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capital nos países antigos, de bases sólidas, para reagir, mais rápida
ou mais lentamente, contra os aumentos de salários. Ricardo observou,
com exatidão, que a máquina está em contínua concorrência com o
trabalho e, amiúde, só pode ser introduzida quando o preço do trabalho
alcança certo limite: mas a aplicação da maquinaria é apenas um dos
muitos métodos empregados para aumentar a força produtiva do tra-
balho. Esse mesmo processo, que cria uma superabundância relativa
de trabalho ordinário, simplifica muito o trabalho qualificado e, por-
tanto, o deprecia.
A mesma lei se faz sentir em outra forma. Com o desenvolvimento
das forças produtivas do trabalho, acelera-se a acumulação do capital,
inclusive a despeito de uma taxa de salário relativamente alta. Daqui
poderia inferir-se, conforme fez Adam Smith, em cujos tempos a in-
dústria moderna ainda estava na sua infância, que a acumulação ace-
lerada do capital tem forçosamente que fazer pender a balança a favor
do operário, por garantir uma procura crescente de seu trabalho. Si-
tuando-se no mesmo ponto de vista, há muitos autores contemporâneos
que se assombram de que, apesar de nos últimos vinte anos o capital
inglês ter crescido mais rapidamente do que a população inglesa, os
salários nem por isso registram um aumento maior. Mas é que, simul-
taneamente, com a acumulação progressiva, opera-se uma mudança
progressiva na composição do capital. A parte do capital global formada
por capital fixo:34 maquinaria, matérias-primas, meios de produção de
todo gênero, cresce com maior rapidez que a outra parte do capital
destinada a salários, ou seja, à compra de trabalho. Essa lei foi esta-
belecida, sob uma forma mais ou menos precisa, pelos srs. Barton, Ricardo,
Sismondi, prof. Richard Jones, prof. Ramsey, Cherbuliez e outros.
Se a proporção entre esses dois elementos do capital era, origi-
nariamente, de 1 para 1, com o progresso da indústria será de 5 para
1, e assim sucessivamente. Se de um capital global de 600 são desem-
bolsados 300 para instrumentos, matérias-primas etc., e 300 para sa-
lários, basta dobrar o capital global para ser possível absorver 600
operários em vez de 300. Mas, se de um capital de 600 se invertem
500 em maquinaria, materiais, etc., e somente 100 em salários, este
capital precisa aumentar de 600 a 3 600, para criar uma procura de
600 operários em lugar de 300. Portanto, ao se desenvolver a indústria,
a procura de trabalho não avança com o mesmo ritmo da acumulação
do capital. Aumenta, sem dúvida, mas aumenta numa proporção cons-
tantemente decrescente, quando comparada com o incremento do ca-
pital. Essas breves indicações bastarão para demonstrar, precisamente,
que o próprio desenvolvimento da indústria moderna contribui por força
MARX
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34 Chamado mais tarde, por Marx, capital “constante” e oposto ao capital transformado em
salários, ou capital “variável”. (N. da Ed. Francesa.)

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