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Psicologia e Comportamento Organizacional Aula 4 Professores Fernando Eduardo Mesadri e Neusa Vitola Pasetto CONVERSA INICIAL Olá! Seja bem-vindo a mais uma aula da disciplina Psicologia e Comportamento Organizacional. O tema de hoje será a retenção de pessoas, portanto, abordaremos os seguintes tópicos: Liderança Grupos e Equipes Conflitos Organizacionais Mediação e Negociação Queixas no contexto do trabalho Para uma apresentação da aula de hoje, assista ao vídeo no qual a professora Neusa fala um pouco sobre os tópicos que serão abordados. Acesse o material on-line! CONTEXTUALIZANDO Conforme já dissemos anteriormente, hoje estudaremos a retenção de pessoas. No entanto, o que significa o termo “retenção”? No termo amplo, “retenção” quando extraída do dicionário significa: “Ato ou efeito de reter-se. Atraso, retardamento, demora, detenção, cárcere privado, conservação da posse de uma coisa alheia para garantir um direito próprio”. Será que é esse o significado que queremos abordar na rota retenção de pessoas? É claro que não! Retenção de pessoas é uma política de Recursos Humanos: são aquelas ações que as organizações tomarão para que os seus talentos sejam mantidos dentro do seu ambiente organizacional por uma decisão pessoal, ou seja, os empregados querem permanecer de forma voluntária naquele contexto, ou por estarem satisfeitos com aquilo que fazem, como também com a dinâmica do seu grupo de trabalho e, por que não dizer, com a sua gestão. Sabemos que uma boa gestão é aquela que surpreende positivamente, que avalia justamente, que premia de forma equitativa, acompanha, alia objetivos, reconhece, está junto na dificuldade e nas vitórias da equipe. Vocês percebem que estamos falando do líder? Nesta aula, falaremos inicialmente sobre o líder, quem esse profissional é e quais são as suas características. Passaremos pelas diversas teorias e concluiremos que a liderança é uma capacidade que pode e deve ser desenvolvida nos gestores. Em seguida, falaremos sobre os grupos e as equipes de trabalho. Vocês verão quanta diferença existe entre uma porção de pessoas juntas com uma porção de pessoas juntas trabalhando. Trataremos dos conflitos e daremos um foco especial a eles, pois, em primeira instância ou em um primeiro olhar, são eles que acabam tornando os grupos improdutivos. Portanto, falaremos sobre os tipos de conflitos, como eles são tratados nos diversos tipos de culturas organizacionais. Depois, veremos o conceito de mediação e como desempenhar o papel de mediador e, por último, abordaremos as técnicas para lidar com as queixas no ambiente de trabalho. Todos esses assuntos são de suma importância para o nosso desenvolvimento tanto na relação com nossos colegas de trabalho, quanto com nossos superiores e também com nossos subordinados. Vocês verão que se tivermos um bom grupo de trabalho, uma boa liderança, políticas claras para lidar com queixas e com os conflitos quando surgem, estaremos aplicando ações que terminarão na retenção dos talentos. Então vamos partir para o estudo? No vídeo disponível no material on-line, a professora Neusa Pasetto fala um pouco mais sobre as propostas desta aula. Assista com atenção! PROBLEMATIZAÇÃO Coloque-se na seguinte posição: você é o Gestor da área de manutenção mecânica e tendo 30 pessoas sob a sua subordinação nos mais diversos cargos (auxiliares de mecânicos, mecânicos, estagiários do curso Técnico de Mecânica e Engenharia, Aprendizes do Senai, Técnicos Mecânicos e Engenheiros Mecânicos). Isso implica a você lidar cotidianamente com os mais diversos perfis profissionais. Reflexão: esta área da empresa vive em constante pressão por entregas, prazos, custos e resultados imediatos. Sendo assim, elenque suas características de liderança que o permitem atingir os objetivos operacionais e sociais da sua área, além de listar as queixas mais frequentes com as quais um tipo de gestor de uma área específica de manutenção se depara. No vídeo disponível no material on-line, a professora Neusa Pasetto fala um pouco mais sobre o que será estudado nesta aula. Assista com atenção! LIDERANÇA O tema liderança vem sendo muito discutido na atualidade, especialmente em função dos desafios organizacionais e do preparo (qualificação) dos profissionais que assumem esta posição nas organizações. Arrisca-se a dizer que as empresas carecem de líderes e aqueles que desenvolvem essa habilidade em sua plenitude terão empregos garantidos. Geralmente o que se vê é a ascensão de profissionais com muita experiência técnica à posição de liderança com pouquíssimas condições de gerir pessoas. A liderança é um conceito trabalhado há muito tempo no ambiente das organizações e também no acadêmico. Os teóricos constataram que a liderança não possui em sua essência um caráter genético, ou seja, nenhum líder nasce pronto, contudo esta é uma capacidade que pode ser desenvolvida. O líder é aquele indivíduo que consegue influenciar as pessoas que estão sob sua supervisão para que atinjam os resultados esperados, acreditando que os objetivos não são do líder, mas sim dos componentes das equipes de trabalho. Sob essa perspectiva, Lacombe (2004), citado por Lotz e Gramms (2012), nos diz que: Liderar é conduzir um grupo de pessoas, influenciando seus comportamentos e suas ações, para atingir objetivos e metas de interesse comum desse grupo, de acordo com uma visão do futuro baseada em um conjunto coerente de ideias e princípios. Já para Vecchio (2008), a liderança pode ser definida como um processo pelo qual uma pessoa tenta levar os membros de uma organização a fazerem algo que ela deseja. Acrescenta ainda esse mesmo autor que “liderança é a influência incremental, ou adicional, que uma pessoa detém além de sua autoridade formal”. Pode-se entender então que a liderança decorre de um processo de influência por parte de uma pessoa sobre outra ou outras. Uma liderança competente é aquela que possui em torno de si pessoas que foram formadas para exercerem a liderança em situações que são necessárias. Procuram estimular as pessoas a buscar o autoconhecimento, a terem comportamentos que possam despertar nelas o líder que habita em cada um e que com ele se relaciona e por isso tem por incumbência a formação de novos líderes. A seguir, vamos abordar as principais teorias de liderança, a saber: a teoria dos traços, a teoria comportamental, a teoria dos três estilos e a teoria contingencial ou situacional. A teoria dos traços revela que o perfil de liderança é composto por traços de personalidade, características físicas, sociais e intelectuais, esses atributos é o que fazem essas pessoas se diferenciarem das demais. Já a teoria comportamental diz respeito a condicionamentos comportamentais onde a liderança poderá ser aprendida e determinados traços poderão ser treinados até o ponto de serem efetivados. A teoria mais conhecida é a dos três estilos, o autocrático, o democrático e liberal. A liderança autocrática é centralizadora das decisões; praticamente há pouca liberdade de escolha para os subordinados; é dominadora e espera que aqueles que o seguem o façam de forma plena e obediente. O líder democrático busca atuar como um facilitador interagindo bem com os grupos e pessoas, coordenando e auxiliando-os a resolver os problemas que surgem com ideias e sugestões. Em geral, sob este tipo de liderança os grupos sentem-se mais comprometidos e satisfeitos. O estilo de liderança liberal possibilitaa liberdade para tomada de decisões por parte dos liderados, sendo que a sua participação se dá somente quando é solicitado. Neste tipo de liderança impera o individualismo, já que o líder não interfere sobremaneira nas atividades e decisões do grupo deixando as coisas acontecerem naturalmente. A teoria contingencial possui seu foco voltado para as situações cotidianas onde é possível surgir o líder; a experiência que ele detém frente à situação vivida determina a liderança. Em meio a tantos desafios globais, o exercício da liderança exige novos modelos de gerir pessoas particularmente no interior das organizações, com o intuito de possibilitar o engajamento dos profissionais para o cumprimento de metas e objetivos de interesse coletivo das organizações. Conforme Certo (2003, p. 331-333), citado por Persico (2012), nos fala que o estudo da liderança contemporânea versa sobre os seguintes tipos de líderes: O Transformacional: estabelece a noção de dever no interior da organização, procurando novas formas para abordagem e resolução de problemas de maneira que a aprendizagem possa existir para todos os componentes da organização. O Servidor: este tipo de liderança propõe que o líder exercite a humildade realizando as mesmas tarefas atribuídas ao grupo por ele coordenado, buscando valorizar o desempenho sem o uso do poder e sim da autoridade, pois o poder deverá ser compartilhado em prol do bem-estar de todos e imbuído de amor e abnegação. O Líder Coach: o termo coach, que provém do inglês e significa “treinador/técnico”, visa identificar comportamentos que não são adequados, promovendo correções e orientações para a adoção de novas posturas profissionais por parte dos liderados. O Líder Empreendedor: o líder adota uma atitude como se fosse o proprietário da organização, comportando-se de forma a assumir os erros e acertos da mesma. O Superlíder: consiste em uma liderança que promove a autonomia, ou seja, procura fazer com que o liderado aja por conta própria. Caso haja sucesso por parte deste tipo de liderança, por consequência serão desenvolvidos seguidores que trabalharam de forma bem produtiva e necessitaram o mínimo de atenção desta liderança. Não iremos trabalhar neste momento as características destes lideres propositalmente, pois vocês aprofundarão esse conhecimento na leitura obrigatória. Poder e autoridade na liderança Não é possível dissociar liderança de poder. O poder sempre está junto à liderança, mas para compreender melhor essa relação vamos definir o que é o poder segundo Morgan (1996). Para ele, “poder é o meio por meio do qual os conflitos de interesses são, afinal, resolvidos. O poder influencia quem consegue o quê, quando e como”. O que se encontra na base da liderança é o poder, não há como influenciar alguém se não exercer poder sobre ele. Caso uma pessoa possua bens, propriedades ou riqueza, ela pode promover a submissão daquelas pessoas desprovidas de tal condição, ou seja, todos esses itens atribuem ao sujeito um aspecto de autoridade, uma firmeza de propósito, que poderá induzir à uma submissão condicionada. Quando um grupo de pessoas se encontra organizado em torno de um determinado propósito comum, possuirá o “poder para fazer”, e isso pode mudar de acordo com os interesses de seus componentes, sendo o caso de uma comunidade que luta por seus direitos. Para entender como o poder opera, apresentamos as cinco bases do poder propostas por French e Raven (1959), são elas: Poder coercitivo: é o mais aplicado e conhecido, pois a base do poder coercitivo é a punição, as sanções atribuídas são físicas e psicológicas e o medo é componente que age sobre quem se subordina a esse tipo de poder. Poder de recompensa: refere-se à capacidade para conceder ou retirar benefícios. Quando um superior possui o poder de tirar algo de valor negativo ou dar algo de valor positivo para seu subordinado, está sendo utilizado o poder de recompensa. Poder legítimo: trata-se do poder que é aceito por uma questão de hierarquia. O poder é estabelecido pelo organograma e a influência é exercida pela nomenclatura do cargo. Um comandante do exército é obedecido por meio do poder do cargo ao qual foi nomeado. Poder de competência: esse poder que está atrelado ao conhecimento que detêm os especialistas. Na atualidade, esse tipo de poder é muito valorizado, pois a tecnologia e a especialização são cada vez mais exigidas, tornando-se um diferencial. Poder de referência: tal poder reside na admiração que os subordinados possuem em relação ao líder, as pessoas desejam ser como ele. Dentro das organizações, aqueles que possuem carisma a ponto de os demais modelarem seus comportamentos e suas atitudes para serem parecidos com eles estão exercendo o poder de referência. Já a autoridade formal se baseia em um tipo de poder que se fundamenta na posição hierárquica ocupada pela pessoa. Entretanto, não existe somente a autoridade formal, mas a “capacidade ou poder de alguém para tomar decisões e agir para implementá-las” (LACOMBE, 2004). Max Weber (1954) classifica três tipos de autoridade, a saber: Autoridade tradicional: a qual se baseia nas tradições, crenças e costumes de que a figura do pai de família era tido como o exemplo de autoridade tradicional na época em que era o “todo poderoso”, sendo a mulher submissa a ele, o que, felizmente, não condiz mais com a realidade de hoje. Autoridade carismática: diz respeito ao poder pessoal, manifestando- se por intermédio das competências individuais, como por exemplo, a figura do herói ou heroína. Autoridade racional-legal: a aceitação deste tipo de autoridade se dá por meio de normas e regulamentos definidos de maneira coerente, tendo como exemplo as organizações militares as quais são reconhecidas pela obediência, regras e punições que são concedidas a todos àqueles que infringirem as mesmas. Podemos perceber que toda autoridade envolve o poder e esse poder é legítimo e visa o cumprimento de metas e propósitos organizacionais. Vale destacar que é fundamental que os gestores se apropriem da amplitude de seu poder sobre seus subordinados e ajam de acordo com a responsabilidade que tal poder proporciona. Assistam ao vídeo a seguir e escrevam um paper que aborde os estilos de liderança contemporânea e quais os possíveis desafios que esses líderes enfrentarão nas organizações futuras. https://www.youtube.com/watch?v=7GNmqYt4bKM A professora Neusa Pasetto traz mais informações sobre os conteúdos estudados até aqui. Assista ao vídeo que está disponível no material on-line e tire as dúvidas que possam ter surgido! GRUPOS E EQUIPES DE TRABALHO Podemos verificar no estudo da liderança feito anteriormente que o líder se encontra em interação direta com os seus liderados. É claro que esses liderados estão inseridos em um grupo denominado Grupo de Trabalho. Grupos e equipes dizem respeito à mesma coisa? No senso comum, as pessoas tendem a se referir aos “grupos” como sendo “equipes”, quando na realidade trata-se apenas de uma porção de pessoas trabalhando ao mesmo tempo. Porém não é tão fácil assim que estabeleçamos parâmetros precisos em relação a essa distinção. Baseados nos estudos de especialistas pode-se afirmar que uma equipe é um grupo que qualificou o seu funcionamento. Continue a leitura para entender melhor esses conceitos! A pergunta então se faz: quando um grupo qualifica o seu funcionamento? Antes de respondermos a essa pergunta, faz-se necessário definir o que é um grupo e o que é uma equipe detrabalho. GRUPO: é definido como dois ou mais indivíduos, interagindo e interdependentes, que se juntaram para atingir objetivos particulares. EQUIPE: trata-se de um grupo de pessoas conscientes uns dos outros, que conhecem suas habilidades e competências e se uniram para atingir objetivos comuns. A equipe qualificou o seu funcionamento. Segundo Fela Moscovici (1999), um grupo se transforma em equipe quando: um ponto fundamental para o entendimento dos grupos de trabalho é compreendermos o seu funcionamento. Um aspecto de suma importância é entender as pessoas que os compõem e suas interações, os eventos e as consequências surgidas deste processo de interação. Não podemos nos esquecer da estrutura e do ambiente nos quais estes grupos se encontram inseridos. a. Compreende seus objetivos e está engajado em alcançá-los, de forma compartilhada; b. A comunicação entre os membros é verdadeira, opiniões divergentes são estimuladas; c. A confiança é grande, assumem-se riscos; d. As habilidades complementares dos membros possibilitam alcançar resultados; e. Os objetivos compartilhados determinam seu propósito e direção; f. Respeito, mente aberta e cooperação são elevados; g. O grupo investe constantemente em seu próprio crescimento. Para proceder a uma análise do funcionamento dos grupos se faz necessário estudar os seguintes componentes: objetivos, motivação, comunicação, processo decisório, relacionamento, liderança e inovação. Devemos lembrar que no interior dos grupos existem forças antagônicas. Umas agem favoravelmente para o seu progresso e outras que contribuem para promover dificuldades ou até mesmo o seu retrocesso no processo evolutivo, e outras ainda fortalecem a manutenção do status quo1. Iremos agora detalhar cada um dos componentes do funcionamento do grupo, que devem ser observados pelos gestores para saber se esse grupo possui um processo funcional ou disfuncional, a saber: Objetivos: os integrantes do grupo compartilham objetivos comuns e estes são entendidos, compreendidos e aceitos por todos. Esses mesmos integrantes expressam ações no sentido de compatibilizar seus interesses individuais com os interesses coletivos. Motivação: os integrantes demonstram interesse e entusiasmo pelas atividades desenvolvidas. A energia individual é aplicada no grupo, através do deslocamento de um tempo efetivamente dedicado ao mesmo de forma espontânea e participativa, envolvendo-se para resolver os problemas e as preocupações que afligem o grupo. Comunicação: a comunicação acontece com espontaneidade, evitando-se bloqueios ou receios de falar o que se pensa. Os integrantes preocupam-se em transmitir a mensagem de forma clara, solicitando e dando feedback mutuamente, evitando as distorções no processo de comunicar. Processo decisório: cabe analisar como efetivamente acontece esse processo se a decisão é socializada entre os membros ou é praticada de maneira unilateral por quem detém o poder (legítimo). A forma de decisão mais usual acontece por votação da maioria ou é uma minoria que decide pela maioria, por eles não manifestarem a sua vontade. Relacionamento: as relações entre os membros do grupo mostram-se verdadeiramente harmoniosas, propícias à cooperação, prevalecendo a cordialidade, a afetividade, e a integração, o que faz com que esse grupo aja de forma coesa. Ou, ao contrário, as relações se dão de forma apenas superficiais, mostrando no seu âmago a competição e também uma sucessão de conflitos que poderão levá-los à desintegração deste grupo. 1 Status quo: palavra de origem Latina que significa manter-se em posição anterior. Liderança: o poder é distribuído entre os membros do grupo ou existe um membro que centraliza o poder. Importante verificar qual é o estilo desta liderança, quem a exerce e em que circunstâncias ela se apresenta. Na análise de um grupo há que se ter um entendimento sobre as razões pelas quais os indivíduos se uniram em grupos, a seguir apresentamos as principais (ROBBINS, 1999, P.153): SEGURANÇA: juntando-se a um grupo, os indivíduos podem reduzir a insegurança de “estar sozinho”. As pessoas sentem-se mais fortes, têm menos dúvidas sobre si mesmas e são mais resistentes a ameaças quando elas são parte de um grupo. STATUS: a inclusão num grupo que é visto como importante por outros proporciona reconhecimento e status para seus membros. AUTOESTIMA: grupos podem proporcionar às pessoas sentimentos de valor próprio. Isto é, além de transmitir status aos de fora do grupo, a filiação pode também dar sensações crescentes de valor aos próprios membros do grupo. AFILIAÇÃO: grupos podem preencher necessidades sociais. As pessoas gostam da interação regular que vem com a associação ao grupo. Para muitas pessoas, essas interações no trabalho são a fonte principal de preenchimento de suas necessidades de afiliação. PODER: o que não pode ser atingido individualmente na maioria das vezes se torna possível através da ação de grupo. Há poder em números. REALIZAÇÃO DE OBJETIVOS: existem momentos em que é preciso mais do que uma pessoa para atingir uma tarefa especial – há uma necessidade de combinação de talentos, conhecimento ou poder a fim de completar um trabalho. Nesses momentos, a administração se baseará no uso de um grupo formal. Um estudo realizado na década de 60, pelos autores Tuckman, Jensen e Maples2, aborda que os grupos passam por cinco estágios. Abaixo será mostrada a sequência desenvolvida por esses autores: 1º Estágio – FORMAÇÃO: neste estágio, o grupo tem dúvidas e incerteza quanto ao objetivo, à estrutura, bem como sobre quem exerce a sua liderança. Os membros ainda estão tentando compreender que tipos de comportamento são aceitáveis ou não no grupo. 2º Estágio – TEMPESTADE: neste estágio, permanece a dúvida de quem irá controlar o grupo. Percebe-se a existência de conflitos entre os membros. O grupo se enxerga como grupo, mas ainda resistem às imposições restritivas à individualidade. Ao término deste estágio, os componentes terão clareza de uma hierarquia de liderança que se estabeleceu. 3º Estágio – NORMATIZAÇÃO: neste estágio surge a coesão do grupo através do sentimento de pertença e de identidade; as pessoas se reconhecem como integrantes e desenvolvem relacionamentos mais próximos e baseados na camaradagem. Neste momento, o grupo assimilou as regras e os valores que compõem a base da forma correta de ser, de pensar e de agir. 4º Estágio – DESEMPENHO: neste estágio, o grupo funciona e a estrutura está totalmente aceita pelos seus membros. Estes já não gastam energia para conhecimento mútuo, esta fase já se encontra consolidada. A energia do grupo é gasta apenas para o desempenho da tarefa. Para grupos de trabalho permanentes, desempenho é o último estágio de seu desenvolvimento. Já os grupos temporários a cabo da tarefa, irão romper com o grupo. 5º Estágio – SUSPENSÃO: neste estágio, o grupo prepara-se para o rompimento das relações de trabalho, ou seja, para a separação. As respostas frente ao processo de separação podem ser as mais 2 B. W. Tuckman, “Developmental Sequences in Small Groups”, Psychological Bulletin, June 1965, pp. 384-99; B W. Tuckman and M. C. Jensen, “Stages of Small-Group Development Revisited”, Group and Organizational Studies, December 1977, pp. 419-27; and M. F. MAPLES. “Group Development: Extending Tuckma’s Theory”, Journal for Specialistis in Group Work, Fall, 1988, pp. 17-23. variadas possíveis, dependendo dos traços de personalidade dos integrantes. Uns podem estar satisfeitos com os resultadosobtidos e outros, no entanto, lamentando-se pela perda do contato cotidiano com seus colegas. Nos dias de hoje, é de suma importância que o gestor se aproprie do desenvolvimento das pessoas, promovendo um ambiente que privilegie o crescimento pessoal e profissional dos membros que compõem a sua equipe de trabalho. Para tanto, deverá estar disposto a oferecer oportunidades, recursos de toda ordem e apoio necessário para que isso ocorra, e imprimir um modelo para avaliar os aspectos positivos e negativos da sua unidade de trabalho de modo a aperfeiçoar o desempenho. Uma equipe bem preparada é o reflexo de uma construção coletiva entre líder e liderados, na qual se contempla um ambiente favorável a fornecer estímulo ao reconhecimento e a atribuição de recompensas ao empenho e sucesso atingido. Trata-se, portanto, de um trabalho contínuo por parte daquele que empreende uma carreira voltada para gerir pessoas. As tarefas que lhe são atribuídas e os resultados coletivos que se espera atingir em prol de um bem maior é o atingimento dos objetivos da organização. Leitura obrigatória Com o objetivo de ampliar os conhecimentos sobre Grupos e Equipes, indicamos a leitura do artigo intitulado Equipe, grupo ou... o quê?: possibilidades relativas ao coletivo no trabalho imaterial, das autoras Lílian Weber E Carmem Ligia Iochins Grisci. http://www.anpad.org.br/admin/pdf/gpr1934.pdf Saiba Mais Assistam ao vídeo abaixo e relacionem as características pertencentes ao grupo de trabalho do qual você já esteve inserido, procurando trocar ideias e sugestões com seu colega de turma quanto às dificuldades e benefícios de um Gestor ao gerir equipes de trabalho. https://www.youtube.com/watch?v=8SHHtys5a0g Não deixe de assistir às explicações dos professores Fernando Eduardo e Neusa Pasetto, no vídeo que está disponível no material on-line. CONFLITOS ORGANIZACIONAIS Vimos nos temas anteriores sobre os grupos, as equipes de trabalho e a liderança. Ficou claro que, para que um grupo passe a funcionar como uma equipe, precisa qualificar o seu funcionamento e para tanto deve reconhecer a sua liderança e reconhecer que os membros possuem habilidades, pensamentos e competências diferentes. Precisam também saber que os conflitos fazem parte das relações humanas e são necessários para que haja uma discussão de ideias que culmina no consenso ou na concordância. Então precisamos entender o que é o conflito, em especial o conflito que se estabelece dentro das organizações, como ele se inicia, quem são os protagonistas, qual o papel do gestor no manejo dos mesmos. São várias as definições de conflito que foram elaboradas por diversos autores. Vamos conhecer algumas: Para Wagner e Hollenbeck (2009), o conflito é a oposição e o confronto que ocorrem entre pessoas e grupos nas organizações quando as partes buscam o cumprimento de metas e objetivos, impedindo o avanço das metas e objetivos de outras pessoas ou grupos. Para Stephen Robbins (2004), o conflito é a execução intencional de esforços de um indivíduo (A) com intuito de impedir através de ações contrárias os esforços de outro indivíduo (B), impedindo assim a consecução de suas tarefas ou metas. Já Chiavenatto (2009) define conflito como: reações obtidas da interação entre os diferentes pensamentos, estilos, desejos e ambições. É uma discussão e uma competição que está ligada no processo de junção dessas diferenças. Para Dilts (2008) apud Lotz e Gramms (2012), o conflito é definido como um estado de desarmonia entre pessoas, ideias ou interesses incompatíveis ou opostos. Explica Moscovici (2008) que as pessoas percebem, pensam, sentem e agem de maneira distinta e dessas percepções singulares é que surgem os conflitos. Essa autora vai além, dizendo-nos que, na medida em que essas diferenças comportamentais se confrontam e demandam enfrentamento, estabelece-se o conflito. A princípio, nos diz ela, essas diferenças não podem ser consideradas boas ou más, pois propiciam grande riqueza de possibilidades, de formas de reagir a situações e problemas. Machado (2007, p. 49) afirma que: Conflitos fazem parte da vida pessoal e profissional. Mesmo que não ocorram diariamente, eles podem surgir com frequência e, por esse motivo, é preciso descobrir a melhor maneira de lidar com eles, em vez de simplesmente esperar que desapareçam. Machado ainda cita Wisinski, o qual narra que no passado, o conflito nas organizações era interpretado como algo negativo, por isso era evitado a todo custo. Entretanto, em pleno século XXI, o conflito é interpretado de forma diferenciada. Ele deve ser encarado como algo normal e natural e que, quando bem administrado, pode trazer benefícios à organização. Para Wisinski apud Machado (2007, p. 52 e 53), existem dois tipos de conflitos no ambiente de trabalho: o interpessoal e o organizacional. Vamos então entender cada um deles: Conflito Interpessoal: ocorre quando duas pessoas possuem um ponto de vista diferenciado sobre determinado assunto devido às diferenças individuais e culturais. Podemos afirmar que é baseado no sistema de valores pessoais e individuais. A diferença dos valores pessoais é a geradora dos conflitos entre membros da equipe de trabalho. Conflito Organizacional: não é baseado no sistema de valores pessoais, é na verdade um produto de processos dinâmicos em constante modificação dentro de uma estrutura. Assim, Machado (2007) afirma que quando esses processos não recebem a devida atenção, pode ser deflagrado um conflito interpessoal. Importante os gestores estarem atentos para esses tipos de conflitos no ambiente organizacional, bem como para as fontes que geram os mesmos. As principais fontes geradoras de conflitos dentro das organizações são: a. As mudanças: tanto internas quanto externas. As internas seriam novas políticas, novos procedimentos operacionais, ingresso de novos integrantes nas equipes de trabalho, novas tecnologias, novas linhas de produto, novas gestões, novas áreas, novos supervisores. Podemos também ter mudanças externas, como novo governo, novas legislações municipal, estadual e federal, que levam a mudanças organizacionais. A globalização, novas tecnologias de comunicação, redistribuições do poder econômico. b. Metas e objetivos conflitantes: quando por um problema de comunicação, as metas e objetivos de um setor se chocam com o de outro setor ou outros setores. Assim, essa situação ocorre por falta de comunicação e de planejamento. c. Recursos limitados: essa limitação pode ser no número de empregados, no espaço, nos recursos financeiros, nos equipamentos, verbas etc. d. Efeito dominó: mais uma vez, esse é o resultado de uma comunicação e de um planejamento deficiente, no qual os setores terão uma interferência direta no setor do outro, causando um mal- estar geral, pois um setor interferirá negativamente nas atividades do outro setor. Após conhecermos os tipos de conflitos, observamos que é essencial para o gestor o desenvolvimento de sua capacidade de mediar conflitos. Essa capacidade será desenvolvida, ainda utilizando Machado (2007), por três grandes motivos: 1. Para gerenciar a mudança; 2. Para compreender as diferenças culturais; 3. Como estratégia, para fazer parte de equipes eficientes. Veremos no tema posterior como mediar os conflitos, mas, por ora, precisamos entender esse processo do conflito. Para isso contaremos com o autor base da nossa disciplina, Stephen Robbins, pois para mediarmos teremos que inicialmente reconhecê-los. Para Robbins, o processo do conflito contém cinco estágios. Vejamos:Estágio I: Oposição ou incompatibilidade potencial, cognição e personalização, intenções, comportamento e resultados Seriam aquelas condições que propiciam o surgimento dos conflitos. Elas não levam necessariamente ao conflito, mas, se por ventura ele surgir, uma dessas três condições terá que estar presente. As condições antecedentes são: comunicação, estrutura e variáveis pessoais. A comunicação pode representar as forças opostas que surgem de dificuldades semânticas, mal-entendidos e ruído nos canais de comunicação. O termo estrutura é usado para incluir variáveis como tamanho do grupo, grau de especialização nas tarefas designadas para os membros do grupo, clareza de autoridade, compatibilidade meta-membro, estilo de liderança, sistema de recompensas e o nível de dependência entre grupos. As variáveis pessoais incluem os sistemas de valores individuais que cada pessoa tem e as características de personalidade que respondem pelas idiossincrasias e diferenças individuais. Estágio II: Cognição e Personalização É nesse estágio que as questões do conflito são definidas. Esse é o lugar no processo onde as partes decidem sobre o que é o conflito. Aqui o conflito é percebido e aqui o conflito é também sentido. Quando o conflito é percebido, não significa que ele está personalizado, mas essa percepção é crítica porque a maneira como um conflito é definido percorre um longo caminho em direção a estabelecer os tipos de resultados que podem decidi- lo. Já quando o conflito é sentido é que os envolvidos sentem ansiedade, tensão, frustração ou hostilidade. Estágio III: Intenções Interferem nas percepções e emoções das pessoas e seus comportamentos abertos. Importante lembrar que muitos conflitos surgem simplesmente por uma das partes envolvidas ter atribuído intenções erradas à outra parte. Outra questão importante de ser posta é que o comportamento nem sempre reflete precisamente as intenções de uma pessoa. As pessoas, ao lidar com o conflito, podem ter a intenção de competir (procura satisfazer seus próprios interesses) ou de colaborar (resolver o problema esclarecendo as diferenças em vez de acomodar vários pontos de vista) ou de evitar (reconhece o conflito, mas quer retirar-se dele ou suprimi-lo) ou acomodar (busca apaziguar um oponente mesmo que tenha que sacrificar-se, colocando os interesses acima dos seus) e o compromissar-se (quando uma parte do conflito busca desistir de algo, ocorre a divisão, levando a um resultado comprometido). Há uma disposição para raciocinar o objeto do conflito e aceitar uma solução que forneça satisfação incompleta dos interesses de ambas as partes. Estágio IV: Comportamento Aqui o conflito se torna visível. Aparecem as declarações, ações e reações feitas pelas partes em conflito. Isto é, o conflito é aberto e aí temos o comportamento de uma parte e a reação da outra parte. Estágio V: Resultados Os conflitos podem ser destrutivos ou construtivos. O conflito é construtivo quando ele melhora a qualidade de decisões, estimula a criatividade e a inovação, estimula interesse e curiosidade entre os membros do grupo, fornece o meio pelo qual os problemas podem ser arejados e as tensões relaxadas e gera um ambiente de autoavaliação e mudança. As consequências destrutivas dos conflitos sobre o desempenho de um grupo ou organização são bem conhecidos e é por isso que agora vamos partir para o próximo tema que é como manejá-los e quais as técnicas que o gestor poderá lançar mão para administrá-los. Leitura obrigatória Leiam os seguintes assuntos: uma definição de conflito, transições nas ideias de conflito, a visão tradicional, a visão de relações humanas, a visão interacionista, conflitos funcionais versus disfuncionais, o processo do conflito do capítulo 12 - Conflito, Negociação e comportamento entre grupos, do livro Comportamento Organizacional de Stephen Robbins. Acesse a Biblioteca Virtual! Saiba mais sobre o assunto deste tema, assistindo ao vídeo que a professora Neusa Pasetto preparou para você! Acesse o material on-line! MEDIAÇÃO E NEGOCIAÇÃO Esse tema versará sobre a capacidade de mediar conflitos e sobre a negociação. É importante porque as negociações permeiam as interações em grupos e organizações no mundo. Para Martinelli e Almeida (2009), citados por Lotz e Gramms (2012), a mediação é uma intervenção pacífica que busca resolver um conflito por meio de um acordo, sendo que a solução é sugerida e, em hipótese alguma, imposta às partes. Ainda esses autores dizem que a mediação se baseia em regras preestabelecidas, segundo as quais o objetivo do mediador é auxiliar na busca de uma negociação eficaz que satisfaça às necessidades de ambas as partes. Ainda Lotz e Gramms citam Lima (1999, p. 12): “o mediador detém o controle do processo, não do resultado, uma vez que este depende inteiramente da decisão das partes envolvidas no conflito”. Para Deutsch (1969), citado por Moscovici (2008), as características da resolução produtiva de conflitos tendem a ser similares, no plano individual, aos processos envolvidos no pensamento criativo e, no plano social, aos processos envolvidos na resolução colaborativa de problemas em grupos. Wisinski, citado por Machado (2007), apresenta cinco métodos específico para administrar os conflitos. São eles: Competição: como o objetivo de ganhar, vencer o conflito a qualquer custo, essa relação é baseada no poder e no autoritarismo. Dependendo das estratégias escolhidas, pode haver a coerção. Como podemos perceber em uma primeira vista, esse estilo de negociação é inapropriado e inadequado, porém, é preciso que analisemos algumas questões referentes ao contexto e ao perfil dos indivíduos que estão envolvidos neste conflito. Vamos a algumas situações citadas por Machado (2007, p. 56): emergências, quando são fundamentais ações rápidas, quando é necessário implantar mudanças impopulares, após serem utilizados outros métodos sem sucesso, em relações de trabalho em que há uma atmosfera de desconfiança. O sucesso na utilização desta estratégia dependerá do diagnóstico do mediador e das habilidades de implantação da mesma, senão dificilmente se obterá bons resultados. Acomodação: essa estratégia é utilizada a fim de se evitar o conflito. Geralmente uma parte abre a mão de sua posição ou seu ponto de vista para aceitar a posição do outro. Um gestor com problemas de afirmação pode lançar mão frequentemente desta estratégia. Porém, precisamos avaliar a situação em que o conflito ocorre, pois muitas vezes este tipo de estratégia pode ser utilizado para evitar problemas maiores e, portanto, nessas ocasiões a estratégia passa a ser vantajosa. Como nos fala Machado (2007, p. 57), quando é importante preservar o relacionamento entre as partes, quando a liderança, em momentos de tensão, opta pelo bom senso para evitar situações críticas e também quando se quer que a equipe aprenda com o exemplo da liderança. Afastamento: este tipo de estratégia parece inapropriado, especialmente por nos remeter a um comportamento de fuga de uma situação de conflito, mas, pensem, podemos utilizar essa estratégia em um momento que requer ponderação e a razão acima da emoção. Existem situações em que se faz necessário um afastamento para analisarmos a situação de uma maneira racional e encontrarmos uma solução mais apropriada para depois voltarmos e retomarmos a mediação do conflito. Colaboração: é a estratégia considerada como aquela mais adequada, pois proporciona às partes que avaliem as discordâncias e as divergências e permite que as duas partes se mostrem interessadas nacontinuidade do relacionamento. Porém, para que haja colaboração é necessário que haja um clima de confiança e criatividade. Acordo: deixamos esta estratégia por último porque ela exige negociação, que será o nosso próximo assunto. Contudo, vamos entender por ora, como funciona essa estratégia. Envolvem revezamento, trocas e permite certa flexibilidade. Fala-nos Machado (2007, p. 58) que “Nesta estratégia é necessário estabelecer quais serão os limites. Preparar-se com antecedência e lembrar que o acordo é uma tentativa de chegar a um consenso, o que faz com que ambas as partes saiam ganhando”. A autora Caroselli (2009), no capítulo 9 do seu livro Relações pessoais no trabalho, aborda como lidar com conflitos e nos apresenta quatro tipos de instrumentos e técnicas. São elas: A técnica KIND, o resultado END, a abordagem AWE-FILL e as técnicas diversivas. Vamos entender cada uma delas. Técnica KIND Essa técnica pode ser utilizada principalmente nos conflitos que surgem nos níveis hierárquicos que se encontram abaixo ou no meio da pirâmide organizacional. As letras revelam: K = Gentil (Kind em inglês) I = Informado N = Novo D = Definitivo A técnica orienta o seguinte procedimento: primeiramente, marcar com a pessoa mais difícil envolvida no conflito. Na ocasião do encontro, colocar a sua determinação em resolver o conflito, utilizar palavras firmes, porém de forma gentil. Mostrar que alocou tempo para conhecer a situação e as pessoas envolvidas no conflito, em especial sobre ela, suas preferências no trabalho, coisas que lhe são importantes etc. Demonstre o quanto se informou a respeito. Depois disso, há necessidade de propor alguma coisa nova, ou seja, precisa ser algo que ainda não foi tentado para resolver o conflito, por exemplo, listar os problemas que estão enfrentando, as soluções já tentadas e fazer um diário que contenha cada ação de tentativa de resolução. Não podemos encerrar a conversa até que não haja uma proposta definitiva para garantir o sucesso futuro. O resultado E-N-D A autora nos diz que, em situação de conflito, devemos procurar entender a outra pessoa antes de reativamente atribuir intenções negativas ao comportamento dela. Lembrando que no ambiente de trabalho, antes de nossos objetivos pessoais, estão os objetivos e metas do departamento ao qual estamos inseridos e esses objetivos devem estar em mente no momento de lidar com os conflitos. Vamos às letras: E = recrutar (em inglês, enlist): quer dizer recrute a ajuda da pessoa, converse sobre o fato de que o estresse causado pela situação pela qual estão passando não fará bem a nenhum dos envolvidos e nem gerará um resultado positivo para a equipe como um todo. N = negociar: negocie. Ouça e explique o que lhe gera mal-estar, ouça o que o outro tem a dizer e vejam no que ambos podem mudar. D = determinar: determinem as medidas que cada um tomará na sequência para lidar positivamente com o conflito. A Abordagem AWE-FILL Essa expressão em inglês significa “desenvolver respeito”. Essa técnica requer o desenvolvimento de um novo hábito e de estratégia para redução do conflito. Exige uma mudança mental. A letra A, significa uma afirmativa de um comportamento. Ou seja, afirmar algo (assert). Depois a letra W (withdraw): recue um pouco, ou seja, diminua a severidade da frase que acabou de proferir. Depois encoraje uma troca de ideias (encourage) e prepare-se para preencher (fill) a conversa com detalhes. As técnicas diversivas Essa é uma técnica em que, desde o início do conflito, ou melhor, da situação de descontentamento por parte de alguma pessoa, você deve evitar pedir que ela se acalme, mesmo que ela já esteja descontrolada, pois se assim o fizer, você estará informando a ela que ela perdeu o seu controle emocional e isso pode piorar a situação. Ao invés disso, faça a ela uma pergunta em que ela tenha que raciocinar, tipo: Sra., quantas vezes isso aconteceu desde que estamos prestando esse serviço? Quando ela responder você já poderá dizer o que fará para resolver o problema. Agora, vamos entender um pouco o conceito de negociação e depois aprofundaremos a temática em nossa leitura obrigatória. Para Robbins (2008), a negociação é algo que permeia as interações em quase todo o mundo, sejam nas relações pessoais ou profissionais. Para esse autor, negociação é um processo no qual duas ou mais partes trocam bens ou serviços e tentam concordar sobre a taxa de troca entre eles. O processo de negociação é composto por cinco passos, são eles: 1. Preparação e planejamento; 2. Definição de regras básicas; 3. Esclarecimento e justificação; 4. Barganha e solução de problema; 5. Fechamento e implementação. Entenderemos cada etapa do processo de negociação e as questões envolvidas em negociação na nossa leitura obrigatória. Leitura obrigatória Leiam os tópicos: Negociação, estratégias de barganha, o processo de negociação, questões em negociação, do capítulo 12 – Conflito, Negociação e comportamento entre grupos, do livro Comportamento organizacional de Stephen Robbins. Acesse a Biblioteca Virtual! Assista ao vídeo a seguir e estabeleça os principais conflitos existentes em sua organização e elabore um plano de negociação para ser seguido em suas próximas negociações de conflitos. https://www.youtube.com/watch?v=h4mPhttt458 Para saber mais sobre a negociação e a mediação de conflitos, não perca o vídeo com as explicações da professora Neusa Pasetto! Acesse o material on-line. QUEIXAS NO CONTEXTO DO TRABALHO Nesta aula, vimos assuntos que nos fizeram entender um pouco mais sobre os conflitos e sobre as estratégias para manejá-los. Agora, já podemos compreender quais são as maiores queixas no ambiente de trabalho e como lidar com elas de maneira efetiva. Quando falamos em queixas, poderemos dizer que elas dependem do ambiente, do funcionário, da interação dos colegas, do relacionamento com a chefia, de como o funcionário lida com a sua tarefa, com o dimensionamento do seu cargo, entre outros. Mas, para isso, inicialmente vamos relembrar de um conceito de organização trazido por Chanlat, nas rotas anteriores. A organização é definida por Jean Françoise Chanlat (1993) como um lugar onde diferentes agentes contribuem com seus recursos para a produção de objetos e serviços. É, “também, o lugar que cada indivíduo explora, adapta e habita, a fim de realizar seus próprios objetivos”. Nem sempre o indivíduo encontra esse lugar conceituado por Chanlat de forma plena e, para evitar que isso se transforme em queixas e interfira na produtividade, necessita ser diagnosticado e trabalhado. Mais adiante aprofundaremos a satisfação no ambiente de trabalho e as ferramentas para levantar o clima e a cultura organizacional, porém por ora vamos classificar genericamente os principais motivos das queixas no ambiente de trabalho. Apresentaremos esses motivos em uma ordem crescente, contudo, queremos reforçar que isso é apenas uma forma didática para melhorar a compreensão e não classificatória. 1. O tipo do trabalho: o trabalho depois de algum tempo, poderá se tornar repetitivo e rotineiro. Isso poderá acontecer pelo não atendimento das expectativas iniciais, por acomodação, ou por falta de desafios. 2. As condições de trabalho: o tipo de contrato de trabalho, temporário, terceirizado, turno de trabalho, salário baixo, horário etc. O próprio local onde a organização está instalada. Imaginem um local isolado, longe de todas as possibilidades de comércio. Ou mesmo, um local muito central, ondenão há estacionamento para todos. Esses fatores acabam por agir como agentes desmotivadores e estressantes e culminam em diversas formas de queixas. 3. A chefia: o tipo de relacionamento que se estabelece entre um funcionário e sua chefia é fator determinante para a apresentação da satisfação ou insatisfação de qualquer profissional, independente de seu nível hierárquico. Quando se apresenta a falta de confiança, de reconhecimento, da oportunidade para tomada de decisão. Ou, também, a inadequação do tipo e perfil de liderança para aquele indivíduo ou grupo. 4. Colegas de trabalho: temos em um grupo de trabalho uma diversidade imensa de pessoas que trazem de seus ambientes familiares e sociais formas de pensar e muitos são paradigmas. Caso os membros deste grupo não foquem o profissional e sim o pessoal, aqui teremos grandes problemas e uma imensidade de queixas para o gestor dar conta. Imaginem conviver mais de 8 horas por dia com uma pessoa que a todo tempo retruca o que você diz, disputa poder com você e refuta todas as ideias que você propõe. Insuportável, não?! 5. Avaliação de desempenho deficitária: imagine um chefe despreparado que ou premia ou prejudica de forma consciente um subordinado, ou por favoritismo ou por antipatia. Ou mesmo uma chefia que pelo despreparo acaba cometendo o mesmo equívoco por estar despreparado para essa tarefa. Acaba se atendo a atitudes e comportamentos ou qualidades específicas dos seus subordinados em determinada tarefa e estende essa qualidade a todo o processo avaliativo. Aqui está instalada uma situação para que as queixas se apresentem. 6. Falta de política de recompensa e de reconhecimento: pense na seguinte situação, você apresenta uma ideia e seu chefe apresenta como se fosse dele, ou mesmo alguém da sua equipe. Isso é muito ruim. Imagine a frustração que gera. Ou mesmo, quando não existe uma política salarial, muitas promessas de aumentos acabam ficando no vazio e por que não dizer no esquecimento. Esse tipo de ambiente é um nascedouro de queixas, pois a competição estará instalada, fora a politicagem, no pior sentido da acepção da palavra. 7. Falta de planejamento: uma organização que não tem planejamento e cobra atividades e tarefas sem uma construção de métodos e tempos, ou que mudam as regras do jogo durante a partida, também é um ambiente profissional onde a queixa fará parte do comportamento dos empregados. Esse tipo de ambiente profissional terá consequências em várias esferas, familiar, saúde física e mental do trabalhador. Veja a seguir algumas dicas sobre o que fazer em relação às queixas no ambiente de trabalho: O que fazer frente às queixas? Investigue e trate cada um dos casos como se eles pudessem terminar em uma mediação de conflito; Fale com o funcionário sobre sua queixa, dê à pessoa uma atenção completa; Em caso de uma política já elaborada para lidar com queixas, cumpra os prazos estabelecidos da empresa ao lidar com aquele tipo de queixa; Verifique se há mais funcionários com a mesma queixa; Examine o registro pessoal dos envolvidos na queixa, tanto de colegas, chefias etc., bem como de queixas anteriores, isso dará melhor visibilidade de quem se tratam; Faça as discussões sobre a queixa em lugar reservado; Mantenha o seu supervisor e a empresa informada sobre o tratamento da queixa. O que não fazer frente às queixas? Fazer de conta que ela não existe Não faça acordos individuais que sejam inconsistentes com o contrato de trabalho ou a política aplicada na empresa; Não impeça a solução se a empresa estiver errada; Não renuncie aos seus direitos como gestor; Não resolva um problema atual com as práticas do passado; cada questão ao seu tempo. Resoluções podem ter sido adequadas no passado, mas o presente exige novas decisões; Não resolva as queixas com base no que seja ‘justo’. Ao contrário, atenha-se ao contrato de trabalho, que deve ser o único padrão; Não negocie itens que não estejam incluídos no contrato e nem concorde com emendas informais ao contrato de trabalho; No caso da ouvidoria, importante focar na queixa e na solução, desta forma, não dê respostas escritas muito longas; Não troque o acordo sobre uma queixa pela retirada de outra, nem tente compensar a má decisão em um caso fazendo concessões em outro; Não fuja da resolução da queixa dizendo que a solução foge de sua alçada. Com essas orientações dadas pelos autores, tais como ROBBINS & DECENZO (2001), da área de gestão de pessoas, podemos estar mais preparados para lidar com as queixas quando elas aparecerem. Afinal, todos nós nos relacionamos com outras pessoas nos mais diversos contextos. Poderemos adaptar essas dicas de como lidar com queixas para nosso ambiente familiar e assim teremos grande sucesso nas nossas famosas “DRs” (discussão das relações). Leitura obrigatória Para aprofundar o conhecimento adquirido, é muito importante a leitura do texto Como reduzir conflitos entre a vida pessoal e o trabalho, p. 122 a 124, na Parte VI – A verdade sobre o gerenciamento de conflitos, do livro A verdade sobre gerenciar pessoas de Stephen Robbins. Acesse a Biblioteca Virtual. Assistam e reflitam sobre o vídeo abaixo indicado, intitulado O hábito de reclamar, muito interessante para a reflexão sobre o prazer, desafios e dificuldades no ambiente laboral. https://www.youtube.com/watch?v=g6eFrf_Yt54 Para encerrar a aula de hoje, acesse o material on-line e assista ao vídeo no qual a professora Neusa Pasetto traz mais informações sobre as queixas no ambiente de trabalho. NA PRÁTICA Assistam ao filme “Mudança de Hábito”, disponível a seguir: http://www.filmesonlinegratis.net/assistir-mudanca-de-habito- dublado-online.html Após assistir ao filme e por meio de um relatório que deverá ser postado no AVA, elaborem um diagnóstico do funcionamento do grupo. Por que aquelas pessoas se uniram, quais as etapas pelas quais o grupo passou e como ele lidou com os conflitos e as possíveis queixas que surgiram? Por fim, procurem traçar um comparativo entre a história apresentada e o cotidiano dos grupos e equipes nas organizações. Veja o que a professora Neusa tem a dizer sobre a atividade prática desta aula. Não perca o vídeo que está disponível no material on-line! SÍNTESE Em nossa aula, estudamos o conceito de liderança sob vários aspectos, os estilos tradicionais de liderança e as novas tendências no enfrentamento dos desafios corporativos. Distinguimos as diferenças marcantes existentes entre grupos e equipes, bem como os componentes que fazem parte do funcionamento dos mesmos de modo a avaliar a sua funcionalidade ou não, assim como também os estágios pelos quais um grupo passa e as razões pelas quais as pessoas se unem aos grupos. Compreendemos o processo de mediação e negociação desde os seus conceitos, passamos pelos tipos de conflitos organizacionais, compreendemos os quatro tipos de instrumentos e técnicas para lidar com o conflito, propostos pela autora Caroselli (2009): KIND, END, a abordagem AWE-FILL e as técnicas diversivas. Verificamos as maiores queixas no trabalho, o que fazer e não fazer frente a elas em promoção de um ambiente organizacional satisfatório. Para finalizar os estudos desta aula, assista ao vídeo com as considerações finais da professora Neusa. Acesse o material on-line. REFERÊNCIAS CAROSELLI, Marlene. Relações pessoais no trabalho. São Paulo: Cengage Learning, 2012. CHIAVENATO,Idalberto. Recursos humanos: o capital humano das organizações. Rio de Janeiro: Elsevier-Campus, 2009. FRENCH, Jr. J.R.P.; RAVEN, B. H. The bases of social power. In Cartwright. D. (ED). Studies insocial power. Ann Arbor: University of Michigan Press, 1959. p. 150-167. LACOMBE, Francisco José M. Dicionário de Administração. São Paulo: Saraiva, 2004. LOTZ, Erika; GRAMMS, Lorena Carmem. Gestão de talentos. Curitiba: Ibpex, 2012. MACHADO, Maria Regina. Relacionamento interpessoal. Curitiba: Ibpex, 2007. MORGAN, Gareth. Imagens da organização. São Paulo; Atlas, 1996. MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento interpessoal. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999. _____. Desenvolvimento interpessoal. 17.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008. ROBBINS, S. P.; DECENZO, D.A. Administração de recursos humanos. Rio de Janeiro: LTC, 2001. ROBBINS, Stephen. Comportamento Organizacional. Rio de Janeiro: LTC, 2004. _____. Comportamento Organizacional. Rio de Janeiro: LTC, 2008. PERSICO, Neide. Comportamento humano nas organizações / Neide Pérsico e Sonia Beatriz Bagatini. - Curitiba: Intersaberes, 2012. (Série Administração e Negócios). VECCIO, Robert. Comportamento organizacional, 6ª edição. São Paulo: Cengage Learning, 2008. WAGNER & HOLLENBECK. Comportamento organizacional, 2ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009. WEBER, Max. On law in economy and society. Cambridge. Harvard University Press, 1954.
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