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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO FACULDADE DE DIREITO DO RECIFE ALUNA: LARISSA ÉTICA FICHAMENTO 5 SOBRE O TEXTO: “A INTEGRIDADE DO DIREITO E OS PROTOCOLOS DE HÉRCULES: COMENTÁRIO À INTEGRIDADE NO DIREITO (IMPÉRIO DO DIREITO - CAPÍTULO VIII) A contribuição jurídica de Dworkin para o direito tem um viés tanto desconstrutivista quanto construtivista, tendo em vista que critica algumas teses já postas e traz à baila outras alternativas teóricas. O autor tenta trazer com seu livro “Integridade no Direito” algumas importantes metáforas e contribuições suas para o mundo jurídico. Neste livro, ele faz uma importante metáfora do romance em cadeia para explicar a atividade do juiz, de forma que a interpretação e criação do direito buscam aprimorar sua visão do que é direito, bem como a dos seus operadores. Outras polêmicas envolvendo Dworkin e suas metáforas diz respeito a do Juiz Hércules, um julgador com poderes sobrenaturais e que traz apontamentos sobre a importância da gramática dentro da interpretação jurídica. Além disso, a teoria de que sempre há uma resposta para questões complexas é bem controversa, sendo conhecida como teoria da objetividade jurídica. O direito como integridade é uma das teorias levantadas por Ronald Dworkin, para ele, direito e integridade são intrínsecos e caminham juntos, além de que só conseguimos compreender o raciocínio jurídico ao ponto em que analisamos em qual sentido os juízes descobrem e inventam o direito. Dessa forma, a integridade seria uma parâmetro para que os juízes consigam identificar direitos e deveres, como forma de aplicar de forma coesa a justiça e a equidade, sendo chamado por Ferraz Júnior de princípio do legislador racional. Nesse sentido, a integridade não pode ser compreendida apenas como sinônimo de unidade, mas desdobrada também na interpretação jurídica, posto que as proposições jurídicas só serão verdadeiras se pertencerem a princípios basilares como justiça e equidade. A integridade, então, estabelece um parâmetro de validade e verdade para proposições jurídicas. Ao apresentar tais premissas, Dworkin difere de outros autores porque faz uma clara distinção entre o direito como integridade de outras teorias que buscam ser interpretações do direito mas fogem da ideia de programas de interpretação, de forma que essa diferenciação é cerne do livro “Integridade no Direito”. Assim, para o autor da mencionada obra, é imprescindível revisitar o passado a fim de conhecer as práticas jurídicas para que se compreenda corretamente o direito enquanto integridade. Dessa forma, o retorno ao passado não busca encontrar os erros para corrigir o presente, mas analisar os princípios que justificam as práticas do passado e a interpretação desses princípios para que se crie um “futuro honorável”. Partindo, então, para um viés interpretativo na perspectiva do julgador, o princípio deve se ajustar e justificar alguma parte complexa da prática jurídica, de forma que essa justificação é o que gera a consistência que a integridade no direito exige. Conforme disposto no início, uma das metáforas de destaque de Dworkin é a do romance em cadeia e consiste em imaginar um grupo de pessoas que vai escrever um romance de forma contínua, devendo cada um continuar de onde o outro parou, de forma a escrever o melhor texto possível, respeitando a unidade, a coerência e a harmonia da obra como um todo, devendo obedecer a dois critérios interpretativos: a interpretação deve se ajustar a cada trecho e precisa fluir com o contexto, o segundo critério diz respeito ao julgamento, por parte dos integrantes, das leituras que tornem o desenvolvimento do texto o melhor possível, de forma que é importante conferir um propósito a obra para agregar-lhe valor. Assim, um bom crítico deve analisar o ajuste do texto (fit) e o apelo avaliativo dos valores que ele possui. Trazendo para o mundo jurídico, Dworkin sustenta que assim deve ser a atuação e interpretação dos juízes, como a dos críticos, ao escrever suas sentenças, de forma que deverá interpretar o direito da melhor forma, de forma que o autor tenta assemelhar não só a prática do direito, como também a teoria do direito a teoria da arte. Ainda nesse sentido, Dworkin passa para a análise de um romance e se debruça sobre as diferentes interpretações da obra de Charles Dickens, Christhmas Carol. Ele, então, apresenta visões dicotômicas acerca do caráter do personagem principal, Scrooge, retratado por vezes como irremediavelmente mau e outras como uma boa pessoa que passou por um processo de corrupção moral. O autor, contudo, sustenta que para ele a melhor interpretação é aquela que refletisse uma melhor leitura do romance por completo, ou seja, a que se adequasse (fit) melhor a compreensão do todo e não apenas de uma passagem ou capítulo, adotando uma visão holística. Cabe, neste ponto, mencionar que essa adequação ocorre de dentro pra fora, além de que a integralização dos valores deve também ser contemplada de forma que a interpretação contribua para a harmonia da obra. É importante, também, observar o contraste entre os aspectos da interpretação, tendo em vista que as interpretações dependem das convicções e juízos, além das questões internas de seus intérpretes. Nesse sentido, Dworkin aponta como único meio possível de solucionar essa celeuma um caminho cético, que busque uma resposta objetiva para tais controvérsias. Assim, em sua visão, não se deve optar por uma leitura em que Scrooge, protagonista do romance de Dickens, seja visto como alguém passível de recuperação, tendo em vista que se trata de um ser completamente contraditório e cínico. Para ele, o crítico deve realizar uma espécie de equilíbrio reflexivo a fim de ponderar suas convicções. Dworkin aponta que a determinação de uma interpretação ser superior a outra depende dos seus critérios, da sua capacidade de compreender a obra holisticamente. Ele destaca, ainda, que é possível que existam várias interpretações que contemplem o todo ou nenhuma que o faça, dessa forma, para escolher uma delas é preciso que se enfrente um desafio cético. Ademais, as possibilidades de reinterpretação jamais se encerram, na teoria ou na prática, de forma que a complexidade do direito exige sempre uma orientação no sentido de buscar uma melhor resposta, a correta e esse é um dos objetos centrais do estudo de Dworkin e é uma das teses que ele defende: a existência de uma resposta certa para qualquer que seja a pergunta e a sua complexidade jurídica.
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