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Quarentena_MICROCONTOS

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ESCRITOS DA 
 QUARENTENA
C E N T R O C U L T U R A L D O I E L
volume II - minicontos
ESCRITOS DA 
 QUARENTENA
C E N T R O C U L T U R A L D O I E L
volume II - minicontos
Universidade Estadual de Campinas
Setor de Publicações do IEL (Responsável: Profa. Dra. Jacqueline Peixoto
Barbosa).
Organização: Profa. Dra. Dayane Celestino de Almeida (Curadora do
Centro Cultural do IEL).
Revisão: Úrsula Antunes @caros_livros.
Imagens e Templates de Capa e Projeto Gráfico: disponíveis em
www.canva.com. Licença para uso comercial e não comercial.
Capa e diagramação: Dayane Celestino de Almeida. 
Copyright © 2020.  Centro Cultural do IEL
Política de Acesso Livre:
Este trabalho está sob a licença “Creative Commons” CC BY-NC. Ele pode
ser copiado e redistribuído gratuitamente. Proibido comercializar parcial ou
totalmente, por quaisquer meios. Para saber mais sobre a licença, acessar
https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/
Escritos da Quarentena. Volume 2: minicontos. 2020.
Campinas, 2020.
SU
M
ÁR
IO
U M D I A P E R F E I T O D E I N V E R N O
Aline Baixer 1 0
A C A R T O M A N T E
Anderson Pimentel 1 1
C O N T R A T E M P O
André Mel lagi 1 2
D U P L O F R A G M E N T A D O
Andréa Moraes da Costa 1 3
C A P A C E T E
Antonio Ol iveira 1 4
M U D A N Ç A
Carol Cruz 1 5
O S M O R A D O R E S
El isa Guimarães 1 6
A P R E S E N T A Ç Ã O 0 7
A P R O M E S S A
Ademar de Queiroz 0 9
R I B A L T A - 1 9
Gisela Lopes Peçanha 1 9
S I N A
Gisel le Fior ini Bohn 2 0
A N U N C I A Ç Ã O
Isabela Vieira Bertho 2 1
O M I L A G R E
Jamile Guerra 2 2
I N S Ô N I A
João Rufatto 2 3
A V I S I T A D A P R I N C E S A
Jojo Campos 2 4
R E S P I R O
Jul iana Berl im 2 5
B E M A N T E S
Fel ipe Só 1 7
M U T A T I S M U T A N D I S
Francis Duarte 1 8
C O E X I S T I R
Lei la Vi lhena 2 9
P R E S O N O A Z A R
Leo Surcin 3 0
O C A S A M E N T O
Leonardo Sodré 3 1
M O N Ó C U L O
Lopse Lazul i 3 2
V I D R O F E C H A D O
Lucas Zanel la 3 3
A O F I M
Marco Cortez 3 4
V ( A M P ) Í R U S
Marcos Henrique P. D. Si lva 3 6
P A N D O R M Ô N I O S
Kátia Surreal 2 6
B I C H O - G E N T E
Keissy Carvel l i 2 7
C H E N O A
Olív ia Borges 3 9
O J E I T O M A I S D O C E D E D I Z E R 
S A U D A D E
Regina Ruth Rincon Caires 4 0
S I N C E R I C Í D I O
Mariana Castr i l lon 3 7
C I C L O N A Q U A R E N T E N A
Melissa Caiado 3 8
S O B R E O S A U T O R E S 4 1
APRESENTAÇÃO
Os textos aqui reunidos foram selecionados por meio
de um concurso literário, realizado pelo Centro
Cultural do Instituto de Estudos da Linguagem da
Unicamp, durante o período de isolamento social por
conta da pandemia de Covid-19, tendo a vida nesse
mesmo período como temática. Essa ideia surgiu a
partir do momento em que as atividades presenciais
no Centro precisaram ser interrompidas.
 Este é o segundo de dois volumes e apresenta os 30
primeiros microcontos classificados em tal concurso,
que foi aberto tanto a autores vinculados à Unicamp
como também a autores externos. Nossos sinceros
agradecimentos a todos aqueles que se dispuseram a
concorrer.
 Agradecemos também à direção e ao setor de
publicações do Instituto, que aceitaram prontamente
a ideia; e, ainda, ao Navega – Rotas Criativas pela
parceria que nos proporcionou premiar o primeiro
colocado de cada categoria com um curso em sua
plataforma online.
 Por último, agradecemos imensamente aos
membros da Comissão Julgadora: Ana Maria Côrtes,
Annelise Estrella, Angelo Ardonde, Antonio Vicente
Pietroforte, Carolina Tomasi, Clarissa Mariano, Edison
Gomes Jr., Eduardo Lacerda, Eduardo Sterzi, Elisa
Coelho, Érica Lima, Fadul Moura, Flavio de Oliveira,
Gabriela Vescovi, Jacqueline Barbosa, Juliana Pondian,
Marcos Siscar, Mario Luiz Frungillo, Oscar Nestarez,
Paula Martins de Souza, Taís de Oliveira, Úrsula
Antunes e Viviane Veras.
Profa. Dra. Dayane Celestino de Almeida
Curadora do Centro Cultural do IEL
Outubro de 2020
A PROMESSA
ADEMAR DE QUEIROZ
Devagarzinho, a vida retornava ao normal. Ou ao novo
normal, como se referiam agora aos dias ainda
estranhos, cheios de cuidados e não me toques. A
quarentena se estendia muito além do esperado. Mas,
naquela manhã, ele tomou a decisão: iria visitá-la, não
podia adiar mais.
Vestiu-se com sobriedade, como pedia a ocasião.
Chamou um táxi. Indicou o endereço. Ao chegar a seu
destino, percebeu que muitos haviam tido a mesma
ideia. Caminhou com dificuldade entre as pessoas. Era
estranho depois de tantos meses em isolamento.
Avistou-a. Ficou paralisado por alguns instantes. “Se
acontecer de passar um dia sequer sem ver você, quero
um abraço forte e demorado no nosso reencontro.
Promete?" Sentiu os olhos marejados. Virou-lhe as
costas e, a passos largos, fez o caminho de volta até a
rua, tropeçando entre as lápides.
9
UM DIA PERFEITO DE INVERNO 
ALINE BAIXER
Fechei os olhos. Duas e dez da tarde. “Faz um pedido,
filho!”. Assoprei as sete velas sobre a máscara preta
coberta de glacê — um bolo do Batman. Meu segredo:
desejei mamãe para sempre comigo. Bip!, apitou
nossa máquina fotográfica. Uma nova recordação em
forma física. Sentamos no quintal a observar o céu
multicor do entardecer.
Era um dia radiante e perfeito de inverno!
Biii, ressona o monitor. Protocolo de ressuscitação
cardiopulmonar. Biii. “Hora da morte: 14:11”, atesta o
médico de plantão. Uma vida se esvai de um corpo
físico.
Na sala de espera do hospital, a máscara em meu
rosto — sem nenhum glacê — não me sufoca como o
nó em minha garganta. Minha mãe estivera sedada,
intubada, e agora estava morta. Pensei em meu
pedido há vinte anos. Fechei os olhos. Era uma noite
escura e terrível de inverno.
10
A CARTOMANTE 
ANDERSON PIMENTEL
Furou a quarentena. Precisava saber do seu destino. A
cartomante leu no baralho: sua máscara vai cair.
Deixou a sala preocupada. Será mesmo que ia 
 ser descoberta? Fizera tudo com muito 
 cuidado… Quando já estava na calçada do seu 
 prédio, o elástico que prendia sua máscara 
 rompeu. A cartomante estava certa.
11
CONTRATEMPO
ANDRÉ MELLAGI
Achei que fosse chegar tarde. Mas os poucos carros
na rua aliviaram o trânsito. Achei que não poderia
mais entrar aqui. Mas não havia ninguém além de
mim. Achei que eu devesse vestir algo de acordo. Mas
só pediram para lavar as mãos. Achei que eu tivesse
algo a dizer. Mas o silêncio tratou de explicar tudo.
Achei que alguém viesse me confortar. Mas o medo
acorrentou os outros. Achei que poderia segurar tua
mão. Mas você já estava isolado de qualquer contato.
Achei que ainda fosse te ver. Mas nenhuma luz
penetrava seu repouso lacrado. Achei que pudesse
ficar mais tempo aqui. Mas vieram te buscar.
Havia outro velório em seguida.
12
DUPLO FRAGMENTADO
ANDRÉA MORAES DA COSTA
Nos dois primeiros meses de isolamento, contei com
ele. Mais do que acompanhar meus movimentos, ele
compensou as ausências… Sua companhia trazia
brilho às manhãs e às tardes. À noite, não posso negar,
muitas vezes, sua presença ao meu lado, ou à minha
frente, me provocava sobressalto... Dispensar atenção
a ele era receber de volta todo o turbilhão de
emoções que me tomavam... assim como a pedra que
recebe o jorro da cachoeira, imóvel, ele assim
permanecia, quando eu, à sua frente, me postava. O
certo era que eu o tinha por perto nesses tempos de
pandemia. Mas tudo mudou. Os meses de agosto, no
Sul, são traiçoeiros. Em uma manhã, uma rajada de
vento norte bateu com vigor na persiana, que foi de
encontro à parede. Ao chão, presenciei os estilhaços...
neles continuavam refletindo minhas emoções...
agora fragmentadas.
13
CAPACETE
ANTONIO OLIVEIRA
Fui à feira anadiense como de costume. Nossa
população, abarrotada com tantos produtos,
deambulava pelas ruas. Era uma festa intempestiva,
como outras corriqueiras. Crianças, jovens, mulheres,
homens e idosos percorriam os caminhos estreitos
da pequena Anadia.
O capacete no braço prefigurava a ação concreta do
nossopovo inovador. As motos rosnavam como
animais ao subir a ladeira da Paróquia Nossa Senhora
da Piedade. Eu me alegrava com tudo aquilo, nossa
cultura sempre foi enriquecida pela diferença
acentuada da qual se construía essa gente alegre.
Os filmes de ficção científica, vistos na Netflix,
dialogavam com aquelas personagens estranhas, sem
acesso à tecnologia de ponta ou às curas
mirabolantes. Mas algo o anadiense sabia fazer bem:
proteger o queixo.
A máscara abaixo da boca cobria o nariz.
14
MUDANÇA
CAROL CRUZ
Duas condições impediam Gilia Franco de sair de
casa: a frágil constituição física, nunca diagnosticada a
contento; e uma família, a qual descrever como
superprotetora, se não fosse como 
 eufemismo, seria pouco.
Com tal combinação, a vida se resumia a “cuidado
com a comida, senão…”, “o banho é assim, porque…”,
“está proibida de sair, ou então…” e “ficar em casa é
melhor, porque…”. Sempre recomendações sobre o
problema de saúde e sobre as amenizações dos 
 seus efeitos.
Aborrecida, resignou-se. Mas só até a pandemia de
2020, quando o mundo passou a viver, também, em
quarentena. A verdade revelou-se. As brigas dos pais,
a aflição do irmão, a companhia fiel da depressão.
Ficar em casa não era o prazer pintado. 
Na madrugada, decidiu-se. Levantou. Caminhou em
silêncio até a porta. Saiu.
15
OS MORADORES
ELISA GUIMARÃES
Eu não durmo. Passo a noite em claro, olhando para
as paredes. Às vezes, ligo a televisão. Se tiver sorte,
ninguém acorda para desligá-la.
Passo o dia zanzando pela casa. Olho pela janela, abro
os armários e a geladeira, tiro uma coisa do lugar,
coloco em outro. Mais do que tudo, observo. Sempre
a mesma rotina, tudo exatamente igual.
A casa tem andado cheia de gente. Antes, costumava
ficar vazia, mesmo nos fins de semana. Os outros
moradores também fazem tudo igual, todos os dias.
Agem como se eu não estivesse lá. É o barulho da
televisão, do rádio, do liquidificador, do celular, do
chuveiro… Não para nunca!
Dá vontade de surtar de vez: fazer voar o
liquidificador, mudar o rádio de estação, tacar fogo no 
chuveiro. Talvez assim eles entendam como eu 
 me sinto.
Não tem sido fácil ser um fantasma.
16
BEM ANTES
FELIPE SÓ
Pelo meu jeito de andar, dava pra perceber que eu não
vestia jeans e tênis há séculos. A atenção que a cena
recebia era o oposto da que eu desejava.
Cheguei ao ponto. Confirmei a linha do ônibus no
celular, como se o número pudesse ter mudado da
minha casa até ali. A cada veículo que passava,
conferia o celular de novo, pra ter certeza.
Meu fone, que já funcionava só no truque, pifou de
vez. Não me importei em tirá-lo do ouvido e comecei
a perceber os sons da rua. Entre falatórios e
cochichos, percebi duas senhoras me fitando de
longe, falando de mim. Desviei o olhar; 
 audição atenta.
— Aquela ali, ó, filha da Rosana. Não saía de casa por
nada, diz que tava com medo de tudo.
— Por causa do corona?
— Não, menina. Bem antes.
17
MUTATIS MUTANDIS
FRANCIS DUARTE
Era Julho. Era pandemia, mas também era solidão.
Saio de casa, vejo o movimento das ruas e os números
das dores anônimas que escorrem na multidão. Surge
uma aluna. Sorrisos, mesmo sob a máscara, nossos
olhos reforçando a alegria escondida por mais
uma camuflagem.
Queríamos nos abraçar, mas apenas nos olhamos e
tocamos nossos cotovelos. São mais de 120 dias sem
ouvir a voz e os risos sonoros das crianças.
Despedida. O coração aperta, mas é o possível.
Respeitar o distanciamento é a demonstração de
amor a ser feita.
À parte, “líderes” menosprezam a doença, os mortos e
a dor de um povo.
Na volta, debaixo do cinza e da garoa, choro em
silêncio e imagino um futuro incerto. "Maldito vírus!
Não seremos os mesmos!" — grita o peito. “Aliás, a
gente nunca é sempre o mesmo!” Talvez isso que
me conforte.
18
RIBALTA-19
GISELA LOPES PEÇANHA
Malu colocou seu vestido novo, comprado pela
internet. Sentou-se à mesa com seus pais e irmão,
diante de um lindo bolo de aniversário. Pegou o
celular e sintonizou no Zoom: dezenas de amigos da
escola a esperavam para cantar o “Parabéns pra você’’
virtual, pontualmente às vinte horas. Contagem
regressiva! Três, dois, um! E faltou luz, num grande
apagão que acometeu toda a cidade.
O pai pegou uma lanterna potente que usava nas
pescarias, e a colocou no chão da sala; beijou a mão da
filha e a convidou para a valsa dos 15 anos, na
penumbra e no silêncio. Bailaram sobre um carpete
de ribalta iluminada.
A luz voltou. A pandemia, um dia, acabou. E Malu
aprendeu que não há blackout na vida que tranque ou
apague o amor; e isso... é tão grande quanto a
liberdade.
19
SINA
GISELLE FIORINI BOHN
— Não esquece a máscara! E não vai coçar o olho!
Ela bateu a porta. Não bastava a mãe enterrada sem
velório, a avó que chorava dia e noite, o pai
perambulando atrás de serviço. Não bastava a comida
pouca, o frio que vinha pelas frestas da madeira, a sina
da miséria inescapável. Não. Agora era também a
porra da máscara, o maldito álcool em gel nas mãos
esfoladas, e todo aquele medo.
Na esquina, um ônibus encostava e ela entrou. Quase
vazio; o cobrador cochilava. Ninguém viu quando ela
abaixou a máscara e lambeu a barra de apoio vertical
na qual se segurava, nem quando esfregou as mãos
pelo metal frio e chupou os dedos, um a um, como se
lambuzados de mel. Máscara de volta, coçou
demoradamente os olhos com as duas mãos. Quando
os abriu, o cobrador a observava de soslaio.
— Liga, não, moço. É só um lance meu com Deus.
20
ANUNCIAÇÃO
ISABELA VIEIRA BERTHO
Cinco e quarenta. Cócóricó, cócóricó. Não é possível.
120 dias e essa galinha cantando. Galinha não, galo.
Abro a janela, lá está: no alto do muro da vizinha,
superior, gritando uma verdade que só ele sabe:
Cócóricó. Tá anunciando o fim do mundo, é? A
vingança da natureza? Desde o início da quarentena,
canta de propósito, feliz. Cócóricó, diabo, que foi? Por
que avisar que raia mais um dia? Que diferença faz:
terça-domingo-quinta? É mais do mesmo. Vírus do
inferno. Maldita galinha. Galo. Fecho a janela. Ainda tá
escuro, cacete. Cócóricó. Café, pão, trabalho, telefone,
50m², pula, chora, notícia, morte, almoça, trabalha,
janta, dorme. O diretor da OMS fala, a boca se move
sem ruídos, me desespero, aumento o volume e nada.
O horror: uma linha surge costurando os lábios dele.
Deus, o horror! E então: Cócóricó. Cinco e quarenta.
121.
21
O MILAGRE
JAMILE GUERRA
Na quarentena, Francisca observava o mundo pela
janela. A verdade é que sempre havia sido assim. Sua
casa era seu reino, e todos que nela habitavam viviam
sob seus cuidados generosos. A rotina era cansativa.
Os serviços, intermináveis. Mas não se queixava.
Era resiliente.
Aquela noite parecia igualzinha às outras quando o
milagre veio. Uma estrela cadente rasgou o infinito e
Francisca intuiu ser o sinal que já há muito
reivindicava a Deus. Fechou os olhos e pediu do fundo
do coração: desejava que todas as pessoas que amava
permanecessem vivas.
A estrela, ou o que quer que ela representasse, ouviu
o pedido. Seus filhos, marido e pais sobreviveram à
pandemia. A fé tudo pode, tudo transforma. Francisca,
porém, não testemunhou a graça alcançada. Sua
ausência foi profundamente sentida em cada 
 louça suja.
22
INSÔNIA
JOÃO RUFATTO
Ana desperta assustada. São 4h da manhã. O calor da
madrugada invade seu quarto e ela se levanta para
abrir a janela. A rua está deserta, exceto por um
homem de meia-idade que corre, completamente nu.
Ana inspira o ar contaminado pelo vírus, os olhos
lacrimejam. No cômodo ao lado, a TV veicula o último
boletim de óbitos, enquanto um jornalista faz
malabarismo com seringas contaminadas.
Enfraquecida, ela apoia o corpo no peitoril, respira
fundo outra vez e volta a atenção para a rua: entre
milhares de carros em chamas, manifestantes
marcham ao encontro de uma tropa de militares
calçando saltos agulha e empunhando caixas vazias
de remédio para artrite. O mesmo homem, nu, de
antes lidera o pelotão,ele veste uma faixa na qual se lê
“Presidente da República”. Ana fecha os olhos com
força e implora para que tudo não passe de um sonho.
23
A VISITA DA PRINCESA
JOJO CAMPOS
Esse ano, eu vou pedir ao Papai Noel que traga a
mamãe de volta, só por um dia. A mesa de chá sempre
fica pronta, caso ela queira me visitar. Os biscoitos, o
chá e as minhas bonecas: Ariel, Lily e Jade. Quando
esse dia chegar, eu vou pôr meu vestido de princesa e
usar a coroa que ela me deu de presente. Ela vai se
sentar bem ali, na cadeira grande, enquanto eu sirvo o
chá. Eu que ensinei a ela como segurar a xícara, igual
à Branca de Neve com os sete anões. Me lembro de
quando ela saiu de casa, muito doente. Não sei o que
era. Parecia gripe. Papai me disse que ela foi morar no
castelo, com as outras princesas. Para eu falar com
ela, é só botar a mão no coração e então a mamãe vai
ficar mais perto de mim...
— Minha princesa? — A mamãe voltou!
— Quer chá, mamãe? — Eu dei um abraço nela, de
tanta saudade.
24
RESPIRO
JULIANA BERLIM
Receber a luz direta do sol na pele, dezenas de dias
após a última vez, foi uma dádiva. Meus cabelos se
colaram à testa com o filete de suor. Oxalá ainda ter
cabelos, porque foram perdidos milhares de fios
durante o confinamento junto com a sanidade e a paz
varridos todos para debaixo daquilo que um dia foi a
memória do planeta. Porém, tão logo as portas da
economia se reabriram, como revogação das
trombetas do Apocalipse, pus meus pés em ação.
Só que, maravilha das maravilhas: estando de novo no
olho da rua, tentei andar, mas os dedos dos pés se
enroscaram no asfalto, como se criassem raízes. A
vida pedia, em sua infinita generosidade: 
 “Para, respira fundo, contempla”.
25
PANDORMÔNIOS
KÁTIA SURREAL
Ah! Esses termômetros na entrada dos comércios
ainda não foram capazes de medir a temperatura do
corpo, que inusitadamente se eleva na presença
daquele que lhe tira a medida.
26
BICHO-GENTE
KEISSY CARVELLI
Daio dizia ao bicho na gaiola:
— Canta, Azulão, canta.
E o Azulão cantava, cantava.
Daio se enchia de vontade de fazer armadilha e pegar
mais dois, mais três, mais quantos desse para pegar.
Pouco importava se as paredes já estivessem cheias
de sabiás, pintassilgos, canarinhos e outros tantos.
Carpintaria mais e mais gaiolas, e já era capaz de 
 sonhar com o novo bicho a responder ao 
 seu chamado:
— Canta, Azulão, canta.
E o Azulão cantaria, cantaria.
Agora, porém, era Daio quem se sentia engaiolado, e o
Azulão, desassossegado, dizia:
27
— Canta, Daio, canta.
E Daio não cantava, não. Não porque não fosse bicho.
Era sim bicho-homem: esperto feito pássaro, atento
feito leão. 
O caso é que não cantava porque bicho-gente, na
gaiola, entristece tanto que até mesmo o canto
fenece.
28
COEXISTIR
LEILA VILHENA
Harpócrates ficou conhecida como a cidade de aura
triste. Nasceu como refúgio aos de coração partido e
casamento desfeito pelo convívio extremo do
isolamento, após a pandemia de 2020.
Bagagens: somente dor, ausência e silêncio. A
aparente frieza não traduzia a solidariedade dos
moradores. Reconheciam-se na dor alheia e
compreendiam-na, como a si mesmos, pela
melancolia do olhar.
Leis curiosas foram criadas, como a "Licença pré-
casamento", que impunha o confinamento de 360
dias para quem decidia casar-se novamente ali.
Assim, muitos casamentos foram evitados. Os que
levaram a aventura adiante, o fizeram com um
discreto sorriso-futuro.
29
PRESO NO AZAR
LEO SURCIN
Desde piá, Mauro vive atrás das grades. No berço,
barras paralelas. A janela do quarto, na puberdade. A
do trabalho, já homem. Tem até prisão de ventre.
Desafiou a cisma, casou e teve filhos.
Foi trabalhar na rua pra não mais sentir clausura. Já
no primeiro dia, foi preso por engano. Pegou vinte
anos. Esposa e filhos o repudiam. Dez anos no
cárcere, defensora idealista prova sua inocência.
Envergonhada, a família o convida.
Enfim, pisa na rua, mas não sente a liberdade. Um
vírus decreta quarentena. Quando finalmente está
livre, todos estão presos. Vaga sozinho até a casa da
família. Ninguém pode entrar ou sair. Passa meses
preso na solidão, ansiando a vacina.
Enfezado, burla a restrição. Na porta da família, é
preso por furar o bloqueio. Enquanto é levado na
viatura, pelo rádio bradam o fim da quarentena, e
todos podem andar livres.
30
O CASAMENTO
LEONARDO SODRÉ
Nosso casamento não foi planejado.
Naquele tempo, assumir compromissos me
aterrorizava. Ao primeiro sinal de que a mulher queria
tornar a relação mais séria, eu desaparecia sem avisar.
No dia em que nos conhecemos, não era outra a
minha intenção: dormir com ela, me aproveitar do
café da manhã em sua casa, tomar o metrô de volta
para a Tijuca e nunca mais nos falarmos.
No dia seguinte, despertamos com o toque do
telefone. Para o meu azar, era o irmão dela, contando
que havia testado positivo para a Covid-19; orientou-
a a não sair de casa, já que haviam se encontrado na
véspera. Eu também não podia voltar ao meu
apartamento: minha mãe, já idosa, vivia lá. Passamos,
então, eu e ela, semidesconhecidos, trinta dias
morando juntos, em quarentena. No trigésimo
primeiro, pedi sua mão em casamento, e meu azar
ganhou brilho de sorte.
31
MONÓCULO
LOPSE LAZULI
A imagem dos dois estava estática, como um negativo
jamais revelado. Imaginava o quanto a irmã e o
sobrinho teriam mudado quando os reencontrasse. As
chamadas de vídeo eram incompletas. Somente o
rosto, imenso, imerso naquela tela, sujeito às
intempéries da conexão de internet
As sensações se ampliavam. Além da saudade,
vontade de fotografar, hobby que se encontrava
diluído entre a carga horária de trabalho, que invadia
a casa. A câmera andava com ela registrando os gatos,
as samambaias e os raios de sol. E as fotos deles. Fotos
das fotos. Monóculos de momentos felizes passados.
Com as canetas, tecia os centímetros do crescimento
do sobrinho e fios de cabelo nos dois. A cada chamada
de vídeo, novos traços às fotos dos retratos.
A imagem, estática. Os monóculos, em sequência,
eram o negativo de um filme. Imaginado. Amado.
32
VIDRO FECHADO
LUCAS ZANELLA
Vizinho, eu o vejo. Do meu quarto, nunca observei
longamente pela janela, mas eu o faço agora e o vejo
aí, no prédio em frente. Como gostaria de saber seu
número, de lhe telefonar para conversarmos,
enquanto nos observamos pelo vidro fechado.
Falaríamos sobre os transeuntes mascarados da rua e
tentaríamos adivinhar suas histórias. A conversa
diária nos tornaria inseparáveis sem que
percebêssemos. Sua vizinha da direita, que também
vejo de longe, teria presença constante em nossas
conversas e em meus pensamentos, que nela
cismariam, ardentes de algum desejo. Você, amigo
que é, bateria à sua porta para me conseguir seu
número. Apenas por minha causa conheceriam um ao
outro. Daqui, eu veria consternado sua aproximação
crescente e o amor nascente. Abatido, só me restaria
dizer que comemoraríamos sua união quando
voltasse a normalidade. O isolamento seria, porém,
meu perpétuo refúgio fugaz.
33
AO FIM
MARCO CORTEZ
Recomeço, mas poderia ser uma partida, pois faz
tanto tempo que já não sei onde parei. A casa
arrumada ainda traz resquícios de uma vida
pregressa, porém tornou-se mais funcional e
intimista: menos consumista.
Lavei algumas roupas que estavam mofadas no
armário, por tanto tempo fechado. As melhores foram
para doação. Concluí que não preciso da metade do
que tenho.
Tirei a longa barba cultivada nos últimos meses e vi
meu rosto nu no espelho. Estava diferente: algo nos
olhos que não traziam a mesma vaidade, mas sim uma
adolescente busca por descobertas.
Era hora de preencher o futuro com as ideias que tive
durante esse tempo de pandemia. 
34
Revigorada a fé, eu estava mais essencial e bem mais
leve.
Abastecido de novos sonhos, de algumas velhas
amizades e de uns poucos novos amores que fiz,
peguei minha mochila e parti.
35
V(AMP)ÍRUS
MARCOS HENRIQUE P. D. SILVA
Todos acreditavam que a coroada seria a última, nãoa
primeira, de uma série de autoridades que viriam se
apoderar. Contudo, uma a uma, essas entidades
foram surgindo, e milhares de vidas foram cobradas.
Salvo aqueles que permaneceram em seus castelos
protegidos, longe das impurezas de ser vivo, apenas
na conserva e na espera, sugando do sangue suado e
salgado de mãos cansadas e calejadas. Hoje já nos
distinguimos pelo simples rosto exposto daqueles
ignorantes com enxadas, que desconhecem do
clássico ao erudito, de Aristóteles a Mefistófeles, tudo
perdido por um simplório darwinismo. Entretanto
permanecemos puros e eternos, mas incapazes de
compartilhar de sutil mortalidade; poderosos, porém
temerosos quanto ao que nos é microscópico. No
isolamento nos fizemos pacientes, mas insaciáveis
daquilo que nos foi privado, mas que corre livremente
por tolas veias inocentes.
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SINCERICÍDIO
MARIANA CASTRILLON
Tossi. Desesperei. Contei tudo.
(Era bronquite).
37
CICLO NA QUARENTENA
MELISSA CAIADO
É dia. Liga o computador. Conecta na aula. Vê a aula.
Internet cai. Frustração. Internet reconecta. Vê a aula.
Internet do professor cai. Internet do professor
reconecta. Professor volta a dar aula. Vê a aula. Aula
acaba. Lê textos. Faz trabalhos. Notificação de
atividade no Classroom. Cansaço. É noite. Desliga
o computador. 
Dia seguinte. Repete.
38
CHENOA
OLÍVIA BORGES
A peste chegou em Trou-Bonbon, um pequeno
vilarejo no Haiti, onde moro. Depois que a doença
acometeu a cidade, tive mais tempo para ler. —
Chenoa gosta de imaginar que lê, mas ler ainda não
sabe. Da cor púrpura e olhar distante, ela tem sempre
longos pensamentos, nasceu com a cabeça trançada no
vento. Seus pais desapareceram no terremoto, em Porto
Príncipe, e ela é a mais velha de três irmãs. Eu não
gosto de usar saias, mas meu tio quer que eu as use.
Ainda bem que, com a quarentena, meu tio não pode
mais nos visitar. — Depois que todos estão dormindo,
Chenoa vai sentir o medo. Ela tem muito medo da peste
do tio; do corona, do ebola, da cólera; da peste da fome.
Em tempos de pandemia, ela fica sentada em frente à
sua casa de barro e telhado azul. Chenoa espera que um
dia seus pais voltem e levem seu medo para passear.
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O JEITO MAIS DOCE DE DIZER SAUDADE
REGINA RUTH RINCON CAIRES
No celular: 
─ E aí, minha florzinha? Misericórdia, que saudade
danada! Assim que a quarentena terminar, vamos
retomar os nossos programas, não é? Brincar de
casinha, de massinha, de fazer comidinha, vamos
desenhar muito... Você tem alguma outra sugestão?
─ Vovó, será que primeiro eu posso ficar um dia
inteirinho só abraçadinha com você?!
40
SOBRE OS AUTORES
Ademar de Queiroz é goiano de Santa Helena. Formado em
Jornalismo pela Universidade Federal de Goiás, fez carreira na
publicidade e estreou como escritor em 2019 com O baú do
Menino Deus, livro de minicontos impresso simultaneamente em
tinta e braille com relevo serigráfico. FB/Instagram:
@obaudomeninodeus. 
E-mail: ademardequeiroz@gmail.com
Aline Baixer é apreciadora das palavras desde cedo e também
gosta de expressar-se pelo arranjo das letras. Perita nos mais
variados seriados de criminalística, os livros de suspense são a
sua fonte preferida de entretenimento. É natural do Rio Grande
do Sul e, atualmente, cursa Medicina na Universidade Federal de
Santa Catarina.
Email: alinebaixer@hotmail.com
Anderson Pimentel é maranhense e graduando em Letras na
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Mantém um blog
de crônicas, Gente como Agente: crônicas de um agente
comunitário de saúde, onde escreve semanalmente as
experiências como agente de saúde e estudante de Letras.
Entusiasta da literatura brasileira, costuma dizer que é uma
mistura de Policarpo Quaresma com Riobaldo.
E-mail: andersonpimentel.aps@gmail.com
41
André Mellagi é paulistano; psicólogo, mestre e doutor em
Psicologia Social pelo Instituto de Psicologia da USP. Publicou
dois livros de contos pela Editora Patuá: Bricabraque, em 2017 e
Interfaces, em 2019. Colaborou com textos e fotos para diversas
revistas literárias (eletrônicas e impressas).
E-mail: agmellagi@gmail.com
Andréa Moraes da Costa é doutora em Teoria da Literatura pela
UNESP e docente do Departamento de Línguas Estrangeiras e
do Programa de Mestrado Acadêmico em Letras – área de
Estudos Literários –, da Universidade Federal de Rondônia.
Coordena o Programa de Extensão Livros que me Encantam e o
Projeto de Extensão Interfaces Literárias.
E-mail: andrea@unir.br
Antonio Oliveira é graduado em Letras pela Universidade
Estadual de Alagoas (UNEAL). Sendo um amante das palavras, faz
da escrita sua forma de existência, sobretudo em tempos tão
nefastos. Atualmente, é pesquisador de Literatura Comparada e
professor de Literatura do Colégio São Mateus. 
E-mail: jaletras1997@gmail.com
Carol Cruz é quase uma traça. Em tudo que faz, livro e leitura
estão presentes: formada em Editoração (ECA-USP); professora
e corretora de redação; preparadora e revisora freelancer; e 
 com pretensões literárias. Tem contos publicados em
antologias, as quais divulga no Instagram (@carolcruz_a).
E-mail: caroline.calias@gmail.com
42
Elisa Guimarães é bacharel em Jornalismo e mestre em Estudos
de Linguagem pela UFF. Atualmente, faz doutorado em
Linguística na Unicamp. Aos seis anos, aprendeu a escrever e
resolveu que era isso que ia fazer da vida. O plano deu mais ou
menos certo e, hoje, Elisa procura formas de mostrar ao mundo
sua literatura de gaveta.
E-mail: elisamguimaraes@gmail.com
Felipe Só é mestrando em Letras pela UFSJ. Como finalista do
Prêmio Malê de Literatura para Jovens Escritor@s Negr@s, em
2016, teve um conto publicado em coletânea. De forma
independente e artesanal, publica sozinho ou em parceria com
coletivos de Belo Horizonte. 
E-mail: felipe.souza.oliveira@gmail.com
Francis Duarte nasceu em maio de 1979, cresceu numa casa de
mulheres fortes e todas professoras. É formada em Letras, pós-
graduada na área de Educação de Jovens e Adultos e mestra em
Língua Portuguesa. Escreveu para algumas revistas de
movimentos populares e Educação, mas se identifica mesmo
como uma nefelibata incorrigível para então se alimentar de
sonhos ao longo do caminho. 
Email: fpcd79@gmail.com
43
Gisela Lopes Peçanha conquistou quase 100 prêmios literários, a
nível nacional e internacional, com dezenas de primeiros e
segundos lugares, menções honrosas e diplomas de mérito. 
 Teve premiações em concursos literários de Universidades
Federais brasileiras, tais como: Universidade Metodista de
Piracicaba, Universidade do Pampa e Universidade de Brasília. Já 
publicou em 42 antologias.
E-mail: giselamusik@yahoo.com.br
Giselle Fiorini Bohn é paulistana, (re)formada em Letras, ex-
professora e agora escritora. É autora da série de quatro livros
Alles Gut!, sobre seu ano de glórias e gafes na Alemanha, onde
vive com sua família. Publicou recentemente seu primeiro
romance, Pele Velha. Tem contos publicados em antologias e
revistas literárias.
E-mail: giselle.bohn@gmail.com
Isabela Vieira Bertho é cientista social, mestra em Sociologia
pela Universidade de Genebra e desde sempre trabalha com
projetos sociais. Estreante na escrita, tem enxergado esse
caminho como forma de conexão com a terra e o imaginário,
capaz de provocar beleza e dor, e principalmente transformar. 
E-mail: isabelabelv@gmail.com
Jamile Guerra é paraense e, há 12 anos, deixou a chuva da tarde
para se abrigar em Brasília. É feminista, publicitária e mãe da
Helena. Gosta de contar histórias, inventar brincadeiras e ver a
Esplanada à noite. Durante a quarentena, resolveu tirar seus
textos da gaveta e aprender a fazer bolo.
E-mail: jamileguerra@yahoo.com.br 44
João Rufatto é graduando em Comunicação Social - Midialogia
na Universidade Estadual de Campinas. Fotógrafo, editor de
vídeos e diretor de curtas-metragens, se aproximou da escrita
tentando encontrar formas de expressar aquilo que parece
incômodo demais de ser dito em voz alta.
E-mail: joaofeliperf@gmail.com
Jojo Campos é estudante de Interpretação para Teatro, TV e
Cinema pelo Instituto Culturalde Educação Nacional de Arte.
Participou de espetáculos teatrais no Teatro Arthur Azevedo, no
Teatro Alcione Nazaré, no Teatro SESC Napoleão Ewerton e no
Teatro Maria Izabel Rodrigues.
E-mail: jvs.campos@outlook.com
Juliana Berlim é professora de Língua Portuguesa e Literatura
do Colégio Pedro II. É mestra em Ciência da Literatura (UFRJ) e
escritora com textos publicados no Brasil e no exterior. Co-
organizou Transliteraturas (Oficina Editora).
E-mail: juliananberlim@gmail.com
Kátia Surreal é carioca, reside em Niterói, nasceu durante o
período da lua de sangue, numa sexta-feira 13 de julho de 1986,
Dia Mundial do Rock. Mãe da gata Bibi, professora, marxista,
blogueira, amante da natureza e de esportes ao ar livre.
Instagram: @katiasurreal.
E-mail: katiamnemosine@gmail.com
45
Keissy Carvelli é bacharel em Jornalismo e doutoranda em
Letras pela Unesp/Assis. Publicou Dois cafés com creme, por
favor! (Multifoco, 2009) e o zine Ahum! (2017).
E-mail: keissycarvelli@gmail.com
Leila Vilhena é autora do livro Senti saudade das cores, vencedor
do Concurso Internacional Helvétia Edition. É mestre em
comunicação, cidadania e educação, com dissertação que
ganhou o 1° lugar no Prêmio Internacional Péter Murany, em
2018. Fundadora do programa BiblioArte LAB, e finalista do
Prêmio Jabuti e do Prêmio IPL-Retratos da Leitura do Brasil.
E-mail: leiladcavalcante@gmail.com
Leo Surcin tem Bacharelado e Pós Graduação em Direito, e Pós
Graduação em Cinema. É mestrando em Artes da Cena pelo
Célia Helena. Roteirista, dramaturgo e escritor com 7 laurels, 12
contos e 11 poemas publicados. Apaixonado por criar, está
gerando séries, longas, documentários e outras obras.
E-mail: leo12dut@gmail.com
Leonardo Sodré nasceu no Mato Grosso do Sul e, adolescente,
mudou-se para a capital do Rio de Janeiro. Ficou fascinado pelo
movimento da vida na metrópole e agora se diverte inventando
histórias sobre ele. Acredita no exercício da imaginação
descompromissada como caminho para salvação de sua alma.
E-mail: leonardohsodre@gmail.com
46
Lopse Lazuli é poeta e musicista de Curitiba. Publicou nas
coletâneas Quem dera o sangue fosse só o da menstruação
(Urutau, 2019), Mulherio das Letras Portugal (In-Finita, 2020), e
Letra de Mulher (As Marianas, 2020). Foi finalista do 10º Festival
de Poesia de Divisópolis-MG, em 2020. Redes: @lopselazuli,
medium.com/@lopse.
E-mail: lopselazuli@gmail.com.
Lucas Zanella é formado em Letras; sua jornada com a escrita e
a leitura começou no ensino médio. Após um experimento inicial
com o terror e a fantasia, descobriu que seu gênero de fato é a
ficção literária — e não planeja sair dele tão cedo.
E-mail: lucas.zanella@outlook.com
Marco Cortez é professor universitário, fotógrafo por paixão,
escritor por tesão. Autor de contos, poemas e crônicas
publicados. 
E-mail: masc1971@yahoo.com.br
Marcos Henrique P. D. Silva é licenciado em Matemática pela
USP, mestre e doutorando em Ensino de Ciências pela UNESP e
Unicamp, respectivamente. Coordena os blogs Zero e M³ no
projeto blogs de ciência da Unicamp, e o Zerésimo Expositório
de Recursos Online da USP.
E-mail: marcos.dias@unesp.br
47
Mariana Castrillon é formada em Linguística e Comunicação
Pública e Interpessoal. Ama palavras, retórica e estratégia.
Doutora em Scrabble, Academia e War, acredita ser possível
conquistar Dudinka e Vladivostok só na conversa. Coleciona
frutíferas nativas, desenhos da filha e elogios ao marido.
Atualmente trabalha mais do que deve na Unicamp.
E-mail: maricori@unicamp.br
Melissa Caiado é graduanda em Licenciatura em Letras pela
Unicamp. É entusiasta por livros de romance e fantasia e já foi
autora de fan fictions sobre artistas Pop.
E-mail: m222486@dac.unicamp.br
Olívia Borges é doutoranda em Linguística pela Unicamp e
Unito. Duplamente aquariana, gosta de se demorar no tempo e
no espaço. Troca o nome das coisas e sempre muda o compasso.
É uma escritora de gaveta, alma do amanhã que busca na palavra
o seu sentido nesse planeta. 
E-mail: oliviafcouto@gmail.com
Regina Ruth Rincon Caires nasceu em Auriflama-SP em 07 de
setembro de 1953. Casada, funcionária pública federal
aposentada, tem dois filhos e um punhado de netos. Formada em
Letras e Direito, não possui livros publicados, mas já foi
classificada em alguns concursos literários.
E-mail: reginaruthrinconcaires@gmail.com
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CENTRO CULTURAL DO IEL 
Abaixo, informações sobre o Centro Cultural do Instituto de
Estudos da Linguagem da Unicamp. 
Endereço: 
Rua Sérgio Buarque de Holanda, 571
Cidade Universitária Zeferino Vaz
CEP 13083-859
Campinas - SP
Página no Facebook:
https://www.facebook.com/centroculturaldoiel
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Tamanho da Página 12,5 x 18 com
Fonte do Corpo: Lora
Fonte dos Títulos: Gidole 
 Idealizado para visualização em rolagem de página única

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