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Alterações metabólicas do tecido ósseo - Anatomia patológica Hipercalcitonismo nutricional: O excesso de cálcio estimula as células C da tireoide a secretar calcitonina, devido à hipercalcemia gerada. A gastrina, hormônio produzido na mucosa do intestino quando há elevada concentração de cálcio no trato gastrointestinal, também estimula a produção de calcitonia. O papel da calcitonina é retardar a reabsorção óssea pela osteólise osteocítica nos ossos e cartilagem, resultando em hipocalcemia e osteopetrose. Essa hipocalcemia vai estimular as paratireoides. Ocorrendo hipercalcitonismo seguido por hiperparatireoidismo. Porem a calcitonina atuando no osso anula a ação do PTH, fazendo com que persista a reabsorção óssea e a osteopetrose. A calcitonina em excesso possui ação também nas cartilagens em crescimento, além de retardar a diferenciação celular, culminando no crescimento diminuído do osso longitudinalmente. A deficiência na formação de trabéculas epifisárias pode resultar em separação da cartilagem e o osso, ocasionado a osteocondrose dissecante. A cartilagem articular e a placa epifisária quando não diferenciadas, ficam inativas e acabam sendo seladas por uma placa óssea. No momento em que o crescimento volta, a placa terminal distal é empurrada para o interior da epífise ou da metáfise, retendo seu arranjo horizontal, chamado de trabeculação transversa. Hipercalcitonismo nutricional nos animais impúberes: pode estar associado a osteoporose, alterações no crescimento e na remodelação dos forames ósseos. O hipercalcitonismo pode ser causa de osteodistrofia hipertróficas, ataxia cervico-espinhal, displasia coxo-femural, deformação vagal e osteocondrose. Osteodistrofia hipertrófica: representada por uma alta atividade periosteal com maturação retardada dos osteoblastos, contribuindo para o aumento de volume das regiões epifisariase metafisarias dos ossos longos. Como consequência, o periósteo não fica bem aderido ao osso, causando dor. Os tendões também vão perder sua inserção. O córtex apresenta um tecido ósseo pouco organizado, que não se remodelou em osso osteônico. Foi sugerido que a falta de vitamina C e suplementação excessiva de cálcio na dieta podem ser a causa da osteodistrofia hipertrófica. A fase aguda da doença é caracterizada principalmente por aumento de volume nas exterminadas dos membros, dor e inapetência. Os animais podem perder muito peso e não conseguir se locomover. Ataxia cervico-espinhal: é comum em raças de porte grande e que crescem rapidamente. O crescimento das vertebras e do canal vertebral deve ser em conjunto com a medula espinhal. Mas no hipercalcitonismo, não há remodelação e expansão do canal vertebral, pois a osteólise osteocítica está bloqueada. As vertebras cervicais por apresentar maior potencial de crescimento, da C3 a C7 é o local de preferência para ocorrer o estreitamento do canal vertebral com a consequência de compressão medular. Displasia coxo-femoral: é uma alteração no desenvolvimento da articulação da cabeça do fêmur com o acetábulo. As cartilagens da cabeça do fêmur e do acetábulo encontram-se delgadas ou irregulares e as estruturas ósseas como cabeça do fêmur e fossa acetabular estão pequenas. O crescimento da articulação não depende do osso, e assim há uma instabilidade articular com lesões secundarias. Essa condição possui múltiplos fatores etiológicos, como hiperestrogenismo materno, fatores genéticos, hipercalcitonismo e aumento das concentrações plasmáticas de relaxina durante a gestação ou em filhotes que são amamentados. A hipercalcitonina também pode ser uma das causas da displasia. O colo do fêmur precisa ser remodelado constantemente durante o crescimento para um alinhamento ideal da cabeça com o acetábulo. Durante o hipercalcitonismo, a falta de remodelação não permite que a cabeça do fêmur se ajuste no acetábulo podendo ocasionar a displasia. Osteodistrofia fibrosa generalizada: Caracterizada como sendo uma doença metabólica generalizada devido a uma maior reabsorção óssea, ocorrendo quando há hiperparatiroidismo, que pode ser classificado como primário ou secundário. Hiperparatiroidismo primário: o HP acontece devido a um tumor nas paratireoides, que pode ser um adenoma ou um adenocarcinoma. A produção descontrolada e em excesso do PTH resulta em uma doença esquelética. O aumento de PTH leva ao aumento de reabsorção óssea causando uma progressiva e irreversível perda óssea. O PTH também tem ação nos rins, aumentando a excreção de fosforo via urina. Desse modo há alta concentração de cálcio e baixa de potássio no HP, devido a ação do PTH sobre ossos e rins. Hiperparatireoidismo secundário: é uma tentativa de compensar a hipocalcemia. Na hipocalcemia acontece a secreção excessiva de PTH que resulta no aumento da reabsorção óssea. A perda óssea se torna progressiva e sua reversão vai depender da origem da hipocalcemia. O HS pode ser renal ou nutricional, quando há insuficiência renal crônica ou deficiência de cálcio e/ou excesso de fosforo respectivamente. HS Renal: causado por lesões renais crônicas, onde os rins não secretam fosforo de forma adequada resultando em hiperfosfatemia, o que leva a hipocalcemia absoluta. O aumento do fosforo leva a formação de CaHPO4. A hipocalcemia fica mais grave pela não formação de 1,25 (OH)2D3, consequentemente a absorção renal de cálcio é comprometida. A hipocalcemia estimula a secreção de PTH, que por sua vez aumenta a reabsorção óssea. Isso gera uma compensação parcial da hipocalcemia, pois os rins afetados não respondem ao PTH e continuam retendo o fosforo. Sendo a nefropatia irreversível e fatal, não há como recuperar a lesão óssea. HS nutricional: a hipocalcemia é diretamente relacionada com a deficiência dietética de cálcio, ou indiretamente excesso dietético de fosforo. Com o aumento da reabsorção óssea pelo aumento de secreção do PTH devido a hipocalcemia, a isocalcemia é restaurada. O PTH agindo nos rins com sua funcionalidade normal, aumenta a excreção de fosforo restaurando a isofosfatemia. A perda óssea progressiva pode apresentar valores plasmáticos normais, que podem ser interpretados de forma errônea. Por isso uma única analise de cálcio de fosforo plasmáticos não é ideal para o diagnóstico. Sendo o HSN causado por deficiência de cálcio dietético, os produtos dos íons Ca++ e HPO4 pode se encontrar tão baixo no plasma podendo causar raquitismo ou osteomalacia. O raquitismo por cálcio baixo é sempre sobreposto por hiperparatireoidismo secundário nutricional, o raquitismo por fosforo não. Niveis de cálcio, sódio, fosforo, fosfatase alcalina e hidroxiprolina no HP: os níveis plasmáticos de cálcio e fosforo variam conforme o tipo de hiperparatiroidismo, mas a fosfatasde alcalina é sempre elevada enquanto a reabsorção óssea tiver aumentada. A hidroxiprolina (metabolito que reflete a degradação do colágeno) também é elevada com o aumento da reabsorção óssea. Lesões das paratireoides no HP: ocorre o aumento de massa tumoral, e suas características vão depender se é uma neoplasia maligna ou benigna. No HSR e HSN, as paratireoides tem seu volume aumentado por hiperplasia e hipertrofia das células e da coloração brancacenta. Alterações ósseas no HP: a reabsorção excessiva do tecido ósseo é a primeira e mais importante alteração. A perda óssea é generalizada, mas há locais de predileção onde as lesões podem ocorrer mais cedo e alcançar um grau mais severo com o tempo. A osteopenia inicia-se no maxilar e mandíbula e progride para os ossos do crânio, costelas, vertebras e os ossos longos. O osso reabsorvido é substituído pelo tecido fibroso e dependendo da intensidade da fibrose pode haver o aumento no volume do osso. A osteodistrofia pode ser isosteotica (quando o volume não modifica), hiposteotica (quando o volume diminui) e hiperosteotica (quando o volumeaumenta). O tecido mole que substitui o osso perdido, geralmente está mais sujeito a traumas e hemorragias. O tecido fibroso é empurrado para a periferia e se torna-se um cisto. O nódulo marrom que se forma que também é constituído por conjuntivo fibroso, por hemorragias e hemossiderose. O aumento da atividade osteoblastica pode ser observado como uma tentativa de repor o osso perdido, porém esse novo osso possui pouca mineralização, o que reflete uma das funções do PTH que é a de retardar a mineralização da matriz óssea. A doença periodontal afeta os elementos de sustentação do dente, que leva a perda dentaria. É uma doença comum, mas de etiologia e patogenia confusas e conflitantes, mas há evidencias de que a doença seja uma manifestação da osteodistrofia fibrosa generalizada ou hiperparatiroidismo, na qual a reabsorção alveolar, além dos limites normais da renovação óssea, é sua causa primaria. A reabsorção do osso alveolar é a lesão mais notável e que resulta na maioria dos sintomas da doença: aumento dos espaços interdentarios, retração gengival, alargamento do sulco gengival, formação de bolsa periodontal, aumento da motilidade e perda do dente.
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