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AS TIC’S APLICADAS NO ENSINO DA LÍGUA ESPANHOLA 1 SUMÁRIO 1 AS NOVAS TECNOLOGIAS E A REJEIÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO ................................................................................................................ 3 2 DESCREVENDO SOBRE O TERMO TECNOLOGIA ................................. 4 3 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO .................................................................... 5 4 AS NOVAS MÍDIAS .................................................................................... 8 5 LISTA ELETRÔNICA/FÓRUM .................................................................. 10 5.1 Aulas-pesquisa ................................................................................... 11 5.2 Construção colaborativa ..................................................................... 13 5.3 Mudanças na educação presencial com tecnologias ......................... 15 5.4 Quando vale a pena encontrar-nos na sala de aula ........................... 16 5.5 Equilibrar o presencial e o virtual ....................................................... 17 6 TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ..................................... 19 7 O PAPEL DO PROFESSOR NO PROCESSO EDUCATIVO ................... 21 8 O USO DA TECNOLOGIA DIGITAL ......................................................... 24 9 métodos de ensino em espanhol ............................................................. 27 9.1 Ensino de outras línguas .................................................................... 30 9.2 Enfoque .............................................................................................. 34 9.3 Linguagem oral ................................................................................... 35 9.4 Oralidade ............................................................................................ 35 9.5 Destreza ............................................................................................. 36 9.6 Competência ...................................................................................... 36 9.7 Competência comunicativa ................................................................ 36 9.8 Tarefa pedagógica ............................................................................. 36 9.9 Compreensão oral .............................................................................. 37 9.10 Atividades e Técnicas para Desenvolver a Expressão Oral ............ 38 2 9.11 Critérios de Avaliação da Competência Comunicativa .................... 40 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 41 3 1 AS NOVAS TECNOLOGIAS E A REJEIÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Fonte: az616578.vo.msecnd.net As tecnologias sempre existiram, mesmo que não reconhecidas por essa nomenclatura. Elas são as ferramentas que usamos para solucionar, da melhor forma, questões as quais levariam, talvez, muito tempo para resolvê-las, tornando mais prático e confortável o processo de execução das nossas atividades diárias. As novas tecnologias estão em todo e qualquer lugar, seja em fábricas ou nas demais empresas dos mais diversos segmentos, não ficando de fora, é claro, o setor educacional e, influenciando no processo de ensino-aprendizagem. Sabemos que essas ferramentas vêm a facilitar a forma do trabalho dentro e fora das escolas, o que não quer dizer que essa facilidade seja vista por todos com bons olhos, pois, há uma grande quantidade de profissionais da educação, principalmente professores, que não aceitam as novas tecnologias como instrumento transformador na sua prática pedagógica. Essa rejeição muitas vezes se dá devido à falta de conhecimento, por parte desses, sobre a forma como utilizá-las para adquirir praticidade no processo de 4 ensino-aprendizagem. Se as novas tecnologias educacionais não são usadas, torna cada vez mais difícil o processo de inclusão digital tão discutido e esperado. O que não quer dizer que o uso desordenado dessas tecnologias será bem aproveitado, pois o que importa é saber usá-las e não apenas usá-las. 2 DESCREVENDO SOBRE O TERMO TECNOLOGIA Tecnologia é conhecimento, interpretação, aplicação e/ou estudo de técnica e de suas variáveis, enquanto aplicação e aplicativo, ao longo da história e em determinada sociedade. É um termo muito abrangente que envolve conhecimentos técnicos e científicos, este sugere objetos que são suas ferramentas, que usamos para aplicar em cada contexto. Não só as ferramentas técnicas, como as máquinas, como também os conhecimentos. Sendo assim, todo processo utilizado para facilitar ou resolver problemas é uma forma de tecnologia, obviamente sendo aplicada ao seu contexto especifico, auxiliando-nos na busca de solução dos problemas, de forma prática, com segurança e em tempo reduzido. Segundo Daniel, “Tecnologia é a aplicação do conhecimento cientifico, e de outras formas de conhecimento organizado, a tarefa prática por organizações compostas de pessoal e maquinas” (DANIEL 2003:26 APUD ZANELA, 2007:1). O termo “tecnologia” tem ligação forte com um movimento surgido na Inglaterra em meados do século XVIII: a Revolução Industrial, denominada assim por ser a responsável pelo avanço das maquinas sobre a manufatura. O que para o liberalismo econômico teriam muitos benefícios, de forma que aumentaria a produção, aumentando o lucro de pessoal, podendo também fazer os produtos caírem de preço. Uma tecnologia nova é oriunda de tecnologias já existentes, tornando-se ultrapassada a partir dessa, ou seja, sendo um novo método para resolução de problemas. Sempre surge para executar tarefas que a existente não tem suporte ou para executar tarefas em menor tempo que a tecnologia que já existe: o chamado aperfeiçoamento ou evolução objetivando redução de tempo na execução da atividade, redução de custo e aumento de lucros. As tecnologias e seus avanços são frutos do capitalismo. A evolução da humanidade a partir da descoberta do fogo, da roda, da energia etc., é um exemplo claríssimo de análise diacrônica da história das 5 tecnologias. “A invenção da imprensa por Gutemberg em 1442 foi a primeira grande revolução tecnológica na história da cultura humana [...]”. (PAIVA, 2008. p.2). Hoje, usamos a tecnologia para nos divertir, fazer amizades, trabalhar, cuidar da saúde, nos comunicar, etc. As tecnologias são tão presentes em nossas vidas que chegam a mudar a forma como trabalhamos ou pensamos e, levando-nos assim, a mudar o nosso modo de vida tornando-o mais fácil e prático. 3 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO Fonte: silabe.com.br Quando se fala em recursos tecnológicos, pensa-se logo na televisão, no telefone e, principalmente, no computador. Mas em se tratando de educação qualquer meio de comunicação que completa a ação do professor é uma ferramenta tecnológica na busca da qualidade do processo de ensino-aprendizagem. Exemplos disso são: o quadro negro e o giz, umas das ferramentas mais antigas e mais usadas na sala de aula. A Internet é a nova tecnologia que tem se mostrado eficiente na transmissão de informações e na comunicação, importantíssima na construção do conhecimento. Através dela é possível fazer os mais diversos tipos de pesquisas, ter acesso a 6 conteúdos completos de livros, revistas, bem como comunicar-se com o mundo adquirindo informações em tempo real bem próximo à comunicação face a face. Mediada através do computador uma potente ferramenta que nos proporciona inúmeras formas de uso na educação, mesmo sem o uso da rede mundial de computadores, a internet, nos propicia o rompimento da barreira do tempo e do espaço nos mais variados seguimentos. Mas é essa potente máquina composta por componentes simples interligados, o computador, que nos permite o acesso a esse grande potencial na mediação de informações permitindo ainteração global através dos mais variados meios, agrupando, assim, todas as tecnologias de comunicação já inventadas pelo homem transformando-se no aliado perfeito na busca do conhecimento. A tecnologia da informática evoluiu rapidamente e o computador e seus periféricos, além do correio e do telégrafo, passaram a integrar todas as tecnologias da escrita, de áudio e vídeo já inseridos na sociedade: máquina de escrever, imprensa, gravador de áudio e vídeo, projetor de slides, projetor de vídeo, rádio, televisão, telefone e fax. (PAIVA, 2008. p.9). Com a evolução tecnológica, a comunicação através da Internet, surge como a forma mais viável de suprir essa necessidade, do homem moderno, de comunicar-se rapidamente sem a necessidade de estarem no mesmo local ou até no mesmo momento. O homem por ser altamente comunicativo utiliza-se de vários meios para manter sua comunicação: imagens, símbolos, sinais, gravuras, sons e muitos outros, além da escrita e da fala. Com a evolução da linguagem percebemos que os signos linguísticos vêm sofrendo modificações na comunicação oral e consequentemente na escrita perdendo elementos da sua composição. Com o avanço da comunicação através das mensagens instantâneas, isso tem acontecido constantemente porque o homem moderno, na sociedade capitalista, necessita das informações no menor tempo possível. Os signos linguísticos são reduzidos objetivando a diminuição do tempo de transmissão de mensagens e aceleração na comunicação. As ferramentas tecnológicas, hoje, são instrumentos eletrônicos indispensáveis no processo de evolução prática da comunicação. Com essa nova forma de comunicação, o homem passa a obter uma enorme quantidade de informações em curto espaço de tempo não 7 sendo possível seu armazenamento, pois, nosso cérebro não funciona com tamanha rapidez. Com o domínio da informática, o homem passou a dominar inúmeras novas tecnologias, sem desprezar as já existentes, reportando-nos, por exemplo, a tecnologia educacional, denominadas por Zanela de TIC. “Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), é o conjunto de tecnologias microeletrônicas, informáticas e de telecomunicações, que produzem, processam, armazenam e transmite dados em forma de imagens, vídeos textos ou áudios” (ZANELA, 2007. p.25). Mas seu uso constante sem planejamento orientado tem se tornado um grande problema. Fortalece argumentos por parte de alguns profissionais da educação como suporte ideário de resistência no processo de adesão das novas tecnologias como ferramenta pedagógica essencial no processo de ensino-aprendizagem. Este processo é apresentado, por Paiva, numa classificação em estágios: rejeição, adesão e normalização. Quando surge uma nova tecnologia, a primeira atitude é de desconfiança e de rejeição. Aos poucos, a tecnologia começa a fazer parte das atividades sociais da linguagem e a escola acaba por incorporá-la em suas práticas pedagógicas. Após a inserção, vem o estágio da normalização, definido por Chambers e Bax (2006, p.465) como um estado em que a tecnologia se integra de tal forma ás práticas pedagógicas que deixa de ser vista como cura milagrosa ou como algo a ser temido. (PAIVA, 2008. p.1). Educar é colaborar para que professores e alunos - nas escolas e organizações - transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional - do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e profissionais e tornar-se cidadãos realizados e produtivos. Na sociedade da informação todos estamos reaprendendo a conhecer, a comunicar-nos, a ensinar e a aprender; a integrar o humano e o tecnológico; a integrar o individual, o grupal e o social. Uma mudança qualitativa no processo de ensino/aprendizagem acontece quando conseguimos integrar dentro de uma visão inovadora todas as tecnologias: as telemáticas, as audiovisuais, as textuais, as orais, musicais, lúdicas e corporais. 8 Passamos muito rapidamente do livro para a televisão e vídeo e destes para o computador e a Internet, sem aprender e explorar todas as possibilidades de cada meio. 4 AS NOVAS MÍDIAS Fonte: www.gettingsmart.com O professor tem um grande leque de opções metodológicas, de possibilidades de organizar sua comunicação com os alunos, de introduzir um tema, de trabalhar com os alunos presencial e virtualmente e assim avaliá-los. Cada docente pode encontrar a forma mais adequada de integrar as várias tecnologias e procedimentos metodológicos. Mas também é importante que amplie, que aprenda a dominar as formas de comunicação interpessoal/grupal e as de comunicação audiovisual/telemática. Não se trata de dar receitas, porque as situações são muito diversificadas. É importante que cada docente encontre o que lhe ajuda mais a sentir-se bem, a comunicar-se bem, ensinar bem, ajudar os alunos a que aprendam melhor. É importante diversificar as formas de dar aula, de realizar atividades, de avaliar. Com a Internet podemos modificar mais facilmente a forma de ensinar e aprender tanto nos cursos presenciais como nos à distância. São muitos os caminhos, 9 que dependerão da situação concreta em que o professor se encontrar: número de alunos, tecnologias disponíveis, duração das aulas, quantidade total de aulas que o professor dá por semana, apoio institucional. Alguns parecem ser, atualmente, mais viáveis e produtivos. No começo procurar estabelecer uma relação empática com os alunos, procurando conhecê-los, fazendo um mapeamento dos seus interesses, formação e perspectivas futuras. A preocupação com os alunos, a forma de relacionar-nos com eles é fundamental para o sucesso pedagógico. Os alunos captam se o professor gosta de ensinar e principalmente se gosta deles e isso facilita a sua prontidão para aprender. Vale a pena descobrir as competências dos alunos que temos em cada classe, que contribuições podem dar ao nosso curso. Não vamos impor um projeto fechado de curso, mas um programa com as grandes diretrizes delineadas e onde vamos construindo caminhos de aprendizagem em cada etapa, estando atentos - professor e alunos - para avançar da forma mais rica possível em cada momento. É importante mostrar aos alunos o que vamos ganhar ao longo do semestre, por que vale a pena estarmos juntos. Procurar motivá-los para aprender, para avançar, para a importância da sua participação, para o processo de aula-pesquisa e para as tecnologias que iremos utilizar, entre elas a Internet. O professor pode criar uma página pessoal na Internet, como espaço virtual de encontro e divulgação, um lugar de referência para cada matéria e para cada aluno. Essa página pode ampliar o alcance do trabalho do professor, de divulgação de suas ideias e propostas, de contato com pessoas fora da universidade ou escola. Num primeiro momento a página pessoal é importante como referência virtual, como ponto de encontro permanente entre ele e os alunos. A página pode ser aberta a qualquer pessoa ou só para os alunos, dependerá de cada situação. O importante é que professor e alunos tenham um espaço, além do presencial, de encontro e viabilização virtual. Hoje começamos a ter acesso a programas que facilitam a criação de ambientes virtuais, que colocam alunos e professores juntos na Internet. Programas como o Eureka da PUC de Curitiba, o LearningSpace da Lotus-IBM, o WEBCT, o Aulanet da PUC do Rio de Janeiro, o FirstClass, o Blackboard e outros semelhantes permitem que o Professor disponibilize o seu curso, oriente as atividades dos alunos, 10 e que estes criem suas páginas, participem de pesquisa em grupos, discutam assuntos em fóruns ou chats. O curso pode ser construído aos poucos, as interações ficam registradas,as entradas e saídas dos alunos monitoradas. O papel do professor se amplia significativamente. Do informador, que dita conteúdo, se transforma em orientador de aprendizagem, em gerenciador de pesquisa e comunicação, dentro e fora da sala de aula, de um processo que caminha para ser semipresencial, aproveitando o melhor do que podemos fazer na sala de aula e no ambiente virtual. O professor, tendo uma visão pedagógica inovadora, aberta, que pressupõe a participação dos alunos, pode utilizar algumas ferramentas simples da Internet para melhorar a interação presencial-virtual entre todos. 5 LISTA ELETRÔNICA/FÓRUM Em relação à Internet, procurar que os alunos dominem as ferramentas da WEB, que aprendam a navegar e que todos tenham seu endereço eletrônico (e-mail). Com os e-mails de todos, criar uma lista interna de cada turma ou um fórum. A lista eletrônica interna ajuda a criar uma conexão virtual permanente entre o professor e os alunos, a levar informações importantes para o grupo, orientação bibliográfica, de pesquisa, a dirigir dúvidas, a trocarmos sugestões, envio de textos, de trabalhos. A lista eletrônica é um novo campo de interação que se acrescenta ao que começa na sala de aula, no contato físico e que depende dele. Se houver interação real na sala, a lista acrescenta uma nova dimensão, mais rica. Se no presencial houver pouca interação, provavelmente também não a haverá no virtual. 11 5.1 Aulas-pesquisa Fonte: www.usnews.com Podemos transformar uma parte das aulas em processos contínuos de informação, comunicação e de pesquisa, onde vamos construindo o conhecimento equilibrando o individual e o grupal, entre o professor-coordenador-facilitador e os alunos-participantes ativos. Aulas-informação, onde o professor mostra alguns cenários, algumas sínteses, o estado da arte, as coordenadas de uma questão ou tema. Aulas-pesquisa, onde professores e alunos procuram novas informações, cercar um problema, desenvolver uma experiência, avançar em um campo que não conhecemos. O professor motiva, incentiva, dá os primeiros passos para sensibilizar o aluno para o valor do que vamos fazer, para a importância da participação do aluno neste processo. Aluno motivado e com participação ativa avança mais, facilita todo o nosso trabalho. O papel do professor agora é o de gerenciador do processo de aprendizagem, é o coordenador de todo o andamento, do ritmo adequado, o gestor das diferenças e das convergências. Uma proposta viável é escolher os temas fundamentais do curso e trabalhá-los mais coletivamente e os secundários ou pontuais pesquisá-los mais individualmente 12 ou em pequenos grupos. Os grandes temas da matéria são coordenados pelo professor, iniciados pelo professor, motivados pelo professor, mas pesquisados pelos alunos, às vezes, todos simultaneamente; às vezes, em grupos; às vezes, individualmente. A pesquisa grupal na Internet pode começar de forma aberta, dando somente o tema sem referências a sites específicos, para que os alunos procurem de acordo com a sua experiência e conhecimento prévio. Isso permite ampliar o leque de opções de busca, a variedade de resultados, a descoberta de lugares desconhecidos pelo professor. Eles vão gravando os endereços, artigos e imagens mais interessantes em disquete e também fazem anotações escritas, com rápidos comentários sobre o que estão salvando O professor incentiva a troca constante de informações, a comunicação, mesmo parcial, dos resultados que vão sendo obtidos, para que todos possam se beneficiar dos achados dos colegas. É mais importante aprender através da colaboração, da cooperação do que da competição. O professor estará atento aos vários ritmos, às descobertas, servirá de elo entre todos, será o divulgador de achados, o problematizador e principalmente o incentivador. Depois de um tempo, ele coordena a síntese das buscas feitas, organiza os resultados, os caminhos que parecem mais promissores. Passa-se, num segundo momento, à pesquisa mais focada, mais específica, a partir dos resultados anteriores. O mesmo tema vai ser pesquisado no mesmo endereço, de forma semelhante por todos. É uma forma de aprofundar os dados conseguidos anteriormente e evitar o alto grau de entropia e dispersão que pode acontecer na etapa anterior da pesquisa aberta. Como na etapa anterior é importante a troca de informações, a divulgação dos principais achados. Há vários caminhos para aprofundar as pesquisas: Do simples ao complexo, do geral ao específico, do aberto ao dirigido, focado. Os temas podem ser aprofundados como em ondas, cada vez mais ricas, abertas, aprofundadas. Os alunos comunicam os resultados da pesquisa. O professor os ajuda a fazer a síntese do que encontraram. O professor atua como coordenador, motivador, elo de união do grupo. Os textos e materiais que parecem mais promissores são salvos, impressos ou enviados por e-mail para cada aluno. Faz-se uma síntese dos materiais coletados, das ideias percebidas, das questões levantadas e se pede que todos leiam esses materiais que parecem mais importantes para a próxima aula, numa leitura mais aprofundada e que 13 sirva como elo com a próxima etapa de uma discussão mais rica, com conhecimento de causa. Os melhores textos e materiais podem ser incorporados à bibliografia do curso. O professor utilizou uma parte do material preparado de antemão (planejamento) e o enriqueceu com as novas contribuições da pesquisa grupal (construção cooperativa). Assim o papel do aluno não é o de "tarefeiro", o de executar atividades, mas o de pesquisador, responsável pela riqueza, qualidade e tratamento das informações coletadas. O professor está atento às descobertas, às dúvidas, ao intercâmbio das informações (os alunos pesquisam, escolhem, imprimem), ao tratamento das informações. O professor ajuda, problematiza, incentiva, relaciona. Ao mesmo tempo, o professor coordena a escolha de temas ou questões mais específicas, que são selecionados ou propostos pelos alunos, dentro dos parâmetros propostos pelo professor e que serão desenvolvidos individualmente ou em pequenos grupos. É interessante que os alunos escolham algum assunto dentro do programa que esteja mais próximo do que eles valorizam mais. Quanto mais jovens são os alunos, mais curto deve ser o tempo entre o planejamento e a execução das pesquisas. Nas datas combinadas, as pesquisas são apresentadas verbalmente para a classe, trazem um resumo escrito para a aula ou o enviam pela lista interna para todos os participantes. Alunos e professor perguntam, complementam, participam. O professor procura ajudar a contextualizar, a ampliar o universo alcançado pelos alunos, a problematizar, a descobrir novos significados no conjunto das informações trazidas. Esse caminho de ida e volta, onde todos se envolvem, participam-na sala de aula, na lista eletrônica e na Home Page - é fascinante, criativo, cheio de novidades e de avanços. O conhecimento que é elaborado a partir da própria experiência se torna muito mais forte e definitivo em nós. 5.2 Construção colaborativa A Internet favorece a construção cooperativa e colaborativa, o trabalho conjunto entre professores e alunos, próximos física ou virtualmente. Podemos participar de uma pesquisa em tempo real, de um projeto entre vários grupos, de uma investigação sobre um problema de atualidade. Uma das formas mais interessantes de trabalhar hoje colaborativamente é criar uma página dos alunos, como um espaço virtual de referência, onde vamos 14 construindo e colocando o que acontece de mais importante no curso, os textos, os endereços, as análises, as pesquisas. Pode ser um site provisório, interno, sem divulgação, que eventualmente poderá ser colocado à disposição do público externo. Pode ser também um conjunto de sites individuais ou de pequenos grupos que se visibilizam quando os alunosacharem conveniente. Não deve ser obrigatória a criação da página, mas incentivar a que todos participem e a construam. O formato, colocação e atualização podem ficar a cargo de um pequeno grupo de alunos. O importante é combinar o que podemos fazer melhor em sala de aula: conhecer-nos, motivar-nos, reencontrar-nos, com o que podemos fazer a distância pela lista - comunicar-nos quando for necessário e também acessar aos materiais construídos em conjunto no Home-Page, na hora em que cada um achar conveniente. É importante neste processo dinâmico de aprender pesquisando, utilizar todos os recursos, todas as técnicas possíveis por cada professor, por cada instituição, por cada classe: integrar as dinâmicas tradicionais com as inovadoras, a escrita com o audiovisual, o texto sequencial com o hipertexto, o encontro presencial com o virtual. O que muda no papel do professor? Muda a relação de espaço, tempo e comunicação com os alunos. O espaço de trocas aumenta da sala de aula para o virtual. O tempo de enviar ou receber informações se amplia para qualquer dia da semana. O processo de comunicação se dá na sala de aula, na internet, no e-mail, no chat. É um papel que combina alguns momentos do professor convencional - às vezes é importante dar uma bela aula expositiva - com mais momentos de gerente de pesquisa, de estimulador de busca, de coordenador dos resultados. É um papel de animação e coordenação muito mais flexível e constante, que exige muita atenção, sensibilidade, intuição (radar ligado) e domínio tecnológico. 15 5.3 Mudanças na educação presencial com tecnologias Fonte: edge.alluremedia.com.au Caminhamos para formas de gestão menos centralizadas, mais flexíveis, integradas. Para estruturas mais enxutas. Menos pessoas, trabalhando mais sinergicamente. Haverá maior participação dos professores, alunos, pais, da comunidade na organização, gerenciamento, atividades, rumos de cada instituição escolar. Está em curso uma reorganização física dos prédios. Menos quantidade de salas de aula e mais funcionais. Todas elas com acesso à Internet. Os alunos começam a utilizar o notebook para pesquisa, busca de novos materiais, para solução de problemas. O professor também está mais conectado em casa e na sala de aula e com recursos tecnológicos para exibição de materiais de apoio para motivar os alunos e ilustrar as suas ideias. Teremos mais ambientes de pesquisa grupal e individual em cada escola; as bibliotecas se convertem em espaços de integração de mídias, software e bancos de dados. Os processos de comunicação tendem a ser mais participativos. A relação professor-aluno mais aberta, interativa. Haverá uma integração profunda entre a 16 sociedade e a escola, entre a aprendizagem e a vida. A aula não é um espaço de inanimado; e sim um espaço contínuo de aprendizagem. Os cursos serão híbridos no estilo, presença, tecnologias, requisitos. Haverá muito mais flexibilidade em todos os sentidos. Uma parte das matérias será predominantemente presencial e outra predominantemente virtual. O importante é aprender e não impor um padrão único de ensinar. Com o aumento da velocidade e de largura de banda, ver-se e ouvir-se a distância será corriqueiro. O professor poderá dar uma parte das aulas da sua sala e será visto pelos alunos onde eles estiverem. Em uma parte da tela do aluno aparecerá a imagem do professor, ao lado um resumo do que está falando. O aluno poderá fazer perguntas no modo chat ou sendo visto, com autorização do professor, por este e pelos colegas. Essas aulas ficarão gravadas e os alunos poderão acessá-las off-line, quando acharem conveniente. Haverá uma integração maior das tecnologias e das metodologias de trabalhar com o oral, a escrita e o audiovisual. Não precisaremos abandonar as formas já conhecidas pelas tecnologias telemáticas, só porque estão na moda. Integraremos as tecnologias novas e as já conhecidas. As utilizaremos como mediação facilitadora do processo de ensinar e aprender participativamente. Haverá uma mobilidade constante de grupos de pesquisa, de professores participantes em determinados momentos, professores da mesma instituição e de outras. 5.4 Quando vale a pena encontrar-nos na sala de aula Podemos ensinar e aprender com programas que incluam o melhor da educação presencial com as novas formas de comunicação virtual. Há momentos em que vale a pena encontrar-nos fisicamente, no começo e no final de um assunto ou de um curso. Há outros em que aprendemos mais estando cada um no seu espaço habitual, mas conectados com os demais colegas e professores, para intercâmbio constante, tornando real o conceito de educação permanente. Como regra geral, podemos encontrar-nos fisicamente no começo e no final de um novo tema, de um assunto importante. No início, para colocar esse tema dentro de um contexto maior, para motivar os alunos, para que percebam o que vamos 17 pesquisar e para organizar como vamos pesquisá-lo. Os alunos, iniciados ao novo tema e motivados, o pesquisam, sob a supervisão do professor e voltam a aula depois de um tempo para trazer os resultados da pesquisa, para colocá-los em comum. É o momento final do processo, de trabalhar em cima do que os alunos apresentaram, de complementar, questionar, relacionar o tema com os demais. Vale a pena encontrar-nos no início de um processo específico de aprendizagem e no final, na hora da troca, da contextualização. Iniciar o processo presencialmente. O professor estimula, motiva. Coloca uma questão, um problema, uma situação real. Os alunos pesquisam com a supervisão dele. Uma parte das aulas pode ser substituída por acompanhamento, monitoramento de pesquisa, onde o professor dá subsídios para os alunos irem além das primeiras descobertas, para ajudá-los nas suas dúvidas. Isso pode ser feito pela Internet, por telefone ou pelo contato pessoal com o professor. 5.5 Equilibrar o presencial e o virtual Se tivermos dificuldades no ensino presencial, não as resolveremos com o virtual. Se olhando-nos, estando juntos temos problemas sérios não resolvidos no processo de ensino-aprendizagem, não será "espalhando-nos" e "conectando-nos" que vamos solucioná-los automaticamente. Podemos tentar a síntese dos dois modos de comunicação: o presencial e o virtual, valorizando o melhor de cada um deles. Aproveitar o melhor dos dois modos de estar. Estar juntos fisicamente é importante em determinados momentos fortes: conhecer-nos, criar elos, confiança, afeto. Conectados, para realizar trocas mais rápidas, cômodas e práticas. Realizar atividades que fazemos melhor no presencial: comunidades, criar grupos afins (por algum critério específico); definir objetivos, conteúdos, formas de pesquisa de temas novos, de cursos novos. Traçar cenários, passar as informações iniciais necessárias para situar-nos diante de um novo assunto ou questão a ser pesquisada. 18 A comunicação virtual permite interações espaço-temporais mais livres; a adaptação a ritmos diferentes dos alunos; novos contatos com pessoas semelhantes, fisicamente distantes; maior liberdade de expressão a distância. Certas formas de comunicação, as conseguirmos fazer melhor a distância, por dificuldades culturais e educacionais de abrir-nos no presencial. Na medida em que avançam as tecnologias de comunicação virtual, o conceito de presencialidade também se altera. Podemos ter professores externos compartilhando determinadas aulas, um professor de fora "entrando" por videoconferência na minha aula. Haverá um intercâmbio muito maior de professores, onde cada um colabora em algum ponto específico, muitas vezes a distância. O conceito de curso, de aula também muda. Hoje entendemos por aula um espaço e tempo determinados. Esse tempo e espaço cada vez serão mais flexíveis. O professor continua "dando aula" quando está disponível para receber e respondermensagens dos alunos, quando cria uma lista de discussão e alimenta continuamente os alunos com textos, páginas da Internet, fora do horário específico da sua aula. Há uma possibilidade cada vez mais acentuada de estarmos todos presentes em muitos tempos e espaços diferentes, quando tanto professores quanto os alunos estão motivados e entendem a aula como pesquisa e intercâmbio, supervisionados, animados, incentivados pelo professor. As crianças terão muito mais contato físico, pela necessidade de socialização, de interação. Mas nos cursos médios e superiores, o virtual superará o presencial. Haverá uma grande reorganização das escolas. Edifícios menores. Menos salas de aula e mais sala ambiente, salas de pesquisa, de encontro, interconectadas. A casa, o escritório será o lugar de aprendizagem. Poderemos também oferecer cursos predominantemente presenciais e outros predominantemente virtuais. Isso dependerá do tipo de matéria, das necessidades concretas de cobrir falta de profissionais em áreas específicas ou de aproveitar melhor especialistas de outras instituições, que seria difícil contratar. Caminhamos rapidamente para processos de ensino-aprendizagem totalmente audiovisuais e interativos. Veremos, ouviremos, escreveremos simultaneamente, com facilidade, a um custo baixo, às vezes em grupos grandes, em outros em grupos pequenos ou de dois em dois. 19 6 TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Fonte: media.pennlive.com Estamos numa fase de transição na educação à distância. Muitas organizações estão limitando-se a transpor para as virtuais adaptações do ensino presencial (aula multiplicada ou disponibilizada). Há um predomínio de interação virtual fria (formulários, rotinas, provas, e-mail) e alguma interação on-line. Começamos a passar dos modelos predominantemente individuais para os grupais. A educação a distância mudará radicalmente de concepção, de individualista para mais grupal, de utilização predominantemente isolada para utilização participativa, em grupos. Das mídias unidirecionais, como o jornal, a televisão e o rádio, caminhamos para mídias mais interativas. Da comunicação off-line evoluímos para um mix de comunicação off e on- line (em tempo real). Educação a distância não é só um "fast-food" aonde o aluno vai lá e se serve de algo pronto. Educação a distância é ajudar os participantes a que equilibrem as necessidades e habilidades pessoais com a participação em grupos -presenciais e virtuais - onde avançamos rapidamente, trocamos experiências, dúvidas e resultados. Iremos combinando daqui em diante cursos presenciais com virtuais, uma parte dos 20 cursos presenciais será feita virtualmente. Uma parte dos cursos a distância será feita de forma presencial ou virtual-presencial, vendo-nos e ouvindo-nos. Períodos de pesquisa mais individual com outros de pesquisa e comunicação conjunta. Alguns cursos poderão fazê-los sozinhos com a orientação virtual de um tutor e em outros será importante compartilhar vivências, experiências, ideias. A internet está caminhando para ser audiovisual, para transmissão em tempo real de som e imagem (tecnologias streaming). Cada vez será mais fácil fazer integrações mais profundas entre TV e WEB. As possibilidades educacionais que se abrem são fantásticas. Com o alargamento da banca de transmissão como acontece na TV a cabo torna-se mais fácil poder ver-nos e ouvir-nos a distância. Muitos cursos poderão ser realizados a distância com som e imagem, principalmente cursos de atualização, extensão. As possibilidades de interação serão diretamente proporcionais ao número de pessoas envolvidas. Teremos aulas a distância com possibilidade de interação on-line e aulas presenciais com interação a distância. Algumas organizações e cursos oferecerão tecnologias avançadas dentro de uma visão conservadora. (lucro, multiplicação) O ensino será um mix de tecnologias com momentos presenciais, outros de ensino on-line, adaptação ao ritmo pessoal, mais interação grupal, avaliação mais personalizada. (com níveis diferenciados de visão pedagógica) Outras organizações oferecerão tecnologias de ponta com visão pedagógica avançada (cursos de elite, subsidiados). O processo mais lento do que se espera. Iremos mudando aos poucos, tanto no presencial como na educação à distância. Há uma grande desigualdade econômica, de acesso, de maturidade, de motivação das pessoas. Alguns estão prontos para a mudança, outros muitos não. É difícil mudar padrões adquiridos (gerenciais, atitudinais) das organizações, governos, dos profissionais e da sociedade. Ensinar com as novas mídias será uma revolução, se mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que mantêm distantes professores e alunos. Caso contrário conseguirá dar um verniz de modernidade, sem mexer no essencial. A Internet é um novo meio de comunicação, ainda incipiente, mas que pode ajudar-nos a rever, a ampliar e a modificar muitas das formas atuais de ensinar e de aprender. 21 7 O PAPEL DO PROFESSOR NO PROCESSO EDUCATIVO Fonte: noticias.universia.com.br As políticas sociais vêm transformando as relações de trabalho, através da inserção das tecnologias digitais, de forma significativa no cotidiano dos profissionais de todas as áreas. Impulsionado pelos avanços tecnológicos, o professor modifica sua prática pedagógica, utilizando-se de ferramentas que não tem conhecimento, em nome do valor dado ao acesso rápido e estratégico de informações. Com relação à prática pedagógica, por mais que a educação se transforme com um emprego de novas metodologias e tecnologias, o professor, através da sua postura e do seu conhecimento, é quem efetiva a utilização desse aparato tecnológico e científico. Dessa forma, redimensiona o seu papel, deixando de ser o transmissor de conhecimento para ser o estimulador. “O professor se transforma agora no estimulador da curiosidade do aluno por querer conhecer, por pesquisar, por buscar a informação mais relevante” (MORAN, 1995). Ao estruturar sua proposta pedagógica, utilizando tecnologia digital, o professor precisa estabelecer vínculos com os alunos, conhecer seus interesses, saber o que o aluno já sabe, o que o aluno não sabe e o que ele gostaria de saber. Motivar o aluno a fazer parte da proposta pedagógica, colocando-o a par sobre o que será abordado e convidando-o a contribuir. "Os alunos captam se o professor gosta de ensinar e 22 principalmente se gosta deles e isso facilita a sua prontidão para aprender” (MORAN, 2000). O professor detém um lugar de destaque na aprendizagem porque possui uma formação específica, sendo legitimado por sua formação acadêmica para trabalhar nessa área. Para que a atuação do professor seja satisfatória, ele necessita estar constantemente se atualizando e estudando sempre. A formação continuada do profissional é processo constante, permitindo a análise da teoria na prática, além de desenvolver o senso reflexivo sobre a sua atuação. Porém, a realidade, nem sempre, proporciona isso devido à pequena disponibilidade de tempo ou à distância, o que vem sendo resolvido com os cursos a distância. Segundo Pedro Demo, 1998, o professor moderno apresenta, ou deveria apresentar, algumas características a comentar. O professor deve ser um pesquisador, assumindo um compromisso com o questionamento reconstrutivo a fim de ultrapassar a simples socialização do conhecimento. Para tanto, é fundamental a consciência crítica, o questionamento para a construção ou para a realização de intervenção alternativa. O professor ao estruturar o planejamento da sua aula e ao utilizar novas técnicas estará experimentando outras propostas pedagógicas, qualificando o processo de ensino aprendizagem. A realidade mostra um quadro um pouco diferente. Para pesquisar é necessário tempo, e o professor, que se encontra em sala de aula, por vezes comuma sobrecarga de trabalho, não encontra este tempo para a pesquisa, para criar novas propostas de aula. Outro fator importante da prática pedagógica é a faculdade do professor elaborar por si próprio seu material como marca de teor emancipatório e de autonomia, fundamentado teoricamente. A experiência pela experiência leva a um caminho perigoso, o do “achismo”. O professor acha que o seu aluno está aprendendo sem fazer uma avaliação teórica da situação. O acesso à Internet é uma ferramenta que pode facilitar na inovação de propostas pedagógicas alternativas, bem como no contato com o conhecimento de ponta para poder comparar e avaliar as propostas. Isso se faz possível, uma vez que as escolas se encontram equipadas tecnologicamente. A teorização da prática faz parte da atuação pedagógica. Com o confronto entre teoria e prática, surge uma relação dialética que garante um processo construtivo da 23 aprendizagem. “A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática, ativismo” (FREIRE, P., 1998, P.24). O professor também necessita de atualização permanente, buscar sempre informações, saber o que está acontecendo, estar consciente da relação entre os diferentes saberes. Saber somente sobre a sua área de atuação não é mais suficiente para atender as necessidades dos alunos. Isto não quer dizer que o professor precise saber tudo, mas sim, saber o que o aluno quer conhecer. O processo educativo precisa estar vinculado ao contexto social, em que o sujeito - aluno - está inserido. Isso irá implicar em conhecer e usar instrumentação eletrônica, bem como outros recursos pedagógicos. Uma questão que envolve a prática educativa relaciona-se com a avaliação, sendo necessário que o professor reveja sua teoria e prática dessa etapa. A avaliação permite acompanhar o aluno e verificar o seu processo de aprendizagem, para dar continuidade na construção do conhecimento através de propostas específicas. Portanto, ela exige do professor dedicação e sensibilidade. Antes de falar sobre o professor frente ao uso da tecnologia digital na educação, faz-se necessário uma pequena explanação sobre estas tecnologias, como propostas metodológicas e como ferramentas de aprendizagem. 24 8 O USO DA TECNOLOGIA DIGITAL Fonte: www.xalingo.com.br Dentro desse novo panorama, importante, sem sombra de dúvidas, é a questão da possibilidade de uso do computador, da informática, pelo professor na educação, sendo o computador uma forma de mídia educacional em que a abordagem pedagógica é auxiliada por esta ferramenta. Através do computador, é possível repassar a informação para ser processada em conhecimento com a criação de ambientes de aprendizagem e a facilitação do processo do desenvolvimento intelectual do aluno. O professor tem a sua disposição uma série de ferramentas, que podem ser utilizadas através do computador, como as listadas abaixo, que possibilitam a incrementação de sua prática pedagógica: - Teleconferência: a teleconferência permite que um especialista esteja em contato com telespectadores das mais diversas e distantes regiões do mundo, esta atividade permite que informações e experiências sejam transmitidas, reforçando-se o aspecto do ensino. Para que haja um processo de aprendizagem, essa técnica deve ser precedida de estudos sobre o tema, com um preparo prévio da conferência para a realização de um debate e não um monólogo. Outro ponto é a necessidade da 25 continuidade da atividade que se integra a uma teleconferência, esta não pode ser um acontecimento isolado. - Videoconferência: a videoconferência possibilita o encontro de várias pessoas, localizadas em espaços diferentes. Através da videoconferência as pessoas podem trocar áudio, vídeo, trabalhar juntas através dos recursos de compartilhamento e construir esquemas ou gráficos no quadro de comunicação. - Chat ou bate-papo: funciona como uma técnica de brainstorm, momento em que todos os participantes interagem sincronicamente, expressando suas ideias de forma livre. Permite conhecer as manifestações espontâneas dos participantes sobre determinado tema, possibilita uma discussão mais profunda e motiva o grupo para um assunto. Esta técnica acontece numa velocidade surpreendente, podendo haver a manifestação simultânea de todos, o que requer um acompanhamento do professor orientando a atividade e também tomando cuidado para não entrar a todo o momento nas manifestações. -Listas de discussão: cria online grupos de pessoas que debatem sobre um assunto que tenham interesse. O objetivo da lista é avançar os conhecimentos, as informações e experiências, para trabalhar as ideias iniciais. As listas de discussão exigem um tempo maior para o preparo dos textos a serem colocados na lista. Trata- se de uma reflexão contínua, de um debate fundamentado de ideias. Não se fecha o assunto, e como funciona não necessariamente online simultaneamente, exige tempo para ser realizada. As listas são criadas utilizando-se o correio eletrônico. - Correio eletrônico – e-mail: este recurso permite a interação aluno/professor - aluno/aluno, sustentando a continuidade do processo de aprendizagem através do atendimento a um pedido de orientação, ou o professor pode se comunicar com todos os seus alunos (ou com algum em particular) durante o espaço entre uma aula e outra. Coloca os alunos em contato direto, favorecendo a troca de materiais, a produção de textos em conjunto, agilizando a comunicação. - Internet: é um recurso dinâmico, atraente, atualizado, de fácil acesso, que permite a transmissão de som e imagem em tempo real. Além das facilidades interativas, através da Internet, tem-se acesso ao conhecimento de ponta, bem como o acesso a bibliotecas do mundo todo. Com a Internet, aprende-se a ler, buscar informações, pesquisar, comparar dados. 26 - Softwares educacionais: estes recursos disponibilizam informações e orientações de trabalho para os usuários mais facilmente, pois se apresentam de forma integrada. Devem funcionar como incentivadores e interativos das atividades de aprendizagem. A utilização da ferramenta e da metodologia, sem uma proposta coerente, não garante a eficácia na construção do conhecimento. O professor estará apenas reproduzindo os modelos tradicionais. O avanço tecnológico consiste na relação estabelecida entre o professor e o uso da ferramenta. Para a construção do conhecimento do aluno atual, o professor assume o papel do mediador e orientador, que pode ser designado não somente ao professor, como também a outro sujeito com maior conhecimento sobre o assunto desenvolvido. O professor, com o uso das novas tecnologias em sala de aula, pode se tornar um orientador do processo de aprendizagem, trabalhando de maneira equilibrada a orientação intelectual, a emocional e a gerencial. (Moran, J., 2000). Os professores, muitas vezes, procuram acompanhar as mudanças pedagógicas que vêm ocorrendo. Porém, não conseguem exercer o seu papel no processo educativo. É imprescindível a reconstrução desse papel de reprodutor para transformador. O professor tem a finalidade de equilibrar a participação dos alunos nos aspectos qualitativos (nível de colocações e concepções trazidas à cerca do tema proposto) e quantitativo (não controlador, mas de observador sobre as causas da não participação). O professor então assume um papel de mediador da interação entre os sujeitos, tencionando o processo de construção do conhecimento desses sujeitos. Neste processo os alunos se conscientizam dos diferentes tempos e espaços da construção do seu conhecimento, através da autonomia. Mesmo que o processo educativo esteja atrelado ao professor, este precisa ter claro que a sua proposta deve estar voltada à aprendizagem do aluno e ao seu desenvolvimento. Através deações conjuntas direcionadas para a aprendizagem levando em conta incertezas, dúvidas, erros, numa relação de respeito e confiança. As intervenções do mediador precisam estar coerentes com as necessidades e /ou dificuldades dos alunos. O professor que trabalha na educação com a informática há que desenvolver na relação aluno-computador uma mediação pedagógica que se explicite em atitudes 27 que intervenham para promover o pensamento do aluno, implementar seus projetos, compartilhar problemas sem apresentar soluções, ajudando assim o aprendiz a entender, analisar, testar e corrigir erros”. (MASETTO, M., P. 171, 2000). Os alunos provenientes de uma Prática Pedagógica Tradicional não vivenciaram situações de autonomia na construção do seu conhecimento, importante na proposta de ensino. Desta forma há o fortalecimento do papel do mediador no sentido de estar atento e envolvido com a construção. O professor é a autoridade do espaço designado para a construção do conhecimento, é a pessoa que possui maior conhecimento, estruturou os objetivos e estabeleceu uma metodologia para atingi-los. Porém, não é apropriado ao professor exercer sua autoridade com autoritarismo. 9 MÉTODOS DE ENSINO EM ESPANHOL 1 Fonte: noticias.universia.es De acordo com Cabo (2010) o Espanhol como segunda língua estrangeira (L2) ou língua estrangeira (LE) ocupa hoje um lugar proeminente, tanto pela sua excepcional expressão cultural de outrora e presente como pela sua ampla expansão atual, entre as línguas de cultura mais solicitadas pelo homem para a comunicação intercultural, interétnica e, obviamente, internacional. 1 Fonte: https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/1800/1/Metodologia%20do%20Ensino%20do%20Espanhol%20com o%20L%C3%ADngua%20Estrangeira%20- %20%20Recursos%20e%20Actividades%20Did%C3%A1cticas%20-%20%20Isabel%20Cabo.pdf 28 Se algum facto linguístico não admite dúvidas é que o espanhol se converteu, na atualidade, no segundo idioma de comunicação internacional. Este facto deve-se, fundamentalmente, a duas grandes razões. Por um lado, ao número de falantes dispersos por todo o mundo que têm o espanhol como língua materna. Entre estes encontram-se os países que têm o Espanhol como língua oficial ou co-oficial (México, Colômbia, Espanha, Argentina, Peru, Venezuela, Chile, Equador, Guatemala, Cuba, Guiné Equatorial, República Dominicana, Bolívia, Honduras, El Salvador, Paraguai, Nicarágua, Costa Rica, Porto Rico, Uruguai e Panamá) e outros países que, apesar de não terem o espanhol como língua oficial ou co-oficial, têm uma presença significativa de hispano-falantes (EUA, Filipinas, França, Ilhas ABC, Canadá, Alemanha, Suíça, Austrália, Belice, Suécia, Bélgica, Israel, Brasil, Andorra, Turquia, Marrocos, Ilhas Virgens, Gibraltar, Luxemburgo, Guam). Embora a maioria dos países se encontre no continente americano, atualmente, no contexto europeu, Espanha é um país com grande relevância no mundo da cultura e o número de falantes hispanos nos continentes europeus, africanos e orientais goza também de grande importância. Devido a estas circunstâncias, depois do inglês, o espanhol é a língua ocidental com maior quantidade de falantes. Por outro lado, apesar dos crescentes processos de globalização, o espanhol é uma língua relativamente homogénea, por outras palavras, salvo algumas ocasiões, a comunicação linguística entre hispano-falantes de distintas latitudes geográficas é fluida e sem graves rupturas comunicativas. Ambas as razões garantem, à partida, ao aprendente de espanhol que este pode falar com um número infinito de pessoas em diferentes partes do mundo, convicto de um entendimento sem dificuldades, independentemente das variedades regionais utilizadas por cada nativo. Devido à inequívoca presença da língua de Cervantes em distintos sistemas educativos, espalhados por todo mundo, começou, no século XX, um longo percurso de investigação sobre o processo de ensino-aprendizagem do espanhol: processos e estratégias que interatuam para alcançar a competência comunicativa por partes dos falantes não nativos, fatores que determinam o processo de ensino-aprendizagem, indagações científicas, etc. 29 Aprender línguas deixou de ser uma mera ocupação: converteu-se numa necessidade de milhões de pessoas que se movimentam por todo o mundo e precisam de estabelecer contatos com outras gentes, outros povos, outras culturas. Se surgiram novas razões para aprender uma língua estrangeira, este facto afeta também a seleção do que temos que aprender e inclusivamente como a aprender. Deste modo, questionamo-nos sobre as implicações que surgem na aprendizagem de uma língua estrangeira. A aprendizagem de línguas é necessária, mas não é um trabalho fácil e simples, envolve muito esforço pessoal e, por vezes, económico. Estas são razões mais do que suficientes para entender o interesse que através dos tempos tem havido para encontrar um método ideal. A razão das dificuldades que apresenta a aprendizagem de qualquer idioma reside na própria essência da língua. Deste modo, podemos concluir que o ensino e a aprendizagem de línguas são um processo muito complexo, tendo surgido vários autores que buscam incessantemente o método perfeito de ensino de uma língua estrangeira; por conseguinte, os métodos de ensino despertam grande interesse, curiosidade e fascínio no ensino das línguas estrangeiras. Conforme Nunan (1995) aponta, acreditava-se na possibilidade de desenvolvimento ou descoberta de um método que pudesse ser bem-sucedido em todos os contextos e com todos os alunos. Esta laboriosa descoberta pelo “método perfeito” de ensino de uma língua estrangeira surge nos inícios do século XX de forma obsessiva (Lefta: 1988; Brown: 2001; Celce-Murcia: 2001b; Richards § Rodgers: 1986 e 2001). Durante este período surgiu um grande número de métodos novos e outros já existentes foram reformulados ou melhorados. A aparição de tantos métodos de ensino deveu-se, em grande parte, às teorias defendidas em várias áreas científicas ou disciplinas: Linguística, Psicologia, sobretudo a Psicologia da Educação, a Sociologia e a Sociolinguística, entre outras. Assim, de acordo com as teorias ou conceitos apresentados por estas, Prator afirma (1979: 05) que os defensores e adeptos de um método novo “negavam a validade” dos métodos anteriores. 30 9.1 Ensino de outras línguas Fonte: buscartrabajo.com De acordo com Cabo (2010) a aprendizagem de outras línguas e culturas foi e será uma necessidade imperativa para o ser humano, pois para a evolução dos povos era fundamental contatar diretamente com outras civilizações de línguas diferentes e, só através desta interação em meio natural, seriam resolvidas as questões económicas, diplomáticas, sociais, comerciais ou militares. Se por um lado, havia a possibilidade de aprender uma língua estrangeira através do contato direto com o estrangeiro, por outro lado, surgia a necessidade, por parte de alguns povos, de aprender e ensinar, de forma metódica, alguns idiomas estrangeiros. As primeiras marcas da existência do ensino de uma língua estrangeira situam- nos por volta do ano 2350, aquando da conquista dos sumérios pelos acadianos, sendo que estes últimos adoptaram o sistema de escrita dos sumérios e aprenderam a língua dos povos conquistados. O conhecimento do sumério constituía um instrumento de promoção social, dando acesso à religião e à cultura da época. À semelhança dos acadianos, os romanos também procuravam aprender a língua falada pelos povos por eles conquistados. Assim, desde o século 3.º a.C. nasce o ensino bilíngue, os romanos aprenderam o grego como segunda língua, sendo que os aparecimentos dos primeiros manuais de aprendizagem de uma língua estrangeira 31 estão datados do século 3.º da nossa era e são utilizadossobretudo pelos falantes do latim que aprendiam o grego. Com o prestígio que começa a ganhar o latim, este é ensinados nas escolas francesas por volta do século 9, o latim ensinado nas escolas tem o status de uma língua estrangeira - língua culta - em relação à língua francesa - língua popular. Contudo, o latim como língua culta de muito prestígio durante a Idade Média perde importância no início do Renascimento, sendo que as línguas vernáculas, como o francês, o italiano, o inglês, o espanhol, o alemão e o holandês, tornaram-se cada vez mais importantes como línguas de comunicação e objeto de aprendizagem escolar. A nível metodológico, o latim era ensinado na língua dos alunos e as lições eram constituídas de frases isoladas, na língua materna, escolhidas em função do conteúdo gramatical a ser ensinado e memorizado pelos alunos. Devido ao facto de ter sido utilizado o mesmo modelo de ensino nas línguas vivas ou modernas, o primeiro modelo de ensino de línguas estrangeiras fracassa e, neste momento, surge o fundador da didática das línguas como disciplina científica e autónoma - Jan Amos Komensky, Comenius em latim, criando o seu próprio método de ensino, em 1638, com a publicação da obra intitulada “Didática magna”. Contudo, a partir do século XVIII, os textos em língua estrangeira tornam-se objeto de estudo; os exercícios de versão/ gramática passam a substituir a forma anterior de ensino que partia de frases isoladas tiradas da língua materna, consagrando-se o “método gramática tradução”, geralmente denominado “tradicional” ou “clássico” (MT). Pela importância que assumem na exposição das abordagens do ensino das línguas estrangeiras, consideramos ser pertinente clarificar alguns termos ou conceitos científicos relevantes, a saber, método, metodologia, abordagem, enfoque, linguagem oral e oralidade, destreza, competência e competência comunicativa, tarefa pedagógica, enquadrando-os no momento em que surgiram e refletindo sobre a sua importância no domínio da didática. Método, metodologia e abordagem Qualquer investigador que faça umas breves pesquisas sobre o ensino das línguas estrangeiras, aperceber-se-á que durante muito tempo houve uma obsessão por encontrar um método perfeito. Acreditava-se na possibilidade de desenvolvimento 32 ou descoberta de um método que pudesse ser bem-sucedido em todos os contextos e com todos os alunos. Cada nova descoberta originava uma nova metodologia e rejeitavam-se os métodos anteriores. Contudo, se mudam os métodos, também parece que há variações respeitantes ao conceito de “método” na literatura sobre o ensino de línguas estrangeiras, senão vejamos: “Manera sistemática y ordenada de hacer o llevar a cabo algo” e “Conjunto de ejercicios, técnicas, reglas y procedimientos usadas para la enseñanza o el aprendizaje de algo” – Gran Diccionario de Uso del Español Actual (SGEL: 2001). Esta definição acompanha a etimologia do termo grego méthodos, um vocábulo composto por meta, que significa sucessão ou ordenação e hodós que significa via ou caminho. Partindo desta etimologia, o conceito de método restringe-se apenas a procedimentos, porém desde o ponto de vista da sua aplicação didática, este termo implica, uma análise mais aprofundada dos componentes que subjazem na aplicação de um método: o porquê, o que e como. Atualmente a palavra método se refere a “um conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigação da verdade, no estudo de uma ciência, ou para um determinado fim”, sublinhando que um método deve possuir um trajeto linear, seguindo etapas ordenadas com vista à obtenção de um fim previamente planificado. Apesar do conceito de método ser bastante abrangente e polissémico, no âmbito do ensino de línguas estrangeiras, destacam-se duas concepções sobre métodos elaboradas por Edward Anthony (1963) e por Richards e Rodgers (1986). A primeira concepção, elaborada e defendida por Anthony (1963), apresenta uma proposta que estabelece diferenças e uma clara hierarquização entre os termos abordagem, método e técnica, sendo que a abordagem (“enfoque”) contém e implica o método e, este por sua vez, contém a técnica (“procedimento” ou atividades), marcando uma relação de dependência muito estabelecida entre os três componentes, escalonada da seguinte maneira: primeiro a abordagem, depois o método e, por fim, a técnica. Anthony considera o método como o estágio intermediário entre a abordagem de ensino e as diferentes técnicas adoptadas pelo professor, a abordagem refere-se ao elemento mais abrangente e a técnica ao mais específico. Por abordagem, o autor 33 considera as concepções do professor relativamente à natureza da linguagem e aos processos de ensino e aprendizagem, referindo-se à visão geral do que é uma língua e do que é ensinar e aprender uma língua. As técnicas são, portanto, os recursos, as estratégias e as atividades práticas empregues pelo docente, na sala de aula, para que o método atinja a sua realização concreta no contexto pedagógico. Concluindo, o conceito de método (elemento intermediário nesta hierarquia) resulta da abordagem do professor e, por consequência, influencia diretamente a seleção de técnicas de ensino. Cabe, portanto, ao método a função básica de planeamento da atividade docente, tendo em conta as concepções de linguagem e de aprendizagem do professor. É importante destacar que uma abordagem pode gerar diferentes métodos e que um método se realiza na prática por diferentes técnicas. Uma mesma técnica, por sua vez, pode ser adoptada em métodos diferentes. A concepção de método de Anthony representou um marco no estudo e na pesquisa de métodos de ensino de línguas estrangeira, sendo amplamente adoptada e citada até à atualidade. O modelo, inspirado na análise de aspectos binários ou diferenciais, para analisar sistematicamente os métodos aplicados no ensino de línguas. Reformulação e consequente ampliação do conceito de método. Para estes autores, um método diferencia-se em três âmbitos: abordagem, o desenho (design) e os procedimentos. As diferenças residem nas funções que cada componente implica. Os conceitos de método e técnica, de Anthony, foram substituídos, pelos de Richards e Rodgers, por desenho e procedimentos, respectivamente. Porém, para Richards e Rodgers, o método deixa de ser um estágio hierárquico intermediário para tornar-se numa combinação harmoniosa de três fatores: a abordagem, o desenho e os procedimentos. Abordagem, é compreendida pelas concepções do professor sobre língua e aprendizagem, o desenho é constituído por objetivos de ensino, programa de ensino, papel do professor, papel do aluno, papel dos materiais de instrução, tipos de tarefas e, por fim, os procedimentos referem-se às técnicas, aos comportamentos, às práticas e estratégias didáticas que possibilitam a execução prática e real de um método na sala de aula. Ambas as concepções sobre método defendidas por Anthony e Richards e Rodgers oferecem aos investigadores de ensino de línguas estrangeiras meios e 34 parâmetros que podem auxiliar na descrição e na análise dos diferentes métodos existentes. Um método de ensino de língua estrangeira deve ser regido por princípios, que, devidamente planeados e organizados, devem conduzir a uma atividade docente coerente. O método o próprio material de ensino; metodologia estaria num nível superior, englobando os objetivos gerais, os conteúdos linguísticos, as teorias de referência, as situações de ensino e subentendem a elaboração de um método. Já o termo abordagem (“approach” do inglês) é definido por Leffa (Leffa apud Bohn e Vandersen, 1988) como os pressupostos teóricos acerca da língua e da aprendizagem. Concluímos, portanto, que o conceito de método, no campo de ensino de línguas estrangeiras, tem sido tratado por vários autores ao longo dos tempose, devido à multiplicidade das visões de estudiosos, também tem sofrido inúmeras críticas de autores, de entre as quais se destaca o seu carácter prescritivo, a sua descontextualizarão, o seu carácter polissémico e abrangente que ocasionam a imprecisão terminológica e a inexistência de um método perfeito. A busca pelo método perfeito transformou-se na busca de um ―método mais adequado‖ ou um método eclético. Deste modo, na era pós-método, o professor encara novos papéis e desafios e o aluno tem uma participação muito mais ativa no seu processo de ensino/aprendizagem. 9.2 Enfoque Se o termo método causa algumas interpretações, também parece que há algumas ambiguidades na utilização dos conceitos “método” e “enfoque” na literatura sobre o ensino de línguas estrangeiras, substituindo-se mutuamente, vejamos a definição de “enfoque” oferecida pelo Gran Diccionario de Uso del Español Actual (SGEL: 2001): “Dirigir y concentrar la atención o el esfuerzo en la consecución de un objetivo determinado”. Comparando as definições, o termo “enfoque” é mais genérico, enquanto o termo “método” é mais concreto. Para Aquilino Sánchez (2009), o primeiro implica manter uma direcção pouco definida para atingir um fim, enquanto o segundo, além de manter uma direccionalidade nítida e concreta, define com precisão os meios para alcançar os objectivos, deste modo entende-se, claramente, que a utilização de 35 um ou de outro se trata apenas de uma clarificação prévia no uso dos mesmos do que significam propriamente. O termo “enfoque” resume-se a uma “teoria sobre a aprendizagem da língua e sobre a natureza da aprendizagem que constitui a base teórica e determina os princípios metodológicos e as práticas de ensino. Em termos gerais, o enfoque é um modo particular de entender o ensino e a aprendizagem. ” 9.3 Linguagem oral No que respeita à linguagem oral, consideramos interessante a definição de Pereira e Viana (s/data), que a caracterizam como sendo uma capacidade para a qual os seres humanos estão biologicamente capacitados e é, sem qualquer margem para dúvida, o instrumento de comunicação mais complexo de que há conhecimento. Na produção e na compreensão dos enunciados verbais, cada falante ativa uma competência gramatical, que mais não é que um número finito de regras fonológicas, morfológicas, sintáticas e semânticas, que são conhecidas apenas intuitivamente e que são adquiridas com base numa capacidade inata; uma competência lexical, que inclui o conhecimento da forma e dos significados das palavras, tal como convencionados na sua comunidade linguística; e ainda uma competência pragmática, que diz respeito ao conhecimento das normas de uso desse conhecimento linguístico, formas de tratamento, níveis de linguagem adequados ao contexto e às finalidades da comunicação. 9.4 Oralidade No presente trabalho, adoptou-se a definição incluída na Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário (2004): “oralidade é o modo primário, natural e universal da realização da língua. No modo oral, o aparelho fonador produz os enunciados que, transmitidos pelo ar, são percepcionados auditivamente pelo (s) receptor (es). A realização fónico-acústica ou vocal auditiva dos enunciados e dos textos determina que a comunicação oral seja de tipo próximo e instantâneo, com o emissor e o (s) receptor (es) in praesentia, isto é, situados no mesmo contexto situacional, e possua uma duração efémera (…) ”. 36 9.5 Destreza O termo “destreza” significa “cada um dos diferentes modos de utilização da língua: a compreensão oral (compreende a língua falada), a expressão oral (fala-a), a compreensão escrita (lê-a) e a expressão escrita (escreve-a). ” 9.6 Competência Quando falamos em competência, assumimos a noção que lhe é atribuída no Currículo Nacional do Ensino Básico (2001). É um termo que integra conhecimentos, capacidades e atitudes e que é entendida como saber em ação ou em uso. Assim, a competência dirá respeito ao processo de ativar recursos (conhecimentos, capacidades, estratégias) em diversas situações. Associa-se ao desenvolvimento de algum grau de autonomia em relação ao uso do saber. 9.7 Competência comunicativa No Programa de Espanhol, Nível de Iniciação, 10.º Ano (2001), o desempenho da competência comunicativa surge como sendo o objetivo principal da aprendizagem das línguas, por outras palavras, esta consiste na capacidade de interagir linguisticamente de forma adequada nas diferentes situações de comunicação, tanto de forma oral como escrita. Esta competência engloba subcompetências (linguística, pragmática, sociolinguística, discursiva e estratégica) e contribui para o desenvolvimento das competências gerais da pessoa (saber-ser, saber-fazer, saber apreender). 9.8 Tarefa pedagógica Outro conceito que gera grande discussão é o termo “tarefa”, surgindo no campo do ensino das línguas também denominada de “tarefa didática” ou “tarefa pedagógica”. Este conceito em termos gerais deriva e baseia-se no conceito de tarefa na vida real, sendo que uma tarefa pedagógica tem como único fim aprender uma determinada línguas. Esta ideia é corroborada por 37 “una unidad didáctica de trabajo en el aula que implique a los aprendices a la comprensión, manejo, producción o interacción en la L2, mientras su atención se halla centrada prioritariamente en el significado más que en la forma”. No Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (2001), encontramos a seguinte descrição: “Uma tarefa é definida como qualquer acção com uma finalidade considerada necessária pelo indivíduo para atingir um dado resultado no contexto da resolução de um problema, do cumprimento de uma obrigação ou da realização de um objetivo. ” 9.9 Compreensão oral Tendo em consideração que existe uma gramática própria do discurso oral, caracterizada por um conjunto de factos verbais e não verbais, é necessário para o nosso estudo proceder ao levantamento de alguns desses factos verbais e não verbais. Devemos considerar como fundamental para o estudo da comunicação oral as seguintes características do discurso oral, a saber: a rapidez no tempo e no espaço, o modo de manifestar-se as relações sociais entre os interlocutores, o tempo no qual decorre a mensagem e os limites de memória na sua retenção, a articulação do discurso ou dos signos linguísticos e dos elementos prosódicos, paralinguísticos e da paralinguagem, a entoação, o acento e as pausas (sinais de pontuação). Devemos ainda destacar a existência de inúmeros elementos prosódicos que caracterizam o discurso oral, como o tom da voz, o ritmo, a clareza ou nitidez da voz, os suspiros, os risos; a quinésica e a proxémica, nomeadamente o movimento de mãos, o olhar, o afastamento ou a aproximação do respectivo interlocutor. Além das características referidas anteriormente, salientamos a estruturação sintáctica no discurso oral, caracterizada pelo predomínio de enunciados concatenados – coordenação aditiva ou justaposição, a frequência do uso de marcadores discursivos, os conectores, inúmeras sequências de repetições, as reformulações, a presença de orações suspensas, a inversão da ordem das palavras, o emprego de léxico, a elipse, a presença contínua de procedimentos deícticos, etc. 38 Numa língua estrangeira surgem como aspectos com grande relevância a pronúncia adequada, segmental ou não segmental, como o acento, a entoação, o ritmo e as pausas com que o falante produz o seu discurso oral. Para evitar o acento típico ou a pronúncia especial nos falantes de uma língua estrangeira, é frequente os alunos utilizarem as seguintes estratégias prosódicas: a entoação, que consiste na modificação expressiva, segundo a curva melódica, o tom mais alto/baixo; a demora silábica e a acentuação marcada, que modificam a força ilocutiva do enunciado proferido, a velocidade naemissão do enunciado, o tom mais ou menos marcado e os alargamentos fónicos. Fazem parte da comunicação oral diversos elementos paralinguísticos, tais como a linguagem gestual, caracterizada pela utilização propositada ou espontânea de gestos, os movimentos do corpo e outros recursos paralinguísticos, como interjeições e muletas da comunicação, bem como gestos simbólicos (significados convencionais), gestos icónicos (significados ocasionais) e gestos rítmicos (marcam o ritmo da elocução). 9.10 Atividades e Técnicas para Desenvolver a Expressão Oral De acordo com Cabo (2010) há uma vasta lista de diferentes tipos de atividades e diversas técnicas para desenvolver a capacidade de expressão oral do falante, de entre as quais destacamos as seguintes: jogos em tabuleiros, úteis para fazer apresentações na sala de aula de novos estudantes e/ou para a prática de algumas estruturas simples que surgem nos níveis iniciais; jogos para descobrir a personagem misteriosa, jogos das profissões, jogos de descoberta com fragmentos de textos escritos; jogos de diferenças com desenhos; jogos de detectives; questionários preparados pelos alunos e/ou professores; trabalhos em pares para completar informação com fichas de trabalho; exposições; diálogos dirigidos nos quais os alunos seguem instruções dadas pelos professores para completar a informação do diálogo; diálogos abertos para completar livremente a informação; entrevistas; jogos de papéis; debates onde cada aluno ou grupo defende uma posição ou opinião; fotos e desenhos para fazer descrições ou para criar histórias fantásticas, jogos linguísticos existentes no mercado, por exemplo, “Tabú”, “Scattegories”, “Pictionary” para trabalhar o léxico, etc. 39 De entre as atividades apresentadas anteriormente aquelas que são mais utilizadas na aula de língua espanhola são as seguintes: vazios de informação, diálogos dirigidos, jogos de papéis, solução de problemas, histórias e contos, exposição, debates e discussões. A atividade “vazios de informação” deriva da necessidade que um aluno tem em pedir uma informação que possui um colega. A atividade “diálogos dirigidos” é formada por um conjunto de exercícios constituídos por diálogos nos quais os alunos praticam, de forma controlada, determinadas estruturas linguísticas já estudadas anteriormente. Na atividade “jogos de papéis”, o aluno assume um papel e/ou uma função que tem que ver com situações diversas, por exemplo, a profissão, a idade, os interesses, as atitudes, etc., que podem ser diferentes da sua personalidade, tendo sido estabelecida anteriormente por outra pessoa. A atividade “solução de problemas” consiste na criação de situações imaginárias, normalmente muito longe da realidade, com um tema gerador de controvérsia que fomenta a discussão e o debate em aula. São atividades motivadoras e abertas que promovem a fluidez expressiva. A atividade “histórias e contos” consiste em modificar uma história conhecida e/ou inventar uma nova história. A atividade “exposição” é um dos exercícios de expressão oral mais praticados na aula. As atividades de expressão oral referidas anteriormente são as mais utilizadas na aula de Espanhol pelas seguintes razões: devido às características das turmas, que se caracterizam por ser exageradamente grandes; pelas características dos alunos, por existirem capacidades e interesses muito diferentes dentro de um mesmo grupo; e, por serem as que surgem com mais frequência nos manuais selecionados. Devido ao facto dos professores terem que rentabilizar ao máximo os manuais selecionados, o professor nem sempre tem liberdade para introduzir outros tipos de material. As atividades de expressão oral causam normalmente muitos problemas em aula, porque, por um lado, para o aluno, podem ser entendidas como um passatempo ou uma perda de tempo e, por outro, para o professor, podem ser momentos 40 geradores de problemas, nomeadamente no que toca a perdas de tempo para impor a disciplina e controlar o nível de ruído. Contudo para atenuar os problemas supra apresentados, é fundamental fazer ver ao aluno a utilidade da atividade de expressão oral e é essencial existir uma planificação rigorosa dos conteúdos e dos objetivos da mesma. Na expressão oral se o objetivo de aprendizagem é o uso da língua para a comunicação, por parte dos alunos, sabemos que nem sempre os falantes de uma língua estrangeira conseguem comunicar adequadamente com os seus interlocutores, tendo, por vezes, necessidade de utilizar estratégias de comunicação e, deste modo, desenvolverem a sua competência estratégica. 9.11 Critérios de Avaliação da Competência Comunicativa De um ponto de vista didático, o tipo de avaliação que mais favorece o processo de aprendizagem é a formativa e contínua, integrada no processo, que analisa as dificuldades e procura soluções quando ainda é possível superá-las. A prática da destreza de expressão oral não é uma tarefa simples, já que para muitos estudantes a consecução desta destreza é a que mais dificuldade oferece das quatro, tendo em conta os fatores pessoais como a timidez ou o sentido do ridículo, que podem entorpecer ou atrasar em grande medida o seu desenvolvimento. 41 BIBLIOGRAFIA KAMPFF. 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