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LARA SANTIAGO MARC - 6º PERÍODO Infecçõe� da� via� aérea� inferiore� qu� cursa� co� t�s� agud� Pneumonias Pneumonia: pode ser definida como sinais e sintomas consistentes com infecção do trato respiratório inferior associado a novo infiltrado na radiografia de tórax, na ausência de outra explicação para tal. É um processo inflamatório agudo, relacionado a infecções virais, bacterianas ou fúngicas. ➔ A nível microscópico, alguns alvéolos são preenchidos por exsudato inflamatório, ocorrendo um desacoplamento entre a ventilação e a perfusão dentro dos alvéolos e o paciente fica hipoxêmico. Pneumonia adquirida na comunidade (PAC): é aquela que acomete o paciente fora do ambiente hospitalar ou que surge nas primeiras 48h da internação hospitalar. Pneumonia hospitalar: é aquela que ocorre após 48h da admissão hospitalar, geralmente tratada na unidade de internação (enfermaria/apartamento) não se relacionando a intubação endotraqueal e ventilação mecânica (VM). Podendo, entretanto, ser encaminhada para tratamento em UTI, quando se apresenta ou evolui de forma grave. Dentro deste conceito, deve ser considerado o tempo de incubação médio característico de cada germe ser definida como sinais e sintomas consistentes de infecção do trato respiratório inferior associado a novo infiltrado na radiografia de tórax, na ausência de outra explicação para tal. Pneumonia adquirida por ventilação mecânica: é aquela que surge 48-72h após intubação endotraqueal e instituição da VM invasiva. De modo similar, a PAVM também é classificada em precoce e tardia. A PAVM precoce é a que ocorre até o quarto dia de intubação e início da VM, sendo a PAVM tardia a que se inicia após o quinto dia de intubação e VM. Pneumonia relacionada a cuidados de saúde: é aquela em pacientes com as seguintes características → residentes em asilos ou tratados em sistemas de internação domiciliar, pacientes que receberam antimicrobianos por via endovenosa, ou quimioterapia, nos 30 dias precedentes a atual infecção, pacientes em terapia renal substitutiva, e aqueles que foram hospitalizados em caráter de urgência por dois ou mais dias, nos últimos 90 dias antes da infecção. PNEUMONIA ADQUIRIDA EM COMUNIDADE Epidemiologia: ● Cerca de 8% dos pacientes que internam, morrem; ● O valor médio por internação é de R$ 982,00; ● Em média são 620.352 de internações/ano. Muitas delas são chamadas, erroneamente, de pneumonia, porém são outras doenças como DPOC exacerbada, asma, câncer etc. Etiologia: ● O Streptococcus pneumoniae (pneumococo) é o principal patógeno causador de pneumonia, em todas as faixas etárias, exceto nas crianças mais novas, com prevalência média de 27,3%; ● Outros agentes frequentes são o Haemophilus influenzae e as bactérias denominadas atípicas, representadas pelo Mycoplasma sp, Chlamydia sp e Legionella sp, responsáveis por 34% das pneumonias (o esquema antibiótico voltado a essas bactérias é diferente); ● Entre os agentes virais, há predomínio do vírus Influenza em adultos, que é responsável por até um terço dos casos; ● A coparticipação de vírus e bactérias na PAC parece associar-se a quadros mais graves e com maior tempo de hospitalização, reforçando a necessidade da indicação de exames complementares para a avaliação da presença de vírus notadamente nos casos de PAC grave. Fisiopatologia: Microaspiração: ● O pulmão já é colonizado por microorganismos naturalmente; no processo de disbiose o inóculo que surge das vias aéreas superiores e atinge os pulmões irá causar um desequilíbrio. Microaspiração: ● Falha no reflexo de fechamento da glote e no reflexo de tosse → aspiração de grandes quantidades de conteúdo gastroesofágico para dentro dos pulmões → ocorre uma fase de pneumonite química que pode evoluir ou não para uma pneumonia bacteriana. Mecanismo de defesa: Quadro clínico: ● O achado mais comum é a tosse; ● Dispneia → pelo desequilíbrio na ventilação-perfusão; ● Febre; ● Dor torácica → particularmente quando o paciente possui derrame pleural; ● Nos extremos de idade: pode evoluir sem febre em idosos e ocorrer alteração no nível de consciência; além de dor abdominal e diarreia a depender do agente infeccioso. Achados do exame físico: ● Frêmito tóraco-vocal aumentado na palpação → consolidação. ➮ Se tiver um derrame pleural ele diminui ou desaparece. ● Na percussão: macicez ou submacicez. ● Ausculta: ➮ Murmúrio normal e diminuído particularmente no paciente com derrame pleural. ➮ Há presença de crepitações (ou estertores); ➮ Sopro tubário: transmissão do sopro traqueal (normal) para o parênquima pulmonar condensado. ➮ À ausculta da voz: ➢ Broncofonia: som mais alto que o normal quando auscultada a parede torácica, detectável durante o pronunciamento de “33”. ➣ Egofonia: modificação na qualidade do som da letra “i” para “e” com uma qualidade anasalada. ➣ Pectorilóquia afônica: o paciente fala “33” surrando e na ausculta escuta-se em um tom mais alto. ● É raro um paciente ter pneumonia e não ter taquipneia → ↑ valor preditivo negativo. Diagnóstico: ● Quadro clínico compatível e alteração na Radiografia de Tórax. ● A tomografia computadorizada sem contraste e a ultrassonografia de tórax também podem ser utilizadas. Os dados clínicos importantes para o diagnóstico são: ● Tosse e um ou mais dos seguintes sintomas: expectoração, dispneia e dor torácica. ● Pelo menos um achado sistêmico: confusão mental, cefaleia, sudorese, calafrios, dores musculares, febre (temperatura ≥ 37,8 °C). ● Achados focais no exame físico do tórax (ausência de anormalidades não exclui o diagnóstico). A radiografia de tórax (nas incidências póstero-anterior e perfil) é o método diagnóstico inicial (surgimento de opacidade intersticial ou consolidação). ● Auxilia na avaliação da gravidade (identificação de comprometimento multilobar ou derrame pleural associado); ● Sugere diagnóstico diferencial (abscesso, tuberculose e massa pulmonar); ● É útil para acompanhar a resposta ao tratamento. ● Não é capaz de determinar o agente etiológico. ● Na maioria dos casos, a resolução completa das alterações radiológicas ocorre em duas semanas após o início dos sintomas e, em seis semanas, em idosos, portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), imunossuprimidos, alcoolistas, diabéticos e quadros de pneumonia multilobar. ● Assim, após o tratamento antimicrobiano, a radiografia de tórax deve ser repetida após seis semanas do início dos sintomas em indivíduos tabagistas, com mais de 50 anos e/ou portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) para avaliar a resolução da imagem neste grupo de pacientes pelo seu alto risco de carcinoma broncogênico. A persistência da imagem sugere que o diagnóstico diferencial de neoplasia deve ser investigado. ● Naqueles com persistência dos sintomas clínicos ou achados anormais no exame físico, a radiografia de controle também está indicada. A ultrassonografia de tórax (UST) pode corroborar com o diagnóstico de pneumonia a partir dos seguintes achados: (1) consolidações; (2) padrão intersticial focal; (3) lesões subpleurais e (4) anormalidades da linha pleural. ● Tem maior sensibilidade e acurácia que a radiografia de tórax na identificação de alterações no parênquima e tem especificidade de 100% para consolidação. ● Quando avaliada por especialistas em ultrassonografia, a sensibilidade do método alcança 94% e especificidade de 96%, porém o rendimento por clínicos em unidades de emergência necessita de melhor avaliação. ● A UST tem papel relevante em gestantes, indivíduos restritos ao leito e na identificação detalhada de complicações, como no derrame pleural. Nesse caso, o ultrassom auxilia na realização de toracocentese guiada. A tomografia computadorizada (TC) de tórax é o método de maior sensibilidade para predizer o acometimento infeccioso pulmonar, porém seu alto custo e exposição elevada à radiação torna-o necessário em casos de dúvida diagnóstica a despeito da realização da radiografia e UST. ● Indivíduos obesos,imunossuprimidos, com alterações radiológicas relevantes prévias, suspeitos de infecções fúngicas, abscesso, e aqueles sem boa resposta clínica ao tratamento também devem ser submetidos a esse exame de imagem. ● De rotina, sugere-se o uso da UST como teste auxiliar intermediário para diagnóstico antes do uso da TC, em razão de sua alta exposição à radiação. Exames complementares: Para pacientes ambulatoriais, os métodos de identificação etiológica são desnecessários, tendo em vista a eficácia elevada da terapia antibiótica empírica e a baixa mortalidade. Em casos de PAC grave, o tratamento direcionado reduz a mortalidade, porém não se deve retardar a instituição da terapia aguardando o diagnóstico etiológico. ● Escarro → todo paciente internado deve ser realizado o teste de escarro para afastar a suspeita de tuberculose; ● Hemocultura → serve para guiar na escolha do antibiótico, porém nem sempre o patógeno vai estar presente na corrente sanguínea. ● Aspirado e lavado broncoalveolar → em casos de insuficiência respiratória. ● Testes sorológicos → etiologia da infecção (Pneumococo e Legionella). ● Antígenos urinários → etiologia da infecção (Pneumococo e Legionella). ● Métodos moleculares → consegue identificar exatamente a etiologia da infecção. Estratificação de risco: ● A decisão do local de tratamento possibilita prever o provável agente etiológico e a escolha do antibiótico. ● Além disso, a presença de hipoxemia (SpO2 < 90% em ar ambiente) à oximetria de pulso; comorbidades descompensadas; consolidações multilobares ou bilaterais e presença de derrame pleural suspeito de empiema; impossibilidade de ingerir a medicação; falta de condições socioeconômicas e baixa cognição, também necessitam de internação. Tratamento: ● Crianças com < 2 meses devem ser internadas e realizar antibioticoterapia IV → grave. ➔ Sinal de pneumonia: tiragem subcostal e/ou FR > 60 bpm. Tiragem intercostal é normal nesta idade. ● Crianças de 2 a 11 meses: taquipneia sem tiragem o tratamento é ambulatorial. ➔ Sinal de gravidade: tiragem intercostal e subcostal → grave. ● Crianças de 1 a 4 anos: taquipneia sem tiragem o tratamento é ambulatorial. ➔ Sinal de gravidade: tiragem intercostal e subcostal → grave. ● O retorno para pacientes tratados em casa devem retornar com 48 horas. PAC ambulatorial: ● Os pacientes deverão receber tratamento domiciliar se houver garantia do uso do antibiótico prescrito. ● Para pacientes hígidos, macrolídeos ou β-lactâmicos são alternativas. De preferência macrolídeo devido a sua cobertura adequada para germe atípico. ● Pacientes com comorbidades, deve-se utilizar β-lactâmico + Macrolídeo ou fluoroquinolona respiratória (diminuição de efeitos colaterais). PAC tratada em enfermaria: ● A monoterapia com o uso de uma fluoroquinolona respiratória isolada (levofloxacino, moxifloxacino ou gemifloxacino) ou a associação de um β-lactâmico a um macrolídeo têm sido recomendadas. PAC tratada em UTI: ● β-lactâmico + Macrolídeo ou β-lactâmico + Fluoroquinolona. ● À medida que o paciente vai ficando mais crítico, deve-se cobrir microrganismos atípicos (macrolídeo e quinolona). Devido a isso é realizada a associação. ● Na ausência de fatores de risco para pseudomonas poderá ser utilizada a associação de beta-lactâmico (ceftriaxona ou cefuroxima) + a macrolídeo (azitromicina ou claritromicina) ou betalactâmico (ceftriaxona ou cefuroxima) + quinolona respiratória (levofloxacino ou moxifloxacino). ● Já na presença de fatores de risco para pseudomonas, a preferência dá-se pela o uso de quinolonas respiratórias (piperacilina-tazobactam, meropenem) e/ou polimixina B (em monoterapia ou terapia combinada). ● São fatores de risco: presença de doença estrutural pulmonar (DPOC com VEF1 < 30%, bronquiectasias ou fibrose cística), neutropenia (< 1.000/mm3), uso crônico de corticosteroides (> 10mg de prednisona ao dia ou equivalente), uso recente de antibioticoterapia por mais de 7 dias nos últimos 30 dias, internação hospitalar recente nos últimos 7 dias. ● Pacientes com PAC e suspeita de pneumonia viral por influenza A subtipo H1N1, além do uso de antiviral, é necessário cobertura para pneumococo e S. aureus, em casos de suspeita de coinfecção. Prevenção: PNEUMONIA HOSPITALAR E ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA Epidemiologia: ● Importante sítio de infecção hospitalar; ● Incidência de 25% de todas as infecções na UTI; ● O maior fator de risco é a ventilação mecânica; ● Grave e associada à alta mortalidade (33 - 50%); ● Alto custo por paciente. Fisiopatologia: ● Balanço entre a carga bacteriana em que o paciente é exposto e a resposta imune (humoral, celular, batimento ciliar e tosse). Microaspiração da orofaringe: ● Continuamente aspiramos microrganismos da orofaringe → SI (preservado) atua impedindo a proliferação bacteriana; ● Quando a bactéria supera a capacidade do SI em gerar uma RI efetiva, gera mais proliferação bacteriana e mais produção de células de defesa, formando assim, dentro do alvéolo, o catarro; esse preenchimento alveolar é percebido fisiopatologicamente como pneumonia. ● Isso acontece tanto no paciente com ventilação espontânea quanto no paciente entubado. ● O balonete insuflado da intubação protege contra a grande maioria das aspirações, porém ainda ocorrerá a microaspiração; além disso o paciente perde o mecanismo do reflexo da tosse e possui uma imunossupressão relativa, favorecendo ainda mais a ocorrência da pneumonia. Etiologia: ● Os patógenos mais comuns incluem: ➮ bacilos gram-negativos aeróbicos (ex. Escherichia coli, Klebisiella pneumoniae, Enterobacter spp, Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter spp); ➮ cocos gram-positivos (ex. Staphylococcus aureus, incluindo S. aureus meticilina-resistente [MRSA], Streptococcus spp). Fatores de risco: ● Própria ventilação mecânica; ● > 55 anos; ● Doença pulmonar crônica; ● Rebaixamento do nível de consciência; ● Cirurgia torácica/abdominal alta → perdem o reflexo da tosse; ● PIC invasiva; ● Elevação do pH gástrico → favorece a proliferação bacteriana; ● Exposição prévia a antimicrobiano → mais resistência; ● Reintubação/intubação prolongada; ● Síndrome do desconforto respiratório agudo; ● Mudanças frequentes dos parâmetros da ventilação mecânica; ● Exposição à opioides; ● Politrauma; ● Paralisia; ● Qualquer prejuízo da resposta imunológica. Diagnóstico: ● Padrão-ouro: biópsia pulmonar. Raramente utilizado ● Na maioria das vezes é utilizado apenas o diagnóstico clínico, radiológico e laboratorial. É utilizado quatro critérios: 1. Presença de sintomas respiratórios: ● Dispneia, expectoração, tosse, taquipneia, uso de musculatura acessória, ausculta com roncos, sibilos, crepitações; ● O paciente em VM não conseguem referir esses sintomas, eles são percebidos pela piora dos parâmetros ventilatórios: ↑ suporte ventilatório, ↑ FiO2, ↑ PIP. 2. Alteração nos parâmetros de infecção: ● Alteração no hemograma, PCR, procalcitonina e presença de disfunções orgânicas associadas a infecção (delirium, ↑ ureia e creatinina, oligúria, hipotensão). 3. Imagem: ● Opacidade, consolidação no espaço aéreo sugestivo de pneumonia. 4. Microbiológico: ● Cultura positiva para um agente comumente associado à infecção respiratória; ● Aspirado endotraqueal, escovado brônquico protegido, broncoscopia com lavado broncoalveolar (mais sensível) ou hemocultura (incomum). Diagnóstico de complicações associadas à ventilação mecânica de acordo com a Sociedade Americana de Infectologia: ● VAC: Condição associada à ventilação → paciente em VM e evolui para piora dos parâmetros respiratórios, podendo ser infecciosa ou não infecciosa. ● IVAC: Sintomas respiratórios + sinais de inflamação/infecção → SR com febre, leucocitose etc, podendo ser decorrente da pneumonia ou ser de um acometimento em outro sítio. ● VAP possível: IVAC + piora da secreção/Gram +. ● VAP provável: IVAC + patógeno identificado. Diagnóstico diferencial: ● Pneumonite aspirativa; ● Embolia pulmonar com infarto; ● Síndrome do desconforto respiratório agudo;● Hemorragia pulmonar; ● Contusão pulmonar; ● Tumor infiltrativa; ● Pneumonite por radiação; ● Reação a droga; ● Vasculite. Tratamento: ● O antibiótico tem início imediato na suspeita de infecção; ● A solicitação e realização da cultura deve ser prontamente realizada; ● Não introduzir antibiótico se outro diagnóstico é mais provável; ● Escolher adequadamente o antibiótico; ● Baseado na flora local. Deve-se pensar na possibilidade de germes multidrogas resistentes nos casos de: ● Uso de antibiótico intravascular nos últimos 90 dias; ● Mais de 5 dias de hospitalização; ● Choque séptico no momento da PHAVM; ● Síndrome do desconforto respiratório agudo antes do diagnóstico de PHAVM; ● Pacientes submetidos a hemodiálise antes da PHAVM. ● Monoterapia nos casos sem fatores de risco; ● Terapia combinada em casos de fatores de risco. BRONQUITE AGUDA (TRAQUEOBRONQUITE AGUDA) A bronquite aguda é uma infecção do trato respiratório inferior que envolve as grandes vias aéreas (brônquios), sem evidência de pneumonia, que ocorre na ausência de doença pulmonar obstrutiva crônica. Epidemiologia: ● A bronquite aguda é uma das condições mais comuns encontradas na prática clínica. A incidência de bronquite aguda é maior no final do outono e inverno, quando a transmissão de vírus respiratórios atinge o pico Etiologia: ● Frequentemente, a bronquite aguda é um componente da infecção da via respiratória superior causada por rinovírus, parainfluenza, vírus da influenza A ou B, vírus sincicial respiratório, coronavírus ou metapneumovírus humano. ● Causas menos comuns podem ser Mycoplasma pneumoniae, Bordetella pertussis e Chlamydia pneumoniae. Menos de 5% dos casos são provocados por bactérias, às vezes em surtos. Manifestações clínicas: ● A infecção do trato respiratório superior (por exemplo, resfriado comum) pode preceder o início da bronquite aguda. Durante os primeiros dias da doença, os sintomas associados a essas duas condições, como dor de cabeça, congestão nasal e dor de garganta podem se sobrepor. ● Com o envolvimento do trato respiratório inferior, a tosse, com nenhum ou pouco escarro, torna-se o sintoma predominante. ● Sibilos e dispneia leve podem acompanhar a tosse. Tanto a sibilância quanto os roncos podem ser auscultados no exame físico; Os roncos geralmente desaparecem com tosse. ● Embora o teste de função pulmonar normalmente não seja indicado na prática clínica, broncoespasmo, evidenciado pela redução do volume expiratório forçado em um segundo, foi relatado em 40 por cento dos pacientes em uma pequena série de casos, e a hiper-reatividade brônquica pode ser demonstrado com testes provocativos. ● A hiperresponsividade brônquica é tipicamente transitória, resolvendo-se em seis semanas e acredita-se ser o mecanismo que está por trás da tosse persistente. ● Com tosse prolongada, pode ocorrer dor na parede torácica ou musculoesquelética subesternal. ● Outras complicações são raras; mais comuns entre eles são o desenvolvimento de pneumonia ou superinfecção bacteriana. Para a maioria dos pacientes, a bronquite aguda é uma doença autolimitada que não requer testes de diagnóstico ou tratamento específico. ● Certas características clínicas sugerem uma causa específica ou um diagnóstico alternativo que pode exigir terapia antimicrobiana. Por exemplo, paroxismos de tosse acompanhados por um grito inspiratório ou êmese pós-tosse sugerem coqueluche, particularmente durante surtos conhecidos. ● Febre, ou outros sintomas sistêmicos, são raros em pacientes com bronquite aguda. Esses achados, além da tosse e da produção de escarro, devem levantar a suspeita de influenza ou pneumonia. ● No exame físico, os sinais de consolidação do parênquima, como embotamento à percussão, sons respiratórios diminuídos ou brônquicos, estertores, egofonia ou sinais de inflamação pleural, como atrito pleural, sugerem que a doença se estende além dos brônquios e as imagens do tórax devem ser consideradas. Diagnóstico: ● Clínico. ➮ A bronquite aguda deve ser suspeitada em pacientes com início agudo, mas tosse persistente (geralmente com duração de uma a três semanas) que não apresentam achados clínicos sugestivos de pneumonia (por exemplo, febre, taquipnéia, estertores, sinais de consolidação do parênquima) e não ter doença pulmonar obstrutiva crônica. ➮ O teste para COVID-19 é recomendado para todos os pacientes durante a pandemia de COVID-19. Caso contrário, o teste é geralmente reservado para casos em que há suspeita de pneumonia. ➮ O diagnóstico clínico é incerto ou quando os resultados mudariam o manejo (por exemplo, um resultado de teste de influenza positivo em um paciente que atende aos critérios para terapia antiviral). ● Pode ser utilizado RX de tórax como diagnóstico diferencial. ➮ Em pacientes com bronquite aguda, as radiografias de tórax são normais ou os achados são inespecíficos, embora alterações sutis consistentes com espessamento das paredes brônquicas nos lobos inferiores sejam ocasionalmente relatadas. ➮ O principal motivo para a obtenção de uma radiografia de tórax é excluir a pneumonia. ➮ Indicações razoáveis para suspeitar de pneumonia e obtenção de imagens incluem o seguinte: ➣ Sinais vitais anormais (pulso> 100 / minuto, frequência respiratória > 24 respirações / minuto, temperatura > 38 ° C ou saturação de oxigênio < 95 por cento); ➣ Sinais de consolidação no exame de tórax (estertores, egofonia ou frêmito tátil); ➣ Estado mental ou mudanças comportamentais em pacientes> 75 anos de idade, que podem não apresentar febre; ➣ Fatores adicionais, como dispneia moderada ou grave, hemoptise, imunocomprometimento, idade avançada e / ou demência, aumentam a probabilidade de pneumonia ou outros distúrbios pulmonares subjacentes. ● Teste microbiológico: para a maioria dos pacientes, o teste de patógenos específicos não é necessário porque os resultados não mudarão o manejo. ➮ As circunstâncias em que o teste microbiológico pode alterar as opções de tratamento incluem: ➣ Suspeita de influenza; ➣ Suspeita de coqueluche; ➣ Suspeita de COVID-19. ● Aqueles com tosse persistente devem ser submetidos à radiografia de tórax. ● Pacientes com queixa de dispneia devem ser submetidos à oximetria de pulso para descartar hipoxemia. Tratamento: ● Quase todos os pacientes necessitam apenas de tratamento sintomático. ● Os analgésicos, seja paracetamol ou antiinflamatórios não esteroides (AINEs), podem ajudar a aliviar sintomas como cefaleia, mal-estar, dores musculares e nas articulações. ● Tosse: ➮ Para pacientes com bronquite aguda que se incomodam com tosse, oferecer opções não farmacológicas para o alívio da tosse, como pastilhas para a garganta, chá quente, mel e / ou parar de fumar ou evitar o fumo passivo é um primeiro passo razoável. ➮ Deve-se considerar antitussígenos somente se a tosse interferir no sono. ➮ Sugerimos não usar ibuprofeno , corticosteroides orais ou remédios fitoterápicos para tosse relacionada à bronquite aguda, seja por falta de eficácia ou por questões de segurança. ● Pacientes com sibilos podem se beneficiar de beta-2-agonistas inaláveis (p. ex., albuterol) por alguns dias. Não se recomenda o uso mais amplo de beta-2-agonistas porque efeitos adversos como tremor, nervosismo e calafrios são comuns. ● Educação do paciente: discussão sobre o curso esperado da doença e o plano de tratamento com todos os pacientes. Tranquilizar os pacientes de que a bronquite aguda é uma doença autolimitada que geralmente se resolve em uma a três semanas sem terapia específica pode ajudar a melhorar a satisfação do paciente e reduzir o uso inadequado de antibióticos. ● Embora ocorram benefícios sintomáticos modestos com o uso de antibióticos na bronquite aguda, a natureza autolimitada da bronquite aguda, o risco dos efeitos adversos e resistência a antibióticos contraindicam o uso amplo de antibióticos. ● A terapia antimicrobiana é geralmente reservada para os casos em que um patógeno específico é suspeitado ou diagnosticado em pacientes com alto risco de complicações ou quando o tratamentopode limitar a propagação de uma doença contagiosa. ● Administra-se um macrolídeo como a azitromicina, 500 mg VO 1 vez, então 250 mg VO uma vez ao dia durante 4 dias ou claritromicina, 500 mg VO uma vez ao dia durante 7 dias. ● A maioria dos pacientes com bronquite aguda se recupera sem complicações dentro de 1 a 3 semanas e não requer acompanhamento, mas deve ser educada sobre características que justificam preocupação, como febre de início, dificuldade para respirar, sintomas que duram > 3 a 4 semanas ou expectoração com sangue. BRONQUIOLITE Doença infecciosa que resulta na obstrução inflamatória de pequenas vias aéreas inferiores, mais especificamente, nos bronquíolos. Ocasiona quadro de intensidade variável, com sintomatologia da própria obstrução das vias aéreas. ● Primeiro episódio de sibilância em um lactente (< 2 anos) desencadeado por uma infecção viral do trato respiratório inferior. ● O pico da bronquiolite ocorre em torno de 6 meses de idade e de 2 a 3% de todos os menores de 12 meses irão ter alguma hospitalização. Etiologia: ● Os casos de coinfecção viral representam cerca de 6 a 30% dos casos, relacionados à gravidade da doença. Vírus sincicial respiratório: ● 90% dos menores de 2 anos serão infectados pelo menos 1 vez na vida; ● 40% casos terá clínica de BQL; ● Transmissão respiratória por gotículas e contato; ● Não confere imunidade duradoura. Fisiopatologia: Fatores de risco: ● Idade menor que seis meses; ● Idade menor que 3 meses (maior gravidade); ● Prematuridade (idade gestacional inferior a 36 semanas); ● Baixo peso ao nascer; ● Desnutrição; imunodeficiências (maior possibilidade de complicações bacterianas); ● Aglomeração (maior facilidade de contaminação); ● Cardiopatias e doenças pulmonares crônicas (maior risco de morbimortalidade); ● Doenças neurológicas; ● Defeito anatômico pulmonar (maior gravidade); ● População de baixa renda; ● Ausência de amamentação (proteção das imunoglobulinas maternas); ● Tabagismo passivo. Quadro clínico: ● Pródromo: 2-4 dias: vias aéreas superiores. ➮ Obstrução nasal, rinorreia e espirros, pode apresentar febre (38,5-39 ºC) e tosse seca ou produtiva. ● Quando o vírus chega na via aérea inferior e começa a se replicar: ➮ Tosse paroxística, dispneia, irritabilidade e aumento do esforço respiratório (pico: 3-5 dias). → esse aumento é percebido através da taquipneia, gemência (pressão respiratória + que a criança faz no final da expiratória para manter o ar mais tempo dentro do pulmão), batimento de asa nasal e retrações intercostais/subcostais/fúrcula. ➮ Presença de sibilos inspiratórios ou bifásicos (dependendo do grau de obstrução) e estertores. ● Se resolve em 2-3 semanas. Complicações: As principais complicações geralmente acontecem no período mais crítico, que compreende as primeiras 48-72 horas. ● Atelectasia (25%); Otite média aguda (50%); Pneumonia (< 2% ou > 40% dos casos de pacientes internados em UTI). Existem grupos de crianças sob maior risco de evoluir com quadro de bronquiolite grave, são eles: ● Prematuros (<32 semanas), broncodisplásicos, cardiopatas, lactentes < 3 meses e aqueles que apresentam saturação de oxigênio menor que 95% em repouso e frequência respiratória > 70 bpm. Atentar-se para os sinais de gravidade: ● Taquipneia (FR > 60 ipm); ● Desconforto respiratório: aleteo nasal, retração intercostal, subcostal ou supraesternal; ● Hipoxemia (SatO2 < 94%); ● Cianose; ● Apneia; ● Desidratação; ● Aceitação parcial da dieta; ● Toxemia, piora do estado geral. Diagnóstico: ● Clínico. ● Realiza-se exames complementares em casos de internação: RX tórax e pesquisa viral em secreção de nasofaringe. ● HP: aprisionamento aéreo. Abaulamento do parênquima pulmonar entre as costelas, rebaixamento de cúpulas frênicas e presença de ar pré-cardíaco (entre o esterno e o coração). Diagnóstico diferencial: ● O principal diagnóstico diferencial é a asma. Tratamento: ● Inalação e lavagem nasal com soro fisiológico; ● Oxigênio se satO2 é menor ou igual a 90%; ● Garantia de uma boa hidratação, controle da febre e da frequência respiratória, além de fracionamento da dieta com volumes reduzidos, em virtude da presença de taquipneia. ● Não usar: ➮ Inalação com B2-curta (broncodilatador) → pois a sibilância não é por broncoespasmo e sim por debris celulares e muco; ➮ Inalação com adrenalina; ➮ Antibiótico (a incidência de infecção bacteriana pulmonar secundária é muito baixa); ➮ Corticoide sistêmico. Prevenção: ● Aleitamento materno exclusivo até 6 meses; ● Precauções de contato diante de um paciente infectado: lavagem de mãos; ● Além disso, existem medicações que atuam com o objetivo de prevenir a infecção pelo VSR em < 24 meses portadores de doença pulmonar crônica ou prematuros (<35 semanas): (Palivizumab). É uma imunização passiva e são aplicadas 5 doses intramusculares durante 5 meses de sazonalidade (geralmente em abril). ➮ As principais indicações incluem: Prematuridade: Até 28 semanas e 6 dias de idade gestacional, menor que 12 meses de idade no início da sazonalidade do VSR. Doenças pulmonares: Crianças menores de 12 meses com DPCP (Doença pulmonar crônica da prematuridade) como menores que 32 semanas de IG, necessidade de FiO2 maior que 21 % por pelo menos 28 dias. Entre 12 e 24 meses de idade e que continuam necessitando de medicações (oxigênio, diuréticos, broncodilatador ou corticoide) durante os 6 meses que antecedem a segunda sazonalidade do VSR. Cardiopatia congênita: Se repercussão hemodinâmica, < 12 meses com cardiopatia acianótica ou < 24 meses em plano de transplante cardíaco. Imunocomprometidos: Em <24 meses. Fibrose cística: Em <12 meses. EXACERBAÇÃO DE DPOC A exacerbação da DPOC é definida como evento no curso natural da doença caracterizado por intensificação da dispneia basal, associado ou não a tosse e alteração do escarro. Apresenta caráter agudo e exige mudanças na medicação de uso habitual. ● As infecções respiratórias são as principais causas de exacerbação da DPOC; um terço das causas das exacerbações não são identificadas. ● Doenças como TEP, ICC e insuficiência coronariana podem associar-se à piora dos sintomas da DPOC, mas devem ser avaliadas como diagnósticos diferenciais. ● O aumento da expectoração e a mudança nas características da secreção sugerem processo infeccioso das vias aéreas. Etiologia: ● Os principais patógenos envolvidos na exacerbação da DPOC são: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella Catarrhalis; ● Pacientes com comorbidades, DPOC grave ou muito grave, exacerbações frequentes (>3/ano) e uso de antibióticos nos últimos 3 meses apresentam risco aumentado para Pseudomonas aeruginosa. Diagnóstico: ● Oximetria de pulso e gasometria arterial: se menor 90%, realizar gasometria arterial; ● Radiografia de tórax: na suspeita de pneumonia ou para avaliação de diagnósticos diferenciais, como pneumotórax; ● Hemograma: se suspeita de pneumonia, policitemia ou para paciente internados; ● Cultura de escarro: se não houver resposta ao tratamento inicial, para pacientes ambulatoriais e para todos os que forem internados. Tratamento: Indicação de hospitalização: ● Acidose respiratória; ● Presença de comorbidades descompensadas; ● Necessidade de suporte ventilatório; ● Pacientes que apresentam dispneia grave e não responderam adequadamente ao tratamento broncodilatador inicial; ● Alterações no nível de consciência; ● Instabilidade hemodinâmica. Oxigênio: ● Recomenda-se o uso da menor FiO2 (Litros/minuto) a fim de manter SpO2 90% ou PaO2 > 60 mmHg. ● Após 30 minutos da instalação, os gases arteriais devem ser avaliados para certificar que não houve retenção de CO2. Broncodilatadores de curta ação: ● Em geral, realizam-se 3 ciclos de medicações na primeira hora do tratamento. ● Para pacientes adultos, recomenda-se: a) Inalação: OU b) Aerossóis: ➔ Ambos com o uso de espaçador. ● Após o primeiro tratamento, novos ciclos poderão ser realizados, dependendo da resposta clínica do paciente. ● Depois da dose inicial, o Ipratrópiodeverá ser repetido a cada 4 horas. ● Fenoterol e Salbutamol podem ser realizados de hora em hora, conforme resposta clínica e efeito colateral das medicações. ● Terbutalina endovenosa só está indicada para pacientes cuja via inalatória está indisponível. ● Em pacientes em ventilação mecânica, utilizar medicação em aerossol com espaçador apropriado. Corticosteróides: ● O uso de corticóides sistêmicos é indicado rotineiramente nas exacerbações, pois reduz as taxas de internações e recaídas, além de acelerar a melhora do VEF1 e da PaO2. ● Usar Prednisona 40mg/dia (ou equivalente) por 5 a 7 dias. Metilxantinas (aminofilina e teofilina): ● Não são indicadas. Antibióticos: ● Devem ser prescritos quando: ➔ pacientes apresentam os três sintomas cardinais: piora da dispnéia, aumento do volume do escarro e escarro purulenta; ➔ apresentam apenas dois dos sintomas, sempre incluindo escarro purulento; ➔ pacientes necessitam de ventilação mecânica. ● Os principais patógenos envolvidos na exacerbação da DPOC são: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella Catarrhalis. ● Pacientes com comorbidades, DPOC grave ou muito grave, exacerbações frequentes (>3/ano) e uso de antibióticos nos últimos 3 meses apresentam risco aumentado para Pseudomonas aeruginosa. ● O tratamento deve ser mantido por 5 a 10 dias. Suporte Ventilatório: Ventilação não invasiva: ● A ventilação mecânica não invasiva (VNI) deve sempre ser tentada, antes da intubação orotraqueal, em casos de acidose respiratória e dispneia intensa. ● Nos casos mais graves ou quando não ocorrer resposta com VNI, deve-se considerar a ventilação mecânica invasiva. Ventilação invasiva: Alta hospitalar: ● Controle da causa de base da exacerbação; ● Necessidade de uso de broncodilatadores inalatórios de curta duração com intervalo máximo de 4 horas; ● Gasometria arterial e quadro clínico estáveis por mais de 24 horas; ● Compreensão e preparo para cuidados domiciliares adequados (incluindo fármacos e oxigenoterapia domiciliar). POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS PARA OS MORADORES DE RUA ● A estratégia Consultório na Rua foi instituída pela Política Nacional de Atenção Básica, em 2011, e visa ampliar o acesso da população em situação de rua aos serviços de saúde, ofertando, de maneira mais oportuna, atenção integral à saúde para esse grupo populacional, o qual se encontra em condições de vulnerabilidade e com os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados. ● Chamamos de Consultório na Rua equipes multiprofissionais que desenvolvem ações integrais de saúde frente às necessidades dessa população. ● Elas devem realizar suas atividades de forma itinerante e, quando necessário, desenvolver ações em parceria com as equipes das Unidades Básicas de Saúde do território. ● Ressalta-se que a responsabilidade pela atenção à saúde da população em situação de rua como de qualquer outro cidadão é de todo e qualquer profissional do Sistema Único de Saúde, mesmo que ele não seja componente de uma equipe de Consultório na Rua (eCR). Desta forma, em municípios ou áreas em que não haja eCR, a atenção deverá ser prestada pelas demais modalidades de equipes da Atenção Básica. É importante destacar, ainda, que o cuidado em saúde da população em situação de rua deverá incluir os profissionais de Saúde Bucal e os Nasf do território onde essas pessoas estão concentradas. ● As equipes dos Consultórios na Rua podem ser organizadas em três modalidades: ➔ Modalidade I: equipe formada minimamente por 4 (quatro) profissionais, entre os quais 2 (dois) destes obrigatoriamente deverão estar conforme a letra A e os demais entre aqueles descritos nas letras A e B; ➔ Modalidade II: equipe formada minimamente por 6 (seis) profissionais, entre os quais 3 (três) destes obrigatoriamente deverão estar conforme a letra A e os demais entre aqueles descritos nas letras A e B; ➔ Modalidade III: equipe da Modalidade II acrescida de um profissional médico. A) Item 1: Enfermeiro, Psicólogo, Assistente Social e Terapeuta Ocupacional. B) Item 2: Agente Social, Técnico ou Auxiliar de Enfermagem, técnico em Saúde Bucal, Cirurgião Dentista, profissional de Educação Física e profissional com formação em Arte e Educação. COMPLICAÇÕES DO USO DE CRACK AO SISTEMA RESPIRATÓRIO ● Uma vez que o pulmão é o principal órgão exposto, complicações pulmonares são frequentemente observadas como consequência do ato de fumar o crack. ● A cocaína tem a capacidade de lesar essencialmente todos os componentes estruturais do pulmão, causando disfunções pulmonares de muitas maneiras diferentes. ● Sintomas respiratórios agudos em geral se desenvolvem poucas horas após o uso da droga, mas podem aparecer em minutos. ● Os sintomas respiratórios agudos incluem tosse seca ou com eliminação de sangue ou de material escuro, decorrente da inalação de resíduos dos produtos de combustão, dispnéia, febre, dor torácica, asma e episódios de broncoespasmo. ● Embora de 25 a 60% dos usuários de crack apresentem sintomas respiratórios após fumar a droga, poucos procuram assistência médica por isso. ● Deve-se ressaltar que muitos usuários negam a utilização de drogas ilícitas em um primeiro momento, podendo haver confirmação posterior por teste toxicológico de urina. ● Eventualmente, alguns achados ao exame físico podem sugerir o diagnóstico, como o achado de queimaduras nas pontas dos dedos, decorrentes do manuseio de cachimbos de vidro, em geral usados para fumar a droga, ou a presença de escarro negro (carbônico), característico do uso de crack, atribuído à inalação de resíduos carbônicos do butano ou do algodão embebido em álcool, usado para acender a cocaína. ● Exposição pulmonar marcada e repetida à cocaína fumada tem sido associada a um largo espectro de complicações pulmonares, incluindo edema pulmonar, hemorragia alveolar difusa, exacerbações agudas graves de asma, barotrauma, infiltrações pulmonares com eosinofilia, pneumonia intersticial não específica e bronquiolite obliterante com pneumonia em organização, bem como infiltrações pulmonares agudas associadas a um espectro de achados clínicos e patológicos, referidas como "pulmão de crack". ● O mecanismo pelo qual o crack causa estes variados tipos de agressão pulmonar não está bem estabelecido. Uma vez que hemorragia pulmonar e lesão pulmonar aguda de outras naturezas são radiologicamente indistinguíveis, o desenvolvimento de falência respiratória com opacidades bilaterais que aparecem logo após o uso do crack e clareiam rapidamente após a interrupção do uso também tem sido denominado "pulmão de crack". ● As alterações pulmonares mais comuns são o edema e a hemorragia alveolar. O edema pode ser de natureza cardiogênica ou não cardiogênica, por aumento da permeabilidade capilar pulmonar. Achados de necropsia mostram que a hemorragia alveolar é muito frequente neste grupo, não só de forma aguda, como muitas vezes de forma crônica, sem a ocorrência de hemoptise, cursando de forma assintomática. ● O barotrauma (manifestação patológica ligada à variações de pressão no interior do corpo) pode se desenvolver, como resultado do acentuado esforço inspiratório, frequentemente seguido por manobra de Valsalva prolongada e tosse violenta, que acompanha a inalação dos vapores de cocaína. O súbito aumento da pressão intrabrônquica e intra-alveolar, com ruptura alveolar e penetração do ar no interstício, pode acarretar pneumomediastino, pneumotórax ou pneumopericárdio. ● A agressão térmica com dano à via aérea pela inalação de corpos estranhos e/ou vapores excessivamente quentes durante o ato de fumar pode ser facilitada pelo efeito anestésico local da cocaína na cavidade oral e vias aéreas (em adição à sensibilidade alterada pelo uso da droga). Tal mecanismo pode levar a doença reacional grave das vias aéreas e estenose de traquéia. ● Por fim, fumar crack pode causar ou contribuir para o desenvolvimento de asma, provavelmente resultante de irritação não específica das vias aéreas.
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