Buscar

TRABALHO INFANTIL NOS ODS - OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

NOSODSInfantil
Trabalho
NOSODSInfantil
Trabalho
SAÚDE E
BEM-ESTAR
QUALIDADE
EDU CAÇÃO DE
DE GÊNERO
IGUALDADE
TRABALHO DE CENTE
E CRESCIMENTO
ECONÔMICO
REDUÇÃO DAS
DESIGUALDADES
CONSUMO E
PRODUÇÃO
RESPONSÁVEI S
PAZ, JUSTIÇA E
INSTITUIÇÕE S
EFICAZES
PARCERIAS E MEIOS
DE IMPLEMENTAÇÃO
ERRADICAÇÃO
DA POBREZA
Resumo Executivo ......................................
Notas Metodológicas ...................................
Análise dos Objetivos e o 
Tema do Trabalho Infantil .............................
ODS 8, Meta 8.7 (Trabalho e Trabalho Infantil) .....
ODS 1 (Pobreza) ...................................
ODS 3 (Saúde) .....................................
ODS 4 (Educação) ..................................
ODS 5 (Gênero) ...................................
ODS 10 (Desigualdades e Estruturas Legais) .........
ODS 12 (Consumo e Tecnologias) ..................
ODS 16 (Violências) ...............................
ODS 17 (Parcerias Globais) .........................
Considerações Finais ...................................
Referências Bibliográficas ..............................
Sumário
13
13
11
5
21
25
28
33
36
43
45
48
53
57
Trabalho Infantil nos ODS 5
Resumo Executivo
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), aprovados pelas Nações Uni-
das em 2015, buscam um compromisso global para o progresso e o crescimento em 
bases justas e equitativas, integrando as dimensões sociais, econômicas e ambientais. 
Constituído por 17 Objetivos e 169 metas a serem cumpridas até 2030, os ODS devem 
ser lidos como uma rede de inter-relações entre os diversos temas que os compõem.
A Agenda 2030, como também é conhecido o conjunto dos ODS, incorpora o tema 
do trabalho no Objetivo 8, mas ele ainda figura em vários outros. Isto porque a cate-
goria Trabalho é estruturante para a concepção de um mundo desenvolvido, prós-
pero e sustentável.
O ODS 8 conta com 12 metas que buscam garantir crescimento e desenvolvimento 
econômicos por meio do trabalho decente, da garantia de direitos aos trabalhadores 
e trabalhadoras e da produção sustentável. A Meta 8.7 trata especificamente da elimi-
nação do trabalho infantil em todas as suas formas até 2025.
O Brasil, um dos 193 países signatários da Agenda 2030, tem um longo percurso pela 
frente para cumprir essa meta. Isto porque, apesar dos consideráveis avanços alcan-
çados pelo país nos últimos anos, com redução do percentual de crianças e adoles-
centes trabalhadores, sobretudo no mercado formal, ainda persistem muitos desa-
fios, principalmente no mercado informal e nas ocupações classificadas como piores 
formas, a exemplo do trabalho infantil doméstico e muitas atividades agrícolas.
Este relatório aborda todas essas questões, tendo como parâmetro de análise os 
ODS, em particular a Meta 8.7. Partimos do pressuposto de que o trabalho infantil 
é um fenômeno multicausal, em que questões sociais, econômicas e culturais são 
determinantes para a sua ocorrência, e que só pode ser compreendido por meio de 
uma análise aprofundada. 
Assim, este texto aborda o ODS 8 e a Meta 8.7 e sua correlação com outros oito Obje-
tivos: ODS 1 (Pobreza), ODS 3 (Saúde), ODS 4 (Educação), ODS 5 (Gênero), ODS 10 
(Desigualdades e Estruturas Legais), ODS 12 (Consumo e Tecnologias), ODS 16 (Vio-
lências) e ODS 17 (Parcerias Globais).
A metodologia para a realização do estudo seguiu o seguinte ordenamento: (i) leitura 
de materiais de referência sobre a Agenda 2030, sobretudo o ODS 8 e a Meta 8.7; (ii) 
definição dos temas para análise; (iii) pesquisa sobre os dados secundários existentes 
e acessíveis a serem utilizados; (iv) coleta dos dados por meio de acesso a bases digi-
tais, contatos telefônicos e por e-mail e entrevistas com agentes públicos; (v) siste-
matização e análise.
Trabalho Infantil nos ODS6
Os dados analisados permitem levantar algumas reflexões e recomendações centrais 
para o cumprimento da Agenda 2030 pelo Brasil no que concerne ao tema do traba-
lho infantil e que são aprofundadas ao longo do texto:
 O Brasil possui indicadores consistentes acerca do trabalho infantil, com dados 
longitudinais capazes de aferir a situação do fenômeno em diversas dimensões. 
Destaca-se que o IBGE coleta informações sobre o tema desde 1992, por meio 
do Censo e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Com isso 
o governo, em especial a Comissão Nacional de Monitoramento dos ODS, tem 
condições de definir uma consistente base de indicadores, fontes e dados para 
o monitoramento e a avaliação de progressos em relação à redução do trabalho 
infantil, tanto no ODS 8 como nos outros com os quais o tema se relaciona.
 O trabalho de crianças e adolescentes vem diminuindo ao longo dos anos, 
causando impactos importantes em suas vidas e de suas famílias (ODS 8). No 
entanto, o país não conseguiu cumprir a meta pactuada na II Conferência Global 
sobre Trabalho Infantil de eliminação das piores formas até 2016, destacando-se 
os índices ainda elevados, por exemplo, na agricultura e na atividade informal. 
Outro alerta se refere ao crescimento do número de crianças trabalhadoras de 
5 a 9 anos verificado nas últimas três Pnads, referentes aos anos de 2013, 2014 e 
2015, que exige medidas urgentes por parte do Estado.
 A pobreza e a extrema pobreza, fatores determinantes para a ocorrência do 
fenômeno, se reduziram nos últimos 10 anos, com impactos positivos para 
crianças e adolescentes (ODS 1). Programas sociais de transferência de renda, 
de acesso à educação e à saúde e de segurança alimentar se destacam para esse 
progresso. Contudo, o atual cenário vem demonstrando possibilidades de retro-
cessos nos resultados até então alcançados, com medidas como cortes orça-
mentários em diversas áreas sociais. No curto prazo, tais medidas podem fra-
gilizar os direitos sociais e, no longo prazo, provocar pioras em indicadores da 
infância e da adolescência, como no trabalho infantil. 
 As notificações de agravos à saúde e acidentes de trabalho de crianças e adoles-
centes (ODS 3) são fundamentais para qualificar os dados nacionais acerca do 
trabalho infantil e devem fazer parte da base analítica para monitoramento dos 
ODS. Recomenda-se que as informações disponíveis (adoecimentos, acidentes, 
intoxicações e óbitos) sejam cotejadas com a literatura acadêmica sobre saúde 
do trabalhador, produzindo-se dados cada vez mais aprofundados e que sejam 
amplamente divulgados para conhecimento da sociedade.
 Apesar das altas taxas de matrículas escolares no Brasil, ainda persiste um percen-
tual de crianças e adolescentes fora da escola, cujas pesquisas apontam o traba-
lho infantil como um dos fatores de exclusão (ODS 4). Mesmo para aquelas meni-
nas e meninos que frequentam a escola, o trabalho é um fator prejudicial, uma vez 
Trabalho Infantil nos ODS 7
que diminui o rendimento e o progresso escolar, como aferem alguns indicado-
res. No entanto, a correlação entre trabalho infantil e escolarização (acesso, per-
manência e progresso) carece de maior desagregação de dados em vários níveis, 
capazes de aprofundar a dimensão que a educação tem (ou não está tendo) para 
a redução do fenômeno. Faz-se necessário conhecer, por exemplo, em que 
medida a escola inclui o tema do trabalho infantil no rol dos conteúdos relaciona-
dos aos direitos humanos de crianças e adolescentes ou os impactos que o Pro-
grama de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) tem na educação.
 Em que pese o trabalho infantil ter maior concentração entre os meninos do que 
entre as meninas, é imprescindível compreendê-lo a partir da dimensão de gênero, 
pois ela condiciona determinadas características do fenômeno (ODS 5). A maior 
parte das meninas está inserida no mercado por meio das atividades domésti-
cas. Ao se observar o seu perfil vê-se o quanto gênero, raça e renda são categorias 
que se entrelaçam e determinam lugares sociais e simbólicos para as meninas no 
mundo do trabalho. Trata-se de meninas negras e pobres,moradoras de periferias 
das cidades ou de áreas rurais e que enfrentam barreiras ao seu desenvolvimento 
e à garantia de direitos devido às suas especificidades. Essa situação demonstra 
que o princípio da universalidade deve vir acompanhado do da especificidade, de 
forma que determinados sujeitos sejam priorizados pelas políticas públicas para a 
superação de situações de vulnerabilidade em que se encontram.
 O país conta com diversas normativas nacionais e internacionais, responsáveis 
pelos resultados positivos até então alcançados na redução dos índices de traba-
lho infantil (ODS 10). Os arranjos institucionais e algumas políticas públicas bra-
sileiras são reconhecidos mundialmente como exemplo, em que pese os riscos 
de fragilização que podem sofrer com o atual cenário de recessão. Já no âmbito 
legislativo o tema ocupa a agenda parlamentar, haja vista o considerável volume 
de proposições ativas tanto na Câmara dos Deputados como no Senado. No 
entanto, os conteúdos de tais proposições oscilam entre aspectos positivos, que 
buscam reforçar direitos, e negativos, que visam a fragilizá-los. Assim, recomen-
da-se um trabalho contínuo de diálogo, articulação, vigilância e incidência polí-
tica dos agentes que atuam com o tema junto ao Legislativo, de forma a conter as 
medidas de retrocesso e apoiar as de avanço dos direitos.
 Propomos uma leitura alternativa ao ODS 12, que trata sobre o consumo, apre-
sentando dados acerca do uso da internet por crianças e adolescentes brasileiros 
como prática de consumo e possível relação de trabalho. O mercado, com suas 
estratégias de marketing e de publicidade voltadas ao consumo, vem se alte-
rando ao longo dos anos, sobretudo após o advento das tecnologias da infor-
mação e da comunicação (TICs), podendo criar outros fenômenos associados 
ao trabalho infantil. É o que apontamos ao analisar o cenário dos/das youtubers 
mirins, que têm sido utilizados como garotos-propaganda do mercado publici-
tário, colaborando para divulgar marcas. O fenômeno indica o quanto o trabalho 
Trabalho Infantil nos ODS8
infantil tem se modificado na contemporaneidade, exigindo novos olhares para 
seu entendimento.
 A exploração sexual e o tráfico de drogas são duas atividades ilícitas incluídas 
na Lista de Piores Formas de Trabalho Infantil (ODS 16). Porém, os dados sobre 
essas violências não fazem correlação com trabalho. O Disque 100, por exem-
plo, levanta denúncias separadas sobre trabalho infantil e exploração sexual. 
Contudo, eles se cruzam, requerendo uma análise interseccionada, o que é 
pouco investigado. No caso do tráfico, a ausência de correlação é ainda maior; 
não obstante, não encontramos nenhum estudo de base nacional. Dessa forma, 
recomendamos o urgente investimento em pesquisas sobre as atividades ilícitas, 
capazes de gerar dados aprofundados e análises inter-relacionadas.
O cenário brasileiro demonstra que há progressos que devem ser ressaltados, bem 
como desafios a serem vencidos. Isso exige esforço e cooperação entre governo, 
empregadores, trabalhadores, Sistema de Justiça, organizações da sociedade civil, 
organismos internacionais e academia para que o país consiga avançar na Agenda 
2030 e, em especial, apresentar resultados consistentes no cumprimento do ODS 8 e 
da Meta 8.7.
As organizações da sociedade civil têm papel fundamental nesse contexto, tanto no 
sentido de monitorar, analisar e incidir junto ao governo, como no de criar sinergia e 
diálogo entre agentes públicos e privados visando às pactuações necessárias. Têm 
ainda o papel de traduzir números e dados em crianças e adolescentes concretos, 
garantindo que suas vozes ecoem e sejam consideradas nas análises.
A Agenda 2030 afirma ser um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperi-
dade. Ela só vai ser plenamente alcançada quando os direitos de todas e de cada uma 
das crianças e adolescentes forem garantidos.
Trabalho Infantil nos ODS 9
Trabalho Infantil nos ODS10
Trabalho Infantil nos ODS 11
Notas Metodológicas
A metodologia para a realização deste relatório foi baseada na análise de conteúdo, 
utilizando-se várias etapas e estratégias. O primeiro passo foi a leitura de uma série de 
documentos acerca dos ODS, em especial, sobre o Objetivo 8 e a Meta 8.7, para com-
preender como o tema do trabalho infantil se configura nesse contexto.
Outros materiais de leitura incluíram publicações, artigos e textos sobre o atual cená-
rio brasileiro em temas como educação, direitos trabalhistas, gênero etc., de forma a 
constituir uma base reflexiva para análise.
Após essa etapa foi realizado um levantamento preliminar sobre os dados disponíveis 
em diversas bases nacionais, a fim de definir quais Objetivos poderiam ser correlacio-
nados ao ODS 8 e à Meta 8.7. As informações disponíveis nos permitiram elencar os 
seguintes ODSs para análise relacional: ODS 1 (Pobreza), ODS 3 (Saúde), ODS 4 (Edu-
cação), ODS 5 (Gênero), ODS 10 (Desigualdades e Estruturas Legais), ODS 12 (Con-
sumo e Tecnologias), ODS 16 (Violências) e ODS 17 (Parcerias Globais).
As bases pesquisadas incluíram IBGE (Censo e Pnad), Fórum Nacional de Prevenção 
e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), secretarias nacionais e ministérios, orga-
nismos internacionais, organizações da sociedade civil e academia. A coleta foi rea-
lizada de três formas: (i) acessando-se diretamente as bases digitais; (ii) por meio do 
envio de informações via e-mail; e (iii) por meio de entrevistas presenciais.
Priorizou-se utilizar os dados mais recentes possíveis, a fim de conferir atualidade ao 
estudo. Ressalta-se, todavia, que tais dados nos permitiram uma análise sobre um 
contexto determinado e datado, reivindicando uma permanente revisitação e atuali-
zação das informações.
Para a análise do contexto legislativo fizemos uma pesquisa nas bases de dados digi-
tais da Câmara dos Deputados e do Senado, utilizando-se como palavra-chave o 
termo trabalho infantil. As proposições foram lidas transversalmente e depois com-
paradas com o estudo da Fundação Abrinq Caderno Legislativo da Criança e do Ado-
lescente, lançado em 2017, que contém análises de diversos Projetos de Lei voltados 
para o público infantojuvenil. A partir disso destacamos sete proposições para breve 
explanação, além do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre Tra-
balho Infantil, elaborado pela Câmara.
O texto está estruturado conjugando-se a apresentação dos dados a uma breve aná-
lise contextual de todos os ODS destacados.
Trabalho Infantil nos ODS12
Trabalho Infantil nos ODS 13
Análise dos ODS e o 
Tema do Trabalho Infantil
Promover o crescimento econômico sustentado, 
inclusivo e sustentável, emprego pleno e 
produtivo, e trabalho decente para todos
8.3. promover políticas orientadas para o desenvolvimento, que apoiem as ati-vidades produtivas, a geração de emprego decente, o empreendedorismo, 
a criatividade e inovação, e incentivar a formalização e o crescimento das micro, 
pequenas e médias empresas, inclusive por meio do acesso a serviços financeiros.
8.5. até 2030, alcançar o emprego pleno e produtivo e trabalho decente a todas as mulheres e homens, inclusive para os jovens e as pessoas com 
deficiência, e remuneração igual para trabalho de igual valor.
8.6. até 2020, reduzir substancialmente a proporção de jovens sem emprego, educação ou formação.
8.7. tomar medidas imediatas e eficazes para erradicar o trabalho forçado, acabar com a escravidão moderna e o tráfico de pessoas e assegurar a 
proibição e eliminação das piores formas de trabalho infantil, incluindo recruta-
mento e utilização de crianças-soldado, e até 2025 acabar com o trabalho infantil 
em todas as suas formas.
8.8. proteger os direitos trabalhistas e promover ambientes de trabalho segu-ros e protegidos para todos os trabalhadores, incluindo os trabalhadores 
migrantes, em particular as mulheres migrantes, e pessoas com emprego precário.
8.b. até 2020, desenvolvere operacionalizar uma estratégia global para o emprego dos jovens e implementar o Pacto Mundial para o Emprego da 
Organização Internacional do Trabalho.
Dados Fontes 
Gerais sobre trabalho infantil IBGE / Pnad
Por grupamentos de atividades econômicas FNPETI / IBGE / Pnad
Aprendizagem Ministério do Trabalho / Observatório 
Nacional do Mercado de Trabalho / 
Boletim de Aprendizagem Profissional
TRABALHO DE CENTE
E CRESCIMENTO
ECONÔMICO
Trabalho Infantil nos ODS14
O ODS 8 conta com 12 metas (metas 1 a 10 + metas a e b), sendo a Meta 8.7 específica 
sobre trabalho infantil, propósito do presente estudo. No entanto, partimos de uma 
visão mais ampla e sistêmica do trabalho de crianças e adolescentes, compreendendo 
que ele afeta e condiciona uma série de outras questões envolvendo o mundo do tra-
balho. Por isso, abrangemos as metas acima na sua análise, bem como o correlaciona-
mos a outros ODS, como explicado no Resumo Executivo e nas Notas Metodológicas.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), trabalho decente é aquele 
realizado em condição de liberdade, equidade, segurança e dignidade, com respeito 
aos direitos dos trabalhadores, remuneração justa e proteção social para quem tra-
balha e sua família. 
Por essa definição é possível avaliar o quanto o trabalho infantil vai na contra-
mão do trabalho decente. Crianças e adolescentes submetidos ao trabalho fora da 
idade adequada têm menos chance de escolarização e de profissionalização, o que 
impacta suas vidas futuras, uma vez que não terão qualificação suficiente para alcan-
çar melhores postos de trabalho e maior renda na vida adulta. 
Por outro lado, adultos e famílias em situação de trabalho precária, sem a garantia 
plena de direitos, são levados a inserir seus filhos e filhas no mercado também de 
forma precária, num ciclo vicioso e de pobreza intergeracional.
Mas os danos do trabalho infantil vão muito além do plano econômico e produtivo, 
impactando ainda a saúde, a educação e a subjetividade dos sujeitos nele implicados, 
como veremos ao longo deste relatório. A literatura especializada1 aponta que pes-
soas submetidas a trabalho precoce têm sua trajetória de vida marcada por vulnera-
bilidades e poucas oportunidades de desenvolvimento.
Por essa razão o ODS 8 dá ênfase ao trabalho decente para a juventude, justamente 
para que a entrada dos indivíduos no mercado se dê de forma protegida e segura. 
Um/uma jovem com oportunidades de estudo, profissionalização e inserção produ-
tiva qualificados tem mais chances de crescimento profissional, econômico e social. 
Para a OIT, trata-se de construir um ciclo virtuoso, no qual adolescentes e jovens se 
insiram no trabalho de forma protegida, tornando-se adultos com melhores con-
dições de empregabilidade e renda e com a garantia de uma velhice com proteção 
social. Um mercado com mão de obra mais qualificada tem mais chances de garantir 
inovação, competitividade e crescimento ao país.
1. Organismos internacionais como OIT e Unicef, organizações da sociedade civil, como o FNPETI, e o governo federal, como 
os ministérios do Desenvolvimento Social, Saúde e Trabalho, possuem larga bibliografia sobre trabalho infantil. Autores como 
Estrela e Alberto, 2009; Kassouf, 2004; Schwartman, 2004; Alberto, 2002; Sampaio e Ruiz, 1996; e Rizzini, 1996 realizaram várias 
pesquisas demonstrando as consequências da inserção precoce no trabalho.
Trabalho Infantil nos ODS 15
Assim, ressalta-se que o ODS 8 só poderá ser plenamente cumprido pelo Brasil se o 
enfrentamento ao trabalho infantil andar pari passu com a promoção do trabalho decente.
Crianças e 
adolescentes no 
trabalho infantil:
baixa escolaridade, 
problemas de saúde e 
desenvolvimento, falta 
de profissionalização.
Adultos:
mão de obra 
desqualificada, 
desvantagens no 
mercado, trabalhos 
precários.
Pobreza:
Baixo capital social, inserção de 
filhos no trabalho infantil.
Panorama geral do trabalho infantil
No Brasil existem cerca de 60 milhões de crianças e adolescentes de 0 a 18 anos 
(Censo/2010). Destes, 2,7 milhões, com idades entre 5 e 17 anos, trabalhavam em 
2015, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE). 
Na divisão por grupo etário trabalhavam 79 mil meninas e meninos de 5 a 9 anos, 333 
mil de 10 a 13 anos, e 2,3 milhões de 14 a 17 anos. Vale reforçar que a legislação brasi-
leira proíbe o trabalho até 16 anos, salvo na condição de aprendiz a partir dos 14 anos, 
bem como proíbe trabalhos perigosos, insalubres e noturnos até 18 anos.
O nível de ocupação2 de crianças e adolescentes no Brasil era de 6,6% em 2015. A 
região Sul concentrou o maior índice, 8,3%, e a região Sudeste o menor, 5,6%. Já nas 
regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste os percentuais eram, respectivamente, 7,2%, 
7,1% e 6,7%. Isso comprova que o trabalho infantil, ainda que com variações, está pre-
sente em todo o território brasileiro.
2. Percentagem das pessoas ocupadas de um grupo etário em relação ao total de pessoas do mesmo grupo etário (IBGE).
Trabalho Infantil nos ODS16
A Pnad aponta algumas características do trabalho infantil observadas em 2015 cujos 
percentuais têm se repetido, com algumas variações, ao longo dos anos: predo-
minância de meninos, com 66% dos ocupados; taxa de escolarização de 79% para 
ambos os sexos; cerca de 24,6 horas trabalhadas por semana em todos os trabalhos; 
rendimento médio mensal de R$ 515,00 (o salário mínimo em 2015 era de R$ 788,00).
Perfil do trabalho infantil no Brasil 2015
Fonte: Pnad/IBGE, 2015
meninos
66%
taxa de 
escolarização
79%
jornada 
semanal
24,6h
rendimento 
médio
R$ 515,00
atividades 
urbanas
2/3
atividades 
agrícolas
1/3
Cerca de 32% das crianças e adolescentes estavam inseridos na agricultura. Esta ati-
vidade teve maior predominância na faixa etária de 5 a 13 anos, representando 64,7% 
dos ocupados, índice próximo ao de 2014, que foi de 62,1%. O percentual se reduz 
nas faixas etárias mais velhas, com a realização de outros tipos de atividades que não 
a agricultura: 37,5% entre 14 ou 15 anos e 21,4% entre 16 ou 17 anos.
A base de dados para a aferição sobre o trabalho infantil no Brasil é satisfatória, permi-
tindo análise longitudinal. De 1992, quando o IBGE iniciou as pesquisas sobre o tema, 
até 2015, houve uma diminuição de 5,1 milhões de crianças e adolescentes trabalha-
dores no país. 
Esse número reflete o investimento do Estado no enfrentamento da questão, mas 
precisa ser analisado com cautela, uma vez que o percentual daqueles e daquelas 
que ainda trabalham é alto e o ritmo da redução é lento. Isto fez com que o país não 
atingisse a meta de erradicar as piores formas de trabalho infantil até 2016, conforme 
acordo proposto na II Conferência Global sobre Trabalho Infantil, em 2010, e ratifi-
cado na III Conferência Global sobre Trabalho Infantil, em 2013.
Trabalho Infantil nos ODS 17
Crianças e adolescentes, de 5 a 17 anos, 
ocupados no Brasil entre 1992-2015 (milhões)
Fonte: FNPETI (Pnad/IBGE, 2015).
Nota: A PNAD até o ano de 2003 não abrangia a área rural da região Norte (exceto o Tocantins). 
Nos anos de 1994, 2000 e 2010, a Pnad não foi a campo. Projeção (2016 a 2025).
7.773
7.742
7.675
6.606
6.478
6.246
6.252
5.285
5.546
5.172
5.371
5.531
5.206
4.891
4.517
4.317
3.723
3.565
3.187
3.331
2.672
2.597
2.359
2.121
1.883
1.645
1.407
1.170
951
745
546
1992
2002
1997
2006
2012
2017
2021
1995
2004
1999
2008
2014
2019
2023
2025
1993
2003
1998
2007
2013
2018
2022
1996
2005
2011
2016
2001
2009
2015
2020
2024
Em 2014, depois de 7 anos de queda, o trabalho infantil teve um aumento de 4,5% em 
relação a 2013 (Pnad/IBGE). Já em 2015 o decréscimo foi grande, compensando o 
acréscimo do ano anterior. A redução foi de 19,8%, o que significou a retirada de 659 
mil crianças e adolescentes do mercado de trabalho.
Mas a situação permanece preocupante na faixa etária mais nova, entre 5 a 9 anos, 
em que a incidência de trabalhovem crescendo nos últimos 3 anos: em 2013, 61 mil 
crianças nessas idades trabalhavam; em 2014, 70 mil; e em 2015, 79 mil. A região 
Norte foi a única na qual houve decréscimo entre 2014 e 2015, de 36,8%. Nas demais 
regiões houve acréscimo, sendo de 100% no Centro-Oeste, de 50% no Sul, de 32,1% 
no Nordeste e de 13,3% no Sudeste3.
3. Diagnóstico do trabalho infantil no Brasil – Dados da Pnad 2015 e da Rais 2015. Secretaria de Inspeção do Trabalho do 
Ministério do Trabalho (SIT/MTb).
Trabalho Infantil nos ODS18
Aumento do trabalho infantil 
na faixa etária de 5 a 9 anos
Fonte: FNPETI (Pnad/IBGE, 2014)
2013 2014 2015
61 mil
70 mil
79 mil
Ao verificar que as atividades agrícolas são desenvolvidas de forma predominante por 
crianças e adolescentes de até 13 anos, como indica a Pnad, pode-se inferir que esse 
aumento na faixa de 5 a 9 anos ocorreu principalmente no trabalho rural. 
Ressalta-se que, além de essa faixa etária ser proibida de trabalhar por lei, muitas 
atividades agrícolas estão inseridas na Lista das Piores Formas (Lista TIP, Decreto 
6.481/20084, veja mais no ODS 17) por causarem sérias consequências à saúde física 
e psíquica das crianças. 
Cadeias produtivas 
O Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI) publicou 
pesquisa em 2016 (com base na Pnad de 2014) aferindo a situação do trabalho infan-
til em diversos grupamentos de atividades, avaliando como o fenômeno ocorre nas 
muitas etapas das cadeias produtivas. 
De 3,3 milhões de meninas e meninos que trabalhavam em 2014, 30,8% estavam tra-
balhando no grupo de atividades de Agricultura, pecuária, silvicultura, pesca e aqui-
cultura, correspondendo a 7,1% dos ocupados desse grupo. O segundo grupo de 
atividades que mais empregou foi o de Comércio e reparação, representando 23,9% 
dos trabalhadores e 4,4% dos ocupados. Em terceiro lugar figurou o grupo de ativida-
des de Serviços de alojamento, alimentação, transportes, financeiros e imobiliários, 
com 13,9%, totalizando 2,5% dos ocupados.
4. Acesso em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/d6481.htm>
Trabalho Infantil nos ODS 19
É importante registrar que trata-se de crianças e adolescentes trabalhando no cul-
tivo de legumes e hortaliças; na criação de aves e bovinos; no reparo de veículos; na 
venda e demonstração em lojas ou mercados; como ajudante de obras; garçom/
garçonete, copeiro/copeira; atendente; escriturário; auxiliar administrativo; e no 
serviço doméstico. 
Vale ressaltar que muitas dessas atividades estão incluídas na Lista TIP e são proibidas 
para todas as pessoas com menos de 18 anos. E, no entanto, ainda são executadas por 
um percentual elevado de crianças e adolescentes, o que demonstra a necessidade de 
redobrar os esforços para que o Brasil consiga cumprir a Meta 8.7 até 2025.
O maior percentual de crianças e adolescentes ocupados nos grandes grupos de ati-
vidades econômicas e nas diversas etapas das suas cadeias produtivas tem entre 16 
e 17 anos (57,85%); são meninos (65,5%); são negros/as (62,7%); são moradores de 
áreas urbanas (66,9%); estão na escola (80,3%). Do total, 44% trabalham sem carteira 
assinada e 31,3% pertencem a famílias com rendimento médio mensal per capita de 
½ a 1 salário mínimo.
Tal perfil demonstra que o fenômeno tem forte correlação com renda familiar, raça 
e gênero, tornando alguns grupos de meninas e meninos mais vulneráveis a essa 
violação de direitos. Indica também que a universalidade dos direitos humanos de 
crianças e adolescentes precisa ser acompanhada de outro princípio, o da especifici-
dade, a fim de incluir determinados grupos historicamente excluídos. 
Aprendizagem
No Brasil, a aprendizagem é permitida a partir dos 14 anos até os 24 anos (Lei 
10.097/2000, Decreto 5.598/2005). Empresas de grande e médio portes de qual-
quer natureza são obrigadas a contratar aprendizes num percentual mínimo de 5% e 
máximo de 15% dos trabalhadores cujas funções demandem formação profissional. A 
contratação é facultativa apenas para microempresas e empresas de pequeno porte. 
A fiscalização para o cumprimento da cota de aprendizagem está a cargo do Ministé-
rio do Trabalho (MTb).
Mesmo com a lei, o país precisa avançar muito para garantir que mais adolescentes 
e jovens estejam inseridos na aprendizagem (ou no trabalho decente, para aqueles 
acima de 16 anos). De acordo com o Observatório Nacional do Mercado de Traba-
lho, órgão ligado ao MTb (com base na Pnad contínua/IBGE), há no Brasil 1 milhão de 
adolescentes entre 14 e 17 anos desempregados. 
A aprendizagem representa apenas 5% do vínculo formal de trabalho de adoles-
centes e jovens no país. Mas, ainda que o percentual seja pequeno, ela vem cres-
cendo gradualmente desde sua implantação. 
Trabalho Infantil nos ODS20
Em 2005, quando o decreto relativo ao tema entrou em vigor, foram contratados 
57.231 aprendizes, subindo, em 2016, para 388.794 (Boletim de Aprendizagem 
Profissional/MTb, com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais – 
Rais). Somente no primeiro semestre de 2017 foram contabilizados 203.434 apren-
dizes. Somando os 12 anos de vigor da lei, foram contratados 3.051.942 aprendizes 
no Brasil. Salienta-se que este valor abrange a faixa etária de 14 a 24 anos, conforme 
a Lei da Aprendizagem.
Evolução no número de aprendizes de 2005 – 2017 (jan-jul)
Ano Aprendizes admitidos
JAN a JUN 2017
 
203.434
2016 388.794
2015 401.951
2014 404.376
2013 348.381
2012 310.387
2011 264.866
2010 201.097
2009 150.001
2008 134.001
2007 105.959
2006 81.464
2005 57.231
TOTAL 3.051.942
Fonte: Boletim da Aprendizagem Profissional / MTb (Rais 2005 - 2015 / Caged jan. 2016 a jun. 2017).
Trabalho Infantil nos ODS 21
As atividades nas indústrias de transformação foram as que tiveram maior número 
de aprendizes em 2017, segundo o MTb, representando 26,83% (54.588) do total 
de contratos neste ano. Em seguida, com 23,61% (48.029), ficaram as atividades no 
comércio e na reparação de veículos automotores e motocicletas e, na sequência, 
com 11,6% (23.596), as atividades de saúde humana e serviços sociais. 
As atividades na administração pública, defesa e seguridade social ficaram em penúl-
timo lugar no percentual de contratações, representando somente 0,10% (202) do 
total e perdendo apenas para organismos internacionais e outras instituições extra-
territoriais, com 0,02% (46). Destaca-se que a administração pública é um segmento 
grande e presente em todo o território nacional, portanto, com potencial muito 
maior para o cumprimento da aprendizagem.
A ocupação predominante foi de auxiliar de escritório, com 40,89% (82.010), seguida 
da de assistente administrativo, com 17,49% (35.076). Essas duas ocupações respon-
dem por 58% das admissões para aprendizagem. O terceiro lugar foi a de vendedor 
de comércio varejista, com apenas 5,17% (10.369). Embalador, contínuo, trabalha-
dor polivalente na confecção de calçados e ajustador mecânico somaram cada uma 
pouco mais de 1%, representando cerca de 2,5 mil contratações por cada ocupação. 
Assim como no trabalho infantil há um percentual maior de meninos do que de 
meninas (66% e 44%, respectivamente), na aprendizagem também, porém com 
variação menor. Dos cerca de 203 mil aprendizes de 2017, 53,20% (108.237) são do 
sexo masculino e 46,80% (95.197) do sexo feminino.
ODS 1. Acabar com a pobreza em todas 
as suas formas, em todos os lugares
1.1. Até 2030, erradicar a pobreza extrema para todas as pessoas em todos os lugares, atualmente medida como pessoas vivendo com menos de US$ 1,25 
por dia.
1.2. Até 2030, reduzir pelo menos à metade a proporção de homens, mulheres e crianças, de todas as idades, que vivem na pobreza, em todas as suas dimen-
sões, de acordo com as definições nacionais.
1.3. Implementar, em nível nacional, medidas e sistemas de proteção social apropriados, para todos, incluindo pisos, e até 2030 atingir a cobertura 
substancial dos pobrese vulneráveis.
ERRADICAÇÃO
DA POBREZA
Trabalho Infantil nos ODS22
Dados Fontes 
Rendimento médio mensal individual 
e domiciliar per capita
Pnad 2015
Políticas públicas Ministério do Desenvolvimento 
Social / Programa Bolsa Família
Segundo especialistas na área5, uma das causas do trabalho infantil é a situação de 
pobreza e miséria das famílias, o que impele seus filhos e filhas a se inserirem no mer-
cado fora da idade e das condições adequadas. 
Ao verificar-se os dados da Pnad 2015, vê-se que o rendimento médio mensal das 
crianças e adolescentes trabalhadores era de R$ 515,00 e o rendimento médio men-
sal domiciliar per capita de R$ 630,00, isso para um salário mínimo de R$ 788,00 à 
época. Ou seja, os meninos e as meninas trabalhadores eram provenientes de famí-
lias em situação de pobreza. 
Perfil do trabalho infantil no Brasil 2015
Fonte: Pnad/IBGE, 2015
Média mensal 
individual
R$ 515,00
Média mensal 
familiar per capita
R$ 630,00
Dessa forma, erradicar a pobreza e a extrema pobreza, como apontam as metas 1.1 
e 1.2, requer também eliminar o trabalho infantil. Ele é tanto promotor como conse-
quência da pobreza, num ciclo vicioso e intergeracional, como apontamos acima. É 
promotor porque impede que meninos e meninas se desenvolvam de forma plena e 
protegida e que, quando adultos, tenham um trabalho decente. É consequência por-
que cristaliza a exclusão social, mantendo indivíduos e famílias em situação vulnerável.
5. OIT, Unicef, FNPETI, ministérios do Desenvolvimento Social e do Trabalho contam com relevantes dados sobre trabalho 
infantil, correlacionando suas causas e, dentre elas, a pobreza. 
Trabalho Infantil nos ODS 23
Cabe ressaltar ainda que a pobreza não pode ser lida apenas pelo viés econômico, 
devendo se somar a ela questões como acesso a saneamento, esgotamento, ilumi-
nação, moradia, segurança, educação, cultura, transporte etc. De caráter multidi-
mensional, ela só pode ser superada se todos os seus condicionantes também o forem. 
Por exemplo, o Censo de 2010 estimou que 4,9 milhões (7%) de crianças e adolescen-
tes moravam em favelas e 49 milhões de pessoas viviam em domicílios sem sanea-
mento básico adequado (relação com o ODS 11, sobre cidades). Assim, um contexto 
vulnerável é facilitador para que violações, como o trabalho infantil, ocorram. 
Essa assertiva é importante para se analisar os dados do Censo, apontando que, em 
2010, 81% de meninos e meninas de 10 a 15 anos pertenciam a famílias com renda per 
capita maior que R$ 140,00 (famílias em que a média de renda de todos os seus mem-
bros não ultrapasse esse valor), acima da linha de corte do Programa Bolsa Família6 na 
ocasião. Em 2017, a linha de corte foi de R$ 170,00.
Tal percentual mostra uma discreta melhoria da situação de pobreza, se considerada 
em sua dimensão econômica, mas não sua superação, uma vez que a renda continua 
muito baixa e as condições socioeconômicas são de vulnerabilidade (de moradia, de 
saneamento, de acesso a escolas etc.).
Somada à pobreza, deve-se compreender como o capitalismo se consolidou no 
século 21 por meio do investimento cada vez maior no consumo e que, no Brasil, tem 
sido utilizado como política de crescimento econômico e de indicador de redução 
da pobreza, porém sem agregar acesso aos serviços básicos, como destacado acima.
Nesse cenário, crianças e adolescentes trabalham para sobreviver, mas também 
para ter acesso a bens de consumo, num mercado que impõe essa lógica como 
condição de distinção, de valor e de símbolo. Como qualquer pessoa da sua idade, 
adolescentes de famílias com baixa renda também querem adquirir bens de con-
sumo como forma material e simbólica de existência social.
Políticas públicas
São inegáveis os avanços do Brasil nos últimos anos para o enfrentamento da pobreza. 
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (com dados compilados da Pnad), o 
percentual de famílias vivendo na pobreza em 1991 era de 31,1%, contra 7% em 2014, e 
de famílias na extrema pobreza de 13,5% em 1991, contra 2,5% em 2014.
6. Programa Bolsa Família: criado em 2003, visa à transferência direta de renda às famílias na pobreza e extrema pobreza e tem 
como condicionalidades para o recebimento do benefício frequência à escola e a posto de saúde (vacinação e outras questões 
de saúde) para filhos e filhas das beneficiárias, preferencialmente mulheres. 
Trabalho Infantil nos ODS24
No grupo de crianças e adolescentes a redução da pobreza ocorreu de forma mais 
acentuada: de 0 a 3 anos caiu de 16,9% para 2,3%; de 4 a 5 anos de 15,6% para 2,3%; de 
6 a 14 anos de 15% para 2,3%; e de 15 a 17 anos de 12,3% para 1,6%.
Famílias vivendo pobreza no Brasil entre 1991-2014
Fonte: MDS/Pnad.
1991
2014
31,1%
7%
pobreza
1991
2014
13,5%
2,5%
Extrema pobreza
Porém, as desigualdades e a distribuição de renda permanecem como desafio. A 
organização da sociedade civil Oxfam Brasil lançou um relatório em 2017 apontando 
que o 1% mais rico da população recebe, em média, mais de 25% de toda a renda 
nacional e os 5% mais ricos recebem o mesmo que os demais 95% da população7. 
O país possui o 3º pior índice de Gini na América Latina e Caribe e é a 10ª nação mais 
desigual do mundo, num ranking de mais de 140 países.
Em relação à oferta de serviços públicos, em que pese a melhoria contínua ao longo 
dos anos, a situação de desigualdade também é grande, de acordo com a Oxfam. 
Enquanto os 5% mais ricos possuem cobertura de 94% de água e de 80% de esgoto, 
os 5% mais pobres contam com 62% de água e com 25% de esgoto.
Dentre as políticas responsáveis pela redução da pobreza podemos citar o Plano Bra-
sil Sem Miséria e programas como o Bolsa Família, Água para Todos e Luz para Todos8. 
O Programa Bolsa Família (PBF) contribui para o enfrentamento da pobreza na 
medida em que garante uma renda mínima para as famílias e condiciona a frequência 
de seus filhos e filhas à escola. 
7. A Distância que nos Une. Um Retrato das Desigualdades Brasileiras. Oxfam Brasil, setembro de 2017. 
8. Plano Brasil Sem Miséria (BSM): criado em 2011, visa a retirar famílias da extrema miséria, aliando garantia de renda, acesso a 
serviços públicos e inclusão produtiva. Os programas abaixo compõem o BSM:
Programa Água para Todos: criado em 2011, visa a promover a universalização do acesso à água em áreas rurais, com prioridade 
para famílias em situação de pobreza e extrema pobreza.
Programa Luz para Todos: criado em 2003, visa a ampliar o acesso à energia elétrica gratuita de famílias que vivem em áreas rurais.
Trabalho Infantil nos ODS 25
No entanto, impactou pouco a redução do trabalho infantil, uma vez que não há, na 
lei que criou o programa, a condicionalidade de retirada de crianças e adolescentes 
da situação de trabalho. 
O cenário de 2017 é preocupante, pois o governo federal impôs cortes em diver-
sas políticas sociais. Levantamento feito pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos 
(Inesc) aponta cortes de 11% no PBF, de 69% nos programas de promoção e defesa dos 
direitos de crianças e adolescentes e de 85% no programa de segurança alimentar9.
O governo cortou ainda cerca de meio milhão de beneficiários do Bolsa Família em 
2017, a maior redução desde a implantação do programa, em 2003. O Ministério do 
Trabalho (MTb) também sofreu corte de recursos, o que tem prejudicado as ações de 
fiscalização do trabalho infantil e do trabalho escravo10. 
ODS 3. Assegurar uma vida saudável e promover 
o bem-estar para todos, em todas as idades
3.4. até 2030, reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis por meio de prevenção e tratamento, e promover a saúde 
mental e o bem-estar.
3.9. até 2030, reduzir substancialmente o número de mortes e doenças por produtos químicos perigosos e por contaminação e poluição do ar, da água 
e do solo.
Dados Fontes 
Doenças e agravos de saúde Ministério da Saúde / Sistema de 
Informação de Agravos de Notificação
Acidentes Ministério da Saúde/ Sistema de 
Informação de Agravos de Notificação
9. Dados acessados em: http://www.inesc.org.br/noticias/noticias-do-inesc/2017/setembro/orcamento-2018- 
brasil-a-beira-do-caos 
10. Dados acessados em: <https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2017/08/19/governo-paralisa-combate-a- 
trabalho-escravo-e-infantil-por-falta-de-verba/> e <http://www.fnpeti.org.br/noticia/1776-falta-de-recursos-federais- 
ameaca-a-fiscalizacao-de-trabalhos-infantil-e-escravo-em-santa-catarina.html>.
SAÚDE E
BEM-ESTAR
Trabalho Infantil nos ODS26
A Vigilância em Saúde do Trabalhador, área do Ministério da Saúde, aponta algumas 
características de crianças e adolescentes que são incompatíveis com o trabalho fora 
da idade adequada. Seu sistema osteomuscular não é completamente desenvolvido, 
o que propicia deformações ósseas e dor na coluna vertebral. 
No sistema respiratório, sua ventilação pulmonar é reduzida, causando maior absor-
ção de substâncias tóxicas. A visão periférica é menor, provocando mais acidentes de 
trabalho, e há maior sensibilidade ao ruído, causando doenças como Perda Auditiva 
Induzida por Ruído (Pair).
Tais características corroboram a proibição do trabalho infantil, que compromete 
a saúde e põe em risco a vida de meninas e meninos. O Sistema Nacional de Agra-
vos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde (MS), contabiliza a morte por 
acidentes de trabalho de 196 crianças e adolescentes, de 5 a 17 anos, entre 2007 
e 2016. Os estados com maior número de óbitos foram Paraná (37), São Paulo (35) e 
Minas Gerais (25). Somente Acre e Roraima não tiveram nenhuma morte no período.
Já os acidentes de trabalho vitimaram 21.554 meninas e meninos de 5 a 17 anos ao 
longo dos últimos 10 anos (2007-2016). Os mesmos estados que lideraram os casos 
de morte ficaram à frente em número de acidentes. Porém, São Paulo teve números 
muito superiores a Paraná e Minas Gerais, respectivamente 12.163, 1.790 e 1.489 casos.
Os acidentes ocorreram sobretudo na faixa entre 14 e 17 anos, com 20.924 casos, 
enquanto na faixa de 5 a 13 anos foram 630. As ocupações nas quais ocorreram mais 
acidentes na faixa de 14 a 17 anos foram: atendente de lanchonete (1.073), embalador 
a mão (1.047) e repositor de mercadorias (843). Na faixa de 5 a 13 anos foram: traba-
lhador agropecuário em geral (36), servente de obras e pedreiro (cada uma com 19 
casos) e açougueiro (13).
Além da proibição pela faixa de idade, algumas ocupações fazem parte da Lista TIP. 
A mão é a parte do corpo mais atingida pelos acidentes de trabalho, com 8.313 casos 
entre pessoas de 14 e 17 anos e 230 entre 5 e 13 anos. Outros membros superiores 
(braços, antebraços e ombros, porém, sem especificação de qual destes, pelo Sinan) 
figuraram em segundo lugar, com 3.184 casos entre pessoas de 14 a 17 anos e 84 
entre 5 a 13 anos.
Duas outras informações demonstram que o fenômeno representa uma barreira para 
o cumprimento da meta 3.9 do ODS 3, relativa à contaminação. Um total de 2.081 
crianças e adolescentes sofreram intoxicação por agentes tóxicos diversos entre os 
anos de 2007 e 2016, segundo o Sinan/MS. Foram 672 casos de intoxicação por agro-
tóxico agrícola, 196 por produtos químicos e 124 por produtos de uso domiciliar.
Trabalho Infantil nos ODS 27
Parte do corpo atingida em acidentes de trabalho com 
crianças e adolescentes de 5 a 17 anos, de 2007-2016
Fonte: SINAN/SVS/MS. 14-17 anos 5-13 anos
125
4
187
4
416
8
438
24
807
17
1.055
40
1.639
57
1.876
2.453
3.184
8.313
67
74
230
84
P
A
R
T
E
 D
O
 C
O
R
P
O
 A
T
IN
G
ID
O
 (N
)
Pescoço
Olho
Todo o corpo
Membro inferior
Mão
Tórax
Cabeça
Membro superior
Abdome
Pé
Outro
ocupação (N) faixa etária (anos)
5-13 14-17
Ignorado / Branco 21 (3,33%) 431 (2,06%)
Total 630 (100%) 20.924 (100%)
Chama atenção ainda o volume de casos de meninas e meninos vítimas de aciden-
tes causados por animais peçonhentos, somando 12.106 ocorrências (2007-2014, 
Sinan/MS). Foram 6.506 acidentes causados por serpentes, 3.086 por escorpiões e 
1.352 por aranhas.
Em termos de notificação de agravos à saúde de crianças e adolescentes causados 
pelo trabalho figuraram, em primeiro lugar, acidentes de trabalho graves (21.554), 
seguidos de acidentes por animais peçonhentos (12.106) e de intoxicação por agro-
tóxicos, produtos químicos, plantas e outros (2.081).
Tais dados atestam como o trabalho de meninas e meninos é contrário ao estabele-
cido pela meta 3.4 do ODS 3, pois é causador de mortes prematuras, de adoecimen-
tos e de acidentes, comprometendo o bem-estar físico e subjetivo dos sujeitos. É, 
portanto, mais um fator a se somar ao ciclo vicioso do trabalho infantil.
Trabalho Infantil nos ODS28
ODS 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa 
de qualidade, e promover oportunidades de 
aprendizagem ao longo da vida para todos
4.1. até 2030, garantir que todas as meninas e meninos completem o ensino pri-mário e secundário livre, equitativo e de qualidade, que conduza a resulta-
dos de aprendizagem relevantes e eficazes.
4.2. até 2030, garantir que todos os meninos e meninas tenham acesso a um desenvolvimento de qualidade na primeira infância, cuidados e educação 
pré-escolar, de modo que estejam prontos para o ensino primário.
Notificações de agravo à saúde de crianças e adolescentes 
de 5 a 17 anos, causadas pelo trabalho, entre 2007-2016
Agravos  2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Total
Acidente Trab. Grave 459 867 1179 1965 2972 3517 3716 3433 2824 622 21554
Acidente por Animais 
Peçonhentos
1707 1556 1553 1411 1325 1220 1166 1058 825 285 12106
Distúrbio 
Osteomuscular Relac. 
ao Trab. – Dort
3 10 8 10 14 20 20 19 21 4 129
Intoxicação Exógena 
(agrotóxicos, prod. 
químico, plantas 
e outros) 
154 185 180 191 222 226 292 296 280 55 2081
Dermatose 
Ocupacional
6 10 5 7 4 5 5 4 4 1 51
Pneumoconiose 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 3
Transtorno Mental 2 1 1 3 2 1 0 3 2 0 15
Perda Auditiva 
Induzida por 
Ruído - PAIR
0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
Câncer 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 2
TOTAL 2331 2629 2926 3587 4540 4989 5199 4814 3957 970 35942
Fonte: Sinan / SVS / MS.
QUALIDADE
EDU CAÇÃO DE
Trabalho Infantil nos ODS 29
4.5. até 2030, eliminar as disparidades de gênero na educação e garantir a igualdade de acesso a todos os níveis de educação e formação profissional 
para os mais vulneráveis, incluindo as pessoas com deficiência, os povos indígenas e 
as crianças em situação de vulnerabilidade.
4.7. até 2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habili-dades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, 
entre outros, por meio da educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de 
vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de gênero, promoção de uma cultura 
de paz e não-violência, cidadania global, e valorização da diversidade cultural e da 
contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável.
Dados Fontes 
Matrículas do Ensino Básico MEC / Inep / Censo Escolar
Crianças e adolescentes fora da escola IBGE / Pnad
Unicef
Crianças e adolescentes que estudam e 
trabalham (frequência e desempenho escolar)
Fundação Telefônica Vivo
Pesquisa acadêmica
IBGE / Censo
Políticas públicas Ministério da Educação / Coordenação 
Geral de Acompanhamento da 
Inclusão Escolar / Programa 
Novo Mais Educação
O Brasil avançou muito nos últimos anos no direito à educação. O Censo Escolar 
(Inep/MEC) contabilizou, em 2016, um total de 48.817.479 matrículas na educação 
básica, abrangendo ensino regular, especial e/ou educação de jovens e adultos. Há 
equilíbrio de gênero, com as vagas sendo preenchidas de forma quase igual entre 
meninas (24.010.9040) e meninos (24.806.575).
Apesar disso, o número de crianças e adolescentes fora da escola ainda é muito alto. 
A Pnad (IBGE) aponta que 2.802.258 estavam fora da escola em 2015. Os grupos 
mais excluídos foram das crianças de 4 e 5 anos (821.595) e das/dos adolescentes de 
15 a 17 anos (1,5 milhão).No grupo de 6 a 14 anos eram 387.510 meninas e meninos.
Trabalho Infantil nos ODS30
Crianças e adolescentes fora da escola
Fonte: Pnad/IBGE, 2015.
4 e 5 anos
821.595
6 a 14 anos
387.510
15 a 17 anos
1.593.151
Segundo o Unicef11, a exclusão escolar atinge sobretudo crianças e adolescentes em 
situação de vulnerabilidade, com 53% delas vivendo em domicílios com renda per 
capita de até ½ salário mínimo. A situação de pobreza, como vimos no ODS 1, é moti-
vadora para o trabalho infantil, bem como para a exclusão escolar. 
A fim de ajudar na renda familiar, muitas vezes esse grupo acaba abandonando a 
escola para trabalhar. Tanto que a Pnad de 2015 indicou que 20% dos trabalhadores 
infantis não estudavam. Certamente eles fazem parte do montante dos 2,8 milhões 
de excluídos da escola. Assim, o trabalho infantil pode ser apontado como um dos 
motivos de exclusão escolar. 
De acordo com pesquisa da Fundação Telefônica / Vivo12, o trabalho infantil aumenta 
em 22,6% a evasão à escola. A não frequência, segundo a Fundação, está diretamente 
relacionada à jornada de trabalho. Por exemplo, crianças e adolescentes com jor-
nada de menos de 14 horas semanais têm 6,4% de não frequência escolar; com jor-
nada de 36 horas ou mais a não frequência é de 39,2%. 
A literatura especializada indica que o trabalho infantil dificulta não só o acesso como a 
permanência e o sucesso escolar. O estudo da Telefônica / Vivo comprova essa asser-
tiva ao apontar que o fenômeno reduz em 24,2% o progresso educacional e em 17,2% a 
aprovação escolar. A economista Ida Bojicic Ono (2015) realizou pesquisa para avaliar o 
desempenho escolar de crianças e adolescentes que estudam e trabalham, atestando 
que eles têm rendimento até 10% menor em relação aos que não trabalham13.
11. Cenário da Exclusão Escolar no Brasil. Unicef, 2017.
12. Trabalho Infantil e Adolescente. Impactos Econômicos e os Desafios para a Inserção de Jovens no Mercado de Trabalho no 
Cone Sul. Fundação Telefônica / Vivo.
13. Em pesquisa de mestrado, Ono analisou o impacto do trabalho infantil no desempenho escolar de crianças e adolescentes 
que estudam e trabalham no período de 2007 a 2011. Foram analisados microdados sobre proficiência em Matemática e 
Português da Prova Brasil / Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e do Exame Nacional do Ensino Médio 
(Enem). A autora conclui que o trabalho tem efeitos negativos no desempenho acadêmico desse grupo, e o efeito é pior para 
Trabalho Infantil nos ODS 31
Consequências do trabalho infantil na educação
Fonte: Fundação Telefônica / Vivo.
Aumento da 
evasão escolar
+22,6%
Redução do progresso 
educacional
-24,2%
Redução da 
aprovação escolar
-17,2%
A conciliação de estudo e trabalho se intensifica com o avanço da idade (Censo / 
IBGE, 2010): com 14 anos 4,9% estudam e trabalham; com 15 anos 8,3%; com 16 anos 
13,5%; com 17 anos 16,8%. A maioria esmagadora desses meninos e meninas trabalha 
em condições precárias, sem carteira assinada ou por conta própria. 
Ao observar a taxa de distorção idade-série no Ensino Fundamental, 19%, e no 
Ensino Médio, 27% (Pnad, 2015), vê-se que é justamente na faixa etária de transição 
entre a adolescência e a juventude/idade adulta que adolescentes ingressam no 
mercado de trabalho, muitas vezes de forma precária e com dificuldades escolares.
Histórica e culturalmente o trabalho infantil tem sido entendido por uma parcela da 
sociedade como educativo, proporcionando aprendizados para a vida. No entanto, 
os dados acima descritos desmontam esse argumento e comprovam que ele está 
mais no imaginário cultural e simbólico de algumas pessoas do que na realidade 
material. No longo prazo, inclusive, o trabalho infantil reduz a capacidade de acú-
mulo de capital humano, social e econômico.
Políticas públicas
O Programa Bolsa Família (PBF) é uma das estratégias do governo federal não apenas 
para redução da pobreza como também para enfrentar o trabalho infantil, embora 
nesse item o impacto seja modesto. Uma das condicionalidades do programa é a fre-
quência escolar de crianças e adolescentes cujas famílias são beneficiárias. 
aqueles que trabalham fora do próprio domicílio ou que conciliam trabalho fora do próprio domicílio e afazeres domésticos, 
comparado aos que trabalham somente no domicílio. Referências completas no item Referências Bibliográficas.
Trabalho Infantil nos ODS32
Na faixa etária de 6 a 15 anos a frequência deve ser 85% e na faixa de 16 e 17 anos deve 
ser de 75%. O acompanhamento é feito ao longo de cinco períodos do ano pelo MEC 
(Coordenação Geral de Acompanhamento da Inclusão Escolar, Secretaria de Educa-
ção Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão). 
Segundo o Ministério, 152 mil escolas em 2016 tinham ao menos um beneficiário 
do PBF. Nos meses de junho e julho desse mesmo ano foram acompanhados 13,9 
milhões de estudantes com frequência escolar registrada, dos quais 739 mil (5,3%) 
não atingiram a frequência mínima. 
O trabalho infantil é um dos motivos para a baixa frequência escolar e somou 691 
casos. Deste total somente 124 crianças e adolescentes receberam acompanha-
mento socioassistencial, o que é preocupante, uma vez que outros 567 podem ter 
ficado sem acesso a políticas públicas para reversão dessa situação.
Outro programa do MEC (Secretaria de Educação Básica) é o Novo Mais Educação, 
que pode contribuir para diminuir a incidência de trabalho infantil, na medida em que 
amplia a permanência dos alunos na escola. Cerca de 35 mil escolas estavam cadas-
tradas no programa em 2017, somando 3,8 milhões de alunos.
Como se pode ver, o ODS 8 (Trabalho) tem estreita relação com o ODS 4 (Educação), 
o ODS 1 (Pobreza), o ODS 3 (Saúde) e o ODS 10 (Desigualdades e Estruturas Normati-
vas, que veremos mais a frente), demonstrando necessidade de uma visão sistêmica 
para compreender o trabalho infantil como fenômeno multicausal.
Reforça-se o alerta feito mais acima, na análise do ODS 1, sobre medidas do governo 
federal, tomadas sobretudo em 2017, que podem fragilizar as políticas sociais. O teto 
dos gastos públicos impacta sobremaneira a educação, ao dificultar o cumprimento 
do Plano Nacional da Educação (PNE). 
Segundo a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, nenhuma das metas e 
estratégias do PNE com prazo para 2015, 2016 e 2017 foi cumprida. Isso sem contar 
os 11% de corte no Programa Bolsa Família (Inesc), que pode ter impacto sobre a fre-
quência escolar.
Trabalho Infantil nos ODS 33
ODS 5. Alcançar a igualdade de gênero e 
empoderar todas as mulheres e meninas
5.1. acabar com todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas em toda parte.
5.4. reconhecer e valorizar o trabalho de assistência e doméstico não remu-nerado, por meio da disponibilização de serviços públicos, infraestrutura e 
políticas de proteção social, bem como a promoção da responsabilidade comparti-
lhada dentro do lar e da família, conforme os contextos nacionais.
Dados Fontes 
Trabalho por gênero IBGE / Pnad
Trabalho infantil doméstico IBGE / Pnad
FNPETI
Os dados gerais sobre trabalho infantil demonstram que ele atinge os meninos (66% 
Pnad, 2015) em proporção maior que as meninas. No entanto, a situação das meninas 
precisa ser melhor contextualizada, uma vez que o trabalho agrega outros elementos 
de gênero e violências que condicionam suas vidas.
As desigualdades e discriminações de gênero acompanham a vivência laboral de 
meninas e mulheres em todas as suas etapas de vida. A Pnad de 2015 mostra que em 
termos proporcionais as mulheres recebem cerca de 76,1% do rendimento do traba-
lho dos homens. Enquanto o rendimento médio mensal dos homens de 15 anos ou 
mais de idade foi de R$ 2.058, o das mulheres, mesma faixa de idade, foi de R$ 1.567.
A pesquisa do FNPETI sobre as cadeias produtivas, com base nos dados da Pnad de 
2014, assinala que dos oito grupos de atividades levantados, apenas dois têm predo-
minância de meninas:Serviços domésticos, formado por 94,1% de mão de obra femi-
nina, e Serviços da Administração pública, educação, saúde, serviços sociais, coleti-
vos e pessoais, com 65,6%. 
Ao correlacionar a categoria raça, vemos que 62,7% de todo o trabalho infantil era 
desempenhado por negros/as (pretos e pardos), e que, destes, a maior concentração 
estava no grupo dos Serviços Domésticos, com 73,5%. Some-se a isso o rendimento 
médio do trabalho infantil, que foi de 72,1% do salário mínimo de 2014. 
DE GÊNERO
IGUALDADE
Trabalho Infantil nos ODS34
Ou seja, o trabalho infantil doméstico tem perfil definido, majoritariamente formado 
por meninas, negras e pobres. Especialistas14 argumentam que gênero, raça e renda são 
categorias que se entrelaçam, impactando na produção das violências e violações de 
direitos. Ser menina com essas especificidades pode representar uma barreira ao seu 
desenvolvimento e ao acesso a direitos – o trabalho infantil doméstico é prova disso.
Perfil do trabalho infantil doméstico no Brasil 2014
 Fonte: FNPETI (Pnad/IBGE, 2014).
formado por 
meninas
94,1%
negras/os
73,5%
do salário mínimo 
é recebido
72,1%
ainda cuidavam dos 
afazeres domésticos
83,1%
Outra questão importante levantada pela pesquisa das cadeias produtivas é que 
daqueles/as trabalhadores/as em atividade em 2014, 58,9% se ocupavam também 
dos afazeres domésticos. O grupo de atividades no qual essa ocupação foi maior 
era formado pelos Serviços domésticos, com 83,1% de trabalhadores/as (145.265). 
Assim, é possível aferir que as meninas, além de trabalharem como domésticas, 
cuidam de suas casas. Somando-se a escola, elas exercem tripla jornada, entre tra-
balho, afazeres domésticos e estudo.
Ao se analisar anos anteriores é possível verificar a persistência do fenômeno. O 
FNPETI realizou outro estudo, tendo como base a Pnad 2012-2013, com foco espe-
cífico no trabalho infantil doméstico. Em 2013, 94,2% do total de crianças e adoles-
centes inseridos nesse tipo de ocupação era formado por meninas.
14. Scott, 1989; Safiotti, 1997; Madeira, 1997; Oliveira, 2009; Lima, 2010. 
Trabalho Infantil nos ODS 35
O perfil das trabalhadoras/es infantis domésticos no Brasil em 2013 era semelhante 
ao de anos posteriores: 73,4% negras/os (156.793); 80,2% residiam em zona urbana 
(171.233); 80% estudavam (170,8 mil); 81,2% ainda se ocupavam dos afazeres domés-
ticos; maior concentração na faixa de 16 e 17 anos; rendimento médio mensal esti-
mado em R$ 236,00, o equivalente a 34,8% do salário mínimo do período.
O rendimento médio per capita nas famílias em que havia ao menos uma criança e/
ou adolescente trabalhando no serviço doméstico era de R$ 432,00, enquanto nas 
famílias em que o trabalho não era doméstico era de R$ 561,00; isso para um salá-
rio mínimo, em 2013, de R$ 678,00. Ou seja, se o trabalho infantil já tem a pobreza 
como um determinante, na atividade doméstica essa determinação é ainda maior.
O estudo aponta que, em termos estatísticos, o trabalho infantil doméstico vem tendo 
uma lenta diminuição. Entre 2008 e 2013 a redução foi de 113 mil casos (34,5%). No 
entanto, em termos de variação da taxa de ocupação a redução foi pequena – passou 
de 7,2% em 2008 para 6,7% em 2013, o que representa 0,5% de variação. 
Tal redução pode ser atribuída à aprovação da Lista TIP, na qual o trabalho infantil 
doméstico foi incluído. 
Ressalta-se que seus prejuízos incluem problemas de saúde (lesões por esforço 
repetitivo, problemas de coluna por carregar peso etc.), perigo de acidentes (queima-
duras em fogões e ferros, cortes com facas etc.), intoxicações (por produtos de lim-
peza), defasagem escolar (devido à dificuldade em conciliar trabalho doméstico, afa-
zeres domésticos e atividades escolares) e risco de assédio sexual.15. 
Mas há também uma questão de gênero fundamental. A permanência das meninas 
no espaço privado e com a função de cuidado é relegá-las, como diz Braslasvki 
(1985), à “domesticidade excludente”. Ficar confinadas à vida privada, em seus lares 
ou de outros, e com atividades produtivas estritamente ligadas ao cuidado doméstico 
e de terceiros, é negar-lhes outras possibilidades de vivências subjetivas, comunitá-
rias, sociais e políticas. 
15. Informações acessadas também em: < http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-lima/-
--ilo-brasilia/documents/publication/wcms_233908.pdf> e < http://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/noticias/
materias/o-perigo-trabalho-infantil-domestico-dentro-e-fora-de-casa/> 
Trabalho Infantil nos ODS36
ODS 10. Reduzir a desigualdade 
dentro dos países e entre eles
10.3. garantir a igualdade de oportunidades e reduzir as desigualdades de resultado, inclusive por meio da eliminação de leis, políticas e práticas 
discriminatórias e promover legislação, políticas e ações adequadas a este respeito.
10.4.adotar políticas, especialmente fiscal, salarial e de proteção social, e alcançar progressivamente maior igualdade.
Dados Fontes 
Normativas sobre trabalho infantil Leis, decretos e convenções
Políticas públicas de proteção social 
e inspeção do trabalho
MDS / Secretaria Nacional de 
Assistência Social / Departamento de 
Proteção Social Especial / AEPETI
MTb / Secretaria de Inspeção do 
Trabalho / Divisão de Erradicação 
do Trabalho Infantil
Proposições legislativas federais Câmara dos Deputados
Senado
Fundação Abrinq
A redução das desigualdades passa pela construção e a implementação de marcos 
legais que garantam os direitos humanos, inclusive o direito ao não trabalho para crian-
ças e adolescentes. O Brasil tem normativas avançadas contra o trabalho infantil que o 
torna referência mundial. Mas o não cumprimento efetivo das normas tem compro-
metido a sustentabilidade dos avanços alcançados. Há ainda constantes tentativas 
legislativas de alteração das regras hoje vigentes, ameaçando os direitos conquistados.
Do ponto de vista normativo podemos citar: 
 Artigo 7°, inciso XXXIII, da Constituição Federal, que estabelece a idade mínima; 
 Artigo 67, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que veda determinados 
tipos de atividades; 
 Convenção 138, da OIT, ratificada pelo Brasil pelo Decreto 4.134/2002 e que 
trata da idade mínima para o trabalho; 
REDUÇÃO DAS
DESIGUALDADES
Trabalho Infantil nos ODS 37
 Convenção 182, da OIT, ratificada pelo Brasil pelo Decreto 6.481/2008 e que 
trata da Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP); 
 Lei 10.097/2000, Decreto 5.598/2005, que trata da aprendizagem.
Destaca-se ainda a Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil (Conaeti), 
coordenada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTb)16, responsável por articular 
as políticas públicas nesse tema e por elaborar, monitorar e avaliar o Plano Nacional 
de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente Traba-
lhador. O Plano orienta as principais ações a serem implementadas pelo governo, os 
empregadores, os trabalhadores e a sociedade civil.
No âmbito das políticas públicas pode-se elencar quatro temas prioritários: saúde e 
educação, já abordados nos ODS 3 e ODS 4, respectivamente; proteção social, par-
cialmente abordado no ODS 1, com o programa Bolsa Família, mas complementado 
nesta seção; e a inspeção do trabalho infantil.
Proteção social
O AEPETI (Ações Estratégicas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) é 
uma estratégia de articulação das políticas públicas e da rede de proteção da infância 
e adolescência que visa retirar meninas e meninos de até 16 anos de situações de tra-
balho infantil. 
A iniciativa, coordenada e cofinanciada pelo Ministério do Desenvolvimento Social 
(MDS)17, envolve transferência de renda (Bolsa Família), proteção às famílias e oferta 
de serviços socioassistenciais para meninas e meninos, executados pela política de 
Assistência Social, em parceria com Saúde, Educação, Cultura, Esporte etc. 
Implementado em 1996 com o nome de PETI, ele foi redesenhado em 2014 (jácomo 
AEPETI) como resposta a um acordo firmado pelo Brasil, durante a III Conferência 
Global sobre Trabalho Infantil, ocorrida em Brasília, em 2013, para acelerar o ritmo de 
redução do fenômeno no país. 
16. A Conaeti, criada em 2003, é um organismo quadripartite composto por representantes do poder público, dos 
empregadores, dos trabalhadores, da sociedade civil organizada e de organismos internacionais, sob a coordenação do 
MTb, com finalidades específicas como a elaboração do Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e a 
verificação da conformidade das Convenções 138 e 182 da OIT com os diplomas vigentes.
17. Para saber mais sobre o PETI e seu redesenho acesse: <http://www.mds.gov.br/cnas/legislacao/resolucoes/
arquivos-2013/resolucoes-cnas-2013/> e <http://www.mds.gov.br/cnas/legislacao/resolucoes/arquivos-2014/
resolucoes-cnas-2014/>.
Trabalho Infantil nos ODS38
O AEPETI atua em cinco eixos: 1. Informação e mobilização (campanhas, grupos 
de trabalho); 2. Identificação (busca ativa e inclusão no CadÚnico18); 3. Proteção 
(transferência de renda e inclusão nos serviços públicos); 4. Defesa e responsabili-
zação (fiscalização, autuação dos empregadores e medidas protetivas às famílias); e 
5. Monitoramento (planejamento das ações e sistema de monitoramento – Simpeti). 
Destaca-se o papel central da rede socioassistencial na oferta dos serviços articu-
lados pelo AEPETI visando à proteção das famílias e ao atendimento de crianças e 
adolescentes19. Tais serviços incluem ações de prevenção e/ou retirada de meninas e 
meninos do trabalho, bem como a oferta de atividades socioeducativas, atendimento 
e encaminhamento das famílias para diferentes serviços públicos e articulação das 
outras políticas da rede de proteção.
Atualmente, 958 municípios, incluindo as capitais dos 26 estados, mais o Distrito 
Federal, participam do AEPETI, cujas ações nos eixos acima devem ser executadas 
em 3 anos, entre 2014 e 2017. 
Ao se observar os dados gerais sobre trabalho infantil, como visto no ODS 8, argu-
menta-se que o Brasil ainda tem um longo caminho para conseguir acelerar o 
ritmo de redução e cumprir a Meta 8.7, sobretudo no atual momento, em que as 
políticas públicas sociais estão sob ameaça de fragilização, como já comentado 
neste texto. 
O movimento Mais SUAS para mais brasileiros, composto por cidadãos e organiza-
ções em defesa da proteção social, afirma que a proposta orçamentária da Assistên-
cia Social para 2018, elaborada pelo Conselho Nacional da Assistência Social, foi de 
R$ 59 bilhões. Porém, o Ministério do Planejamento estabeleceu o limite de R$ 78 
milhões para o mesmo ano, o que corresponde a 0,13% do previsto20.
Fiscalização do trabalho infantil
A fiscalização do trabalho infantil realizada pelo Ministério do Trabalho (MTb) teve 
uma contribuição histórica para a redução nos índices brasileiros e permanece como 
uma das ações governamentais mais importantes para o enfrentamento do pro-
blema. Seu objetivo é identificar situações trabalhistas irregulares e/ou ilegais execu-
tadas por crianças e adolescentes e notificar o responsável pela empresa ou local de 
trabalho onde ocorreram as irregularidades. 
18. Cadastro para inclusão de beneficiários no Programa Bolsa Família.
19. Alguns serviços da rede socioassistencial voltados para o enfrentamento ao trabalho infantil são: Centros de Referência 
da Assistência Social (CRAS), Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS), Serviço de Convivência e 
Fortalecimento de Vínculos, Proteção e Atenção Integral à Família (PAIF), dentre outros. Para mais informações sobre esses 
serviços acesse: < http://mds.gov.br/assuntos/assistencia-social/servicos-e-programas>.
20. Informações em: < https://maissuas.org/2017/09/08/orcamento-suas-2018-do-governo-federal-inviabiliza-
assistencia-social-no-pais/> e < https://maissuas.org/2017/09/10/o-suas-entre-palavras-vazias-e-contas-quebradas>. 
Trabalho Infantil nos ODS 39
As ações da fiscalização são orientadas pela Lista TIP, desde que ela entrou em vigor, 
em 2008. Dentre suas estratégias destacam-se as operações realizadas nacional-
mente em determinadas datas, como 12 de junho, Dia Nacional e Mundial de Com-
bate ao Trabalho Infantil, quando os/as fiscais realizam uma série de atividades, que 
incluem inspeções, mobilização social e eventos de sensibilização e formação, den-
tre outros. Normalmente, uma atividade constante na Lista TIP, como trabalho em 
feiras livres ou em lava-jatos, é escolhida e ocorre uma intensificação de sua fiscaliza-
ção durante o período da operação.
Em 2016, os/as auditores fiscais do Trabalho realizaram 5.756 fiscalizações em todo o 
território nacional (Sistema de Informações sobre Focos de Trabalho Infantil, Secre-
taria de Inspeção do Trabalho - SIT/MTb). Das atividades avaliadas, 3.615 estavam 
classificadas na Lista TIP, em setores como agricultura, pecuária, pesca e indústria 
extrativista e de transformação. A maior parte da fiscalização ocorreu no setor formal, 
com 5.430 casos, ante apenas 97 do setor informal.
As inspeções realizadas envolveram 2.513 crianças e adolescentes, dos quais 1.956 
eram meninos e 557 eram meninas. A faixa etária de maior prevalência foi de 10 a 15 
anos (1.263), seguida de 16 a 17 anos (1.070) e de 5 a 9 anos (105). Ressalta-se ainda a 
ocorrência de 75 casos envolvendo crianças de 0 a 4 anos. 
Assim como na política de Assistência Social, a do Trabalho também vem sofrendo 
cortes, como já citado. Segundo técnicos do MTb, não há previsão de mais verbas 
ou mesmo de verbas emergenciais para a inspeção do trabalho infantil. Os prejuízos 
são maiores no interior do país, uma vez que muitos estados não contam com recur-
sos suficientes para diárias e/ou combustível para assegurar que os auditores fiscais 
façam a fiscalização.
Legislativo
O Legislativo Federal possui grande volume de proposições ativas relacionadas ao 
trabalho infantil, sinalizando que o tema está na agenda parlamentar, porém, sob 
diferentes enfoques, nem sempre garantidores dos direitos e normas já existentes. Na 
Câmara dos Deputados foram encontradas 170 proposições e no Senado 43, entre 
projetos de lei, requerimentos, emendas, indicações, pareceres etc.21
21. Pesquisa realizada em setembro de 2017 nas bases de dados da Câmara e do Senado, localizadas respectivamente em: 
<http://www2.camara.leg.br/> e <http://www12.senado.leg.br/hpsenado>. Utilizou-se a palavra-chave “trabalho infantil” 
como mecanismo de busca.
Trabalho Infantil nos ODS40
O quadro abaixo sintetiza os tipos e o quantitativo de proposições por Casa Legislativa:
Tipo de proposição Câmara Senado
Projetos (de Lei, de Lei Complementar, de Decreto 
Legislativo, de Lei de Conversão, de Resolução)
45 15
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 1 1
Requerimentos (informações, 
instituição de CPI, comissão)
91 24
Indicação 11 0
Sugestão de emenda ao orçamento 6 0
Substitutivo 5 0
Relatório 3 0
Emenda de relator 2 0
Mensagem 2 0
Comissões (parecer) 3 0
Voto em separado 1 0
Ofício 0 2
Aviso 0 1
Ressalta-se que muitas proposições podem ser complementares ou até mesmo 
repetitivas de determinados temas, bem como os projetos de lei muitas vezes são 
semelhantes, o que pode contribuir para o volume apresentado. Ainda assim, tal 
volume é indicativo de como o tema tramita nas duas casas.
A Fundação Abrinq lançou, em 2017, o Caderno Legislativo da Criança e do Adoles-
cente, com a análise de uma série de proposições voltadas para esse público, dentre 
elas cinco no tema do trabalho infantil. Além delas selecionamos mais duas, devido à 
sua relevância, para uma breve explanação. 
Trabalho Infantil nos ODS 41
Para efeitos analíticos dividimos as propostas em duas dimensões: flexibilização de 
direitos e promoção de direitos. Apresentamos resumidamente a ementa da proposi-
ção, seguida de uma rápida avaliação acerca do seu conteúdo.
Flexibilização de direitos:PEC nº 18/2011 (autoria do deputado Dilceu Sperafico – PP/PR): propõe a redu-
ção da idade mínima para o trabalho de 16 anos (como determina a atual legis-
lação) para 14 anos. Ressalta-se que esta PEC conta com outras cinco apensa-
das (PEC nº 35/2011, PEC nº 274/2013, PEC nº 77/2015, PEC nº 107/2015, PEC 
nº 108/2015), todas com a mesma proposta de redução da idade. Colide com 
todas as normativas brasileiras, em especial com a Convenção 138 da OIT. A idade 
mínima hoje vigente foi estabelecida com base na análise acerca das condições 
de desenvolvimento físico e psíquico de crianças e adolescentes. O FNPETI lem-
bra ainda que a Convenção 138 dispõe que a idade mínima deve se adequar à idade 
de escolarização obrigatória. No Brasil ela é de 4 a 17 anos (Emenda Constitucional 
59/2009), portanto, a idade para o trabalho, ao invés de reduzir, deveria ser elevada 
para 18 anos, garantindo-se, assim, o direito pleno à educação.
 PL nº 7.511/2014 (autoria do deputado Laercio Oliveira – SD/SE): institui a Bol-
sa-Atleta para permitir que crianças a partir de 8 anos possam obter bolsas de 
Base, Nacional, Internacional, Olímpica ou Paraolímpica, Pódio e Estudantil. 
Induz à profissionalização precoce de crianças e adolescentes e vai na contra-
mão da Lei Pelé (Lei nº 9.615/1998), que já determina limites etários para a prática 
desportiva profissionalizante de adolescentes.
 PL nº 5/2015 (autoria do deputado Ricardo Barros – PP/PR): permite o estágio 
aos alunos dos anos finais do Ensino Fundamental regular maiores de 14 anos 
de idade. O Ensino Fundamental não tem caráter profissionalizante e não pode 
garantir ao adolescente a condição de aprendiz. A Lei da Aprendizagem já esta-
belece as regras de aprendizagem para esse público.
 PSL nº 231/2015 (autoria do senador Valdir Raupp – PMDB/RO): altera o ECA 
para regulamentar o exercício da atividade artística e desportiva por menores de 
14 anos. Também induz à profissionalização precoce, retirando do sistema de 
Justiça a competência para, em caráter excepcional, autorizar a realização de 
atividades artísticas, transferindo-a apenas para os responsáveis legais.
Promoção de direitos:
 PLP nº 187/ 2015 (autoria da deputada Laura Carneiro – PMDB/RJ): autoriza 
a dedução dos valores aplicados em ações de erradicação do trabalho infan-
til pelos Estados dos compromissos mensais com as respectivas dívidas com a 
União. Representa uma alternativa orçamentária aos estados para o investimento 
Trabalho Infantil nos ODS42
em políticas de combate ao trabalho infantil, importante sobretudo no atual 
cenário de recessão.
 PLS nº 237/2016 (autoria do deputado Paulo Rocha – PT/PA): inclui dispositivo 
no Código Penal para tipificar o trabalho infantil como crime. Reforça a proteção 
legal, na medida em que aplica sanções legais às pessoas que descumpram o dis-
posto em lei. Mas, a Fundação Abrinq indica a necessidade de aprimoramentos, 
como a criminalização das contratações acima de 14 anos fora da aprendiza-
gem e de 16 a 18 anos nas situações vedadas. Além disso, o FNPETI alerta para a 
necessidade de não criminalizar as famílias e sim assegurar proteção social a elas 
e às crianças e aos adolescentes, retirando-as do trabalho.
 PL nº 5.162/2016 (autoria do deputado Pepe Vargas – PT/RS): permite que as 
agroindústrias cooperativas e os empreendimentos da agricultura familiar con-
tratem aprendizes. Aumenta o alcance da aprendizagem nas atividades rurais, 
hoje praticamente inexistente. A Fundação Abrinq ressalta, no entanto, a neces-
sidade de regulamentação da aprendizagem na agricultura. 
Em 2013, a Câmara dos Deputados instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito 
(CPI) destinada a avaliar o trabalho infantil no Brasil. A presidente da CPI foi a depu-
tada federal Sandra Rosado (PSB/RN) e a relatora foi a deputada federal Luciana San-
tos (PCdoB/PE). O relatório final da Comissão apresenta um conjunto de recomen-
dações, voltado aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, ao Ministério Público 
do Trabalho, a empregadores e à sociedade civil22. Destacamos abaixo algumas reco-
mendações por cada órgão destinatário:
 Poder Executivo: incrementar pesquisas acerca do trabalho infantil doméstico, 
nas atividades ilícitas (tráfico e exploração sexual), nas cadeias produtivas e nos 
setores informais. Implementar escola em tempo integral. Aumentar o quadro de 
auditores fiscais do Trabalho.
 Poder Legislativo: impedir retrocessos na legislação, rejeitando as proposições 
(principalmente PECs) que disponham sobre a redução da idade para ingresso 
no trabalho.
 Poder Judiciário: impedir autorizações judiciais fora das previsões constitucio-
nais. Instituir procedimentos para atender aos pedidos de autorizações feitos 
pelo MP para possibilitar a inspeção nos domicílios denunciados por trabalho 
infantil doméstico.
22. Para saber mais acesse: < http://www.camara.leg.br/sileg/Prop_listaComissao.asp?codComissao=537127>. 
Trabalho Infantil nos ODS 43
 Ministério Público do Trabalho: intensificar a fiscalização das piores formas de 
trabalho infantil nas atividades ilícitas: tráfico de drogas e exploração sexual, em 
conjunto com o Ministério Público Estadual.
 Empregadores: fiscalizar o processo de trabalho de seus fornecedores de insu-
mos e matérias-primas, bem como de produtos acabados, no caso das grandes 
redes de varejista de vestuário.
 Sociedade civil: denunciar casos de violação aos direitos das crianças junto ao 
Conselho Tutelar dos municípios. Não adquirir produtos produzidos ou comer-
cializados nas ruas por crianças ou adolescentes antes da idade permitida na 
Constituição Federal.
Como visto, o cenário do ODS 10 em relação ao tema do trabalho infantil no Brasil é 
complexo. Do ponto de vista legal e das políticas públicas, o país é referência mun-
dial e apresenta resultados positivos, haja vista a redução considerável do fenômeno 
nas duas últimas décadas. Contudo, não atingiu a meta de eliminar as piores formas 
até 2016. Soma-se a isso o atual contexto de recessão, com possibilidade de impac-
tos nas políticas sociais, e o contexto legislativo, que oscila entre aspectos positivos 
e negativos.
ODS 12. Assegurar padrões de produção 
e de consumo sustentáveis
Dados Fontes 
Uso da internet por crianças e adolescentes 
e relação com trabalho infantil
Pesquisa TIC Kids Online Brasil
Para a análise do ODS 12, conforme explicado nas Notas Metodológicas, optamos 
por não incluir nenhuma meta específica, propondo outra leitura acerca desse tema: 
o uso da internet por parte de crianças e adolescentes como prática de consumo e de 
uma possível relação de trabalho.
CONSUMO E
PRODUÇÃO
RESPONSÁVEI S
Trabalho Infantil nos ODS44
A pesquisa TIC Kids Online Brasil é a maior realizada no país atualmente e visa a com-
preender como crianças e adolescentes usam a internet e os riscos e oportunidades 
advindos desse uso23. Na edição de 2015 foram entrevistadas meninas e meninos de 
9 a 17 anos e familiares de cerca de 33 mil domicílios particulares de todas as regiões.
Em torno de 80% das/dos entrevistados de 11 a 17 anos afirmam ter contato com 
publicidade ou propaganda por meio da televisão; 62% por sites e vídeos; 61% por 
plataformas on-line de redes sociais; 36% por sites de jogos eletrônicos e 29% por 
aplicativos de mensagens instantâneas. 
Além de público consumidor em potencial, meninos e meninas podem ser, muitas 
vezes, trabalhadores/as desse mercado, seja em sua forma tradicional de propa-
ganda e publicidade, seja em formas alternativas. É o que ocorre com o fenômeno 
dos/das youtubers mirins.
Trata-se de crianças e adolescentes que produzem vídeos na internet sobre diver-
sos assuntos do universo infanto-juvenil e que detêm canais no Youtube e perfis em 
diferentes redes sociais. Segundo Dantas e Godoy, em artigo publicado na pesquisa 
TIC Kids Online Brasil 2015, as dez crianças mais procuradas no Youtube chegam a 
ter cerca de 1 milhão

Outros materiais