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Acute_changes_induced_by_a_long_triathlo

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volume 11 - número 01 • Janeiro/Março 2012www.atlanticaeditora.com.br
ISSN 16778510
CARDIOLOGIA
• Fatores de risco cardiovascular em idosos
ESPORTE
• Alongamento e força muscular
• Intervalo entre séries e treinamento de força
• Alterações agudas induzidas por uma prova de triathlon
• Qualidade de vida de funcionários após ginástica laboral
• Caso do atleta paraolímpico Oscar Pistorius
NUTRIÇÃO
• Suplementação em atletas de natação
FISIOLOGIA
• Cicloergometria e lesão medular
• Mobilização neural na hipotrofia muscular
SAÚDE DA MULHER
• Qualidade de vida em pacientes mastectomizadas
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13 anos
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F i s i o l o g i a
do e x e r c í c i o
Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y
RealizaçãomaRcas oficiais
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94 cuRsos com os maioRes PalestRantes Do meRcaDo
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acESSórIoS, SuplEMENToS NuTrIcIoNaIS E MuITo MaIS
e mais: PalestRas gRatuitas, aPResentações De stReet Dance e outRas atRações
Editorial
Pesquisas e resultados, Paulo Farinatti .................................................................................................................................3
oPiNiÃo
Citius, Altius e Fortius: o caso do atleta paraolímpico Óscar Pistorius que disputou 
o Campeonato Mundial de Atletismo de 2011, Flávia Porto, Jonas Gurgel ..........................................................................4
artiGoS oriGiNaiS
Alterações agudas induzidas por uma prova de triathlon longo em diferentes 
biomarcadores enzimáticos e da função imune, Faber Sérgio Bastos Martins, 
José Augusto Rodrigues dos Santos .........................................................................................................................................7
Prevenção de hipotrofia muscular pelo uso da mobilização neural em modelo 
experimental de ciatalgia, Juliana Schmatz Mallmann, Juliana Moesch, Flávia Tomé, 
Rogério Fonseca Vituri, Alberito Rodrigo de Carvalho, Gladson Ricardo Flor Bertolini .......................................................13
Percepção subjetiva da qualidade de vida de usuários de computadores após 
15 sessões de ginástica laboral, Thiago Medeiros da Costa Daniele, 
George Lacerda de Souza, Pedro Bezerra Souza Neto ............................................................................................................17
Avaliação dos fatores de risco cardiovascular de idosos participantes de grupo 
de convivência da terceira idade do município de São Miguel do Oeste, SC, 
Nelí Maziero, Everton Boff, Sandro Claro Pedrozo ...............................................................................................................21
Efeitos da suplementação de carboidrato em gel sobre o desempenho físico 
e a resposta glicêmica em teste de natação de 12 minutos, Jadson Pereira Alves, 
André Luís Macalossi, Ramiro Barcos Nunes, Francisco Navarro ..........................................................................................26
Treinamento aeróbico em cicloergômetro adaptado para pacientes lesados medulares, 
Simone Suzuki Woellner, Antonio Vinicius Soares, Anna Maria Engel, 
Paulo Guilherme Lenz, Bruna Zimmermann ........................................................................................................................30
Efeito de diferentes intervalos entre séries, determinados pela relação 
esforço-recuperação, no desempenho da força, Diego de Almeida, Lenifran Santos, 
Renato Massaferri, Tainah Lima, Walace Monteiro ...............................................................................................................36
rElato dE CaSo
Avaliação da qualidade de vida em pacientes mastectomizadas pré e pós-reabilitação 
fisioterapêutica, Alisson Guimbala dos Santos Araujo, Rosani Mostowski, Karla Jakeline Uller ...........................................42
rEViSõES
Atividade cerebral relacionada ao apetite e exercício físico: implicações para 
a ingestão alimentar e controle do peso corporal, Rafael Ayres Montenegro, 
Alexandre Hideki Okano ......................................................................................................................................................48
Influência de variáveis relacionadas ao protocolo experimental no déficit de força 
muscular mediado pelo alongamento, Raquel Gonçalves, André Luiz Demantova Gurjão, 
José Cláudio Jambassi-Filho, Luiza Hermínia Gallo, Alexandre Konig Garcia Prado, Sebastião Gobbi .................................55
NorMaS dE PUBliCaÇÃo ............................................................................................................................... 60
EVENtoS ................................................................................................................................................................. 62
Índice
volume 11 número 1 - janeiro/março 2012
R e v i s t a B r a s i l e i r a d e
F i S i O L O G i A
do e x e r c í c i o
Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 11 Número 1 - janeiro/março 20122
© ATMC - Atlântica Multimídia e Comunicações Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou 
distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, 
Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à con-
fiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Apesar de todo o material publicitário 
estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou 
do valor do produto ou das asserções de seu fabricante.
Atlântica Editora edita as revistas Fisioterapia Brasil, Enfermagem Brasil, Neurociências e Nutrição Brasil
i.P. (informação publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes.
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Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
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Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
Corpo Diretivo: Paulo Sérgio C. Gomes (Presidente), Vilmar Baldissera, Patrícia Brum, Pedro Paulo da Silva Soares, 
Paulo Farinatti, Marta Pereira, Fernando Augusto Pompeu
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício está indexada no SIBRADID 
(Sistema Brasileiro de Documentação e Informação Desportiva)
Editor Chefe
Paulo de Tarso Veras Farinatti
Editor Associado
Pedro Paulo da Silva Soares
Walace Monteiro
Conselho Editorial
Amandio Rihan Geraldes (AL)
Antonio Carlos Gomes (PR)
Antonio Cláudio Lucas da Nóbrega (RJ)
Benedito Sérgio Denadai (SP)
Dartagnan Pinto Guedes (PR)
Douglas S. Brooks (EUA)
Emerson Silami Garcia (MG)
Francisco Martins (PB)
Francisco Navarro (SP)
Luiz Carnevali (SP)
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Robert Robergs (EUA)
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Todo o material a ser publicado deve ser enviado para o seguinte endereço de e-mail: artigos@atlanticaeditora.com.br
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Assinatura
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Editor executivo
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Direção de arte
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www.atlanticaeditora.com.br
3Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 11 Número 1 - janeiro/março 2012
Editorial
Pesquisas e resultados
Paulo Farinatti, Editor-Chefe da RBFEx
iniciando 2012, apresentamos o primeiro número do 
volume 11 da RBFEx. A quantidade e qualidade de artigos 
aumentam paulatina e consistentemente, bem como o nú-
mero de instituições que se fazem representar através de seus 
pesquisadores. Desse modo, nesta edição encontramos artigos 
de quatro regiões do Brasil e um de Portugal, tratando de 
assuntos variados, que vão desde biomarcardores em prova de 
triátlon até treinamento para lesionados medulares. 
A revista abre com trabalho produzido da Universidade 
do Porto, descrevendo alterações em marcadores enzimáticos 
e função imune em triatletas. Em seguida, contribuição da 
Universidade Estadual do Oeste do Paraná discute modelos de 
prevenção de perda de massa muscular através de mobilização 
neural. Na área das relações entre saúde e exercício, temos 
dois artigos interessantes – grupo da Universidade Federal 
do Ceará avalia a percepção subjetiva da qualidade de vida 
em pessoas que fazem uso prolongado de computadores após 
intervenção com ginástica laboral, enquanto da Universidade 
do Oeste de Santa Catarina chegam-nos dados sobre fatores 
de risco cardiovascular em idosos que frequentam centro de 
convivência da terceira idade. No tocante à prescrição do 
exercício visando desempenho, três estudos foram seleciona-
dos. Um deles, da Universidade Federal de Ciências da Saúde 
de Porto Alegre, investigou os efeitos da suplementação de 
carboidrato sob a forma de gel no desempenho em teste de 
natação, enquanto pesquisadores da Faculdade Guilherme 
Guimbala apresentam dados sobre treinamento aeróbio 
para lesionados medulares. Enfim, grupo da Universidade 
do Estado do Rio de Janeiro examinou o efeito de estratégias 
diferentes de determinação do intervalo de recuperação no 
desempenho em exercício de força. 
A revista apresenta, nesta edição, além das tradicionais 
revisões, um relato de caso e um artigo de opinião. As revisões 
se voltam para problemas relacionados à avaliação da força 
em idosos, especialmente o déficit de força após alongamento 
(Universidade Estadual Paulista) e para as relações entre ativi-
dade cerebral, apetite e exercício físico (Universidade Federal 
do Rio Grande do Norte). O interessante relato de caso sele-
cionado para a presente edição discute aspectos da qualidade 
de vida em pacientes mastectomizadas que participam de 
programa de intervenção fisioterápica. Enfim, artigo de opi-
nião discute com profundidade o caso do atleta paraolímpico 
Óscar Pistorius, que, com ambas as pernas amputadas, vem 
disputando campeonatos internacionais de atletismo e pleiteia 
o direito de disputar vaga nos Jogos Olímpicos de Londres. 
Em suma, uma grande variedade de assuntos e abordagens, 
que bem reflete a riqueza de nossa área do conhecimento! 
Bom proveito a todos! 
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 11 Número 1 - janeiro/março 20124
opinião
Citius, Altius e Fortius: o caso do atleta 
paraolímpico Óscar Pistorius que disputou 
o Campeonato Mundial de atletismo de 2011
Flávia Porto*, Jonas Gurgel**
*Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências do Exercício e do Esporte Universidade Gama Filho (PPGEF/UGF), 
Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde, Instituto de Educação Física e Desportos, Universidade do Estado do Rio de 
Janeiro (LABSAU/ IEFD/ UERJ), Grupo de Pesquisa em Biomecânica, Instituto de Educação Física, Universidade Federal Flumi-
nense (GPBIO/IEF/UFF), **Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde, Instituto de Educação Física e Desportos, Uni-
versidade do Estado do Rio de Janeiro (LABSAU/ IEFD/ UERJ), Grupo de Pesquisa em Biomecânica, Instituto de Educação Física, 
Universidade Federal Fluminense (GPBIO/IEF/UFF), Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde (MACCS/UFF) 
Recebido em 10 de novembro de 2011; aceito em 16 de janeiro de 2012. 
Endereço de correspondência: Flávia Porto, Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde, Universidade do Estado do 
Rio de Janeiro (LABSAU/UERJ), Rua São Francisco Xavier, 524, 8º andar, sala 8121, bloco F, 20550-900 Rio de Janeiro RJ, E-mail: 
flaviaporto_@terra.com.br
introdução
O sul-africano Óscar Pistorius nasceu em Joanesburgo, 
em 22 de novembro de 1986. Devido a uma má formação, 
nasceu sem as fíbulas, o que fez com que fosse amputado bi-
lateralmente aos 11 meses de idade. Com uma vida dedicada 
aos esportes, foi no Atletismo que Pistorius se destacou e vem 
se destacando, quebrando recordes e... Regras!
Campeão paraolímpico dos 400 m, Pistorius lutava, des-
de 2007, para disputar provas olímpicas. Baseado nos seus 
próprios recordes e conquistas, via-se em igual condição de 
disputar corridas com indivíduos normais (Usou-se o termo 
“normais” para se referir a indivíduos não portadores de 
necessidades especiais, sem teor pejorativo aos indivíduos 
amputados. Refere-se, apenas, a uma questão de normalidade, 
de ser mais comum). Assim, após longo processo, em 2011, o 
Comitê Técnico da international Amateur Athletic Federation 
(iAAF) decidiu por permitir a participação de Pistorius no 
13° Campeonato Mundial de Atletismo, ocorrido na Coréia 
do Sul, com a condição de que ele fosse o primeiro atleta na 
equipe de revezamento, sob a alegação de que suas próteses 
poderiam ocasionar acidentes com os outros competidores. 
A equipe de Pistorius alcançou o 8° lugar nessa disputa. 
Entretanto, é evidente o marco na história do Atletismo, na 
qual um atleta paraolímpico participou junto com atletas 
olímpicos na competição. Seria essa disputa realizada com 
igualdade entre todos os competidores?
Óscar Pistorius fez história no esporte ao se tornar o 
primeiro atleta amputado a competir com corredores nor-
mais em um Campeonato Mundial de Atletismo. Mas, essa 
participação gerou polêmica, principalmente por sua suposta 
vantagem mecânica sobre os demais competidores gerada pelo 
uso de suas próteses ultraleves.
Com base nesse episódio, este artigo propõe discutir alguns 
aspectos biomecânicos sobre as vantagens e desvantagens 
que Pistorius apresentaria ao participar de uma competição, 
inicialmente, voltada para indivíduos não-amputados. 
Sobre as próteses usadas por Pistorius
Regras da iAAF proíbem o “uso de qualquer dispositivo 
técnico que incorpore molas, rodas ou qualquer outro ele-
5Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 11 Número 1 - janeiro/março 2012
mento que forneça ao usuário uma vantagem sobre outro 
atleta que não utiliza tal dispositivo” e o “uso de qualquer 
aparelho que tenha o efeito de aumentar a dimensão de 
uma peça de equipamento para além do máximo permitido 
nas regras ou que forneça ao usuário uma vantagem que ele 
não teria obtido usando os equipamentos especificados no 
regulamento”. Com base nisso, o pedido de Pistorius para 
participar de competições voltadas a indivíduos normais teve 
de ser minuciosamente analisado, uma vez que a permissão 
poderia ser uma anuência ao ‘favorecimento’ do atleta perante 
os demais competidores.
Brüggemann et al. [1], então, conduziramum estudo en-
comendado pela iAAF para investigar se as próteses Cheetah 
poderiam ser consideradas uma espécie de doping mecânico 
usado por Pistorius, o que lhe traria vantagens sobre seus pares.
De acordo com a empresa fabricante das próteses usadas 
por Pistorius e que tem nele seu garoto-propaganda, a Össur® 
[2], o modelo Cheetah Flex-Foot Feet é feito sob medida para 
o usuário e desenhado, especificamente, para a prática de 
corrida. indicadas para amputados transtibial e transfemoral, 
as próteses têm a forma de J e são projetadas para simular a 
ação da junção tornozelo/ pé, permitindo, inclusive, leves mo-
vimentos de rotação e torção, protegendo o coto de possíveis 
lesões ocasionadas pela rigidez do equipamento. As próteses 
são leves (possuem 512g) e feitas de fibras de carbono, o que 
permite uma maior flexibilidade e otimização da transferência 
de energia entre solo e corpo durante a marcha e corrida.
Aspectos biomecânicos e fisiológicos da corrida 
com próteses
Primeiramente, é importante que seja considerado que 
qualquer padrão de movimento adotado para a realização da 
corrida influirá na fisiologia do indivíduo, seja amputado ou 
não, em variáveis como gasto de energia metabólica, processo 
de fadiga e risco de lesão [3]. 
Nessa ocasião, Brüggeman et al. [1] avaliaram e compa-
raram a biomecânica da corrida de Pistorius com a de cinco 
corredores normais, cujas características antropométricas e 
de desempenho na corrida eram similares. As propriedades 
mecânicas das próteses também foram investigadas. 
Considerando-se a massa reduzida da prótese Cheetah, que 
resulta em uma menor massa corporal do segmento quando 
comparado ao membro natural de um indivíduo sadio (cerca 
de 50% menor) [1], tal fato representa vantagens biomecâ-
nicas, principalmente, relacionadas ao momento de inércia, 
ao trabalho mecânico e, consequentemente, à transferência 
de energia, pois são variáveis influenciadas por características 
inerciais. Assim, o fato de a distribuição de massa da prótese 
ser diferente daquela de um membro natural, apresentando 
o centro de gravidade mais próximo à articulação do joelho, 
pode ser considerado uma vantagem mecânica, porque isso 
faz com que haja uma redução no momento de inércia. Se 
fossem mantidas as outras variáveis biomecânicas iguais, do 
ponto de vista cinemático, esse menor momento de inércia 
aumentaria a velocidade e a aceleração angulares das articu-
lações do joelho e do quadril durante a fase de balanço da 
corrida. No estudo de Brüggemann et al. [1], realmente, foi 
verificado um menor momento de inércia de Pistorius na fase 
de balanço (swing) da corrida. Essa constatação influenciou 
em um menor trabalho muscular durante esta fase. 
Ao analisarmos a transferência de energia que ocorre 
durante a corrida de um indivíduo amputado e protetizado, 
é importante, inicialmente, ser considerada a perda natural 
de energia que ocorre pela articulação metatarsofalangeal, 
durante a corrida realizada por indivíduos normais, confor-
me descrito no estudo de Stefanyshyn e Nigg [4]. Mesmo 
considerando o uso de sapatilhas de corrida, que avançaram 
em relação ao aumento da rigidez do solado médio no terço 
anterior do pé, ainda assim, existe uma perda significativa de 
energia por essa articulação [5]. Por outro lado, com o uso 
de uma prótese do tipo Cheetah, o indivíduo não apresenta 
essa perda, o que pode ser considerado vantajoso, tendo-se 
em vista que existe uma perda de energia de 19% a 8% na 
fase de apoio da corrida. Essa é uma perda significativamente 
menor que qualquer indivíduo não-protetizado teria, que é de 
aproximadamente 40% [1]. Ao analisar os dados de Pistorius 
com corredores saudáveis, Brüggemann et al. [1] constataram 
que o atleta paraolímpico realizou quase 100% de trabalho a 
mais que seus pares não-amputados, sendo que a maioria desse 
trabalho foi realizado pela lâmina da prótese, não havendo, 
portanto, participação muscular.
Quanto a isso, dados do fabricante apontam que, durante a 
corrida, a prótese Cheetah é comprimida no momento do im-
pacto, armazenando energia e absorvendo altos impactos que 
poderiam ser absorvidos pelas demais articulações do corredor, 
como tornozelos, joelhos, quadril e região lombar [2]. Ao 
investigarem a histerese da prótese de Pistorius, Brüggemann 
et al. [1], verificaram que cerca de 5% de energia eram dissi-
pados, o que significa que o atleta teria um retorno de quase 
95% da energia. É obvio pensar que isso seria uma vantagem, 
inclusive, no que se refere à fadiga muscular. Destaca-se que o 
tempo de contato no solo de Pistorius e os outros corredores 
foi similar [1]. Entretanto, Pistorius não apresenta torque 
ativo na articulação do tornozelo, diferentemente de atletas 
normais, que possuem as musculaturas dessa região, o que 
pode ser considerado uma desvantagem mecânica significa-
tiva. A duração similar da fase de apoio pode ser explicada 
por uma maior deformação da prótese, o que representa para 
Pistorius um menor impulso durante essa fase. 
Do ponto de vista fisiológico, a relação entre as variáveis 
mecânicas de trabalho, potência e energia refletem no gasto 
energético do indivíduo durante a corrida [3]. No caso de 
Pistorius, ainda que tenha havido dúvida se o atleta estava, 
de fato, na sua melhor forma física e, portanto, os resultados 
obtidos quanto ao consumo de oxigênio durante os testes 
não terem sido fidedignos [6] (Pistorius apresentou VO2máx 
25% menor que dos demais atletas [1]), somente o fato de 
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 11 Número 1 - janeiro/março 20126
to de próteses atléticas e não atléticas, melhorando a qualidade 
de vida de indivíduos portadores de necessidades especiais. 
O lema olímpico Citius, Altius e Fortius (o mais rápido, 
o mais alto e o mais forte), proposto pelo Barão Pierre de 
Coubertin, usado no título do presente artigo de opinião, 
será também usado para o seu encerramento. Durante dé-
cadas, o uso de próteses foi considerado desvantajoso e as 
pessoas que necessitavam de tais aparatos eram vistas como 
indivíduos deficientes. Os atletas sempre buscaram maneiras 
de melhorar a performance, seja através de meios lícitos ou 
ilícitos. O caso de um atleta protetizado ter competido no 
Mundial de Atletismo com atletas não amputados, propiciou 
uma reflexão e uma mudança de paradigma do que venha a 
ser um atleta deficiente, tendo em vista que um considerável 
número de pessoas aponta como uma potencial vantagem o 
uso dessas próteses. Tal fato gera para a população um dilema: 
as próteses poderão vir a ser melhores que nossas pernas? Até 
onde iria um atleta em busca do melhor desempenho? 
referências
1. Brüggemann G-P, Arampatzis A, Emrich F, Potthast W. Biome-
chanics of double transtibial amputee sprinting using dedicated 
sprinting prostheses. Sports Technol 2008;1(4-5):220-7.
2. Össur. Life without limitations. 2011. [citado 2011 Out 20]. 
Disponível em URL: http://www.ossur.com/
3. Williams KR. A dinâmica da corrida. in: Zatsiorsky VM, ed. 
Biomecânica no esporte: performance do desempenho e preven-
ção de lesão. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2004:125-42.
4. Stefanyshyn DJ, Nigg BM. Mechanical energy contribution 
of the metatarsophalangeal joint to running and sprinting. J 
Biomech 1997;30(11-12):1081-5.
5. Nigg BM, Stefanyshyn D, Cole G, Stergiou P, Miller J. The 
effect of material characteristics of shoe soles on muscle 
activation and energy aspects during running. J Biomech 
2003;36(4):569-75.
6. Zettler PJ. is it cheating to use cheetahs? The implications of 
technologically innovative prostheses for sports values and rules. 
BU iLJ 2009;27:367-409.
7. Su PF, Gard SA, Lipschutz RD, Kuiken TA. Gait characteristics 
of persons with bilateral transtibial amputations. J Rehabil Res 
Dev 2007;44(4):491-501.
ser protetizado já explicaria esse gasto energético menor pela 
alteração na biomecânica da sua corrida. 
Do ponto de vista cinético, o estudo de Brüggemann et 
al. [1] verificouque as forças de reação do solo (FRSs) foram 
significativamente menores que nos indivíduos saudáveis. 
Essas medidas também são influenciadas pela massa corporal 
total e segmentar de Pistorius, mas também podem estar 
relacionadas ao menor risco de lesões musculoesqueléticas. 
Porém, nos testes aos quais Pistorius foi submetido essa 
questão não foi investigada com profundidade. Nesse caso, 
o uso de acelerômetros triaxiais em determinadas regiões do 
corpo (como quadril e coluna) poderia complementar as 
avaliações realizadas pelo grupo de Brüggermann, fornecendo 
medidas de impacto (pico de aceleração) e vibração (movi-
mentos oscilatórios), além da relação entre eles (crest factor). 
Esses transdutores são bastante úteis na investigação sobre 
mecanismos de lesões osteomioarticulares. 
Outros parâmetros não investigados na pesquisa conduzi-
da por Brüggemann et al. [1] referem-se ao controle postural 
de Pistorius. Nesse sentido, é sabido que o controle postural 
e o padrão de deambulação são comprometidos em sujeitos 
biamputados [7], exigindo-se uma reorganização do sistema 
locomotor do indivíduo para cumprir normalmente tais 
funções. Então, será que essa ‘desvantagem biomecânica’ per-
maneceria durante a corrida de velocidade? Se considerarmos 
que as próteses usadas por Pistorius são desenhadas especifi-
camente para a prática da corrida, o equilíbrio é restabelecido 
com o aumento da velocidade na corrida. Ou seja, com um 
momento de inércia menor, mas com uma velocidade angular 
maior proporcionada pela corrida faz com que seu momen-
tum angular também seja maior e ajude a estabilizar o corpo.
Conclusão
Neste artigo de opinião, comparamos o caso de um indiví-
duo protetizado com outros indivíduos atletas normais, porém 
o que pode ser considerado como vantagem ou desvantagem 
na biomecânica da corrida de Pistorius, não pode ser inferido 
para demais atletas protetizados. Espera-se, contudo, que este 
artigo possa servir para enriquecer a discussão do caso do atleta 
Pistorius, servindo de estímulo para o continuo aprimoramen-
7Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 11 Número 1 - janeiro/março 2012
artigo original
alterações agudas induzidas por uma prova 
de triathlon longo em diferentes biomarcadores 
enzimáticos e da função imune
Acute changes induced by a long triathlon in different 
enzymatic and immune function biomarkers
Faber Sérgio Bastos Martins, D.Sc.*, José Augusto Rodrigues dos Santos, D.Sc.*
*Faculdade de Desporto – Universidade do Porto
resumo
Objectivo: Analisar as alterações hematológicas agudas induzidas 
por uma prova de triathlon longo. Avaliou-se o comportamento de 
diversos biomarcadores enzimáticos e da função imune em atletas 
portugueses masculinos de triathlon. Material e métodos: 10 atletas 
seniores masculinos (31,5 ± 1,2 anos; 69,3 ± 1,9 kg; 177,7 ± 1,4 
cm; 22,0 ± 0,8 de iMC e 10,1 ± 2,2 % GC) divididos em grupos 
elite e não-elite. Foram recolhidas amostras de sangue venoso peri-
férico antes e imediatamente após as provas. Utilizou-se estatística 
descritiva, testes não-paramétricos de Wilcoxon e Mann-Whitney 
e coeficiente de correlação de Spearman. Resultados: Verificou-se 
o aumento da actividade das enzimas CK e AST (p < 0,05) em 
ambos os grupos. O aumento da actividade da enzima GGT (p < 
0,05) ocorreu somente no grupo elite. Foi constatado, em ambos os 
grupos, um aumento da contagem leucocitária, fundamentalmente 
expressa pelo aumento da contagem de neutrófilos (p < 0,05). Após 
a prova, registou-se a diminuição da relação CD4/CD8 e aumento 
das concentrações dos linfócitos T CD3+CD8+, T CD4+reg e T 
CD4+CD69+ nos atletas dos grupos não-elite. Conclusão: Os resul-
tados encontrados sugerem que a intensidade e a duração da prova 
de triathlon condicionam as respostas dos diversos biomarcadores 
analisados em função do nível de treino dos atletas.
Palavras-chave: triathlon, treino, actividade enzimática, sistema 
imune, linfócitos. 
Abstract
Objective: To assess acute hematological changes induced by 
a long triathlon. We evaluated the behavior of various enzymatic 
and of immune function biomarkers in male Portuguese triathlon 
athletes. Methods: 10 male senior athletes (31.5 ± 1.2 years, 69.3 ± 
1.9 kg, 177.7 ± 1.4 cm, BMi 22.0 ± 0.8 and BF 10.1 ± 2.2%) were 
divided into groups elite and non-elite. Samples were taken from 
peripheral venous blood before and immediately after the events. 
We used descriptive statistics, nonparametric tests of Wilcoxon and 
Mann-Whitney and Spearman correlation coefficient. Results: There 
was increased activity of CK and AST (p < 0.05) in both groups. 
The increased activity of the enzyme GGT (p < 0.05) occurred 
only in the elite group. it was found in both groups, an increase 
in leukocyte count, mainly expressed as an increase in neutrophil 
count (p < 0.05). After the race, there was a decrease in the CD4/
CD8 ratio and increased concentrations of T lymphocytes CD3+ 
CD8+, CD4+ T reg and CD4+ CD69+ for athletes from non-elite 
groups. Conclusion: The results suggest that the intensity and dura-
tion of triathlon affect the responses of several biomarkers analyzed 
according to the level of training of athletes.
Key-words: triathlon, training, enzymatic activity, immune system, 
lymphocytes.
Recebido 10 de novembro de 2011; aceito 16 de novembro de 2011. 
Endereço de correspondência: Faber Sérgio Bastos Martins, Instituto de Estudos Superiores de Fafe, Rua Universitária, Apartado 178, 
4824-909 Medelo Portugal, E-mail: faberbastos.martins27@gmail.com
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 11 Número 1 - janeiro/março 20128
introdução
Os sistemas biológicos respondem aos diferentes estímulos 
provenientes do exercício físico levando a adaptações que 
se traduzem num incremento da capacidade funcional do 
atleta. Dentro desta perspectiva, a problemática traduz-se no 
nível da agressão sofrida pelo organismo, que embora possa 
apresentar-se transitória, é tanto mais expressiva quanto mais 
severa for a intensidade do exercício, considerada esta como 
intensidade propriamente dita ou como duração de uma 
dada intensidade. A prática do triathlon implica a realização 
de três diferentes desportos desenvolvidos em regime aeróbio 
(natação, ciclismo e corrida), podendo por vezes, prolongar-
-se por mais de 10 horas e com intensidades superiores a 
65% VO2max [1,2]. Estudos têm demonstrado que atletas 
de esforços prolongados evidenciam um aumento da acti-
vidade de determinadas proteínas como a creatina-quinase 
(CK), aspartato-aminotransferase (AST), mioglobina (Mb) 
e a presença de fragmentos de cadeia de miosina pesada em 
resposta a alteração na permeabilidade da membrana celular, 
o que permite, ainda que indirectamente, determinar o grau 
de agressão imposto pelo exercício [3-5]. Adicionalmente, o 
aumento do volume mitocondrial, a activação lisossómica, 
a disrupção e vacuolização sarcoplasmática constituem im-
portantes alterações histológicas musculares induzidas pelos 
esforços intensos e prolongados, principalmente aqueles 
nos quais se verifica uma elevada incidência de contracções 
excêntricas [6-8].
Actualmente, as provas de triathlon têm merecido atenção 
relevante no que concerne ao estudo da performance em fun-
ção das alterações de diversos biomarcadores, principalmente 
nas provas do triathlon ironman (3,8 km/180 km/42,2 km), 
de forma a possibilitar uma melhor compreensão da relação 
destes indicadores com importantes variações na função 
neuromuscular, actividades enzimáticas e respostas hemato-
lógicas [9-11]. Diversos estudos têm sugerido uma relação 
entre a susceptibilidade aumentada às infecções e a prática 
regular de exercícios intensos ou competições exaustivas, 
resultando em alterações significativas nos sistemas endó-
crino, nervoso e imunológico dos atletas [12-14]. Estudos 
realizados com nadadores de elite verificaram um aumento 
da incidência de infecções nas vias aéreas superiores (iVAS), 
tendo sido evidenciados, após asprovas, aumentos expressi-
vos da concentração leucocitária, expressos principalmente 
pelo aumento de neutrófilos, acompanhados da redução 
da concentração de imunoglobulina A (ig A), para além de 
alterações na actividade citotóxica das células natural killer 
(NK) [15,16]. Contudo, o comportamento dos indicadores 
bioquímicos e imunológicos parece apresentar uma elevada 
variabilidade inter-individual em função do nível de treino 
dos atletas, estando directamente relacionado a especificidade 
da intensidade e duração do esforço realizado.
Perante os pressupostos apresentados, o propósito central 
deste estudo foi verificar, em atletas portugueses masculinos 
de triathlon de elevado nível competitivo (elite) e praticantes 
regulares (não-elite), o efeito de uma prova de triathlon longo 
composta por 1,9 km de natação, 90 km de ciclismo e 21,1 
km de corrida, na modulação da resposta aguda de diversos 
biomarcadores enzimáticos e da função imune, de modo a 
proporcionar uma melhor compreensão dos distúrbios home-
ostáticos induzidos pelo exercício físico prolongado e intenso 
e suas respectivas repercussões sistémicas.
Material e métodos
Amostragem
A amostra foi constituída por 10 atletas masculinos da 
Federação Portuguesa de Triathlon, com idade média de 
31,5 ± 1,2 anos, massa corporal de 69,3 ± 1,9 kg, estatura 
corporal de 177,7 ± 1,4 cm, índice de massa corporal de 
22,0 ± 0,8 e percentagem de gordura corporal 10,1 ± 
2,2, participantes das provas nacionais e internacionais 
na referida distância. Os atletas foram divididos em 2 
grupos (elite e não-elite) de acordo com as respectivas 
posições no ranking nacional e categoria de inscrição em 
competições internacionais pela international Triathlon 
Union (iTU). 
Procedimentos
Para a avaliação da estatura corporal dos atletas foi 
utilizado o estadiômetro (marca Rudolf Martin) e para 
a determinação da massa corporal (kg) e percentagem de 
gordura corporal (%GC) dos atletas foi realizada a pesa-
gem em balança digital de bioimpedância (marca Tanita 
TBF 305). Todos os atletas integrantes da amostra foram 
submetidos a duas colheitas sanguíneas, a primeira nos 
instantes precedentes a cada uma das provas e a segunda, 
imediatamente após o seu término, sendo estas realizadas 
através da punção venosa na região cutânea antecubital 
anterior, com álcool a 95%, totalizando 60 amostras. Todas 
as amostras foram colhidas em tubos ETDA-K3 de 4,5ml 
(BD Vacutainer) para a determinação dos parâmetros 
bioquímicos e imunológicos.
Análise bioquímica: Para análise dos parâmetros bioquími-
cos efectuados no soro, foi utilizada a centrifugação a 3000 
rpm (centrífuga JOUAN CR3). Foram analisados através do 
método turbidimétrico a 340 nm, as actividades séricas das 
enzimas creatina-quinase (CK), aspartato-aminotransferase 
(AST), alanina-aminotransferase (ALT) e gama-glutamil-
transferase (GGT). 
Análise imunológica: Os tubos de ensaio de polipropileno 
de 5 ml para citómetro de fluxo (iZASA) foram identificados e 
os anticorpos com diferentes especificidades, conjugados com 
diferentes fluorocromos foram pipetados (pipetas automáticas 
de 10 µL) para os respectivos tubos, em conformidade com 
o apresentado na Tabela i
9Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 11 Número 1 - janeiro/março 2012
Tabela I - Identificação dos anticorpos monoclonais utilizados na determinação da imunomarcação.
Caracterização dos Linfócitos T
FL1-FITC FL2-PE FL3-ECD FL4-PC5 FL5-PC7 
Tubos/
Anticorpos
monoclonais
CD8
 (IOT; B9.11)
CD 69
(IOT; TP1.55.3 )
CD45RO
(IOT; UCHL1 )
CD28 
(IOT; CD28,2 )
CD3 (IOT;UCHT1)
HLA-DR
 (IOT; Immu-357)
CD 127
(IOT;R34.34 )
CD4
 (IOT; SFCI12T4D11)
CD25
 (IOT;B1,49,9 )
FIT C - Isotiocianato de fluresceina; PE - Ficoeritrina; ECD - Energy Coupled Dye; PC5 – Ficoeritrina-Cy5- Tandem; PC7 – Ficoeritrina Cianina 7.
A cada tubo foram adicionados 100 µL (pipetas automáticas) 
de sangue periférico e as amostras foram incubadas durante o 
período de 15 minutos, no escuro e a temperatura ambiente. No 
final do período de incubação, procedeu-se a líse dos eritrócitos 
e a fixação dos leucócitos, utilizando o Lisador automático TQ-
-Prep (BC) e os reagentes immunopre Reagent System (BC). 
Em seguida, os tubos foram colocados no frigorífico durante 15 
minutos, procedendo-se, logo após, à aquisição das amostras no 
citómetro de fluxo ( Cytomicas FC500 da Beckman Coulter), 
utilizando o programa “CXP Versão 2.0” (Beckman Coulter). 
Uma combinação de anticorpos monoclonais conjugados com 
isotiocianato de fluresceina (FiTC) e ficoeritrina (PE) foram 
utilizados para enumerar as subpopulações de linfócitos. A 
calibragem do citómetro foi realizada utilizando o FACScomp 
software (immunocytometry system). Do sangue venoso pe-
riférico heparinizado, 3 ml foram misturados com o mesmo 
volume da solução de fosfato tampão (PBS pH 7.4) nivelado por 
4ml de gradiente Ficoll-Paque (Amersham Pharmacia Biotech, 
Uppsala, Sweden) a 400g durante 30 minutos a temperatura 
ambiente. As respectivas camadas de células mononucleares 
foram recolhidas e lavadas duas vezes com solução PBS (10 ml), 
sendo posteriormente suspensas em solução FCS-RPMi-1640. 
As amostras contendo 1x106 células mononucleares em solução 
FCS-RPMi-1640 foram tratadas com 10ml de anticorpos mo-
noclonais conjugados com isotiocianato de fluresceina (FiTC) 
e ficoeritrina (PE), sendo as seguintes combinações: anti-CD3 
(FiTC) \ anti-CD4 (PE), anti-CD3 (FiTC)\anti-CD8 (PE), 
lavadas duas vezes com solução PBS+, e novamente suspensas 
em 1 ml de solução 0.5% de paraformaldeido-PBS+, sendo 
posteriormente analisadas pelo programa infinicyt Versão 1.1.1. 
Foi utilizado o teste de Wilcoxon para medidas repetidas, e o 
teste de Mann-Whitney para amostras independentes. Para 
verificar os níveis de associação entre as variáveis investigadas no 
estudo, recorreu-se ao coeficiente de correlação de Spearman. 
Os níveis de significância foram mantidos em 5% (p < 0.05). 
Os procedimentos estatísticos foram analisados nos programas 
Excel™2000 e Statistical Package for the Social Sciences (SPSS™. 
Versão 16.0).
resultados
De acordo com os dados expostos na Tabela ii, constata-se, 
nos atletas de elite, o aumento das actividades das enzimas 
CK (109,3%, p = 0,011), AST (21,1%, p = 0,016) e GGT 
(17,3%,p = 0,014). Este comportamento, embora mais 
pronunciado nos atletas do grupo não-elite, foi somente ve-
rificado na actividade das enzimas CK (307,6%, p = 0,043) 
e AST (55,7%, p = 0,014).
Tabela II - Efeito da prova de triathlon longo nas diferentes actividades enzimáticas dos triatletas.
Enzimas
Triatletas elite 
(n = 5)
Triatletas não-elite 
(n = 5)
Pré-Prova Pós-Prova Pré-Prova Pós-Prova
CK (U.L-1) 268,6±135,4 562,4 ± 194,7* 190,4 ± 30,0 776,2 ± 458,7*
AST (U.L-1) 39,8 ± 9,1 48,2 ± 11,0* 26,2 ± 2,1 40,8 ± 8,8*
ALT (U.L-1) 25,4 ± 7,3 27,2 ± 7,8 17,4 ± 5,5 20,6 ± 6,1
GGT (U.L-1) 18,4 ± 2,1 21,6 ± 1,2* 21,0 ± 6,0 23,6 ± 7,2
Nota: Valores expressos pela média ± desvio-padrão. * p < 0,05, vs Pré-Prova. 
Tabela III - Efeito da prova de triathlon longo nas diferentes subpopulações leucocitárias dos tritletas.
Parâmetros Imunológicos Triatletas Elite 
(n = 5)
Triatletas não-Elite 
(n = 5)
Pré-Prova Pós-Prova Pré-Prova Pós-Prova
Monócitos (103/µL) 0,4 ± 0,3 0,5 ± 0,2* 0,6 ± 0,4 0,8 ± 0,4*
Linfócitos (103/µL) 2,2 ± 1,0 1,2 ± 0,6* 2,3 ± 1,0 1,3 ± 0,5*
Neutrófilos(103/µL) 3,4 ± 1,7 14,4 ± 4,7* 4,0 ± 1,0 15,0 ± 3,6*
Leucócitos (103/µL) 6,3 ± 1,5 16,3 ± 5,0* 6,7 ± 1,4 17,5 ± 4,1*
Valores expressos pela média ± desvio-padrão. * p < 0.05, vs Pré-Prova.
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 11 Número 1 - janeiro/março 201210
O comportamento dos indicadores da função imune 
após a prova pode ser observado na Tabela iii. Uma análise 
dos dados permite-nos verificar um aumento significativo 
dos leucócitos totais, em ambos os grupos de atletas, sendo 
observado acréscimos de 158,7% (p = 0,003) e 161% (p = 
0,001) nos grupos elite e não-elite, respectivamente.Esta 
leucocitose reflecte principalmente um aumento dos neutró-
filos (neutrofilia) pós-esforço, sendo este mais acentuado nos 
atletas do grupo elite (323,5%, p = 0,002) comparativamente 
ao grupo não-elite (275%, p = 0,003).
De forma a analisar o efeito crónico das sucessivas cargas 
de treino na resposta imune dos atletas presentes neste estudo, 
foram comparadas as concentrações leucocitárias intergrupos 
nos momentos pré e pós-prova, conforme apresentado na 
Figura 1, não tendo sido constatadas diferenças significativas. 
Contudo, importa reter que os atletas do grupo não elite, 
apresentaram valores basais de leucócitos totais ligeiramente 
mais elevados quando comparados com atletas de elite (6,7 
± 1,4 vs 6,3 ± 1,5 x 103/µL, p = 0,834).
Figura 1 - Análise comparativa dos grupos experimentais de triatle-
tas relativamente a concentração dos leucócitos totais nos momentos 
pré e pós-prova de triathlon longo. 
Figura 2 - Análise comparativa dos grupos de triatletas relativa-
mente ao efeito da prova de triathlon longo na relação dos linfócitos 
T CD4+/ T CD8+.
Pré-prova Pos-prova
25
20
15
10
5
0
(1
0^
3/
µl
)
Leucócitos Totais
* *
elite não elite
* p < 0,05, vs Pré-prova; • p<0.05, vs Elite.
A relação dos linfócitos T CD4+/CD8+, utilizada como 
indicador de imussupressão, foi alterada ao término da prova, 
sendo a diminuição observada (1,9 ± 0,8 vs 1,6 ± 0,5; p = 
0,042) somente no grupo dos atletas não-elite, de acordo com 
o exposto na Figura 2.
Foi encontrada uma diferença intergrupos de 26,3% refe-
rente aos valores basais (2,4 ± 0,8 vs 1,9 ± 0,8; p = 0,036) da 
relação, sendo também constatada uma diferença de 37,5% 
nos valores pós-prova dos grupos de atletas analisados (2,2 ± 
0,7 vs 1,6 ± 0,5; p = 0.018).
Ambos os grupos de atletas evidenciaram alterações nos 
indicadores de activação do fenótipo linfocitário T CD4+ 
(Tabela iV), em particular nas células T CD4+ reguladoras, 
as quais assumem relevante importância na homeostase da 
tolerância periférica. 
Pré-prova Pos-prova
3.5
3
2.5
2
1.5
1
0.5
0
T CD4+ / CD8+
* *
elite não elite
* p < 0,05, vs Pré-prova; • p<0.05, vs elite.
discussão
O exercício físico intenso e prolongado provoca múltiplas 
alterações bioquímicas cuja interpretação pode, por vezes, 
conduzir a resultados conflituais, principalmente em atle-
tas com elevado nível de treino. O aumento da actividade 
das enzimas séricas indicia alterações na permeabilidade da 
membrana celular, e está normalmente correlacionado com 
lesão celular consequente ao exercício [5,17]. Os indicadores 
bioquímicos CK e AST utilizados no presente estudo cons-
tituem marcadores de lesão muscular, dado o facto de serem 
proteínas que, quando libertadas para o espaço extracelular, 
em resposta ao exercício físico, permitem determinar, ainda 
que de forma indirecta, a existência de lesões [3,5]. As enzimas 
ALT e GGT encontram-se em maior concentração no fígado 
e epitélios dos ductos biliares e renais, respectivamente [18], 
o que pode sugerir a possibilidade de lesão hepática, quando 
observado um aumento significativo dos níveis séricos destas 
enzimas em resposta ao exercício físico [19]. 
A elevada variabilidade inter-individual pós-prova obser-
vada no comportamento da enzima CK, expressa pelos acen-
tuados desvios-padrão, corrobora estudos anteriores realizados 
com diferentes atletas de provas de resistência [4,17,20,21]. 
Esta variabilidade pode ser, em parte, justificada pelo nível de 
treino do atleta, uma vez que quanto mais elevado o estado 
de treino, maior a possibilidade da realização de esforços 
intensos, com melhor tolerância às elevações enzimáticas 
relacionadas com focos de lesão muscular [4,22,23]. Neste 
contexto, a atenuação da expressão da actividade da enzima 
CK pós-prova, evidenciada pelos atletas de elite, reforça o 
denominado efeito protector da carga repetida [24], promo-
vendo nestes atletas importantes adaptações metabólicas ao 
esforço prolongado exaustivo, reduzindo o nível de agressão 
muscular induzida pelo exercício. Esta resposta da actividade 
enzimática menos pronunciada por parte dos atletas de elite 
lhes confere a classificação de low CK responders [17], na 
11Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 11 Número 1 - janeiro/março 2012
qual se observa uma curva individual dos valores absolutos 
pouco acentuada e que pode, de acordo com alguns autores, 
ser justificada por diferentes mecanismos, dentre os quais, 
a incapacidade de drenagem da enzima CK do interstício 
para a circulação sanguínea, através do sistema linfático, em 
resposta ao possível aumento da pressão dos fluidos intersti-
ciais [25]. Relativamente aos elevados valores da actividade 
da enzima CK apresentados pelos atletas do grupo não-elite, 
uma justificativa plausível parece convergir para o efeito mo-
dulador da duração do esforço, facto que corrobora estudos 
anteriores com atletas de ultra-maratonas e triathlons longos, 
onde a dilatação do tempo de esforço é sugerida como factor 
determinante na libertação desta proteína para a circulação 
[3,26,27]. A semelhança do observado na actividade da CK, 
o aumento da actividade da enzima AST, apresentada por 
ambos os grupos de atletas, consubstancia no diagnóstico da 
ocorrência de lesão no tecido muscular esquelético [21,28]. 
Contudo, a sua menor expressão pós-prova pode ser justificada 
pelas suas elevadas dimensões moleculares, o que resulta numa 
dificuldade acrescida da sua remoção, via sistema linfático 
[3,27,29]. O aumento significativo da actividade da enzima 
GGT, constatada nos atletas de elite, constitui um indicador 
sensível de distúrbios hepáticos [30], possuindo também um 
importante papel modulador na velocidade das vias glicolítica 
e oxidativa [31]. Este aumento da actividade parece estar 
relacionado, segundo alguns autores, com a redistribuição 
do fluxo sanguíneo e o aumento da temperatura corporal 
induzidos pelo exercício físico intenso e prolongado, facto 
que poderia resultar em danos hepatocelulares provocados 
por uma isquemia [32,33]. 
O aumento do número de leucócitos circulantes após a 
realização de exercícios físicos constitui uma resposta aguda 
natural, e está dependente de factores como a intensidade, 
a duração e tipo de esforço realizado [14,34,35]. Esta leu-
cocitose pós-esforço é normalmente expressa pelo aumento 
de neutrófilos [12-14,36,37], e se mostra mais pronunciada 
em esforços prolongados [36,38]. O aumento do número de 
leucócitos, evidenciada por ambos os grupos, após a realização 
da prova corrobora os resultados de estudos anteriores, e terá 
resultado da desmarginação dos neutrófilos, a partir das pare-
des do endotélio, induzida pelo aumento do débito cardíaco 
e alterações dos níveis de cortisol e catecolaminas [31,39,40]. 
Efectivamente, níveis elevados de adrenalina, induzidos pelo 
exercício físico, reduzem a afinidade dos neutrófilos pela pa-
rede do endotélio, potenciando um fluxo aumentado destas 
células para a circulação sanguínea [41]. Adicionalmente, o 
aumento transitório do número monócitos pós-prova, embora 
menos acentuado, está relacionado ao processo inicial da 
activação dos macrófagos no mecanismo de resposta inflama-
tória [42]. Relativamente a activação dos linfócitos T CD4+ 
e T CD8+, Pizza et al. [43] referem que o tipo de exercício 
parece exercer uma influência significativa na magnitude do 
comportamento dos parâmetros da imunidade celular e hu-
moral. A diminuição significativa da relação dos linfócitos T 
CD4+/CD8+ no grupo não-elite reflecte, principalmente, um 
acréscimo dos linfócitos T CD8+, o qual pode estar associado 
a uma situação de imunossupressão evidenciada pela realização 
de esforços intensos e prolongados [44,45]. Esta modulação 
do sistema imune, caracterizada pelo aumento dos linfócitos T 
CD8+ para o compartimento vascular, em resposta ao exercício 
físico agudo, parece estar relacionada com a expressão dos 
β-receptores presentes nestas células [46]. Contrariamente ao 
aumento observadono grupo não-elite, os atletas de elite evi-
denciaram uma diminuição do fenótipo T CD4+CD69+, que 
pode se prender, em parte, aos níveis aumentados de cortisol 
em resposta a realização de esforços prolongados e intensos 
[47], os quais poderiam provocar a inibição da produção de 
interleucina-1 (iL-1) pelos monócitos e, consequentemente, 
reduzir a estimulação dos linfócitos T CD4+, com menor 
produção de interleucina-2 (iL-2), o que resultaria na inibição 
da proliferação dos linfócitos T e diminuição de mediadores 
de inflamação e actividade citotóxica [48].
Conclusão
A análise e interpretação dos resultados obtidos neste estudo 
permitem-nos extrair as seguintes conclusões: a duração do 
esforço parece constituir o factor determinante na expressão 
da resposta das proteínas musculares CK e AST, enquanto a 
intensidade do esforço exerce um importante efeito modulador 
da actividade da enzima hepática GGT. De forma similar aos 
indicadores bioquímicos, a resposta dos biomarcadores da fun-
ção imune parece estar condicionada pela duração e intensidade 
do esforço. Assim, verificamos que a intensidade e a duração 
das provas de triathlon condicionam as respostas dos diferentes 
biomarcadores em função do nível de treino dos atletas.
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13Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 11 Número 1 - janeiro/março 2012
artigo original
Prevenção de hipotrofia muscular pelo uso 
da mobilização neural em modelo experimental 
de ciatalgia 
Muscular hypotrophy prevention by using neural mobilization in 
experimental sciatica model
Juliana Schmatz Mallmann*, Juliana Moesch*, Flávia Tomé*, Rogério Fonseca Vituri**, Alberito Rodrigo de Carvalho***, 
Gladson Ricardo Flor Bertolini, D.Sc.**** 
*Graduados em Fisioterapia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Campus de Cascavel/PR, **Especialista, 
docente do curso de medicina da Unioeste, ***Especialista, docente do curso de fisioterapia da Unioeste, ****Docente do curso de 
fisioterapia da Unioeste
resumo
Introdução: O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia da 
mobilização neural na manutenção do trofismo muscular de sóleos 
em ratos submetidos a modelo experimental de ciatalgia por neu-
ropraxia. Métodos: Ratos Wistar (n = 10 / 13 ± 2 semanas / 356,80 
± 27,76 g) foram divididos aleatoriamente em dois grupos, o GS, 
(n = 5) submetido à ciatalgia e tratamento simulacro, e o GMN, 
(n = 5) submetido à ciatalgia e tratado com mobilização neural. 
O protocolo experimental de ciática por neuropraxia seguiu o 
modelo de Bennett e Xie. Os tratamentos por mobilização neural 
(GMN) e simulacro (GS) foram realizados nas patas traseiras di-
reitas. O trofismo muscular foi avaliado histomorfometricamente 
pelo menor diâmetro das fibras musculares (MDFM). Para análise 
estatística usou-se o teste t pareado (α = 0,05). Resultados: No GS 
houve diminuição significativa do MDFM à direita em relação à 
esquerda (p = 0,0051) e no GMN não foram observadas diferenças. 
Conclusão: A mobilização neural foi eficaz na redução da hipotrofia 
proveniente de uma neuropraxia nos animais.
Palavras-chave: ciática, modalidades de fisioterapia, neuralgia. 
Abstract
Introduction: The aim of this study was to assess the effectiveness 
of neural mobilization, in the soleus muscle tropism maintenance 
in rats with sciatica experimental model by neuropraxia. Methods: 
Wistar rats (n = 10 / 13 ± 2 weeks / 356.80 ± 27.76 g) were randomly 
divided into two groups, the SG (n = 5) subjected to sham treatment 
and sciatica, and NMG, (n = 5) submitted to sciatica and treated 
with neural mobilization. The experimental protocol of sciatica by 
neuropraxia followed the model of Bennett and Xie. The treatments 
for neural mobilization (NMG) and sham (GS) were performed on 
right hind limb. The muscle tropism was assessed by histomorpho-
metric of muscle fibers diameter smaller (MFDS). Statistical analysis 
used the paired t test (α = 0.05). Results: in SG significant decrease 
of MFDS right than left (p = 0.0051) and the NMG no differences 
were observed. Conclusion: The neural mobilization was effective in 
reducing hypotrophy from a neuropraxia in animals.
Key-words: sciatica, physical therapy modalities, neuralgia.
Recebido em 18 de novembro de 2011; aceito em 3 de janeiro de 2012. 
Endereço de correspondência: Gladson Ricardo Flor Bertolini, Rua Universitária, 2069, Jd. Universitário, Universidade Estadual do 
Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Laboratório de Estudo das Lesões e Recursos Fisioterapêuticos, Caixa Postal 
711, 85819-110 Cascavel PR, Tel: (45) 3220-3157, E-mail: gladson_ricardo@yahoo.com.br
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 11 Número 1 - janeiro/março 201214
introdução 
A incidência de dor lombar é de aproximadamente 80% 
da população mundial, e 35% destes desenvolvem um quadro 
de lombociatalgia, que é uma irritação do nervo isquiático, 
causando distúrbios sensitivos no trajeto do mesmo. A lom-
bociatalgia constitui um problema de saúde, em todos os 
países, com certo grau de desenvolvimento, sendo que a perda 
da capacidade laboral e a aposentadoria são consequências 
importantes para a sociedade e economia [1].
A causa mais comum da lombociatalgia é a hérnia de disco, 
porém, existem outras, como: processos degenerativos, infec-
ções, luxações traumáticas do quadril, anomalias congênitas 
[2], síndrome do piriforme [3] e estenose do canal lombar. 
Os sintomas incluem a dor lombar, dor ao longo do trajeto 
do nervo, distúrbios sensoriais e fraqueza dos músculos do 
membro inferior inervados pelo isquiático [4].
Os testes de provocação neural são realizados com objetivo 
de auxiliar no diagnóstico de síndromes compressivas nervosas 
[5,6], sendo que os mesmos são adaptados para tratamento 
destas síndromes, com resultados diversos [7-9].
O princípio da técnica de mobilização neural, que é um 
comprometimento da mecânica e ou fisiologia do sistema 
nervoso, pode resultar em outras disfunções do sistema ner-
voso, ou em estruturas musculoesqueléticas que recebam sua 
inervação. A mobilização neural é utilizada para restaurar o 
movimento e a elasticidade do sistema nervoso, com objetivo 
de melhorar a neurodinâmica e restabelecer o fluxo axoplas-
mático, restabelecendo a homeostasia dos tecidos nervosos [9].
Para Butler [10], a mobilização do sistema nervoso afeta a 
dinâmica vascular, os sistemas de transporte axonal e a restauração 
da mecânica das fibras nervosas e tecidos conjuntivos. Alteração 
das pressões no sistema nervoso, durante o movimento, podem 
auxiliar na dispersão de um edema intraneural, com melhora do 
suprimento sanguíneo às fibras nervosas em hipóxia. Além disso, 
um tratamento vigoroso poderia causar uma pequena lesão no 
nervo e estimular a liberação de fatores de crescimento.
Pelo modelo de compressão isquiática, criado por Bennett 
e Xie [11], há a reprodução da sintomatologia visualizada em 
humanos, com isto, confere-se a possibilidade de avaliar téc-
nicas de tratamento, como a mobilização neural, verificando-
-se a evolução do reparo nervoso pelo trofismo de músculos 
inervados pelo isquiático.
O objetivo deste estudo foi verificar a eficácia da mobili-
zação neural, na manutenção do trofismo muscular de sóleos 
em ratos submetidos a modelo experimental de ciatalgia por 
neuropraxia. 
Materiais e métodos 
Grupos experimentais
Foram utilizados 10 ratos (Rattus norvergicus), da linha-
gem Wistar, machos, com idade de 13 ± 2 semanas, com 
356,80 ± 27,76 g. Os ratos foram alojados em caixas de 
polipropileno, submetidos a ciclo claro/escuro regulado em 
12 horas, e receberam água e ração ad libitum durante o 
período experimental. 
Os animais foram divididos aleatoriamente em 2 grupos: 
GS (n = 5) – submetido à ciatalgia e tratamento placebo 
(simulacro); GMN (n = 5) – submetido à ciatalgia e tratado 
com mobilização neural.
O projeto foi conduzido segundo as normas internacionais 
de ética em experimentação animal [12], sendo aprovado pelo 
Comitê de Ética na Experimentação Animal e Aulas Práticas 
da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).
Protocolode lesão experimental
Os animais foram anestesiados com ketamina (95 mg/
kg) e xilazina (12 mg/kg) intramuscular. Depois de feita 
a tricotomia, realizou-se uma incisão paralela às fibras do 
músculo bíceps femoral, da coxa direita do animal, expondo 
o nervo isquiático. Seguindo o modelo de Bennett e Xie 
[11], foi efetuada a compressão ao redor do nervo isquiático 
em quatro regiões distintas, com distância aproximada de 1 
mm, sendo utilizado fio catgut 4.0 cromado, reproduzindo 
dor crônica no trajeto do mesmo, em seguida a sutura foi 
realizada por planos.
Protocolos de tratamento
Para a realização do protocolo de tratamento, os animais 
eram sedados com éter etílico, e o tratamento procedido no 
membro posterior direito, nos dois grupos.
No protocolo utilizado para o GMN, o animal era posi-
cionado em decúbito dorsal, quadril flexionado a aproximada-
mente 70º, extensão máxima possível de joelho e dorsiflexão 
de tornozelo até a sensação de resistência ao movimento, 
então o tornozelo era passivamente movimentado em planti e 
dorsiflexão, com aproximadamente 30 movimentos, durante 
um minuto [13].
No GS o animal também era sedado e posicionado em 
decúbito dorsal, porém apenas o quadril era mantido em 
flexão de cerca de 70º, sendo deixados livres o joelho e tor-
nozelo dos animais.
O tratamento iniciou no terceiro dia pós-compressão, 
sendo realizadas cinco sessões seguidas, sempre no mesmo 
horário, em dias subsequentes. No sexto dia, após o início 
do tratamento, os animais sofreram eutanásia por meio de 
decapitação em guilhotina. Então foi realizada a dissecação 
dos músculos sóleos, de forma bilateral, para posterior análise 
histomorfométrica.
Análise histomorfométrica
Após a dissecação e fixação dos sóleos, em formalina 
10%, os mesmos foram emblocados em parafina e realizado 
15Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 11 Número 1 - janeiro/março 2012
procedimento para confecção de lâminas histológicas, com 
cortes transversais no ventre muscular.
Para realizar a análise dos músculos sóleos, optou-se por 
verificar o diâmetro das fibras em sua menor porção, visto 
que segundo Brito et al. [14] esta juntamente com a análise 
de secção transversa e diâmetro médio são formas adequadas 
de avaliar o grau de trofismo muscular. Para tal fim, foram 
analisadas 100 fibras por músculo, utilizando-se o programa 
image-Pro-Plus 3.0.
Análise dos resultados
Os resultados foram expressos por meio da estatística 
descritiva (média e desvio-padrão) e analisados pela estatística 
inferencial, por meio do teste t de Student pareado, sendo 
aceito o nível de significância de α = 0,05.
resultados 
Os resultados mostraram que para o grupo simulacro 
havia diminuição significativa do menor diâmetro das fibras 
musculares dos sóleos direitos comparados aos esquerdos (p 
= 0,0051), com hipotrofia à direita (figura 1). Para o GMN 
não houve diferença significativa ao comparar os grupos (p 
= 0,3433). 
Figura 1 - Avaliação das fibras musculares dos sóleos em seu menor 
diâmetro, de acordo com os grupos (GS – grupo simulacro; GMN 
– grupo mobilização neural) e o lado de análise (D – direito; E – 
esquerdo).
nervosas lesadas. Além disso, a lesão nervosa periférica pro-
duz degeneração das fibras nervosas, produzindo hipotrofia 
muscular [17]. 
Desta forma, no presente estudo objetivou-se avaliar 
uma característica de regeneração nervosa do isquiático, que 
é a atrofia muscular de fibras de sóleo. Esta síndrome, que 
além de ter alta incidência e prevalência, produz alterações 
álgicas e funcionais importantes que podem ser combatidas 
com o tratamento conservador, numa técnica de mobilização 
neural, que tem se mostrado vantajosa para a dor, advinda da 
compressão nervosa [18,19]. 
Oliverira Junior et al. [9] relatam que o número de ar-
tigos e publicações a respeito da mobilização neural, ainda 
é consideravelmente escasso. Porém, a ideia de aplicar um 
tratamento mecânico para o tecido neural não é nova, pois 
princípios e métodos de “alongamento nervoso” existiam 
desde 1800 e com o tempo se tornaram mais refinados tanto 
na teoria quanto na aplicação clínica [20].
Avaliar a técnica de mobilização neural, em um modelo 
experimental de ciatalgia, que pela lesão produzida (neuro-
praxia) gera hipotrofia muscular, apresentou-se como uma 
questão de interesse, pois existem para a técnica, na literatura, 
indícios de êxito e falhas sobre processos lesivos de nervos 
periféricos [7-9].
Segundo Hall et al. [21], como forma terapêutica para 
lesões nervosas, indicam-se movimentos oscilatórios gentis 
nas estruturas anatômicas envolvidas ao redor dos tecidos 
nervosos afetados. Kobayashi et al. [22] avaliando alterações 
no fluxo sanguíneo com o teste de elevação da perna retificada, 
em 12 pacientes, antes e após microdiscectomia, observaram 
que durante o teste havia redução do fluxo. Citam que as 
adesões causadas por reações inflamatórias entre a lesão e a 
raiz nervosa, poderiam reduzir a mobilidade do nervo durante 
o movimento dos membros, direcionando a alterações no 
fluxo com subsequente hipóxia, edema e desmielinização. 
O que acarretariam em alterações tanto sensitivas quanto 
tróficas musculares e do Sistema Nervoso Autônomo. Alte-
rações tróficas musculares foram observadas no modelo de 
lesão aqui utilizado, visto que para o grupo controle, havia 
diminuição significativa do diâmetro das fibras musculares, 
quando comparado com o lado sadio.
Kikukawa et al. [23] investigaram as alterações agudas no 
citoesqueleto axonal após alongamento moderado (2 N), por 
1 hora, em nervos do plexo braquial de ratos. Relatam que 
os microtúbulos eram despolimerizados pelo alongamento, 
o que pode levar a implicações no transporte axonal do ner-
vo. Sendo assim, com o fluxo axonal normalizado, a função 
nervosa poderia também sê-lo, e sequelas musculares, como 
a hipotrofia, poderiam ser debeladas. 
No presente estudo, para o grupo mobilização neural, 
havia melhora do trofismo muscular, indicado pela com-
paração entre o membro lesado e o não lesado, quanto ao 
menor diâmetro analisado, que é, segundo Brito et al. [14], 
uma medida adequada para avaliar trofismo muscular. Para o 
GC D GCE GMNL GMNL E
40
30
20
10
0
*
*
* Diferença significativa entre os lados direito e esquerdo.
discussão
A dor lombar é frequentemente acompanhada de lesões 
mielínicas, axonais ou axomielínicas, produzindo bloqueio 
parcial na condução em nível radicular como consequência 
da reação inflamatória [15]. Segundo Lihong et al. [16], a 
dor neuropática, relacionada à lesão nervosa periférica, é 
uma questão formidável para tratamento clínico, a qual é 
frequentemente acompanhada por regeneração das fibras 
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 11 Número 1 - janeiro/março 201216
grupo simulacro havia diferença significativa nos diâmetros, 
indicando que o modelo de lesão produziu alteração no tro-
fismo muscular ao comparar com o lado sem lesão.
Para Elvey [24], qualquer processo inflamatório, afetando 
uma raiz nervosa, pode conduzir ao desenvolvimento de um 
tecido fibroso, causando adesões, que resultam em disfunção 
de sua mobilidade relativa, além de torná-la intensamente 
sensível e dolorida ao movimento. Portanto, este seria o 
motivo do nervo ser tratado com movimento passivo, con-
tudo, o efeito terapêutico é explicado apenas em termos de 
generalizações, como a prevenção na formação de adesões 
ao redor do nervo, na redução de edema e direcionamento 
a uma resposta de variações de pressão fisiológica benéfica.
Segundo Cleland et al. [25], especula-se que se a etiologia 
dos sintomas forem originados de edema intraneural, as alte-
rações na pressão intraneural, que acompanham a mobilização 
neural, podem ser suficientes para dispersar o edema, então 
aliviando a hipóxia e reduzindo os sintomas associados. 
Salienta-se que os resultados obtidos limitam-se pela falta 
de observação de efeitos diretos no ciático e pelo modelo uti-
lizado no estudo (ratos). Porém,visto que o modelo de lesão 
utilizado reproduz a sintomatologia de uma neuropraxia [11], 
o modelo de avaliação é útil para predizer alterações provindas 
de lesão nervosa periférica. 
Conclusão
Visto que a terapêutica adaptada para os membros pos-
teriores dos animais foi viável, conclui-se que a mobilização 
neural, como forma de terapia, foi eficaz na redução da hipo-
trofia, provinda de uma neuropraxia nos animais.
agradecimentos
 Ao Hospital Universitário do Oeste (HUOP) do Paraná e 
à Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNiOESTE), 
pelo financiamento parcial do projeto.
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17Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 11 Número 1 - janeiro/março 2012
artigo original
Percepção subjetiva da qualidade de vida de usuários 
de computadores após 12 sessões de ginástica laboral
Subjective perception of quality of life of computer users after 15 
sessions of labor gymnastics
Thiago Medeiros da Costa Daniele*, George Lacerda de Souza**, Pedro Bezerra Souza Neto***
*Graduado em Educação Física pela Universidade Federal do Ceará e mestrando em Ciências Médicas pela Universidade Federal 
do Ceará (UFC), **Graduado em Educação física pela Universidade Estadual do Ceará e especialista em nutrição esportiva pela 
Universidade Estadual do Ceará (UECE),***Graduado em Letras pela Universidade Estadual do Ceará (UECE)
resumo
Objetivo: Avaliar a evolução da percepção da qualidade de vida 
geral após a aplicação de 12 sessões de ginástica laboral. Material e 
métodos: Foram aplicadas quatro sessões de ginástica laboral, duas 
vezes por semana, com o intuito de mobilizar os funcionários de 
uma empresa em Fortaleza/CE e adaptá-los aos horários. Na quinta 
sessão foi aplicado o questionário de qualidade de vida SF-36 em 
todos os participantes. Resultados: Foram analisados 16 voluntários, 
12 do sexo feminino e 4 do sexo masculino. A idade média dos 
funcionários era de 24,8 anos ± 3,4. O tempo médio de trabalho 
foi de 14,13 ± 14,65 meses. A capacidade funcional se mostrou 
melhor estatisticamente significante após a intervenção (p < 0,05). 
Os outros subitens apresentaram tendências positivas, com exceção 
da percepção à dor, que houve uma aparente piora comparada com 
o início do treino. Conclusão: Podemos comprovar que duas sessões 
por semana trouxeram bons resultados aos envolvidos com a prática 
regular desses exercícios.
Palavras-chave: Ergonomia, ginástica laboral, qualidade de vida.
Abstract
Objective: To evaluate the perception of overall quality of life 
after 12 sessions of labor gymnastics. Methods: The study was con-
ducted in a computer company in Fortaleza, Ceara. Four sessions of 
labor gymnastics, twice a week, were performed aiming to mobilize 
the employees and to adequate the schedule. On the fifth session, 
we applied the quality of life questionnaire SF-36 in all participants. 
Results: We studied 16 volunteers, 12 females and 4 males. The 
average age of employees was 24.8 years ± 3.4. The women were 
25 ± 1.0 years old and men were 24.25 ± 1.3 years old. The average 
working hours was 14.1 ± 14.6 months. Functional capacity showed 
statistically significant increase after intervention (P < 0.05). The 
other sub-items showed positive trends, except perception of pain, 
which there was an apparent worsening compared with the begin-
ning of training. Conclusion: We noticed that participants achieve 
good results with two sessions of regular exercises.
Key-words: Ergonomics, labor gymnastics, quality of life.
Recebido em 17 de outubro de 2011; aceito em 03 de janeiro de 2012. 
Endereço de correspondência: Thiago Medeiros da Costa Daniele, Departamento de Medicina, Universidade Federal do Ceará, Rua 
Prof. Costa Mendes, 1608, 4º Andar, 60430-040 Fortaleza CE, E-mail: danielethiago@yahoo.com.br
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 11 Número 1 - janeiro/março 201218
introdução

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