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Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 1 Número 2, dezembro 2010 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA NúMERO 3, abRil 2011 issN 2178-1672 f a c u l a d a d e muito além dO ENsiNO 2 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 Ano 2º, nº 3, abril/2011 ISSN 2178-1672 Revista Editores responsáveis Sandra Mara Meireles Adolph (Doutora) Faculdade Dom Bosco Salete do Rocio Cavassin Brandalize (Mestre) Faculdade Dom Bosco fisioterapia-faculdade@dombosco.com.br Conselho editorial Ariani Cavazzani Szkudlarek (Mestre) Faculdade Dom Bosco, Faculdade Evangélica do Paraná e Faculdades Integradas Espírita Cassio Preis (Mestre) Faculdade Dom Bosco e PUC-PR Claudia Chaguri de Oliveira Pellenz (Mestre) Faculdade Dom Bosco Cristiane Gonçalves Ribas (Mestre) Faculdade Dom Bosco e PUC-PR Cristiane Regina Gruber (Mestre) Faculdade Dom Bosco e Unibrasil Eduardo Bolisenha Simm (Mestre) Faculdade Dom Bosco, Faculdade Evangélica do Paraná e Unibrasil Francisco Ernesto H. Zanardini (Mestre) Faculdade Dom Bosco e Faculdades Integradas Espírita Gerson Luiz Cleto Dal Col (Doutor) Faculdade Dom Bosco e Universidade Tuiuti do Paraná Gilda Maria Grasse Luck (Doutora) Faculdade Dom Bosco Isabel Cristina Bini (Mestre) Faculdade Dom Bosco Marcia Maria Kulczycki (Mestre) Faculdade Dom Bosco Maria Laura Aquino C Assunção (Mestre) Faculdade Dom Bosco Raciele Ivandra Guarda (Mestre) Faculdade Dom Bosco e Faculdade Evangélica do Paraná Silvia Regina Valderramas (Doutora) Faculdade Dom Bosco e Faculdade Evangélica do Paraná Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 3 Mais do que promover a melhora funcional, o fisioterapeuta é o ator social responsável por permitir significativo ganho na qualidade de vida. Atuando como promotor da saúde e reabilitador, esse profissional é essencial para a redução de gastos com doenças. Para tanto, o crescimento técnico-científico baseado em evidências, abordando ações fisioterapêuticas, desde a promoção da saúde ao tratamento de patologias, torna- se essencial na valorização profissional perante a sociedade, que atualmente está amparada por uma ampla atualização científica, conquistada pela sólida formação universitária. Neste volume, o leitor pode aproximar-se de estudos realizados por graduandos e seus orientadores, na busca pela excelência no atendimento a pacientes. O primeiro artigo aborda o tema revitalização geriátrica num grupo de portadores da doença de Parkinson, englobando um conjunto de ações fisioterapêuticas para a melhora da qualidade de vida e independência funcional dos indivíduos acometidos. O segundo artigo compara a ação da terapia manual com a cinesioterapia como técnicas de tratamento para a osteoartrite, patologia que acomete um número crescente de indivíduos no Brasil, cursando com inúmeras incapacidades decorrentes do quadro álgico. O artigo seguinte aborda a técnica da bandagem funcional na área de fisioterapia desportiva como recurso profilático de lesões por entorse de tornozelo em praticantes de basquetebol. O quarto artigo comprova como um programa de cinesioterapia com bola suíça, associado ao fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico, contribui para a melhora da satisfação sexual de mulheres. Por fim, o último artigo, relacionado à fisioterapia do trabalho, debate o percentual e o índice de absenteísmo de funcionários de um hospital, levando o leitor a observar os fatores que podem constituir risco à saúde funcional do trabalhador. Raciele Ivandra Guarda Korelo Conselheira editorial Professora do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco 4 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 Artigo - 1º................................................................................................... 5 Revitalização geriátrica como recurso fisioterapêutico em portadores da doença de Parkinson Geriatric Revitalization as resource Physiotherapeutic in patients of Parkinson’s Disease Artigo - 2................................................................................................... 15 Estudo comparativo controlado, randomizado, cego, entre terapia manual e cinesioterapia na osteoartrite de joelho Comparative study controlled, randomized, blind and between manual therapy and kinesiotherapy in osteoarthritis of knee. Artigo - 3...................................................................................................26 Estudo comparativo dos efeitos profiláticos da bandagem funcional para a entorse de tornozelo em atletas de basquetebol Comparative study of prophylactic effects of functional bandage for ankle sprains in basketball players Artigo - 4................................................................................................... 34 Avaliação dos efeitos da cinesioterapia com bola suíça na satisfação sexual das mulheres Evaluation of the Effects of the Swiss Ball Cinesioterapia Sexual Satisfaction in Women Artigo - 5................................................................................................... 42 Análise do percentil de absenteísmo e suas causas nos diferentes setores em um hospital geral de Curitiba no ano de 2009 Analysis of the percentile of absenteeism and their causes in the different sectors in a general hospital of Curitiba in the year of 2009 Normas para Apresentação de Artigos................................................. 47 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 5 Artigo - 1º Revitalização geriátrica como recurso fisioterapêutico em portadores da doença de Parkinson Geriatric Revitalization as resource Physiotherapeutic in patients of Parkinson’s Disease RESUMO Objetivos: avaliar os efeitos da técnica de revitalização geriátrica em idosos com diagnóstico de Doença de Parkinson. Métodos: foram selecionados oito frequentadores da Associação Paranaense de Portadores de Parkinsonismo de Curitiba, PR, do sexo feminino, na faixa etária de 60 a 80 anos, que atendiam aos critérios de classificação dos estágios de 0 a 2,5 da doença, segundo a escala de Hoehn e Yahr modificada. Foram aplicados, antes de iniciar o estudo, os testes de equilíbrio de BERG, o Teste de Performance Física e o Teste Cronometrado de Levantar e Ir. Os mesmos testes foram reaplicados ao final do estudo, com o intuito de comparar o antes e depois da aplicação da técnica. Resultados: demonstraram diferença significativa na TPF (p= 0,00246). No Teste de Equilíbrio de BERG (p= 0,1865) e TUG (p= 0,09168), não houve diferença estatisticamente significativa. Conclusão: esses resultados sugerem que houve aumento na performance física dos sujeitos estudados, com melhora da qualidade de vida e das AVD’s, indicando que a técnica de revitalização geriátrica pode ser um recurso importante da fisioterapia no tratamento da DP, influenciando favoravelmente no curso natural da doença. Palavras-chave: Doença de Parkinson, fisioterapia, revitalização geriátrica. ABSTRACT Objectives: to evaluate the effects of the technique of Geriatric Rehabilitation in the elderly diagnosed with Parkinson’s disease. Methods: we selected 8 subjects who frequented the Association of Patients with Parkinsonism Paranaense in Curitiba, female, between ages 60 to 80 years who met the criteria for classification of 0 to 2.5 stages of the disease, according the Hoehn and Yahr modified. Were applied before starting the study, tests of balance BERG, Physical Performance Test and the Test of Timed RAISE and Sr. The same tests were reapplied at the end of the study, in order to compare the before and after application of the technique. Results: showed significant differences in TPF (p = 0.00246). In the Berg Balance Test (p = 0.1865) and TUG (p = 0.09168) showed no statistically significant difference. Conclusion: these results suggest an increase in physical performance of subjects studied, with improvement in quality of life and ADLs, indicating that the techniqueof Geriatric Revitalization can be an important resource of physiotherapy in the treatment of PD, influencing favorably the natural course disease. Keywords: Parkinson’s disease, physical therapy, geriatric rehabilitation. Introdução Dentre inúmeras patologias que acometem preferencialmente a população idosa, podemos Aline Rodrigues de Lima 1 Andressa Keler 2 Anna Laryssa Pedroso Wink 3 Tatiane Aparecida Lopes 4 Francisco Ernesto H. Zanardini 5 1. Graduanda da Faculdade Dom Bosco alirodlima@gmail.com 2. Graduanda da Faculdade Dom Bosco andrelek@hotmail.com 3. Graduanda da Faculdade Dom Bosco anna.laryssa@gmail.com 4. Graduanda da Faculdade Dom Bosco tatiane.fisioterapia@hotmail.com 5. Professor-mestre da Faculdade Dom Bosco deltaclinica@ibest.com.br 6 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 observar a doença de Parkinson como uma das patologias determinantes de declínio e incapacidades funcionais¹ (Freitas et al. 2002). A doença de Parkinson é neurodegenerativa progressiva, e acomete cerca de 1% dos indivíduos com mais de 60 anos de idade, sendo homens e mulheres igualmente afetados. Segundo Kauffman (2001) caracteriza-se pela destruição de neurônios dopaminérgicos localizados na substância negra, provocando um quadro clínico constituído por acinesia, rigidez, tremor e instabilidade postural2. Esses achados, no decorrer do tempo, podem levar o sujeito a grandes incapacidades funcionais e até mesmo à dependência cinético- funcional e das atividades de vida diária. Observando os sinais e sintomas desta patologia, podemos ressaltar que a fisioterapia deve atuar em todos os estágios de evolução da doença, podendo utilizar- se de diversas técnicas, métodos e procedimentos, que devem ter como finalidade proporcionar melhor qualidade de vida e/ou manter a independência cinético- funcional dos indivíduos acometidos. Dentre os diversos métodos indicados para o tratamento da doença de Parkinson, encontra-se a técnica intitulada revitalização geriátrica, que representa um conjunto de ações fisioterapêuticas objetivando a reabilitação das funções perdidas pela doença ou Artigo - 1º como forma preventiva, evitando maior declínio funcional ocasionado pela mesma, podendo interferir no curso natural da doença, proporcionando e melhorando a qualidade de vida e a capacidade funcional do idoso acometido por esta moléstia. A revitalização geriátrica, além de constituir uma técnica (ou conjunto de técnicas) preventiva e reabilitadora, converte-se, principalmente, em agente positivo para manter bons estados das condições de saúde de indivíduos idosos ou melhorá- los ainda mais³ (Rebellato e Morelli, 2004). Embasado nestas afirmações, o presente estudo foi efetuado entre os meses de junho e agosto de 2010 e teve como finalidade avaliar os efeitos da revitalização geriátrica na doença de Parkinson. Para isso, foram selecionados oito frequentadores da APPP de Curitiba, PR, do sexo feminino, portadores da doença de Parkinson, entre os estágios 0 a 2,5 conforme a escala de Hoehn e Yahr modificada. Metodologia O presente estudo, quanto aos seus objetivos, classifica- se como pesquisa descritiva exploratória quantitativa e experimental4,5,6. Foram inclusas no estudo oito idosas com idade entre 60 e 80 anos e diagnóstico de doença de Parkinson. Frequentadoras da APPP, na cidade de Curitiba, apresentavam estabilidade clínica e não estavam realizando outro tratamento fisioterapêutico durante a pesquisa. Pessoas em estágio final da doença, com dependência cinético-funcional avançada, e demais enfermidades que perturbam o equilíbrio, como quadros de demência, síndrome de Parkinson Plus, parkinsonismo, doenças cardíacas não controladas, infecções e neoplasias, foram exclusas. Para seleção dos indivíduos que estavam de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, foi utilizada a escala de Hoehn Yahr modificada, sendo inclusos na pesquisa os que se apresentaram nos estágios de 0 a 2,5 da doença de Parkinson. A escala de Hoehn Yahr é utilizada para analisar o estágio da doença em que a pessoa se encontra. Como resultado, classifica a doença em cinco estágios, dentre eles o 0, caracterizado por ausência de sinais da doença, e 5, que caracteriza limitação à cadeira de rodas, cama, exceto se auxiliado. Após escolhidos os indivíduos, de acordo com os métodos de inclusão e exclusão, foi apresentado o termo de Consentimento Livre Esclarecido, segundo a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que esclarece o estudo, assim como seus objetivos e os riscos e benefícios da técnica utilizada. Assinado esse termo, o estudo seguiu com uma avaliação inicial individual na APPP, utilizando uma sala cedida pela própria associação. Nessa avaliação, foi preenchida uma ficha de Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 7 Artigo - 1º avaliação fisioterapêutica para cada paciente, contendo dados pessoais, exame físico, atividades funcionais na associação e medicamentos em uso. Terminada essa etapa, foram aplicados testes e escalas para avaliar os sujeitos antes de iniciarem a técnica de revitalização geriátrica, com a finalidade de comparar os mesmos testes e escalas ao final do estudo. Foram usados os testes de Performance Física (TPF), de Equilíbrio de Berg e Cronometrado de Levantar e Ir (TUG). Os sujeitos passaram pela avaliação e aplicação dos testes e escalas, e em seguida pela aplicação da técnica de revitalização geriátrica, que foi realizada duas vezes por semana, durante três meses, com duração entre 50 a 55 minutos. A técnica foi aplicada em uma área clara e arejada, com piso antiderrapante, cedida pela associação. A técnica começou com exercícios de aquecimento e alongamento dos principais grupos musculares, durante 5 a 7 minutos. Em seguida, foram trabalhados componentes de mobilidade e força. Os pesquisadores dedicaram-se, em todos os atendimentos, aos distintos segmentos corporais, e combinaram exercícios de força e mobilidade, com duração aproximada de 15 minutos, utilizando recursos auxiliares como bastões, bolas, bambolês, faixas elásticas e halteres. Os exercícios foram iniciados em marcha lenta, aumentada gradualmente ,e foram finalizadoscom retorno gradual à marcha lenta, com duração aproximada de 3 minutos. Neste momento do atendimento, houve um intervalo para que os sujeitos pudessem descansar e hidratar-se com água. Os 15 ou 20 minutos restantes foram dedicados a exercícios de coordenação, agilidade e equilíbrio. Finalizou- se o atendimento com exercícios respiratórios e de relaxamento. No primeiro atendimento, foram apresentados os objetivos do estudo aos frequentadores da APPP, desenvolvendo o primeiro contato com os indivíduos e aplicando a escala de Hoehnr Yahr e conforme os critérios de inclusão e exclusão foram selecionados oito participantes. No segundo atendimento foram aplicadas, de forma individual, as escalas TPF, Berg e TUG, e confirmaram-se os dias de atendimento, que iniciou na semana seguinte. A partir do terceiro atendimento, iniciou-se a aplicação da técnica de revitalização geriátrica, conforme descrita anteriormente, seguindo criteriosamente sua aplicação, entretanto, visando sinais e sintomas característicos da doença de Parkinson já citados, alguns exercícios foram realizados. Estes serão descritos a seguir e foram executados em quase todos os atendimentos. 1. Exercícios de mobilidade articular, principalmente com movimentos de grandes articulações, como ombro, quadril, joelho e coluna. Sendo que nos movimentos de coluna foi enfatizada a rotação e extensão. 2. Treinos de marcha, equilíbrio e coordenação através de informações visuais por meio de marcadores sobre o solo, em formato de passos, em curvas e mudança súbita de direção, orientando os sujeitos a andarem de lado, com um pé na frente dooutro, associando a marcha com mobilidade de cintura escapular, com auxílio de bastões e balanceio de membros superiores. Conforme a evolução dos sujeitos, algumas modificações foram realizadas, com o intuito de aumentar a dificuldade dos exercícios e treinar dupla-tarefa, sendo estas executadas ao subir e descer degraus e rampas, segurar objetos e bolas ao andar, associar o balanceio de membros superiores de forma alternada com a flexão de quadril e joelhos durante a marcha, bater palmas, responder a perguntas feitas pelas pesquisadoras e andar para trás com supervisão. Outros exercícios foram executados com o intuito de treinar dupla-tarefa, de forma que os sujeitos eram dispostos em círculo, sendo solicitado a eles jogar a bola e responder a perguntas feitas pelas pesquisadoras ao mesmo tempo. Ao fim dos três meses de 8 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 Artigo - 1º aplicação do estudo, os sujeitos foram questionados sobre a melhora vista por eles em sua qualidade de vida, e os testes de equilíbrio de Berg, TUG e TPF foram reaplicados para a comparação da pré e pós-aplicação da técnica de revitalização geriátrica. Dessa forma observaram-se os possíveis efeitos que este tratamento pode proporcionar aos portadores da doença de Parkinson. RESULTADOS A análise estatística foi realizada utilizando o software R version 2.11.1 (2010-5-31). Os dados quantitativos foram descritos através de médias, medianas e desvio-padrão e foram aplicados, aos dados que serão expostos a seguir, o Teste Exato de Fischer e o Teste T-Student. As informações estão classificadas conforme os quesitos da avaliação. Os oito sujeitos eram do sexo feminino, com idade entre 62 e 70 anos, uma média de 69, 75 anos. O tempo de diagnóstico da doença de Parkinson variou entre 2 e 12, anos com média de diagnóstico entre 7 e 13 anos. Segundo o teste de Hoehn Yahr, o estágio da doença esteve classificado entre 0 e 2,5, sendo que 50% dos sujeitos estavam classificados no estágio 0, com ausência dos sinais da doença; 20% no estágio 1; 12,5% no estágio 1,5; 12, 5 % no estágio 2,5. Tais dados estão apresentados na tabela 1. TABELA 1 – IDADE, TEMPO DE DIAGNÓSTICO E ESTÁGIO DA DOENÇA DE PARKINSON Tempo Teste Idade de diagnóstico de Hoen Yahr Média 69,75 7,13 1 Mediana 69,5 5,5 1 Desvio-padrão 5,73 3,94 0,80 ____________________________________________________________________ FONTE: elaborado pelas autoras. TABELA 2 – TESTE DE PERFORMANCE FÍSICA Antes Depois Média 17,5 21,625 Mediana 17,5 22 Desvio-padrão 3,93 4,00 ____________________________________________________________________ FONTE: elaborado pelas autoras. Nos dados apresentados na tabela 2 e exemplificados no gráfico 1, em que foi aplicado o teste paramétrico T de Student para avaliar se existe diferença entre as médias “antes” e “depois” da aplicação do estudo, obtendo-se um p-valor = 0,00246, conclui-se que na variável Teste de Performance Física, quando analisada a soma das capacidades, observa-se uma diferença estatisticamente significativa, ao nível de 5% de significância. Sendo este aumento, em média, de 4,125 pontos, podendo variar, considerando um intervalo de confiança de 95%, entre 2,008 e 6,241 pontos. GRÁFICO 1 – TESTE DE PERFORMANCE FÍSICA TOTAL FONTE: elaborado pelas autoras. Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 9 Artigo - 1º TABELA 3- ESCALA DE BERG Antes Depois Média 44,75 47,5 Mediana 46 49 Desvio-padrão 7,70 6,59 ____________________________________________________________________ FONTE: elaborado pelas autoras. GRÁFICO 2 - ESCALA DE BERG FONTE: elaborado pelas autoras. TABELA 4– TESTE CRONOMETRADO DE LEVANTAR E IR Antes Depois Média 13,625 segundos 11,6125 segundos Mediana 11,5 segundos 9,285 segundos Desvio-padrão 10,06 segundos 7,81 segundos ____________________________________________________________________ FONTE: elaborado pelas autoras. Para a variável Escala de Berg, cujos dados estão exemplificados na tabela 3 e no gráfico 2, obteve-se p-valor = 0,1865; no “Teste Cronometrado de Levantar e Ir, apresentado na tabela 4 e demonstrados no gráfico 3, obteve-se um p-valor = 0,09168. Utilizando também o teste T de Student, concluiu-se que não há evidências estatísticas de que os valores desses testes tenham se alterado após a aplicação do tratamento, considerando um nível de 5% de significância. 10 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 Artigo - 1º GRÁFICO 3 – TESTE CRONOMETRADO DE LEVANTAR E IR FONTE: elaborado pelas autoras. Discussão No presente estudo, utilizaram-se como instrumentos de avaliação quantitativa os testes de TPF, Berg e TUG. Foi avaliada cada uma das variáveis do TPF em separado com a intenção de identificar a perda funcional para AVD’s e AIVD’s na doença de Parkinson. As AVD’s podem ser divididas em seis categorias básicas, conforme o Índice de Kats 7. Segundo a TPF, os itens comer, vestir-se, girar 360º, caminhar 15,2 m, subir um degrau, subir e descer números de degraus simulam as AVD’s básicas; itens como escrever uma sentença, erguer um livro e colocá-lo em uma estante, pegar uma moeda no chão são classificadas como AIVD’s. A avaliação das AVD’s e AIVD’s em portadores de Parkinson no presente estudo através do TPF baseiam-se em autores que apresentam a doença de Parkinson (DP) como distúrbio neurodegenerativo progressivo, que acomete os núcleos da base (NB) do sistema nervoso central, principalmente com destruição dos neurônios da substância negra, responsáveis pela produção do neurotransmissor conhecido como dopamina, abrangendo um grupo de manifestações clínicas caracterizadas por tremor e perturbação dos movimentos involuntários da postura corporal, do equilíbrio, rigidez que tem uma prevalência maior em idosos em uma faixa etária entre 55 e 65 anos3,8,9. Esses sinais e sintomas podem acarretar limitações das AVD’s já na fase inicial da doença, e fazem dos aspectos físicos uns dos grandes responsáveis pela piora da qualidade de vida (QV) desses indivíduos10. Os portadores da doença de Parkinson apresentam dificuldades em lidar com tarefas como caminhar, levantar da cadeira, mover-se na cama, comer e colocar os sapatos. Essas limitações, no estado funcional e nas AVD’s, frequentemente explicam a perda de independência e o declínio na qualidade de vida11. Quando analisada a soma das capacidades do TPF através do teste T de Student, observa-se uma diferença estatisticamente significativa no Teste de Perfomance Física. Ou seja, os sujeitos aumentaram sutilmente a capacidade de realizar várias atividades, individualmente não muitosignificativas, mas em conjunto, sim, melhorando a perfomance física e, consequentemente, as AVD’s e AIVD’s dos sujeitos estudados. Esses dados podem ser comparados aos achados de Lana et al. (2007), em estudo realizado com 24 indivíduos portadores da doença de Parkinson, com idade superior a 65 anos, entre os estágios 2 e 3 no teste de Hoehn e Yahr, divididos em dois grupos, em que o grupo experimental associava atendimentos de fisioterapia com cinesioterapia ao uso do fármaco Levodopa, e o grupo-controle somente o uso do fármaco. Obteve diferença significativa o grupo Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 11 Artigo - 1º que realizou cinesioterapia associado ao Levodopa, com aumento da qualidade de vida e melhora das AVD’s como caminhar, levantar da cadeira, mover-se na cama, comer e colocar os sapatos, estas avaliadas pela escala SPES e pelo questionário de qualidade de vida PDQL11. Para a variável TUG, foi utilizado o teste de T de Student, que não demonstrou diferença significativa na pré e pós-aplicação do estudo, entretanto houve tendência à melhora na habilidade e mobilidade e diminuição no tempo de execução do teste. No início da aplicação do estudo, os sujeitos executaram o teste em 13,6 segundos, caindo este tempo para 11,6 segundosapós a aplicação, e consequentemente puderam desempenhar a AVD de caminhar melhor, pois a marcha no Parkinson é caracterizada por pobreza de movimentos e diminuição de velocidade, sendo que a presença da festinação ocorre na tentativa de perseguir o centro da gravidade a fim de evitar quedas, caracterizada por aumento progressivo da velocidade e encurtamento do passo12,13. Caetano et al. (2007) estudaram dezesseis idosos, oito com DP e oito neurologicamente sadios. Analisaram o equilíbrio dinâmico, andando livremente e em condições de restrição na largura e altura da superfície de suporte. Os dados cinemáticos foram registrados com marcadores passivos afixados no ombro, quadril, joelho, tornozelo, calcanhar e nos metatarsos, e pedu-se para os sujeitos andarem em uma superfície retilínea de 5 metros. Concluíram que, comparado com o andar dos idosos neurológicos sadios, o andar dos idosos com DP foi mais lento, com passadas curtas, maior tempo gasto com ambos os pés em contato com o solo e menor tempo gasto na fase de balanço da perna14. Goulart et al. (2004) analisaram a velocidade da marcha e velocidade de subir e descer escadas, comparando vinte sujeitos com DP e vinte saudáveis. Embora sem diferença estatística, pode-se observar que os pacientes com Parkinson levaram mais tempo para deambular e subir e descer degraus, demonstrando a menor independência vista nesta população, mesmo em estágios iniciais da doença, resultantes da depleção da dopamina, que se apresenta na bradicinesia e rigidez. Entretanto, sugerem que essas alterações podem ser resultantes não somente das características neurológicas da doença, mas também das limitações musculoesqueléticas que a acompanham15. Tais afirmações demonstram a importância da atuação da fisioterapia na DP focando a marcha dos idosos acometidos. Dias et al. (2005), baseados nesses achados, avaliaram a eficácia do treino de marcha com pistas visuais em pacientes com DP. Selecionaram dezesseis sujeitos com DP randomizados em dois grupos. O primeiro grupo experimental realizou treino de marcha com pistas visuais associadas à fisioterapia convencional, e o segundo realizou somente fisioterapia convencional. Chegaram à conclusão que o grupo que realizou fisioterapia convencional e treino de marcha com pistas visuais apresentou redução significativa no número de passos, em um percurso de 10 m, quando comparado ao grupo-controle, que realizou apenas fisioterapia convencional, aumentando o comprimento do passo e a velocidade, evidenciando uma melhora da cadência no grupo de estudo. Os autores citam que a utilização das pistas visuais tem a finalidade de desviar a função dos núcleos da base, a fim de regular a função motora deficitária13. As pistas visuais funcionam através de alvos moventes que ativam a via cerebelar visual-motora16. Ensaios de laboratório mostraram que estímulos externos, como linhas brancas no chão, batidas rítmicas e música, permitem que pessoas com Parkinson caminhem com passos largos. Essas intervenções ajudam as pessoas a andar mais rápido, compensando a hipocinesia característica da doença17. O teste de Equilíbrio de Berg foi analisado utilizando o teste T de student pré e pós- tratamento. Estatisticamente, não houve diferença significativa entre as duas distribuições, todavia, foi observada uma tendência 12 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 Artigo - 1º em melhora do equilíbrio, uma vez que na avaliação pré-aplicação os sujeitos alcançaram 44,75 pontos, e no pós subiram este número para 47,5 pontos. Observando a tendência à elevação na pontuação, mesmo que sem significância estatística, ela pode ser justificada pelo incremento de FM em membros inferiores advindos da reabilitação executada, que embora não tenha sido idealizada com o intuito de promover aumento da força muscular, pode mantê- la ou incrementá-la3. Essa tendência à melhora ressalta a importância do treino de equilíbrio, pois ao avaliar o índice de quedas e a correlação com o estágio da doença em trinta pacientes, estudiosos detectaram que 60% dos pacientes classificados no estágio leve de progressão da DP apresentaram risco moderado de quedas, e 20% risco alto. Dos que se encontravam no estágio moderado e todos os classificados no estágio grave da doença, 75% apresentaram risco alto de quedas, concluindo que o risco de queda na DP aparece desde o estágio leve e tende aumentar conforme a evolução da doença18. Para tanto, é preciso entender que a condição de equilíbrio é determinada pela integração de vários sistemas, em que a visão fornece as devidas relações espaciais; o aparelho vestibular responde a estímulos que envolvem o corpo, propiciando coordenação da resposta motora; a propriocepção pelos sensores proprioceptivos dos músculos, tendões, articulações, vísceras e pele traduzem esses estímulos por reflexos relacionados a calor, frio ou dor. Qualquer alteração apresentada pelo idoso em um destes sistemas interfere na interação da manutenção do equilíbrio corporal. Os distúrbios motores ocasionados pela doença, como rotação do tronco reduzida, postura de tronco flexionada, amplitude de movimento reduzido nos quadris, joelhos e tornozelos, ausência ou redução do balanço dos braços, comprimento reduzido do passo e festinação, assim como alterações na variabilidade, regularidade e estabilidade temporal do andar – como o maior gasto em duplo suporte –interfere em sua agilidade e equilíbrio dinâmico, o que pode comprometer o desempenho das AVD’s e aumentar o índice de quedas14. Adkin, Bloem e Allum (2005) mediram as oscilações anteroposterior e médio- lateral do tronco durante a realização de tarefas de postura quieta e a locomoção. Os resultados para as tarefas de postura quieta sugerem que, mesmo sob efeito da medicação, as estratégias de restabelecimento do equilíbrio são alteradas nos pacientes, entretanto, para as tarefas de locomoção, nenhuma diferença significativa para as oscilações do tronco foi encontrada, tendo sido revelado apenas que portadores de DP levam mais tempo para realizar cada tarefa de locomoção, quando comparados com o grupo-controle de idosos sadios. Concluiu-se que o maior tempo gasto pelos pacientes para locomover-se funciona como uma estratégia compensatória para reduzir a oscilação do tronco19. A dificuldade do indivíduo com DP em executar movimentos que influenciam no equilíbrio, como balanceio de MMSS, rotação de tronco e flexão de quadril para deambular, são causados pela degeneração dos NB, que têm a função de controlar o movimento, explicando que é possível, para os pacientes com Parkinson, gerar padrões de movimentos normais quando se focalizam no desempenho. Isso porque pode ocorrer a ativação da região do córtex pré-motor, intacto, sem recorrer ao circuito deficitário dos núcleos da base, auxiliando na produção dos movimentos. Teixeira e Alouche (2007) confirmaram isso em seu estudo com dez indivíduos saudáveis e dez com DP, em que foi solicitado que vestissem uma camisa com botões o mais rapidamente possível de forma isolada (tarefa simples) enquanto verbalizavam nomes próprios femininos em ordem aleatória (dupla tarefa). Concluíram que os pacientes com DP levaram mais tempo para completar ambas as tarefas, quando comparados aos indivíduos saudáveis. Ambos os grupos cometeram mais erros na dupla tarefa20. Porém, afirmam a possibilidade de melhora do desempenho com a prática, sendo que a capacidade de aprender novas sequências Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 13 Artigo - 1º de movimentos ao realizarem repetições é possível nos estágios iniciais e moderados da doença21. Estas afirmações enfatizam a atuação da fisioterapia na doença de Parkinson, que deve interferir no curso natural da doença, sendo que melhora as AVD’spor ensinar e treinar as funções perdidas na DP11. O presente estudo, ao empregar a técnica de revitalização geriátrica como recurso a ser utilizado no tratamento da DP, sendo um agente promotor de saúde e uma técnica reabilitadora, visou essas afirmativas, propostas por alguns autores3. O objetivo da revitalização geriátrica é a melhora na qualidade de vida dos idosos participantes. Pode ser aplicada para diferentes estados de saúde dos idosos, justificando a utilização desta técnica neste estudo na doença de Parkinson. Por ser aplicada em grupo, concorda com Castro et al. (2007) que a fisioterapia em grupo na DP não é parcialmente mediada somente pela aptidão aumentada e alívio da rigidez, pois os benefícios vão além de melhorias funcionais, mas também pode oferecer maiores oportunidades psicológicas e sociais, conscientização e educação, uma vez que os pacientes que realizam terapia em grupo interagem com outras pessoas que enfrentam situações semelhantes e apoiam-se ativamente uns aos outros, contribuindo para a socialização global, além de ser um recurso disponível pelo seu baixo custo22,23. CONCLUSÃO A técnica de revitalização geriátrica aplicada aos portadores da doença de Parkinson, com média de 1 ponto, conforme o Teste de Hoehn e Yahn, no presente estudo, demonstrou estatisticamente, pela escala de TPF pré e pós- tratamento, melhora da performance física global, com aumento da qualidade de vida e otimização das AVD’s e AIVD’s dos sujeitos estudados. Também demonstrou tendência à melhora de equilíbrio e prevenção de risco de quedas pelas escalas de Berg e TUG, respectivamente. A fisioterapia pela técnica de revitalização geriátrica tende a ser um agente facilitador na alteração natural do curso dessa doença crônica, podendo ser uma sugestão para seu tratamento, devendo estar ao alcance dos profissionais de fisioterapia, pois visa restituir ou manter a independência funcional do idoso, tornando-o capaz de gerir sua vida e executar suas AVD’s e AIVD’s e, consequentemente, melhorar sua qualidade de vida. Entretanto, ressaltamos a importância de novos estudos com uma amostra maior e a inclusão de um grupo-controle para concluir, com maior fidedignidade, os resultados obtidos e apresentados por este estudo. REFERÊNCIAS 1. ADKIN, A. L.; BLOEM, B. R.; ALLUM, J. H. J. Trunk sway measurements during stance and gait tasks in Parkinson’s disease. Gait & Posture, Amsterdam, 2005. 22 (3): 240-9. 2. BAHRAM, Y.; VAHID, T.; ALI, F. K.; ALI, M. 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Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 15 Artigo - 2 Estudo comparativo controlado, randomizado, cego, entre terapia manual e cinesioterapia na osteoartrite de joelho Comparative study controlled, randomized, blind and between manual therapy and kinesiotherapy in osteoarthritis of knee. RESUMO Sabe-se que a osteoartrite é um distúrbio articular que pode ser causado por diversos fatores articulares e não articulares, sendo considerada uma das principais doenças causadoras de incapacidade, acometendo indivíduos a partir da quinta ou sexta década de vida, principalmente mulheres. Analisando tais dados, esta pesquisa se propôs a realizar uma comparação entre a aplicação da terapia manual e da cinesioterapia na osteoartrite de joelho. Foram selecionados, para participar da pesquisa, quatorze sujeitos, na faixa etária de 50 a 75 anos, sendo que destes dois não participaram da pesquisa por problemas de saúde. Os doze indivíduos que participaram da pesquisa foram distribuídos através de sorteio em dois grupos: G1 (grupo experimental, recebendo tratamento com terapia manual e cinesioterapia), e G2 (grupo-controle, recebendo tratamento somente com cinesioterapia). Estes indivíduos foram avaliados e reavaliados por avaliador cego, enfatizando grau de dor, goniometria e avaliação da resistência máxima, e foram submetidos a oito atendimentos, distribuídos numa frequência de duas vezes semanais. Não houve diferenças na redução do quadro álgico, no aumento da amplitude de movimento nem no aumento do resultadoda avaliação de resistência máxima. Devido ao pequeno número de amostra e de atendimentos, não se pôde comprovar a efetividade da terapia manual na redução do quadro clínico da osteoartrite. Palavras-chave: joelho, osteoartrite, terapia manual, cinesioterapia, fisioterapia. ABSTRACT It is known that osteoarthritis is a joint disorder that can be caused by many factors and non-articular joint, and is considered a major disease causing disability, affecting individuals from the fifth or sixth decade of life, especially women. Analyzing such data, this research proposes to make a comparison between the application of manual therapy and kinesioterapy in knee osteoarthritis. Were selected to participate in the survey in 14 subjects aged 50 to 75 years, of whom two did not participate in the study because of health problems. The 12 individuals who participated in the survey were distributed at random into two groups: group 1 (experimental group receiving manual therapy and treatment with kinesiotherapy) and G2 (control group receiving treatment with only kinesiotherapy). These individuals were assessed and reassessed by a blind assessor, emphasizing the degree of pain, goniometry and evaluation of full strength and were subjected to 8 visits distributed over a frequency of twice weekly. There were no differences in the pain reduction, increased range of motion, or in raising the result of evaluation of maximum strength. Due to the small sample number Douglas Ramos do Rosário 1 Lais Simioni 2 Luciane Aparecida dos Anjos 3 Hellen Stacheski 4 Maria Laura Aquino Calado de Assunção 5 1. Acadêmico do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco douglas_rrosario@hotmail.com) 2. Acadêmica do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco 3. Acadêmica do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco 4. Acadêmica do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco 5. Mestre em Educação pela UFPR e docente da Faculdade Dom Bosco. 16 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 Artigo - 2 and owing to the small number of visits, we can not prove the effectiveness of manual therapy in reducing the clinical symptoms of osteoarthritis. Keywords: Knee, Osteoarthritis, Manual Therapy, Kinesiotherapy, Physical Therapy Introdução Sabe-se que a osteoartrite é uma doença que vem acometendo um número significativo de sujeitos a partir dos 45 anos para homens, e antes dos 45 anos para mulheres (SKARE, 1999). Com a evolução desta doença, os sujeitos acometidos sofrem de dores próximas às articulações afetadas, diminuição da amplitude de movimento, redução da força, instabilidade articular, dentre outros, ou seja, o sujeito apresenta dificuldades na realização das atividades de vida diária (REBELATTO & MORELLI, 2007). Para Moreira et al. (2009), a osteoartrite, comumente chamada de artrose, tem sua prevalência aumentada com a idade e é muito frequente na população com mais de 65 anos, sendo que as mulheres apresentam os sinais mais precocemente que os homens. Freitas et al. (2002) informam- nos que, atualmente, a população brasileira com idade igual ou superior a 60 anos é da ordem de 15 milhões de habitantes. Sua participação no total da população nacional dobrou nos últimos 50 anos, passando de 4%, em 1940, para 9%, em 2000. Projeções recentes indicam que esse segmento poderá ser responsável por quase 15% da população brasileira em 2020, colocando o Brasil como 6º país do mundo em numero de idosos (CAMARANO, 2002). A fisioterapia apresenta diversos recursos, como a cinesioterapia e a eletrotermofototerapia, que auxiliam no tratamento da osteoartrite, promovendo maior qualidade de vida aos sujeitos afetados. Da mesma forma, a terapia manual é um recurso fisioterapêutico, que existe há séculos, como lembrado por Lederman (2001), com boa aceitação. Acredita-se que, por meio de suas manobras, possivelmente os pacientes com osteoartrite de joelho serão beneficiados na redução do quadro clínico da doença. Apesar da ação dos efeitos da terapia manual não serem muito investigados, é lembrado que a terapia manual é um mecanismo antigo, utilizado para o relaxamento e alívio da dor, fornecendo assim os benefícios mecânicos de aumento da circulação, redução do edema e relaxamento do tecido onde são realizadas as manobras (LEDERMAN, 2001). Baseado nestes dados, este estudo tem como objetivo verificar se a terapia manual é efetiva na redução da dor, na melhora funcional, na mobilidade e na qualidade de vida de sujeitos com osteoartrite de joelho. Os objetivos específicos são estudar os efeitos patognomônicos da osteoartrite, comparar os efeitos do uso da cinesioterapia e da terapia manual com o uso exclusivo da cinesioterapia, analisar estatisticamente os resultados e discuti-los. Métodos e Procedimentos A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Dom Bosco, de acordo com a lei nº. 196/96, do CNS, em 16 de dezembro de 2009. Teve como base o estudo quantitativo controlado randomizado cego, oqual para Fachin, (2005), aborda o problema por meio de pesquisa quantitativa, pois determina, os dados em proporções numéricas, quantificando a variável, contagem e mensuração dos dados que serão obtidos. Gil (2002) diz que é uma pesquisa controlada, por existir a necessidade de um grupo-controle, sendo ainda, do ponto de vista dos vários procedimentos técnicos, uma pesquisa experimental. POPULAÇÃO E PARTICIPANTES Sujeitos com osteoartrite de joelho, homens e mulheres entre 50 e 80 anos da cidade de Curitiba. Critérios de inclusão: 1) sujeitos com osteoartrite de joelho; 2) faixa etária entre 50 a 80 anos; 3) acessibilidade geográfica; 4) EVA máxima de 8; 5) minimental com nota mínima Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 17 Artigo - 2 20 para analfabetos; 25 de 1 a 4 anos de escolaridade; 26,5 de 5 a 8 anos de escolaridade; 28 de 9 a 11 anos de escolaridade; 29 para indivíduos com escolaridade superior a 11 anos. Critérios de exclusão: 1) ter realizado fisioterapia nos últimos 3 meses; 2) ter prótese de joelho; 3) apresentar trombose e/ou tromboflebite. LOCAL DA REALIZAÇÃO DAS ETAPAS EXPERIMENTAIS Este estudo foi realizado nas dependências da Clínica- Escola de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco. TIPO DA AMOSTRA Conforme Gil, (2002) a amostragem do tipo aleatória simples. CÁLCULO DA AMOSTRA Para o cálculo do tamanho da amostra, foi usada a variável dor (parâmetro principal do estudo). Foi considerado o nível de significância de 5%, o poder do teste de 90% e a variância da dor igual a 1,4, como apresentado no artigo de WENG et. Al. (2009). Para se detectarem diferenças significativas de dois pontos na escala visual analógica (EVA) de dor, o número da amostra (n) foi estabelecido em, no mínimo, dez sujeitos em cada grupo. PROCEDIMENTOS Entrou-se em contato com os pacientes portadores de osteoartrite da Clínica Escola de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco. Os laudos desses pacientes encontram-se no arquivo morto da instituição cedente. Prevê-se posterior contato com os pacientes, com o intuito de dar continuidade ao tratamento, para analisar se a terapia manual é efetiva na osteoartrite de joelho. Randomização dos sujeitos da pesquisa Os sujeitos da pesquisa foram divididos em dois grupos, distribuídos aleatoriamente em grupo experimental e grupo-controle pelos aplicadores das técnicas. Avaliação dos sujeitos da pesquisa Realizou-se uma avaliação no início do tratamento, e uma reavaliação ao término do tratamento por um avaliador cego. Utilizou-se o questionário WOMAC para avaliação funcional e a escala EVA para avaliar a intensidade da dor. A utilização da escala EVA é assim descrita por Aquino et. al, (1990) “Para avaliação da dor, o paciente indicará uma nota em uma escala visual analógica horizontal, que marcaráde 0 a 10 cm, na qual 0 representa sem dor, e 10, a máxima dor (insuportável)”. Foi realizada a goniometria, como descrita por MARQUES (2005), para avaliar a amplitude de movimento inicial e final dos sujeitos. GRUPO EXPERIMENTAL Alongamento Realizou-se alongamento de forma passiva, sendo executado como relatado por Kisner e Colby, (2005). 1. Alongamento do reto femoral – sujeito em decúbito lateral sobre o divã. O fisioterapeuta, posicionado atrás do sujeito, apoia a mão na região medial do joelho, o qual se encontra em semiflexão, realizando então a extensão do quadril. 2. Alongamento de isquiotibiais – sujeito em decúbito dorsal sobre o divã, com os membros inferiores em extensão. O fisioterapeuta realiza uma flexão de quadril em um dos membros. 3. Alongamento dos adutores do quadril – sujeito em decúbito dorsal, com extensão de quadril e extensão de joelho. O fisioterapeuta realiza abdução de quadril. 4. Alongamento dos abdutores do quadril – sujeito em decúbito dorsal sobre o divã, com flexão de quadril mínima. O fisioterapeuta aplica força na região do tornozelo do sujeito, em sentido ao lado contralateral, fazendo com que um membro passe sobre o outro. Os alongamentos tiveram duração de 45 segundos, pois, segundo Mchugh, (1992), durante um período de 39 segundos o fuso muscular reage como se estivesse sendo estirado, e após esse período é inibido pela ação do OTG (órgão tendinoso de Golgi), restando 6 segundos para um alongamento mais efetivo. Fortalecimento Realizou-se fortalecimento de forma ativa em cadeia cinética aberta, com exercício resistido 18 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 Artigo - 2 progressivo, que utiliza regimes isotônicos, conforme Deliberato, (2007), e uma tornozeleira. Os pacientes dos grupo experimental e controle foram submetidos à avaliação da força muscular pela repetição máxima (RM). Sendo assim, os pacientes realizaram dez repetições com o máximo de peso que conseguiam, determinando dez repetições máximas (10 RM), seguindo o protocolo de DELORME. Uma vez estipulada a carga de 10 RM, o treinamento foi dividido da seguinte forma: duas séries de dez repetições, com 50% de 10 RM, sempre respeitando o limite de dor do paciente. A posição do sujeito foi realizada conforme Kisner e Colby, (2005). 1. Fortalecimento de extensores de joelho –sujeito sentado com flexão de quadril a 90º, com tornozeleira. O fisioterapeuta solicita que o sujeito realize extensão do joelho, retornando em seguida à posição inicial. 2. Fortalecimento de flexores de joelho –sujeito em decúbito ventral, com joelho e quadril na posição neutra e com tornozeleira. O fisioterapeuta solicita que o sujeito realize flexão do joelho, logo em seguida retornando à posição inicial. 3. Fortalecimento de abdutores de quadril –sujeito em decúbito lateral, com os joelhos e o quadril na posição neutra, com tornozeleira. O fisioterapeuta solicita que o sujeito realize uma abdução, retornando à posição inicial em seguida. 4. Fortalecimento de adutores de quadril – o fisioterapeuta solicita que o sujeito retorne, de forma lenta, à posição inicial, quando realizado o exercício de abdutores de quadril. Mobilização articular A técnica de mobilização articular foi realizada conforme descrita por Edmond (2000). 1. Mobilização articular femoropatelar de cranial para caudal – sujeito em decúbito dorsal sobre o divã, mantendo 5º de flexão de joelho com o apoio de uma almofada. O fisioterapeuta, posicionado ao lado do sujeito, segura as faces superior e inferior da patela com ambos os polegares e os indicadores de ambas as mãos, realizando então movimento patelar no sentido cranial para caudal, sem pressão descendente. 2. Mobilização articular femoropatelar de medial para lateral – mantendo o paciente a mesma postura que a anterior, o fisioterapeuta coloca os polegares e indicadores na região lateral e medial da patela, esta sendo então movida de medial para lateral, deslizando-a sobre o fêmur. 3. Mobilização articular femoropatelar de anterior para posterior – a postura do paciente é mantida como anteriormente. O fisioterapeuta segura a patela com um polegar na base e o outro polegar sobre o ápice da patela, movendo inicialmente a base da patela em sentido anteroposterior, e depois repete o movimento no ápice da patela, causando uma espécie de movimento de balanço. Pompage É descrita conforme Bienfait (1999) e realizada em três tempos: no primeiro, tensionamento, o fisioterapeuta realiza um alongamento de forma lenta, regular e progressiva, indo até o limite da elasticidade fisiológica, o qual é dosado pela sensibilidade de cada indivíduo. No segundo, manutenção da tensão, manteve-se o tensionamento por 20 segundos, sendo este tempo necessário para que a cartilagem fosse embebida de líquido sinovial para melhor nutrição. É importante salientar que este tempo é o mais importante para a pompage. No terceiro, tempo de retorno, o paciente retornou lentamente à posição inicial, para que não provoque reflexo contrátil do músculo. As pompages foram a de psoas, aplicadas em sujeitos em decúbito dorsal com flexão de joelho. O fisioterapeuta apoiou, com um membro superior, o membro a ser tratado na fossa poplítea; com um membro superior, apoiou o quadril do sujeito. No tensionamento, o fisioterapeuta inclinou-se para traz. Para o piriforme, o sujeito ficou em decúbito dorsal flexão de um joelho. O fisioterapeuta, no lado oposto, segurou o joelho e o quadril, realizando o tensionamento pela tração da Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 19 Artigo - 2 mão caudal, puxando o joelho e levando o quadril para uma adução-rotação interna. Na pompagem do piramidal, o sujeito, em decúbito dorsal, realizou flexão de joelho, e o fisioterapeuta, no lado oposto, realizou o tensionamento, levando o joelho flexionado para uma rotação interna. Na pompagem do solear, o sujeito permaneceu em decúbito dorsal e realizou uma leve flexão de quadril. O fisioterapeuta segurou o pé do sujeito e realizou a flexão dorsal do tornozelo. Para o joelho, estando o sujeito em decúbito dorsal com um membro inferior suspenso na beira do divã e mantendo flexão de joelho, o fisioterapeuta segurou o joelho e gerou um tensionamento, com um leve recuo para traz. Para o quadríceps, mantendo o sujeito em decúbito ventral com um apoio em baixo do joelho a ser tratado, o fisioterapeuta realizou a flexão total do joelho. Para o quadril, estando o sujeito em decúbito dorsal, o fisioterapeuta segurou o membro inferior a ser tratado, realizando uma flexão de quadril; o tensionamento foi obtido com a tração do quadril. Para o grupo-controle foram realizados exercícios de fortalecimento e alongamento, conforme citado no grupo experimental. RESULTADOS Participaram deste estudo quatorze sujeitos, que foram avaliados e reavaliados por um avaliador cego, randomizados em dois grupos: (G1), grupo experimental, o qual teve variação de idade de 52 a 72 anos, tendo uma média de idade de 63,83 ± 9,11, e (G2), grupo-controle, no qual houve variação de idade de 57 a 65 anos, tendo uma média de idade de 61,50 ± 3,02. Dentre os sujeitos participantes do estudo, treze eram do sexo feminino e um do masculino. Salienta-se que dois sujeitos não finalizaram a pesquisa, sendo eles M.S.C., que não completou o tratamento devido a problemas no sistema urinário, e I.O., que não pôde iniciar o tratamento por apresentar quadro de trombose venosa profunda. O gráfico 1 representam a diferença entre os valores obtidos na avaliação e reavaliação de cada sujeito, na aplicação da EVA. Por meio dele, pode-se observar que, na avaliação, o G1 apresentava uma média de 5,83 ± 1,33, e na reavaliação, passou a apresentar 1,83 ± 1, 47; e o G2, na avaliação, apresentava uma média de 7,50 ± 2,81, e na reavaliação, passou aapresentar 4,33 ± 4, 50. Logo, ao se aplicar o teste de Walsh, o G1 apresentou diferença média significativa somente quando comparada a avaliação com a reavaliação. Porém, na comparação entre os grupos G1 e G2, não houve diferença significativa, obtendo um p-valor > 0,05. GRÁFICO 1 – RESULTADOS DA EVA Médias - EVA 4,33 1,83 5,83 7,50 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 Avaliação Reavaliação Es ca la A ná lo ga Grupo 1 Grupo 2 Fonte: Dados da pesquisa (2010) A tabela 1 demonstra a avaliação e a reavaliação dos grupos referente à repetição máxima, ainda demonstrando o p-valor, que foi gerado por meio do teste estatístico ANOVA, com exceção do teste de resistência máxima dos extensores de joelho do lado direito, o qual foi realizado o teste de Walsh, por se tratar de uma análise não paramétrica. 20 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 Artigo - 2 TABELA 1 – Resultado do teste de repetição máxima Variável Medida Grupo experimental Grupo-controle Avaliação Reavaliação Avaliação Reavaliação p-valor Músculos abdutores de quadril –lado direito Média 1,92 4,5 2,17 3,83 0,3164323 Mediana 2 4,5 1,75 4 Desvio-padrão 1,2 1,05 1,29 0,75 Músculos abdutores de quadril –lado esquerdo Média 2,42 4,42 2 3,5 0,592986 Mediana 2,75 4,5 1,5 3,5 Desvio-padrão 0,8 1,11 1,45 1,05 Músculos adutores de quadril –lado direito Média 1,83 4,33 2,33 4 0,3813575 Mediana 1,75 5 2,5 4 Desvio-padrão 1,03 1,51 1,21 0,63 Músculos adutores de quadril –lado esquerdo Média 2 4,25 2,25 3,83 0,4410939 Mediana 1,75 4,5 2,5 4 Desvio-padrão 0,84 1,33 1,13 0,75 Músculos flexores de joelho –lado direito Média 2,5 4,08 2,83 3,67 0,39021 Mediana 3 4,5 2,5 4 Desvio-padrão 0,84 1,56 0,98 0,52 Músculos flexores de joelho –lado esquerdo Média 2,42 4,25 2,92 3,67 0,22664 Mediana 3 4,5 2,75 4 Desvio-padrão 0,92 1,33 0,92 1,03 Músculos extensores de joelho –lado direito Média 2,83 4,67 3,67 4,42 >0,05 Mediana 3 5 4 4,25 Desvio-padrão 1,17 0,98 0,52 0,49 Músculos extensores de joelho –lado esquerdo Média 3,17 4,83 3,75 4,42 0,176076 Mediana 3,5 5 4 4,75 Desvio-padrão 1,17 0,82 0,61 0,8 Fonte: Dados da pesquisa (2010) A tabela 2 demonstra os resultados obtidos por meio do teste ANOVA e os valores de média e p-valor da avaliação e da reavaliação do teste de amplitude de movimento. A avaliação goniométrica dos músculos flexores de joelho dolado direito foi realizada pelo teste de Walsh, por se trata de um dado não paramétrico. Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 21 Artigo - 2 TABELA 2 – Resultados do teste de amplitude de movimento Variável Medida Grupo experimental Grupo-controle Avaliação Reavaliação Avaliação Reavaliação p-valor Músculos extensores de quadril –lado direito Média 14,83 19,67 17,5 22,17 0,9797 Mediana 16 17,5 17,5 22,5 Desvio-padrão 7,65 8,64 7,58 7,73 Músculos extensores de quadril –lado esquerdo Média 16 21,17 16,5 21,5 0,9802 Mediana 17,5 21 17,5 22,5 Desvio-padrão 9,4 7,83 7,89 7,18 Músculos flexores de quadril –lado direito Média 68,33 80,33 58 63,67 0,64328 Mediana 74 83 55 66 Desvio-padrão 16,9 10,31 19,8 17,45 Músculos flexores de quadril –lado esquerdo Média 72,67 84,33 61 66,33 0,540173 Mediana 78 88 63 68 Desvio-padrão 11,78 7,94 14,9 14 Músculos flexores de joelho –lado direito Média 78,33 90 69,67 83 >0,05 Mediana 90 94 70 85 Desvio-padrão 18,35 12,07 18,57 12,95 Músculos flexores de joelho – lado esquerdo Média 77 88,33 68 76,67 0,81527 Mediana 78 85 75 70 Desvio-padrão 16,24 9,83 15,34 12,88 Músculos abdutores de quadril – lado direito Média 24,5 34,67 25 35,67 0,931034 Mediana 23,5 33 23 35 Desvio-padrão 4,64 7,45 8,07 7,31 Músculos abdutores de quadril – lado esquerdo Média 29 37,33 29,33 36,67 0,86722 Mediana 29 40 30 35 Desvio-padrão 6,54 9,09 6,02 6,89 Músculos adutores de quadril – lado direito Média 14,67 20 17 23,67 0,88259 Mediana 11 18 13 20 Desvio-padrão 6,77 6,69 10,18 13,94 Músculos adutores de quadril – lado esquerdo Média 17 22,33 21,67 27,33 0,8489 Mediana 12 18 20 23 Desvio-padrão 10,26 10,91 10,91 17,1 Fonte: Dados da pesquisa (2010) Discussão O objetivo deste estudo foi verificar se a terapia manual associada com a cinesioterapia apresentaria melhor resultado na redução do quadro clínico da osteoartrite, comparado com o uso da cinesioterapia de forma isolada, ou seja, sem a utilização e nenhuma técnica coadjuvante. O projeto deste estudo teve como finalidade comparar as técnicas em um grupo de vinte sujeitos, em que, para delimitar tal amostra, foi utilizada a escala EVA, conforme Weng et al (2009). No entanto, durante a realização da fase prática do 22 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 Artigo - 2 mesmo, este número não foi atingido, participando do estudo somente quatoreze sujeitos, sendo que destes doze participaram dos oito atendimentos previstos, e dois sujeitos não deram continuidade devido a problemas de saúde. Da mesma forma que alguns sujeitos não concluíram esta pesquisa, no estudo de Deyle et al. (2005) um paciente não finalizou o estudo por problemas médicos, outros dois não puderam continuar na pesquisa logo após a avaliação, outro sujeito trocou de medicação, o que poderia afetar o resultado da pesquisa, e um último sujeito não deu continuidade ao trabalho por causa desconhecida. Isso demonstra que podem ocorrer perdas nos grupos. Em relação à idade, observou-se, como relatado por Carvalho (2008), que os sujeitos portadores de osteoartrite estão entre a 5ª e 6ª década de vida. Carvalho (2008) ainda relata sobre a predominância da osteoartrite em mulheres, sendo esta informação observada em nossa pesquisa. A respeito da osteoartrite de joelho, Cecchi et al (2008) apud Alexandre, Cordeiro e Ramos (2008) relatam que sua incidência em idosos é de 12,2%, enfatizando que idade avançada, obesidade, perda de força muscular e sobrecarga mecânica articular vem a ser os principais fatores para o desenvolvimento da osteoartrite. Os atores deixam claro, ainda, que o subir e descer escadas e deambular com rigidez articular são as queixas mais relatadas pelos indivíduos portadores de osteoartrite. Pode-se afirmar, então, que no estudo realizado tais características foram encontradas em todos os sujeitos que participaram do mesmo, os quais destacaram ter mais dificuldade para subir e descer escadas, conforme avaliado pelo índice de Womac para osteoartrite, citado em Carvalho (2008). Da mesma forma, Melo et al. (2008) dizem que, na osteoartrite de joelho, observa-se precocemente diminuição de força de flexores e extensores de joelho, relacionada à diminuição da capacidade funcional e da habilidade em realizar atividades como subir escadas, levantar, sentar e caminhar. Pode-se notar, neste estudo, que a pluralidade dos sujeitos possuía algum grau de fraqueza muscular localizada nos músculos flexores e extensores de joelho, assim como nos músculos adutores e abdutores de quadril, os quais, segundo Fulkerson (2002) apud Baldon (2010), têm um papel importante na redução do ângulo Q. Este, quando apresenta maior obliquidade gerada pela adução do fêmur, aumenta a resultante lateral sobre a patela, predispondo a uma compressão da faceta lateral da mesma. Kapandjy (2000) informa que estes desvios laterais, com o tempo, podem gerar artrose. Mikesky et al. (2006) realizaram uma pesquisa para observar o efeito do treinamento de força sobre a incidência e a progressão da osteoartrite de joelho. Ao término da pesquisa, observaram que, em relação à força, não apresentaram diferença estatisticamente significante, no entanto demonstram ser mais benéficos que no grupo- controle. Após realizarem levantamento bibliográfico dos bancos de dados da PUBMED, LILACS e MEDLINE, referente a artigos de ensaios clínicos controlados, Ricci e Coimbra (2006) chegaram à conclusão que exercícios físicos como fortalecimento muscular, alongamento e treinode marcha apresentam efeitos positivos na redução do quadro clínico da osteoartrite. Da mesma forma, em uma revisão sistemática Ottawa Panel (2005) informa os benefícios dos exercícios terapêuticos, além de informar que a terapia manual, quando combinada com os exercícios terapêuticos, apresenta ótimos resultados, vindo a discordar das informações ditas por Jamtvedt et al. (2008), quando relata, em sua revisão sistemática, que os exercícios terapêuticos não são evidenciados quanto à redução do quadro clínico da osteoartrite de joelho. Para Fatouros et al. (2005), os exercícios físicos com repetição máxima foram benéficos para os portadores de osteoartrite de joelho, após realizarem treinamento por 24 semanas. Já no estudo de Deyle et al Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 23 Artigo - 2 (2005), no qual realizaram exercícios terapêuticos e técnicas manuais em portadores de osteoartrite de joelho, os resultados obtidos, mesmo apresentando ser positivos, não foram significantes. Collins et al. (2008) realizaram um trabalho similar, em que se procedia à mobilização patelar nos sujeitos, apresentando, ao término da pesquisa, uma redução no quadro clínico dos pacientes. Já Crossley et al (2002) fizeram uma pesquisa aplicando a mobilização articular na patela de portadores de dor patelofemoral, e observaram que, após os seis atendimentos propostos, houve redução significante da dor nos sujeitos examinados. Com esta informação, pode-se observar que a mobilização articular pode ser benéfica em portadores que possuam dor nos joelhos. A osteoartrite, além de gerar destruição da cartilagem articular, produz dor nas estruturas musculares. Desta forma, como relatado por Bienfait (1999), a utilização da pompage apresenta efeito calmante na musculatura. Sendo assim, a pompage pode ser uma grande aliada no tratamento de indivíduos que apresentam esta enfermidade, porém, mais estudos devem ser realizados para que possa ser comprovado que esta técnica e efetiva na redução da dor em portadores de osteoartrite de joelho. Em seu estudo, Arroyo et al (2008) observaram que a terapia manual foi efetiva no alívio das dores dos atletas após realizarem atividade de alta intensidade proposta pela pesquisa. Ao comparar com o grupo que não realizou a terapia manual, a pesquisa demonstrou que a liberação miofascial pode ser de grande ajuda na redução das algias musculares, salientando que a liberação miofascial vem a ser uma técnica manual similar à pompage. Barnes (1997) informa que a liberação miofascial contribui para a restauração do comprimento dos tecidos fasciais, tornando-os mais maleáveis e, por consequência, aliviando no processo álgico do paciente. Por meio dessas informações, pode-se observar que a terapia manual, associada aos exercícios terapêuticos, vem a ser um tratamento adjuvante no tratamento da osteoartrite, porém é importante salientar que, para obter um resultado melhor, faz-se necessário um número maior de atendimentos com os sujeitos tratados, pois o efeito real da técnica pode não vir a ser significativo. CONCLUSÃO Diante dos resultados coletados verificou-se que, após a aplicação das técnicas, o estudo não apresentou resultados significantes na comparação entre os grupos. No entanto, quando comparado isoladamente, o grupo experimental apresentou ganho de força expressivo e, consequentemente, melhor estabilização articular, havendo também a redução do quadro álgico. Pudemos observar que o tempo de aplicação foi pouco, pois se houvesse tempo maior para a aplicação das técnicas, possivelmente o grupo experimental poderia apresentar uma melhora significativa. Sendo assim, acreditamos ser necessário, para os próximos estudos, um maior tempo de aplicação das técnicas, um maior número de sujeitos, e a inclusão de dados como IMC, peso e altura dos sujeitos. REFERÊNCIAS 1. AQUINO L. R. et al. Reliability of pain scales in the assessment of literate and illiterate patients with rheumatoid arthritis. J. Rheumatol. 1990; 17 (8): 1022-4. 2. ALEXANDRE, T. da S.; CORDEIRO, R. C. C.; RAMOS, L. R. Fatores associados à qualidade de vida em idosos com osteoartrite de joelho. Revista Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v. 15, n. 4, p. 326-332, out./dez. 2008. 3. ARROYO, M. M. et al. Psychophysiological effects of massage-myofascial release after exercise: a randomized sham-control study. Journal of Alternative and Complementary Medicine, N.Y, 2008, December; 14 (10): 1223-9. 4. BARNES, M. F. The basic science of myofascial release. Morphologic change in connective tissue. 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Houve diferença estatisticamente significativa entre utilizá-la ou não , pois durante o período em que a foi aplicada, os indivíduos não tiveram nenhuma entorse de tornozelo, ao passo que no período em que estavam sem a bandagem, houve um total de seis entorses de tornozelo, obtendo assim p = 0,026, sendo este menor que o p-valor adotado para o presente estudo (p < 0,05). Conclui-se que a bandagem funcional, por meio da utilização de esparadrapo, tem resultados profiláticos no que diz respeito à prevenção de lesões por entorse de tornozelo em indivíduos sem histórico de lesões recentes. Entretanto, mais estudos serão realizados para comparar com os resultados aqui apresentados. Palavras-chave: basquetebol, tornozelo, traumatismos do tornozelo, bandagens, fisioterapia. ABSTRACT The ankle sprain is one of the most common injuries in sports, like basketball. Often athletes are using implements the ankle as a prophylactic measure. The aim of this study was to evaluate the possible benefits of taping as prophylactic measures for the injury of ankle sprains in basketball players. We analyzed 12 individuals with no previous history of ankle and foot injuries. The analysis was performed in two ways: through the use of bracing and without the use of bracing. A statistically significant difference between using and not using the bandage, because during the time when the bandage was applied subjects had no ankle sprain compared to when they were without the application of the bandage, which has a total of 6 ankle sprains, thereby obtaining a p = 0.026, which is less than p value adopted for this study (p < 0.05). It is concluded that the taping through the use of tape has prophylactic results as regards the prevention of injuries from ankle sprains in subjects with no history of recent injuries. However more studies should be conducted to compare with our findings. Keywords: basketball, ankle, ankle injuries, bandages, physiotherapy. Introdução O basquetebol atingiu alto nível de popularidade, tanto Juliana Carla de Almeida 1 Francine Bianca da Silva 2 Cássio Preis 3 1. Acadêmica do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco. julicarla.almeida@hotmail.com 2. Acadêmica do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco. francine.fisioterapia@hotmail.com 3. Fisioterapeuta, especialista em Fisioterapia Traumato-Ortopédica; mestre em Tecnologia em Saúde; docente da Faculdade Dom Bosco e da PUCPR; coordenador da Especialização em Fisioterapia Ortopédica, Traumatológica e Desportiva da PUCPR; responsável pelo Centro de Dinamometria Isocinética e Baropodometria da PUCPR. cassiopreis@hotmail.com Comparative study of prophylactic effects of functional bandage for ankle sprains in basketball players Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 27 nos Estados Unidos, onde começou a ser praticado, como no Brasil e no mundo todo. O basquete está classificado como um dos dez principais esportes em relação ao alto grau de complexidade dos movimentos que exige [1]. A participação nessa modalidade esportiva exige muito do atleta no que se refere a corrida, saltos e movimentos em pivô, assim como alta velocidade e ritmo rápido, ocasionando, por sua vez, uma quantidade razoável de lesões traumáticas [2]. O basquetebol possui diversas regras, que têm como intuito diminuir o contato corporal entre os jogadores. Porém, por ser muito dinâmico, as colisões entre os participantes são frequentes, o que resulta em lesões de contato [1]. A maioria das lesões ocorridas no basquete são contusões, distensões e entorses [3]. Os segmentos do corpo mais acometidos em jogadores de basquete são os MMII, e a queixa principal é de lesão por entorse de tornozelo [4]. A articulação do tornozelo é o segmento mais afetado dentro da prática do basquete, independente de categoria e sexo [1]. De acordo com Hebert [5], as entorses de tornozelo acometem aproximadamente 15% de todas as lesões do esporte, sendo que, de todas, 45% envolvem a entorse de tornozelo no basquetebol. A entorse é observada quando determinada articulação é alongada de maneira excessiva, ou seja, quando uma articulação sofre estresse acima de seu limite anatômico [6]. O mecanismo de entorse mais frequente é por inversão, o que geralmente ocorre durante uma aterrissagem após um salto, seja este para bandeja, rebote ou arremesso [1]. Segundo Grisogono [7], a entorse de tornozelo por mecanismo de inversão é a lesão mais comum na articulação do tornozelo. Isso se dá devido à maior mobilidade que o tornozelo possui de realizar a inversão com relação a outros movimentos. Em torno de 80 a 90% das lesões por entorse de tornozelo são decorrentes do mecanismo de lesão de inversão associado à flexão plantar [8]. A fisioterapia aplicada à desportiva é especializada em tratar lesões e desenvolver as habilidades cinético- funcionais que se relacionam com a prática esportiva. Em contrapartida, a prevenção busca evitar esses acontecimentos. Para que ela ocorra, faz-se necessário conhecer e aprofundar-se no mecanismo de cada lesão ocorrida na prática esportiva; também se deve levar em conta o preparo físico do atleta, assim como seu estado psicológico [9]. Bandagem e outros tipos de órteses são utilizados com bastante frequência para minimizar o risco de lesões nos esportes. Esses tipos de suporte podem ser utilizados em vários estágios da reabilitação, e até mesmo como agentes profiláticos para atletas saudáveis [3]. Grisogono [7] relata que enfaixar o tornozelo tem como finalidade dar suporte para a articulação, assim como obter melhora no sistema proprioceptivo. Safran, McKeag e Camp [2] afirmam que a bandagem funcional serve para proteger uma parte do corpo contra lesão; proteger uma parte do corpo contra novas lesões; limitar uma amplitude de movimento excessiva ou anormal; incrementar um feedback proprioceptivo; permitir que o atleta pratique o esporte com o mínimo de restrições possível. Muitos estudos apontam que a utilização de órteses e bandagens oferece benefícios profiláticos no que diz respeito à prevenção de lesões por entorse de tornozelo [10, 11]. Métodos Amostra Foi constituída por doze sujeitos sadios, jogadores de basquetebol, com idade entre 14 e 17 anos, do sexo masculino, da cidade
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