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ESCRITOS DA QUARENTENA C E N T R O C U L T U R A L D O I E L volume II - minicontos ESCRITOS DA QUARENTENA C E N T R O C U L T U R A L D O I E L volume II - minicontos Universidade Estadual de Campinas Setor de Publicações do IEL (Responsável: Profa. Dra. Jacqueline Peixoto Barbosa). Organização: Profa. Dra. Dayane Celestino de Almeida (Curadora do Centro Cultural do IEL). Revisão: Úrsula Antunes @caros_livros. Imagens e Templates de Capa e Projeto Gráfico: disponíveis em www.canva.com. Licença para uso comercial e não comercial. Capa e diagramação: Dayane Celestino de Almeida. Copyright © 2020. Centro Cultural do IEL Política de Acesso Livre: Este trabalho está sob a licença “Creative Commons” CC BY-NC. Ele pode ser copiado e redistribuído gratuitamente. Proibido comercializar parcial ou totalmente, por quaisquer meios. Para saber mais sobre a licença, acessar https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/ Escritos da Quarentena. Volume 2: minicontos. 2020. Campinas, 2020. SU M ÁR IO U M D I A P E R F E I T O D E I N V E R N O Aline Baixer 1 0 A C A R T O M A N T E Anderson Pimentel 1 1 C O N T R A T E M P O André Mel lagi 1 2 D U P L O F R A G M E N T A D O Andréa Moraes da Costa 1 3 C A P A C E T E Antonio Ol iveira 1 4 M U D A N Ç A Carol Cruz 1 5 O S M O R A D O R E S El isa Guimarães 1 6 A P R E S E N T A Ç Ã O 0 7 A P R O M E S S A Ademar de Queiroz 0 9 R I B A L T A - 1 9 Gisela Lopes Peçanha 1 9 S I N A Gisel le Fior ini Bohn 2 0 A N U N C I A Ç Ã O Isabela Vieira Bertho 2 1 O M I L A G R E Jamile Guerra 2 2 I N S Ô N I A João Rufatto 2 3 A V I S I T A D A P R I N C E S A Jojo Campos 2 4 R E S P I R O Jul iana Berl im 2 5 B E M A N T E S Fel ipe Só 1 7 M U T A T I S M U T A N D I S Francis Duarte 1 8 C O E X I S T I R Lei la Vi lhena 2 9 P R E S O N O A Z A R Leo Surcin 3 0 O C A S A M E N T O Leonardo Sodré 3 1 M O N Ó C U L O Lopse Lazul i 3 2 V I D R O F E C H A D O Lucas Zanel la 3 3 A O F I M Marco Cortez 3 4 V ( A M P ) Í R U S Marcos Henrique P. D. Si lva 3 6 P A N D O R M Ô N I O S Kátia Surreal 2 6 B I C H O - G E N T E Keissy Carvel l i 2 7 C H E N O A Olív ia Borges 3 9 O J E I T O M A I S D O C E D E D I Z E R S A U D A D E Regina Ruth Rincon Caires 4 0 S I N C E R I C Í D I O Mariana Castr i l lon 3 7 C I C L O N A Q U A R E N T E N A Melissa Caiado 3 8 S O B R E O S A U T O R E S 4 1 APRESENTAÇÃO Os textos aqui reunidos foram selecionados por meio de um concurso literário, realizado pelo Centro Cultural do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, durante o período de isolamento social por conta da pandemia de Covid-19, tendo a vida nesse mesmo período como temática. Essa ideia surgiu a partir do momento em que as atividades presenciais no Centro precisaram ser interrompidas. Este é o segundo de dois volumes e apresenta os 30 primeiros microcontos classificados em tal concurso, que foi aberto tanto a autores vinculados à Unicamp como também a autores externos. Nossos sinceros agradecimentos a todos aqueles que se dispuseram a concorrer. Agradecemos também à direção e ao setor de publicações do Instituto, que aceitaram prontamente a ideia; e, ainda, ao Navega – Rotas Criativas pela parceria que nos proporcionou premiar o primeiro colocado de cada categoria com um curso em sua plataforma online. Por último, agradecemos imensamente aos membros da Comissão Julgadora: Ana Maria Côrtes, Annelise Estrella, Angelo Ardonde, Antonio Vicente Pietroforte, Carolina Tomasi, Clarissa Mariano, Edison Gomes Jr., Eduardo Lacerda, Eduardo Sterzi, Elisa Coelho, Érica Lima, Fadul Moura, Flavio de Oliveira, Gabriela Vescovi, Jacqueline Barbosa, Juliana Pondian, Marcos Siscar, Mario Luiz Frungillo, Oscar Nestarez, Paula Martins de Souza, Taís de Oliveira, Úrsula Antunes e Viviane Veras. Profa. Dra. Dayane Celestino de Almeida Curadora do Centro Cultural do IEL Outubro de 2020 A PROMESSA ADEMAR DE QUEIROZ Devagarzinho, a vida retornava ao normal. Ou ao novo normal, como se referiam agora aos dias ainda estranhos, cheios de cuidados e não me toques. A quarentena se estendia muito além do esperado. Mas, naquela manhã, ele tomou a decisão: iria visitá-la, não podia adiar mais. Vestiu-se com sobriedade, como pedia a ocasião. Chamou um táxi. Indicou o endereço. Ao chegar a seu destino, percebeu que muitos haviam tido a mesma ideia. Caminhou com dificuldade entre as pessoas. Era estranho depois de tantos meses em isolamento. Avistou-a. Ficou paralisado por alguns instantes. “Se acontecer de passar um dia sequer sem ver você, quero um abraço forte e demorado no nosso reencontro. Promete?" Sentiu os olhos marejados. Virou-lhe as costas e, a passos largos, fez o caminho de volta até a rua, tropeçando entre as lápides. 9 UM DIA PERFEITO DE INVERNO ALINE BAIXER Fechei os olhos. Duas e dez da tarde. “Faz um pedido, filho!”. Assoprei as sete velas sobre a máscara preta coberta de glacê — um bolo do Batman. Meu segredo: desejei mamãe para sempre comigo. Bip!, apitou nossa máquina fotográfica. Uma nova recordação em forma física. Sentamos no quintal a observar o céu multicor do entardecer. Era um dia radiante e perfeito de inverno! Biii, ressona o monitor. Protocolo de ressuscitação cardiopulmonar. Biii. “Hora da morte: 14:11”, atesta o médico de plantão. Uma vida se esvai de um corpo físico. Na sala de espera do hospital, a máscara em meu rosto — sem nenhum glacê — não me sufoca como o nó em minha garganta. Minha mãe estivera sedada, intubada, e agora estava morta. Pensei em meu pedido há vinte anos. Fechei os olhos. Era uma noite escura e terrível de inverno. 10 A CARTOMANTE ANDERSON PIMENTEL Furou a quarentena. Precisava saber do seu destino. A cartomante leu no baralho: sua máscara vai cair. Deixou a sala preocupada. Será mesmo que ia ser descoberta? Fizera tudo com muito cuidado… Quando já estava na calçada do seu prédio, o elástico que prendia sua máscara rompeu. A cartomante estava certa. 11 CONTRATEMPO ANDRÉ MELLAGI Achei que fosse chegar tarde. Mas os poucos carros na rua aliviaram o trânsito. Achei que não poderia mais entrar aqui. Mas não havia ninguém além de mim. Achei que eu devesse vestir algo de acordo. Mas só pediram para lavar as mãos. Achei que eu tivesse algo a dizer. Mas o silêncio tratou de explicar tudo. Achei que alguém viesse me confortar. Mas o medo acorrentou os outros. Achei que poderia segurar tua mão. Mas você já estava isolado de qualquer contato. Achei que ainda fosse te ver. Mas nenhuma luz penetrava seu repouso lacrado. Achei que pudesse ficar mais tempo aqui. Mas vieram te buscar. Havia outro velório em seguida. 12 DUPLO FRAGMENTADO ANDRÉA MORAES DA COSTA Nos dois primeiros meses de isolamento, contei com ele. Mais do que acompanhar meus movimentos, ele compensou as ausências… Sua companhia trazia brilho às manhãs e às tardes. À noite, não posso negar, muitas vezes, sua presença ao meu lado, ou à minha frente, me provocava sobressalto... Dispensar atenção a ele era receber de volta todo o turbilhão de emoções que me tomavam... assim como a pedra que recebe o jorro da cachoeira, imóvel, ele assim permanecia, quando eu, à sua frente, me postava. O certo era que eu o tinha por perto nesses tempos de pandemia. Mas tudo mudou. Os meses de agosto, no Sul, são traiçoeiros. Em uma manhã, uma rajada de vento norte bateu com vigor na persiana, que foi de encontro à parede. Ao chão, presenciei os estilhaços... neles continuavam refletindo minhas emoções... agora fragmentadas. 13 CAPACETE ANTONIO OLIVEIRA Fui à feira anadiense como de costume. Nossa população, abarrotada com tantos produtos, deambulava pelas ruas. Era uma festa intempestiva, como outras corriqueiras. Crianças, jovens, mulheres, homens e idosos percorriam os caminhos estreitos da pequena Anadia. O capacete no braço prefigurava a ação concreta do nossopovo inovador. As motos rosnavam como animais ao subir a ladeira da Paróquia Nossa Senhora da Piedade. Eu me alegrava com tudo aquilo, nossa cultura sempre foi enriquecida pela diferença acentuada da qual se construía essa gente alegre. Os filmes de ficção científica, vistos na Netflix, dialogavam com aquelas personagens estranhas, sem acesso à tecnologia de ponta ou às curas mirabolantes. Mas algo o anadiense sabia fazer bem: proteger o queixo. A máscara abaixo da boca cobria o nariz. 14 MUDANÇA CAROL CRUZ Duas condições impediam Gilia Franco de sair de casa: a frágil constituição física, nunca diagnosticada a contento; e uma família, a qual descrever como superprotetora, se não fosse como eufemismo, seria pouco. Com tal combinação, a vida se resumia a “cuidado com a comida, senão…”, “o banho é assim, porque…”, “está proibida de sair, ou então…” e “ficar em casa é melhor, porque…”. Sempre recomendações sobre o problema de saúde e sobre as amenizações dos seus efeitos. Aborrecida, resignou-se. Mas só até a pandemia de 2020, quando o mundo passou a viver, também, em quarentena. A verdade revelou-se. As brigas dos pais, a aflição do irmão, a companhia fiel da depressão. Ficar em casa não era o prazer pintado. Na madrugada, decidiu-se. Levantou. Caminhou em silêncio até a porta. Saiu. 15 OS MORADORES ELISA GUIMARÃES Eu não durmo. Passo a noite em claro, olhando para as paredes. Às vezes, ligo a televisão. Se tiver sorte, ninguém acorda para desligá-la. Passo o dia zanzando pela casa. Olho pela janela, abro os armários e a geladeira, tiro uma coisa do lugar, coloco em outro. Mais do que tudo, observo. Sempre a mesma rotina, tudo exatamente igual. A casa tem andado cheia de gente. Antes, costumava ficar vazia, mesmo nos fins de semana. Os outros moradores também fazem tudo igual, todos os dias. Agem como se eu não estivesse lá. É o barulho da televisão, do rádio, do liquidificador, do celular, do chuveiro… Não para nunca! Dá vontade de surtar de vez: fazer voar o liquidificador, mudar o rádio de estação, tacar fogo no chuveiro. Talvez assim eles entendam como eu me sinto. Não tem sido fácil ser um fantasma. 16 BEM ANTES FELIPE SÓ Pelo meu jeito de andar, dava pra perceber que eu não vestia jeans e tênis há séculos. A atenção que a cena recebia era o oposto da que eu desejava. Cheguei ao ponto. Confirmei a linha do ônibus no celular, como se o número pudesse ter mudado da minha casa até ali. A cada veículo que passava, conferia o celular de novo, pra ter certeza. Meu fone, que já funcionava só no truque, pifou de vez. Não me importei em tirá-lo do ouvido e comecei a perceber os sons da rua. Entre falatórios e cochichos, percebi duas senhoras me fitando de longe, falando de mim. Desviei o olhar; audição atenta. — Aquela ali, ó, filha da Rosana. Não saía de casa por nada, diz que tava com medo de tudo. — Por causa do corona? — Não, menina. Bem antes. 17 MUTATIS MUTANDIS FRANCIS DUARTE Era Julho. Era pandemia, mas também era solidão. Saio de casa, vejo o movimento das ruas e os números das dores anônimas que escorrem na multidão. Surge uma aluna. Sorrisos, mesmo sob a máscara, nossos olhos reforçando a alegria escondida por mais uma camuflagem. Queríamos nos abraçar, mas apenas nos olhamos e tocamos nossos cotovelos. São mais de 120 dias sem ouvir a voz e os risos sonoros das crianças. Despedida. O coração aperta, mas é o possível. Respeitar o distanciamento é a demonstração de amor a ser feita. À parte, “líderes” menosprezam a doença, os mortos e a dor de um povo. Na volta, debaixo do cinza e da garoa, choro em silêncio e imagino um futuro incerto. "Maldito vírus! Não seremos os mesmos!" — grita o peito. “Aliás, a gente nunca é sempre o mesmo!” Talvez isso que me conforte. 18 RIBALTA-19 GISELA LOPES PEÇANHA Malu colocou seu vestido novo, comprado pela internet. Sentou-se à mesa com seus pais e irmão, diante de um lindo bolo de aniversário. Pegou o celular e sintonizou no Zoom: dezenas de amigos da escola a esperavam para cantar o “Parabéns pra você’’ virtual, pontualmente às vinte horas. Contagem regressiva! Três, dois, um! E faltou luz, num grande apagão que acometeu toda a cidade. O pai pegou uma lanterna potente que usava nas pescarias, e a colocou no chão da sala; beijou a mão da filha e a convidou para a valsa dos 15 anos, na penumbra e no silêncio. Bailaram sobre um carpete de ribalta iluminada. A luz voltou. A pandemia, um dia, acabou. E Malu aprendeu que não há blackout na vida que tranque ou apague o amor; e isso... é tão grande quanto a liberdade. 19 SINA GISELLE FIORINI BOHN — Não esquece a máscara! E não vai coçar o olho! Ela bateu a porta. Não bastava a mãe enterrada sem velório, a avó que chorava dia e noite, o pai perambulando atrás de serviço. Não bastava a comida pouca, o frio que vinha pelas frestas da madeira, a sina da miséria inescapável. Não. Agora era também a porra da máscara, o maldito álcool em gel nas mãos esfoladas, e todo aquele medo. Na esquina, um ônibus encostava e ela entrou. Quase vazio; o cobrador cochilava. Ninguém viu quando ela abaixou a máscara e lambeu a barra de apoio vertical na qual se segurava, nem quando esfregou as mãos pelo metal frio e chupou os dedos, um a um, como se lambuzados de mel. Máscara de volta, coçou demoradamente os olhos com as duas mãos. Quando os abriu, o cobrador a observava de soslaio. — Liga, não, moço. É só um lance meu com Deus. 20 ANUNCIAÇÃO ISABELA VIEIRA BERTHO Cinco e quarenta. Cócóricó, cócóricó. Não é possível. 120 dias e essa galinha cantando. Galinha não, galo. Abro a janela, lá está: no alto do muro da vizinha, superior, gritando uma verdade que só ele sabe: Cócóricó. Tá anunciando o fim do mundo, é? A vingança da natureza? Desde o início da quarentena, canta de propósito, feliz. Cócóricó, diabo, que foi? Por que avisar que raia mais um dia? Que diferença faz: terça-domingo-quinta? É mais do mesmo. Vírus do inferno. Maldita galinha. Galo. Fecho a janela. Ainda tá escuro, cacete. Cócóricó. Café, pão, trabalho, telefone, 50m², pula, chora, notícia, morte, almoça, trabalha, janta, dorme. O diretor da OMS fala, a boca se move sem ruídos, me desespero, aumento o volume e nada. O horror: uma linha surge costurando os lábios dele. Deus, o horror! E então: Cócóricó. Cinco e quarenta. 121. 21 O MILAGRE JAMILE GUERRA Na quarentena, Francisca observava o mundo pela janela. A verdade é que sempre havia sido assim. Sua casa era seu reino, e todos que nela habitavam viviam sob seus cuidados generosos. A rotina era cansativa. Os serviços, intermináveis. Mas não se queixava. Era resiliente. Aquela noite parecia igualzinha às outras quando o milagre veio. Uma estrela cadente rasgou o infinito e Francisca intuiu ser o sinal que já há muito reivindicava a Deus. Fechou os olhos e pediu do fundo do coração: desejava que todas as pessoas que amava permanecessem vivas. A estrela, ou o que quer que ela representasse, ouviu o pedido. Seus filhos, marido e pais sobreviveram à pandemia. A fé tudo pode, tudo transforma. Francisca, porém, não testemunhou a graça alcançada. Sua ausência foi profundamente sentida em cada louça suja. 22 INSÔNIA JOÃO RUFATTO Ana desperta assustada. São 4h da manhã. O calor da madrugada invade seu quarto e ela se levanta para abrir a janela. A rua está deserta, exceto por um homem de meia-idade que corre, completamente nu. Ana inspira o ar contaminado pelo vírus, os olhos lacrimejam. No cômodo ao lado, a TV veicula o último boletim de óbitos, enquanto um jornalista faz malabarismo com seringas contaminadas. Enfraquecida, ela apoia o corpo no peitoril, respira fundo outra vez e volta a atenção para a rua: entre milhares de carros em chamas, manifestantes marcham ao encontro de uma tropa de militares calçando saltos agulha e empunhando caixas vazias de remédio para artrite. O mesmo homem, nu, de antes lidera o pelotão,ele veste uma faixa na qual se lê “Presidente da República”. Ana fecha os olhos com força e implora para que tudo não passe de um sonho. 23 A VISITA DA PRINCESA JOJO CAMPOS Esse ano, eu vou pedir ao Papai Noel que traga a mamãe de volta, só por um dia. A mesa de chá sempre fica pronta, caso ela queira me visitar. Os biscoitos, o chá e as minhas bonecas: Ariel, Lily e Jade. Quando esse dia chegar, eu vou pôr meu vestido de princesa e usar a coroa que ela me deu de presente. Ela vai se sentar bem ali, na cadeira grande, enquanto eu sirvo o chá. Eu que ensinei a ela como segurar a xícara, igual à Branca de Neve com os sete anões. Me lembro de quando ela saiu de casa, muito doente. Não sei o que era. Parecia gripe. Papai me disse que ela foi morar no castelo, com as outras princesas. Para eu falar com ela, é só botar a mão no coração e então a mamãe vai ficar mais perto de mim... — Minha princesa? — A mamãe voltou! — Quer chá, mamãe? — Eu dei um abraço nela, de tanta saudade. 24 RESPIRO JULIANA BERLIM Receber a luz direta do sol na pele, dezenas de dias após a última vez, foi uma dádiva. Meus cabelos se colaram à testa com o filete de suor. Oxalá ainda ter cabelos, porque foram perdidos milhares de fios durante o confinamento junto com a sanidade e a paz varridos todos para debaixo daquilo que um dia foi a memória do planeta. Porém, tão logo as portas da economia se reabriram, como revogação das trombetas do Apocalipse, pus meus pés em ação. Só que, maravilha das maravilhas: estando de novo no olho da rua, tentei andar, mas os dedos dos pés se enroscaram no asfalto, como se criassem raízes. A vida pedia, em sua infinita generosidade: “Para, respira fundo, contempla”. 25 PANDORMÔNIOS KÁTIA SURREAL Ah! Esses termômetros na entrada dos comércios ainda não foram capazes de medir a temperatura do corpo, que inusitadamente se eleva na presença daquele que lhe tira a medida. 26 BICHO-GENTE KEISSY CARVELLI Daio dizia ao bicho na gaiola: — Canta, Azulão, canta. E o Azulão cantava, cantava. Daio se enchia de vontade de fazer armadilha e pegar mais dois, mais três, mais quantos desse para pegar. Pouco importava se as paredes já estivessem cheias de sabiás, pintassilgos, canarinhos e outros tantos. Carpintaria mais e mais gaiolas, e já era capaz de sonhar com o novo bicho a responder ao seu chamado: — Canta, Azulão, canta. E o Azulão cantaria, cantaria. Agora, porém, era Daio quem se sentia engaiolado, e o Azulão, desassossegado, dizia: 27 — Canta, Daio, canta. E Daio não cantava, não. Não porque não fosse bicho. Era sim bicho-homem: esperto feito pássaro, atento feito leão. O caso é que não cantava porque bicho-gente, na gaiola, entristece tanto que até mesmo o canto fenece. 28 COEXISTIR LEILA VILHENA Harpócrates ficou conhecida como a cidade de aura triste. Nasceu como refúgio aos de coração partido e casamento desfeito pelo convívio extremo do isolamento, após a pandemia de 2020. Bagagens: somente dor, ausência e silêncio. A aparente frieza não traduzia a solidariedade dos moradores. Reconheciam-se na dor alheia e compreendiam-na, como a si mesmos, pela melancolia do olhar. Leis curiosas foram criadas, como a "Licença pré- casamento", que impunha o confinamento de 360 dias para quem decidia casar-se novamente ali. Assim, muitos casamentos foram evitados. Os que levaram a aventura adiante, o fizeram com um discreto sorriso-futuro. 29 PRESO NO AZAR LEO SURCIN Desde piá, Mauro vive atrás das grades. No berço, barras paralelas. A janela do quarto, na puberdade. A do trabalho, já homem. Tem até prisão de ventre. Desafiou a cisma, casou e teve filhos. Foi trabalhar na rua pra não mais sentir clausura. Já no primeiro dia, foi preso por engano. Pegou vinte anos. Esposa e filhos o repudiam. Dez anos no cárcere, defensora idealista prova sua inocência. Envergonhada, a família o convida. Enfim, pisa na rua, mas não sente a liberdade. Um vírus decreta quarentena. Quando finalmente está livre, todos estão presos. Vaga sozinho até a casa da família. Ninguém pode entrar ou sair. Passa meses preso na solidão, ansiando a vacina. Enfezado, burla a restrição. Na porta da família, é preso por furar o bloqueio. Enquanto é levado na viatura, pelo rádio bradam o fim da quarentena, e todos podem andar livres. 30 O CASAMENTO LEONARDO SODRÉ Nosso casamento não foi planejado. Naquele tempo, assumir compromissos me aterrorizava. Ao primeiro sinal de que a mulher queria tornar a relação mais séria, eu desaparecia sem avisar. No dia em que nos conhecemos, não era outra a minha intenção: dormir com ela, me aproveitar do café da manhã em sua casa, tomar o metrô de volta para a Tijuca e nunca mais nos falarmos. No dia seguinte, despertamos com o toque do telefone. Para o meu azar, era o irmão dela, contando que havia testado positivo para a Covid-19; orientou- a a não sair de casa, já que haviam se encontrado na véspera. Eu também não podia voltar ao meu apartamento: minha mãe, já idosa, vivia lá. Passamos, então, eu e ela, semidesconhecidos, trinta dias morando juntos, em quarentena. No trigésimo primeiro, pedi sua mão em casamento, e meu azar ganhou brilho de sorte. 31 MONÓCULO LOPSE LAZULI A imagem dos dois estava estática, como um negativo jamais revelado. Imaginava o quanto a irmã e o sobrinho teriam mudado quando os reencontrasse. As chamadas de vídeo eram incompletas. Somente o rosto, imenso, imerso naquela tela, sujeito às intempéries da conexão de internet As sensações se ampliavam. Além da saudade, vontade de fotografar, hobby que se encontrava diluído entre a carga horária de trabalho, que invadia a casa. A câmera andava com ela registrando os gatos, as samambaias e os raios de sol. E as fotos deles. Fotos das fotos. Monóculos de momentos felizes passados. Com as canetas, tecia os centímetros do crescimento do sobrinho e fios de cabelo nos dois. A cada chamada de vídeo, novos traços às fotos dos retratos. A imagem, estática. Os monóculos, em sequência, eram o negativo de um filme. Imaginado. Amado. 32 VIDRO FECHADO LUCAS ZANELLA Vizinho, eu o vejo. Do meu quarto, nunca observei longamente pela janela, mas eu o faço agora e o vejo aí, no prédio em frente. Como gostaria de saber seu número, de lhe telefonar para conversarmos, enquanto nos observamos pelo vidro fechado. Falaríamos sobre os transeuntes mascarados da rua e tentaríamos adivinhar suas histórias. A conversa diária nos tornaria inseparáveis sem que percebêssemos. Sua vizinha da direita, que também vejo de longe, teria presença constante em nossas conversas e em meus pensamentos, que nela cismariam, ardentes de algum desejo. Você, amigo que é, bateria à sua porta para me conseguir seu número. Apenas por minha causa conheceriam um ao outro. Daqui, eu veria consternado sua aproximação crescente e o amor nascente. Abatido, só me restaria dizer que comemoraríamos sua união quando voltasse a normalidade. O isolamento seria, porém, meu perpétuo refúgio fugaz. 33 AO FIM MARCO CORTEZ Recomeço, mas poderia ser uma partida, pois faz tanto tempo que já não sei onde parei. A casa arrumada ainda traz resquícios de uma vida pregressa, porém tornou-se mais funcional e intimista: menos consumista. Lavei algumas roupas que estavam mofadas no armário, por tanto tempo fechado. As melhores foram para doação. Concluí que não preciso da metade do que tenho. Tirei a longa barba cultivada nos últimos meses e vi meu rosto nu no espelho. Estava diferente: algo nos olhos que não traziam a mesma vaidade, mas sim uma adolescente busca por descobertas. Era hora de preencher o futuro com as ideias que tive durante esse tempo de pandemia. 34 Revigorada a fé, eu estava mais essencial e bem mais leve. Abastecido de novos sonhos, de algumas velhas amizades e de uns poucos novos amores que fiz, peguei minha mochila e parti. 35 V(AMP)ÍRUS MARCOS HENRIQUE P. D. SILVA Todos acreditavam que a coroada seria a última, nãoa primeira, de uma série de autoridades que viriam se apoderar. Contudo, uma a uma, essas entidades foram surgindo, e milhares de vidas foram cobradas. Salvo aqueles que permaneceram em seus castelos protegidos, longe das impurezas de ser vivo, apenas na conserva e na espera, sugando do sangue suado e salgado de mãos cansadas e calejadas. Hoje já nos distinguimos pelo simples rosto exposto daqueles ignorantes com enxadas, que desconhecem do clássico ao erudito, de Aristóteles a Mefistófeles, tudo perdido por um simplório darwinismo. Entretanto permanecemos puros e eternos, mas incapazes de compartilhar de sutil mortalidade; poderosos, porém temerosos quanto ao que nos é microscópico. No isolamento nos fizemos pacientes, mas insaciáveis daquilo que nos foi privado, mas que corre livremente por tolas veias inocentes. 36 SINCERICÍDIO MARIANA CASTRILLON Tossi. Desesperei. Contei tudo. (Era bronquite). 37 CICLO NA QUARENTENA MELISSA CAIADO É dia. Liga o computador. Conecta na aula. Vê a aula. Internet cai. Frustração. Internet reconecta. Vê a aula. Internet do professor cai. Internet do professor reconecta. Professor volta a dar aula. Vê a aula. Aula acaba. Lê textos. Faz trabalhos. Notificação de atividade no Classroom. Cansaço. É noite. Desliga o computador. Dia seguinte. Repete. 38 CHENOA OLÍVIA BORGES A peste chegou em Trou-Bonbon, um pequeno vilarejo no Haiti, onde moro. Depois que a doença acometeu a cidade, tive mais tempo para ler. — Chenoa gosta de imaginar que lê, mas ler ainda não sabe. Da cor púrpura e olhar distante, ela tem sempre longos pensamentos, nasceu com a cabeça trançada no vento. Seus pais desapareceram no terremoto, em Porto Príncipe, e ela é a mais velha de três irmãs. Eu não gosto de usar saias, mas meu tio quer que eu as use. Ainda bem que, com a quarentena, meu tio não pode mais nos visitar. — Depois que todos estão dormindo, Chenoa vai sentir o medo. Ela tem muito medo da peste do tio; do corona, do ebola, da cólera; da peste da fome. Em tempos de pandemia, ela fica sentada em frente à sua casa de barro e telhado azul. Chenoa espera que um dia seus pais voltem e levem seu medo para passear. 39 O JEITO MAIS DOCE DE DIZER SAUDADE REGINA RUTH RINCON CAIRES No celular: ─ E aí, minha florzinha? Misericórdia, que saudade danada! Assim que a quarentena terminar, vamos retomar os nossos programas, não é? Brincar de casinha, de massinha, de fazer comidinha, vamos desenhar muito... Você tem alguma outra sugestão? ─ Vovó, será que primeiro eu posso ficar um dia inteirinho só abraçadinha com você?! 40 SOBRE OS AUTORES Ademar de Queiroz é goiano de Santa Helena. Formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Goiás, fez carreira na publicidade e estreou como escritor em 2019 com O baú do Menino Deus, livro de minicontos impresso simultaneamente em tinta e braille com relevo serigráfico. FB/Instagram: @obaudomeninodeus. E-mail: ademardequeiroz@gmail.com Aline Baixer é apreciadora das palavras desde cedo e também gosta de expressar-se pelo arranjo das letras. Perita nos mais variados seriados de criminalística, os livros de suspense são a sua fonte preferida de entretenimento. É natural do Rio Grande do Sul e, atualmente, cursa Medicina na Universidade Federal de Santa Catarina. Email: alinebaixer@hotmail.com Anderson Pimentel é maranhense e graduando em Letras na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Mantém um blog de crônicas, Gente como Agente: crônicas de um agente comunitário de saúde, onde escreve semanalmente as experiências como agente de saúde e estudante de Letras. Entusiasta da literatura brasileira, costuma dizer que é uma mistura de Policarpo Quaresma com Riobaldo. E-mail: andersonpimentel.aps@gmail.com 41 André Mellagi é paulistano; psicólogo, mestre e doutor em Psicologia Social pelo Instituto de Psicologia da USP. Publicou dois livros de contos pela Editora Patuá: Bricabraque, em 2017 e Interfaces, em 2019. Colaborou com textos e fotos para diversas revistas literárias (eletrônicas e impressas). E-mail: agmellagi@gmail.com Andréa Moraes da Costa é doutora em Teoria da Literatura pela UNESP e docente do Departamento de Línguas Estrangeiras e do Programa de Mestrado Acadêmico em Letras – área de Estudos Literários –, da Universidade Federal de Rondônia. Coordena o Programa de Extensão Livros que me Encantam e o Projeto de Extensão Interfaces Literárias. E-mail: andrea@unir.br Antonio Oliveira é graduado em Letras pela Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL). Sendo um amante das palavras, faz da escrita sua forma de existência, sobretudo em tempos tão nefastos. Atualmente, é pesquisador de Literatura Comparada e professor de Literatura do Colégio São Mateus. E-mail: jaletras1997@gmail.com Carol Cruz é quase uma traça. Em tudo que faz, livro e leitura estão presentes: formada em Editoração (ECA-USP); professora e corretora de redação; preparadora e revisora freelancer; e com pretensões literárias. Tem contos publicados em antologias, as quais divulga no Instagram (@carolcruz_a). E-mail: caroline.calias@gmail.com 42 Elisa Guimarães é bacharel em Jornalismo e mestre em Estudos de Linguagem pela UFF. Atualmente, faz doutorado em Linguística na Unicamp. Aos seis anos, aprendeu a escrever e resolveu que era isso que ia fazer da vida. O plano deu mais ou menos certo e, hoje, Elisa procura formas de mostrar ao mundo sua literatura de gaveta. E-mail: elisamguimaraes@gmail.com Felipe Só é mestrando em Letras pela UFSJ. Como finalista do Prêmio Malê de Literatura para Jovens Escritor@s Negr@s, em 2016, teve um conto publicado em coletânea. De forma independente e artesanal, publica sozinho ou em parceria com coletivos de Belo Horizonte. E-mail: felipe.souza.oliveira@gmail.com Francis Duarte nasceu em maio de 1979, cresceu numa casa de mulheres fortes e todas professoras. É formada em Letras, pós- graduada na área de Educação de Jovens e Adultos e mestra em Língua Portuguesa. Escreveu para algumas revistas de movimentos populares e Educação, mas se identifica mesmo como uma nefelibata incorrigível para então se alimentar de sonhos ao longo do caminho. Email: fpcd79@gmail.com 43 Gisela Lopes Peçanha conquistou quase 100 prêmios literários, a nível nacional e internacional, com dezenas de primeiros e segundos lugares, menções honrosas e diplomas de mérito. Teve premiações em concursos literários de Universidades Federais brasileiras, tais como: Universidade Metodista de Piracicaba, Universidade do Pampa e Universidade de Brasília. Já publicou em 42 antologias. E-mail: giselamusik@yahoo.com.br Giselle Fiorini Bohn é paulistana, (re)formada em Letras, ex- professora e agora escritora. É autora da série de quatro livros Alles Gut!, sobre seu ano de glórias e gafes na Alemanha, onde vive com sua família. Publicou recentemente seu primeiro romance, Pele Velha. Tem contos publicados em antologias e revistas literárias. E-mail: giselle.bohn@gmail.com Isabela Vieira Bertho é cientista social, mestra em Sociologia pela Universidade de Genebra e desde sempre trabalha com projetos sociais. Estreante na escrita, tem enxergado esse caminho como forma de conexão com a terra e o imaginário, capaz de provocar beleza e dor, e principalmente transformar. E-mail: isabelabelv@gmail.com Jamile Guerra é paraense e, há 12 anos, deixou a chuva da tarde para se abrigar em Brasília. É feminista, publicitária e mãe da Helena. Gosta de contar histórias, inventar brincadeiras e ver a Esplanada à noite. Durante a quarentena, resolveu tirar seus textos da gaveta e aprender a fazer bolo. E-mail: jamileguerra@yahoo.com.br 44 João Rufatto é graduando em Comunicação Social - Midialogia na Universidade Estadual de Campinas. Fotógrafo, editor de vídeos e diretor de curtas-metragens, se aproximou da escrita tentando encontrar formas de expressar aquilo que parece incômodo demais de ser dito em voz alta. E-mail: joaofeliperf@gmail.com Jojo Campos é estudante de Interpretação para Teatro, TV e Cinema pelo Instituto Culturalde Educação Nacional de Arte. Participou de espetáculos teatrais no Teatro Arthur Azevedo, no Teatro Alcione Nazaré, no Teatro SESC Napoleão Ewerton e no Teatro Maria Izabel Rodrigues. E-mail: jvs.campos@outlook.com Juliana Berlim é professora de Língua Portuguesa e Literatura do Colégio Pedro II. É mestra em Ciência da Literatura (UFRJ) e escritora com textos publicados no Brasil e no exterior. Co- organizou Transliteraturas (Oficina Editora). E-mail: juliananberlim@gmail.com Kátia Surreal é carioca, reside em Niterói, nasceu durante o período da lua de sangue, numa sexta-feira 13 de julho de 1986, Dia Mundial do Rock. Mãe da gata Bibi, professora, marxista, blogueira, amante da natureza e de esportes ao ar livre. Instagram: @katiasurreal. E-mail: katiamnemosine@gmail.com 45 Keissy Carvelli é bacharel em Jornalismo e doutoranda em Letras pela Unesp/Assis. Publicou Dois cafés com creme, por favor! (Multifoco, 2009) e o zine Ahum! (2017). E-mail: keissycarvelli@gmail.com Leila Vilhena é autora do livro Senti saudade das cores, vencedor do Concurso Internacional Helvétia Edition. É mestre em comunicação, cidadania e educação, com dissertação que ganhou o 1° lugar no Prêmio Internacional Péter Murany, em 2018. Fundadora do programa BiblioArte LAB, e finalista do Prêmio Jabuti e do Prêmio IPL-Retratos da Leitura do Brasil. E-mail: leiladcavalcante@gmail.com Leo Surcin tem Bacharelado e Pós Graduação em Direito, e Pós Graduação em Cinema. É mestrando em Artes da Cena pelo Célia Helena. Roteirista, dramaturgo e escritor com 7 laurels, 12 contos e 11 poemas publicados. Apaixonado por criar, está gerando séries, longas, documentários e outras obras. E-mail: leo12dut@gmail.com Leonardo Sodré nasceu no Mato Grosso do Sul e, adolescente, mudou-se para a capital do Rio de Janeiro. Ficou fascinado pelo movimento da vida na metrópole e agora se diverte inventando histórias sobre ele. Acredita no exercício da imaginação descompromissada como caminho para salvação de sua alma. E-mail: leonardohsodre@gmail.com 46 Lopse Lazuli é poeta e musicista de Curitiba. Publicou nas coletâneas Quem dera o sangue fosse só o da menstruação (Urutau, 2019), Mulherio das Letras Portugal (In-Finita, 2020), e Letra de Mulher (As Marianas, 2020). Foi finalista do 10º Festival de Poesia de Divisópolis-MG, em 2020. Redes: @lopselazuli, medium.com/@lopse. E-mail: lopselazuli@gmail.com. Lucas Zanella é formado em Letras; sua jornada com a escrita e a leitura começou no ensino médio. Após um experimento inicial com o terror e a fantasia, descobriu que seu gênero de fato é a ficção literária — e não planeja sair dele tão cedo. E-mail: lucas.zanella@outlook.com Marco Cortez é professor universitário, fotógrafo por paixão, escritor por tesão. Autor de contos, poemas e crônicas publicados. E-mail: masc1971@yahoo.com.br Marcos Henrique P. D. Silva é licenciado em Matemática pela USP, mestre e doutorando em Ensino de Ciências pela UNESP e Unicamp, respectivamente. Coordena os blogs Zero e M³ no projeto blogs de ciência da Unicamp, e o Zerésimo Expositório de Recursos Online da USP. E-mail: marcos.dias@unesp.br 47 Mariana Castrillon é formada em Linguística e Comunicação Pública e Interpessoal. Ama palavras, retórica e estratégia. Doutora em Scrabble, Academia e War, acredita ser possível conquistar Dudinka e Vladivostok só na conversa. Coleciona frutíferas nativas, desenhos da filha e elogios ao marido. Atualmente trabalha mais do que deve na Unicamp. E-mail: maricori@unicamp.br Melissa Caiado é graduanda em Licenciatura em Letras pela Unicamp. É entusiasta por livros de romance e fantasia e já foi autora de fan fictions sobre artistas Pop. E-mail: m222486@dac.unicamp.br Olívia Borges é doutoranda em Linguística pela Unicamp e Unito. Duplamente aquariana, gosta de se demorar no tempo e no espaço. Troca o nome das coisas e sempre muda o compasso. É uma escritora de gaveta, alma do amanhã que busca na palavra o seu sentido nesse planeta. E-mail: oliviafcouto@gmail.com Regina Ruth Rincon Caires nasceu em Auriflama-SP em 07 de setembro de 1953. Casada, funcionária pública federal aposentada, tem dois filhos e um punhado de netos. Formada em Letras e Direito, não possui livros publicados, mas já foi classificada em alguns concursos literários. E-mail: reginaruthrinconcaires@gmail.com 48 CENTRO CULTURAL DO IEL Abaixo, informações sobre o Centro Cultural do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. Endereço: Rua Sérgio Buarque de Holanda, 571 Cidade Universitária Zeferino Vaz CEP 13083-859 Campinas - SP Página no Facebook: https://www.facebook.com/centroculturaldoiel 49 Tamanho da Página 12,5 x 18 com Fonte do Corpo: Lora Fonte dos Títulos: Gidole Idealizado para visualização em rolagem de página única
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