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APOSTILA ED DIREITO E GLOBALIZAÇÃO

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DIREITO E GLOBALIZAÇÃO
MÓDULO 1 - USOS E ABUSOS DO TERMO “GLOBALIZAÇÃO”.
Neste primeiro módulo da disciplina Direito e Globalização trataremos de alguns aspectos introdutórios, dentre eles dos usos e abusos do termo “globalização”.
A tecnologia desenvolvida nos últimos anos propiciou, no século XXI, o “encurtamento” das distâncias, sobretudo no que diz respeito ao uso da internet, tendo em vista que inúmeras transações financeiras são realizadas, contatos com familiares que moram em países distintos são feitos, compras de produtos estrangeiros são efetuadas.
Mas a internet, com relativa abrangência ao público, não tem sequer duas décadas. E representa atualmente somente o topo da pirâmide do desenvolvimento tecnológico (que é sempre relativo) e foi alcançado por meio da constituição do amplo alicerce do conhecimento cientifico desenvolvido de forma espaçada e cadenciada, de mão em mão, tecido por muitas civilizações.
Em meio aos saltos de avanços científicos da humanidade, a globalização, embora tenha começado através da embrionária e fundamental conexão marítima no contexto antropocêntrico do período renascentista, foi potencializada a partir da revolução industrial iniciada no século XVIII na Inglaterra.
Um consistente incremento foi possibilitado através das tecnologias da comunicação dos séculos XX e XXI. Assim, do alvorecer ao esplendor, revolucionou o modo de viver e se relacionar com as coisas.
Dentre os fatos que potencializaram a globalização, a maioria dos acontecimentos se sucedeu no século XX, têm-se na primeira metade, duas grandes guerras mundiais. No contexto Internacional pós-segunda guerra mundial, a globalização comercial promovida pelos Estados Unidos da América através da ação global expansiva das multi e transnacionais, ganha o domínio dos principais mercados mundiais nos países capitalistas.
No tocante à globalização econômica, pode-se afirmar que essa evidenciou com mais intensidade os novos mecanismos ideológico-políticos e econômicos utilizados pelo capital para intensificar a produção e, ao mesmo tempo, sufocar a organização dos trabalhadores. 
Por meio de estratégias de retroalimentação do capital, tais como: a terceirização, a flexibilização, a informalidade, a busca por mão-de-obra barata, o controle de qualidade, entre outras, ela colaborou para o aumento da precarização, da exploração do trabalho e do trabalhador brasileiro. Com o incremento da exportação, empresários de vários setores, vêm investindo em agilidade e aumento do volume de produção para poder atender à demanda externa. Para tanto, priorizam a automação, empregando cada vez menos pessoas, ou seja, investem em atividades de capital intensivo com poucos trabalhadores qualificados.
Isso nos leva a pensar que a globalização atinge inúmeras questões sociais, sobretudo aquelas que se referem ao trabalhador e ao trabalho, e mais, que a raiz dos principais problemas sociais vivenciados pelos mesmos tem sua origem no modo de produção capitalista que, apesar das crises e das retroalimentações sofridas, mantém inalterada a sua base exploratória. Porém, é possível pensar que há formas de intervenção político-social, cultural e econômica neste processo. 
O termo globalização acabou se tornando uma das palavras-chave mais em voga nos anos oitenta e sobrevive nos anos noventa, ao lado de outras tais como, "privatização", "ecologia", "desenvolvimento sustentável" ou o "fim da história", além dos inúmeros neo- e pós- -ismos, como neoliberalismo, pós-fordismo, pós-industrial ou pós-moderno.
No entanto, no caso de globalização, assim como no dos demais neologismos citados, uso frequente ou largamente difundido não é garantia de significado claro ou sequer emprego consistente. De maneira geral, neologismos são utilizados como se fossem novos conceitos quando na verdade procuram encobrir o sentido de conceitos pré-existentes bem definidos, substituindo-os. Eis como no início dos anos de 1970, Hugo Radice, argumentava contra o uso da expressão "firmas multinacionais" ao invés de "internacionais".
O termo geralmente usado para descrever companhias com instalações fabris em mais de um país é empresa (corporação, firma) multinacional. Usamos o termo "empresa internacional", em parte porque é mais acessível, e em parte porque o mesmo enfatiza o movimento de capital através e entre "nações" da economia mundial, enquanto que "multinacional" tem uma falsa conotação de mais de uma nacionalidade. 
No caso de globalização, o termo é usado indiscriminadamente, para explicar fenômenos do capitalismo contemporâneo, para justificar medidas econômicas de governos nacionais e até políticas urbanas de governos locais. O que é geral é que na maioria dos casos a palavra "globalização" vem com uma conotação de inexorável, acompanhante inevitável do rolo compressor da modernidade.
MÓDULO 2 - AS PRINCIPAIS VISÕES SOBRE A GLOBALIZAÇÃO.
Neste segundo módulo vamos abordar as principais visões sobre a globalização.
Para os autores comumente classificados como representantes de uma corrente hiper globalista, a globalização é algo novo e potencialmente revolucionário, pois a partir da crescente influência exercida pelas empresas multinacionais e pelos mercados cada vez mais integrados, diferentes países estariam sendo levados a se adequarem a um padrão mundial de produção e gestão da política econômica. 
Tal processo conduziria a uma homogeneização dos modos de produção e condução macroeconômica no mundo, condicionados pelas práticas fomentadas pelas empresas com unidades produtivas em diferentes partes do globo e pelo surgimento de um mercado global, bem como pela pressão exercida pelos capitais em nome da rentabilidade. 
Neste cenário, os Estados nacionais perderiam poder, ao serem submetidos a uma lógica dissociada do caráter nacional, cuja origem está em empresas e detentores de grandes capitais atuantes em âmbito global. 
A competitividade surge aqui como condição necessária para a atração dos investimentos provenientes de empresas multinacionais, algo que supera em muito a noção de competitividade associada aos produtos exportados por este ou por aquele país. Assim, a globalização é apresentada pelos autores da corrente “hiper globalista” como um processo que afeta os países, mas cuja lógica não obedece aos interesses destes. 
Entre os autores desta corrente, podem ser identificados os que são otimistas em relação ao fenômeno (neoliberais) e os que o vêm de forma negativa – marxistas como David Held – mas reconhecendo-o como uma força capaz de tornar inócuas as políticas sociais tradicionais, de caráter local. 
Outros, como Manuel Castels, são mais moderados, mas reconhecem na globalização uma “nova realidade histórica”, na qual predomina “uma economia capaz de operar como uma unidade em tempo real em escala planetária”.
Tal concepção é criticada pelos céticos, que ao apresentarem dados que evidenciam o caráter fortemente nacional ainda presente nos negócios das empresas multinacionais, bem como a concentração do comércio mundial naqueles países em que estas empresas estão sediadas, buscam fundamentar a tese de que os Estados nacionais são ainda detentores de grande parte do controle sobre os processos característicos da globalização.
Outro ponto criticado pelos autores de postura mais cética seria a crença na existência de um modo de produção padronizado e difundido ao redor do globo através da atuação de empresas multinacionais. 
Segundo estes autores, estas empresas adotariam em diferentes lugares práticas muito distintas, de acordo com as características das sociedades locais. Desta forma, o processo de adaptação teria seu sentido invertido em relação ao que era apregoado pelos hiper globalistas, ou seja: não são somente as sociedades que se adaptam a um padrão global; também as empresas de atuação multinacional buscam se adaptar às condições locais, o que faz com que a globalização não tenha um sentido único e pré-definido, mas muito pelo contrário. Isto seria suficiente para que a ideia de globalização enquanto “homogeneização” também sejadescartada.
O que teria ocorrido no bojo da globalização seria, na verdade, uma redefinição das relações entre centro e periferia, na qual as diferenças entre certos países (ou entre blocos regionais) pode até aumentar em função de uma maior especialização produtiva, condizente com a nova lógica da produção transnacional. 
Neste sentido, cada país tenderia a conservar – e até aprofundar – certas características específicas, de acordo com sua modalidade de inserção no sistema produtivo mundial. Assim, os sistemas econômicos nacionais estariam longe de ser “suplantados” por uma nova ordem econômica mundial. Seriam, de fato, transformados para atenderem a um novo contexto, mas continuariam determinando (e sendo determinados por) trajetórias nacionais específicas.
Outros autores, defendem que a globalização não é um fenômeno com sentido definido – e inexorável – como afirmam os hiperglobalistas. Mas ainda assim, trata-se de um fenômeno revolucionário, capaz de alterar as lógicas políticas e econômicas pré-existentes, ao contrário do que pensam os mais céticos. 
A questão envolveria uma transformação “qualitativa” do antigo fenômeno da internacionalização, que levaria a uma maior interdependência entre diferentes regiões e países. No entanto, esta crescente “interdependência” tornaria a globalização um fenômeno de caráter contraditório, ao passo em que características locais (culturais, sociais, econômicas) seriam realçadas e valorizadas, ao mesmo tempo em que passariam a enfrentar os constrangimentos trazidos por elementos externos cada vez mais presentes. O resultado desta interação seria incerto, e não teria seu sentido pré-definido por nenhuma grande tendência global. 
Outros autores encaram a globalização a partir de uma visão “transformacionista”, tanto no sentido de que ela representa em si uma grande transformação, quanto no de que ela pode sofrer transformações a partir da interação entre os envolvidos. 
Além das três correntes já apresentadas (hiperglobalistas, céticos e transformacionistas), devemos também mencionar uma abordagem crítica alternativa, que apesar de não adotar a mesma postura cética diante da globalização, acredita que seu conteúdo é determinado por ações locais. 
No entanto, estas ações locais estariam inseridas num contexto mais próximo das concepções “transformacionistas”, no sentido de que os rumos da globalização não estariam definidos. 
Para os autores desta última corrente, seria possível identificar tendências e contra tendências no interior do mesmo processo de globalização. Mas ao contrário do que ocorre na visão “transformacionista”, o peso das ideologias – presentes inclusive nas diferentes interpretações da globalização – é fundamental. 
Desta forma, a globalização deixa de ser um fenômeno “autônomo” (enquanto resultado imprevisível de diversos níveis de interações), passando a ser um processo histórico cujo sentido político está em disputa. Nesta disputa, grupos sociais com diferentes interesses irão se articular politicamente, tentando imprimir tendências específicas ao processo de globalização. 
Esta articulação pode ocorrer tanto em âmbito nacional (local) quanto internacional, em torno de um projeto político em comum, que disputará com outros projetos políticos a hegemonia sobre os rumos da globalização.
MÓDULO 3 - A GLOBALIZAÇÃO COMO PROCESSO MULTIDIMENSIONAL
Neste módulo vamos tratar da globalização como processo multidimensional.
As dimensões da globalização são contraditórias entre si, tendo em vista que, como iremos salientar, a ideologia (e a política) da globalização tende a "ocultar" e legitimar a lógica desigual e excludente da mundialização do capital.
Globalização como ideologia do capital tende a impulsionar, em si, o processo civilizatório humano-genérico, isto é, o desenvolvimento das forças produtivas humanas, que são limitadas (ou obstaculizadas) - pelo próprio conteúdo da mundialização (ser a mundialização do capital).
Qualquer leitura (ou análise) do fenômeno da globalização que não procure apreender o seu sentido dialético - e, portanto, contraditório - tende a ser unilateral, não sendo capaz de ver o fenômeno da globalização tanto como algo progressivo, quanto regressivo, tanto como um processo civilizatório, quanto como um avanço da barbárie, e tanto como a constituição de um "globo" na mesma medida em que tente a contribuir para a sedimentação de particularismo locais e regionais. 
Nas últimas duas décadas do século XX todos os estados, povos e indivíduos do planeta tornaram-se progressivamente parte de um mundo global. Da mesma forma que aconteceu em outros momentos de grandes mudanças históricas, as relações entre as diversas partes do todo sofreram profundas alterações com a chegada da nova ordem global. 
A globalização foi extraordinariamente acelerada pelo fim da Guerra Fria e o colapso da União Soviética. A década de 1990 foi marcada simultaneamente pela intensificação da globalização econômica e pela erosão da governabilidade baseado nos estados nacionais.
De acordo com a teoria da globalização multidimensional, a globalização não deve ser pensada como uma condição singular, mas como um processo ou conjunto de processos interconectados que se desenvolvem em várias dimensões (basicamente: econômica, política, militar, ecológica, social e cultural). Não surpreende então que em diversos momentos do processo essas dimensões adquiram relevância diferenciada.
Assim como na década de 1990 se verificou que a ordem mundial girou, praticamente, em torno da economia, deve ser assumido que, após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, está produzindo-se uma reestruturação da ordem que levará as questões de segurança e governabilidade a comandar as relações internacionais.
Na última década do século XX, no mundo constituído pelos países desenvolvidos de renda alta e os países emergentes de renda média houve uma aceleração simultânea das quatro sub-dimensões da globalização econômica: comercial (grande crescimento do comercio internacional), financeira (grande expansão de mercados financeiros de escopo global), produtiva (transnacionalização crescente das cadeias produtivas intra-corporativas e intercorporativas) e tecnológica (extraordinária onda de inovação tecnológica com grande crescimento da produtividade sistêmica da economia). A aceleração da globalização econômica manteve o alto nível de integração social das sociedades desenvolvidas.
Nas sociedades de renda média (como Brasil e várias outras da América Latina), a aceleração da globalização tendeu a manter ou aumentar a marginalidade/exclusão de vastos setores da população. A maior parte dos países de renda baixa se mantiveram excluídos da globalização econômica, tendo havido neles um extraordinário crescimento do sofrimento humano.
 
 MÓDULO 4 - AS CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS E AS DIVERSAS DIMENSÕES DA GLOBALIZAÇÃO
O Fenômeno da globalização é resultado de múltiplas determinações sócio-históricas (e ideológicas), isto é, destacaremos as três dimensões da globalização que não podem ser separadas e que compõem uma totalidade concreta sócio-histórica, completa e integral. São elas:
1 - No plano do processo civilizatório humano-genérico;
2 - A globalização como mundialização do capital;
3 - A globalização como ideologia.
É do nosso interesse demonstrar que a globalização é um fenômeno sócio-histórico intrinsecamente contraditório e complexo que caracteriza, em nossa perspectiva, uma nova etapa de desenvolvimento do capitalismo moderno. 
Procuraremos salientar que o fenômeno da globalização é resultado de múltiplas determinações sócio-históricas (e ideológicas), isto é, destacaremos as três dimensões da globalização que não podem ser separadas e que compõem uma totalidade concreta sócio-histórica, completa e integral. São elas: 1. A globalização como ideologia 2. A globalização como mundialização do capital 3. A globalização como processo civilizatório humano-genérico.
Portanto, o fenômeno da globalização tende a constituir novas determinações sócio-históricas no (1) planoda ideologia e da política; (2) no plano da economia e da sociedade e (3) no plano do processo civilizatório humano-genérico, vinculado ao desenvolvimento das forças produtivas humanas. 
O que significa dizermos que tais dimensões da globalização compõem uma totalidade histórico-social intrinsecamente contraditória? As dimensões da globalização são contraditórias entre si, tendo em vista que, como iremos salientar, a ideologia (e a política) da globalização tende a “ocultar” e legitimar a lógica desigual e excludente da mundialização do capital e a mundialização.
A Globalização como ideologia do capital tende a impulsionar, em si, o processo civilizatório humano-genérico, isto é, o desenvolvimento das forças produtivas humanas, que são limitadas (ou obstaculizadas) - pelo próprio conteúdo da mundialização (ser a mundialização do capital). 
Qualquer leitura (ou análise) do fenômeno da globalização que não procure apreender o seu sentido dialético – e, portanto, contraditório - tende a ser unilateral, não sendo capaz de ver o fenômeno da globalização tanto como algo progressivo, quanto regressivo, tanto como um processo civilizatório, quanto como um avanço da barbárie, e tanto como a constituição de um “globo” na mesma medida em que tente a contribuir para a sedimentação de particularismo locais e regionais.
Portanto, o fenômeno da globalização tende a constituir novas determinações sócio-históricas no plano do processo civilizatório humano-genérico vinculado ao desenvolvimento das forças produtivas humanas no plano da economia e da sociedade e no plano da ideologia e da política.
Deste modo, para Giovanni Alves, a globalização oculta o totalitarismo da economia, o que não é novidade, tendo em vista que é próprio do modo de produção capitalista o primado da economia sobre quaisquer outras esferas da vida social. 
Só que, talvez seja isto que Ramonet queira destacar, sob a globalização, o primado da economia aparece com mais vigor, tal como um totalitarismo de mercado que neutraliza os próprios avanços da democracia no Ocidente. 
A ideia de globalitarismo supõe a debilidade estrutural dos Estados. Sob o regime globalitário, os Estados não têm meios de se opor aos mercados. A globalização liquidou o mercado nacional, que é um dos fundamentos do poder do Estado-nação.
A globalização, sustentada por regimes globalitários, isto é, governos que promulgaram o monetarismo, a desregulamentação, o livre-comércio, o livre fluxo de capitais e as privatizações maciças, tenderam a diminuir o papel dos poderes públicos. 
Veja bem: a globalização é, portanto, resultado, nessa perspectiva, de regimes globalitários, de dirigentes políticos que permitiram, através de atos políticos, a transferência de decisões capitais (em matéria de investimento, emprego, saúde, educação, cultura, proteção do meio ambiente) da esfera pública para a esfera privada. 
Foram os políticos liberais e conservadores que permitiram a privatização da coisa pública, contribuindo para que algumas decisões importantes para a vida social passassem para as mãos da economia privada.
 MÓDULO 5 - A RELEVÂNCIA DO AMBIENTE NO CONTEXTO DA GLOBALIZAÇÃO
O atual mundo globalizado é resultado de mais de 500 anos de conquistas relativas às interligações globais.
Desde a época das grandes navegações, a partir do final do século XV, diferentes povos e mercados passaram a ser alcançados cada vez mais rapidamente.
O impulso relevante da revolução industrial aferiu novas possibilidades - infinitas - ao percurso da conquista científica e dos sistemas de produção e apropriação da natureza.
Esse percurso foi fomentado pelo avanço tecnológico humano na forma e eficácia de transformação cada vez mais rápida da natureza.
As matrizes energéticas da sociedade de consumo se tornaram determinante para o alvorecer da sociedade da informação do século XX e XXI.
Interligados, os mercados globais são unidos pelos objetivos comuns de alavancar mais rapidamente conquistas expressivas no atual mundo competitivo.
Em meio a toda essa transformação a natureza continua a ser sumariamente desprezada e subjugada.
Nesse contexto hoje em dia há de se ter em mente a importância da reflexão sobre os procedimentos atuais e futuros, dado a encruzilhada que o homem globalizado se encontra, conhecedor do mundo através dos satélites conectados, não como desprezar o momento histórico que determinará o horizonte da humanidade.
Abertura de mercados ao comércio internacional, migração de capitais, uniformização e expansão tecnológica, tudo isso, capitaneado por uma frenética expansão dos meios de comunicação, parecem ser forças incontroláveis a mudar hábitos e conceitos, procedimentos e instituições. 
Nosso mundo aparenta estar cada vez menor, mais restrito, com todos os seus cantos explorados e expostos à curiosidade e à ação humana. É a globalização em seu sentido mais amplo, cujos reflexos se fazem sentir nos aspectos mais diversos de nossa vida.
As circunstâncias atuais parecem indicar que a globalização da economia, com todas as suas consequências sociais e culturais, é um fenômeno que, no mínimo, irá durar. O fim da bipolaridade ideológica no cenário internacional, a saturação dos mercados dos países mais ricos e a ação dos meios de comunicação, aliados a um crescente fortalecimento do poder das corporações e inversa redução do poder estatal (pelo menos nos países que não constituem potências de primeira ordem) são apenas alguns dos fatores que permitem esse prognóstico. O meio ambiente, em todos os seus componentes, tem sido e continuará cada vez mais sendo afetado pelo processo de globalização da economia.
Os impactos da globalização da economia sobre o meio ambiente decorrem principalmente de seus efeitos sobre os sistemas produtivos e sobre os hábitos de consumo das populações. Alguns desses efeitos têm sido negativos e outros, positivos.
Está havendo claramente uma redistribuição das funções econômicas no mundo. Um mesmo produto final é feito com materiais, peças e componentes produzidos em várias partes do planeta. Produzem-se os componentes onde os custos são mais adequados. E os fatores que implicam os custos de produção incluem as exigências ambientais do país em que está instalada a fábrica. 
Este fato tem provocado em muitos casos um processo de "migração" industrial. Indústrias são rapidamente montadas em locais onde fatores como disponibilidade de mão-de-obra, salários, impostos, facilidades de transporte e exigências ambientais, entre outros, permitem a otimização de custos. 
Como a produção de componentes é feita em escala global, alimentando indústrias de montagem em várias partes do mundo, pequenas variações de custos produzem, no final, notáveis resultados financeiros.
O processo de migração industrial, envolvendo fábricas de componentes e materiais básicos, pode ser notado facilmente nos países do Sudeste Asiático e, mais recentemente, na América Latina. 
São conhecidas as preocupações dos sindicatos norte-americanos com a mudança de plantas industriais - notadamente da indústria química - para a margem sul do Rio Grande. O fortalecimento da siderurgia brasileira, além, é claro, de favoráveis condições de disponibilidade de matéria-prima, pode ser, em parte, creditado a esse fenômeno.
Há uma clara tendência, na economia mundial, de concentrar-se nos países mais desenvolvidos atividades mais ligadas ao desenvolvimento de tecnologias, à engenharia de produtos e à comercialização. Por outro lado, a atividade de produção, mesmo com níveis altos de automação, tenderá a concentrar-se nos países menos desenvolvidos, onde são mais baratos a mão-de-obra e o solo e são contornadas, com menores custos, as exigências de proteção ao meio ambiente.
Essa tendência poderá mascarar o cumprimento de metas de redução da produção de gases decorrentes da queima de combustíveis fósseis, agravadores do "efeito estufa", pois a diminuição das emissões nos países mais ricos poderá ser anulada com o seu crescimento nos países em processo de industrialização.
Outro fator que tem exercido pressão negativasobre o meio ambiente e que tem crescido com a globalização da economia é o comércio internacional de produtos naturais, como madeiras nobres e derivados de animais. Este comércio tem provocado sérios danos ao meio ambiente e colocado em risco a preservação de ecossistemas inteiros.
MÓDULO 6 - ATORES DA GLOBALIZAÇÃO
O paradigma da localização não implica necessariamente a recusa de resistências globais ou translocais. Põe, no entanto, o acento tônico na promoção das sociabilidades locais. É esta a posição de Norberg-Hodge (1996), para quem é necessário distinguir entre estratégias para por freio à expansão descontrolada da globalização e estratégias que promovam soluções reais para as populações reais. 
As primeiras devem ser levadas a cabo por iniciativas translocais, nomeadamente através de tratados multilaterais que permitam aos Estados nacionais proteger as populações e o meio ambiente dos excessos do comércio livre. 
Ao contrário, o segundo tipo de estratégias, sem dúvida, as mais importantes, só pode ser levado a cabo através de múltiplas iniciativas locais e de pequena escala tão diversas quanto as culturas, os contextos e o meio ambiente em que têm lugar. Não se trata de pensar em termos de esforços isolados e antes de instituições que promovam a pequena escala em larga escala.
Essa posição é que mais se aproxima da que resulta da concepção de uma polarização entre globalização hegemônica e globalização contra hegemônica aqui proposta. A diferença está na ênfase relativa entre as várias estratégias de resistência em presença. 
Em nossa opinião, é incorreto dar prioridade, quer às estratégias locais, quer às estratégias globais. Uma das armadilhas da globalização neoliberal consiste em acentuar simbolicamente a distinção entre o local e o global e ao mesmo tempo destruí-la ao nível dos mecanismos reais da economia.
A acentuação simbólica destina-se a deslegitimar todos os obstáculos à expansão incessante da globalização neoliberal, agregando-os a todos sob a designação de local e mobilizando contra eles conotações negativas através dos fortes mecanismos de inculcação ideológica de que dispõe. 
Ao nível dos processos transnacionais, da economia à cultura, o local e o global são cada vez mais os dois lados da mesma moeda como, de resto, salientamos acima. Nesse contexto, a globalização contra hegemônica é tão importante quanto a localização contra hegemônica.
Segundo as melhores concepções, a globalização econômica tem uma lógica férrea que é duplamente destrutiva. Não só não pode melhorar o nível de vida da esmagadora maioria da população mundial (pelo contrário, contribui para a sua pioria), como não é sequer sustentável a médio prazo.
Ainda hoje a maioria da população mundial mantém economias relativamente tradicionais, muitos não são "pobres" e uma alta percentagem dos que são foram empobrecidos pelas políticas da economia neoliberal. 
Em face disto, a resistência mais eficaz contra a globalização reside na promoção das economias locais e comunitárias, economias de pequena-escala, diversificadas, autossustentáveis, ligadas a forças exteriores, mas não dependentes delas.
Segundo essa concepção, numa economia e numa cultura cada vez mais desterritorializadas, a resposta contra os seus malefícios não pode deixar de ser a reterritorialização, a redescoberta do sentido do lugar e da comunidade, o que implica a redescoberta ou a invenção de atividades produtivas de proximidade.
Esta posição tem-se traduzido na identificação, criação e promoção de inúmeras iniciativas locais em todo o mundo. Consequentemente é hoje muito rico o conjunto de propostas que, em geral, podíamos designar por localização. 
Entendo por localização o conjunto de iniciativas que visam criar ou manter espaços de sociabilidade de pequena escala, comunitários, assentes em relações face-a-face, orientados para a autossustentabilidade e regidos por lógicas cooperativas e participativas. 
As propostas de localização incluem iniciativas de pequena agricultura familiar, pequeno comércio local, sistemas de trocas locais baseado em moedas locais, formas participativas de autogoverno local. 
Muitas destas iniciativas ou propostas assentam na ideia de que a cultura, a comunidade e a economia estão incorporadas e enraizadas em lugares geográficos concretos que exigem observação e proteção constantes. É isto o que se chama bio-regionalismo.
As iniciativas e propostas de localização não implicam necessariamente fechamento isolacionista. Implicam, isso sim, medidas de proteção contra as investidas predadoras da globalização neoliberal. Trata-se de um "novo protecionismo": a maximização do comércio local no interior de economias locais, diversificadas e autossustentáveis e a minimização do comércio de longa distância.
O novo protecionismo parte da ideia de que a economia global, longe de ter eliminado o velho protecionismo, é, ela própria, uma táctica protecionista das empresas multinacionais e dos bancos internacionais contra a capacidade das comunidades locais de preservarem a sua própria sustentabilidade e da natureza.
MÓDULO 7- GLOBALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
A racionalidade impõe que as políticas de desenvolvimento, norteadas pelo refrear dos desequilíbrios, sejam chamadas a “regular” os efeitos nefastos da globalização que, sempre acompanhada da procura desenfreada da competitividade, há de estimular, a curto prazo, e porventura também a médio prazo o crescimento desigual e, numa óptica interna, pernicioso, das regiões metropolitanas.
No entanto, tempo virá, se não está já aí, em que nos valores do desenvolvimento hão de pesar cada vez menos as condições materiais de vida, em que as necessidades básicas, satisfeitas as mais elementares e primárias, passem a situar-se aos níveis de exigência mais elevados do conhecimento, da cultura, do ambiente, da qualidade de vida; e assistir-se-á então à procura dos espaços geográficos deixados antes. 
Importante será, contudo – é a racionalidade a justificá-lo –, que não se deixem degradar mais tais espaços, por inércia, por incúria, por falta de voluntarismo, porque será então muito mais elevado o preço a pagar pela sua fruição, e porque a sua descaracterização gerando empobrecimento, é um risco real no arrastamento da sua degradação.
Da globalização sempre se desejará retirar apenas o que sejam vantagens para o desenvolvimento humano, e a abertura dos espaços que à globalização é inerente não pode deixar de ser vista como promissora de uma comunidade mais “global”, mais interatuante e, espera-se, mais solidária.
O mundo atual está marcado pelo que se conhece como o processo de globalização, ou seja, pela crescente gravitação dos processos econômicos, sociais e culturais de caráter mundial sobre aqueles de caráter nacional ou regional. 
Embora não se trate de um processo novo as suas raízes históricas são profundas, as drásticas mudanças nos espaços e tempos, geradas pela revolução das comunicações e informação, ampliaram as dimensões, trazendo transformações qualitativas com relação ao passado. Consequentemente, houve uma demanda, por parte dos países da região, para que a Secretaria centralizasse a discussão do Vigésimo Nono Período de Sessões da CEPAL no tema da globalização e desenvolvimento. 
A globalização oferece, sem dúvida, oportunidades para o desenvolvimento. Compreendemos que as estratégias nacionais devem ser desenhadas em função das possibilidades apresentadas, assim como os pré-requisitos para uma maior incorporação à economia mundial. 
Simultaneamente, este processo traz riscos originados de novas fontes de instabilidade (tanto comercial quanto, e em especial, financeira), riscos de exclusão para aqueles países não adequadamente preparados para as fortes demandas de competitividade próprias do mundo contemporâneo, e riscos de acentuação da heterogeneidade estrutural entre setores sociais e regiões dentro dos países que se integram, de maneira segmentada e marginal, à economia mundial.
Muitos destes riscos acompanham duas características preocupantes do atual processo de globalização.A primeira é o desvio que se observa na globalização dos mercados: junto com a mobilidade dos capitais, bens e serviços, existem fortes restrições à livre mobilidade da mão-de-obra. 
Isto se reflete no caráter assimétrico e incompleto da agenda internacional que acompanha a globalização, que não inclui, por exemplo, temas como a mencionada mobilidade de mão-de-obra, nem mecanismos que garantam a coerência global das políticas macroeconômicas das economias centrais pautas internacionais para obter uma adequada tributação do capital e acordos de mobilização de recursos para compensar as tensões distributivas que a globalização gera, tanto entre os países como no interior deles.
 Estas deficiências, por sua vez, refletem um problema ainda mais inquietante: a ausência de uma governabilidade adequada para o mundo de hoje, não só econômica -como se fez particularmente evidente no campo financeiro- mas também em muitos outros terrenos, devido ao enorme contraste entre os problemas de alcance mundial e os processos políticos, que continuam tendo como âmbito as nações e inclusive, progressivamente, os espaços locais.
Uma importante dimensão do processo de globalização não a mais destacada quando se aborda o tema é a gradual generalização de ideias e valores em torno dos direitos civis e políticos, por um lado, e dos econômicos, sociais e culturais, por outro, que vão dando sustentação ao conceito de cidadania global. 
Ninguém encarna melhor este aspecto do processo de globalização do que as Nações Unidas. Sua carta constitutiva consagrou ideias e valores globais em torno desses direitos, que foram progressivamente ratificados pelos governos nas sucessivas cúpulas mundiais.
A primeira parte deste documento analisa a globalização sob uma perspectiva integral. O Capítulo 1 destaca o caráter multidimensional do processo, inscreve a fase atual dentro do processo histórico de internacionalização da economia mundial, e examina as dimensões sociais, políticas e culturais. 
O Capítulo 2 revisa a evolução das facetas econômicas do processo de globalização: comércio e investimento, finanças e regimes macroeconômicos, e mobilidade internacional da mão-de-obra. A evolução das desigualdades de renda e as assimetrias fundamentais que caracterizam o ordenamento global.
MÓDULO 8 - GLOBALIZAÇÃO, INTERDEPENDÊNCIA E MUDANÇA NOS PARADIGMAS DO ESTADO E DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS.
É a partir do século XX que as Relações Internacionais ganham espaço de forma definitiva dentro do contexto mundial, principalmente após o término da Segunda Grande Guerra. 
Com a nova ordem mundial que se formou desde então, surgiram Organismos Internacionais (ONU, OEA, CEPAL, etc.), os quais proporcionaram e impuseram um estreitamento das relações entre os Estados membros, através de uma mundialização das relações, sobretudo do ponto de vista diplomático e comercial.
O processo de descolonização, que deu origem a outros tantos países que passaram a fazer parte do contexto internacional, também é fator que contribuiu para a consolidação das Relações Internacionais como disciplina.
Mas ainda havia o obstáculo da chamada Guerra Fria, advinda do pós-guerra, que através de seu rançoso binômio Capitalismo X Socialismo, dificultava em muito as Relações Internacionais entre os países pertencentes a cada bloco. 
Com a queda do Muro de Berlim (inimaginável durante muitos anos) e o surpreendente desmembramento da União Soviética, que culminou com a abertura e desmembramento também do Leste Europeu, sucedeu-se uma enorme guinada na ordem mundial.
Com a afirmação do capitalismo e a mundialização das relações, as perspectivas passaram a ser vistas sob um prisma ainda mais global, sem barreiras ideológicas, o que sem dúvida impulsionou o estudo das Relações Internacionais. 
Por todo o exposto, constata-se que a disciplina das Relações Internacionais está diretamente ligada à ordem mundial e à atualidade dos valores que envolvem o seu respectivo contexto. 
Em verdade, analisando a evolução histórica da disciplina desde os seus primórdios até os dias atuais, é possível dizer que as “Relações Internacionais podem ser entendidas, em sua vertente acadêmica, como o estudo sistemático da ordem mundial, isto é, das relações entre Estados e atores relevantes do sistema internacional, assim como das transformações desse sistema ao longo do tempo.”
Os paradigmas interpretativos consistem nos modelos indicativos de interpretação dos distintos fluxos de interesse entre os Estados. Em outras palavras, os paradigmas interpretativos das Relações Internacionais são modelos de interpretação que variam conforme a carga axiológica que carregam. É o modo pelo qual o cientista visualiza, analisa e compreende a ordem mundial, direcionado pelos valores que o modelo de interpretação utilizado delimita.
A doutrina, ao longo da evolução da disciplina, estabeleceu a existência de quatro paradigmas interpretativos das Relações Internacionais: o modelo idealista, o modelo realista, o modelo da dependência e o modelo da interdependência. 
O MODELO IDEALISTA foi formado no período havido entre a Primeira e Segunda Guerra Mundial. Sofreu em sua origem, fortes influências dos pensamentos de Jean-Jacques Rousseau, principalmente de sua clássica obra o Contrato Social, que pregava a existência de uma sociedade perfeita. O principal apoiador deste paradigma foi Woodrow Wilson, presidente dos Estados Unidos da América, reconhecidamente adepto do liberalismo.
Este paradigma exerceu sua maior influência no cenário mundial com o advento da Liga das Nações, que tinha como objetivo maior a pacificação da ordem mundial, como reação moral e política aos horrores da Primeira Grande Guerra. Visava, na prática, evitar um novo conflito e tinha por escopo a definição da justiça como arcabouço das relações entre os Estados, centrando seus fundamentos nos valores na paz universal. 
Sua principal contribuição para a as Relações Internacionais foi o estabelecimento de certos princípios, inspirados em certas regras éticas, os quais fizeram com que as Relações Internacionais passassem a ser mais abertas, transparentes e democráticas. Com o desencadeamento da Segunda Grande Guerra, o paradigma idealista acabou sendo posto de lado pela doutrina, em virtude do seu aparente fracasso em evitar o novo conflito bélico. 
O PARADIGMA REALISTA surge a partir da Segunda Guerra Mundial, apresentando-se como reação ao paradigma idealista. Suas origens são encontradas na obra de Nicolau Maquiavel, denominada "O príncipe" (1532), e na obra de Thomas Hobbes, denominada "O Leviatã" (1615). A partir do realismo político, as Relações Internacionais passaram a ser regidas pelo grau de poder de cada Estado. A política doméstica é tida como distinta da política internacional e o Estado é o único ator reconhecido.
Nas Relações Internacionais, o que passa a imperar é um sistema anárquico, prevalecendo a força e o conflito na busca do poder. Os princípios morais e democráticos são aplicados apenas no âmbito da política interna. A paz somente é possível quando há o equilíbrio entre o poder e a força dos Estados oponentes.
Como forma de crítica ao realismo político (realismo tradicional), que não se adequava perfeitamente ao panorama global que se formou após a Segunda Guerra, surgiu na década de sessenta o chamado neorrealismo (ramificação do paradigma do realismo), pelo qual se sustentava a busca da segurança como causa última da prática política no sistema internacional (argumento central desta nova visão do realismo consiste em destacar a limitação da soberania e a paralela redução da insegurança decorrente dos compromissos institucionais.
O PARADIGMA DA DEPENDÊNCIA, por sua vez, procura analisar as Relações Internacionais sob o ponto de vista econômico. Coloca-se em debate a questão do desenvolvimento dos países menos favorecidos economicamente e as desigualdades existentes entre o “centro” e a “periferia” mundial. Sua origem é encontrada na clássica obra Dependência e desenvolvimento na América Latina, elaborada em 1969 por Fernando HenriqueCardoso e Enzo Faletto.
O paradigma da dependência recebe ainda o aporte teórico da corrente marxista e da corrente estruturalista, procurando questionar respectivamente os problemas do imperialismo e a situação de marginalidade em que vivem certos Estados. Para os adeptos deste paradigma, não só o Estado funciona como ator nas Relações Internacionais, mas também as organizações não governamentais, as organizações internacionais, as empresas transnacionais e os movimentos de libertação, entre outros.
O MODELO DA INTERDEPENDÊNCIA, também conhecido como paradigma do transnacionalismo, do multicentrismo ou do pluralismo, surgiu no final dos anos sessenta juntamente como paradigma da dependência. Por este paradigma, não só dimensão econômica mundial é importante nas Relações Internacionais, mas também o desenvolvimento das tecnologias das comunicações em massa e o poder das empresas transnacionais (16). Com essa visão, afasta-se a ideia do paradigma realista, de que as Relações Internacionais são apenas representadas por conflitos, demonstrando-se que estas podem ser também cooperativas.

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