. Medicamentos podem ser usados para tratar transtornos de humor e ansiedade. É causada por mutação no gene FMR1, que apresenta, em sua região reguladora (porção 5’ não traduzida), uma repetição de trinucleotídeos (CGG)n, cujo número varia de 6 a 55 nas pessoas normais da população. Nos afetados pela SXF, o número dessas repetições (CGG)n é superior a 200, constituindo a mutação completa. Quando o número de trinucleotídeos da repetição (CGG)n está entre 55 e 200, tem-se a prémutação. Casos de SXF são sempre herdados e, embora a SXF se manifeste em ambos os sexos, homens que possuem a mutação apresentam quadro clínico mais grave do que mulheres com a mesma alteração. – PORTADORES DE PRÉ-MUTAÇÃO: Não manifestam deficiência mental e não necessariamente manifestarão os fenótipos associados à pré-mutação. Mulheres apresentam risco de terem descendentes afetados por SXF, síndrome do tremor/ataxia associada a X frágil (FXTAS) ou menopausa precoce. Homens transmitem a pré-mutação a todas as suas filhas. – PORTADORES DE MUTAÇÃO COMPLETA: Quase todos os homens e 40% a 50% das mulheres manifestam SXF. Mulheres têm risco de terem crianças afetadas por SXF. Homens em geral não se reproduzem. QUADRO CLÍNICO: A SXF é a forma mais frequente de deficiência mental herdada, afetando homens e mulheres. O comprometimento mental dos afetados é variável. Alterações de comportamento, como hiperatividade e déficit de atenção, também são observadas, além de sinais identificados em transtornos do espectro autista. Algumas características físicas tornam-se mais evidentes após a puberdade, como face alongada, orelhas grandes e em abano, mandíbula proeminente e macroorquidia. Mulheres portadoras de pré-mutação podem apresentar menopausa precoce, que se caracteriza pela cessação completa dos períodos menstruais antes dos 40 anos de idade. Homens portadores de pré- mutação podem apresentar FXTAS, caracterizada por ataxia cerebelar de início tardio e tremor de intenção. Este quadro se manifesta com menor frequência entre as mulheres portadoras de pré-mutação. DOENÇA DE HUNTINGTON A doença de Huntington é uma doença hereditária que provoca a degeneração progressiva de células nervosas do cérebro. Descrito pelo médico norteamericano George Huntington em 1872, o distúrbio tem sido amplamente estudado nas últimas décadas. Foi inclusive em 1993, pouco mais de cem anos após o primeiro caso oficial da doença, que os cientistas descobriram o gene causador da afecção - localizado no cromossomo 4. Esse defeito faz com que uma parte do DNA, chamada de sequência CAG, ocorra várias vezes mais do que deveria ocorrer. Normalmente, essa sequência se repete de 10 a 28 vezes. Em pessoas diagnosticadas com a doença de Huntington, no entanto, ela se repete de 36 a 120 vezes. Além disso, a doença de Huntington é uma desordem dominante autossômica, o que significa que uma pessoa precisa apenas de uma cópia do gene defeituoso para desenvolver a doença. Com a exceção dos cromossomos sexuais, uma pessoa herda duas cópias de cada gene, sendo uma de cada progenitor. Alguém que tenha o pai com um gene defeituoso para a doença de Huntington, por exemplo, pode receber dele tanto a cópia defeituosa do gene quanto a cópia normal. Assim, cada pessoa que tenha hereditariedade para a doença tem 50% de chance de herdar o gene causador e, logo, desenvolver a doença também. Os distúrbios de movimento associados à doença de Huntington podem incluir tanto movimentos involuntários quanto prejuízos no funcionamento de movimentos voluntários. Veja: Espasmos e outros movimentos involuntários (coreia) Problemas musculares, como rigidez e contração muscular (distonia) Movimentos oculares lentos ou anormais Anormalidades da marcha, problemas de postura e de equilíbrio Dificuldade para engolir ou falar. Entre os medicamentos mais indicados por especialistas para tratar doença de Huntington estão, principalmente, Tetrabenazine e alguns antipsicóticos, além de antidepressivos e estabilizadores de humor. Outras opções terapêuticas, como a psicoterapia, podem ajudar o paciente a lidar melhor com seus problemas de comportamento. Além disso, terapias de discurso, para ajudar no controle dos músculos envolvidos na fala e na deglutição, por exemplo, também é uma opção bastante utilizada pelos especialistas. A terapia física, para aprimorar habilidades motoras, de força, flexibilidade, coordenação e equilíbrio, e terapia ocupacional também são alternativas. DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE É uma miopatia progressiva ligada ao X, causada por mutações no gene DMD(codificador da distrofina, que confere estabilidade ao sarcolema). As mutações em DMD incluem grandes deleções(remoção de nucleotídeos), duplicações e inserções. Sendo assim, essa miopatia resulta em degeneração e fraqueza muscular, começando pelos músculo do quadril e os flexores do pescoço. Aos 5 anos de idade o paciente utiliza a manobra de Gowers(uma sequência de manobra para se levantar do chão, apoiando nos joelhos) e tem pseudo-hipertrofia na panturrilha, ou seja, um aumento da panturrilha devido à substituição do músculo por tecido adiposo e conjuntivo. Quase 95% apresenta cardiomiopatia. Raramente , apresentam dilatação gástrica e paralisisa do íleo , devido à distrofina no músculo liso. Apresentam um QI médio e retardamento mental. Nas mulheres, se o cromossomo X que carrega o alelo mutante de DMD estiver ativo na maior parte das células, as mulheres desenvolveram sinais de DMD ; se estiver normal , as mulheres terão poucos ou nenhum sintoma de DMD. O risco da herança se baseia em identificar os níveis séricos de de creatina quinase, e na expressão em mosaico da distrofina em amostra da biópsia do músculo. Recaptulando as principais características fenotípicas : fraqueza muscular, hipertrofia da panturrilha, comprometimento intelectual leve(QI médio), nível de creatina quinase sérica. SINDROME CHARGE É uma síndrome autossômica dominante devido à mutação do gene CHD7 , localizado em 8q12. O CHD7 expressa em múltiplos tecidos, como intestino, fígado e cérebro. A síndrome é diagnosticável por critérios diagnostico formado por colobama ocular ( afetando íris , retina, coroide ou disco, com ou sem microftalmia), atresia coanal (uni ou bilateral; estenose ou atresia), anomalia dos nervos cranianos (com paralisia facial uni ou bilateral, surdez sensorioneural ou problemas de deglutição), e anomalias características das orelhas (alça na orelha externa ou orelha em forma de taça, malformações nos ossículos da orelha média, surdez mista e defeitos cocleares ). A síndrome de CHARGE é diagnosticável se três ou quatro critérios principais, ou dois critérios principais e três critérios secundários forem encontrados. A mortalidade ocorre em 50% dos pacientes ,principalmente no período perinatal ( nos últimos 5 meses e meio de gestação à 5 dias de nascimento) ou no inicio da lactância. O refluxo gastroesofágico também acometem a maioria dos pacientes , sendo que 50% de pacientes adolescentes e adultos necessitam de tubo de gastrotomia. O tratamento consiste em cirurgias de reparação para as malformações congênitas. Coloboma Heart defects (cardiopatia) Atresia das coanas Retardo mental, Genitália Ears (orelhas) DOENÇA DE POMPE A doença de Pompe, também conhecida como glicogenosetipo II, é um distúrbio neuromuscular hereditário raro que causa fraqueza muscular progressiva em pessoas de todas as idades. Pode-se apresentar em três formas: Infantil, juvenil e adulta. Caracterizada pelo depósito lisossomal de glicogênio consequente à deficiência da enzima alfaglicosidase ácida (GAA), de herança autossômica recessiva. O problema não tem cura, mas existe tratamento que pode controlar a doença. Estima-se que possam existir, no Brasil, de 1.000 a 3.500 pacientes com doença de Pompe. Apesar de pouco frequente, a doença apresenta impacto significativo, com alta morbidade e letalidade em sua forma infantil e alta morbidade em sua forma tardia. A Doença de Pompe é causada por um gene defeituoso que leva à deficiência de uma enzima chamada alfa-glicosidade ácida (GAA). A ausência dessa enzima resulta no acúmulo excessivo da substância chamada glicogênio, uma forma de açúcar que é armazenada em um compartimento especializado de células musculares em todo o corpo. Embora os efeitos da doença de Pompe variem de paciente para paciente, algumas generalizações amplas podem ser feitas. Só em crianças: tipicamente têm fraqueza muscular extrema e uma aparência de relaxamento físico. Radiografias geralmente revelam um coração bastante aumentado. Outros sintomas incluem dificuldades respiratórias, dificuldades de alimentação e falha em cumprir os marcos de desenvolvimento como rolar e sentar-se eretamente. Em crianças e adultos: tendem a ter maior variedade em seus sintomas, comumente incluindo fraqueza dos músculos do quadril e das pernas, o que leva a dificuldades com a mobilidade e a respiração. Pacientes mais velhos raramente têm os problemas cardíacos típicos em crianças. Quando os sintomas aparecem pela primeira vez na infância ou na idade adulta, podem progredir lentamente ao longo de muitos anos ou muito rapidamente. Devido ao curso da doença ser difícil de prever, a monitoração cuidadosa é importante para abordar alterações nas condições de saúde conforme seu surgimento. O tratamento consiste em Terapia de Reposição Enzimática (TRE) com a GAArh, em 2006, alterou o prognóstico da doença, mostrando-se capaz de estabilizar, ou até mesmo reverter as lesões causadas pelo acúmulo intracelular de glicogênio. Consiste na infusão quinzenal de um medicamento que contém uma ‘cópia’ da enzima que falta nestes pacientes. Quanto antes iniciado o tratamento, menor o impacto na qualidade de vida do paciente, porem o difícil acesso ao tratamento, por o Myozime ser um medicamento de alto custo, a dificuldade de começar o tratamento se torna mais complicada. Esta nova perspectiva de tratamento da doença de Pompe aumenta a necessidade do diagnóstico e tratamento precoce da doença, para prevenir o aparecimento de lesões irreversíveis e proporcionar aos pacientes boa sobrevida com qualidade de vida. DOENÇA DE RETT A síndrome de Rett é uma doença de herança dominante ligada ao cromossomo X, causada por mutações no gene MECP2. Cerca de 80% dos pacientes com síndrome de Rett clássica apresentam mutação de ponto e apenas 5% têm deleções em MECP2. A maior parte dos casos é decorrente de mutação de novo, durante a gametogênese paterna, o que faz com que esta doença ocorra quase exclusivamente no sexo feminino. Neste contexto, o risco de repetição da síndrome de Rett na mesma família é considerado muito baixo. Raramente, mulheres portadoras podem apresentar fenótipo atenuado ou ausente, em consequência da inativação preferencial do cromossomo X que carrega a mutação em MECP2. Nestes casos, o risco de transmissão desta alteração para a prole é de 50%. Uma variante da síndrome de Rett, de início mais precoce, com crises epilépticas frequentes e de difícil controle, é causada por mutações no gene CDKL5, também localizado no cromossomo X. A variante congênita de síndrome de Rett está associada a mutações no gene FOXG1, localizado no cromossomo 14. QUADRO CLÍNICO: A síndrome de Rett é uma condição que afeta de forma quase exclusiva indivíduos do sexo feminino e seus sintomas têm início em geral entre 6 e 18 meses de idade. Esta condição afeta aproximadamente 1 em cada 10000 meninas. Caracteriza-se por perda de interesse pelo meio, associada à regressão da habilidade de comunicação e pela presença de movimentos estereotipados, especialmente das mãos, que deixam de ser utilizadas com um propósito. Há ainda desaceleração da velocidade de crescimento craniano, alterações da frequência respiratória com períodos de hiperpneia intercalados por apneia, bruxismo, escoliose e, com frequência, epilepsia. Nas crianças que mantém a habilidade de caminhar, observa-se ataxia e apraxia da marcha. HIPERTERMIA MALIGNA GENÉTICA DA DOENÇA: A hipertermia maligna (HM) obedece a padrão de herança autossômico dominante. Existem diferentes genes envolvidos na sua patogênese, mas cerca de 70-80% dos casos são decorrentes de mutações no gene RYR1, que codifica um canal de cálcio do músculo esquelético, também chamado de receptor rianodina. Quando há mutação, a função do receptor rianodina fica alterada e leva à liberação excessiva e contínua de cálcio, do retículo endoplasmático para o interior da fibra muscular. O estudo molecular é de grande importância no diagnóstico e pode auxiliar na identificação dos indivíduos potencialmente em risco em famílias com afetados por HM. Mutações neste gene também estão associadas à miopatia congênita dos tipos Central Core e Multiminicore, desproporção congênita de tipos de fibras, miopatia centronuclear, síndrome de King-Denborough e miopatia nemalínica. QUADRO CLÍNICO: A hipertermia maligna (HM) é uma afecção hereditária, caracterizada por resposta hipermetabólica aos anestésicos voláteis, tais como o halotano, enflurano, isoflurano, sevoflurano e desflurano (e provavelmente succinilcolina). A expressão clínica da HM é variável. Ela surge a qualquer momento durante a anestesia e até 3 horas após a interrupção da exposição ao agente desencadeante. Esta condição é expressa por rigidez muscular, aumento do consumo de oxigênio e produção de CO2, acidemia respiratória e metabólica, taquicardia, taquipneia, hiperpotassemia, rabdomiólise e mioglubinúria. Nem sempre a hipertermia é a manifestação inicial ou proeminente da HM. A incidência média da HM é de um em cada 50.000 anestesias, sendo mais frequente em crianças (1/10.000 anestesias) e viaria nas diferentes populações estudadas. DIAGNÓSTICO: Teste de contração a exposição de halotano, cafeína e por mapeamento genético. DOENÇA DE FABRY A doença de Fabry é enfermidade de armazenamento lisossômico rara, ligada ao cromossomoX, causada pela deficiência parcial ou completa da enzima alfagalactosidase A. O defeito resulta no acúmulo de globotriaosilceramida no endotélio vascular e tecidos viscerais, sendo a pele, o coração, os rins e o sistema nervoso central os mais afetados GENÉTICA: A herança da DF é ligada ao cromossomo X. O gene afetado chama- se GALA e encontra-se na região Xq221 do cromossomo X. O GALA tem cerca de 12kb de comprimento e contém cerca de sete éxons que variam entre 92 e 291 pares de bases. O defeito genético que produz a doença é extremamente heterogêneo, e atualmente foram identificadas mais de 300 mutações. A maioria das famílias possui "mutações privadas", ou seja, mutações específicas para essa determinada família. Em doentes do sexo masculino, hemozigotos, o gene do Fabry tem alta penetrância, e a maioria apresenta o chamado fenótipo clássico da doença. Em doentes do sexo feminino, heterozigotas, a doença tem expressividade variável por causa da inativação aleatória de um dos cromossomos X (hipótese de Lyon). Atualmente as heterozigotas não são consideradas simples portadoras, já que a maioria apresenta alterações sistêmicas relacionadas à doença e aumentoda morbidade e mortalidade. Portanto, a transmissão da DF de forma recessiva ligada ao X, deveria ser desconsiderada. O grau de correlação existente entre o genótipo e o fenótipo da doença é motivo de controvérsia. Por exemplo, diferentes mutações estão associadas a fenótipos similares, enquanto membros de uma família que compartilha a mesma mutação apresentam diferentes fenótipos. Quando se suspeita do diagnóstico de DF, a pesquisa da história familiar é muito importante, já que a maioria dos casos ocorre de forma hereditária. Porém a ausência de dados familiares positivos não invalidam o diagnóstico, uma vez que mutaçoes têm sido documentadas. A doença de Fabry (FD) é uma doença de sobrecarga lisossomal progressiva, hereditária multissistémica caracterizada por manifestações específicas neurológicas, cutâneas, renais, cardiovasculares, cócleo-vestibulares e cérebro-vasculares. A incidência anual é de 1 em 80000 nados vivos, mas esse número pode estar subestimado. Quando são consideradas variantes da doença de início tardio, é sugerida uma prevalência de aproximadamente 1 em 3000. A FD é pan-étnica. DESCRIÇÃO CLÍNICA: O quadro clínico abrange um amplo espetro variando desde casos leves em mulheres heterozigóticas a casos graves em homens hemizigóticos classicamente afetados sem atividade residual de alfa- galactosidase A. Estes doentes podem ter todos os sinais característicos neurológicos (dor), cutâneos (angioqueratoma), renais (proteinúria, insuficiência renal), cardiovasculares (miocardiopatia, arritmias), cócleo- vestibulares e cérebro-vasculares (acidentes isquémicos transitórios, acidentes vasculares cerebrais) da doença. Doentes do sexo feminino podem ter sintomas muito ligeiros a graves. A dor é um sintoma comum no início da FD (dor crónica, caracterizada por parestesia com sensação de queimadura e formigueiro e crises ocasionais episódicas caracterizadas por dor em queimadura agonizante). A dor pode resolver-se na idade adulta. Pode ocorrer anidrose ou hipoidrose causando calor e intolerância ao exercício. Outros sinais incluem angioqueratoma, alterações da córnea, zumbido, fadiga crónica, anomalias cardíacas e cérebro-vasculares (hipertrofia do ventriculo esquerdo, arritmia, angina), dispneia e nefropatia. ETIOLOGIA: A doença de Fabry é uma doença do metabolismo dos glicosfingolípidos causada por atividade lisossomal deficiente ou ausente de alfa- galactosidase A relacionada com mutações no gene GLA (Xq21.3-q22) que codifica a enzima alfa-galactosidase A. A atividade deficiente resulta em acumulação de globotriaosilceramida (Gb3) dentro dos lisossomas, pensando- se que desencadeia uma cascata de eventos celulares. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO: O diagnóstico laboratorial envolve a demonstração da deficiência enzimática acentuada nos homens hemizigóticos. A análise enzimática pode ocasionalmente ajudar a detectar heterozigóticos, mas muitas vezes é inconclusiva devido à inativação aleatória do cromossoma X, tornando o teste molecular (genotipagem) obrigatório nas mulheres. TRATAMENTO: A opção terapêutica específica (terapia de substituição enzimática utilizando alfa-galactosidase A produzida in vitro ) foi recentemente introduzida e o seu resultado a longo prazo está sob investigação para ambas as preparações disponíveis, mas é promissor. O enriquecimento enzimático com acompanhantes farmacológicos está actualmente sob investigação em ensaios clínicos. O tratamento convencional consiste no alívio da dor com analgésicos, nefroproteção (inibidores da enzima conversora da angiotensina e bloqueadores dos receptores da angiotensina), agentes antiarrítmicos, pace-maker ou desfibrilador cardioversor implantável, diálise e transplante renal. ALFA-TALASSEMIA Alfa-talassemia é uma hemoglobinopatia hereditária caracterizada por síntese diminuída das cadeias de alfa-globina que levam a um quadro clinico variável, dependendo do número de alelos mutados. EPIDEMIOLOGIA: Tal como outras alterações genéticas de globina, a alfa- talassemia é muito prevalente em todas as regiões tropicais e subtropicais (em torno de 1/10000), especialmente no cinturão equatorial Africano. Formas intermediárias e graves de alfa- talassemia são muito raras na América do Norte e na Europa do Norte (cerca de 1/1,000,000) e são observadas principalmente em populações de imigrantes do Sudeste da Ásia ou países mediterrânicos. DESCRIÇÃO CLÍNICA: A doença pode ser classificada em subtipos clínicos de gravidade crescente: alfa talassemia silenciosa, alfa talassemia minor (ou alfa talassemia minor), doença da hemoglobina H (HbH) e hidropisia fetal de Hb Bart (ver esses termos). Uma forma rara chamada síndrome de alfatalassemia - défice intelectual também foi identificada (ver estes termos). Alfa talassemia minor causa microcitose e hipocromia com anemia ausente ou ligeira (frequentemente detectada em exames de sangue de rotina), geralmente sem outros sintomas. Doentes HBH desenvolvem anemia hemolítica moderada, com quantidades variáveis de HbH a que se associa ocasionalmente, esplenomegalia grave, por vezes complicada por hiperesplenismo. Hidropisia fetal de Hb Bart envolve uma grave deficiência de alfa-globina, com implicações graves no desenvolvimento. A síndrome de alfa- talassemia - défice intelectual é caracterizada por anemia muito ligeira a grave associada com anomalias de desenvolvimento. ETIOLOGIA: A síntese de alfa globina é regulada por quatro genes alfa-globina, dois em cada cópia do cromossoma 16 (16p13.3). A alfa-talassemia resulta frequentemente da supressão de um ou ambos os alelos ( HBA1 e hba2 ). Mais raramente, as mutações pontuais em regiões críticas desses genes podem causar alfa-talassemia não relacionada com deleção. As deleções de elementos reguladores localizados a montante dos genes alfa-globina, também foram encontradas. A gravidade do quadro clínico é correlacionada com o grau de deficiência de cadeia de alfa-globina. Verificou-se que as interacções que envolvem as formas (não deleção) conduzem a manifestações mais graves do que aquelas que constituem formas de deleção. A supressão de um alelo resulta na forma silenciosa, dois alelos em alfa- talassemia minor, e três alelos em HbH. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO: O diagnóstico é baseado em testes hematológicos dos índices de glóbulos vermelhos (RBC), esfregaço de sangue periférico, supravital stain para detectar corpos de inclusão RBC e análise qualitativa e quantitativa de hemoglobina. A confirmação do diagnóstico baseia-se na análise genética molecular. TRATAMENTO: Doentes com alfa- talassemia silenciosa ou talassemia minor, não requerem tratamento. O tratamento específico, porém, é necessário para outras formas da doença e pode incluir transfusões ocasionais de glóbulos vermelhos, quelação de ferro, e outras medidas de suporte. SINDROME DE SMITH-LEMLI-OPTIZ RESUMO: A síndrome de Smith-Lemli- Opitz é uma síndrome de anomalias múltiplas, com grande variabilidade clínica, podendo apresentar desde crescimento uterino restrito e morte neonatal a retardo mental leve. Sua etiologia é autossômica recessiva. Os pacientes apresentam aparência craniofacial típica, anomalias de membros, malformações genitais e de outros órgãos. A característica clínica mais freqüente (98% dos casos) é a sindactilia entre segundo e terceiro artelhos. É ocasionada pela deficiência de 7-dehidrocolesterol redutase e, por esse motivo, os pacientes apresentam elevação do precursor do colesterol, 7 dehidrocolesterol (7DHC) e, alguns, hipocolesterolemia. Foi a primeira síndrome dismórfica de natureza metabólica descrita. GENÉTICA: A Síndrome de Smith-Lemli- Opitz é uma desordem recessiva autossômica ocasionada devido a defeitos congênitos na biossíntese do colesterol. Pacientes portadores dessa Síndrome geralmente possuem mutações no geneDHCR7, o qual codifica a proteína 7-dehidrocolesterol redutase, última enzima na via da biossíntese do colesterol, que converte o 7dehidrocolesterol (7-DHC) em colesterol. EPIDEMIOLOGIA: SLOS é mais comum na Europa central e do norte com uma incidência estimada em cerca de 1/ 20,000 a 1/ 40,000 nascimentos. A doença está presente à nascença, mas pode ser detectada mais tarde na infância ou na idade adulta nas formas ligeiras. Os doentes apresentam-se com atraso no crescimento e atraso mental. Os problemas de comportamento incluem múltiplos traços autistas, hiperactividade, comportamento autoagressivo e pertubações do sono. As anomalias estruturais do cérebro podem incluir hipoplasia ou ausência de corpo caloso, e holoprosencefalia. A microcefalia (80% dos casos), estreitamento bitemporal, ptose, uma ponte nasal estreita, raiz nasal curta, narinas antevertidas (90% dos casos), um queixo pequeno, e micrognatia são características craniofaciais comuns. Ocasionalmente são observadas cataratas, estrabismo e nistagmo. Outras características clínicas incluem fenda do palato ou úvula bífida (1/3 dos doentes), fotossensibilidade, rizomelia e polidactilia pós-axial das mãos ou dos pés, sindactilia dos 2º e 3º dedos dos pés (95% dos casos), e polegares de implantação proximal e curtos. Nos indivíduos do sexo masculino são frequentes anomalias genitais (pénis pequeno, hipospádias, genitais ambíguos) (70% dos casos). Podem estar presentes anomalias cardiovasculares (defeitos dos septos inter-auricular e inter-ventricular, canal arterial patente, canal auriculoventricular). São frequentes anomalias gastrointestinais incluindo dificuldades de alimentação, refluxo gastroesofágico, estenose pilórica, má-rotação, e aganglionose do cólon. ETIOLOGIA: A SLOS é por devida a um defeito da síntese do colesterol e é causada por mutações no gene DHCR7 (11q13.4) levando à deficiência da enzima 3 beta-hidroxisterol-delta 7- reductase que converte o 7- dehidrocolesterol (7DHC) em colesterol. A transmissão é autossómica recessiva. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO: O diagnóstico é baseado na detecção de níveis elevados de 7DHC no plasma ou nos tecidos. A análise de mutações confirma o diagnóstico. Os estudos imagiológicos (TC, RMN, ecocardiograma) podem ser realizados para detectar malformações. TRATAMENTO: A orientação é sintomática e a maioria dos doentes são tratados com suplementos dietéticos de colesterol. Estão a decorrer ensaios terapêuticos que investigam o tratamento combinado com suplementação de colesterol e o inibidor da HMG CoA redutase (simvastatin). A cirurgia é proposta em caso de problemas secundários devido a malformações. SINDROME DE PRADER-WILLI GENÉTICA DA DOENÇA: Aproximadamente 70% dos pacientes com síndrome de Prader-Willi apresentam deleção de origem paterna na porção proximal do braço longo do cromossomo 15; 25% apresentam dissomia uniparental materna do cromossomo 15 e 5%, defeitos no centro de imprinting. O risco de recorrência desta doença é calculado após a análise do cariótipo do portador da síndrome e a realização de estudos moleculares no paciente e em seus genitores. QUADRO CLÍNICO: A síndrome de Prader-Willi (PWS) caracteriza-se por fases distintas. O recém-nascido apresenta hipotonia, dificuldade de sucção e hipogonadismo. Os bebês, além da hipotonia, apresentam atraso de desenvolvimento global. Aproximadamente a partir dos 6 anos de idade, manifesta-se a hiperfagia, que, se não controlada, pode levar à obesidade mórbida. O adolescente apresenta obesidade, baixa estatura, hipogonadismo, mãos e pés pequenos, problemas de aprendizado e de comportamento. O controle rigoroso da dieta deve ser feito para que problemas como diabetes e hipertensão sejam evitados. TRATAMENTO: Não há cura para a síndrome de prader-willi, mas muitos pacientes são beneficiados com uma dieta supervisionada. Alguns sintomas podem ser tratados com terapia hormonal. TESTE GENÉTICO: O teste que confirma o diagnóstico analisa o padrão de metilação da região das síndromes de Prader-Willi/Angelman. Para a determinação do mecanismo genético e atribuição de risco de recorrência da síndrome é realizado o estudo de microssatélites situados dentro e fora do segmento cromossômico 15q11-q13 e, para isso, é necessário o DNA do paciente e de seus genitores. HEMOFILIA A GENÉTICA: A hemofilia A é caracterizada pela deficiência ou anormalidade do fator VIII da coagulação. É uma doença hereditária, ligada ao cromossoma X. Sua incidência é de 1 caso para 10.000 nascimentos de crianças do sexo masculino. Das hemofilias é o tipo mais comum representando 70% a 85% dos casos. Um aspecto importante é que 30% dos casos ocorrem por mutação nova, sem história na família de alguma pessoa acometida. SINAIS E SINTOMAS: Os sinais e sintomas estarão relacionados de acordo com o grau de deficiência do fator VIII produzido. A manifestação clínica característica na hemofilia é o sangramento, com intensidade e localização extremamente variáveis, sendo as mais frequentes: Hemartroses: hemorragias intrarticulares (joelhos, cotovelos, tornozelos, etc). Hematomas musculares (após traumas, injeções intramusculares, região cervical, etc) Hemorragias: cavidade oral, sistema nervoso central, epistaxe. Hemorragias após procedimentos cirúrgicos. TRATAMENTO: O tratamento consiste na reposição do fator VIII da coagulação, por meio dos concentrados de fator plasmático ou recombinante, uso de medicamentos adjuvantes e na profilaxia dos sangramentos. DIAGNÓSTICO: O diagnóstico é realizado com base na história clínica e na avaliação laboratorial com a diminuição da atividade do fator VIII no sangue. ATAXIA DE FRIEDREICH RESUMO: A ataxia de Friedreich é uma patologia com um modo de hereditariedade autossómico recessivo. O início dos sintomas ocorre habitualmente na infância ou adolescência, podendo também acontecer na idade adulta. Em França, a prevalência está estimada em 1 em 50.000, afectando igualmente ambos os sexos. A ataxia de Friedreich é caracterizada por dificuldades de coordenação dos movimentos, associada a outros sinais neurológicos (disartria, perda de reflexos, diminuição da sensibilidade profunda, pés cavus e escoliose), miocardiopatia e, por vezes, diabetes mellitus. A ataxia é progressiva, surgindo incapacidade da marcha autónoma 10 a 20 anos após o início dos sintomas. O gene causal foi identificado em 1996 e codifica para a frataxina. O diagnóstico genético é possível. A doença é devida a deficiência de frataxina, que afecta a função mitocondrial e o metabolismo energético da célula. Actualmente, estão a ser avaliadas novas terapias para restaurar as funções mitocondriais. As complicações neurológicas, cardiológicas, bem como a diabetes mellitus devem ser cuidadosamente abordadas. A reabilitação funcional é fundamental no seguimento da doença. GENÉTICA DA DOENÇA: A ataxia de Friedreich é causada por mutações em ambas as cópias do gene FXN, que codifica uma proteína denominada frataxina. A mutação presente em aproximadamente 98% dos casos é uma expansão da repetição de trinucleotídeos (GAA)n. Em se tratando de uma doença de herança autossômica recessiva, o risco de recorrência da ataxia de Friedreich é de 25% para cada gravidez de um casal com um filho afetado. QUADRO CLÍNICO: Na ataxia de Friedreich, a perda de coordenação motora tem início, em geral, antes dos 25 anos de idade e está associada à diminuição ou à ausência de reflexos nos membros inferiores, dificuldade em localizar pés e mãos no espaço (senso de posição prejudicado), curvatura da espinha dorsal (cifoscoliose), cavidade alta nos pés (pes cavus) e cardiomiopatia. TRATAMENTO: Ataxia de Friedreich não tem cura. Trata-se de uma doença progressiva e debilitante que provoca alterações irreversíveis no sistema nervoso.O objetivo do tratamento é combater os sintomas, prevenir complicações cardíacas e respiratórias, tratar o diabetes e prevenir deformidades ortopédicas. TESTE GENÉTICO: A expansão (GAA)n no gene FXN pode ser detectada pela análise do DNA utilizando-se a técnica de PCR. DOENÇA DE BEST – Distrofia macular viteliforme INCIDÊNCIA: 1-9 / 100 000* HEREDITARIEDADE: Autossômica dominante. Uma pessoa afetada pela doença de Best tem um gene dessa doença e outro gene normal. Se tiver um filho com uma pessoa não afetada pode ter 50% de chance de passar a doença para a criança. GENE: VMD2 LOCALIZAÇÃO CROMOSSÔMICA : 11q12.3 IDADE DE INÍCIO: Infância ou adolescência PRINCIPAL CARACTERÍSTICA: Acumulação sub-retiniana de material amarelado na área macular. QUADRO CLÍNICO: A lesão viteliforme típica apresenta um cisto macular com aspecto tipo “clara de ovo'' medindo 0.5- 3.0 diâmetros de disco de tamanho, frequentemente com uma apresentação assimétrica. No entanto, os achados maculares vão desde um pequeno ponto amarelo, lesões viteliformes ou atróficas múltiplas até uma cicatriz coriorretininana. Os doentes podem queixar-se de visão enevoada, baixa acuidade visual ou metamorfopsia. A doença tem uma progressão lenta, resultando eventualmente na atrofia do epitélio pigmentar retiniano (EPR) e fotorreceptores, afectando gravemente a visão central. Por vezes, o cisto se rompe e espalha o líquido e os depósitos amarelos na mácula. Quando ocorre a ruptura do cisto, a mácula e o epitélio pigmentar da retina sofrem um processo de atrofia, que leva à perda da visão central. Diversamente de outras doenças degenerativas da retina, a doença de Best nem sempre afeta os dois olhos simultaneamente. Geralmente, a orientação é normal e na maioria dos casos a utilização de aparelhos de ampliação permite a leitura. A acuidade visual não pode ser prevista a partir da aparência da mácula. DIAGNÓSTICO: Na forma típica da doença de Best, o electro-oculograma (EOG) é geralmente anormal, mesmo em doentes assintomáticos. A utilização de angiografia fluoresceínica, autofluorescência do EPR, tomografia de coerência óptica, electrorretinograma (ERG) multi-focal e de campo total pode fornecer informações adicionais para o diagnóstico correto. TRATAMENTO: Não tem. ANEMIA DE FANCONI – Pancitopenia de Fanconi EPIDEMIOLOGIA: Tem frequência estimada de mais de 1/200 e uma prevalência à nascença de pelo menos 1/160000. Em certas populações, a frequência de portadores é muito superior, devido a mutações fundadoras. Foram descritos mais de 2,000 casos. HEREDITARIEDADE: Autossômica recessiva ou Ligada ao X recessiva ETIOLOGIA: Causada por mutações em genes envolvidos na reparação do DNA e na estabilidade genômica. Foram identificados 15 genes que representam 15 grupos de complementação. IDADE DE INÍCIO: Infância PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: Pancitopenia progressiva com falência da medula óssea, malformações congénitas variáveis e predisposição para tumores hematológicos ou sólidos. QUADRO CLÍNICO: Em 2/3 dos doentes, os primeiros sinais são malformações congênitas que envolvem o esqueleto, a pele, os sistemas uro-genital, cardio- pulmonar, gastrointestinal e nervoso central. As anomalias dos membros são uni ou bilaterais, sendo no último caso frequentemente assimétricas. Anomalias minor podem estar presentes, como baixa estatura e peso, microcefalia e microftalmia. Anomalias da pigmentação da pele e hipoplasia da eminência tenar são frequentes. Quase 20% dos doentes têm malformações do ouvido com ou sem surdez. As malformações congénitas podem variar dentro de uma família. Quando essas malformações não são proeminentes, o diagnóstico pode ser adiado até ao início da falência da medula óssea (BMF), que ocorre em média aos 7 anos. As anomalias hematológicas podem ocorrer numa idade mais jovem e, mais raramente, em adultos, com 90% dos doentes desenvolvendo BMF até aos 40 anos. Os doentes podem desenvolver leucemia mielóide aguda, muitas vezes precedida de síndrome mielodisplásico. Existe predisposição a tumores sólidos da cabeça e pescoço ou regiões ano-genitais. A baixa estatura é frequentemente secundária a deficiências hormonais. A fertilidade está quase totalmente comprometida nos homens, e está muito alterada em metade das mulheres. A gravidez é muitas vezes complicada. DIAGNÓSTICO: Avaliação de quebras cromossómicas induzidas por diepoxibutano (DEB) ou mitomicina C (MMC). TRATAMENTO: O tratamento de suporte inclui transfusões de concentrado de eritrócitos (RBC) ou plaquetas desleucocitadas. O único tratamento curativo para as manifestações hematológicas é o transplante de células hematopoiéticas (TCTH). No entanto, esta abordagem aumenta o risco de tumores sólidos, que devem ser monitorizados. O tratamento sintomático inclui administração oral de androgénios, o que melhora a contagem de células sanguíneas em alguns doentes, em particular de RBC. A administração de fator de crescimento hematopoiético pode ser considerada depois de aspiração da medula óssea e biópsia, que deve ser realizada periodicamente durante o tratamento. Quando se desenvolvem doenças malignas, o tratamento é complicado pela maior sensibilidade à radiação e à quimioterapia. SINDROME DE WOLF-HIRSCHHORN (WHS) – Deleção/ Monossomia 4p EPIDEMIOLOGIA: Prevalência estimada de 1/50000 nascimentos. HEREDITARIEDADE: Não aplicável ou Desconhecido. IDADE DE INÍCIO: Neonatal, Pré-natal. ETIOLOGIA: Deleção no braço curto do cromossoma 4 (região 4p16.3), incluindo pelo menos parte dos genes LETM1 e WHSC1. Deleções superiores a 3 Mb parecem estar associadas a um maior risco de defeitos cardíacos e fenda palatina. PRINCIPAIS APRESENTAÇÕES: Características craniofaciais típicas, deficiência de crescimento pré e pós- natal, atraso mental, atraso do desenvolvimento psicomotor grave, convulsões e hipotonia. Mais frequente em mulheres que em homens (2:1). QUADRO CLÍNICO: É observado atraso do crescimento intra-uterino e ganho lento de peso pós-natal. Os doentes têm face distinta caracterizada pela aparência do "capacete do guerreiro grego" (ponte nasal larga em continuidade para a fronte), mais vísivel antes da puberdade, microcefalia, fronte alta com glabela proeminente, hipertelorismo, epicanto, sobrancelhas arqueadas, filtro curto, cantos da boca voltados para baixo, micrognatia, orelhas mal formadas com fossetas/apêndices e em alguns casos, fenda do lábio/palato. Anomalias esqueléticas incluem cifose ou escoliose com corpos vertebrais malformados, costelas acessórias ou fundidas, pés botos e ectrodactilia. Os doentes sofrem de hipotonia com subdesenvolvimento muscular, podendo levar a dificuldades de alimentação e atraso no crescimento. O atraso é grave: a maioria dos doentes não consegue controlar os esfíncteres, auto-alimentação ou vestir-se, e menos de 50% consegue caminhar, com ou sem apoio, entre os 2 e 12 anos. O déficit intelectual é moderado a grave. O discurso é limitado a sons guturais ou dissílabos, exceto em poucos doentes que conseguem formular frases simples. Vários tipos de convulsões são vistos em até 95%, o início é entre o período neonatal e os 36 meses e o fator desencadeante é muitas vezes febre. O estado de mal epiléptico ocorre em 50% dos doentes. Mais de 30% das crianças desenvolvem ausências atípicas entre os 1 a 6 anos. Em cerca de 50%, as convulsões cessam na infância. A maioria dos doentes mostra defeitos estruturais do sistema nervoso central, incluindo corpo caloso fino. As cardiopatias congênitas, defeitos do septo auricular, são vistos em 50% dos casos. Anomalias oftalmológicas, dentárias e auditivas são observadas. Os doentes podem ter infeções recorrentes das vias respiratórias e otite média, devido à deficiência de anticorpos, subclasse IgG1/IgG2. Malformações do tratourinário foram descritas e 1/2 dos doentes homens têm hipospádias e criptorquidia. DIAGNÓSTICO: Baseado no exame físico e confirmado pela genética molecular ou citogenética, sendo a hibridização por fluorescência in situ (FISH) e análise de microarray cromossômico do genoma (CMA) os testes de escolha. O estudo eletroencefalográfico (EEG) mostra achados típicos em 90% dos doentes. TRATAMENTO: Sintomático. PROGNÓSTICO: Os doentes geralmente sobrevivem até a idade adulta. SINDROME DE ANGELMAN EPIDEMIOLOGIA: 1/10000 a 1/20000 em todo o mundo. HEREDITARIEDADE: Não aplicável ou desconhecido. IDADE DE INÍCIO: Infância PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: Atraso mental grave e características dismórficas faciais distintas. QUADRO CLÍNICO: Os doentes parecem normais à nascença. Nos primeiros seis meses do período pós-natal podem ocorrer dificuldades de alimentação e hipotonia, seguidos de atraso no desenvolvimento entre os 6 meses e 2 anos de idade. Geralmente a partir de 1 ano de idade, as características típicas do AS desenvolvem-se: atraso mental grave, ausência de linguagem, episódios de riso com agitação das mãos, microcefalia, macrostomia, hipoplasia maxilar, prognatismo e problemas neurológicos com marcha rígida, ataxia e crises epilépticas com anomalias específicas do eletroencefalograma (EEG) (atividade delta trifásica mais acentuada sobre as regiões frontais). Outros sinais descritos incluem um comportamento feliz, hiperatividade sem agressão, desatenção, excitabilidade e problemas de sono com diminuição da necessidade de dormir, aumento da sensibilidade ao calor e atração e fascínio pela água. Com o avançar da idade, as características típicas da doença tornam-se menos acentuadas devido à face grosseira, escoliose torácica e problemas de mobilidade. A escoliose torácica está descrita em 40% dos doentes com AS (principalmente mulheres). As convulsões continuam presentes nos doentes adultos, mas os problemas de hiperatividade, desatenção e sono melhoram. Nos doentes com deleção da região 15q11 são comuns hipopigmentação da íris e da coróide. ETIOLOGIA: Diferentes mecanismos genéticos podem causar síndrome de Angelman, como a delecção da região crítica 15q11.2-q13 (60-75%), dissomia uniparental paterna (2-5%), defeito de imprinting (2-5%) e mutação no gene UBE3A (10%). Num grupo que representa 5-26% dos doentes, a alteração genética permanece não identificada. DIAGNÓSTICO: Baseado nos achados clínicos e do EEG, e pode ser confirmado na maioria dos casos por meio de testes citogenéticos e moleculares. TRATAMENTO: doentes desenvolvem frequentemente convulsões numa idade muito jovem, é necessária medicação anticonvulsivante. Nos doentes com alterações graves do sono podem ser administrados sedativos. A função visual também deve ser monitorizada. Na idade adulta, os doentes tornam-se menos activos e têm uma tendência para a obesidade. A mobilidade diminui com as contraturas articulares levando a dificuldades de locomoção e alguns doentes tornam-se dependentes de cadeira de rodas. PROGNÓSTICO: A esperança de vida parece ser normal, embora a autonomia nunca seja atingida. HEMOCROMATOSE HEREDITARIA EPIDEMIOLOGIA: Mais comum em caucasianos, particularmente naqueles com ancestrais nórdicos ou celtas, afetando um em cada 220-250 indivíduos. HEMOCROMATOSE CLÁSSICA: É associada a mutações no gene HFE (C282Y, H63D e S65C) resultando em substituições de aminoácidos na proteína HFE. Na maioria das vezes, a sobrecarga de ferro é observada quando essas mutações ocorrem em associação com outros fatores. QUADRO CLÍNICO: O acúmulo de ferro torna-se clinicamente evidente durante a quarta ou quinta década de vida e pode se manifestar em fases avançadas por insuficiência dos órgãos afetados, particularmente fígado (cirrose e complicações), pâncreas (diabetes), coração (insuficiência cardíaca congestiva e arritmias), pigmentação da pele e hipogonadismo (disfunção do eixo hipotálamo-hipófise- gônada). Em fases mais precoces, as manifestações mais comuns incluem fadiga, indisposição, perda da libido e dores musculares e articulares com manifestações afetando tipicamente articulações metacarpofalangeanas, podendo apresentar também hepatomegalia. Como o diagnóstico precoce é feito com maior frequência, os indivíduos podem ser identificados em fases pouco sintomáticas ou, mesmo, assintomáticas. DIAGNÓSTICO: Por meio de testes que mostram sobrecarga de ferro no organismo ou exames bioquímicos que revelam lesão hepática (elevação das enzimas hepáticas) ou ainda por testes genéticos. A saturação da transferrina (≥ 45%) é o teste mais sensível para se avaliar sobrecarga de ferro. Valores elevados de ferritina são importantes; entretanto, deve ser enfatizada sua baixa especificidade, podendo se elevar em situações de inflamação aguda ou crônica. HEMOCROMATOSE NÃO ASSOCIADA AO HFE HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA POR MUTAÇÃO NO RECEPTOR 2 DA TRANSFERRINA – TFR2 EPIDEMIOLOGIA: Ocorre em caucasianos e não caucasianos, ambos os sexos. HEREDITARIEDADE: Autossômica recessiva QUADRO CLÍNICO: Semelhantes àquele da hemocromatose clássica com cardiomiopatia, endocrinopatia e doença hepática, mas geralmente se apresenta em idades mais jovens e com fenótipo mais grave. HEMOCROMATOSE JUVENIL EPIDEMIOLOGIA: afeta igualmente homens e mulheres, caucasianos e não caucasianos. HEREDITARIEDADE: Autossômica recessiva GENE: Foram descritas mutações em dois diferentes genes, da hemojuvelina (gene HJV) e da hepcidina (gene HAMP), sendo a mutação da hemojuvelina mais comum. QUADRO CLÍNICO: rápido acúmulo de ferro no organismo, de início precoce, com manifestações de sobrecarga de ferro entre a segunda e terceira décadas de vida (15-20 anos de idade) e comprometimento funcional dos órgãos afetados antes dos 30 anos de idade. As manifestações incluem hipogonadismo hipogonadotrófico, doença cardíaca, cirrose, diabetes, artropatia e pigmentação de pele. As manifestações cardíacas com insuficiência cardíaca e arritmias são precoces e são importantes causas de morte. MUTAÇÕES NO GENE DA FERROPORTINA I EPIDEMIOLOGIA: Afeta ambos os sexos, caucasianos e não caucasianos. Pode se manifestar em diferentes faixas etárias (10- 80 anos de idade). GENE: SLC40A1, que codifica uma proteína implicada na exportação do ferro. ETIOLOGIA: Ocorre comprometimento da capacidade da célula em exportar o ferro, o qual se acumula principalmente em macrófagos, com acúmulo na forma de ferritina e diminuição da disponibilidade do ferro para circular ligado à transferrina; portanto, caracteriza-se por baixa saturação de transferrina. A diminuição da disponibilidade do ferro pode ser responsável por anemia leve. Observa-se acúmulo de ferro nos órgãos em macrófagos e absorção intestinal aumentada do ferro pela anemia. DIAGNÓSTICO: A biópsia hepática permite identificar o padrão peculiar de distribuição dos depósitos de ferro. O quadro laboratorial , na forma clássica, é caracterizado por elevação dos níveis de ferritina séricos; entretanto, a saturação de transferrina é baixa. SOBRECARGA DE FERRO AFRICANA Considerada como anormalidade genética não relacionada ao gene HFE e ocorre na África sub Saara. TRATAMENTO: Deve ser instituído o mais precocemente possível, pois, em fases em que não há ainda lesões irreversíveis de órgãos, a expectativa de vida é normal. A frequência das sangrias vai depender da gravidade do caso e da tolerância do paciente ao procedimento. Quelantes de ferro, como desferroxamina, podem ser usados nos pacientes que não toleram as sangrias como nos que têm anemia, disfunção cardíaca grave ou cirrose em fases avançadas. Pacientes com HH têm risco aumentado de desenvolver carcinoma hepatocelular e, portanto, deveriam ser submetidosa rastreamento periódico para detecção precoce do tumor. SINDROME DE MARFAN EPIDEMIOLOGIA: Incidência de cerca de 10000. Aproximadamente 25% a 35% dos pacientes possuem mutações de novo. As mutações que levam à síndrome de Marfan estão espalhadas ao longo do gene, e cada uma é normalmente única em uma família. HEREDITARIEDADE: Autossômico dominante GENE: Fibrina 1 (FBN1) IDADE DE INÍCIO: Início da infância. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: Estatura desproporcionalmente alta; anomalias esqueléticas; Ectopias lentis; prolapso da valva mitral; dilatação e ruptura da aorta; pneumotórax espontâneo; ectasia lombossacra dural. QUADRO CLÍNICO: Fatores ambientais e epigenéticos tenham um papel significativo na determinação do fenótipo. Essa síndrome é um distúrbio multissistêmico, com anomalias esqueléticas (aracnodactilia, deformidades no peito, escoliose, flacidez das articulações e palato estreito), oculares (córneas planas, largura do globo aumentada e íris hipoplásica), cardiovasculares, pulmonares, de pele (estria atróficas e hérnia recorrente), e durais. A maioria dos sintomas se desenvolve e piora com o crescimento. Deslocamento da retina, glaucoma e cataratas se mostram com frequência nessa síndrome. A subluxação das lentes (superior e lateral) está frequentemente presente no início da infância e progride na adolescência. Complicações cardiovasculares se manifestam em qualquer idade e progridem. ETIOLOGIA: O FBN1 codifica a fibrilina 1, uma glicoproteína de matriz extracelular de ampla distribuição. A fibrilina 1 polimeriza-se para formar microfibrilas tanto no tecido elástico quanto não-elástico, como a adventícia da aorta, zônulas ciliares e pele. A produção de fibrilina 1 mutante inibe a formação de microfibrilas normais pela fibrilina 1 normal, ou estimula proteólise inapropriada de microfibrilas extracelulares. Metade da quantidade normal de fibrilina 1 não é suficiente para iniciar uma polimerização eficaz. Logo, a haploinsuficiência pode, também, colaborar para a patogenia da doença. Ainda, pesquisas mostraram que microfibrilas de fibrilina 1 normalmente se ligam e reduzem a atividade de fatores de crescimento da superfamília TGFbeta. A perda de fibrilina 1 aumenta a sinalização pelo TGFbeta livre, o que contrinui significativamente para o distúrbio, já que o antagonismo do TGFbeta é suficiente para resgatar as alterações pulmonares e valvares observadas em camundongos deficientes em fibrilina 1. DIAGNÓSTICO: Clínico definido pela presença de algumas características. A análise mutacional não é inteiramente sensível nem específica. TRATAMENTO: Não há tratamentos curativos, apenas sintomático e preventivo. SINDROME DE HUNTER – Mucopolissacaridose tipo II/MPS II EPIDEMIOLOGIA: Estima-se que a incidência esteja entre 0,3 para 100 mil e 1 para 170 mil nascidos vivos. HEREDITARIEDADE: Ligada ao X Afeta principalmente homens GENE: IDS QUADRO CLÍNICO: Pacientes com MPS II têm aparência normal ao nascer. No entanto, entre 18 meses e 4 anos para os casos mais graves (e por volta do final da infância e início da adolescência nos casos atenuados) as feições faciais se tornam progressivamente grosseiras devido ao acúmulo de GAGs nos tecidos moles do crânio. A criança então passa a apresentar macroglossia, margens supraorbitais proeminentes, nariz alargado (principalmente a ponte nasal), bochechas arredondadas, lábios grossos e macrocefalia. Em geral o crescimento destas crianças é normal (ou até superior à curva) até os cinco anos de idade, mas após esta fase inicial ocorre uma desaceleração e a maioria dos pacientes evolui com baixa estatura. O acúmulo de GAGs interfere na maneira como determinadas células e órgãos funcionam e pode levar a uma série de sintomas graves, incluindo a perda de audição, função cardíaca reduzida, doença obstrutiva das vias aéreas, infecções de vias aéreas (otites, amigdalites, pneumonias), baixa estatura, mão em garra, hérnias umbilical e inguinal, aumento do fígado e do baço e diminuição da amplitude de movimento e mobilidade. As manifestações físicas podem incluir características faciais desproporcionais, cabeça grande e aumento do abdômen. Em muitos casos, o sistema nervoso central também pode ser afetado. A Síndrome de Hunter não se manifesta da mesma forma em todas as pessoas; a taxa de progressão dos sintomas varia amplamente, mas em todos os casos, é uma doença grave, limitadora, e progressiva. ETIOLOGIA: É uma doença genética multissistêmica rara, que faz parte do grupo de doenças de depósito lisossomal e é caracterizada pelo acúmulo de glicosaminoglicanos (GAG) nos tecidos. Uma alteração no gene IDS que codifica a produção da enzima iduronato-2- - sulfatase (I2S) faz com que os níveis e a atividade desta fiquem insuficientes para hidrolisar os glicosaminoglicanos (GAGs).4 Os GAGs ou mucopolissacarídeos, são açúcares de cadeias longas presentes nos tecidos conectivos e em vários outros tecidos. Estas células se tornam ingurgitadas, levando à destruição dos tecidos e disfunção orgânica sistêmica. DIAGNÓSTICO: Não pode ser feito apenas baseado em achados clínicos. A dosagem quantitativa e qualitativa de GAGs na urina e as radiografias de esqueleto com disostose múltipla podem sugerir a presença de uma doença do grupo das mucopolissacaridoses, mas não são exames específicos para a MPS II. Em geral os pacientes apresentam altas concentrações de dermatan sulfato e heparan sulfato na urina. O teste considerado padrão ouro é a avaliação dos níveis de atividade da enzima I2S em fibroblastos ou no plasma. A atividade reduzida ou ausente de I2S na presença de atividade normal de qualquer outra sulfatase confirma o diagnóstico da MPS II. TRATAMENTO: Sintomático. Quanto a outros tratamentos, existe a Terapia de Repozição Enzimática (TRE) e existem relatos de casos isolados e pequenas séries sobre o uso do transplante de medula óssea (TMO) para o tratamento da MPS II (este é o tratamento de escolha para a Síndrome de Hurler grave ou MPS tipo I). SINDROME DE COKAYNE DEFINIÇÃO DA DOENÇA: O síndrome de Cockayne (CS) é uma doença multissistémica caracterizada por baixa estatura, uma aparência facial característica, envelhecimento prematuro, fotossensibilidade, disfunção neurológica progressiva, e défice intelectual. HEREDITARIEDADE: Autossómica recessiva EPIDEMIOLOGIA: A incidência anual do CS é perto de 1/200.000 nos países europeus. A gravidade da doença e a idade de início são variáveis. DESCRIÇÃO CLÍNICA: No CS clássico tipo I, os primeiros sintomas aparecem normalmente durante o primeiro ano de vida. Foram descritos casos com início precoce e sintomas mais graves (tipo II) e casos com início tardio com sintomas mais ligeiros (tipo III). Os sinais comuns da doença incluem atraso de crescimento progressivo, défice intelectual, ataxia cerebelar, espasticidade, neuropatia desmielinizante periférica, retinopatia pigmentar, surdez neurossensorial e anomalias odontológicas (presença de cáries). A aparência facial típica inclui microcefalia, orelhas grandes, nariz estreito, e enoftalmia. Em alguns doentes foram observadas cataratas e fotossensibilidade cutânea. Está presente lipoatrofia subcutânea e pode levar a sinais de envelhecimento prematuro da pele. O síndrome de COFS (ver este termo) é a forma pré-natal extrema do espectro clínico do CS caracterizado por microftalmia e artrogripose congénitas. Etiologia: O CS pertence à família das doenças relacionadas deficiência na reparação por excisão nucleotídica do DNA (NER) juntamente com xerodermia pigmentosa e tricotiodistrofia (ver estes termos). As células CS mostram uma deficiência específica na reparação de DNA acoplado com a transcrição (TCR), uma sub-via de NER envolvida na remoção de lesões no DNA induzidas por radiação UV nos genes activamente transcritos.Deficiências adicionais na transcrição basal ou na reparação oxidativa foram implicadas como causa dos sintomas não cutâneos do CS. Foram descritas mutações em dois genes principais, ERCC6 (CSB; 10q11) e ERCC8 (CSA; 5q12.1). Até ao momento, não foi encontrada correlação entre os três tipos do CS e os genes envolvidos. A transmissão é autossómica recessiva. As proteínas que estes genes codificam para são componentes essenciais da maquinaria do reparo para o ADN que é danificado durante o processo de transcrever a informação genética do ADN em uma outra molécula chamada RNA. O ADN pode ser danificado pela luz solar, pelos produtos químicos, pela oxidação e pelos outros agentes, e este exige o reparo imediato. As mutações conduzem a uma falha a dano transcrição-ligado ultravioleta-induzido reparo do ADN, conduzindo a dano cumulativo à pilha e a sua morte. Esta é uma razão importante para as características da falha do crescimento, da sensibilidade da luz solar, e da aparência prematuramente envelhecida. Métodos de diagnóstico: O diagnóstico é baseado na deteção da deficiência especifica de TCR que pode ser identificada através de um teste radioactivo em fibroblastos cultivados que mede a recuperação da síntese de RNA após a radiação UV. Este teste de reparação de ADN é uma ferramenta decisiva para o diagnóstico do CS. Os exames imagiológicos ao cérebro revelam hipomielinização da substância branca cerebral, calcificação no putamen, e atrofia vermiana. Existe um teste de diagnóstico celular para a Síndrome de Cockayne, que identifica uma falha na síntese de RNA após a irradiação UV (radiações ultravioleta), que parece ser uniforme nos pacientes. Controle da doença e tratamento: A orientação clínica é puramente de suporte e inclui fisioterapia, proteção solar, aparelhos auditivos e alimentação por sonda ou gastrostomia. PROGNÓSTICO: No CS tipo I, a morte ocorre antes do fim da segunda década de vida como resultado de degeneração neurológica progressiva. Os doentes com o tipo II apresentam um prognóstico mais grave, enquanto os doentes com o tipo III sobrevivem até à idade adulta. SINDROME DE BLOOM Síndrome de Bloom é uma doença autossômica recessiva caracterizada por eritema telangiectásico em face, fotossensibilidade e retardo de crescimento pré e pós-natal. A mutação do gene BLM(Localização:15q26.1), responsável por fornecer instruções para a construção de uma proteína conhecida como helicase RecQ. Esta, por sua vez, está envolvida no processo de replicação do DNA. Mutações neste gene levam a um prejuízo a função na manutenção da estabilidade genômica. Traz uma instabilidade cromossômica importante, responsável pelas manifestações da síndrome e pela maior susceptibilidade a neoplasias. Há um registro mundial de pacientes com um total de 255 casos, sendo 16 do Brasil. É caracterizado por quebras e rearranjos nos cromossomas das pessoas infectadas, fotossensibiliidade, crescimento lento, imunodeficiência (incapacidade do sistema imunitário responder com eficácia aos agentes patogénicos) e aumento do risco de tumores.O diagnóstico é clínico e pode ser confirmado por citogenética. Os portadores apresentam fenótipo típico com telangiectasias em áreas fotoexpostas. Até o momento não existe um tratamento específico para a síndrome de Bloom. Realiza-se somente o tratamento sintomático, visando minimizar os sintomas, por meio da administração do hormônio do crescimento e adoção de uma dieta adequada. Nos casos de câncer, o tratamento deve ser feito com prudência, uma vez que muitos dos pacientes são hipersensíveis à radioterapia e quimioterapia. A síndrome de Bloom afeta o ser humano em várias formas. Os indivíduos têm graves problemas de crescimento. A média de altura é cerca de 151 cm. Manifestam lábios inflamados, podendo haver sangramento. Os olhos e os vasos sanguíneos podem estar inflamados. Têm uma voz bastante aguda. A falta da gordura subcutânea contribui para um rosto comprido e estreito e nariz e orelhas grandes. Apresentam membros longos em comparação a pessoas normais. Também apresentam um retardo metal moderado, com dificuldades na aprendizagem. Quer mulheres, quer homens são inférteis. Foi observado a deficiência de imunoglobulinas (IgA, IgG e IgM). A IgA encontra-se essencialmente nas lágrimas, na saliva, na secreção nasal, no suor, no suco intestinal e no muco que reveste as mucosas, impedindo a penetração de germes patogénicos. A IgG é o mais abundante no soro humano e tem um papel vital na protecção do recem-nascido contra infecções. A IgM tem uma função aglutinante e citolítica. Esta deficiência de imunoglobulinas aumenta o risco de cancro, pneumonias, leucemias e linfomas. As manifestações desta síndrome incluem baixa estatura e erupções cutâneas que se desenvolvem em áreas de pele que ficam expostas ao sol em indivíduos jovens, especialmente face. Estas erupções são eritematosas, infiltradas e escamosas. Estas pacientes também apresentam nariz saliente, problemas respiratórios, voz aguda, maior risco de desenvolver câncer e diabetes, problemas de crescimento e atraso mental. Homens com a síndrome de Bloom frequentemente não produzem esperma, fato que leva à infertilidade. Já as mulheres podem apresentar redução da fertilidade e menopausa antes do período habitual. OSTEOGENESE IMPERFEITA A Osteogénese Imperfeita (OI) é um grupo de doenças hereditárias responsáveis por graus variados de fragilidade óssea. Um traumatismo minor é suficiente para causar fraturas e deformações ósseas. Geralmente é utilizada uma classificação em 5 tipos. TIPO I: forma moderada com transmissão autossómica dominante, caracterizada por escleróticas azuladas ou dentinogénese imperfeita por vezes com surdez de início tardio, mas sem atraso de crescimento. TIPO II: forma letal com transmissão autossómica dominante. TIPO III: forma grave com transmissão autossómica dominante ou recessiva caracterizada por escleróticas azuladas e dentinogénese imperfeita. TIPO IV: forma intermédia com transmissão autossômica dominante, caracterizada por escleróticas normais com/sem dentinogênese imperfeita. TIPO V: forma com formação de calos ósseos hipertróficos e calcificação da membrana interóssea. O Tipo V não parece estar associado aos genes COL1A1 ou COL1A2. A OI é causada por mutações nos genes COL1A1 ou COL1A2, que codificam, respectivamente, para as subunidades alfa1 ou alfa2 do colágeno tipo 1. Estas mutações são responsáveis pela produção de fibrilas quantitativa ou qualitativamente alteradas. A incidência/prevalência precisa destas doenças não é conhecida atualmente. O diagnóstico é frequentemente feito na infância; alguns casos, no entanto, permanecem por diagnosticar até à idade adulta. Um seguimento multidisciplinar ao longo de toda a vida é imperativo. A terapia com Pamidronato (é um fármaco pertencente ao grupo dos bisfosfonados de segunda geração, com estrutura química básica dos pirofosfatos, único inibidor natural da reabsorção óssea) na infância é o tratamento mais extensamente estudado, tendo-se provado benéfico, aumentando a densidade óssea. A prevenção das deficiências de vitamina D e cálcio são essenciais ao longo da vida. Estão disponíveis várias técnicas ortopédicas e cirúrgicas para reduzir as fracturas e corrigir as deformações. A dor é comum e deve ser também alvo de seguimento. Tratamento ortopédico e fisioterapia são parte importante do cuidado destes pacientes. Os objetivos do tratamento para pacientes com OI são redução do número de fraturas, prevenção de deformidades de membros e escoliose, diminuiçãoda dor crônica e melhora da mobilidade e da capacidade funcional(2). Por isso, o tratamento deve ser realizado principalmente em centros de atendimento ortopédico e fisioterápico especializados. Grande parte dos portadores dessa enfermidade costuma apresentar inúmeras fraturas, ossos que se curvam e outra duas características marcantes: a esclera (parte branco do olho) azulada e o rosto em formato aproximadamente triangular. Alguns indivíduos também apresentam dentes acinzentados e frágeis, além da ocorrência da dentinogênese imperfeita, e outros, aproximadamente 50% apresentam certa deficiência auditiva devido a problemas nos ossos presentes no ouvido; muitos pacientes também apresentam dificuldade para andar. Nas formas mais graves, há o perigo de sérias complicações de coração e de pulmões, em conseqüência das deformações da coluna e da caixa torácica. ANEMIA FALCIFORME Herança tipo autossômica recessiva. Ocorre a substituição da base nitrogenada timina (T) por adenina (A), ocasionando a substituição do aminoácido ácido glutâmico por valina, na posição seis da cadeia β. A simples substituição pontual de uma base nitrogenada, timina por adenina (GAT → GTT), no sexto códon do éxon 1 no DNA do cromossomo 11 ocasiona o surgimento de uma hemoglobina patológica. A troca de bases nitrogenadas no DNA, ao invés de codificar a produção (transcrição) do aminoácido ácido glutâmico, irá, a partir daí, determinar a produção do aminoácido valina, que entrará na posição 6 da sequência de aminoácidos que compõem a cadeia β da hemoglobina, modificando sua estrutura molecular. A anemia falciforme é um tipo de anemia hemolítica em que a pessoa possui um grupo diferente de hemoglobinas, conhecido como hemoglobina S. Essa hemoglobina, que apresenta valina no lugar do ácido glutâmico na cadeia beta, não é tão eficiente quanto a hemoglobina A e, consequentemente, não consegue garantir uma oxigenação satisfatória. A anemia falciforme é uma doença genética hereditária que se desenvolve apenas em homozigose. Em pacientes heterozigotos para a doença, observa-se uma forma assintomática. Uma característica importante das pessoas que possuem essa anemia é o formato de suas hemácias, que se assemelham a uma meia-lua ou a uma foice, daí o nome da doença. Seu formato faz com que frequentemente ocorram vasoclusões, principalmente em vasos de pequeno calibre onde a circulação dessas hemácias não ocorre adequadamente. Além disso, a célula rompe-se mais facilmente. Como principais sintomas da anemia falciforme, destacam-se fadiga, palidez, icterícia e dores no corpo, que atingem principalmente ossos, articulações, tórax, abdome e região dorsal. Pode haver o acometimento da retina, rins, baço, fígado, coração, pulmões, além de problemas neurológicos (acidente vascular encefálico - AVE) e úlceras nos membros inferiores. Vale destacar também que pacientes com anemia falciforme apresentam uma maior susceptibilidade a infecções, principalmente as respiratórias. A doença pode ser diagnosticada precocemente através do teste do pezinho. Assim que confirmada, é fundamental iniciar o tratamento com uma equipe multiprofissional. Caso não tenha sido detectada logo após o nascimento, o exame de eletroforese de hemoglobina é capaz de confirmar ou excluir o diagnóstico dessa doença. Por ser uma doença genética, ainda não existe cura, porém os portadores devem realizar o acompanhamento constante. Esse acompanhamento, que normalmente inclui transfusões sanguíneas, faz com que o paciente evite complicações graves, como o acidente vascular encefálico (AVE), síndrome torácica (falta de ar, febre e dor no tórax), crises aplásticas (medula óssea para a produção de sangue) e sequestro esplênico (armazenamento de sangue no fígado). São sintomas da anemia falciforme: Dor forte provocada pelo bloqueio do fluxo sangüíneo e pela falta de oxigenação nos tecidos; Dores articulares; Fadiga intensa; Palidez e icterícia; Atraso no crescimento; Feridas nas pernas; Tendência a infecções; Cálculos biliares; Problemas neurológicos, cardiovasculares, pulmonares e renais; Priapismo. FIBROSE CISTICA A fibrose cística é uma desordem genética causada pela deficiência orgânica de uma proteína que transporte o sódio e o cloreto através das membranas de pilha. Esta proteína é chamada o regulador da condutibilidade da transmembrana da fibrose cística (CFTR). A mutação do gene de CFTR causa uma proteína que deixe demasiado sal e não bastante água nas pilhas, fazendo com que o muco sejam tornados grosso e o suor para se tornar salgado. Um muco grosso, pegajoso acumula-se nos corredor respiratórios e digestivos, que causa sintomas da circunstância. Os canais no pâncreas e no fígado tornam-se obstruídos e os pulmões são afectados por infecções periódicas. HERANÇA DO GENE ANORMAL DE CFTR A fibrose cística é herdada em uma forma recessivo autosomal, que signifique que uma pessoa tem que herdar dois genes anormais para que a doença se torne. Todos herda dois genes de CFTR, um da matriz e um do pai. Quando uma pessoa herda uma cópia anormal do gene de CFTR, ou são denominado um portador. Se essa pessoa tem um bebê com um outro portador de um gene defeituoso de CFTR, um do seguinte aplicar-se-á: • Há a um--quatro na possibilidade que a criança não herdará tampouco dos genes defeituosos e terá dois genes saudáveis de CFTR • Há um--dois na possibilidade que a criança herdará um gene defeituoso, fazendo lhes um portador • Há um--quatro na possibilidade que a criança herdará os genes transformados e desenvolverá a fibrose cística DIAGNÓSTICO: O diagnóstico da fibrose cística é estabelecido quando um paciente com sintomas sugestivos ou um teste de triagem neonatal alterado tem duas dosagens de cloro no suor alteradas (>60mEq/L) ou duas mutações identificadas no teste genético. • Triagem neonatal (teste do pezinho): a triagem neonatal consiste na retirada de algumas gotas de sangue do calcanhar do bebê, na primeira semana de vida. O teste de triagem neonatal não é um exame definitivo, ou seja, ele não determina se o bebê tem ou não Fibrose Cística, mas é capaz de indicar a necessidade de exames complementares para definir se o paciente tem de fato a doença. A realização do teste do pezinho é fundamental, pois permite realizar o diagnóstico da Fibrose Cística antes do aparecimento dos primeiros sintomas da doença, melhorando muito o prognóstico dos pacientes. Além disso, o diagnóstico precoce possibilita o aconselhamento genético aos pais e familiares em relação a futuras gestações. O teste do pezinho também investiga uma série de outras doenças potencialmente graves. • Teste do suor é realizado apenas quando há suspeita da Fibrose Cística, através da indução e coleta do suor. O teste avalia a concentração de cloro (ou cloreto) no suor, que acima de um determinado nível indica a existência da doença (60 mEq/l ou mais, dependendo da técnica utilizada). • TESTE GENÉTICO: é uma opção para o diagnóstico de pessoas com suspeita de fibrose cística que apresentam níveis intermediários de cloreto no suor (entre 40 e 60 mEq/l) ou mesmo níveis normais. Além disso, é útil para determinar o prognóstico dos pacientes, auxiliar no aconselhamento familiar e determinar possibilidades de tratamento com novos medicamentos que “corrigem” a função da proteína CFTR. Nos casos em que a mãe do bebê tem fibrose cística ou quando há casos na família, recomenda-se também a investigação diagnóstica, através de testes de suor ou testes genéticos. Utilizandoo teste genético também é possível realizar diagnóstico pré-natal em alguns casos, ou seja, antes do nascimento do bebê. • DIAGNOSTICO PRÉ-NATAL: o diagnóstico pré-natal para avaliar se o feto possui Fibrose Cística é realizado apenas se exames prévios confirmarem que tanto o pai quanto a mãe do bebê carregam o gene afetado pela doença (CFTR). Isso porque, o bebê apenas poderá apresentar a Fibrose Cística se herdar o gene afetado tanto do pai quanto da mãe. O exame pré-natal consiste na retirada de uma amostra do líquido amniótico do útero para determinar o diagnóstico da fibrose cística. Este exame é geralmente realizado entre a 15ª e a 18ª semana da gestação. Mesmo quando os pais não sabem que carregam o gene afetado pela Fibrose Cística, a triagem da doença deve idealmente ocorrer logo nos primeiros dias de vida, através do teste do pezinho (triagem neonatal). Apesar de ser um exame obrigatório no Brasil, seu acesso ainda não é universal no país. Por isso, ainda existem casos em que o diagnóstico é feito de forma tardia, após o aparecimento dos sintomas da doença. Esse atraso no diagnóstico da fibrose cística pode comprometer o quadro geral de saúde do paciente e seu prognóstico.
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