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Principais DISTURBIOS GENÉTICOS

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SINDROME DO X FRAGIL 
A síndrome do X frágil causa deficiência 
intelectual leve a grave. Afeta homens e 
mulheres, mas as mulheres costumam ter 
sintomas mais leves. 
Os sintomas incluem atrasos na fala, 
ansiedade e comportamento hiperativo. 
Algumas pessoas têm convulsões. As 
características físicas podem incluir 
orelhas grandes, rosto comprido, 
mandíbula e testa proeminentes e pés 
chatos. É possível utilizar a terapia para 
tratar deficiências de aprendizagem. 
Medicamentos podem ser usados para 
tratar transtornos de humor e ansiedade. 
É causada por mutação no gene FMR1, 
que apresenta, em sua região reguladora 
(porção 5’ não traduzida), uma repetição 
de trinucleotídeos (CGG)n, cujo número 
varia de 6 a 55 nas pessoas normais da 
população. Nos afetados pela SXF, o 
número dessas repetições (CGG)n é 
superior a 200, constituindo a mutação 
completa. Quando o número de 
trinucleotídeos da repetição (CGG)n está 
entre 55 e 200, tem-se a prémutação. 
Casos de SXF são sempre herdados e, 
embora a SXF se manifeste em ambos os 
sexos, homens que possuem a mutação 
apresentam quadro clínico mais grave do 
que mulheres com a mesma alteração. 
– PORTADORES DE PRÉ-MUTAÇÃO: 
Não manifestam deficiência mental e não 
necessariamente manifestarão os 
fenótipos associados à pré-mutação. 
Mulheres apresentam risco de terem 
descendentes afetados por SXF, síndrome 
do tremor/ataxia associada a X frágil 
(FXTAS) ou menopausa precoce. 
Homens transmitem a pré-mutação a 
todas as suas filhas. 
– PORTADORES DE MUTAÇÃO 
COMPLETA: 
Quase todos os homens e 40% a 50% das 
mulheres manifestam SXF. 
Mulheres têm risco de terem crianças 
afetadas por SXF. 
Homens em geral não se reproduzem. 
QUADRO CLÍNICO: A SXF é a forma mais 
frequente de deficiência mental herdada, 
afetando homens e mulheres. O 
comprometimento mental dos afetados é 
variável. Alterações de comportamento, 
como hiperatividade e déficit de atenção, 
também são observadas, além de sinais 
identificados em transtornos do espectro 
autista. Algumas características físicas 
tornam-se mais evidentes após a 
puberdade, como face alongada, orelhas 
grandes e em abano, mandíbula 
proeminente e macroorquidia. Mulheres 
portadoras de pré-mutação podem 
apresentar menopausa precoce, que se 
caracteriza pela cessação completa dos 
períodos menstruais antes dos 40 anos 
de idade. Homens portadores de pré-
mutação podem apresentar FXTAS, 
caracterizada por ataxia cerebelar de 
início tardio e tremor de intenção. Este 
quadro se manifesta com menor 
frequência entre as mulheres portadoras 
de pré-mutação. 
 
DOENÇA DE HUNTINGTON 
A doença de Huntington é uma doença 
hereditária que provoca a degeneração 
progressiva de células nervosas do 
cérebro. Descrito pelo médico 
norteamericano George Huntington em 
1872, o distúrbio tem sido amplamente 
estudado nas últimas décadas. Foi 
inclusive em 1993, pouco mais de cem 
anos após o primeiro caso oficial da 
doença, que os cientistas descobriram o 
gene causador da afecção - localizado no 
cromossomo 4. Esse defeito faz com que 
uma parte do DNA, chamada de 
sequência CAG, ocorra várias vezes mais 
do que deveria ocorrer. Normalmente, 
essa sequência se repete de 10 a 28 
vezes. Em pessoas diagnosticadas com a 
doença de Huntington, no entanto, ela se 
repete de 36 a 120 vezes. 
Além disso, a doença de Huntington é 
uma desordem dominante autossômica, 
o que significa que uma pessoa precisa 
apenas de uma cópia do gene defeituoso 
para desenvolver a doença. 
Com a exceção dos cromossomos sexuais, 
uma pessoa herda duas cópias de cada 
gene, sendo uma de cada progenitor. 
Alguém que tenha o pai com um gene 
defeituoso para a doença de Huntington, 
por exemplo, pode receber dele tanto a 
cópia defeituosa do gene quanto a cópia 
normal. Assim, cada pessoa que tenha 
hereditariedade para a doença tem 50% 
de chance de herdar o gene causador e, 
logo, desenvolver a doença também. 
Os distúrbios de movimento associados à 
doença de Huntington podem incluir 
tanto movimentos involuntários quanto 
prejuízos no funcionamento de 
movimentos voluntários. Veja: 
 Espasmos e outros movimentos 
involuntários (coreia)  Problemas 
musculares, como rigidez e contração 
muscular (distonia)  Movimentos 
oculares lentos ou anormais  
Anormalidades da marcha, problemas de 
postura e de equilíbrio  Dificuldade 
para engolir ou falar.  Entre os 
medicamentos mais indicados por 
especialistas para tratar doença de 
Huntington estão, principalmente, 
Tetrabenazine e alguns antipsicóticos, 
além de antidepressivos e 
estabilizadores de humor.  Outras 
opções terapêuticas, como a psicoterapia, 
podem ajudar o paciente a lidar melhor 
com seus problemas de comportamento. 
Além disso, terapias de discurso, para 
ajudar no controle dos músculos 
envolvidos na fala e na deglutição, por 
exemplo, também é uma opção bastante 
utilizada pelos especialistas. A terapia 
física, para aprimorar habilidades 
motoras, de força, flexibilidade, 
coordenação e equilíbrio, e terapia 
ocupacional também são alternativas. 
 
DISTROFIA MUSCULAR DE 
DUCHENNE 
É uma miopatia progressiva ligada ao X, 
causada por mutações no gene 
DMD(codificador da distrofina, que 
confere estabilidade ao sarcolema). As 
mutações em DMD incluem grandes 
deleções(remoção de nucleotídeos), 
duplicações e inserções. Sendo assim, 
essa miopatia resulta em degeneração e 
fraqueza muscular, começando pelos 
músculo do quadril e os flexores do 
pescoço. Aos 5 anos de idade o paciente 
utiliza a manobra de Gowers(uma 
sequência de manobra para se levantar 
do chão, apoiando nos joelhos) e tem 
pseudo-hipertrofia na panturrilha, ou 
seja, um aumento da panturrilha devido 
à substituição do músculo por tecido 
adiposo e conjuntivo. Quase 95% 
apresenta cardiomiopatia. Raramente , 
apresentam dilatação gástrica e 
paralisisa do íleo , devido à distrofina no 
músculo liso. Apresentam um QI médio e 
retardamento mental. Nas mulheres, se o 
cromossomo X que carrega o alelo 
mutante de DMD estiver ativo na maior 
parte das células, as mulheres 
desenvolveram sinais de DMD ; se estiver 
normal , as mulheres terão poucos ou 
nenhum sintoma de DMD. O risco da 
herança se baseia em identificar os níveis 
séricos de de creatina quinase, e na 
expressão em mosaico da distrofina em 
amostra da biópsia do músculo. 
Recaptulando as principais 
características fenotípicas : fraqueza 
muscular, hipertrofia da panturrilha, 
comprometimento intelectual leve(QI 
médio), nível de creatina quinase sérica. 
 
SINDROME CHARGE 
É uma síndrome autossômica 
dominante devido à mutação do gene 
CHD7 , localizado em 8q12. O CHD7 
expressa em múltiplos tecidos, como 
intestino, fígado e cérebro. A síndrome é 
diagnosticável por critérios diagnostico 
formado por colobama ocular ( afetando 
íris , retina, coroide ou disco, com ou sem 
microftalmia), atresia coanal (uni ou 
bilateral; estenose ou atresia), anomalia 
dos nervos cranianos (com paralisia 
facial uni ou bilateral, surdez 
sensorioneural ou problemas de 
deglutição), e anomalias características 
das orelhas (alça na orelha externa ou 
orelha em forma de taça, malformações 
nos ossículos da orelha média, surdez 
mista e defeitos cocleares ). A síndrome 
de CHARGE é diagnosticável se três ou 
quatro critérios principais, ou dois 
critérios principais e três critérios 
secundários forem encontrados. A 
mortalidade ocorre em 50% dos 
pacientes ,principalmente no período 
perinatal ( nos últimos 5 meses e meio de 
gestação à 5 dias de nascimento) ou no 
inicio da lactância. O refluxo 
gastroesofágico também acometem a 
maioria dos pacientes , sendo que 50% 
de pacientes adolescentes e adultos 
necessitam de tubo de gastrotomia. 
O tratamento consiste em cirurgias de 
reparação para as malformações 
congênitas. 
 
Coloboma 
Heart defects (cardiopatia) 
Atresia das coanas 
Retardo mental, 
Genitália 
Ears (orelhas) 
 
DOENÇA DE POMPE 
A doença de Pompe, também conhecida 
como glicogenosetipo II, é um distúrbio 
neuromuscular hereditário raro que 
causa fraqueza muscular progressiva em 
pessoas de todas as idades. Pode-se 
apresentar em três formas: Infantil, 
juvenil e adulta. Caracterizada pelo 
depósito lisossomal de glicogênio 
consequente à deficiência da enzima 
alfaglicosidase ácida (GAA), de herança 
autossômica recessiva. O problema não 
tem cura, mas existe tratamento que 
pode controlar a doença. Estima-se que 
possam existir, no Brasil, de 1.000 a 
3.500 pacientes com doença de Pompe. 
Apesar de pouco frequente, a doença 
apresenta impacto significativo, com alta 
morbidade e letalidade em sua forma 
infantil e alta morbidade em sua forma 
tardia. A Doença de Pompe é causada por 
um gene defeituoso que leva à deficiência 
de uma enzima chamada alfa-glicosidade 
ácida (GAA). A ausência dessa enzima 
resulta no acúmulo excessivo da 
substância chamada glicogênio, uma 
forma de açúcar que é armazenada em 
um compartimento especializado de 
células musculares em todo o corpo. 
Embora os efeitos da doença de Pompe 
variem de paciente para paciente, 
algumas generalizações amplas podem 
ser feitas. Só em crianças: tipicamente 
têm fraqueza muscular extrema e uma 
aparência de relaxamento físico. 
Radiografias geralmente revelam um 
coração bastante aumentado. Outros 
sintomas incluem dificuldades 
respiratórias, dificuldades de 
alimentação e falha em cumprir os 
marcos de desenvolvimento como rolar e 
sentar-se eretamente. Em crianças e 
adultos: tendem a ter maior variedade 
em seus sintomas, comumente incluindo 
 
 
 
fraqueza dos músculos do quadril e 
das pernas, o que leva a dificuldades 
com a mobilidade e a respiração. 
Pacientes mais velhos raramente têm os 
problemas cardíacos típicos em crianças. 
Quando os sintomas aparecem pela 
primeira vez na infância ou na idade 
adulta, podem progredir lentamente ao 
longo de muitos anos ou muito 
rapidamente. Devido ao curso da doença 
ser difícil de prever, a monitoração 
cuidadosa é importante para abordar 
alterações nas condições de saúde 
conforme seu surgimento. 
O tratamento consiste em Terapia de 
Reposição Enzimática (TRE) com a 
GAArh, em 2006, alterou o prognóstico 
da doença, mostrando-se capaz de 
estabilizar, ou até mesmo reverter as 
lesões causadas pelo acúmulo 
intracelular de glicogênio. Consiste na 
infusão quinzenal de um medicamento 
que contém uma ‘cópia’ da enzima que 
falta nestes pacientes. Quanto antes 
iniciado o tratamento, menor o impacto 
na qualidade de vida do paciente, porem 
o difícil acesso ao tratamento, por o 
Myozime ser um medicamento de alto 
custo, a dificuldade de começar o 
tratamento se torna mais complicada. 
Esta nova perspectiva de tratamento da 
doença de Pompe aumenta a necessidade 
do diagnóstico e tratamento precoce da 
doença, para prevenir o aparecimento de 
lesões irreversíveis e proporcionar aos 
pacientes boa sobrevida com qualidade 
de vida. 
DOENÇA DE RETT 
A síndrome de Rett é uma doença de 
herança dominante ligada ao 
cromossomo X, causada por mutações 
no gene MECP2. Cerca de 80% dos 
pacientes com síndrome de Rett clássica 
apresentam mutação de ponto e apenas 
5% têm deleções em MECP2. 
A maior parte dos casos é decorrente de 
mutação de novo, durante a 
gametogênese paterna, o que faz com 
que esta doença ocorra quase 
exclusivamente no sexo feminino. 
Neste contexto, o risco de repetição da 
síndrome de Rett na mesma família é 
considerado muito baixo. 
Raramente, mulheres portadoras podem 
apresentar fenótipo atenuado ou 
ausente, em consequência da inativação 
preferencial do cromossomo X que 
carrega a mutação em MECP2. Nestes 
casos, o risco de transmissão desta 
alteração para a prole é de 50%. 
Uma variante da síndrome de Rett, de 
início mais precoce, com crises 
epilépticas frequentes e de difícil 
controle, é causada por mutações no 
gene CDKL5, também localizado no 
cromossomo X. 
A variante congênita de síndrome de Rett 
está associada a mutações no gene 
FOXG1, localizado no cromossomo 14. 
 
QUADRO CLÍNICO: A síndrome de Rett é 
uma condição que afeta de forma quase 
exclusiva indivíduos do sexo feminino e 
seus sintomas têm início em geral entre 6 
e 18 meses de idade. Esta condição afeta 
aproximadamente 1 em cada 10000 
meninas. Caracteriza-se por perda de 
interesse pelo meio, associada à 
regressão da habilidade de comunicação 
e pela presença de movimentos 
estereotipados, especialmente das 
mãos, que deixam de ser utilizadas 
com um propósito. Há ainda 
desaceleração da velocidade de 
crescimento craniano, alterações da 
frequência respiratória com períodos 
de hiperpneia intercalados por 
apneia, bruxismo, escoliose e, com 
frequência, epilepsia. Nas crianças que 
mantém a habilidade de caminhar, 
observa-se ataxia e apraxia da marcha. 
 
 
HIPERTERMIA MALIGNA 
GENÉTICA DA DOENÇA: A hipertermia 
maligna (HM) obedece a padrão de 
herança autossômico dominante. 
Existem diferentes genes envolvidos na 
sua patogênese, mas cerca de 70-80% 
dos casos são decorrentes de mutações 
no gene RYR1, que codifica um canal 
de cálcio do músculo esquelético, 
também chamado de receptor 
rianodina. Quando há mutação, a função 
do receptor rianodina fica alterada e leva 
à liberação excessiva e contínua de cálcio, 
do retículo endoplasmático para o 
interior da fibra muscular. O estudo 
molecular é de grande importância no 
diagnóstico e pode auxiliar na 
identificação dos indivíduos 
potencialmente em risco em famílias com 
afetados por HM. 
Mutações neste gene também estão 
associadas à miopatia congênita dos 
tipos Central Core e Multiminicore, 
desproporção congênita de tipos de 
fibras, miopatia centronuclear, síndrome 
de King-Denborough e miopatia 
nemalínica. 
QUADRO CLÍNICO: A hipertermia 
maligna (HM) é uma afecção hereditária, 
caracterizada por resposta 
hipermetabólica aos anestésicos 
voláteis, tais como o halotano, 
enflurano, isoflurano, sevoflurano e 
desflurano (e provavelmente 
succinilcolina). A expressão clínica da 
HM é variável. Ela surge a qualquer 
momento durante a anestesia e até 3 
horas após a interrupção da exposição ao 
agente desencadeante. Esta condição é 
expressa por rigidez muscular, aumento 
do consumo de oxigênio e produção de 
CO2, acidemia respiratória e metabólica, 
taquicardia, taquipneia, hiperpotassemia, 
rabdomiólise e mioglubinúria. Nem 
sempre a hipertermia é a manifestação 
inicial ou proeminente da HM. A 
incidência média da HM é de um em cada 
50.000 anestesias, sendo mais frequente 
em crianças (1/10.000 anestesias) e 
viaria nas diferentes populações 
estudadas. 
DIAGNÓSTICO: Teste de contração a 
exposição de halotano, cafeína e por 
mapeamento genético. 
 
 
DOENÇA DE FABRY 
 A doença de Fabry é enfermidade de 
armazenamento lisossômico rara, 
ligada ao cromossomoX, causada pela 
deficiência parcial ou completa da 
enzima alfagalactosidase A. O defeito 
resulta no acúmulo de 
globotriaosilceramida no endotélio 
vascular e tecidos viscerais, sendo a pele, 
o coração, os rins e o sistema nervoso 
central os mais afetados 
GENÉTICA: A herança da DF é ligada ao 
cromossomo X. O gene afetado chama-
se GALA e encontra-se na região Xq221 
do cromossomo X. O GALA tem cerca de 
12kb de comprimento e contém cerca de 
sete éxons que variam entre 92 e 291 
pares de bases. O defeito genético que 
produz a doença é extremamente 
heterogêneo, e atualmente foram 
identificadas mais de 300 mutações. A 
maioria das famílias possui "mutações 
privadas", ou seja, mutações específicas 
para essa determinada família. 
Em doentes do sexo masculino, 
hemozigotos, o gene do Fabry tem alta 
penetrância, e a maioria apresenta o 
chamado fenótipo clássico da doença. Em 
doentes do sexo feminino, heterozigotas, 
a doença tem expressividade variável por 
causa da inativação aleatória de um dos 
cromossomos X (hipótese de Lyon). 
Atualmente as heterozigotas não são 
consideradas simples portadoras, já que 
a maioria apresenta alterações 
sistêmicas relacionadas à doença e 
aumentoda morbidade e mortalidade. 
Portanto, a transmissão da DF de forma 
recessiva ligada ao X, deveria ser 
desconsiderada. 
O grau de correlação existente entre o 
genótipo e o fenótipo da doença é motivo 
de controvérsia. Por exemplo, diferentes 
mutações estão associadas a fenótipos 
similares, enquanto membros de uma 
família que compartilha a mesma 
mutação apresentam diferentes 
fenótipos. 
Quando se suspeita do diagnóstico de DF, 
a pesquisa da história familiar é muito 
importante, já que a maioria dos casos 
ocorre de forma hereditária. Porém a 
ausência de dados familiares positivos 
não invalidam o diagnóstico, uma vez que 
mutaçoes têm sido documentadas. 
A doença de Fabry (FD) é uma doença de 
sobrecarga lisossomal progressiva, 
hereditária multissistémica caracterizada 
por manifestações específicas 
neurológicas, cutâneas, renais, 
cardiovasculares, cócleo-vestibulares e 
cérebro-vasculares. 
A incidência anual é de 1 em 80000 
nados vivos, mas esse número pode estar 
subestimado. Quando são consideradas 
variantes da doença de início tardio, é 
sugerida uma prevalência de 
aproximadamente 1 em 3000. A FD é 
pan-étnica. 
DESCRIÇÃO CLÍNICA: O quadro clínico 
abrange um amplo espetro variando 
desde casos leves em mulheres 
heterozigóticas a casos graves em 
homens hemizigóticos classicamente 
afetados sem atividade residual de alfa-
galactosidase A. Estes doentes podem ter 
todos os sinais característicos 
neurológicos (dor), cutâneos 
(angioqueratoma), renais (proteinúria, 
insuficiência renal), cardiovasculares 
(miocardiopatia, arritmias), cócleo-
vestibulares e cérebro-vasculares 
(acidentes isquémicos transitórios, 
acidentes vasculares cerebrais) da 
doença. Doentes do sexo feminino podem 
ter sintomas muito ligeiros a graves. A 
dor é um sintoma comum no início da FD 
(dor crónica, caracterizada por 
parestesia com sensação de queimadura 
e formigueiro e crises ocasionais 
episódicas caracterizadas por dor em 
queimadura agonizante). A dor pode 
resolver-se na idade adulta. Pode ocorrer 
anidrose ou hipoidrose causando calor e 
intolerância ao exercício. Outros sinais 
incluem angioqueratoma, alterações da 
córnea, zumbido, fadiga crónica, 
anomalias cardíacas e cérebro-vasculares 
(hipertrofia do ventriculo esquerdo, 
arritmia, angina), dispneia e nefropatia. 
ETIOLOGIA: A doença de Fabry é uma 
doença do metabolismo dos 
glicosfingolípidos causada por atividade 
lisossomal deficiente ou ausente de alfa-
galactosidase A relacionada com 
mutações no gene GLA (Xq21.3-q22) que 
codifica a enzima alfa-galactosidase A. A 
atividade deficiente resulta em 
acumulação de globotriaosilceramida 
(Gb3) dentro dos lisossomas, pensando-
se que desencadeia uma cascata de 
eventos celulares. 
MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO: O 
diagnóstico laboratorial envolve a 
demonstração da deficiência enzimática 
acentuada nos homens hemizigóticos. A 
análise enzimática pode ocasionalmente 
ajudar a detectar heterozigóticos, mas 
muitas vezes é inconclusiva devido à 
inativação aleatória do cromossoma X, 
tornando o teste molecular 
(genotipagem) obrigatório nas mulheres. 
TRATAMENTO: A opção terapêutica 
específica (terapia de substituição 
enzimática utilizando alfa-galactosidase 
A produzida in vitro ) foi recentemente 
introduzida e o seu resultado a longo 
prazo está sob investigação para ambas 
as preparações disponíveis, mas é 
promissor. O enriquecimento enzimático 
com acompanhantes farmacológicos está 
actualmente sob investigação em ensaios 
clínicos. O tratamento convencional 
consiste no alívio da dor com analgésicos, 
nefroproteção (inibidores da enzima 
conversora da angiotensina e 
bloqueadores dos receptores da 
angiotensina), agentes antiarrítmicos, 
pace-maker ou desfibrilador 
cardioversor implantável, diálise e 
transplante renal. 
 
ALFA-TALASSEMIA 
Alfa-talassemia é uma hemoglobinopatia 
hereditária caracterizada por síntese 
diminuída das cadeias de alfa-globina 
que levam a um quadro clinico variável, 
dependendo do número de alelos 
mutados. 
EPIDEMIOLOGIA: Tal como outras 
alterações genéticas de globina, a alfa-
talassemia é muito prevalente em todas 
as regiões tropicais e subtropicais (em 
torno de 1/10000), especialmente no 
cinturão equatorial Africano. Formas 
intermediárias e graves de alfa-
talassemia são muito raras na América 
do Norte e na Europa do Norte (cerca de 
1/1,000,000) e são observadas 
principalmente em populações de 
imigrantes do Sudeste da Ásia ou países 
mediterrânicos. 
DESCRIÇÃO CLÍNICA: A doença pode ser 
classificada em subtipos clínicos de 
gravidade crescente: alfa talassemia 
silenciosa, alfa talassemia minor (ou alfa 
talassemia minor), doença da 
hemoglobina H (HbH) e hidropisia fetal 
de Hb Bart (ver esses termos). Uma 
forma rara chamada síndrome de 
alfatalassemia - défice intelectual 
também foi identificada (ver estes 
termos). Alfa talassemia minor causa 
microcitose e hipocromia com anemia 
ausente ou ligeira (frequentemente 
detectada em exames de sangue de 
rotina), geralmente sem outros sintomas. 
Doentes HBH desenvolvem anemia 
hemolítica moderada, com quantidades 
variáveis de HbH a que se associa 
ocasionalmente, esplenomegalia grave, 
por vezes complicada por 
hiperesplenismo. Hidropisia fetal de Hb 
Bart envolve uma grave deficiência de 
alfa-globina, com implicações graves no 
desenvolvimento. A síndrome de alfa-
talassemia - défice intelectual é 
caracterizada por anemia muito ligeira a 
grave associada com anomalias de 
desenvolvimento. 
ETIOLOGIA: A síntese de alfa globina é 
regulada por quatro genes alfa-globina, 
dois em cada cópia do cromossoma 16 
(16p13.3). A alfa-talassemia resulta 
frequentemente da supressão de um ou 
ambos os alelos ( HBA1 e hba2 ). Mais 
raramente, as mutações pontuais em 
regiões críticas desses genes podem 
causar alfa-talassemia não relacionada 
com deleção. As deleções de elementos 
reguladores localizados a montante dos 
genes alfa-globina, também foram 
encontradas. A gravidade do quadro 
clínico é correlacionada com o grau de 
deficiência de cadeia de alfa-globina. 
Verificou-se que as interacções que 
envolvem as formas (não deleção) 
conduzem a manifestações mais graves 
do que aquelas que constituem formas de 
deleção. A supressão de um alelo resulta 
na forma silenciosa, dois alelos em alfa-
talassemia minor, e três alelos em HbH. 
MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO: O 
diagnóstico é baseado em testes 
hematológicos dos índices de glóbulos 
vermelhos (RBC), esfregaço de sangue 
periférico, supravital stain para detectar 
corpos de inclusão RBC e análise 
qualitativa e quantitativa de 
hemoglobina. A confirmação do 
diagnóstico baseia-se na análise genética 
molecular. 
TRATAMENTO: Doentes com alfa-
talassemia silenciosa ou talassemia 
minor, não requerem tratamento. O 
tratamento específico, porém, é 
necessário para outras formas da doença 
e pode incluir transfusões ocasionais de 
glóbulos vermelhos, quelação de ferro, e 
outras medidas de suporte. 
 
SINDROME DE SMITH-LEMLI-OPTIZ 
RESUMO: A síndrome de Smith-Lemli-
Opitz é uma síndrome de anomalias 
múltiplas, com grande variabilidade 
clínica, podendo apresentar desde 
crescimento uterino restrito e morte 
neonatal a retardo mental leve. Sua 
etiologia é autossômica recessiva. Os 
pacientes apresentam aparência 
craniofacial típica, anomalias de 
membros, malformações genitais e de 
outros órgãos. A característica clínica 
mais freqüente (98% dos casos) é a 
sindactilia entre segundo e terceiro 
artelhos. É ocasionada pela deficiência de 
7-dehidrocolesterol redutase e, por esse 
motivo, os pacientes apresentam 
elevação do precursor do colesterol, 7 
dehidrocolesterol (7DHC) e, alguns, 
hipocolesterolemia. Foi a primeira 
síndrome dismórfica de natureza 
metabólica descrita. 
GENÉTICA: A Síndrome de Smith-Lemli-
Opitz é uma desordem recessiva 
autossômica ocasionada devido a 
defeitos congênitos na biossíntese do 
colesterol. Pacientes portadores dessa 
Síndrome geralmente possuem mutações 
no geneDHCR7, o qual codifica a 
proteína 7-dehidrocolesterol redutase, 
última enzima na via da biossíntese do 
colesterol, que converte o 
7dehidrocolesterol (7-DHC) em 
colesterol. 
EPIDEMIOLOGIA: SLOS é mais comum 
na Europa central e do norte com uma 
incidência estimada em cerca de 1/ 
20,000 a 1/ 40,000 nascimentos. A 
doença está presente à nascença, mas 
pode ser detectada mais tarde na infância 
ou na idade adulta nas formas ligeiras. 
Os doentes apresentam-se com atraso no 
crescimento e atraso mental. Os 
problemas de comportamento incluem 
múltiplos traços autistas, 
hiperactividade, comportamento 
autoagressivo e pertubações do sono. As 
anomalias estruturais do cérebro podem 
incluir hipoplasia ou ausência de corpo 
caloso, e holoprosencefalia. A 
microcefalia (80% dos casos), 
estreitamento bitemporal, ptose, uma 
ponte nasal estreita, raiz nasal curta, 
narinas antevertidas (90% dos casos), 
um queixo pequeno, e micrognatia são 
características craniofaciais comuns. 
Ocasionalmente são observadas 
cataratas, estrabismo e nistagmo. Outras 
características clínicas incluem fenda do 
palato ou úvula bífida (1/3 dos doentes), 
fotossensibilidade, rizomelia e 
polidactilia pós-axial das mãos ou dos 
pés, sindactilia dos 2º e 3º dedos dos pés 
(95% dos casos), e polegares de 
implantação proximal e curtos. Nos 
indivíduos do sexo masculino são 
frequentes anomalias genitais (pénis 
pequeno, hipospádias, genitais 
ambíguos) (70% dos casos). Podem estar 
presentes anomalias cardiovasculares 
(defeitos dos septos inter-auricular e 
inter-ventricular, canal arterial patente, 
canal auriculoventricular). São 
frequentes anomalias gastrointestinais 
incluindo dificuldades de alimentação, 
refluxo gastroesofágico, estenose 
pilórica, má-rotação, e aganglionose do 
cólon. 
ETIOLOGIA: A SLOS é por devida a um 
defeito da síntese do colesterol e é 
causada por mutações no gene DHCR7 
(11q13.4) levando à deficiência da 
enzima 3 beta-hidroxisterol-delta 7-
reductase que converte o 7-
dehidrocolesterol (7DHC) em colesterol. 
A transmissão é autossómica recessiva. 
MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO: O 
diagnóstico é baseado na detecção de 
níveis elevados de 7DHC no plasma ou 
nos tecidos. A análise de mutações 
confirma o diagnóstico. Os estudos 
imagiológicos (TC, RMN, 
ecocardiograma) podem ser realizados 
para detectar malformações. 
TRATAMENTO: A orientação é 
sintomática e a maioria dos doentes são 
tratados com suplementos dietéticos de 
colesterol. Estão a decorrer ensaios 
terapêuticos que investigam o 
tratamento combinado com 
suplementação de colesterol e o inibidor 
da HMG CoA redutase (simvastatin). A 
cirurgia é proposta em caso de 
problemas secundários devido a 
malformações. 
 
 
SINDROME DE PRADER-WILLI 
GENÉTICA DA DOENÇA: 
Aproximadamente 70% dos pacientes 
com síndrome de Prader-Willi 
apresentam deleção de origem paterna 
na porção proximal do braço longo do 
cromossomo 15; 25% apresentam 
dissomia uniparental materna do 
cromossomo 15 e 5%, defeitos no centro 
de imprinting. O risco de recorrência 
desta doença é calculado após a análise 
do cariótipo do portador da síndrome e a 
realização de estudos moleculares no 
paciente e em seus genitores. 
QUADRO CLÍNICO: A síndrome de 
Prader-Willi (PWS) caracteriza-se por 
fases distintas. O recém-nascido 
apresenta hipotonia, dificuldade de 
sucção e hipogonadismo. Os bebês, além 
da hipotonia, apresentam atraso de 
desenvolvimento global. 
Aproximadamente a partir dos 6 anos de 
idade, manifesta-se a hiperfagia, que, se 
não controlada, pode levar à obesidade 
mórbida. O adolescente apresenta 
obesidade, baixa estatura, 
hipogonadismo, mãos e pés pequenos, 
problemas de aprendizado e de 
comportamento. O controle rigoroso da 
dieta deve ser feito para que problemas 
como diabetes e hipertensão sejam 
evitados. 
TRATAMENTO: Não há cura para a 
síndrome de prader-willi, mas muitos 
pacientes são beneficiados com uma 
dieta supervisionada. Alguns sintomas 
podem ser tratados com terapia 
hormonal. 
TESTE GENÉTICO: O teste que confirma 
o diagnóstico analisa o padrão de 
metilação da região das síndromes de 
Prader-Willi/Angelman. Para a 
determinação do mecanismo genético e 
atribuição de risco de recorrência da 
síndrome é realizado o estudo de 
microssatélites situados dentro e fora do 
segmento cromossômico 15q11-q13 e, 
para isso, é necessário o DNA do paciente 
e de seus genitores. 
 
 
HEMOFILIA A 
GENÉTICA: A hemofilia A é caracterizada 
pela deficiência ou anormalidade do fator 
VIII da coagulação. É uma doença 
hereditária, ligada ao cromossoma X. Sua 
incidência é de 1 caso para 10.000 
nascimentos de crianças do sexo 
masculino. Das hemofilias é o tipo mais 
comum representando 70% a 85% dos 
casos. Um aspecto importante é que 30% 
dos casos ocorrem por mutação nova, sem 
história na família de alguma pessoa 
acometida. 
SINAIS E SINTOMAS: Os sinais e sintomas 
estarão relacionados de acordo com o grau 
de deficiência do fator VIII produzido. A 
manifestação clínica característica na 
hemofilia é o sangramento, com 
intensidade e localização extremamente 
variáveis, sendo as mais frequentes: 
Hemartroses: hemorragias intrarticulares 
(joelhos, cotovelos, tornozelos, etc). 
Hematomas musculares (após traumas, 
injeções intramusculares, região cervical, 
etc) Hemorragias: cavidade oral, sistema 
nervoso central, epistaxe. Hemorragias 
após procedimentos cirúrgicos. 
TRATAMENTO: O tratamento consiste na 
reposição do fator VIII da coagulação, por 
meio dos concentrados de fator plasmático 
ou recombinante, uso de medicamentos 
adjuvantes e na profilaxia dos 
sangramentos. 
DIAGNÓSTICO: O diagnóstico é realizado 
com base na história clínica e na avaliação 
laboratorial com a diminuição da atividade 
do fator VIII no sangue. 
 
 
ATAXIA DE FRIEDREICH 
RESUMO: A ataxia de Friedreich é uma 
patologia com um modo de 
hereditariedade autossómico recessivo. 
O início dos sintomas ocorre 
habitualmente na infância ou 
adolescência, podendo também 
acontecer na idade adulta. Em França, a 
prevalência está estimada em 1 em 
50.000, afectando igualmente ambos os 
sexos. A ataxia de Friedreich é 
caracterizada por dificuldades de 
coordenação dos movimentos, associada 
a outros sinais neurológicos (disartria, 
perda de reflexos, diminuição da 
sensibilidade profunda, pés cavus e 
escoliose), miocardiopatia e, por vezes, 
diabetes mellitus. A ataxia é progressiva, 
surgindo incapacidade da marcha 
autónoma 10 a 20 anos após o início dos 
sintomas. O gene causal foi identificado 
em 1996 e codifica para a frataxina. O 
diagnóstico genético é possível. A doença 
é devida a deficiência de frataxina, que 
afecta a função mitocondrial e o 
metabolismo energético da célula. 
Actualmente, estão a ser avaliadas novas 
terapias para restaurar as funções 
mitocondriais. As complicações 
neurológicas, cardiológicas, bem como a 
diabetes mellitus devem ser 
cuidadosamente abordadas. A 
reabilitação funcional é fundamental no 
seguimento da doença. 
GENÉTICA DA DOENÇA: A ataxia de 
Friedreich é causada por mutações em 
ambas as cópias do gene FXN, que 
codifica uma proteína denominada 
frataxina. A mutação presente em 
aproximadamente 98% dos casos é uma 
expansão da repetição de trinucleotídeos 
(GAA)n. Em se tratando de uma doença 
de herança autossômica recessiva, o risco 
de recorrência da ataxia de Friedreich é 
de 25% para cada gravidez de um casal 
com um filho afetado. 
QUADRO CLÍNICO: Na ataxia de 
Friedreich, a perda de coordenação 
motora tem início, em geral, antes dos 25 
anos de idade e está associada à 
diminuição ou à ausência de reflexos nos 
membros inferiores, dificuldade em 
localizar pés e mãos no espaço (senso de 
posição prejudicado), curvatura da 
espinha dorsal (cifoscoliose), cavidade 
alta nos pés (pes cavus) e 
cardiomiopatia. 
TRATAMENTO: Ataxia de Friedreich não 
tem cura. Trata-se de uma doença 
progressiva e debilitante que provoca 
alterações irreversíveis no sistema 
nervoso.O objetivo do tratamento é 
combater os sintomas, prevenir 
complicações cardíacas e respiratórias, 
tratar o diabetes e prevenir 
deformidades ortopédicas. 
TESTE GENÉTICO: A expansão (GAA)n 
no gene FXN pode ser detectada pela 
análise do DNA utilizando-se a técnica de 
PCR. 
 
 
DOENÇA DE BEST – Distrofia macular viteliforme 
INCIDÊNCIA: 1-9 / 100 000* 
HEREDITARIEDADE: Autossômica 
dominante. Uma pessoa afetada pela 
doença de Best tem um gene dessa 
doença e outro gene normal. Se tiver um 
filho com uma pessoa não afetada pode 
ter 50% de chance de passar a doença 
para a criança. 
GENE: VMD2 
LOCALIZAÇÃO CROMOSSÔMICA : 
11q12.3 
IDADE DE INÍCIO: Infância ou 
adolescência 
PRINCIPAL CARACTERÍSTICA: 
Acumulação sub-retiniana de material 
amarelado na área macular. 
QUADRO CLÍNICO: A lesão viteliforme 
típica apresenta um cisto macular com 
aspecto tipo “clara de ovo'' medindo 0.5-
3.0 diâmetros de disco de tamanho, 
frequentemente com uma apresentação 
assimétrica. No entanto, os achados 
maculares vão desde um pequeno ponto 
amarelo, lesões viteliformes ou atróficas 
múltiplas até uma cicatriz 
coriorretininana. Os doentes podem 
queixar-se de visão enevoada, baixa 
acuidade visual ou metamorfopsia. A 
doença tem uma progressão lenta, 
resultando eventualmente na atrofia do 
epitélio pigmentar retiniano (EPR) e 
fotorreceptores, afectando gravemente 
a visão central. 
Por vezes, o cisto se rompe e espalha o 
líquido e os depósitos amarelos na 
mácula. Quando ocorre a ruptura do 
cisto, a mácula e o epitélio pigmentar da 
retina sofrem um processo de atrofia, 
que leva à perda da visão central. 
Diversamente de outras doenças 
degenerativas da retina, a doença de Best 
nem sempre afeta os dois olhos 
simultaneamente. 
Geralmente, a orientação é normal e na 
maioria dos casos a utilização de 
aparelhos de ampliação permite a leitura. 
A acuidade visual não pode ser prevista a 
partir da aparência da mácula. 
DIAGNÓSTICO: Na forma típica da 
doença de Best, o electro-oculograma 
(EOG) é geralmente anormal, mesmo em 
doentes assintomáticos. A utilização de 
angiografia fluoresceínica, 
autofluorescência do EPR, tomografia de 
coerência óptica, electrorretinograma 
(ERG) multi-focal e de campo total pode 
fornecer informações adicionais para o 
diagnóstico correto. 
TRATAMENTO: Não tem. 
 
 
ANEMIA DE FANCONI – Pancitopenia de Fanconi
EPIDEMIOLOGIA: Tem frequência 
estimada de mais de 1/200 e uma 
prevalência à nascença de pelo menos 
1/160000. Em certas populações, a 
frequência de portadores é muito 
superior, devido a mutações fundadoras. 
Foram descritos mais de 2,000 casos. 
HEREDITARIEDADE: Autossômica 
recessiva ou Ligada ao X recessiva 
ETIOLOGIA: Causada por mutações em 
genes envolvidos na reparação do DNA e 
na estabilidade genômica. Foram 
identificados 15 genes que representam 
15 grupos de complementação. 
IDADE DE INÍCIO: Infância 
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: 
Pancitopenia progressiva com falência da 
medula óssea, malformações congénitas 
variáveis e predisposição para tumores 
hematológicos ou sólidos. 
QUADRO CLÍNICO: Em 2/3 dos doentes, 
os primeiros sinais são malformações 
congênitas que envolvem o esqueleto, a 
pele, os sistemas uro-genital, cardio-
pulmonar, gastrointestinal e nervoso 
central. As anomalias dos membros são 
uni ou bilaterais, sendo no último caso 
frequentemente assimétricas. Anomalias 
minor podem estar presentes, como 
baixa estatura e peso, microcefalia e 
microftalmia. Anomalias da pigmentação 
da pele e hipoplasia da eminência tenar 
são frequentes. Quase 20% dos doentes 
têm malformações do ouvido com ou sem 
surdez. As malformações congénitas 
podem variar dentro de uma família. 
Quando essas malformações não são 
proeminentes, o diagnóstico pode ser 
adiado até ao início da falência da 
medula óssea (BMF), que ocorre em 
média aos 7 anos. As anomalias 
hematológicas podem ocorrer numa 
idade mais jovem e, mais raramente, em 
adultos, com 90% dos doentes 
desenvolvendo BMF até aos 40 anos. Os 
doentes podem desenvolver leucemia 
mielóide aguda, muitas vezes precedida 
de síndrome mielodisplásico. Existe 
predisposição a tumores sólidos da 
cabeça e pescoço ou regiões ano-genitais. 
A baixa estatura é frequentemente 
secundária a deficiências hormonais. A 
fertilidade está quase totalmente 
comprometida nos homens, e está muito 
alterada em metade das mulheres. A 
gravidez é muitas vezes complicada. 
DIAGNÓSTICO: Avaliação de quebras 
cromossómicas induzidas por 
diepoxibutano (DEB) ou mitomicina C 
(MMC). 
TRATAMENTO: O tratamento de suporte 
inclui transfusões de concentrado de 
eritrócitos (RBC) ou plaquetas 
desleucocitadas. O único tratamento 
curativo para as manifestações 
hematológicas é o transplante de células 
hematopoiéticas (TCTH). No entanto, 
esta abordagem aumenta o risco de 
tumores sólidos, que devem ser 
monitorizados. O tratamento sintomático 
inclui administração oral de androgénios, 
o que melhora a contagem de células 
sanguíneas em alguns doentes, em 
particular de RBC. A administração de 
fator de crescimento hematopoiético 
pode ser considerada depois de 
aspiração da medula óssea e biópsia, que 
deve ser realizada periodicamente 
durante o tratamento. Quando se 
desenvolvem doenças malignas, o 
tratamento é complicado pela maior 
sensibilidade à radiação e à 
quimioterapia. 
 
 
 
 
SINDROME DE WOLF-HIRSCHHORN 
(WHS) – Deleção/ Monossomia 4p 
EPIDEMIOLOGIA: Prevalência estimada 
de 1/50000 nascimentos. 
HEREDITARIEDADE: Não aplicável ou 
Desconhecido. 
IDADE DE INÍCIO: Neonatal, Pré-natal. 
ETIOLOGIA: Deleção no braço curto do 
cromossoma 4 (região 4p16.3), 
incluindo pelo menos parte dos genes 
LETM1 e WHSC1. Deleções superiores a 
3 Mb parecem estar associadas a um 
maior risco de defeitos cardíacos e fenda 
palatina. 
PRINCIPAIS APRESENTAÇÕES: 
Características craniofaciais típicas, 
deficiência de crescimento pré e pós-
natal, atraso mental, atraso do 
desenvolvimento psicomotor grave, 
convulsões e hipotonia. 
 Mais frequente em mulheres 
que em homens (2:1). 
QUADRO CLÍNICO: É observado atraso 
do crescimento intra-uterino e ganho 
lento de peso pós-natal. Os doentes têm 
face distinta caracterizada pela aparência 
do "capacete do guerreiro grego" (ponte 
nasal larga em continuidade para a 
fronte), mais vísivel antes da puberdade, 
microcefalia, fronte alta com glabela 
proeminente, hipertelorismo, epicanto, 
sobrancelhas arqueadas, filtro curto, 
cantos da boca voltados para baixo, 
micrognatia, orelhas mal formadas com 
fossetas/apêndices e em alguns casos, 
fenda do lábio/palato. Anomalias 
esqueléticas incluem cifose ou escoliose 
com corpos vertebrais malformados, 
costelas acessórias ou fundidas, pés 
botos e ectrodactilia. Os doentes sofrem 
de hipotonia com subdesenvolvimento 
muscular, podendo levar a dificuldades 
de alimentação e atraso no crescimento. 
O atraso é grave: a maioria dos doentes 
não consegue controlar os esfíncteres, 
auto-alimentação ou vestir-se, e menos 
de 50% consegue caminhar, com ou sem 
apoio, entre os 2 e 12 anos. O déficit 
intelectual é moderado a grave. O 
discurso é limitado a sons guturais ou 
dissílabos, exceto em poucos doentes 
que conseguem formular frases simples. 
Vários tipos de convulsões são vistos em 
até 95%, o início é entre o período 
neonatal e os 36 meses e o fator 
desencadeante é muitas vezes febre. O 
estado de mal epiléptico ocorre em 50% 
dos doentes. Mais de 30% das crianças 
desenvolvem ausências atípicas entre 
os 1 a 6 anos. Em cerca de 50%, as 
convulsões cessam na infância. A maioria 
dos doentes mostra defeitos estruturais 
do sistema nervoso central, incluindo 
corpo caloso fino. As cardiopatias 
congênitas, defeitos do septo auricular, 
são vistos em 50% dos casos. Anomalias 
oftalmológicas, dentárias e auditivas 
são observadas. Os doentes podem ter 
infeções recorrentes das vias 
respiratórias e otite média, devido à 
deficiência de anticorpos, subclasse 
IgG1/IgG2. Malformações do tratourinário foram descritas e 1/2 dos 
doentes homens têm hipospádias e 
criptorquidia. 
DIAGNÓSTICO: Baseado no exame físico 
e confirmado pela genética molecular ou 
citogenética, sendo a hibridização por 
fluorescência in situ (FISH) e análise de 
microarray cromossômico do genoma 
(CMA) os testes de escolha. O estudo 
eletroencefalográfico (EEG) mostra 
achados típicos em 90% dos doentes. 
TRATAMENTO: Sintomático. 
PROGNÓSTICO: Os doentes geralmente 
sobrevivem até a idade adulta. 
 
 
 
SINDROME DE ANGELMAN 
EPIDEMIOLOGIA: 1/10000 a 1/20000 
em todo o mundo. 
HEREDITARIEDADE: Não aplicável ou 
desconhecido. 
IDADE DE INÍCIO: Infância 
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: Atraso 
mental grave e características 
dismórficas faciais distintas. 
QUADRO CLÍNICO: Os doentes parecem 
normais à nascença. Nos primeiros seis 
meses do período pós-natal podem 
ocorrer dificuldades de alimentação e 
hipotonia, seguidos de atraso no 
desenvolvimento entre os 6 meses e 2 
anos de idade. Geralmente a partir de 1 
ano de idade, as características típicas do 
AS desenvolvem-se: atraso mental grave, 
ausência de linguagem, episódios de 
riso com agitação das mãos, 
microcefalia, macrostomia, hipoplasia 
maxilar, prognatismo e problemas 
neurológicos com marcha rígida, ataxia 
e crises epilépticas com anomalias 
específicas do eletroencefalograma (EEG) 
(atividade delta trifásica mais acentuada 
sobre as regiões frontais). Outros sinais 
descritos incluem um comportamento 
feliz, hiperatividade sem agressão, 
desatenção, excitabilidade e 
problemas de sono com diminuição da 
necessidade de dormir, aumento da 
sensibilidade ao calor e atração e 
fascínio pela água. Com o avançar da 
idade, as características típicas da doença 
tornam-se menos acentuadas devido à 
face grosseira, escoliose torácica e 
problemas de mobilidade. A escoliose 
torácica está descrita em 40% dos 
doentes com AS 
 
 
(principalmente mulheres). As 
convulsões continuam presentes nos 
doentes adultos, mas os problemas de 
hiperatividade, desatenção e sono 
melhoram. Nos doentes com deleção da 
região 15q11 são comuns 
hipopigmentação da íris e da coróide. 
ETIOLOGIA: Diferentes mecanismos 
genéticos podem causar síndrome de 
Angelman, como a delecção da região 
crítica 15q11.2-q13 (60-75%), dissomia 
uniparental paterna (2-5%), defeito de 
imprinting (2-5%) e mutação no gene 
UBE3A (10%). Num grupo que 
representa 5-26% dos doentes, a 
alteração genética permanece não 
identificada. 
DIAGNÓSTICO: Baseado nos achados 
clínicos e do EEG, e pode ser confirmado 
na maioria dos casos por meio de testes 
citogenéticos e moleculares. 
TRATAMENTO: doentes desenvolvem 
frequentemente convulsões numa idade 
muito jovem, é necessária medicação 
anticonvulsivante. Nos doentes com 
alterações graves do sono podem ser 
administrados sedativos. A função visual 
também deve ser monitorizada. Na idade 
adulta, os doentes tornam-se menos 
activos e têm uma tendência para a 
obesidade. A mobilidade diminui com as 
contraturas articulares levando a 
dificuldades de locomoção e alguns 
doentes tornam-se dependentes de 
cadeira de rodas. 
PROGNÓSTICO: A esperança de vida 
parece ser normal, embora a autonomia 
nunca seja atingida. 
 
HEMOCROMATOSE HEREDITARIA 
EPIDEMIOLOGIA: Mais comum em 
caucasianos, particularmente naqueles 
com ancestrais nórdicos ou celtas, 
afetando um em cada 220-250 
indivíduos. 
 HEMOCROMATOSE CLÁSSICA: 
É associada a mutações no gene 
HFE (C282Y, H63D e S65C) 
resultando em substituições de 
aminoácidos na proteína HFE. Na 
maioria das vezes, a sobrecarga 
de ferro é observada quando 
essas mutações ocorrem em 
associação com outros fatores. 
 
QUADRO CLÍNICO: O acúmulo de 
ferro torna-se clinicamente 
evidente durante a quarta ou 
quinta década de vida e pode se 
manifestar em fases avançadas 
por insuficiência dos órgãos 
afetados, particularmente fígado 
(cirrose e complicações), 
pâncreas (diabetes), coração 
(insuficiência cardíaca 
congestiva e arritmias), 
pigmentação da pele e 
hipogonadismo (disfunção do 
eixo hipotálamo-hipófise-
gônada). Em fases mais precoces, 
as manifestações mais comuns 
incluem fadiga, indisposição, 
perda da libido e dores 
musculares e articulares com 
manifestações afetando 
tipicamente articulações 
metacarpofalangeanas, podendo 
apresentar também 
hepatomegalia. Como o 
diagnóstico precoce é feito com 
maior frequência, os indivíduos 
podem ser identificados em fases 
pouco sintomáticas ou, mesmo, 
assintomáticas. 
 
DIAGNÓSTICO: Por meio de 
testes que mostram sobrecarga 
de ferro no organismo ou exames 
bioquímicos que revelam lesão 
hepática (elevação das enzimas 
hepáticas) ou ainda por testes 
genéticos. A saturação da 
transferrina (≥ 45%) é o teste 
mais sensível para se avaliar 
sobrecarga de ferro. Valores 
elevados de ferritina são 
importantes; entretanto, deve ser 
enfatizada sua baixa 
especificidade, podendo se elevar 
em situações de inflamação 
aguda ou crônica. 
 
 HEMOCROMATOSE NÃO 
ASSOCIADA AO HFE 
 
 HEMOCROMATOSE 
HEREDITÁRIA POR MUTAÇÃO 
NO RECEPTOR 2 DA 
TRANSFERRINA – TFR2 
EPIDEMIOLOGIA: Ocorre em 
caucasianos e não caucasianos, 
ambos os sexos. 
 
HEREDITARIEDADE: 
Autossômica recessiva 
 
QUADRO CLÍNICO: Semelhantes 
àquele da hemocromatose 
clássica com cardiomiopatia, 
endocrinopatia e doença 
hepática, mas geralmente se 
apresenta em idades mais 
jovens e com fenótipo mais 
grave. 
 
 
 
 HEMOCROMATOSE JUVENIL 
EPIDEMIOLOGIA: afeta 
igualmente homens e mulheres, 
caucasianos e não caucasianos. 
 
HEREDITARIEDADE: 
Autossômica recessiva 
 
GENE: Foram descritas mutações 
em dois diferentes genes, da 
hemojuvelina (gene HJV) e da 
hepcidina (gene HAMP), sendo 
a mutação da hemojuvelina mais 
comum. 
 
QUADRO CLÍNICO: rápido 
acúmulo de ferro no organismo, 
de início precoce, com 
manifestações de sobrecarga de 
ferro entre a segunda e terceira 
décadas de vida (15-20 anos de 
idade) e comprometimento 
funcional dos órgãos afetados 
antes dos 30 anos de idade. As 
manifestações incluem 
hipogonadismo 
hipogonadotrófico, doença 
cardíaca, cirrose, diabetes, 
artropatia e pigmentação de 
pele. As manifestações cardíacas 
com insuficiência cardíaca e 
arritmias são precoces e são 
importantes causas de morte. 
 
 MUTAÇÕES NO GENE DA 
FERROPORTINA I 
EPIDEMIOLOGIA: Afeta ambos os 
sexos, caucasianos e não 
caucasianos. Pode se manifestar 
em diferentes faixas etárias (10-
80 anos de idade). 
 
GENE: SLC40A1, que codifica 
uma proteína implicada na 
exportação do ferro. 
ETIOLOGIA: Ocorre 
comprometimento da capacidade 
da célula em exportar o ferro, o 
qual se acumula principalmente 
em macrófagos, com acúmulo na 
forma de ferritina e diminuição 
da disponibilidade do ferro para 
circular ligado à transferrina; 
portanto, caracteriza-se por baixa 
saturação de transferrina. A 
diminuição da disponibilidade do 
ferro pode ser responsável por 
anemia leve. Observa-se 
acúmulo de ferro nos órgãos em 
macrófagos e absorção intestinal 
aumentada do ferro pela anemia. 
 
DIAGNÓSTICO: A biópsia 
hepática permite identificar o 
padrão peculiar de distribuição 
dos depósitos de ferro. O quadro 
laboratorial , na forma clássica, é 
caracterizado por elevação dos 
níveis de ferritina séricos; 
entretanto, a saturação de 
transferrina é baixa. 
 
 SOBRECARGA DE FERRO 
AFRICANA 
Considerada como anormalidade 
genética não relacionada ao gene 
HFE e ocorre na África sub Saara. 
TRATAMENTO: Deve ser instituído o 
mais precocemente possível, pois, em 
fases em que não há ainda lesões 
irreversíveis de órgãos, a expectativa de 
vida é normal. A frequência das sangrias 
vai depender da gravidade do caso e da 
tolerância do paciente ao procedimento. 
Quelantes de ferro, como 
desferroxamina, podem ser usados nos 
pacientes que não toleram as sangrias 
como nos que têm anemia, disfunção 
cardíaca grave ou cirrose em fases 
avançadas. Pacientes com HH têm risco 
aumentado de desenvolver carcinoma 
hepatocelular e, portanto, deveriam ser 
submetidosa rastreamento periódico 
para detecção precoce do tumor. 
 
 
 
SINDROME DE MARFAN 
EPIDEMIOLOGIA: Incidência de cerca de 
10000. Aproximadamente 25% a 35% 
dos pacientes possuem mutações de 
novo. As mutações que levam à síndrome 
de Marfan estão espalhadas ao longo do 
gene, e cada uma é normalmente única 
em uma família. 
HEREDITARIEDADE: Autossômico 
dominante 
GENE: Fibrina 1 (FBN1) 
IDADE DE INÍCIO: Início da infância. 
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: 
Estatura desproporcionalmente alta; 
anomalias esqueléticas; Ectopias lentis; 
prolapso da valva mitral; dilatação e 
ruptura da aorta; pneumotórax 
espontâneo; ectasia lombossacra dural. 
QUADRO CLÍNICO: Fatores ambientais e 
epigenéticos tenham um papel 
significativo na determinação do 
fenótipo. Essa síndrome é um distúrbio 
multissistêmico, com anomalias 
esqueléticas (aracnodactilia, 
deformidades no peito, escoliose, 
flacidez das articulações e palato 
estreito), oculares (córneas planas, 
largura do globo aumentada e íris 
hipoplásica), cardiovasculares, 
pulmonares, de pele (estria atróficas e 
hérnia recorrente), e durais. A maioria 
dos sintomas se desenvolve e piora com 
o crescimento. Deslocamento da retina, 
glaucoma e cataratas se mostram com 
frequência nessa síndrome. A 
subluxação das lentes (superior e 
lateral) está frequentemente presente no 
início da infância e progride na 
adolescência. Complicações 
cardiovasculares se manifestam em 
qualquer idade e progridem. 
 
 
ETIOLOGIA: O FBN1 codifica a fibrilina 
1, uma glicoproteína de matriz 
extracelular de ampla distribuição. A 
fibrilina 1 polimeriza-se para formar 
microfibrilas tanto no tecido elástico 
quanto não-elástico, como a adventícia 
da aorta, zônulas ciliares e pele. A 
produção de fibrilina 1 mutante inibe a 
formação de microfibrilas normais pela 
fibrilina 1 normal, ou estimula proteólise 
inapropriada de microfibrilas 
extracelulares. Metade da quantidade 
normal de fibrilina 1 não é suficiente 
para iniciar uma polimerização eficaz. 
Logo, a haploinsuficiência pode, também, 
colaborar para a patogenia da doença. 
Ainda, pesquisas mostraram que 
microfibrilas de fibrilina 1 normalmente 
se ligam e reduzem a atividade de fatores 
de crescimento da superfamília TGFbeta. 
A perda de fibrilina 1 aumenta a 
sinalização pelo TGFbeta livre, o que 
contrinui significativamente para o 
distúrbio, já que o antagonismo do 
TGFbeta é suficiente para resgatar as 
alterações pulmonares e valvares 
observadas em camundongos deficientes 
em fibrilina 1. 
 
DIAGNÓSTICO: Clínico definido pela 
presença de algumas características. A 
análise mutacional não é inteiramente 
sensível nem específica. 
 
TRATAMENTO: Não há tratamentos 
curativos, apenas sintomático e 
preventivo. 
 
SINDROME DE HUNTER – Mucopolissacaridose 
tipo II/MPS II 
EPIDEMIOLOGIA: Estima-se que a 
incidência esteja entre 0,3 para 100 mil e 
1 para 170 mil nascidos vivos. 
HEREDITARIEDADE: Ligada ao X 
 Afeta principalmente homens 
GENE: IDS 
QUADRO CLÍNICO: Pacientes com MPS II 
têm aparência normal ao nascer. No 
entanto, entre 18 meses e 4 anos para os 
casos mais graves (e por volta do final da 
infância e início da adolescência nos 
casos atenuados) as feições faciais se 
tornam progressivamente grosseiras 
devido ao acúmulo de GAGs nos tecidos 
moles do crânio. A criança então passa a 
apresentar macroglossia, margens 
supraorbitais proeminentes, nariz 
alargado (principalmente a ponte nasal), 
bochechas arredondadas, lábios 
grossos e macrocefalia. Em geral o 
crescimento destas crianças é normal (ou 
até superior à curva) até os cinco anos de 
idade, mas após esta fase inicial ocorre 
uma desaceleração e a maioria dos 
pacientes evolui com baixa estatura. 
O acúmulo de GAGs interfere na maneira 
como determinadas células e órgãos 
funcionam e pode levar a uma série de 
sintomas graves, incluindo a perda de 
audição, função cardíaca reduzida, 
doença obstrutiva das vias aéreas, 
infecções de vias aéreas (otites, 
amigdalites, pneumonias), baixa 
estatura, mão em garra, hérnias 
umbilical e inguinal, aumento do 
fígado e do baço e diminuição da 
amplitude de movimento e 
mobilidade. As manifestações físicas 
podem incluir características faciais 
desproporcionais, cabeça grande e 
aumento do abdômen. Em muitos 
casos, o sistema nervoso central 
também pode ser afetado. A Síndrome 
de Hunter não se manifesta da mesma 
forma em todas as pessoas; a taxa de 
progressão dos sintomas varia 
amplamente, mas em todos os casos, é 
uma doença grave, limitadora, e 
progressiva. 
ETIOLOGIA: É uma doença genética 
multissistêmica rara, que faz parte do 
grupo de doenças de depósito lisossomal 
e é caracterizada pelo acúmulo de 
glicosaminoglicanos (GAG) nos tecidos. 
Uma alteração no gene IDS que codifica a 
produção da enzima iduronato-2- -
sulfatase (I2S) faz com que os níveis e a 
atividade desta fiquem insuficientes para 
hidrolisar os glicosaminoglicanos 
(GAGs).4 Os GAGs ou 
mucopolissacarídeos, são açúcares de 
cadeias longas presentes nos tecidos 
conectivos e em vários outros tecidos. 
Estas células se tornam ingurgitadas, 
levando à destruição dos tecidos e 
disfunção orgânica sistêmica. 
DIAGNÓSTICO: Não pode ser feito 
apenas baseado em achados clínicos. A 
dosagem quantitativa e qualitativa de 
GAGs na urina e as radiografias de 
esqueleto com disostose múltipla podem 
sugerir a presença de uma doença do 
grupo das mucopolissacaridoses, mas 
não são exames específicos para a MPS II. 
Em geral os pacientes apresentam altas 
concentrações de dermatan sulfato e 
heparan sulfato na urina. O teste 
considerado padrão ouro é a avaliação 
dos níveis de atividade da enzima I2S em 
fibroblastos ou no plasma. A atividade 
reduzida ou ausente de I2S na presença 
de atividade normal de qualquer outra 
sulfatase confirma o diagnóstico da MPS 
II. 
TRATAMENTO: Sintomático. Quanto a 
outros tratamentos, existe a Terapia de 
Repozição Enzimática (TRE) e existem 
relatos de casos isolados e pequenas 
séries sobre o uso do transplante de 
medula óssea (TMO) para o tratamento 
da MPS II (este é o tratamento de escolha 
para a Síndrome de Hurler grave ou MPS 
tipo I). 
 
SINDROME DE COKAYNE 
DEFINIÇÃO DA DOENÇA: O síndrome de 
Cockayne (CS) é uma doença 
multissistémica caracterizada por baixa 
estatura, uma aparência facial 
característica, envelhecimento 
prematuro, fotossensibilidade, disfunção 
neurológica progressiva, e défice 
intelectual. 
HEREDITARIEDADE: Autossómica 
recessiva 
EPIDEMIOLOGIA: A incidência anual do 
CS é perto de 1/200.000 nos países 
europeus. A gravidade da doença e a 
idade de início são variáveis. 
DESCRIÇÃO CLÍNICA: No CS clássico tipo 
I, os primeiros sintomas aparecem 
normalmente durante o primeiro ano de 
vida. Foram descritos casos com início 
precoce e sintomas mais graves (tipo II) 
e casos com início tardio com sintomas 
mais ligeiros (tipo III). Os sinais comuns 
da doença incluem atraso de crescimento 
progressivo, défice intelectual, ataxia 
cerebelar, espasticidade, neuropatia 
desmielinizante periférica, retinopatia 
pigmentar, surdez neurossensorial e 
anomalias odontológicas (presença de 
cáries). A aparência facial típica inclui 
microcefalia, orelhas grandes, nariz 
estreito, e enoftalmia. Em alguns doentes 
foram observadas cataratas e 
fotossensibilidade cutânea. Está presente 
lipoatrofia subcutânea e pode levar a 
sinais de envelhecimento prematuro da 
pele. O síndrome de COFS (ver este 
termo) é a forma pré-natal extrema do 
espectro clínico do CS caracterizado por 
microftalmia e artrogripose congénitas. 
Etiologia: O CS pertence à família das 
doenças relacionadas deficiência na 
reparação por excisão nucleotídica do 
DNA (NER) juntamente com xerodermia 
pigmentosa e tricotiodistrofia (ver estes 
termos). As células CS mostram uma 
deficiência específica na reparação de 
DNA acoplado com a transcrição (TCR), 
uma sub-via de NER envolvida na 
remoção de lesões no DNA induzidas por 
radiação UV nos genes activamente 
transcritos.Deficiências adicionais na 
transcrição basal ou na reparação 
oxidativa foram implicadas como causa 
dos sintomas não cutâneos do CS. Foram 
descritas mutações em dois genes 
principais, ERCC6 (CSB; 10q11) e ERCC8 
(CSA; 5q12.1). Até ao momento, não foi 
encontrada correlação entre os três tipos 
do CS e os genes envolvidos. A 
transmissão é autossómica recessiva. As 
proteínas que estes genes codificam para 
são componentes essenciais da 
maquinaria do reparo para o ADN que é 
danificado durante o processo de 
transcrever a informação genética do 
ADN em uma outra molécula chamada 
RNA. O ADN pode ser danificado pela luz 
solar, pelos produtos químicos, pela 
oxidação e pelos outros agentes, e este 
exige o reparo imediato. As mutações 
conduzem a uma falha a dano 
transcrição-ligado ultravioleta-induzido 
reparo do ADN, conduzindo a dano 
cumulativo à pilha e a sua morte. Esta é 
uma razão importante para as 
características da falha do crescimento, 
da sensibilidade da luz solar, e da 
aparência prematuramente envelhecida. 
Métodos de diagnóstico: O diagnóstico é 
baseado na deteção da deficiência 
especifica de TCR que pode ser 
identificada através de um teste 
radioactivo em fibroblastos cultivados 
que mede a recuperação da síntese de 
RNA após a radiação UV. Este teste de 
reparação de ADN é uma ferramenta 
decisiva para o diagnóstico do CS. Os 
exames imagiológicos ao cérebro 
revelam hipomielinização da substância 
branca cerebral, calcificação no putamen, 
e atrofia vermiana. Existe um teste de 
diagnóstico celular para a Síndrome de 
Cockayne, que identifica uma falha na 
síntese de RNA após a irradiação UV 
(radiações ultravioleta), que parece ser 
uniforme nos pacientes. 
Controle da doença e tratamento: A 
orientação clínica é puramente de 
suporte e inclui fisioterapia, proteção 
solar, aparelhos auditivos e alimentação 
por sonda ou gastrostomia. 
PROGNÓSTICO: No CS tipo I, a morte 
ocorre antes do fim da segunda década 
de vida como resultado de degeneração 
neurológica progressiva. Os doentes com 
o tipo II apresentam um prognóstico 
mais grave, enquanto os doentes com o 
tipo III sobrevivem até à idade adulta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SINDROME DE BLOOM 
Síndrome de Bloom é uma doença 
autossômica recessiva caracterizada 
por eritema telangiectásico em face, 
fotossensibilidade e retardo de 
crescimento pré e pós-natal. A mutação 
do gene BLM(Localização:15q26.1), 
responsável por fornecer instruções para 
a construção de uma proteína 
conhecida como helicase RecQ. Esta, 
por sua vez, está envolvida no processo 
de replicação do DNA. Mutações neste 
gene levam a um prejuízo a função na 
manutenção da estabilidade genômica. 
Traz uma instabilidade cromossômica 
importante, responsável pelas 
manifestações da síndrome e pela maior 
susceptibilidade a neoplasias. Há um 
registro mundial de pacientes com um 
total de 255 casos, sendo 16 do Brasil. 
É caracterizado por quebras e rearranjos 
nos cromossomas das pessoas infectadas, 
fotossensibiliidade, crescimento lento, 
imunodeficiência (incapacidade do 
sistema imunitário responder com 
eficácia aos agentes patogénicos) e 
aumento do risco de tumores.O 
diagnóstico é clínico e pode ser 
confirmado por citogenética. Os 
portadores apresentam fenótipo típico 
com telangiectasias em áreas 
fotoexpostas. Até o momento não existe 
um tratamento específico para a 
síndrome de Bloom. Realiza-se somente 
o tratamento sintomático, visando 
minimizar os sintomas, por meio da 
administração do hormônio do 
crescimento e adoção de uma dieta 
adequada. Nos casos de câncer, o 
tratamento deve ser feito com prudência, 
uma vez que muitos dos pacientes são 
hipersensíveis à radioterapia e 
quimioterapia. 
A síndrome de Bloom afeta o ser humano 
em várias formas. Os indivíduos têm 
graves problemas de crescimento. A 
média de altura é cerca de 151 cm. 
Manifestam lábios inflamados, podendo 
haver sangramento. Os olhos e os vasos 
sanguíneos podem estar inflamados. Têm 
uma voz bastante aguda. A falta da 
gordura subcutânea contribui para um 
rosto comprido e estreito e nariz e 
orelhas grandes. Apresentam 
membros longos em comparação a 
pessoas normais. 
 Também apresentam um retardo metal 
moderado, com dificuldades na 
aprendizagem. Quer mulheres, quer 
homens são inférteis. Foi observado a 
deficiência de imunoglobulinas (IgA, IgG 
e IgM). A IgA encontra-se essencialmente 
nas lágrimas, na saliva, na secreção nasal, 
no suor, no suco intestinal e no muco que 
reveste as mucosas, impedindo a 
penetração de germes patogénicos. A IgG 
é o mais abundante no soro humano e 
tem um papel vital na protecção do 
recem-nascido contra infecções. A IgM 
tem uma função aglutinante e citolítica. 
Esta deficiência de imunoglobulinas 
aumenta o risco de cancro, pneumonias, 
leucemias e linfomas. 
As manifestações desta síndrome 
incluem baixa estatura e erupções 
cutâneas que se desenvolvem em 
áreas de pele que ficam expostas ao 
sol em indivíduos jovens, 
especialmente face. Estas erupções são 
eritematosas, infiltradas e escamosas. 
Estas pacientes também apresentam 
nariz saliente, problemas 
respiratórios, voz aguda, maior risco 
de desenvolver câncer e diabetes, 
problemas de crescimento e atraso 
mental. Homens com a síndrome de 
Bloom frequentemente não produzem 
esperma, fato que leva à infertilidade. Já 
as mulheres podem apresentar 
redução da fertilidade e menopausa 
antes do período habitual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OSTEOGENESE IMPERFEITA 
A Osteogénese Imperfeita (OI) é um 
grupo de doenças hereditárias 
responsáveis por graus variados de 
fragilidade óssea. Um traumatismo minor 
é suficiente para causar fraturas e 
deformações ósseas. Geralmente é 
utilizada uma classificação em 5 tipos. 
TIPO I: forma moderada com 
transmissão autossómica dominante, 
caracterizada por escleróticas azuladas 
ou dentinogénese imperfeita por vezes 
com surdez de início tardio, mas sem 
atraso de crescimento. 
TIPO II: forma letal com transmissão 
autossómica dominante. 
TIPO III: forma grave com transmissão 
autossómica dominante ou recessiva 
caracterizada por escleróticas azuladas e 
dentinogénese imperfeita. 
TIPO IV: forma intermédia com 
transmissão autossômica dominante, 
caracterizada por escleróticas normais 
com/sem dentinogênese imperfeita. 
TIPO V: forma com formação de calos 
ósseos hipertróficos e calcificação da 
membrana interóssea. O Tipo V não 
parece estar associado aos genes COL1A1 
ou COL1A2. A OI é causada por 
mutações nos genes COL1A1 ou 
COL1A2, que codificam, 
respectivamente, para as subunidades 
alfa1 ou alfa2 do colágeno tipo 1. Estas 
mutações são responsáveis pela 
produção de fibrilas quantitativa ou 
qualitativamente alteradas. A 
incidência/prevalência precisa destas 
doenças não é conhecida atualmente. O 
diagnóstico é frequentemente feito na 
infância; alguns casos, no entanto, 
permanecem por diagnosticar até à idade 
adulta. Um seguimento multidisciplinar 
ao longo de toda a vida é imperativo. A 
terapia com Pamidronato (é um fármaco 
pertencente ao grupo dos bisfosfonados 
de segunda geração, com estrutura 
química básica dos pirofosfatos, único 
inibidor natural da reabsorção óssea) na 
infância é o tratamento mais 
extensamente estudado, tendo-se 
provado benéfico, aumentando a 
densidade óssea. A prevenção das 
deficiências de vitamina D e cálcio são 
essenciais ao longo da vida. Estão 
disponíveis várias técnicas ortopédicas e 
cirúrgicas para reduzir as fracturas e 
corrigir as deformações. A dor é comum e 
deve ser também alvo de seguimento. 
Tratamento ortopédico e fisioterapia são 
parte importante do cuidado destes 
pacientes. Os objetivos do tratamento 
para pacientes com OI são redução do 
número de fraturas, prevenção de 
deformidades de membros e escoliose, 
diminuiçãoda dor crônica e melhora da 
mobilidade e da capacidade funcional(2). 
Por isso, o tratamento deve ser realizado 
principalmente em centros de 
atendimento ortopédico e fisioterápico 
especializados. 
Grande parte dos portadores dessa 
enfermidade costuma apresentar 
inúmeras fraturas, ossos que se 
curvam e outra duas características 
marcantes: a esclera (parte branco do 
olho) azulada e o rosto em formato 
aproximadamente triangular. Alguns 
indivíduos também apresentam dentes 
acinzentados e frágeis, além da 
ocorrência da dentinogênese 
imperfeita, e outros, aproximadamente 
50% apresentam certa deficiência 
auditiva devido a problemas nos ossos 
presentes no ouvido; muitos pacientes 
também apresentam dificuldade para 
andar. Nas formas mais graves, há o 
perigo de sérias complicações de coração 
e de pulmões, em conseqüência das 
deformações da coluna e da caixa 
torácica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEMIA FALCIFORME 
Herança tipo autossômica recessiva. 
Ocorre a substituição da base 
nitrogenada timina (T) por adenina (A), 
ocasionando a substituição do 
aminoácido ácido glutâmico por valina, 
na posição seis da cadeia β. A simples 
substituição pontual de uma base 
nitrogenada, timina por adenina (GAT 
→ GTT), no sexto códon do éxon 1 no 
DNA do cromossomo 11 ocasiona o 
surgimento de uma hemoglobina 
patológica. A troca de bases 
nitrogenadas no DNA, ao invés de 
codificar a produção (transcrição) do 
aminoácido ácido glutâmico, irá, a partir 
daí, determinar a produção do 
aminoácido valina, que entrará na 
posição 6 da sequência de aminoácidos 
que compõem a cadeia β da 
hemoglobina, modificando sua estrutura 
molecular. A anemia falciforme é um tipo 
de anemia hemolítica em que a pessoa 
possui um grupo diferente de 
hemoglobinas, conhecido como 
hemoglobina S. Essa hemoglobina, que 
apresenta valina no lugar do ácido 
glutâmico na cadeia beta, não é tão 
eficiente quanto a hemoglobina A e, 
consequentemente, não consegue 
garantir uma oxigenação satisfatória. A 
anemia falciforme é uma doença genética 
hereditária que se desenvolve apenas em 
homozigose. Em pacientes heterozigotos 
para a doença, observa-se uma forma 
assintomática. 
 Uma característica importante das 
pessoas que possuem essa anemia é o 
formato de suas hemácias, que se 
assemelham a uma meia-lua ou a uma 
foice, daí o nome da doença. Seu formato 
faz com que frequentemente ocorram 
vasoclusões, principalmente em vasos 
de pequeno calibre onde a circulação 
dessas hemácias não ocorre 
adequadamente. Além disso, a célula 
rompe-se mais facilmente. 
 Como principais sintomas da anemia 
falciforme, destacam-se fadiga, palidez, 
icterícia e dores no corpo, que 
atingem principalmente ossos, 
articulações, tórax, abdome e região 
dorsal. Pode haver o acometimento da 
retina, rins, baço, fígado, coração, 
pulmões, além de problemas 
neurológicos (acidente vascular 
encefálico - AVE) e úlceras nos membros 
inferiores. Vale destacar também que 
pacientes com anemia falciforme 
apresentam uma maior susceptibilidade 
a infecções, principalmente as 
respiratórias. A doença pode ser 
diagnosticada precocemente através do 
teste do pezinho. Assim que confirmada, 
é fundamental iniciar o tratamento com 
uma equipe multiprofissional. Caso não 
tenha sido detectada logo após o 
nascimento, o exame de eletroforese de 
hemoglobina é capaz de confirmar ou 
excluir o diagnóstico dessa doença. 
 Por ser uma doença genética, ainda 
não existe cura, porém os portadores 
devem realizar o acompanhamento 
constante. Esse acompanhamento, que 
normalmente inclui transfusões 
sanguíneas, faz com que o paciente evite 
complicações graves, como o acidente 
vascular encefálico (AVE), síndrome 
torácica (falta de ar, febre e dor no 
tórax), crises aplásticas (medula óssea 
para a produção de sangue) e sequestro 
esplênico (armazenamento de sangue no 
fígado). 
São sintomas da anemia falciforme: Dor 
forte provocada pelo bloqueio do fluxo 
sangüíneo e pela falta de oxigenação nos 
tecidos; Dores articulares; Fadiga 
intensa; Palidez e icterícia; Atraso no 
crescimento; Feridas nas pernas; 
Tendência a infecções; Cálculos biliares; 
Problemas neurológicos, 
cardiovasculares, pulmonares e renais; 
Priapismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIBROSE CISTICA 
A fibrose cística é uma desordem 
genética causada pela deficiência 
orgânica de uma proteína que transporte 
o sódio e o cloreto através das 
membranas de pilha. Esta proteína é 
chamada o regulador da condutibilidade 
da transmembrana da fibrose cística 
(CFTR). A mutação do gene de CFTR 
causa uma proteína que deixe demasiado 
sal e não bastante água nas pilhas, 
fazendo com que o muco sejam tornados 
grosso e o suor para se tornar salgado. 
Um muco grosso, pegajoso acumula-se 
nos corredor respiratórios e digestivos, 
que causa sintomas da circunstância. Os 
canais no pâncreas e no fígado tornam-se 
obstruídos e os pulmões são afectados 
por infecções periódicas. 
HERANÇA DO GENE ANORMAL DE 
CFTR 
A fibrose cística é herdada em uma forma 
recessivo autosomal, que signifique que 
uma pessoa tem que herdar dois genes 
anormais para que a doença se torne. 
Todos herda dois genes de CFTR, um da 
matriz e um do pai. Quando uma pessoa 
herda uma cópia anormal do gene de 
CFTR, ou são denominado um portador. 
Se essa pessoa tem um bebê com um 
outro portador de um gene defeituoso de 
CFTR, um do seguinte aplicar-se-á: 
• Há a um--quatro na possibilidade 
que a criança não herdará tampouco dos 
genes defeituosos e terá dois genes 
saudáveis de CFTR 
• Há um--dois na possibilidade que 
a criança herdará um gene defeituoso, 
fazendo lhes um portador 
• Há um--quatro na possibilidade 
que a criança herdará os genes 
transformados e desenvolverá a fibrose 
cística 
 
DIAGNÓSTICO: O diagnóstico da fibrose 
cística é estabelecido quando um 
paciente com sintomas sugestivos ou um 
teste de triagem neonatal alterado tem 
duas dosagens de cloro no suor alteradas 
(>60mEq/L) ou duas mutações 
identificadas no teste genético. 
• Triagem neonatal (teste do 
pezinho): a triagem neonatal consiste na 
retirada de algumas gotas de sangue do 
calcanhar do bebê, na primeira semana 
de vida. O teste de triagem neonatal não 
é um exame definitivo, ou seja, ele não 
determina se o bebê tem ou não Fibrose 
Cística, mas é capaz de indicar a 
necessidade de exames complementares 
para definir se o paciente tem de fato a 
doença. A realização do teste do pezinho 
é fundamental, pois permite realizar o 
diagnóstico da Fibrose Cística antes do 
aparecimento dos primeiros sintomas da 
doença, melhorando muito o prognóstico 
dos pacientes. Além disso, o diagnóstico 
precoce possibilita o aconselhamento 
genético aos pais e familiares em relação 
a futuras gestações. O teste do pezinho 
também investiga uma série de outras 
doenças potencialmente graves. 
• Teste do suor é realizado apenas 
quando há suspeita da Fibrose Cística, 
através da indução e coleta do suor. O 
teste avalia a concentração de cloro (ou 
cloreto) no suor, que acima de um 
determinado nível indica a existência da 
doença (60 mEq/l ou mais, dependendo 
da técnica utilizada). 
• TESTE GENÉTICO: é uma opção 
para o diagnóstico de pessoas com 
suspeita de fibrose cística que 
apresentam níveis intermediários de 
cloreto no suor (entre 40 e 60 mEq/l) ou 
mesmo níveis normais. Além disso, é útil 
para determinar o prognóstico dos 
pacientes, auxiliar no aconselhamento 
familiar e determinar possibilidades de 
tratamento com novos medicamentos 
que “corrigem” a função da proteína 
CFTR. 
Nos casos em que a mãe do bebê tem 
fibrose cística ou quando há casos na 
família, recomenda-se também a 
investigação diagnóstica, através de 
testes de suor ou testes genéticos. 
Utilizandoo teste genético também é 
possível realizar diagnóstico pré-natal 
em alguns casos, ou seja, antes do 
nascimento do bebê. 
• DIAGNOSTICO PRÉ-NATAL: o 
diagnóstico pré-natal para avaliar se o 
feto possui Fibrose Cística é realizado 
apenas se exames prévios confirmarem 
que tanto o pai quanto a mãe do bebê 
carregam o gene afetado pela doença 
(CFTR). Isso porque, o bebê apenas 
poderá apresentar a Fibrose Cística se 
herdar o gene afetado tanto do pai 
quanto da mãe. O exame pré-natal 
consiste na retirada de uma amostra do 
líquido amniótico do útero para 
determinar o diagnóstico da fibrose 
cística. Este exame é geralmente 
realizado entre a 15ª e a 18ª semana da 
gestação. 
Mesmo quando os pais não sabem que 
carregam o gene afetado pela Fibrose 
Cística, a triagem da doença deve 
idealmente ocorrer logo nos primeiros 
dias de vida, através do teste do pezinho 
(triagem neonatal). Apesar de ser um 
exame obrigatório no Brasil, seu acesso 
ainda não é universal no país. Por isso, 
ainda existem casos em que o diagnóstico 
é feito de forma tardia, após o 
aparecimento dos sintomas da doença. 
Esse atraso no diagnóstico da fibrose 
cística pode comprometer o quadro geral 
de saúde do paciente e seu prognóstico.

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