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Conhecimentos e condutas de médicos pediatras com relação à erupçao dentaria

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Conhecimentos e condutas de médicos pediatras com relação à 
erupção dentária
Pediatricians knowledge and management regarding tooth eruption
Italo Medeiros Faraco Junior1, Flávia Firpo Del Duca2, Francinne Miranda da Rosa3, Vanessa Ceolin Poletto3 
1Doutor em Odontopediatria pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra).
Canoas, RS, Brasil
2Especialista em Odontopediatria pela Associação Brasileira de Odontologia 
(ABO). Porto Alegre, RS, Brasil
3Aluna de mestrado em Odontopediatria pela Ulbra. Canoas, RS, Brasil
RESUMO
Objetivo: Verificar o conhecimento e a conduta de médicos 
pediatras frente a possíveis manifestações locais e sistêmicas 
ocorridas durante a erupção dentária, uma vez que a relação 
desta com o aparecimento de manifestações orgânicas na 
criança tem constituído, ao longo da história das ciências 
médico-odontológicas, um assunto controverso. 
Métodos: Estudo observacional no qual o instrumento 
de coleta de dados foi um questionário dirigido a todos os 
médicos pediatras (n=21) da cidade de Bagé, Rio Grande do 
Sul. Este questionário foi constituído por perguntas sobre a 
opinião dos médicos se a erupção dentária seria a causadora 
de alterações que surgem durante o irrompimento dos dentes 
e quais são as condutas por eles tomadas. Após a confecção 
do banco de dados, foram realizadas as freqüências simples 
e percentuais das variáveis avaliadas no estudo. 
Resultados: Dos médicos pediatras entrevistados, 76% acre-
ditam que o processo de erupção dentária pode estar associado 
a manifestações sistêmicas e/ou locais; 94% dos entrevistados 
observaram como manifestações ansiedade/irritabilidade e coceira/
sucção de dedos ou objetos. A conduta clínica mais adotada pelos 
médicos pediatras foi a orientação aos pais/responsáveis (37%). 
Conclusões: A maioria dos médicos pediatras entrevistados 
acredita que possam ocorrer manifestações sistêmicas e/ou locais 
devida à erupção dentária e que a conduta clínica de eleição é a 
orientação familiar.
Palavras-chave: erupção dentária; dente decíduo; Pediatria.
Endereço para correspondência: 
Vanessa Ceolin Poletto
Rua Conde de Porto Alegre, 550/1402 
CEP 90220-210 – Porto Alegre/RS
E-mail: vpoletto@terra.com.br
Recebido em: 17/12/2007
Aprovado em: 18/4/2008
ABSTRACT
Objective: To study pediatricians’ knowledge and man-
agement in face of possible local and systemic manifestations 
during tooth eruption, since the relationship between tooth 
eruption and systemic symptoms is a very controversial issue 
in pediatrics and dentistry science. 
Methods: Observational study. Data were obtained from 
a questionnaire applied to all the pediatricians (n=21) from 
the city of Bagé, Rio Grande do Sul, Brazil. The question-
naire was composed of questions about the doctors’ opinion 
if tooth eruption could be the cause of local and systemic 
manifestations and how they manage them. Descriptive 
analysis of the data was performed.
Results: Among the interviewed pediatricians, 76% 
believed that the process of tooth eruption can be associated 
with systemic and/or local manifestations; 94% of them re-
ported anxiety/irritation and itch/suction of fingers or objects 
as infants’ manifestations. Parental/caregivers orientation 
was the most adopted clinical management (37%).
Conclusions: The majority of the interviewed pediatri-
cians believe that systemic and/or local manifestations can 
occur due to tooth eruption and that the clinical manage-
ment of choice is family orientation.
Key-words: tooth eruption; tooth deciduous; Pediatrics.
Artigo Original
Rev Paul Pediatr 2008;26(3):258-64.
Introdução
O irrompimento do primeiro dente decíduo por volta 
do sexto mês de vida constitui um marco significante na 
vida das crianças e dos pais. A relação da erupção do dente 
decíduo com o aparecimento de manifestações locais e 
sistêmicas tem sido relatada ao longo de vários anos e con-
tinua sendo assunto controverso entre médicos, cirurgiões-
dentistas e pais(1).
O primeiro profissional de saúde a ter contato com a 
criança é o médico pediatra e, portanto, esse profissional está 
em posição peculiar para supervisionar a saúde da criança 
desde o nascimento até a adolescência. Já a primeira consulta 
odontológica normalmente ocorre mais tarde, por volta do 
terceiro ano de vida(2).
Chung et al(3) e Donaldson e Fenton(4) lembram que a visita 
ao odontopediatra deve ser realizada assim que erupciona o 
primeiro dente, independentemente de haver sintomatologia 
ou não, de modo a oferecer aos pais instruções para o cuidado 
oral e dieta não cariogênica.
De acordo com documentos antigos, o primeiro registro 
da relação entre distúrbios sistêmicos e erupção dentária foi 
descrito por Hipócrates (460-361 a.C.). Ele associou febre, 
distúrbios gastrintestinais, aumento da salivação e perda de 
apetite com manifestações próprias da erupção dentária(5). 
Desde então, vários estudos foram realizados buscando 
verificar a existência de associação entre erupção dentária e 
manifestações sistêmicas(6-11).
Na fase de erupção dos dentes, a criança apresenta 
uma menor resistência e maior suscetibilidade à doenças 
e infecções, o que pode explicar uma coincidência entre a 
erupção dos dentes decíduos e sintomas gerais. O aumento 
da temperatura, tosse, corrimento nasal, apatia, aumento da 
salivação, perturbações gastrintestinais, irritabilidade, perda 
de apetite, diminuição do sono, aumento da sucção digital, 
bruxismo, tosse, convulsões, herpes ocorrem devido à ins-
tabilidade fisiológica, que pode ser quebrada por pequenos 
distúrbios. A erupção não é suficiente para determinar esses 
sintomas, embora a erupção e tais sintomas possam ocorrer 
concomitantemente. Ainda poderão surgir inflamações 
gengivais, hiperemia da mucosa, cistos de erupção e úlceras 
bucais(1,5,6,12-14).
Assim, muitas vezes o pediatra e o odontopediatra são 
solicitados a opinarem ou se posicionarem se o processo erup-
tivo dos dentes decíduos pode ser causador de manifestações 
locais ou sistêmicas no organismo infantil, sendo esta uma 
questão controversa.
Neste sentido, diversos estudos focalizaram seu objeto de 
pesquisa em questionários aplicados a médicos pediatras, 
tentando obter informações acerca do tema erupção dentária 
versus manifestações locais e sistêmicas(13,15-20).
Em outros estudos, esses questionários foram aplicados aos 
pais. Nestes, além do questionamento quanto às possíveis 
alterações em seus filhos durante o período de erupção den-
tária, também lhes foi perguntado quais as atitudes tomadas 
para resolver essas alterações(21-23).
Com base na literatura, três linhas de pensamento impor-
tantes da possível relação entre os sintomas clínicos e a erupção 
dos dentes decíduos podem ser identificadas: a erupção de 
dentes decíduos é um processo fisiológico, portanto, não traz 
sintomatologia; a erupção decídua é um processo patológico 
que traz sintomas muitas vezes graves, chegando a convulsões; 
e a erupção é um processo fisiológico, todavia, as atividades 
normais do organismo podem ter seu ritmo fisiológico alterado 
e manifestar o seu desequilíbrio sob a forma de sintomas(24).
Certamente qualquer relação de causa e efeito entre a erupção 
dos dentes decíduos e os distúrbios locais ou sistêmicos é difícil 
de ser estabelecida. Porém, as observações clínicas e os achados 
anamnésicos conduzem os profissionais de saúde que atendem 
crianças a uma posição cautelosa diante do assunto, uma vez que 
a ocorrência de manifestações locais ou sistêmicas relacionadas 
com o desequilíbrio do processo eruptivo depende da completa 
interação dos fatores pessoal-ambientais, os quais obviamente, 
variam de criança para criança(15).
 Baseado no exposto, o presente estudo teve como objeti-
vo avaliar o conhecimento e condutas de médicos pediatras 
frente às manifestações locais e sistêmicas ocorridas durante 
a erupção dos dentes decíduos.
Métodos
Este foi um estudo transversal observacional, realizado 
por meio da aplicação de questionários a todos os médicos 
pediatrasatuantes no município de Bagé (n=21). O muni-
cípio de Bagé fica situado na região da Campanha, a 393km 
da capital do estado, Porto Alegre. A população estimada 
em 2006 era de 122.461 habitantes e 85% da população 
vive na zona urbana(25). A população alvo do estudo foram 
os 21 médicos pediatras que atuam neste município, con-
forme a lista fornecida pelo Conselho Regional de Medicina 
do Estado do Rio Grande do Sul da Delegacia Seccional 
de Bagé. 
O instrumento de pesquisa utilizado foi um questionário 
constando de oito questões. O questionário foi aplicado por 
259Rev Paul Pediatr 2008;26(3):258-64.
Italo Medeiros Faraco Junior et al
um dos autores e as informações obtidas junto aos médicos 
pediatras, que constituíam a população alvo, ocorreram no 
consultório particular dos entrevistados ou em postos de 
saúde onde trabalhavam. 
 O questionário avaliou o conhecimento e condutas desses 
frente às manifestações orgânicas ocorridas durante a erupção 
dos dentes decíduos, informações sobre o tempo de formado, 
local e ano de conclusão da residência e um espaço adicional 
em branco para eventuais acréscimos e informações que 
desejassem escrever (Quadro 1).
Após a confecção do banco de dados, foram relatadas as freqü-
ências simples e percentuais das variáveis avaliadas no estudo.
 Quanto aos aspectos éticos, os pediatras declaravam a sua 
participação na pesquisa e autorizavam a publicação dos dados 
obtidos no estudo por meio do preenchimento de um termo 
de consentimento livre e esclarecido. O projeto de pesquisa foi 
submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade 
Luterana do Brasil de Canoas, sendo aprovado de acordo com 
a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
Resultados
Dos médicos pediatras entrevistados, 76% acreditam que 
o processo de erupção dentária pode, ocasionalmente, estar 
associado às manifestações sistêmicas e/ou locais, enquanto 
24% acreditam não existir relação entre o processo de erupção 
e qualquer manifestação que possa eventualmente acontecer. 
O Gráfico 1 mostra as manifestações sistêmicas e locais 
mais freqüentemente relatadas ou observadas pelos médicos 
pediatras. Dentre as manifestações observadas, verificou-se 
que ansiedade/irritabilidade e coceira/sucção de dedos ou 
objetos foram as mais freqüentes, sendo citadas por 94% 
dos entrevistados, seguidas de aumento da salivação (81%), 
febre (69%) e diarréia (63%). Na opção outros, foram citados: 
ativação de atopias, seletividade por alimentos, desconforto, 
aumento da secreção brônquica, diminuição de resistência e 
dificuldade de ganhar peso.
O Gráfico 2 mostra as condutas adotadas pelos médicos 
pediatras em suas rotinas clínicas frente à existência de mani-
1
ansiedade/irritabilidade
coceira/sucção de dedos ou objetos
aum ento de salivação
febre
diarréia
sono intranqüilo
corrim ento nasal
gengiva inflam ada
outros
dor
inapetência
tosse
afta
eritem a na bochecha
exantem as
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
%
Gráfico 1 – Manifestações relatadas pelos médicos pediatras durante a erupção dentária.
260 Rev Paul Pediatr 2008;26(3):258-64.
Conhecimentos e condutas de médicos pediatras com relação à erupção dentária
Quadro 1 – Questionário aplicado aos médicos pediatras
Prezado Dr.(a)____________________________________, o presente questionário destina-se ao levantamento de 
dados em relação à erupção dentária. Sua colaboração é de extrema importância.
1. Ao revisar a literatura, encontramos opiniões divergentes sobre manifestações sistêmicas e locais durante o 
processo de erupção dentária. Assinale a alternativa abaixo que melhor identifica seu posicionamento.
( ) O processo de erupção dentária tem uma relação direta com manifestações sistêmicas e/ou locais.
( ) A erupção dentária, por ser um processo fisiológico, não tem nenhuma relação com qualquer manifestação 
sistêmica e/ou local que, eventualmente, possa estar presente no momento do aparecimento dos dentes na cavidade 
bucal.
( ) O processo de erupção dentária pode, ocasionalmente, estar associado à manifestações sistêmicas e/ou locais.
Obs.: Se marcou a segunda opção pule para pergunta 6.
2. Você acredita que estas manifestações são causadas pela erupção dentária?
( ) Sim
( ) Não
3. Assinale as manifestações observadas ou relatadas:
( ) Afta ( ) Exantemas 
( ) Ansiedade/ irritabilidade ( ) Febre 
( ) Alteração na urina ( ) Gengiva inflamada 
( ) Aumento da salivação ( ) Herpes
( ) Coceira/sucção de dedo ou objetos ( ) Inapetência
( ) Convulsões ( ) Sono intranqüilo
( ) Corrimento nasal ( ) Tosse
( ) Diarréia ( ) Vômitos
( ) Dor 
( ) Eritema na bochecha
outros:________________________________
4. Das alternativas assinaladas, qual a(s) mais freqüente(s)?
 _____________________________________________________________________________________________
 
5. Assinale a(s) conduta(s) adotada(s) em sua rotina clínica frente a tais manifestações?
( ) Prescrição de medicamentos de uso interno.
( ) Prescrição de medicamentos tópicos.
( ) Apenas orientação aos responsáveis.
( ) Encaminhar ao dentista.
( ) Nenhuma.
( ) Outra. _____________________________________________________________________________________
6. Ano de graduação _________
7. Qual a instituição que realizaste a residência? ______________________________________________________
8. Ano de conclusão da residência ___________
261Rev Paul Pediatr 2008;26(3):258-64.
Italo Medeiros Faraco Junior et al
festações sistêmicas e/ou locais durante o processo de erupção 
dentária. Verificou-se que a maioria dos médicos pediatras 
(37%) adota como conduta clínica apenas orientações aos 
responsáveis. Do total dos entrevistados, 25% prescrevem 
apenas medicamentos de uso interno; 13% prescrevem me-
dicamento de uso interno e dão orientações aos responsáveis; 
6% prescrevem medicamentos de ação tópica, 6% dão orien-
tações para os pais e encaminham para o cirurgião-dentista; 
6% prescrevem medicamento de uso interno juntamente 
com medicamento tópico e dão orientações aos pais e 6% 
não adotam nenhuma conduta frente às manifestações que 
possam ocorrer durante o processo de erupção dentária.
Outros dados coletados foram: tempo de formado dos 
entrevistados (52% graduados entre 1970 e 1980); ins-
tituição em que os médicos realizaram a residência (76% 
foram residentes de escolas públicas do Rio Grande do Sul) 
e ano de término da residência pediátrica (50% dos médicos 
concluíram a residência entre 1981 e 1990).
Discussão
A erupção dos dentes decíduos muitas vezes é acompanha-
da por manifestações sistêmicas e/ou locais. Se tais alterações 
são realmente causadas pelo movimento do dentário e seu 
irrompimento, os trabalhos existentes na literatura ainda 
não conseguiram provar.
Este estudo é bastante representativo, uma vez que abran-
ge toda a população de médicos pediatras de um município, 
sendo que destes, 76% acreditam que o processo de erupção 
dentária pode, ocasionalmente, estar associado às manifes-
tações locais e/ou sistêmicas. Esses resultados corroboram 
os achados de Rocha et al(13), Noronha(15), Pinheiro, Casado 
e Assunção(16) e Abujamra, Ferreira e Guedes Pinto(17), 
que também realizaram pesquisas entrevistando médicos 
pediatras, os quais acreditavam haver manifestações com-
portamentais, sistêmicas ou locais durante a erupção dos 
dentes decíduos.
Galili, Rosenzweig e Klein(6) e Wake, Hesketh e Lucas(22) 
não encontraram associação significante entre erupção 
dentária e todas as espécies de distúrbios sistêmicos já 
citados, mas encontraram relação estatística entre erupção 
dos dentes decíduos e febre sem causa aparente e entre 
erupções múltiplas e doenças relacionadas aos sistemas 
respiratório e digestivo. Carpenter(1) concluiu que, sem 
estudos virológicos, não se pode provar que a erupção é 
responsável pelos distúrbios sistêmicos. Pierce, Linskog e 
Hammarström(26) afirmaram que a presença de imunoglobu-
lina seria a causadora da reação de hipersensibilidade capazde gerar os sintomas da erupção. Entretanto, Seward(8), 
Bengtson, Bengtson e Piccinini(9), Bengtson e Bengtson(10), 
Macknin et al(11) e Peretz et al(27), ao observarem crianças 
em seus estudos, encontraram que o processo da erupção 
pode estar relacionado à presença de manifestações locais 
e/ou sistêmicas. Os mesmos achados foram observados por 
Seward(7), Abujamra, Ferreira e Guedes-Pinto(17), Crispim, 
Duarte e Bönecker(18), Andrade, Silva e Paiva(21), Freitas e 
1
orientação aos responsáveis
medicamento uso interno
medicamento de uso interno + orientação
medicamento tópico
nenhuma
orientação + encaminhamento para dentista
medicamento de uso interno + medicamento
tópico + orientação
0 10 20 30 40 50
%
Gráfico 3 – Conduta adotada pelos médicos pediatras frente às manifestações sistêmicas e/ou locais da erupção dentária.
262 Rev Paul Pediatr 2008;26(3):258-64.
Conhecimentos e condutas de médicos pediatras com relação à erupção dentária
Moliterno(23) e Cunha et al(28) ao analisarem a opinião de 
pais sobre as alterações ocorridas em seus filhos na época 
de erupção dos dentes decíduos. Assim, os resultados da 
maioria dos estudos mostram fortes evidências que sinto-
mas de ordem geral estão presentes durante a erupção dos 
dentes decíduos, mas não de que a erupção seja a causa de 
tais manifestações(1,5,6,12-14).
Na presente investigação, as manifestações mais fre-
qüentemente observadas ou relatadas foram ansiedade/
irritabilidade e coceira/sucção de dedos ou objetos (94%). 
A irritabilidade também foi a alteração de ordem sistêmi-
ca mais observada pelos médicos pediatras nos estudos de 
Rocha et al(13), Noronha(15), Pinheiro, Casado e Assunção(16), 
Abujamra, Ferreira e Guedes-Pinto(17) e Crispim, Duarte e 
Bönecker(18), além de Andrade, Silva e Paiva(21) e Freitas e 
Moliterno(23), que entrevistarem mães de crianças durante a 
erupção dos dentes decíduos.
O aumento da salivação foi a segunda manifestação mais 
citada pelos médicos pediatras no presente estudo (81%). 
Esse dado está em concordância com os estudos de Rocha 
et al(13), Noronha(15) e Crispim, Duarte e Bönecker(18). Já 
Bengtson, Bengtson e Piccinini(9), Abujamra, Ferreira e 
Guedes Pinto(17), Wake, Hesketh e Lucas(22) e Peretz et 
al(27) encontraram o aumento da salivação como manifes-
tação mais prevalente. Seward(8) acredita que a excessiva 
salivação pode estar relacionada diretamente com a dor e 
o desconforto experimentados pela criança no período de 
erupção, porque há uma mudança na qualidade da saliva, 
aumentando sua viscosidade e dificultando a deglutição, 
desencadeada pela recente maturação das glândulas sa-
livares.
A febre, para Kruska(12), embora possa ser coincidente à 
erupção, ocorre por instabilidade fisiológica da criança. Já 
para Galili, Rosenzweig e Klein(6), a febre associada à erup-
ção decorre do processo local no qual o dente em erupção 
exerce pressão no tecido circunvizinho, irritando assim o 
nervo trigêmeo que, por sua vez, estimula o centro de regu-
lação da temperatura. Outra hipótese é que lipossacarídeos 
normalmente estáveis e inativos são liberados quando da 
destruição do tecido e essas substâncias agiriam como piró-
genos, causando a febre.
Kruska(12) afirma que a diarréia pode ocorrer durante o 
processo de erupção, mas tem como causa uma infecção bacte-
riana ou algum problema relacionado à alimentação, uma vez 
que novos alimentos são introduzidos nesta fase, na dieta da 
criança. Entretanto, Bengtson e Bengtson(10) concluíram que 
o estresse é um fator que provoca alterações psicofisiológicas, 
podendo atuar no tubo digestivo e estar ligado às diarréias 
durante a erupção dos dentes decíduos.
Eritema na bochecha e exantemas foram relatadas neste 
estudo, o que está de acordo com os resultados do estudo de 
Freitas e Moliterno(23) e de Kruska(12), que acreditam que as 
erupções periorais ou exantemas possam ocorrer porque a 
pele da criança é extremamente sensível e, com o aumento 
da salivação, há um escoamento da mesma para a face, resul-
tando em umidade constante, o que propicia o aparecimento 
de eritema e exantemas.
No presente estudo, o relato pelos pediatras de associação 
entre ansiedade/irritabilidade, coceira/sucção de dedos ou 
objetos e aumento da salivação foi o mais prevalente (44% dos 
entrevistados), seguido da associação ansiedade/irritabilidade 
e coceira/ sucção de dedos e objetos (37%). Tais associações 
também são relatadas no estudo de Rocha et al(13).
Com relação à conduta tomada pelos médicos pediatras 
frente às alterações descritas, a orientação aos pais foi a 
conduta clínica mais prevalente, adotada por 37% dos en-
trevistados, seguida de prescrição de medicamento de uso 
interno (25%) e prescrição de medicamento de uso interno 
juntamente com orientação aos pais (13%). 
Fraiz, Kramer e Valentim(29) salientam que as mães de-
vam ser educadas no sentido de, frente a qualquer sintoma 
de ordem geral, buscar orientação médica. Além disso, os 
cuidados com higiene precisam ser redobrados, visto que as 
crianças, nesta fase, têm a tendência de levar objetos e mãos 
à boca, podendo se infectar. Tais infecções geralmente são 
responsáveis pelas manifestações que ocorrem na criança. 
Assim, os autores acreditam que a melhor atitude, neste 
momento de crescimento e desenvolvimento da criança, é 
mantê-la em meio saudável.
Andrade, Silva e Paiva(21), ao entrevistarem mães, encontra-
ram a prescrição de medicamento tópico pelo médico como a 
conduta clínica mais freqüente, sendo que o encaminhamento ao 
dentista, visando buscar a solução dos problemas relacionados à 
erupção dos dentes decíduos, não foi frequente (5%). Resultado 
semelhante foi encontrado por Freitas e Moliterno(23), ao entre-
vistarem mães: o uso de medicamento tópico local foi o mais 
prevalente, seguido do uso de analgésicos orais e o de mordedores 
de borracha. Entretanto, Wake, Hesketh e Lucas(22) observaram 
que 86% dos pais relataram usar paracetamol e 52% relataram 
usar géis para aliviar algum sintoma da erupção. 
Nesse contexto, os autores do presente estudo concordam 
com Macknin et al(11), Rocha et al(13), Freitas e Moliterno(23), 
Cunha et al(28), Costa, Tovo e Silva(30) e Araújo e Kipper(31) 
quanto à necessidade de estudos para aprofundar o conheci-
263Rev Paul Pediatr 2008;26(3):258-64.
Italo Medeiros Faraco Junior et al
mento de todo processo eruptivo, os mecanismos envolvidos 
e as reações locais e gerais.
Os resultados do presente trabalho permitem concluir 
que a maioria dos médicos pediatras entrevistados acredita 
que o processo de erupção dentária pode, ocasionalmente, 
estar associado à manifestações sistêmicas e/ou locais. As 
manifestações mais observadas pelos médicos pediatras são 
ansiedade/irritabilidade e coceira/sucção de dedos ou objetos. 
Finalmente, a conduta clínica mais adotada pelos médicos 
pediatras é a orientação aos pais/responsáveis.
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Conhecimentos e condutas de médicos pediatras com relação à erupção dentária

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