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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI Campus CCO - Divinópolis Fundamentos de Farmacodinâmica Teoria dos Receptores e Interações Fármaco-Receptor Professor: Carlos A C Dias Junior Graduação em Farmácia – 5º Período Março de 2010 - Princípios gerais da Farmacodinâmica - Teoria dos Receptores - Interação Fármaco-Receptor - Mecanismos de Sinalização Intracelular - Princípios gerais da Farmacocinética Farmacologia Fundamental (Roteiro de Aulas): FARMACOLOGIA Ciência que estuda as Drogas (Fármacos) Farmacodinâmica: estuda os mecanismos de interação e de ação das drogas no organismo. Farmacocinética: estuda o que o organismo faz com as drogas. Terapêutica: estuda o uso e aplicação de drogas em seres humanos. • Entender como os mecanismos da interação do fármaco com seu receptor resulta no efeito biológico. •Proporcionar a base para o uso terapêutico lógico (racional) de um fármaco. Objetivos: : • Breve Histórico da Teoria dos Receptores • Evolução dos Principais Conceitos em Farmacologia • Mecanismos da Interação Fármaco-receptor • Classificação dos Fármacos • Conclusão Sumário : “Para produzir seu efeito, um fármaco não cria funções, mas altera funções pré-existentes” Rudolph Buchhein (1820 – 1879) Alvo para a Ação dos Fármacos Receptor Paul Ehrlich (1854 – 1915) Alvo para a Ação dos Fármacos Ehrlich sugeriu que a ação de uma substância depende de interações químicas convencionais entre a substância e o tecido. Até o início do século 19, a ação da substância devia-se às “forças vitais” (mágicas) “A substância não irá funcionar, a não ser que esteja ligada” Componente celular que reconhece o fármaco Receptor-Fármaco estimula a célula Efeito biológico Conceito Receptor “Receptor é o componente celular que interage com o fármaco e, em consequência, desencadeia o efeito biológico observado”. John Newport Langley (1852 – 1925) Ação do fármaco depende desta ocupação (Fármaco- Receptor), sendo uma interação quimicamente convencional entre o Fármaco e o local de ligação ao receptor (Chave-Fechadura). Receptor contem sítios (locais) que reconhecem o fármaco Fármaco Membrana celularSítio de ligação Receptor Ativação Efeito Biológico Efeito do fármaco Proporcional a % de receptores ocupados Efeito máximo advém de 100% de ocupação Teoria Clássica da Ocupação de Receptores “Efeito farmacológico observado depende do número de receptores ocupados” Albert James Clarck (1885 – 1941) Clarck introduziu o conceito de Efeito Máximo “100 % dos receptores estiver ocupados, observa-se o efeito máximo do fármaco” Efeito Farmacológico observado Efeito máximo Contração do anel de vaso Droga (Log M) Concentração da droga (Log M) % Receptores ocupados Efeito máximo Tipos de interações Fármaco-Receptor 1 – Agonista Potência do Agonista Afinidade do Agonista 2 - Antagonista Conceito de Agonista e Potência Henry Hallet Dale (1875-1968) “Dois fármacos distintos (A e B) apresentam mesmo efeito máximo, mas não a mesma potência” Agonista = fármaco ao se ligar ao receptor promove ativação Potência = 1 Dose do Fármaco CE50 / DE50 = concentração (dose) necessária para produzir 50% do efeito mediado pelo fármaco Conceito de Potência introduzido por Dale British J Pharmacology ,1927 Fármaco A apresenta maior potência comparado ao fármaco B (CE50 B > A) % do Efeito observado (Ação) Concentração (Log M) Efeito Máximo A = B CE50 A ≠ B Conceito da Afinidade do Fármaco pelo Receptor Dale sugere que NÃO é necessário 100% de ocupação dos receptores Ocupação (%) 50 100 100 50 Efeito do Fármaco (%) Sendo a Afinidade (tendência de se ligar ao receptor) o fator determinante do efeito máximo. Efeito Máximo Conclusão parcial As respostas biológicas dependem da dose e da afinidade, mas não necessariamente do número de receptores ocupados. Conceito de Antagonista comparado ao Agonista Competem pela ligação ao receptor Agonista = fármaco se ligar ao receptor e que promove ativação Antagonista = fármaco que se liga ao receptor mas não promove ativação Apresentam afinidade semelhante pelo receptor (tendência de se ligar ao receptor) Fármaco Antagonista apresenta estrutura similar ao Agonista Sítio de ligação Receptor Antagonista Agonista Sem Ativação Antagonista desloca a curva dose-resposta do Agonista para direita Na presença do Antagonista, é necessário concentrações maiores do Agonista para manutenção do Efeito Máximo Concentração do Agonista (mg) % do Efeito observado (Ação) Efeito Máx Presença de doses crescentes do Antagonista 1 2 3 4 5 7 9 Exemplos de Experimentos que demonstraram in vivo Antagonismo Farmacológico British J Pharmacology, 1965; Antagonista Propranolol (2,5 ug/kg/min) Agonista IP = isoprenalina (0,2 ug/kg) Pressão Arterial (mmHg) Frequência Cardíaca (bat/min) Antagonista impede os aumentos da Frequência Cardíaca e Pressão Arterial induzidos pelo Agonista Propranolol 0,5 mg/kg Força de Contração cardíaca Frequência Carddíaca Adrenalina 1 ug/kg Adrenalina 1 ug/kg Am J Cardiology. 1966 Antagonista impede os aumentos da Força de Contração e Frequência Cardíacas induzidos pelo Agonista Oxprenolol 40 mg por via oral Taylor S H & Meeran M K - CIBA Lab, 1973 Antagonista bloqueou a taquicardia durante partida de futebol Frequência Cardíaca (bat/min) Tipos de Antagonismo Superável = Antagonista é deslocado do receptor pelo Agonista Insuperável = Antagonista não é deslocado do receptor Mesmo na presença de maior número de moléculas de Agonista, o Antagonista não é deslocado Antagonismo Insuperável é característico de fármacos que possuem alta afinidade pelo receptor Sítio de ligação Receptor Antagonista Agonista Sem Ativação Antagonismo Insuperável comparado ao superável Depende da capacidade do agonista de superar o bloqueio do receptor pelo Antagonista Efeito observado (%) Doses crescentes do Antagonista 1 5 10 20 (mg) Efeito MáxInsuperável Efeito observado (%) Antagonista Efeito MáxSuperável 1 2 3 5 6 8 (mg) Conclusão parcial Bloqueio das respostas biológicas pelo antagonista pode ser superável pelo agonista ou insuperável (mesmo na presença de altas doses do agonista) Conceito de Eficácia e Agonista Parcial R.P. Stephension (1950) “Agonistas que produzem a mesma resposta, mas com Eficácias distintas” Conceito de Eficácia e Agonista Parcial Eficácia = magnitude de ativação após se ligar ao receptor Agonista Parcial = produz resposta sub-máxima mesmo após 100% dos receptores ocupados Agonista Pleno = produz resposta máxima Ambos apresentam afinidade pelo receptor, porém não apresentam a mesma Eficácia Comparação das Respostas entre Agonistas Parciais e Agonistas Plenos British J Pharmacology, 1956; Resposta observada (%) Agonistas Plenos Agonistas Parciais Concentração (Log M) Exemplo de Vantagem de Agonistas Parciais Estas drogas se ligam ao receptor ativando-o parcialmente apenas. • Atividade agonista parcial • Evitam a bradicardia excessiva Pindolol Practolol Acebutolol Propranolol Atenolol Agonistas Parciais Antagonistas Arq Bras Cardiologia, 2001; Conclusão parcial Drogas que mostram afinidade pelo mesmo receptor, mas que apresentam Eficácias distintas (Agonista Pleno e Agonista Parcial). Pode ser desejável a utilização de Agonistas Parciais, especialmente, em situações em que não se quer um bloqueio pleno da resposta fisiológica. Principais Tipos de Efeitos das Interações entre Fármacos - Aditivos - Sinérgicos - Potenciação - DessensibilizaçãoDroga A Droga B Droga A + B Droga C Droga A + C Sinérgico Efeitos das Interações entre Agonistas Resposta Aditivo Potenciação Degradação por enzima R e s p o s t a Inibidor da enzima Dose Degradação por enzima endógena pode ser inibida por fármaco Exemplo de Potenciação Acetilcolina (neurotransmissor liberado pelas termianções nervosas colinérgicas) É degradada pela acetil- colinesterase. A inibição da enzima por fármacos, potencializa a resposta da Acetilcolina (por aumentar sua permanência) A mesma dose repetidas vezes Resposta Intervalo Dessensibilização Organismo causa a dessensibilização dos receptores (internalizados), resposta adaptativa frequente com o uso irresponsável do fármaco. Conclusão parcial Efeitos Farmacológicos podem ser aditivos, sinergismo, potenciação, dessensibilização e antagonismo superável ou insuperável. CE50 ou DE50 (=EC50 e ED50): concentração (ng, mg, mg, g /ml ou litros; molar, M) ou dose (ng, mg, mg, g ou mol/kg) de agonista que produz 50% da resposta máxima. Somente quando a relação dose-resposta for 1:1, então CE50 = Kd. CI50 ou DI50 (=IC50 e ID50): concentração (ng, mg, mg, g/ml ou L) ou dose (ng, mg, mg, g/kg) de antagonista que inibe em 50% a resposta máxima de um agonista. Definições Importantes Relevância da Curva Dose Resposta Theophrastus von Hohenheim Paracelso (1493-1541) “Dose estabelece se a substância será terapêutica ou tóxica” 100 50 0 Concentração plasmática (unidade arbitrária) P o r c e n t a g e m d e P a c i e n t e s Efeito terapêutico desejado Efeito tóxico não desejado Faixa terapêutica Relevância da Curva Dose Resposta Esclarecimento destes conceitos favorecem o uso racional dos medicamentos. Prêmio Nobel de Fisiologia em 1994 Fármaco Membrana celularSítio de ligação Receptor Ativação Efeito Biológico Descoberta da Proteína G Maioria dos receptores são acoplados à Proteína G G Alfred Gilman Resumindo... -Agonista (Potência e Afinidade) e Antagonista; - As respostas biológicas dependem da dose e da afinidade, mas não necessariamente do número de receptores ocupados; - Bloqueio das respostas biológicas pelo antagonista pode ser superável pelo agonista ou insuperável (mesmo na presença de altas doses do agonista); - Drogas que mostram afinidade pelo mesmo receptor, mas que apresentam Eficácias distintas (Agonista Pleno e Agonista Parcial); - Pode ser desejável a utilização de Agonistas Parciais, especialmente, em situações em que não se quer um bloqueio pleno da resposta fisiológica; - Efeitos Farmacológicos podem ser aditivos, sinergismo, potencializados, dessensibilizados e antagonismos superável ou insuperável. ... resumindo Conclusão • Entender como os mecanismos da interação do fármaco com seu receptor resulta no efeito biológico proporciona a base para o uso terapêutico racional dos medicamentos. Perspectivas Nas últimas décadas, houve um progresso na identificação de novos receptores, bem como a compreensão da função dos receptores em termos moleculares. Oferecem novas oportunidades para Terapia Farmacológica Futura. Referências Bibliográficas: 1. Rang et al. (2008) Farmacologia 2. Katzung (2007) Farmacologia Básica e Clínica 3. Brunton, Lazo, Parker (2006) Goodman e Gilman As Bases Farmacológicas da Terapêutica 4. Alberts et al. (2002) Molecular Biology of the Cell, 4ª ed. 5. Voet e Voet Biochemistry, 2ª ed. 6. Squire et al. (2005) Fundamentals of Neuroscience, 2ª ed.
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