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Carla Bertelli – Medicina 1 Anatomia ✓ 12 cm de comprimento; ✓ 9 cm de largura; ✓ Peso em média 250g a 350g. 1. Localização O coração repousa sobre o diafragma, próximo a linha mediana da cavidade torácica no mediastino – uma região anatômica que se estende do esterno até a coluna vertebral, da primeira costela até o diafragma e entre os revestimentos dos pulmões (as pleuras). O coração está situado no tórax, no lado posterior ao esterno e às cartilagens costais, e repousa na superfície posterior do diafragma. Em síntese, o coração está localizado no mediastino; no qual dois terços de sua massa se encontram à esquerda da linha mediana. O mediastino é a região localizada entre os dois pulmões no meio da caixa torácica. É limitado atrás pela coluna vertebral dorsal, a frente pelo esterno, em cima pela base do pescoço e em baixo pela face superior do diafragma. ✓ O Ponto Superior Direito situa-se onde a cartilagem costal da terceira costela se une ao esterno; ✓ O Ponto Superior Esquerdo localiza-se na margem inferior da cartilagem costal da segunda costela, aproximadamente a um dedo lateral do esterno; ✓ O Ponto Inferior Direito está situado na cartilagem costal da sexta costela, a um dedo lateral do esterno; ✓ O Ponto Inferior Esquerdo (ponto do ápice) situa-se no quinto espaço intercostal na linha medioclavicular – ou seja, ✓ Carla Bertelli – Medicina 2 em uma linha que se estende uniformemente a partir do ponto médio da clavícula esquerda. 2. Mediastino O mediastino, ocupado pela massa de tecido entre duas cavidades pulmonares, é o compartimento central da cavidade torácica. É coberto de cada lado pela parte mediastinal da pleural parietal e contém todas as vísceras e estruturas torácicas, exceto o pulmão. O mediastino estende-se da abertura superior do tórax até o diafragma interiormente e do esterno e cartilagens costais anteriormente até os corpos das vértebras posteriormente. Ele fica atrás do osso esterno e das cartilagens costais q é a ponta das costelas. Em pessoas vivas o mediastino é uma região de alta mobilidade, porque contém estruturas viscerais ocas (cheias de líquidos ou ar) unidas por um tecido conectivo frouxo, não raro infiltrado com gorduras. As principais estruturas do mediastino também são circundadas por vasos sanguíneos e linfáticos, linfonodos, nervos e gordura. A mobilidade acerca do mediastino permite melhor acomodação do movimento, bem como as alterações de volume pressão na cavidade torácica – Bem como todos os outros movimentos que incidem nessa região. O mediastino médio inclui o pericárdio, o coração e as raízes de seus grandes vasos — parte ascendente da aorta, tronco pulmonar e VCS — que entram e saem do coração. 3. Pericárdio É uma membrana fibrosserosa que cobre o coração e o início de seus grandes vasos. O pericárdio é um saco fechado formado por duas camadas: ✓ A camada externa resistente, o Pericárdio Fibroso, é contínua com o centro tendíneo do diafragma. ✓ A face interna é revestida por uma membrana serosa brilhante, a lâmina parietal do ✓ Carla Bertelli – Medicina 3 pericárdio seroso. Essa lâmina é refletida sobre o coração nos grandes vasos (aorta, tronco, veias pulmonares e cavas superior e inferior) como a lâmina visceral do pericárdio seroso. O Pericárdio Seroso é composto principalmente por mesotélio, uma única camada de células achatadas que formam um epitélio de revestimento da face interna do pericárdio fibroso e da parte externa do coração. O pericárdio fibroso é: ✓ Contínuo superiormente com a túnica adventícia (tecido conectivo perivascular) dos grandes vasos que entram e saem do coração e com a lâmina pré-traqueal da fáscia cervical. ✓ Fixado anteriormente à face posterior do esterno pelos ligamentos esternopericárdicos, cujo desenvolvimento varia ✓ Unido posteriormente por tecido conectivo frouxo às estruturas do mediastino posterior. ✓ Contínuo inferiormente com o centro tendíneo do diafragma. O coração ocupa o mediastino médio e é envolvido pelo pericárdio, formado por duas partes. O pericárdio Fibroso externo e resistente estabiliza o coração e ajuda evitar a dilatação excessiva. Entre o pericárdio fibroso e o coração há um saco ‘’colapsado’’, o pericárdio Seroso. O coração embrionário invagina a prece do saco seroso (B) e logo oblitera a cavidade pericárdica (C), deixando apenas um espaço virtual entre as camadas do pericárdio seroso. Carla Bertelli – Medicina 4 O pericárdio fibroso protege o coração contra o superenchimento súbito, porque é inflexível e intimamente relacionado aos grandes vasos que o perfuram superiormente. A cavidade do pericárdio é um espaço virtual entre as camadas e contém uma película líquida que permite o coração se movimentar se atrito. O saco pericárdico em relação ao esterno e aos nervos frênicos. Esta dissecção expõe o saco pericárdico posteriormente ao corpo do esterno, desde logo acima do ângulo do esterno até o nível da sínfise xifosternal. Considerações gerais Mediastino – O mediastino é o compartimento central da cavidade torácica e contém todas as vísceras torácicas, exceto pulmões. As estruturas que o ocupam são ocas (cheias de líquido ou ar) e, embora estejam limitadas por formações ósseas anterior e posteriormente, situam-se entre ‘’elementos pneumáticos’’, insuflados com volumes sujeitos a variações constantes de cada lado. O mediastino é uma estrutura flexível e dinâmica, deslocada por estruturas contidas no seu interior e que o circundam (diafragma e outros movimentos de respiração), bem como pelo efeito da gravidade e da posição do corpo. O mediastino superior (acima do plano transverso do tórax) é ocupado pela traqueia e pelas partes superiores dos grandes vasos. Carla Bertelli – Medicina 5 A parte intermediária (a maior) do mediastino inferior é ocupada pelo coração. A maior parte do mediastino posterior é ocupada por estruturas verticais que atravessam todo o tórax ou grande parte dele. Pericárdio – O pericárdio é um saco fibrosseroso, invaginado pelo coração e pelas raízes dos grandes vasos, que reveste a cavidade serosa que circunda o coração. O pericárdio fibroso é inelástico, está fixado anterior e inferiormente ao esterno e ao diafragma, e funde-se com a túnica externa dos grandes vasos quando estes entram ou saem desse saco. Assim, mantém o coração em sua posição mediastinal média e limita sua expansão (enchimento). A ocupação da cavidade do pericárdio por líquido ou tumor compromete a capacidade do coração. O pericárdio seroso reveste o pericárdio fibroso e o exterior do coração. Essa superfície brilhante lubrificada permite que o coração (fixado apenas por seus vasos aferentes e eferentes e reflexões relacionadas de membrana serosa) tenha o movimento livre necessário para seus movimentos de contração com ‘’torção’’. A lâmina parietal do pericárdio seroso é sensível. Os impulsos álgicos originados nela e conduzidos pelos nervos frênicos somáticos resultam em sensações de dor referida. 4. Coração O coração é uma bomba dupla, autoajustável, de sucção e pressão, cujas partes trabalham em conjunto para impulsionar o sangue para todos os locais do corpo. O lado direito do coração (Coração Direito) recebe sangue pouco oxigenado (venoso) do corpo pelas VCS e VCI e o bombeia através do tronco e dar artérias pulmonares para ser oxigenado nos pulmões. O lado esquerdo (Coração Esquerdo) recebe sangue bemoxigenado (arterial) dos pulmões através das veias pulmonares e o bombeia para a aorta onde é distribuído para o corpo. O coração tem 4 câmaras: átrios direito e esquerdo e ventrículos direito e esquerdo. As ações sincrônicas das duas bombas atrioventriculares (AV) cardíacas (câmaras direita e esquerda) constituem o ciclo cardíaco. O ciclo começa com um período de alongamento e enchimento ventricular (diástole) e termina com um período de encurtamento e esvaziamento ventricular (sístole). Carla Bertelli – Medicina 6 O ciclo cardíaco descreve a movimentação completa do coração ou os batimentos cardíacos incluindo o período que vai do início de um batimento cardíaco até o início do próximo. O ciclo consiste em diástole (relaxamento) e sístole (contração). O coração direito (lado azul) é a bomba do circuito pulmonar e o coração esquerdo (lado vermelho) é a bomba do circuito sistêmico. Dois sons cardíacos (bulhas cardíacas) são auscultados com um estetoscópio: um som TUM (1°) quando o sangue é transferido dos átrios para os ventrículos, e um som TÁ (2°) quando os ventrículos ejetam o sangue do coração. Os sons do coração são produzidos pelo estalido de fechamento das valvas unidirecionais que normalmente impedem o refluxo do sangue durante as contrações do coração. A parede de cada câmara tem três camadas, da superficial para a mais profunda: 1. Endocárdio – Uma fina camada interna (endotélio e tecido conectivo subendotelial) ou membrana de revestimento do coração que também cobre suas valvas. 2. Miocárdio – Uma camada intermediária helicoidal e espessa, formada por músculo cardíaco. 3. Epicárdio – uma camada externa fina (mesotélio) formada pela lâmina visceral do pericárdio seroso. As paredes do coração são formadas principalmente por miocárdio espesso, sobretudo nos ventrículos. A contração dos ventrículos produz um movimento de torção devido à orientação helicoidal dupla das fibras musculares cardíacas. Inicialmente esse movimento ejeta o sangue dos ventrículos enquanto a camada espiral externa (basal) contrai, primeiro estreitamento e depois encurtamento do coração, reduzindo o volume das câmaras ventriculares. A contração sequencial contínua da camada espiral interna (apical) alonga o coração, seguida por alargamento enquanto o miocárdio relaxa rapidamente, aumentando o volume Carla Bertelli – Medicina 7 das câmaras para receber sangue dos átrios. As fibras musculares cardíacas estão fixadas ao esqueleto fibroso do coração. Essa é uma estrutura complexa de colágeno denso que forma quatro anéis fibrosos que circundam os óstios das valvas, um trígo no fibroso direito e outro esquerdo. O esqueleto fibroso do coração ✓ Mantém os óstios das valvas AV e arteriais permeáveis e impede que sejam excessivamente distendidos por um aumento do volume no sangue bombeado através deles; ✓ Oferece fixação para as válvulas das valvas; ✓ Oferece fixação para o miocárdio; ✓ Forma um isolante elétrico, separando os impulsos conduzidos mioentericamente dos átrios e ventrículos. Na parte externa, os átrios são demarcados dos ventrículos pelo sulco coronário e os ventrículos direito e esquerdo são separados pelos sulcos interventriculares (IV) anterior e posterior. A imagem representa a estrutura do miocárdio e esqueleto fibroso do coração. Organização helicoidal (espiral dupla) do miocárdio. Esqueleto fibroso do coração – O esqueleto fibroso isolado é formado por quatro anéis fibrosos (ou dois anéis e duas pequenas coroas), cada um deles circunda uma valva; dois trígonos; e as porções membranáceas dos septos interatrial, interventricular e atrioventricular. Carla Bertelli – Medicina 8 O ápice do Coração ✓ Formado pela parte inferolateral do ventrículo esquerdo; ✓ Situa-se posteriormente ao 5° espaço intercostal esquerdo em adultos; ✓ Permanece imóvel durante todo o ciclo cardíaco; ✓ É o local de intensidade máxima dos sons de fechamento da valva atrioventricular esquerda (mitral) (batimento apical) o ápice está situado sob o local onde os batimentos cardíacos podem ser auscultados na parede torácica. A base do coração ✓ É a face posterior do coração (oposta ao ápice); ✓ É formada principalmente pelo átrio esquerdo, com menor contribuição do átrio direito; ✓ Está voltada posteriormente em direção aos corpos das vértebras T VI a T IX e está separada delas pelo pericárdio, seio oblíquo do pericárdio, esôfago e aorta; ✓ Estende-se superiormente até a bifurcação do tronco pulmonar e inferiormente até o sulco coronário; ✓ Recebe as veias pulmonares nos lados direito e esquerdo de sua porção atrial esquerda e as veias cavas superior e inferior nas extremidades superior e inferior de sua porção atrial direita. Carla Bertelli – Medicina 9 As quatro faces do coração 1. Face esternocostal (anterior) – formada principalmente pelo ventrículo direito; 2. Face diafragmática (inferior) – formada principalmente pelo ventrículo esquerdo e em parte pelo ventrículo direito; está relacionada principalmente ao centro tendíneo do diafragma; 3. Face pulmonar direita – formada principalmente pelo átrio direito; 4. Face pulmonar esquerda - formada principalmente pelo ventrículo esquerdo; forma a impressão cardíaca do pulmão esquerdo. As quatro margens do coração 1. Margem direita (ligeiramente convexa) – formada pelo átrio direito e estende-se entre a VCS e VCI; Carla Bertelli – Medicina 10 2. Margem inferior (quase horizontal) – formada principalmente pelo ventrículo direito e pequena parte pelo ventrículo esquerdo; 3. Margem Esquerda (oblíqua, quase vertical) – formada principalmente pelo ventrículo esquerdo e pequena parte pela aurícula esquerda; 4. Margem Superior – Formada pelos átrios e aurículas direita e esquerda em vista anterior; a parte ascendente da aorta e o tronco pulmonar emergem dessa margem e a VCS entra no seu lado direito. Posteriormente à aorta e ao tronco pulmonar e anteriormente à VCS, essa margem forma o limite inferior do seio transverso do pericárdio. O tronco pulmonar é a continuação arterial do ventrículo direito e divide-se em artérias pulmonares direita e esquerda. O tronco e as artérias pulmonares conduzem o sangue pouco oxigenado para oxigenação nos pulmões. 5. Átrio Direito O átrio direito forma a margem direita do coração e recebe o sangue venoso da VCS, VCI e seio coronário. A aurícula direita, semelhante a uma orelha, é uma bolsa muscular cônica que se projeta do átrio direito como uma câmara adicional, aumenta a capacidade do átrio e se superpõe à parte ascendente da aorta. O interior do átrio direito apresenta: ✓ Uma parte posterior lisa, de paredes finas (o seio das veias cavas), onde se abrem as veias cavas e o seio coronário, que trazem sangue pouco oxigenado; ✓ Uma parede anterior muscular, rugosa, formada pelos músculos pectíneos; ✓ Um óstio AV direito, através do qual o átrio direito transfere para o ventrículo direito o sangue pouco oxigenado que recebeu. As partes lisa e áspera atrial são separadas externamente pelo sulco terminal e internamente pela crista terminal. A VCS se abre na parte superior do átrio direito no nível da 3° cartilagem costal direita. A VCI se abre na parte inferior do átrio direito quase alinhada com s VCS, no nível aproximado da 5° cartilagem costal. Carla Bertelli – Medicina11 O átrio direito é uma câmera que recebe sangue de diversas partes do corpo, exceto os pulmões. Nele desembocam três veias: veia cava superior, veia cava inferior e seio coronário. O ventrículo direito comunica-se com o átrio direito e dele parte a artéria pulmonar, que leva sangue aos pulmões. 6. Ventrículo Direito O ventrículo direito forma a maior parte da face esternocostal do coração, uma pequena parte da face diafragmática e quase toda a margem inferior do coração. No ventrículo direito existem elevações musculares irregulares (trabéculas cárneas) em sua face interna. A crista supraventricular separa a parede muscular rugosa na parte de entrada da câmara da parede lisa do cone arterial, ou parte da saída. A parte de entrada do ventrículo recebe sangue do átrio direito através do óstio AV direito (tricúspide), localizado posteriormente ao corpo do esterno no nível 4 e 5. A valva atrioventricular direita (tricúspide) protege o óstio AV direito. O anel fibroso mantém o calibre óstio constante (suficientemente grande para permitir a passagem das pontas de três dedos), resistindo à dilatação que poderia resultar da passagem de sangue através dele com pressões variadas. A valva atrioventricular direita (tricúspide) protege o óstio AV direito. As bases das válvulas estão fixadas no anel fibroso ao redor do óstio. Carla Bertelli – Medicina 12 Três músculos papilares no ventrículo direito correspondem às válvulas da valva atrioventricular direita: 1. Músculo papilar anterior – o maior e mais proeminente, origina-se da parede anterior do ventrículo direito, suas cordas tendíneas se fixam nas válvulas anterior e posterior da valva atrioventricular direita; 2. Músculo papilar posterior – origina-se da parede inferior do ventrículo direito, e suas cordas tendíneas se fixam nas válvulas posterior e septal da valva atrioventricular direita; 3. Músculo papilar septal – originam-se do septo interventricular, e suas cordas tendíneas se fixam às válvulas anterior e septal da valva atrioventricular direita. O septo interventricular (SIV), composto pelas partes muscular e membranácea, é uma divisória oblíqua forte entre os ventrículos direito e esquerdo, formando partes das paredes de cada um. O átrio direito se contrai quando o ventrículo direito está vazio e relaxado, assim, o sangue é forçado a passar através desse orifício para o ventrículo direito, afastando as válvulas da valva atrioventricular direita como cortinas. A entrada de sangue no ventrículo direito (via de entrada) ocorre posteriormente e quando o ventrículo se contrai, a saída de sangue para o tronco pulmonar (via de saída) ocorre superiormente e para a esquerda. Consequentemente, o sangue faz um trajeto em formato de U no ventrículo direito, mudando de direção em cerca de 140°. Essa mudança de direção é acomodada pela crista supraventricular, que direciona o fluxo de entrada para a cavidade principal do ventrículo e o fluxo de saída para o cone arterial em direção ao óstio do tronco pulmonar. O óstio de entrada (AV) e o óstio de saída (pulmonar) estão distantes cerca de 2cm. O ventrículo direito coleta sangue desoxigenado do átrio direito, conforme a valva tricúspide se relaxa, bombeando-o com contrações rítmicas em direção ao tronco pulmonar através da valva pulmonar localizada em seu teto. O sangue então passa para a artéria pulmonar e para o interior dos pulmões. 7. Átrio Esquerdo O átrio esquerdo forma a maior parte da base do coração. Os pares de veias pulmonares direita e esquerda, avalvulares, entram no átrio de paredes finas. O interior do átrio esquerdo apresenta: ✓ Uma parte maior como paredes lisas e uma aurícula muscular Carla Bertelli – Medicina 13 menor, contendo músculos pectíneos; ✓ Quatro veias pulmonares (duas superiores e duas inferiores) que entram em sua parede posterior lisa; ✓ Uma parede ligeiramente mais espessa do que a do átrio direito; ✓ Um septo interatrial que se inclina posteriormente e para a direita; ✓ Um óstio AV esquerdo através do qual o átrio esquerdo transfere o sangue oxigenado que recebe das veias pulmonares para o ventrículo esquerdo. O átrio esquerdo é responsável por coletar o sangue oxigenado que volta ao coração pelas veias pulmonares. Ele passa esse volume sanguíneo ao ventrículo esquerdo, no momento em que o átrio se contrai e a valva mitral se abre. 8. Ventrículo Esquerdo O ventrículo esquerdo forma o ápice do coração, quase toda sua face esquerda (pulmonar) e margem esquerda e a maior parte diafragmática. Como a pressão arterial é muito maior na circulação sistêmica do que na circulação pulmonar, o ventrículo esquerdo trabalha mais do que o direito. O interior do ventrículo esquerdo apresenta: ✓ Paredes 2/3x mais espessas do que o ventrículo direito; ✓ Paredes cobertas principalmente por uma tela de trabéculas cárneas que são mais finas e mais numerosas do que as do ventrículo direito; Carla Bertelli – Medicina 14 ✓ Uma cavidade cônica mais longa do que a do ventrículo direito; ✓ Músculos papilares anteriores e posteriores maiores do que o ventrículo direito; ✓ Uma parte de saída, superoanterior, não muscular, de parede lisa, o vestíbulo da aorta, levando ao óstio da aorta e à valva da aorta; ✓ Uma valva atrioventricular esquerda com duas válvulas que guarda o óstio AV esquerdo; ✓ Um óstio da aorta situado em sua parte posterossuperior direita e circundada por um anel fibroso ao qual estão fixadas as válvulas direita, posterior e esquerda da valva da aorta, a parte ascendente da aorta começa no óstio da aorta. A valva atrioventricular esquerda (mitral) tem duas válvulas, anterior e posterior. A valva atrioventricular esquerda está localizada posteriormente ao esterno, nível da 4° cartilagem costal. Cada uma de suas válvulas recebe cordas tendíneas de mais de um músculo papilar. Esses músculos e suas cordas sustentam a valva atrioventricular esquerda, permitindo que as válvulas resistam à pressão gerada durante contrações (bombeamento) do ventrículo esquerdo. As cordas tendíneas tornam-se tensas logo antes e durante a sístole, impedindo que as válvulas sejam empurradas para o átrio esquerdo. Enquanto atravessa o ventrículo esquerdo, a corrente sanguínea sofre 2 mudanças de trajeto perpendiculares que, juntas, resultam em mudança de direção de 180°. Essa inversão de fluxo ocorre ao redor da válvula anterior da valva atrioventricular esquerda. O ventrículo esquerdo é a membrana cardíaca que bombeia o sangue ao corpo para fornecer as necessidades de todos os tecidos e pilhas no corpo. O ventrículo direito é a câmara esse sangue das bombas aos pulmões para renovar seu índice de oxigênio. Carla Bertelli – Medicina 15 O principal tecido na parede do coração é o tecido muscular cardíaco. Embora seja estriado, como o músculo esquelético, sua atividade é involuntária. Além disso, determinadas fibras musculares cardíacas apresentam autorritimicidade e capacidade de gerar potenciais de ação espontâneos rapidamente. No coração, esses potenciais de ação produzem contração e relaxamento alternados das fibras musculares cardíacas. Comparadas com as fibras musculares esqueléticas, as fibras musculares cardíacas têm comprimento menor e são menos circulares no corte transversal. As fibras musculares cardíacas também exibem ramificação, o que lhes confere individualmente uma aparência de ‘’degrau de escada’’. Geralmente existe um núcleo centralmente localizado, emborauma célula ocasionalmente tenha 2 núcleos. As extremidades das fibras musculares cardíacas conectam-se às fibras vizinhas por meio de espessamentos transversais irregulares do sarcolema, referidos como discos intercalares. Os discos contêm desmossomos, que mantêm as fibras unidas, e junções comunicantes que permitem a propagação dos potenciais de ação de uma fibra muscular para a seguinte. O tecido muscular cardíaco possui endomísio mas não perimísio nem epimísio. As mitocôndrias são maiores e mais numerosas nas fibras musculares cardíacas do que nas esqueléticas. As fibras musculares cardíacas têm o mesmo arranjo de actina e de miosina e as mesmas bandas, linhas discos que as fibras esqueléticas. Em condições de repouso normais, o tecido muscular cardíaco contrai e relaxa aproximadamente 75x por minuto. Essa atividade rítmica contínua é uma diferença funcional importante entre Carla Bertelli – Medicina 16 os tecidos musculares cardíacos e esqueléticos. Outra diferença é a fonte de estimulação – O tecido muscular cardíaco se contrai sem estimulo hormonal ou nervosa extrínseca. Sua fonte de estimulação é uma rede de condução de fibras musculares cardíacas especializadas no interior do coração. A estimulação proveniente dos sistemas nervosos ou endócrino do corpo simplesmente faz com que as fibras condutoras aumentem ou diminuam a sua velocidade de descarga. O tecido muscular cardíaco permanece contraído 10 a 15 vezes mais do tempo que o tecido esquelético, dando tempo às câmaras do coração de relaxarem e se encherem com sangue entre as contrações. Esse padrão possibilita que a frequência cardíaca aumente significativamente, enquanto evita a tetania (contração contínua), que interromperia o fluxo sanguíneo no interior do coração. Assim como o músculo esquelético, as fibras musculares cardíacas sofrem hipertrofia em resposta do aumento na carga de trabalho. A isso se dá o nome de cardiomegalia fisiológica, e é o porquê de muitos atletas possuírem corações aumentados. A cardiomegalia patológica está relacionada com a cardiopatia significativa. Carla Bertelli – Medicina 17 A elevação da frequência cardíaca pode estar associada a vários fatores do cotidiano e da saúde. A prática de exercícios físicos, por exemplo, faz com que as frequências se elevem, assim como problemas de saúde como anemia, febre, hipertireoidismo e até mesmo o uso de medicamentos. Outros fatores associados a esse aumento são a genética, ansiedade, estresse, doenças cardíacas, excesso de álcool ou cafeína, drogas, tabagismo e hipoglicemia. Esse aumento é conhecido como taquicardia, um distúrbio no ritmo cardíaco que ocasiona a sensação de falha nos batimentos do coração. Já a bradicardia se caracteriza pelos batimentos mais lentos (em torno de 40 a 60 por minuto) e também pode ocasionar desconforto. As arritmias, caracterizadas pelas mudanças na frequência dos batimentos, na maioria das vezes acontecem de forma breve e não oferecem risco à saúde. Porém, se essa alteração começar a acontecer de forma constante é preciso estar ciente da necessidade de buscar apoio médico. As diferenças funcionais entre os dois componentes do sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático) induzem diferentes padrões de variabilidade do intervalo cardíaco e/ou da pressão arterial, que são evidenciadas quando essas variabilidades são avaliadas no domínio da frequência (análise espectral). Um grande número de estudos em humanos ou animais de experimentação tem mostrado que as influências simpáticas e parassimpáticas sobre o coração e os vasos levam a padrões de Carla Bertelli – Medicina 18 variabilidade rítmica de baixa e alta frequências, respectivamente. Por isso é expressa em BPM (batimentos por minuto). A frequência cardíaca pode variar muito, mas normalmente situa-se entre 60 bpm e 100 bpm num indivíduo em repouso ou atividades habituais Carla Bertelli – Medicina 19 Carla Bertelli – Medicina 20 Sístole e Diástole – A contração ventricular é conhecida como sístole e nela ocorre o esvaziamento dos ventrículos. O relaxamento ventricular é conhecido como diástole e é nessa fase que os ventrículos recebem sangue dos átrios. A válvula tricúspide, ou valva tricúspide, ou valva atrioventricular direita, encontra-se no lado dorsal direito do coração dos mamíferos, entre o átrio direito ou aurícula direita e o ventrículo direito. A função da válvula é impedir o refluxo do sangue do ventrículo direito para o átrio direito. Válvula mitral, valva mitral, válvula bicúspide ou valva atrioventricular esquerda é a valva cardíaca que separa o átrio esquerdo (aurícula esquerda) do ventrículo esquerdo, impedindo que o sangue recue para a aurícula após ser bombeado desta para o ventrículo. Carla Bertelli – Medicina 21 Referências Moore, Keith L.; DALLEY, Arthur F.. Anatomia orientada para a clínica. 6 ed. Rio De Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 2011. TORTORA, G. J. Princípios de anatomia humana. 12ª. edição. Guanabara Koogan . Rio de Janeiro, 2013. WURZINGER, L. J. ET AL. Anatomia.
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