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ANESTÉSICOS LOCAIS AULA CARLOS BORBA + RESUMO CAMS + SANARFLIX + MEDCURSO LOUISE CANDIOTTO 1 INTRODUÇÃO Anestésico local é uma substância que consegue bloquear a geração e propagação de impulsos elétricos de maneira reversível e localizada. São fármacos que provocam a anestesia transitória sem causar alteração no nível de consciência do paciente e recebem esse nome por serem administrados nas proximidades do local que se deseja anestesiar. Só é anestésico local, se for usado localizado, caso o uso seja sistêmico, vira um bloqueador de sódio sistêmico. O primeiro anestésico local a ser descoberto foi a cocaína, vendido como um drops para dor de dente. O anestésico local é uma base fraca, sendo representado como dissociação. Seu pH é um pouco acima de 7. Os efeitos adversos desses fármacos ocorrem quando eles atingem a corrente sanguínea. PODEM SER ADMINISTRADOS PARA: Anestesia de mucosa Via tópica Anestesia infiltrativa Anestesia regional ANATOMIA E FISIOLOGIA NERVO PERIFÉRICO: Formado por três camadas Endoneuro, perineuro e epineuro O anestésico para chegar ao interior, deve passar por difusão passiva nessas membranas O que determina a velocidade de entrada é a sua concentração Os nervos mielinizados tem condução nervosa saltatória e por isso possuem velocidade de transmissão maior OBS: Nervos que levam sinais de dor e temperatura tendem a carecer de mielinização, o que os torna mais suscetíveis aos efeitos de agentes locais em comparação com os nervos que desempenham funções de propriocepção ou motoras. FIBRAS A ALPHA: Tem função motora e velocidade altíssima de transmissão É a fibra que participa da função motora do arco reflexo São fibras muito grossas A BETA: Também são fibras grossas e participam do arco reflexo Aferência para pele e articulação A GAMA: Espessura menor e velocidade menor Responsáveis pelo tônus muscular Eferente para fuso muscular, mantendo o tônus muscular Por isso não precisa de velocidade grande A DELTA: Lembrar de dor!!! D – delta - dor Condução do estímulo doloroso Aferente para nervos sensoriais Dor somática, específica e bem localizada LOUISE CANDIOTTO 2 B: Simpática pré-ganglior Faz parte do sistema nervoso autônomo (SNA) CS: Simpática, pós-ganglionar (SNA) CD: Mesma coisa da A delta A diferença é que a Cd tem velocidade muito pequena, característica de dores imprecisas, viscerais Mal localizadas Já a A delta é característica de dores somáticas ELETROFISIOLOGIA As concentrações diferentes geram gradiente transmembrana que traduzem um potencial elétrico e é através desses potenciais que os anestésicos agem. O meio extracelular é mais positivo e o intracelular é menos positivo (ou "negativo"). Uma fibra muscular cardíaca tem características elétricas diferentes. O anestésico local é um antiarrítmico (bloqueadores do canal de sódio) quando sistêmico. ESTRUTURA QUÍMICA ANEL BENZÊNICO: Comunicado por uma cadeia intermediária a uma amina O anel benzênico é lipossolúvel CADEIA INTERMEDIÁRIA: A cadeia intermediária pode ter ligação éster ou amida Essa cadeia irá classificar os anestésicos locais A amina é hidrossolúvel CLASSIFICADOS EM DOIS GRUPOS: Amida Aminoamida: Lidocaína, bupivacaína, ropivacaína, prilocaína, mepicaína, etiocaína Palavras com dois "i's" Ester Amino-éster: Cocaína, procaína, tetracaína, benzocaína, cloroprocaína Palavras com apenas um "i" MECANISMO DE AÇÃO O mecanismo de ação dos anestésicos locais tem como base a inativação dos canais de sódio da membrana neuronal. Com isso, a velocidade de despolarização torna-se mais lenta, fenômeno que inibe a propagação do potencial de ação e, portanto, o reconhecimento do estímulo álgico. Os principais “alvos” incluem os nervos periféricos e as raízes nervosas, que deixam a medula espinhal. TEORIA DA EXPANSÃO LIPÍDICA Um anestésico local é uma mistura dinâmica entre a fração ionizada e a não ionizada Reação bidirecional A ionizada B (base fraca h+) dissocia em B e libera o H+ A membrana lipídica é apolar, não permitindo a fração que tem polaridade passar por ela LOUISE CANDIOTTO 3 A única fração que vai conseguir entrar na célula é a não-ionizada, e ao entrar, ela restaura o equilíbrio dinâmico, ficando ionizada de novo, e é BH+ ionizado que alcança o receptor interno pela face interna do canal de sódio, bloqueando-o ONDE AGEM? O canal de sódio é dividido em subunidades alfa e beta, o receptor para anestésicos locais fica na parte interna da subunidade alfa O anestésico local tem vários sítios de ligação e dependendo deles, o anestésico vai ter uma função BLOQUEIO FÁSICO As conformidades do canal de sódio podem ser: Fechado Aberto Inativo (aberto, mas não funciona) Existem duas conformidades dessas 3 apresentações, que a exposição do receptor do anestésico local fica mais viável ou não. O anestésico local age tanto no aberto quanto no inativo Expõe mais o receptor, tendo o anestésico local uma facilidade maior de se ligar nesses receptores. As conformações não são fixas, e fibras que mudam com muita velocidade essas conformações são mais fáceis de bloquear, pois tem maior frequência de abertura. Sendo assim, os anestésicos locais são frequência-dependentes. Maior frequência de estimulo Melhor bloqueio. FENÔMENO DE CONDUÇÃO DECRESCENTE Bloqueio é a diminuição da condutância superior a 84%, o bloqueio se estabelece a partir de 3 nódulos consecutivos ocupados com o anestésico local. CONCENTRAÇÃO A concentração do anestésico no local que se deseja provocar a anestesia influencia diretamente os efeitos e o tempo de duração da anestesia. A concentração do fármaco dependerá de sua taxa de lipossolubilidade O que afeta diretamente o seu processo de distribuição: Quanto mais lipossolúvel for o anestésico, mais facilmente ele será distribuído para os tecidos, ou seja, menor sua concentração no alvo CONCENTRAÇÃO EFETIVA MÍNIMA Usar a menor quantidade de anestésico e ter o bloqueio Evitar ao máximo a dose tóxica. DEPENDE: Espessura da fibra Quanto mais espessa, mais difícil é para o anestésico Em fibras grossas a concentração de anestésico local é maior A concentração diminui com a espessura da fibra Concentração de cálcio A entrada é por difusão passiva Quanto menor a concentração de cálcio menor a concentração do AL Frequência de estimulação Princípio do bloqueio fásico Quando maior a frequência menor a concentração Ph Aumenta o Ph, diminui concentraçaõ Temperatura Concentração de potássio BIOQUÍMICA Os anestésicos locais se diferem um dos outros do ponto de vista físico-químico de acordo com o seu pKa. O pKa é a constante de dissociação da droga. O pka é o pH que determina o equilíbrio das duas formas (BH+ e B+H+). Se diminuir a concentração de H+ na concentração do equilíbrio, o deslocamento vai tentar compensar o H+, aumentando sua concentração e a concentração de B, com desvio para a direita. LOUISE CANDIOTTO 4 OBS: Os anestésicos locais empregados geralmente possuem pKa elevado. Dessa forma, quanto menor o pH do meio em que a droga é administrada, maior é o percentual de ionização, e menor é a penetração neuronal. PROPRIEDADES DO ANESTÉSICO LOCAL POTÊNCIA O que determina é a LIPOSSOLUBILIDADE, a capacidade de entrar no interior da célula. Não é a velocidade, mas a capacidade. Quanto mais lipossolúvel o anestésico, mais potente ele é. Eventualmente, a alta lipossolubilidade de um agente pode diminuir sua potência in vivo. A alta lipossolubilidade de alguns fármacos, faz sua distribuição no tecido adiposo, entre outros,causar a perda de anestésico para sítios inespecíficos, diminuindo a quantidade do fármaco disponível para exercer o bloqueio neural. Dessa forma, anestésicos muito lipossolúveis tendem a apresentar potência diminuída. LATÊNCIA É o tempo em que o anestésico leva para entrar na célula, achar o receptor e ligar-se a ele. Latência alta é tempo elevado, a baixa é tempo reduzido e velocidade alta. DEPENDE: Concentração extracelular Toda vez que eu diminuo a concentração pela metade, eu diminuo a velocidade de entrada pela metade Dose Lipossolubilidade Aumentar a concentração, aumenta a velocidade e a latência. A lipossolubilidade tem a ver com o grau de concentração, se a não-ionizada está em maior proporção, maior a capacidade dela entrar na membrana. O pKa é esse grau de ionização e é diretamente proporcional em relação à latência Quanto maior o pKa, mais fração ionizada, maior a latência e menor a velocidade. DURAÇÃO DE AÇÃO Vai ser o tempo que ele está funcionando no local. Está diretamente relacionada com o tempo em que o fármaco está em contato com a terminação nervosa Depende do tempo que o anestésico permanece no nervo bloqueando os canais de sódio. A característica que dá essa duração é a que impede sua absorção sistêmica, ou seja, a perfusão do local Mantém a agindo no local, impedindo uma absorção sistêmica. Se a perfusão é alta, ele será absorvido mais rápido e durará menos. EXEMPLO: A anestesia da ponta do dedo durará muito mais do que a mesma anestesia em um nervo intercostal. O sequestro se dá pelas proteínas, quanto maior a ligação proteica menos ela será absorvida e mais tempo ela durará. DUAS VARIÁVEIS: Local Perfusão tecidual Molécula Capacidade de ligação proteica ABSORÇÃO DEPENDE: Vascularização local Dose Uso de vasoconstrictores Se usar vasoconstrictores (ex. adrenalina), diminui a vascularização do local e consequentemente diminui a absorção para a corrente sanguínea Retardar a absorção sistêmica, prolongando o seu efeito e reduzindo o risco de toxicidade sistêmica Por isso, em alguns anestésicos pode-se associar ao vasoconstrictor Em extremidades como nariz, dedo, pênis e orelha não pode usar o vasoconstrictor para não causar isquemia Regiões de circulação pobre ou terminal Artérias finais Propriedades do AL LOUISE CANDIOTTO 5 DISTRIBUIÇÃO Ele não explicou esse tópico porque foge da graduação. Modelo bicompartimental. Rápida Absorção e equilíbrio nos tecidos. Lenta Propriedade do AL usado Maior tecido vascularizado Maior a concentração do AL. METABOLIZAÇÃO É na cadeia intermediária que acontece a metabolização. Quando ele tem um éster (aminoéster), ao sofrer hidrólise, formando o PABA, através da enzima pseudocolinesterase plasmática, e tendo um caminho de metabolização diferente de uma aminoamida. Os aminoésteres formam o PABA que tem potencial alergênico grande, então são pouco utilizados. Em algumas situações, a atividade da pseudocolinesterase plasmática tem diminuição (gestantes, doença hepática, uremia ou quimioterapia), o que causa uma metabolização menor e duração maior do anestésico com potencial de intoxicação maior. Nos AL do tipo aminoamidas sua cadeia intermediária sofre hidroxilação+desalquilação, realizados no fígado. O metabólito dos aminoamida não são PABA, então são menos alergênicos, além disso, por não precisar da enzima pseudocolinesterase plasmática, apenas pacientes com doença hepática apresentam interferência com toxicidade. PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS Ele colocou uma tabela e lembrou que ligação proteica tem a ver com duração/absorção, lipossolubilidade tem a ver com potência e ionização/pka tem a ver com a latência. TOXICIDADE Incidência é rara, mas pode acontecer. Altos níveis de anestésicos locais, em geral, de injeção intravascular acidental, podem resultar em efeitos no SNC. O sistema nervoso central tem vários canais de sódio, então é mais susceptível do que, por exemplo, o sistema cardiovascular. Então mesmo concentrações mínimas podem causar problemas no SNC em relação à concentrações maiores no SCV. O grau de lipossolubilidade também interfere na toxicidade Quanto mais lipossolúvel, maior o risco de toxicidade e menor a margem de segurança. RÁPIDA: Injeção intravenosa SCV Injeção intra-arterial cervical) SNC Se acontecer mais rápido: pode ter ocorrido por uma injeção intravenosa, já que a absorção sistêmica demora muito mais para acontecer. LENTA: Absorção sistêmica SNC Se acontecer mais lentamente: ocorreu por absorção sistêmica, já que é mais demorada. SOLUÇÕES ANESTÉSICAS E DOSE MÁXIMA RECOMENDADA A dose aumenta com o uso de vasoconstrictor porque ele dificulta a absorção. O mais potente da tabela é a levobupivacaína, por precisar de menor concentração e ser mais lipossolúvel. SINAIS DE TOXICIDADE DO SNC NA ORDEM EM QUE APARECEM: Tontura Vertigem Zumbido Desorientação Sonolência Tremores Espasmos Convulsão Atenção para os pacientes sedados, pois perdemos os primeiros sinais de toxicidade por ele estar dopado. Ele chamou atenção na tabela com as concentrações de lidocaína para a proporção do que o SNC precisa para apresentar toxicidade em relação ao cardiovascular, que é cerca de 5 vezes mais que o SNC precisa. LOUISE CANDIOTTO 6 ACIDOSE RESPIRATÓRIA OU METABÓLICA Acidose respiratória ou metabólica pioram a toxicidade. Ambas diminuem a ligação proteica e aumentam a absorção do anestésico. A acidose também diminui ligação proteica, aumentando a capacidade de absorção (fração livre) e consequentemente, aumentando a toxicidade. NA RESPIRATÓRIA, ao aumentar a PCO2, você aumenta o fluxo sanguíneo cerebral também, aumentando o fluxo do anestésico naquele local. A ACIDOSE METABÓLICA diminui o pH intracelular, diminuindo a concentração de h+, aumentando a concentração de BH+, causando aprisionamento iônico dentro da célula e aumentando a intoxicação. Para evitar, é preciso manter a respiração adequada e a perfusão adequada, com atenção para a pressão arterial. AÇÃO DIRETA: Cronotropismo negativo (diminui o automotismo), Batimotropismo negativo (diminui a excitabilidade), Dromotropismo negativo (diminui a condutibilidade) Ionotropismo negativo (diminui a contratilidade) AÇÃO INDIRETA: Bloqueio da atividade eferente autonômica no SNC, indiretamente causando depressão do SCV. ATIVIDADE DEPRESSORA: Está associada à potência. Na imagem do slide, ele disse que as pessoas usam mais lidocaína por ter menor chance de toxicidade em relação à bupivacaína. TRATAMENTO DA TOXICIDADE Prevenção: respeitar a dose tóxica; Vigilância: identificar sinais precoces; Suporte ventilatório com FiO2= 100%: não pode deixar ter acidose respiratória; Anticonvulsivantes (BZD): a atividade convulsiva é desordenada e intensa, então pacientes com convulão pioram o estado com anestésicos; Vasopressores: evitar a hipoperfusão e acidose metabólica; Emulsão lipídica: preparo de lipídios endovenoso, ligando os anestésicos a ele e diminuindo a concentração de lipídios livres para que eles saiam do vaso e liguem-se aos canais de sódio fazendo o bloqueio e não toxicidade; Circulação extra corpórea Tratar a toxicidade para depois retornar com a circulação normal. A emulsão lipídica fica detalhada na tabela do slide. Essa medida causa diminuição de 11% da concentração cardíaca em 3 min. e de 18% da cerebral em 15 min. Uma complicação pode ser a pancreatite, mas o professor disse que é melhor tratar logo essa toxicidade e tratar depois uma provável pancreatite do que deixar o paciente correr risco de morte. ADJUVANTES ADRENALINA: Vasoconstrictor e diminui a absorção sistêmicae a intoxicação. Prolonga o bloqueio. BICARBONATO DE SÓDIO: Consome o H+, diminuindo a concentração de H+, aumentando a concentração da fração não-ionizada (B) aumentando o grau de ionização e diminui a latência, com início de ação mais rápido. Ele também diminui a concentração efetiva mínima. OPIÓIDES: Analgesia sinérgica (espinhal) e prolongamento do bloqueio. Tem ação espinhal e supraespinhal. ALFA-2 AGONISTAS: analgesia sinérgica (espinhal) e aditiva (supraespinhal). Prolonga o bloqueio. LOUISE CANDIOTTO 7 ESTERÓIDES: Notadamente o dexametasona, que prolonga o bloqueio em até 50%, tem atividade glicocorticoide. FUTURO DOS AL Não se buscam novas moléculas, mas novas formas para as moléculas antigas. A formulação lipossomal protege na absorção sistêmica para intoxicação, ele não fica biodisponível nessa conformação e é mais seguro. Há também lipossomas com características eletromagnéticas, que geram um campo eletromagnético naquela área do corpo, sendo o anestésico atraído para aquele local, cada vez que ele se aproxima mais ele desestabiliza a membrana lisossomal, deixando as moléculas do AL disponíveis para agir localmente.
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