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1 DESEMPENHO OPERACIONAL DA MAQUINARIA AGRÍCOLA Prof. Carlos F. Toescher 1 - INTRODUÇÃO: O estudo das operações agrícolas visa racionalizar o emprego das máquinas e implementos na execução das suas tarefas. Tem objetivo de melhor explorar a potencialidade das máquinas e implementos no menor espaço de tempo necessário para completar as operações que um dado manejo desenvolvido necessite. Coopera para isso que, após estabelecidas as necessidades das culturas, se adote o manejo mais econômico, com a menor necessidade de máquinas e tempo exigidos para cada operação.Isto é conseguido através de um estudo de situação, quando decidimos o que fazer e quando fazer. Isto incluí a escolha das cultivares mais adequadas e dos tipos de manejo a serem desenvolvidos. Pela Norma ASAE S495 este processo é dividido em 4 etapas: a) Decidimos: Definimos os objetivos para o sistema, selecionamos os componentes do sistema e prevemos a performance do sistema. b) Planejamos: Determinamos as épocas para as várias operações a serem executadas. Disponibilidade de tempo, operações a serem executadas, quantidade de horas a serem trabalhadas, e necessidades da cultura, são fatores importantes nesta análise. c) Executamos: Quando executamos as operações com os operadores e as máquinas. O operador de máquinas agrícolas acaba sendo seu próprio supervisor. d) Controlamos: Quando nos utilizamos de medidas da produtividade e padrões para o controle do sistema. No caso do estudo específico das máquinas agrícolas vamos nos ater aos conceitos de Desenpenho e Capacidades. Os valores correspondentes as capacidades das máquinas serão usadas nos cálculos para determinar as necessidades de máquinas, diante de uma certa quantidade de trabalho que devem desenvolver. 2 - DESEMPENHO OPERACIONAL: Podemos definir como um complexo conjunto de informações que definem, em termos quali-quantitativos os atributos da maquinaria agrícola quando executam operações sob determinadas condições de trabalho. Sob os aspectos qualitativos encontramos o tipo de operação realizada bem como a qualidade do trabalho. Se é bem executado dentro das características agronômicas desejáveis. Os aspectos quantitativos definem o equipamento quanto aos valores da área e o tempo que o mesmo leva para trabalha-la. Dentro deste conceito podemos utilizar tres grupos de informações: 2 a) Características operacionais: Todos os dados relativos à qualidade e quantidade de trabalho desenvolvido. b) Características dinâmicas: Dados relativos a potência requerida, velocidade de trabalho. c) Característcas de manejo : Englobam dados que estão relacionados com as regulagens, manutenção, reparações, estabilidade dos equipamentos, etc. 3 - CAPACIDADE OPERACIONAL: Todas as máquinas agrícolas possuem uma capacidade de trabalho, ou seja, realiza uma quantidade de trabalho num determinado tempo. A esta relação chamamos de capacidade operacional e pode ser expressa como sendo a quantidade de trabalho executado ou produção (para o caso de máquinas que manipulam o material, podendo ou não se deslocarem) pela unidade de tempo. 3.1 - Classificação das Capacidades Operacionais. Como a quantidade de trabalho executado pode ser avaliada de várias maneiras e o tempo considerado sob vários aspectos, podemos diferenciar e classificar as Capacidades Operacionais. a) De acordo com o tipo de operação: Capacidade de Campo (Cc), Capacidade de Produção (Cp) e Capacidade de Manipulação (Cm). b) De acordo com a dimensão dos órgãos ativos: Capacidade Teórica (CT ). c) De acordo com o tempo considerado: Capacidade Efetiva (CE) e Capacidade Operacional (CO). 3.2 - CAPACIDADE DE CAMPO: Todas as máquinas e implementos que executam as operações deslocando-se sobre o solo e cobrindo uma determinada área num certo espaço de tempo , possuem uma certa capacidade para executar as operações, a qual chamamos Capacidade de Campo. Ela pode ser expressa em ha/dia; ha/min; m²/s etc. 3.2.1 - Capacidade de Campo Teórica: (CcT) Este valor é obtido apartir das dimensões dos órgãos ativos e da velocidade de deslocamento da máquina ou conjunto trator-máquina- implemento. Um exemplo clássico é a determinação da capacidade de campo teórica de um arado. Medimos a largura de corte do arado e multiplicamos pela velocidade de deslocamento do conjunto trator-arado. A largura de corte de um arado será aquela que ele teóricamente teria se fosse operado na melhor condição possível ou seja seria a largura quando todos os discos estariam cortando o solo com a mesma largura e mesma profundidade e considerando- se que não haveria sobreposição entre as faixas de operação do arado. Esta medida é tirada diretamente no arado e é fixa para uma dada regulagem do angulo de corte horizontal e vertical. Este conceito vale para todos os tipos de máquinas lembrando-se que para as semeadoras usamos a sua largura efetiva de semeadura, obtida ao se multiplicar o número de linhas da semeadora em uso, pelo espaçamento entre elas. A Velocidade de deslocamento a ser usada para se calcular a Capacidade de Campo efetiva deverá ser aquela que correponde ao limite máximo sob a qual é possível se realizar a operação de maneira adequada ou seja que ela mantenha a sua qualidade. Assim 3 conseguiremos o valor da Capacidade de Campo Teórica pelo produto da largura de corte pela Velocidade de deslocamento e é expressa em m²/s; ha/h; ha/min; ha/dia , etc. 3.2.2 - Capacidade de Campo Efetiva: Esta capacidade diferencia-se da teórica por representar a capacidade efetivamente apresentada pela máquina ou conjunto trator-máquina- implemento ao realizar uma operação agrícola. Representa a capacidade básica da máquina, isto é, a capacidade medida à campo durante um certo intervalo de tempo. O tempo de avaliação é que diferencia esta capacidade. Considera-se apenas o tempo em que a máquina esteve efetivamente executando o trabalho não se considerando os tempos em manobras, regulagens, giros nas cabeceiras etc. Diferencia-se da Capacidade Teórica por incluir o efeito de fatores de campo como a utilização parcial da largura de corte ou de operação devido a sobreposições; Uso de velocidades inferiores aquelas que teoricamente poderia ser desenvolvida ou seja, sofre influência da interação trator-implemento-máquina com o solo. Por estes motivos a Capacidade de Campo Efetiva quase sempre é menor que a Capacidade de Campo Teórica, podendo no máximo ser igual a ela. Entretanto em avaliações a campo já se constatou casos em que a Capacidade de Campo Efetiva era maior que a Capacidade de Campo Teórica. A explicação para isto deve-se ao mau uso do equipamento, no caso um arado não adequado ao trator, que resultava numa largura de corte a campo maior que a largura teórica. Neste caso a bitola do trator não era a indicada para o arado usado, resultanto numa maior largura de corte para o primeiro disco. Evidentemente a qualidade da operação estava prejudicada. Diante deste exemplo fica claro que uma avaliação da capacidade efetiva de um conjunto trator-máquina-implemento durante uma operação agrícola, nos fornece além dos dados da capacidade básica do conjunto, um valor de análise e de controle de uma dada operação agrícola dentro de uma propriedade rural. Dentro de um programa de busca da qualidade total sempre visando o maior rendimento das operações , o uso de avaliações deste tipo podem ser úteis. 3.2.2.1 - Determinação da Capacidade de Campo Efetiva: Para uma correta determinação da Capacidade de Campo Efetiva de um conjunto Trator- implemento-máquina, precisamos tomar algumas providências. Determina-se uma área onde o conjunto poderá executar várias passadas com um comprimento de 20 metros. Seis balizas para melhor visualização das distâncias, uma trenade 20 metros e um cronômetro. Após marcamos na área as distâncias de 20 metros colocando-se as balizas conforme a figura 1. O mesmo esquema serve para vários tipos de máquinas. A determinação começa com a passagem do conjunto já em pleno ritmo de trabalho. Para isto o conjunto deverá trabalhar normalmente uma faixa bem mais longa, reservando-se os vinte metros para a determinação tempo e das larguras de corte. A largura de corte é determinada junto as dua balizas de alinhamento e é encontrado pela diferença entre as distancias da borda da primeira passada e da borda da segunda passada conforme figura 2. O importante é determinarmos com precisão a diferença entre as passadas que vem a ser a largura de corte efetiva. Com isto estaremos considerando as sobreposições que ocorrem entre as passadas e que modificam a largura teórica. A velocidade de operação será determinada com a cronometragem do tempo gasto para percorrer os vinte metros. Teremos então: Velocidade = 72 / t onde t = tempo gasto para percorrer os 20 m em segundos, o que nos dará a velocidade efetiva do conjunto em km/h. A Capacidade de Campo Efetiva (CcE) será determinada pelo produto da largura de corte (L) encontradas nas determinações pela velocidade efetiva (V), dividido por 10, quando teremos a CcE em ha/h. 4 L . V CcE = ------------- 10 L = largura de corte efetiva em metros. V = Velocidade Efetiva em km/h. CcE = Cap. Campo Efetiva em ha/h. 3.2.3 - Capacidade de Campo Operacional: (CcO) Representa a Capacidade do conjunto à campo, executando normalmente as operações incluindo-se no tempo de determinação os efeitos dos fatores de ordem operacional como: Tempo consumido no preparo da máquina; Tempo consumidos em interrupções requeridas pelo próprio trabalho da máquina. A Capacidade de Campo Operacional é o valor no qual vamos nos basear para calcular a necessidade de máquinas de uma atividade agrícola. Como veremos os fatores que vão influir nesta capacidade são muito variados. Vão desde as condições do solo (Tipo, declividade, quantidade de água no solo),do layout da propriedade (formato das lavouras que podem facilitar ou dificultar as operações mecanizadas) e as condições do operador. A determinação da Capacidade de Campo Operacional é obtida através do produto da área trabalhada ou produção, dividido pelo Tempo Operacional. Este tempo diferencia-se dos demais por incluir o tempo de preparo da máquina para o trabalho, o tempo de trabalho à campo e o tempo parado devido à máquina . 3.2.3.1 - Determinação da Capacidade de Campo Operacional: Para a determinação da Capacidade de Campo Operacional precisaremos em primeiro lugar, demarcar uma área de tamanho suficiente para que o conjunto trator-máquina- implemento possa trabalhar por 3 a 4 dias no mínimo. Em segundo lugar, instalar um tacógrafo no trator para a marcação dos tempos em movimento e tempos parados. Munir operador com uma caderneta de anotações para registrar o motivo das paradas, que neste caso são muito importantes. Com os dados do tacógrafo e da caderneta do tratorista, fazemos o cálculo do Tempo Operacional. É importante que se faça com clareza a anotação dos tempos parados e dos tempos em movimentos pois nos dois casos teremos que fazer algumas exclusões. No caso do número de horas ou minutos em que o trator esteve em movimento, teremos de excluír o tempo gasto em deslocamentos do galpão até os locais de trabalho e vice-versa. Ficamos asssim apenas com tempo em que o conjunto esteve na lavoura em operação. Do total do tempo parado durante a jornada de trabalho,descontaremos o tempo parado devido às condições climáticas adversas e também o tempo do operador gasto para as refeições .Com isto teremos como tempo parado e incluído no Tempo Operacional, a soma dos minutos ou horas gastos em regulagens do equipamento, desembuchamentos, abastecimentos de combustível, manutenção (periódica e eventual), paradas do operador (tempo gasto em necessidades fisiológicas) , abastecimento de depósitos de fertilzantes, sementes, defensivos etc. Área Trabalhada (m²) CcO(ha/h)= -------------------------------- . 0,006 Tempo Operacional(min) 5 3.2.3 - Rendimento de Campo Operacional :(RcO) É a relação entre as capacidades de campo operacional e efetiva. Também chamada de Eficiência de Campo , o RcO indica as perdas devido aos tempos parados, giros de cabeceiras, etc. ou seja, reflete as condições sob as quais a maquinaria é utilizada.Quanto mais alto for o Rendimento de Campo operacional, melhor estará sendo aproveitada a capacidade da maquinaria. Este melhor aproveitamento ocorre porque estaremos usando as máquinas mais próximo da sua capacidade básica ou seja de sua capacidade efetiva. CcO RcO = ---------- . 100 CcE 3.2 - CAPACIDADE DE PRODUÇÃO: (Cp) Quando estivermos lidando com máquinas que além de cobrirem uma área, executarem um trabalho que inclui o processamento de uma certa quantidade de material , medida em termos de peso ou volume de produto que sofreu a ação dos órgãos ativos, teremos então o que chamamos de Capacidade de Produção. Este conceito serve também para as máquinas estacionárias. Capacidade de Produção = Peso ou Volume de produto que foi trabalhado pelos órgãos ativos / unidade de tempo O peso ou volume refere-se ao peso ou volume que sai da máquina ou seja que já sofreu o efeito dos órgãos ativos da máquina. Ex. Uma bomba hidráulica tem sua capacidade de produção expressa em litros/segundo, m³/hora . A de uma trilhadora estacionária ou colhedora automotriz é em sacos/h, kg/h ou ton/h . Capacidade de Produção das máquinas também pode considerada como sendo Teórica, Efetiva e Operacional. CpT = em função das dimensões dos órgãos ativos. CpE = com a máquina em operação e num tempo. CpO = considerando o tempo operacional. Nas máquinas colhedoras a Capacidade de Produção pode sofrer grande influência do estado da cultura. Uma lavoura com baixa produtividade poderá fazer com que a máquina apresente uma produção mais baixa. Por isto devemos ver também a Capacidade de Campo para uma melhor avaliação do desempenho da colhedora. 3.4 - CAPACIDADE DE MANIPULAÇÃO : (Cm) É usada de forma mais específica para máquinas destinadas a separar materiais dissimilares ou provocar modificações no estado do produto. Ex. Beneficiadoras, classificadores, secadores etc. Capacidade de Manipulação = Peso ou Volume de produto a ser trabalhado pelos órgãos ativos. / unidade de tempo. Conforme o tempo considerado também teremos as Capacidades de Manipulação Efetiva e Operacional, assim como a teórica, que leva em conta o tamanho dos órgãos ativos. 6 RITMO OPERACIONAL DA MAQUINARIA AGRÍCOLA Prof. Carlos F. Toescher 1 - INTRODUÇÃO: Todo o planejamento feito é para que se consiga alcançar um objetivo até uma data ou por um prazo pré-determinado. Dentro do planejamento agrícola não é diferente. Temos de conjugar prazos para a execução das tarefas com a nossa capacidade de executá-las. Os prazos se limitam entre o final da colheita da cultura anterior e a data final de semeadura da cultura a ser implantada, pois um planejamento racional , a princípio, deve considerar o final da época recomendada para a semeadura, como o prazo limite para tal operação.Daíentão, planejamos as operações anteriores e posteriores a este período. É este limite entre tempo disponível e a área total em que deveremos trabalhar que vai nos obrigar a mantermos um certo ritmo de trabalho para que os nossos objetivos sejam alcançados. A isto chamamos de Ritmo Operacional. 2 - DETERMINAÇÃO DO RITMO OPERACIONAL. Ritmo Operacional é a "Taxa de atividade Operacional, horária ou diária, que deverá ser desenvolvida, para que uma dada operação seja concluída numa certa área e num prazo pré-determinado" conforme Mialhe (1976). Para que possamos estimar o ritmo operacional necessário para as diferentes atividades, deveremos ter bem determinados a área total a ser trabalhada e o tempo disponível para a realização de cada atividades. Como exemplo podemos citar uma área de 500 ha que deverá ser trabalhada com uma certa operação agrícola num prazo de 25 dias. Teremos então que necessariamente trabalharmos uma média de 20 ha por dia para totalizarmos os 500 ha em 25 dias.Então, 20 ha/dia é o nosso Ritmo Operacional Diário. Se a nossa jornada de trabalho for de 10 hora por dia, o nosso Ritmo Operacional Horário deverá ser de 2 ha/hora. 2.1 - Determinação da área a ser trabalhada: Dentro de um processo de exploração racional da atividade agrícola encontramos as propriedades devidamente mapeadas, com levantamento planialtimétrico e divididas em setores que podem ser chamados de talhões, lavouras, etc. O formato e as dimensões destes setores devem satisfazer as necessidades da mecanização, tanto no formato quanto na área, de maneira a tornar mais ágil o movimento das máquinas no seu interior. Cada setor, então, estará mapeado e com seus acidentes geográficos e obras estruturais como pontes, estradas, canais e terraços identificados. Cada setor terá também uma ficha onde deverá constar dados relativos ao seu tipo de solo, resultados de análise de solos, área útil em m², produtividades obtidas em anos anteriores, insumos aplicados, época e operações anteriores realizadas, enfim todo o tipo de informação que poderá ser útil para o manejo desta área. De posse destas informações e após a decisão de qual cultura a ser implantada e em que área, e do manejo que será desenvolvido, passamos então a elaborção de planilhas para organizar estas informações. A planilha do cálculo das áreas a serem trabalhadas e na qual especificamos as operações será a primeira a ser elaborada. Para exemplificar um processo de cálculo do Ritmo Operacional, usaremos um exemplo de exploração da cultura de soja, em manejo convencional, usando-se o maior número de 7 operações afim de enriquecer o exemplo. A área da propriedade está dividida em 6 setores , que chamaremos de lavouras,como segue: A = 200 ha, B = 300 ha, C = 200 ha, D = 400 ha, E = 100 ha e F = 300 ha totalizando 1500 ha. QUADRO 1 - Planilha das áreas a serem cultivadas com soja na propriedade X. Operações a serem executadas Código das lavouras Área total das lavouras em hectares Número de vezes da operação Área total a ser trabalhada em hectares Subtotal da área em Ha por operação CALAGEM A - B - E 600 1 600 600 LAVRAÇÃO A - B - E 600 1 600 600 GRADAGEM PESADA C - D - F 900 1 900 900 GRADAGEM DE NIVELAMENTO A - B - E 600 3 1800 1800 GRADAGEM DE NIVELAMENTO C - D - F 900 2 1800 1800 SEMEADURA A - B - C - D E - F 1500 1 1500 1500 HERBICIDA B - C - E 600 1 600 600 CAPINA MEC. A - D - F 900 1 900 900 DEFENSIVOS* A - B - C - D E - F 1500 1 1500 1500 COLHEITA A - B - C - D E - F 1500 1 1500 1500 ÁREA TOTAL A SER TRABALHADA : 11.700 ha Obs: Para efeito de cálculo na aplicação dos defensivos consideramos uma vez apenas, para toda a área, mesmo que não venha a acontecer, e mesmo porque os períodos de aplicação ocorrem em momentos diferentes, e nem sempre, em todos os talhões, o que implica na utilização do mesmo equipamento. Se a cultura, ou a região exigem mais de um tratamento, elee devem ser previstos normalmente. Com esta planilha pronta, temos condições de visualizar o total de área a ser trabalhada em cada operação, assim como temos definidas as operações para cada lavoura. Nota-se que o total de área a ser trabalhada passou para 11.700 ha, ou seja, teremos de cobrir esta área durante toda a atividade soja. A gradagem de nivelamento esta com a maior área, 3.600 ha no total, o que provavelmente irá sobrecarregar o nosso ritmo. Seguiremos com o exemplo, para no final procedermos uma análise mais completa. 2.2 - Determinação do Tempo Disponível: O tempo disponível deve ser determinado apartir das datas de início e fim recomendadas para a cultivar selecionada, na região onde estaremos executando a atividade. 8 Com este período determinado , estabelece-se as épocas para as atividades anteriores e posteriores. É racional que a escolha das cultivares seja tal que possibilite o escalonamento da semeadura , ampliando o prazo pelo uso de mais de uma cultivar(precoses,média e tardias) . Tecnicamente, se olharmos apenas o aspecto agronômico, as características fisiológicas da cultivar e o clima típico da região, deveriam ser o únicos fatores considerados para a determinação do tempo disponível. De acordo com Mialhe( * ) as máquinas seriam meros instrumentos usados para realizar as operações ,e por tanto, não deveriam influir na decisão. Contudo a situação ideal nem sempre é encontrada, e o técnico precisa enfrentar muitas vezes a escasses ou o sucateamento das máquinas. Dentro do quadro atual do Brasil,(1995) a crise no setor pela descapitalização e os juros extratosféricos inviabilizam a aquisição de novas máquinas apenas porque um processo produtivo assim o exige. Hoje, alterar o processo para adequá-lo a disponibilidade não pode mais ser considerado tecnicamente incorreto. Portanto, é fundamental que o técnico na área de mecanização atue sempre lado a lado com os seus custos de produção, tendo condição de tomar as decisões mais racionais no que diz respeito à necessidade de máquinas. No caso o racional é sempre conseguir o máximo com o menor gasto, preservando as exigências mínimas da cultura. Para a determinação do tempo disponível , montaremos um outro quadro ou planilha com a previsão cronológica das atividades, onde estimaremos o total de dias úteis para o trabalho em cada período de tempo determinado para cada atividade. A elaboração do quadro consiste em se relacionar todas as operações a serem executadas, definindo-se para cada uma a data de início e de término. QUADRO 2 - Previsão cronológica das operações e do total de dias úteis por período. Operações Datas Época prevista de execução Operações início fim S O N D J F M A Número total de dias Número de Domingos e Feriados Total de dias úteis Calagem 01/10 31/10 X 31 6 31 Lavração 01/10 31/10 X 31 6 31 Gradagem pesada 01/10 31/10 X 31 6 31 Grad.nivelamento 01/11 30/11 X 30 6 30 Semeadura 01/11 30/11 X 30 6 30 Herbicida 15/11 30/11 X 16 3 16 Capina Mecânica 01/12 31/12 X 31 6 31 Defensivos 10/01 28/02 X X 50 7 49 Colheita 01/04 30/04 X 30 4 30 No que diz respeito ao total dos dias úteis ,vamos considerar todos os dias doperíodo, apesar dos domingos e feriados. O objetivo é aproveitar o máximo possível os dias com o clima bom, deixando-se os dias chuvosos e parados após chuvas para compensação dos domingos e feriados. O que nem sempre é conseguido em acordos com os operadores, mas que deve ser sempre tentado. Uma vez que o trabalho nos domingos e feriados deve ser compensado aos empregados em dobro, muitos se mostram simpáticos com a idéia. Isto no planejamento é muito útil, pois já teremos certo o desconto dos dias com chuvas e dias parados após as chuvas. Quanto maior o número de anos da nossa série de dados meteorológicos e a nossa experiência da região, maior será a precisão de nossos dados quanto ao número de chuvas e o total de dias de chuva no período estudado. Neste momento o conhecimento dos diferentes tipos de solos da propriedade , bem como o seu 9 comportamento quanto à infiltração da água das chuvas são fundamentais para a determinação dos dias parados após chuvas.Pois o tempo que deveremos ficar parados esperando o solo ter condições de tráfego ou de operação vai depender desta característica do solo e da intensidade da chuva. Abaixo apresentamos o Quadro 3 onde se organizam os dados dos dias e períodos de chuvas mensalmente. Um quadro como este deve ser elaborado para cada região ou propriedade ,de maneira que se torne o mais específico possível.A origem dos dados deverá ser a estação meteorológica mais próxima ou dados levantados na própria propriedade. QUADRO 3 - Quadro Meteorológico. MÊS Dias com chuva Períodos de chuva Dias parados após chuvas Total de dias úmidos(nu) SETEMBRO 10 3 2 16 OUTUBRO 8 2 2 12 NOVEMBRO 8 3 2 14 DEZEMBRO 7 2 2 11 JANEIRO 6 3 2 12 FEVEREIRO 8 3 2 14 MARÇO 8 2 2 12 ABRIL 9 2 2 13 Como observado, o Quadro 3 nos apresenta o Total de dias úmidos (nu),o que é conseguido atravéz dos dados dos Dias com chuva e dos Períodos de chuva, que deverão ser pesquisados, e dos Dias parados após chuvas, que são determinados por nós,baseados na experência e características do solo local. O valor de “nu” é conseguido multiplicando-se os Dias parados após chuvas pelo período de chuva e adicionando-se os Dias com chuva . Para o mes de outubro teremos então; 2 x 2 = 4 + 8 = 12. Temos assim que dos 31 dias de outubro temos uma probabilidade de 16 dias parados em função de chuvas. Portanto nestes 12 dias, na proporção 6 domingos ou feriados para 31 dias do mes, deveremos ter de 2 a 3 dias chuvosos nos domingos e feriados ,o que deixa para negociação com os empregados de 3 a 4 dias. Convém lembrar que os dias de chuva podem ser utilizados com atividades na sede da propriedade, fazendo-se os mais diferentes trabalhos nos galpões. De posse dos dados até aqui compilados, vamos agora montar o Quadro 4, onde iremos apurar o tempo disponível para a realização das diferentes operações. Definiremos também a jornada de trabalho ou seja , o número de horas trabalhadas por dia. Finalmente, obteremos com isto o valor do nosso Ritmo Operacional, que poderá ser expresso em ha/h ou ha/dia. É importante neste momento ter conciência que o definição da jornada de trabalho irá afetar diretamente a necessidade de máquinas,ou seja, para uma dada operação com um período fixo de dias para executá-la, se a jornada for de 8 horas/dia, precisaremos de um número X de máquinas, mas se for de 16 horas/dia a necessidade de máquinas será de X/2. Portanto, deveremos optar pela jornada mais longa possível, dentro das condições econômicas e de pessoal disponível da propriedade e desde que o tipo de operação asssim o permita. Por exemplo; A colheita em certas regiões do país se limita a 10 ou 8 horas, quando a cultura não apresenta a palha úmida devido ao sereno ou orvalho. Na coluna G temos o número de hectares por dia que devem ser trabalhados para que a operação seja concluída no prazo. Na coluna H o ritmo horário e que serve para que se faça o controle durante o dia das operações, aumentando a eficiência da mesma. São com estes 10 valores que iremos dimensionar a nossa frota, juntamente com as capacidades operacionais das máquinas. QUADRO 4 - Planilha para o cálculo do RITMO OPERACIONAL em função dos quadros anteriores. A B C D E F G H I Operações dias úteis nu dispo- níveis jornad a (horas) Tempo dispo nível. (horas) Área Total (hectares) R.O. (ha/dia) R.O. (ha/hora) Tempo (h/ha) Calagem 31 12 19 10 190 600 31,57 3,15 0,317 Lavração 31 12 19 16 304 600 31,57 1,97 0,507 Grad.Pesada 31 12 19 16 304 900 47,36 2,96 0,337 Grad.Nivel. 30 14 16 16 256 3600 225,00 14,06 0,071 Semeadura 30 14 16 12 192 1500 93,75 7,81 0,128 Herbicida 16 07 09 12 108 600 66,66 5,55 0,180 Capina Mec. 31 11 20 12 240 900 45,00 3,75 0,266 Defensivo 02 -- 02 06 12 1500 750,00 375,00 0,002 Colheita 30 13 17 08 136 1500 88,23 11,02 0,090 du = dias úteis do período determinado para cada operação. nu = número de dias úmidos dentro de cada período. dd = dias disponíveis para o trabalho dentro de cada período. j = jornada de trabalho em horas por dia. td = tempo disponível em horas durante todo o período estabelecido para cada operação. AT = área total a ser trabalhada em cada operação.(em hectares) ROD = Ritmo Operacional Diário . Indica quantos hectares por dia devem ser trabalhados para que o serviço seja realizado no tempo disponível. ROH = Ritmo Operacional Horário. Indica quantos hectares por hora devem ser trabalhados para que o serviço seja realizado no tempo disponível. t = tempo em que se deve trabalhar um hectare para que o serviço seja concluído no tempo disponível. OBS: A origem dos dados de cada coluna segue o seguinte esquema. Coluna A = Quadro número 2 Coluna B = Quadro número 3 (Meteorológico) Coluna C = A - B Coluna D = Estipulado Coluna E = C x D Coluna F = Quadro número 1 Coluna G = F/C Coluna H = G/D ou F/E Coluna I = 1/H ou E/F
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