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CROMATOGRAFIA POR BIOAFINIDADE – CB A cromatografia por bioafinidade distingue-se dos outros métodos cromatográficos por se basear, principalmente, nas propriedades biológicas ou funcionais das espécies que interagem: a substância a ser separada e a fase estacionária. PRÍNCIPIO O princípio da cromatografia por bioafinidade é o isolamento seletivo de macromoléculas biológicas, através da utilização das propriedades dessas substâncias de unirem-se reversivelmente a ligantes específicos. Envolve a preparação de uma fase estacionária seletiva, por imobilização covalente de ligantes específicos à matriz ou suporte sólido. A amostra é aplicada à coluna contendo o ligante específico da amostra ligado ao suporte sólido. As moléculas que não possuem boa afinidade pelo ligante passam pela coluna sem serem ligadas, enquanto que as macromoléculas que se ligam são retidas. PROCEDIMENTO 1. Escolha da F.E. • Agarose É um gel de rigidez considerável e inércia biológica relativa, amplamente utilizado. Consiste de uma cadeia linear de polissacarídeos, sem ligações covalentes cruzadas, que implica em instabilidade térmica; dificuldade de congelamento ou secagem, pronta solubilidade na presença de agentes desnaturantes e mudanças drásticas e irreversíveis da estrutura do gel na presença de solventes orgânicos, como álcool e acetona. UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS Instituto De Ciências Exatas / Departamento De Química DISCIPLINA: IEQ645 – Introdução à cromatografia / PROFESSOR: Emmanoel Vilaça Costa DISCENTE: Jéssica Fernandes Auzier / Matrícula: 21851606 DATA DE ENTREGA: 17/06/2021 Resumo do capítulo cromatografia por bioafinidade (CB) Retenção específica de proteínas é devido à presença de grupos iônicos como éster sulfatos, metoxil e grupos carboxílicos. A eliminação ou diminuição dos efeitos indesejáveis desses grupos procede por tratamento do gel com borihidreto, em solução alcalina, por duas horas. • Celulose Bipolímero linear de glicose, apresenta algumas limitações devido à sua estrutura física instável (perda de porosidade) e forma geométrica irregular. Contudo, essas limitações podem ser contornadas por obtenção de esferas mais regulares e porosas, sem comprometer a sua rigidez mecânica. • Dextrano Polímero de unidades de glicose unidades por ligações α-1-6, é utilizado como matriz após tratamento com epicloroxidrina para a formação de ligações cruzadas covalente entre as cadeias polissacarídicas. Devido ao elevado número de hidroxilas, torna a molécula mais hidrofílica que a agarose. Possui como limitações a formação de ligações cruzadas indesejáveis, tornando o gel menos poroso, dificultando a vazão da fase móvel da coluna. • Poliacrilamida É um gel formado por uma estrutura de hidrocarbonetos, na qual estão ligados grupos amidas. Apresentam estabilidade em pH 1 a 10, não conterem grupos ionizáveis, de serem biologicamente inertes e de não serem atacados por micro-organismos. A limitação é a perca de estabilidade mecânica. • Trisacril É um gel sintético derivado da polimerização de um monômero, que é suporte para a cromatografia por exclusão, troca iônica e bioafinidade. Possui um caráter hidrofílico útil para a separação de macromoléculas e do polímero deste gel. 2. Preparação da F.E. seletiva A preparação da fase estacionária seletiva envolve duas etapas: a ativação da matriz e o acoplamento do ligante. • Ativação da matriz Compreende a ligação de grupos reativos à matriz inerte. Matriz Ativação Grupos hidroxílicos ou aminas livres Reagentes bifuncionais do tipo A-R-B Dextrano e agarose Por brometo de cianogênio e derivados Poliacrilamida Hidrazina e aminoetil • Acoplamento do ligante à matriz ativada A matriz, após ativação, está pronta para receber o ligante específico ou o espaçador, quando se faz necessário. O acoplamento de ligantes específicos pode ser realizado diretamente na matriz ativada ou em grupos funcionais de moléculas espaçadoras ligadas à matriz. Dependendo do tipo de matriz ativada e do agente ativador, os principais grupos funcionais disponíveis para o acoplamento são os grupos carboxílicos, aminas, tióis, imidazóis e derivados sulfonados. 3. Preparo da coluna A coluna para a cromatografia por bioafinidade é composta por um material de recheio sólido e poroso, no qual a fase estacionária será adsorvida. Geralmente, utiliza-se sílica ou terra diatomácea como suporte, adsorvendo-se a fase estacionária no mesmo. As dimensões são comumente de 3,0 x 0,8 cm ou 5,0 x 0,5 cm e o seu tamanho varia conforme a concentração da amostra. 4. Preparo da amostra A amostra é dissolvida no tampão onde se inicia o processo. O volume da amostra a ser aplicada não é crítico se a substância que se quer isolar é fortemente ligada à fase estacionária seletiva, nas condições em que se executa o processo. Porém, para as substâncias que são moderadamente ou fracamente ligadas a essa fase, deve ser utilizado pequeno volume de amostra, em torno de 5% do volume da coluna, prevenindo uma co-eluição com substâncias que não são ligadas. 5. Efeito da vazão e temperatura A vazão tem que ser otimizada com cuidado, pois, quando alta pode diminuir a eficiência da ligação entre o ligante e a substância alvo. Seu efeito é mais perceptível em colunas pequenas que possui baixa afinidade da substância que se quer reter. A temperatura é outro fator que se deve ter atenção, pois, o seu aumento interfere na diminuição da afinidade da substância alvo pela F.E. seletiva. Isto pode ser usado como uma vantagem ou desvantagem, caso provoque mudanças funcionais irreversíveis. 6. Métodos de eluição A eluição é realizada por meio de agentes específicos como não específicos. • Agentes de eluição específicos O deslocamento da substância alvo da F.E. seletiva é baseada na ligação preferencial dessa substância ao agente específico do que o ligante da fase estacionária. Geralmente, os agentes de eluição específicos apresentam estruturas químicas semelhantes ao ligante da fase estacionária. • Agentes de eluição não específicos A variação do pH e/ou força iônica do tampão pode provocar alterações no complexo macromolécula-ligante específico por ionizar ou modificar a estrutura das moléculas que participam do processo. Usualmente é utilizado variações de pH ou da concentração salina, ambas crescentes ou decrescentes, em etapas discretas ou em gradientes. • Agentes caotrópicos Quando a força iônica ou o PH sofre alteração ou o uso de reagentes específicos forem ineficazes para o deslocamento da substância alvo do conjunto suporte-ligante, é adicionado substâncias que provocam a desnaturação de macromoléculas (Agentes caotrópicos). Onde depois da eluição é removido por diálise ou ultrafiltração. São exemplos: Uréia, cloreto de guanidina, percloratos, tiossulfatos e iodetos em concentrações molares elevadas. APLICAÇÕES Purificação de macromoléculas • Enzimas As enzimas purificadas podem ser divididas em duas: a primeira é as enzimas de especificidade restrita, as quais são purificadas com auxílio de inibidores ou substratos; a segunda é as enzimas que se ligam a um ligante geral, isto é, um ligante comum para um grande número de proteínas. • Imunoafinidades A imobilização de anticorpos monoclonais e policlonais e matrizes ativadas tem permitido a purificação de um grande número de proteínas, incluindo enzimas. Sob condições ideais, colunas com anticorpos ligados à matriz permitem a separação de proteínas específicas de misturas, através, de um único passo de purificação. A maior dificuldade é a alta afinidade por antígenos, necessitando de condições drásticas de eluição como o uso de agentes caotrópicos. • Glicoconjugados As lectinas podem ser imobilizadas em matrizes para a purificação de glicoconjugados, que, devido à interação fraca, podem ser deslocados prontamente da colunaem meio neutro. • Receptores É uma molécula que reconhece uma entidade química específica, liga-se a esta e inicia uma série de eventos bioquímicos resultando em uma resposta fisiológica característica. Purificação de pequenas moléculas A purificação usando macromoléculas insolúveis permite isolar em uma única etapa peptídeos presente em uma mistura. Esse método é amplamente utilizado na purificação de peptídeos sintéticos e naturais, e no isolamento de peptídeos modificados, obtidos da hidrólise química de proteínas modificadas. Exemplos comuns de eluentes utilizados para dessorver a substância-alvo Substância-alvo Ligante Eluente Alonina desidrogenase NADP NaCl Antranilato sintetase Antranilato pH (tampão) Anidrase carbônica Sulfonamidas ClO4-, I- e NaCl Celulase Celulose Temperatura Flavoquinase (Riboflavina Quinase) Flavinas Riboflavina γ-Glutamilcisteína sintase ATP, Cestamina ATP, DTT 3β-hidroxiesteróide oxidase Colesterol Triton X-100 Metilmalonil-CoA mutase Vitamina B12 Vitamina B12 Neuramidae Ácido tirosil, ácido p-nitrofenil oxâmico, ácido colomínico. pH, Acetato, NaCl
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