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AULA 1_INTRODUÇÃO A PATOLOGIA

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INTRODUÇÃO A PATOLOGIA 
 
Profª Ma. Lindaiane Bezerra Rodrigues Dantas 
REFERÊNCIA: 
Brasileiro Filho, Geraldo. Bogliolo: Patologia Geral, 6. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. 
CAPÍTULO 01 
 
Patologia significa, etimologicamente, estudo das doenças (do grego pathos = doença, sofrimento e logos = estudo, 
doutrina). Essa definição, no entanto, é algo incompleta e precisa ser mais bem qualificada. Antes de tudo, é preciso 
considerar que o conceito de Patologia não abrange todos os aspectos das doenças, que são muito numerosos e poderiam 
confundir a Patologia Humana com a Medicina – esta, o ramo do conhecimento e da prática profissional que aborda 
todos os elementos ou componentes das doenças e sua relação com os doentes. Na verdade, a Medicina é a arte e a 
ciência de promover a saúde e de prevenir, curar ou minorar os sofrimentos produzidos pelas doenças. A Patologia é 
apenas uma parte nesse todo muito vasto e complexo. A mesma ressalva vale para a Patologia Odontológica e para a 
Patologia Veterinária em relação a essas profissões. 
Feitas essas considerações, a Patologia pode ser entendida como a ciência que estuda as causas das doenças, os 
mecanismos que as produzem, os locais onde ocorrem e as alterações moleculares, morfológicas e funcionais que 
apresentam. Ao tratar desses aspectos, a Patologia assume grande importância na compreensão global das doenças, pois 
fornece as bases para o entendimento de outros elementos essenciais, como prevenção, manifestações clínicas, 
diagnóstico, tratamento, evolução e prognóstico. 
Saúde e doença 
Os conceitos de Patologia e de Medicina convergem para um elemento comum: a doença. Doença pode ser entendida 
a partir do conceito biológico de adaptação, que é uma propriedade geral dos seres vivos representada pela capacidade 
de ser sensível às variações do meio ambiente (irritabilidade) e de produzir respostas (variações bioquímicas e 
fisiológicas) capazes de adaptá-los. Essa capacidade varia em diferentes espécies animais e em diferentes indivíduos de 
uma mesma espécie, pois depende de mecanismos moleculares vinculados ao patrimônio genético. Pode-se 
definir saúde como um estado de adaptação do organismo ao ambiente físico, psíquico ou social em que vive, de modo 
que o indivíduo se sente bem (saúde subjetiva) e não apresenta sinais ou alterações orgânicas (saúde objetiva). Ao 
contrário, doença é um estado de falta de adaptação ao ambiente físico, psíquico ou social, no qual o indivíduo se sente 
mal (tem sintomas) e/ou apresenta alterações orgânicas evidenciáveis objetivamente (sinais clínicos). Para as ciências 
da saúde humana, é importante considerar que o conceito de saúde envolve o ambiente em que o indivíduo vive, tanto 
no seu aspecto físico como também no psíquico e no social. Por essa razão, os diversos parâmetros orgânicos precisam 
ser avaliados dentro do contexto do indivíduo. Número elevado de hemácias, por exemplo, pode ser sinal de policitemia 
se a pessoa vive ao nível do mar, mas representa apenas um estado de adaptação para o indivíduo que reside em grandes 
altitudes. 
Saúde e normalidade não têm o mesmo significado. A palavra saúde é utilizada em relação ao indivíduo, enquanto 
o termo normalidade (normal) é usado em relação a parâmetros de parte estrutural ou funcional do organismo. O normal 
(ou a normalidade) é estabelecido a partir da média de várias observações de determinado parâmetro, utilizando-se, para 
o seu cálculo, métodos estatísticos. Os valores normais para descrever parâmetros do organismo (peso de órgãos, número 
de batimentos cardíacos, pressão arterial sistólica ou diastólica etc.) são estabelecidos a partir de observações de 
populações homogêneas, de mesma etnia, que vivem em ambientes semelhantes e cujos indivíduos são saudáveis dentro 
do conceito enunciado anteriormente. 
Elementos de uma doença | Divisões da Patologia 
Todas as doenças têm causa(s) que age(m) por mecanismos variados, os quais produzem alterações moleculares 
e/ou morfológicas nas células e nos tecidos que resultam em alterações funcionais no organismo ou em parte dele e 
produzem manifestações subjetivas (sintomas) ou objetivas (sinais). A Patologia cuida dos aspectos de Etiologia (estudo 
das causas), Patogênese (estudo dos mecanismos), Anatomia Patológica (estudo das alterações morfológicas dos 
tecidos que, em conjunto, recebem o nome de lesões) e Fisiopatologia (estudo das alterações funcionais de órgãos e 
sistemas afetados). O estudo dos sinais e sintomas das doenças é objeto da Semiologia, cuja finalidade é, junto com 
exames complementares, fazer o diagnóstico delas (Propedêutica), a partir do qual se estabelecem o prognóstico, o 
tratamento e a prevenção (Figura 1.1). 
Diferentes doenças têm componentes comuns e elementos particulares. Pneumonia lobar, meningite purulenta e 
tuberculose são doenças diferentes que têm em comum o fato de serem causadas por bactérias e de apresentarem lesões 
inflamatórias. Em cada órgão afetado por elas, no entanto, existem alterações morfológicas e funcionais próprias de 
cada uma delas. Considerando esse aspecto, a Patologia pode ser dividida em dois grandes ramos: Patologia Geral e 
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527733243/epub/OEBPS/Text/chapter1.html#ch1fig1
Patologia Especial. A Patologia Geral estuda os aspectos comuns às diferentes doenças no que se referem às suas 
causas, mecanismos patogenéticos, lesões estruturais e alterações da função. Por isso mesmo, ela faz parte do currículo 
de todos os cursos das áreas de Ciências Biológicas e da Saúde. Já a Patologia Especial se ocupa das doenças de um 
determinado órgão ou sistema (sistema respiratório, cavidade oral etc.) ou estuda as doenças agrupadas por suas causas 
(doenças infecciosas, doenças causadas por radiações etc.). Dentro dessa abrangência, tem-se a Patologia Médica, a 
Patologia Veterinária e a Patologia Odontológica. Embora o componente morfológico das doenças seja mais enfatizado 
pelos patologistas, os aspectos etiopatogenéticos e fisiopatológicos das doenças são indispensáveis para um bom 
diagnóstico, uma boa prevenção e uma boa terapêutica, sendo essa a abordagem mais adequada para a correta formação 
do profissional de saúde. 
 
 
Figura 1.1 Elementos de uma doença e sua relação com as áreas de estudo da Patologia e da Medicina. 
Com o objetivo de conhecer os elementos comuns às diferentes doenças, a Patologia Geral envolve-se tanto com 
doenças humanas como com as dos outros animais, sejam eles de laboratório ou não. Aliás, a Patologia Geral tem 
importante componente experimental, a partir de modelos induzidos em vários animais. Por outro lado, como as doenças 
representam um estado de desvio da adaptação – nelas não ocorrendo fatos biológicos novos, mas apenas desvios de 
fenômenos normais –, a compreensão da Patologia Geral exige conhecimentos pelo menos razoáveis sobre os aspectos 
morfológicos, bioquímicos e fisiológicos das células, tecidos, órgãos e sistemas orgânicos normais. 
Agressão | Defesa | Adaptação | Lesão 
Qualquer estímulo da natureza – dependendo da sua intensidade, do tempo de atuação e da capacidade de reação do 
organismo (que envolve também o patrimônio genético) – pode constituir uma agressão. Contra esta, o organismo monta 
respostas variadas, procurando defender-se ou adaptar-se. Muitas vezes, o indivíduo adapta-se a essa situação, com 
pouco ou nenhum dano. Em muitos casos, porém, surgem lesões variadas, agudas ou crônicas, responsáveis pelas 
doenças. As agressões podem se originar no ambiente externo ou a partir do próprio organismo. De modo muito 
resumido, agressões podem ser provocadas por agentes físicos, químicos e biológicos, por alterações na expressão 
gênica ou por modificações nutricionais, metabólicas ou dos próprios mecanismos de defesa do organismo. 
Os mecanismos de defesa contra agentes externos são muito numerosos. Ao lado de barreiras mecânicas e químicas 
existentes norevestimento externo e interno (pele e mucosas), o organismo conta com diversos mecanismos defensivos: 
(1) contra agentes infecciosos, atuam a fagocitose, o sistema complemento e, sobretudo, a reação inflamatória, que é a 
expressão morfológica da resposta imunitária; esta tem dois componentes: (a) resposta inata, que surge imediatamente 
após agressões; (b) resposta adaptativa; (2) contra agentes genotóxicos (que agridem o genoma), existe o sistema de 
reparo do DNA; (3) contra compostos químicos tóxicos, incluindo radicais livres, as células dispõem de sistemas 
enzimáticos de destoxificação e antioxidantes. É importante salientar que, com certa frequência, os próprios mecanismos 
defensivos podem se tornar agressores. A desregulação da reação imunitária, por exemplo, para mais ou para menos, 
está na base de muitas doenças prevalentes. 
A adaptação refere-se à capacidade das células, dos tecidos ou do próprio indivíduo de, frente a um estímulo, 
modificar suas funções dentro de certos limites (faixa da normalidade), para ajustar-se às modificações induzidas pelo 
estímulo. A adaptação pode envolver apenas células (ou suas organelas) ou o indivíduo como um todo. São exemplos 
da primeira situação: (1) pré-condicionamento das células à hipóxia, que permite a sobrevivência delas em condições 
de baixa disponibilidade de O2; (2) hipertrofia do retículo endoplasmático liso (REL) por substâncias nele metabolizadas 
(p. ex., a administração de fenobarbital provoca hipertrofia do REL em hepatócitos); (3) hipertrofia muscular por 
sobrecarga de trabalho (do miocárdio do ventrículo esquerdo na hipertensão arterial, da musculatura esquelética em 
atletas ou em pessoas que fazem trabalho físico vigoroso etc.). A resposta adaptativa geral, inespecífica e sistêmica que 
o organismo monta frente a diferentes agressões por agentes físicos, químicos, biológicos ou emocionais é conhecida 
como estresse. 
Lesão é o conjunto de alterações morfológicas, moleculares e/ou funcionais que surgem nas células e nos tecidos 
após agressões. As alterações morfológicas que caracterizam as lesões podem ser observadas a olho nu (alterações 
macroscópicas) ou ao microscópio de luz ou eletrônico (alterações microscópicas e submicroscópicas). As alterações 
moleculares, que muitas vezes se traduzem rapidamente em modificações morfológicas, podem ser detectadas por 
métodos bioquímicos e de biologia molecular. Os distúrbios funcionais manifestam-se por alterações da função de 
células, tecidos, órgãos ou sistemas e representam a fisiopatologia. 
Como as doenças surgem e evoluem de maneiras muito variadas, as lesões são dinâmicas: começam, evoluem e 
tendem para a cura ou para a cronicidade. Por esse motivo, elas são também conhecidas como processos patológicos, 
indicando a palavra “processo” uma sucessão de eventos (usando uma analogia, podemos pensar nos processos 
burocráticos, que ficam registrados em folhas sucessivas, numeradas, dentro de uma pasta). Por essa razão, o aspecto 
morfológico de uma lesão varia de acordo com o momento em que ela é examinada. Os aspectos cronológicos das 
doenças estão indicados na Figura 1.2. 
 
 
Figura 1.2 Aspectos cronológicos de uma doença. 
O alvo dos agentes agressores são as moléculas, sobretudo as macromoléculas de cuja ação dependem as funções 
vitais. Portanto, toda lesão se inicia no nível molecular. As alterações morfológicas surgem em consequência de 
modificações na estrutura das membranas, do citoesqueleto, do núcleo ou de outros componentes citoplasmáticos, além 
do acúmulo de substâncias dentro ou fora das células. As lesões celulares resultam em lesões nos órgãos e sistemas 
funcionais. Qualquer que seja a sua natureza, a ação dos agentes agressores se faz por dois mecanismos: (1) ação direta, 
por meio de alterações moleculares que se traduzem em modificações morfológicas; (2) ação indireta, por intermédio 
de mecanismos de adaptação que, ao serem acionados para neutralizar ou eliminar a agressão, induzem alterações 
moleculares que resultam em modificações morfológicas. Desse modo, os mecanismos de defesa, quando acionados, 
podem também causar lesão no organismo (Figura 1.3). Isso é compreensível, uma vez que os mecanismos defensivos 
em geral são destinados a destruir invasores vivos, os quais são formados por células semelhantes às dos tecidos; o 
mesmo mecanismo que lesa um invasor vivo (p. ex., um microrganismo) é potencialmente capaz de lesar também as 
células do organismo invadido. 
Apesar da enorme diversidade de agentes lesivos existentes na natureza, a variedade de lesões encontradas nas 
doenças não é muito grande. Isso se deve ao fato de os mecanismos de agressão às moléculas serem comuns aos 
diferentes agentes agressores; além disso, com frequência as defesas do organismo são inespecíficas, no sentido de que 
são semelhantes diante de agressões distintas. Duas situações exemplificam a afirmação anterior. 
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527733243/epub/OEBPS/Text/chapter1.html#ch1fig2
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527733243/epub/OEBPS/Text/chapter1.html#ch1fig3
 
Figura 1.3 Respostas do organismo às agressões. 
Muitos agentes lesivos agem pela redução do fluxo sanguíneo, o que diminui o fornecimento de O2 para as células 
e reduz a produção de energia. A redução da síntese de ATP pode ser provocada também por agentes que inibem enzimas 
da cadeia respiratória; já outros diminuem a produção de ATP porque impedem o acoplamento da oxidação com o 
processo de fosforilação do ADP; há ainda agressões que aumentam as exigências de ATP sem induzir aumento 
proporcional do fornecimento de oxigênio. Em todas essas situações, a deficiência de ATP interfere nas bombas 
eletrolíticas, nas sínteses celulares, no pH intracelular e em outras funções que culminam com o acúmulo de água no 
espaço intracelular e em uma série de alterações ultraestruturais que recebem, em conjunto, o nome de degeneração 
hidrópica. São, portanto, diferentes os agentes agressores capazes de produzir uma mesma lesão por meio de redução 
absoluta ou relativa da síntese de ATP. 
Ação do calor (queimadura), de um agente químico corrosivo ou de uma bactéria que invade o organismo é seguida 
de respostas teciduais que se traduzem por modificações da microcirculação e pela saída de leucócitos e de plasma dos 
vasos para o interstício. Nessas três situações, ocorre uma reação inflamatória, que é uma modalidade comum e muito 
frequente de resposta do organismo frente a agressões muito variadas. Nas inflamações, os leucócitos são mobilizados 
por agressões diferentes, porque muitos deles são células fagocitárias, especializadas em matar microrganismos e em 
fagocitar tecidos lesados para facilitar a reparação ou a regeneração. Por essa razão, é fácil compreender que, quando os 
leucócitos são estimulados por agressões diversas, eles possam também produzir lesão nos tecidos. Do exposto, fica 
claro: a própria resposta defensiva (adaptativa) que o agente agressor estimula no organismo pode também contribuir 
para o aparecimento de lesões. 
Pode-se dizer, portanto, que as lesões têm um componente que resulta da ação direta do agente agressor e de um 
elemento decorrente da ação dos mecanismos de defesa acionados. Na verdade, em muitas situações, os mecanismos de 
defesa, inatos ou adaptativos, são até mesmo os principais responsáveis por lesões; é o que ocorre nas doenças de 
natureza imunitária e nas infecções, nas quais os mecanismos imunitários de defesa contra o agente infeccioso também 
lesam os tecidos. 
Toda agressão gera estímulos que induzem respostas adaptativas que visam aumentar a resistência às agressões 
subsequentes. Os estímulos geradores dessas respostas não são ainda bem conhecidos, mas já se tem ideia de algumas 
reações muito conservadas na natureza. A expressão de proteínas do estresse, também chamadas proteínas do choque 
térmico (em inglês HSP, de heat shock proteins), ocorre em todotipo de célula diante das mais variadas agressões, daí 
o porquê de sua denominação. Tais proteínas induzem várias respostas adaptativas, como aumento da resistência à 
desnaturação de proteínas, aumento da estabilidade de membranas, entre outras, elevando assim a resistência das células 
às agressões.

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