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1 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM INSTRUMENTAÇÃO CIRURGICA Docente: Enf. Maria José Fernandes Torres NATAL/RN 2019 BIOSSEGURANÇA NAS AÇÕES DO CENTRO CIRÚRGICO 2 INSTITUTO DE ENSINO E CULTURA – IEC Rua: Rua Apodi 392, Tirol - Natal – RN Telefone: (84) 3344-3686 e-mail: iecnatal@hotmail.com EQUIPE GESTORA Diretora Geral: Oscarina Saraiva Coelho Coordenadora Pedagógica: Nadir Soares Vila Nova Coordenadora Financeira: Maria José Fernandes Torres NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA Zora Yonara Cândido Duarte dos Santos Dados Catalográficos AACR2 – Anglo-American Cataloguing Rules 2. Zora Yonara Cândido Duarte dos Santos Bibliotecária/Documentalista CRB 15ª Região / 457 T693a Torres, Maria José Fernandes. Biossegurança nas ações do Centro Cirúrgico / Maria José Fernandes Torres. ___ Natal, RN: IEC, 2019. Instituto de Ensino e Cultura – IEC. 27p.: il. 1. Centro Cirúrgico. 2. Enfermagem. 3. Biossegurança. I. Torres, Maria José Fernandes. II. Título. IEC/NATAL/RN CDU 616.398 mailto:iecnatal@hotmail.com 3 Nosso negócio na vida não é ultrapassar os outros, mas ultrapassar a nós mesmos, quebrar nossos próprios recordes, superar o nosso ontem através de nosso hoje. Stewuart B. Johnson 4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 05 2. BIOSSEGURANÇA NAS AÇÕES DE ENFERMAGEM NO CENTRO CIRÚRGICO............................................................................................... 06 2.1 HISTÓRICO.......................................................................................................... 06 3. DIVISÃO DA MICROBIOLOGIA: BACTÉRIAS, FUNGOS E VÍRUS.................... 07 3.1 BACTÉRIAS, CIANOBACTÉRIAS (ALGAS)......................................................... 07 3.2 VÍRUS................................................................................................................... 09 3.3 FUNGOS............................................................................................................... 09 4. O ORGANISMO E SUA DEFESA........................................................................... 11 5. O CENTRO CIRÚRGICO COMO FONTE DE INFECÇÃO.................................... 12 5.1 LIMPEZA DO CENTRO CIRÚRGICO.................................................................. 15 5.2 USO DAS LUVAS................................................................................................. 16 5.3 USO DE GORROS............................................................................................... 17 5.4 USO DAS MÁSCARAS......................................................................................... 17 5.5 USO DOS PROPÉS............................................................................................. 17 5.6 ESCOVAÇÃO CIRÚRGICA.................................................................................. 17 6. INFECÇÕES DO SÍTIO CIRÚRGICO..................................................................... 18 7. EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A MATERIAL BIOLÓGICO.................................. 25 REFERÊNCIAS...................................................................................................... 27 5 1. INTRODUÇÃO Outra definição nessa linha diz que "a biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, visando à saúde do homem, dos animais, a preservação do meio ambiente e a qualidade dos resultados" (TEIXEIRA; VALLE, 1996). A biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, e proteção do trabalhador, minimizando os riscos inerentes às atividades de produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, visando à saúde do homem, dos animais, a preservação do meio ambiente e a qualidade dos resultados. Teixeira e Valle (1996). Todo profissional que trabalha com substâncias químicas de risco, com material biológico que esteja sujeito a radiações, ou que manipule material perfuro-cortante ou, ainda, equipamentos com bases de funcionamento físico (micro-ondas, ultrassom, autoclaves etc.), deve: Estar atento e não fazer uso de drogas que afetem o raciocínio, autocontrole e comportamento; Ler a recomendação da biossegurança de saúde e procedimentos operacionais padrão do setor; Agir com tranquilidade e sem pressa; Prevenir-se de eventuais acidentes utilizando, de acordo a sua necessidade, os equipamentos de proteção individual e coletivo (jaleco, avental, óculos, protetor facial, cabelos presos, luvas, botas, máscara, avental de chumbo, câmara de exaustão, cabina de segurança biológica e química); Nos setores de maior trânsito e fluxo de pessoas, as sinalizações gerais das áreas restritas e permitidas devem ser frequentes e devem estar visíveis. As referidas sinalizações devem ser expressas, também, em "braile" para os deficientes visuais; ou com indicação simbólica ou monitor para os analfabetos. 6 2. BIOSSEGURANÇA NAS AÇÕES DE ENFERMAGEM NO CENTRO CIRURGICO COMPETÊNCIAS A SEREM ADQUIRIDAS Conhecer a cadeia do processo infeccioso; Identificar os fatores que favorecem a disseminação de microorganismos patogênicos no sitio cirúrgico; Identificar a tríade sintomática do processo infeccioso; Reconhecer as medidas de precauções padrões objetivando a redução das infecções do sítio cirúrgico. HABILIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS Empregar as medidas de precauções padrões; Distinguir as áreas do centro cirúrgico de acordo com o seu mapeamento; Utilizar estratégias que permita a identificação de áreas do corpo humano que sejam mais vulneráveis ao desenvolvimento do processo infeccioso. BASES TECNOLÓGICAS Histórico, Divisão da microbiologia: bactérias, Fungos e Vírus. Centro cirúrgico como fonte de infecção. Classificação das áreas no centro cirúrgico 2.1 HISTORICO A origem do conceito - na década de 70 teve início a construção do conceito de biossegurança, na reunião de *Asilomar na Califórnia, onde a comunidade científica iniciou a discussão sobre os impactos da engenharia genética na sociedade. Esta reunião, segundo Goldim (1997), "é um marco na história da ética aplicada a pesquisa, pois foi a primeira vez que se discutiu os aspectos de proteção aos pesquisadores e demais profissionais envolvidos nas áreas onde se realiza o projeto de pesquisa". A partir daí o termo biossegurança, vem, ao longo dos anos, sofrendo alterações (COSTA; COSTA, 2002). 7 A Conferência de Asilomar na Califórnia, em fevereiro de 1975 foi realizada uma reunião de 140 cientistas norte-americanos e estrangeiros realizada no Centro de Convenções de Asilomar, localizado em Pacific Grove, Califórnia. Esta reunião científica decorreu da proposta de moratória nas pesquisas que envolvessem manipulação genética, feita em 1974, por um grupo de pesquisadores. Esta sugestão foi publicada simultaneamente nas revistas Nature e Science. Em abril de 1974, esta moratória foi discutida e implantada em uma reunião científica realizada no Massachusetts Institute of Technology (MIT). 3. DIVISÃO DA MICROBIOLOGIA: BACTÉRIAS, FUNGOS E VÍRUS 3.1 BACTÉRIAS; CIANOBACTÉRIAS (ALGAS) REINO MONERA MORFOLOGIA DOS MONERA O Reino Monera é formado por organismos procariontes, representados pelas bactérias e algas azuis (cianofíceasou cianobactérias). CONCEITO São unicelulares ou coloniais. Como em toda célula procariótica, nesses organismos não há organelas citoplasmáticas delimitadas por membranas e o material nuclear não está envolto pela carioteca. Os únicos tipos de orgânulos são os ribossomos. As bactérias são encontradas no ar, na terra, na água, nos organismos. o Pequenas, em geral possuem membrana plasmática e membrana esquelética (= muco complexa) e ainda podem ter uma cápsula protetora gelatinosa como nos pneumococos. o Muitas bactérias apresentam movimentos usando estruturas semelhantes aos flagelos. CLASSIFICAÇÃO As bactérias se classificam com: 8 o Cocos: bactérias arredondadas, mais ou menos globosas; o Bacilos: possuem a forma de bastonetes; o Espirilos: assemelham-se a uma espiral ou saca-rolha; o Vibrião: é um caso especial de espirilo, assemelhando-se a um segmento da espiral, ou a uma vírgula. Os Cocos e bacilos podem, em alguns casos, formar colônias, tais como: o Diplococos: colônias formadas por dois cocos; o Estreptococos: colônias formadas por vários cocos em fileira; o Tétrades: quatro cocos; o Estafilococos: colônias formadas por vários cocos arranjados de modo semelhante a um cacho de uva; o Sarcinas: colônias formadas por vários cocos em arranjos cúbicos; o Diplobacilos: colônias formadas por dois bacilos; o Estreptobacilos: colônias formadas por vários bacilos em fileira. TIPO DE NUTRIÇÃO (METABOLISMO): Como as bactérias produzem seu próprio alimento. o Autótrofas (fotossíntese ou quimiossíntese) o Heterótrofas: Saprófitas - decomposição por enzimas, da matéria orgânica “morta” (PUTREFAÇÃO) - reciclagem de sais Fermentação - ausência de O2: álcool; vinagre; coalhada; queijos (“cura”); Mutualismo - “nódulos” de raízes de leguminosas (feijão, ervilha) - (fixadoras de N2) Parasitas:são patogênicas e produzem as doenças. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 9 TIPO DE REPRODUÇÃO Assexuada das bactérias: as bactérias reproduzem-se mais freqüentemente por um processo assexuado denominado divisão binária ou cissiparidade. IMPORTANÇA DAS BACTÉRIAS NAS DIVERSAS AREAS Na farmacêutica - produção de antibióticos como a Tirotricina; Bacitracina; Subtilina; Polimixina B. Os Actinomicetos - são bactérias, que lembrando fungos: produzem a estreptomicina; Aureomicina; Terramicina. Na agricultura - fixam o nitrogênio (raízes de leguminosas: feijão, ervilha); parasitas (fitopatologia). Na indústria - produzem o vinagre (fermentação acética); coalhadas (fermentação lática); bebidas alcoólicas (fermentação alcoólica ou etílica); queijos (“cura”): “duros”: Cheddar; parmesão; “moles”: Limburger. Na genética e biologia molecular - usado nos estudos: de mutação, reprodução, engenharia genética, etc. Na decomposição - das cadeias alimentares - reciclagem. 3.2 VÍRUS Os virus são seres simples, parasitas intracelulares dotados da capacidade de infectar quase todos os seres vivos, não posuem estrutura celular e são inativados em temperaturas de 60º por 30 minutos 3.3 FUNGOS São microrganismos eucariontes, aclorofilados (não fotossintéticos), absortivos, imóveis, possuidores de parede celular e células com baixo grau de diferenciação. Além disso, possuem quitina na parede celular e armazenam glicogênio. O que é quitina? 10 A quitina é um polímero de cadeia longa derivado da glicose encontrado em muitos lugares do mundo natural. Quitina é o principal componente das paredes celulares de fungos; exoesqueletos de artrópodes como crustáceos (caranguejo, camarão, lagosta) e insetos (formigas, abelhas, borboletas); e partes de moluscos. A quitina é útil para propósitos médicos e industriais. Quimicamente a quitina relaciona-se de perto com a quitosana, um derivado da quitina mais solúvel em água. Usos medicinais da quitina As propriedades da quitina como um material forte e flexível a fazem propícia para linhas cirúrgicas. A quitina é biodegradável, o que significa que ela degrada-se com o tempo à medida que a ferida sara. Além disso, quitina tem algumas propriedades que aceleram a cura de feridas em humanos. Quitina já é até utilizada sozinha como um agente para cura de feridas. Costuma-se utilizar a quitina para fazer quitosana, um produto com vários usos comerciais e biomédicos possíveis. A utilização mais famosa da quitosana é em produtos para emagrecer. Estima-se que exista mais de 1,5 milhão de espécies fúngicas no mundo, embora apenas aproximadamente 70.000 tenham sido descritas. MACROFUNGOS - representados pelos COGUMELOS, importantes como alimento e em toxicologia (tóxicos e alucinógenos). MICROFUNGOS - representados pelos BOLORES e LEVEDURAS, com inúmeros aspectos importantes para o homem. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 11 Figura 1 - Principais aspectos positivos e negativos dos fungos 4. O ORGANISMO E SUA DEFESA O início de uma infecçãoão ocorre após a invasão de um microorganismo em algum orgão do corpo.o sistema de defesa é acionado, ocorrendo falha do sistema de defesa instala-se a infecção. O ser humano possuem defesas naturais do organismo que são: A boca A pele O sistema respiratorio O sistema urinario 12 O sistema gastrointestinal. 5. O CENTRO CIRÚRGICO COMO FONTE DE INFECÇÃO INTRODUÇÃO O Centro Cirúrgico, entendido como espaço físico e como a equipe cirúrgica pode estar implicando na ocorrência de infecções pós-cirúrgicas. O risco de infecções do sítio cirúrgico depende de variáveis do ato operatório e do hospedeiro. Alguns fatores podem favorecer ao risco trazendo complicações à ferida operatória. FATORES QUE FAVORECEM AO RISCO a) Classificação da ferida (limpa-contaminada, contaminada e infectada); b) Características clínicas do hospedeiro; c) Tipo e duração da cirurgia. FONTE DE AGENTES INFECCIOSOS a) O hospedeiro; b) A equipe cirúrgica; c) O ambiente cirúrgico. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 13 Os agentes infecciososenvolvidos na ocorrência de infecções de sítio cirúrgico provêm do próprio hospedeiro, em geral, coloniza a ferida operatória ao longo do ato cirúrgico, principalmente ao final deste. Frequentemente os microrganismos das áreas adjacentes ao local da incisão cirúrgica colonizam a ferida operatória, porém a microbiota profunda assumem papel relevante. Pode haver ocorrência de infecções em feridas operatórias por microorganismos presentes em locais distantes da ferida, isto ocorre pelo carreamento através da via hematogênica ou linfática. O espaço e os objetos inaminados que compõem um Centro Cirúrgico tem pouca implicação na ocorrência de infecção pós-operatória, porém situações podem favorecer a ocorrência de infecções como a quebra de regras básicas de manutenção e condutas no Centro Cirúrgico como o uso de substâncias e materiais não estéreis até mesmo o fornecimento de água contaminada. ESPAÇO FÍSICO A planta física de um Centro Cirúrgico deve visar a redução do risco de infecções e facilitar outros aspectos funcionais. As dimensões das áreas do Centro Cirúrgico 14 dependem do porte do hospital, porte das cirurgias e tamanho da equipe cirúrgica, se faz necessário que o espaço físico permita movimentação sem risco de contaminação por contato. ZONEAMENTO ou AREA POR GRAU DE LIMPEZA Zona ou Área Asséptica - Sala operatória – é a sala onde ficam os instrumentos cirúrgicos assépticos, onde só deve ter acesso pessoas com paramentação adequada. Zona ou Área Limpa - Composta pelas áreas adjacentes, a área asséptica como a área de escovação e lavagem das mãos, devem circular pessoas com trajes do Centro Cirúrgico. Zona ou Área de Proteção - Área intermediária entre a área limpa e o restante do hospital composta pelo vestuário e a sala de recuperação pós-anestésica. Zona ou Área de Expurgo - A área de expurgo é utilizada para acondicionar temporariamente o material contaminado e desprezar secreções. OUTROS ASPECTOS Outros aspectos devem ser considerados no planejamento arquitetônico de um Centro Cirúrgico como os corredores que devem ser largos facilitando o manuseio de macas e equipamentos. Segundo Rodrigues, o piso e paredes interferem pouco na colonização de feridas operatórias, pois os microorganismos, uma vez depositados nestas superfícies, têm dificuldade em entrar em suspensão. Entretanto, é recomendada estrutura lisa e dura que tendem a concentrar menor número de bactérias. O tráfego nas salas operatórias deve ser controlado evitando aumento na dispersão de partículas no ar pela menor freqüência de abertura de portas e pelo menor número de pessoas na sala operatória. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 15 5.1 LIMPEZA DO CENTRO CIRÚRGICO É de fundamental importância a limpeza do Centro Cirúrgico porque tem o objetivo de prover um ambiente limpo e seguro para o paciente cirúrgico e profissionais reduzindo assim a exposição aos resíduos infecciosos. Atualmente a AORN “Associaton of Operating Room Nurses”, considera todo paciente e todas as cirurgias como possíveis fontes de contaminação. PREPARAÇÃO DA SALA CIRÚRGICA A preparação do ambiente da sala cirúrgica deve ser estabelecida para evitar e reduzir a possibilidade de infecção cruzada (ALEXANDER, 1997). A primeira etapa no preparo da sala cirúrgica é a limpeza. A limpeza consiste na remoção, por meios mecânicos e/ou físicos, da sujidade depositada nas superfícies inertes, que constituem suporte físico e nutritivo para microrganismos. Portanto é recomendado que os materiais contaminados a serem removidos devam ser acondicionados em recipientes impermeáveis, mantendo a sala limpa durante o procedimento. A limpeza terminal deve ser feita ao final do programa cirúrgico devendo ser usado germicida. Portanto é recomendado que os materiais contaminados, a serem removidos, sejam acondicionados em recipientes impermeáveis, Deve- se manter a sala limpa durante o procedimento. Aplica-se a superfícies horizontais e verticais devendo ser realizada diariamente após o término do último procedimento cirúrgico.Deve começar do local mais limpo para o mais sujo. Cabe ao funcionário do serviço de higiene, sempre utilizando o EPI. O mobiliário, os focos e os equipamentos, devem ser limpos pelo funcionário de enfermagem, também utilizando EPI. Limpeza preparatória: Realizada pelo funcionário da enfermagem pouco antes da primeira cirurgia do dia. Se o local estiver sem uso por mais de 12 horas é recomendado remover com Álcool 70% as partículas depositadas nos mobiliários, equipamentos e superfícies horizontais. 16 Limpeza operatória: Realizada pelo funcionário da enfermagem, com o uso de EPI, Feita durante o procedimento cirúrgico, quando ocorre a contaminação do chão com matéria orgânica, resíduo ou queda de material cirúrgico. Limpeza concorrente: Realizada apóso término de uma cirurgia e antes doinício de outra. Seu objetivo é remover a sujidade e matéria orgânica e mobiliários, equipamentos e superfícies Os funcionários da enfermagem e do serviço de higiene são os responsáveis por esta limpeza. Devem estar protegidos por EPIs. A EQUIPE CIRÚRGICA A equipe cirúrgica deve tomar medidas perioperatórias para prevenção de contaminação microbiana da ferida operatória. A paramentação cirúrgica vem sendo utilizada há muitos anos e ultimamente vem sendo alvo de discussão o uso de alguns itens como: pro pés, gorros, máscaras e aventais. USO DE AVENTAIS Os aventais cirúrgicos têm como objetivo proteger o paciente na redução de índices de infecções cirúrgicas e a proteção da equipe contra patógeno do sangue e secreções. Hardin refere ter sido Neuber, cirurgião alemão, o primeiro a usar um avental cirúrgico, em 1884, esterilizado em cloreto de mercúrio. Neste século, os aventais de algodão foram amplamente utilizados, no início do século, na metade do século, os aventais foram feitos de musselina e algodão, atualmente o mercado tem produzido aventais com menor porosidade. 5.2 USO DE LUVAS As primeiras luvas foram fabricadas pela “Goodyear Rubber Company”, em 1889, a pedido de Dr. Halstead, do Hospital Jonhs Hopkins, a fim de serem utilizadas por uma enfermeira instrumentadora, que apresentava alergia nas mãos. O uso de luvas durante a cirurgia tem dois propósitos: proteger o paciente da transferência de microorganismos das mãos da equipe cirúrgica e, - proteger a equipe cirúrgica da contaminação pelo sangue e exudatos do paciente. 17 Com o estabelecimento das precauções universais, atualmente denominada de precauções básicas de biossegurança, tem melhorado a qualidade das luvas utilizadas pelos profissionais de saúde, através da realização de pesquisas. 5.3 USO DE GORROS O uso de gorro parece apropriado para prevenir a queda de cabelos sobre o campo operatório. Dineen relata dois surtos de infecção da ferida cirúrgica atribuída à equipe cirúrgica, sendo os profissionais carregadores de Staphylococcus aereus nos cabelos. Os gorros devem cobrir o cabelo e ter um desenho que reduza a dispersão microbiana. 5.4 USO DE MÁSCARAS As máscaras devem ser usadas nas áreas restritas do Centro Cirúrgico, devem ser fixadas de maneira que cubram a boca e nariz e previnam escape de ar. 5.5 USO DE PROPÉS Apesar da recomendação de pro pés no Centro Cirúrgico, não existe comprovação de sua eficácia nas prevenções de infecções. Porém seu uso é importante para proteger a equipe cirúrgica de contaminação com sangue e exudatos. 5.6ESCOVAÇÃO CIRÚRGICA A escovação cirúrgica é um processo que visa remover ou destruir microorganismos transitórios e reduzir a microbiota residente. O agente de escolha deve conter um antimicrobiano que reduza o número de microorganismos da pele intacta, tenha amplo espectro de ação, ação rápida, persistente e não irritativa. Recomenda-se escovação de cinco minutos com agente contendo iodóforos, clorexidina ou preparação alcoólica, quanto a técnica deve-se incluir mãos, leito ungueal e regiões interdigitais e os antebraços. 18 6. INFECÇÕES DO SÍTIO CIRÚRGICO CONCEITO Infecção do sítio cirúrgico, denominada anteriormente de infecção da ferida cirúrgica pode ser conceituada como infecção que ocorre na incisão cirúrgica ou em tecidos manipulados durante a operação, sendo que com caráter epidemiológico esta infecção pode ser diagnosticada até 30 dias após o procedimento, em casos de implante de próteses, até um ano após. DEFINIÇÃO PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS Pacientes internados ou admitidos para o procedimento; Realizados dentro do Centro Cirúrgico; Pelo menos 01 incisão; Também cirurgias onde não há sutura; Cirurgias videoscópicas são incluídas. PROCEDIMENTOS NÃO SÃO CIRÚRGICOS Procedimentos fora do Centro Cirúrgico (sutura no PS); Procedimentos sem incisão (punções, incisão prévia); Biópsias endoscópicas, episiotomias e circuncisões. CLASSIFICAÇÃO Segundo eventos da ferida operatória, órgãos ou cavidades abordados durante o ato operatório. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 19 INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO SUPERFICIAL É aquela infecção que ocorre na ferida operatória, desde que não haja envolvimento de qualquer tecido manipulado durante o procedimento e que não esteja localizado abaixo da fáscia muscular. Estas infecções são de pequena repercussão, e na maioria das vezes o tratamento é a nível local. DEFINIÇÃO DIAGNÓSTICA DE ISC SUPERFICIAL a) Presença de secreção purulenta, ausente antes da operação. b) Cultura positiva de material colhido com medidas assépticas. c) Área de celulite, caracterizada por hiperemia, edema, calor e dor ao redor da incisão. Obs.: A presença de febre e sinais de infecção sistêmico, são exceção, ver possibilidade de outro diagnóstico infeccioso. INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO PROFUNDO É aquela infecção da ferida operatória que ocorre abaixo das fáscia muscular, com ou sem envolvimento dos tecidos superficiais, mas na ausência do comprometimento de órgãos ou cavidades profundas manipuladas durante o procedimento. DEFINIÇÃO DIAGNÓSTICA DE INFECÇÃO DO SITIO CIRURGICO PROFUNDO a) Presença de secreção purulenta, ausente antes da operação. b) Cultura positiva de material colhido com medidas assépticas. c) Área de celulite, caracterizada por hiperemia, edema, calor e dor ao redor da incisão. Obs.: Investigar presença de coleções profundas através de métodos indiretos de diagnóstico, como ultrassom ou tomografia. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 20 INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO ESPECÍFICO DE ÓRGÃOS OU ESPAÇOS É aquela infecção em tecidos profundos manipulados durante a operação, com ou sem envolvimento da incisai cirúrgica. EXEMPLOS: Peritonite ou abscesso subfrênico após cirurgia abdominal; Enfisema pleural após toracotomia; Infecções de próteses, incluindo endocardite, artrite e meningite; Meningite após neurocirurgia; Infecção urinária após prostatectomia; Endocardite após troca de válvula cardíaca. PATÓGENOS CAUSADORES DE ISC O Staphylococus Aureus é o principal causador de ISC, sendo importante agente colonizante da pele e pela impossibilidade de erradicação completa pela anti- sepsia é impossível, à medida que se prolonga a cirurgia, a não proliferação deste patógeno nos tecidos lesados pela manipulação cirúrgica. O Estafilococo Coagulase - Negativo hoje é o segundo causador de ISC. As principais causas associadas a evolução deste processo infeccioso é o aumento de implantes; baixa imunidade do paciente e o cefalosaporina na profilaxia. Os gram-negativos também possuem papel importante, como a enterobactérias que fazem parte da microbiota da pele, porém sua importância maior está em operações de cavidades ocas onde os gram-negativos são encontrados em maior concentração. Os gram-negativos não fermentadores como a Pseudomonas Aeruginosa, são mais freqüentes em períodos longos de internação. Os anaeróbios também podem estar envolvidos em ISC em cirurgias limpas em que há manipulação do trato digestivo. Além de outros patógenos, ressaltamos o Clostridium perfringens, bactéria anaeróbica causadora de infecções necrotizantes e bacteriêmicas com marcante gravidade. É importante verificar surtos relacionados a estes patógenos como fontes de infecções como o próprio paciente, instrumental com falhas no processo de esterilização. 21 Os estreptococos tem importância menor nas ISC, as infecções por este tipo de patógeno tem período de incubação em torno de três dias, são atribuídas ao estreptococo hemolítico do grupo ª. A pele do paciente e os profissionais de saúde colonizados foram identificados como fonte de surtos. Alguns fungos também são responsáveis por ISC como Cândida, Rhizopus, Aspergillusa, legionella, microbactérias atípicas e rodococosa. CONTAMINAÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO Na maioria das vezes os microorganismos atingem a ferida cirúrgica, durante o ato operatório e quando há exposição dos tecidos internos ao meio ambiente, ou seja, quando não há fechamento da ferida em decorrência de deiscência, manipulação excessiva da ferida, presença de drenos. FONTES DE CONTAMINAÇÃO a) Microbiota do próprio paciente. b) Microbiota dos profissionais de saúde. c) Microbiota do ambiente inanimado, incluindo o material e instrumental cirúrgico. A maior parte da ISC são de origem endógena, que provém do próprio paciente. A remoção completa da microbiota residente da pele é impossível, porém o uso de um anti-séptico reduz em 80% a contagem de colônias. A equipe de saúde também é importante fonte de patógeno, em decorrência de algumas situações como: Preparo inadequado do cirurgião, especialmente anti-sepsia das mãos; Profissionais colonizados por bactérias. O ambiente inanimado tem seu papel nos processos de ISC quando não observado alguns fatores como: Material cirúrgico com falhas no processo de esterilização ou quebra grosseira da técnica; Líquidos contaminados, usados para irrigação; Superfícies inadequadamente limpas; 22 O ar do ambiente cirúrgico tem importância maior, no início da cirurgia a concentração de bactérias é menor, porém o aumento da concentração de partículas bactérias no ar ocorre durante o ato operatório, em decorrência da dispersão de restos epidérmicos da equipe cirúrgica e do paciente; Chão e paredes raramente estão implicados na contaminação de feridas operatórias quando a limpeza da sala é inadequada. FATORES PREDISPONENTES a) Fatores relacionados ao paciente: Estado clínico do paciente; Tempo de internação pré-operatório; Estado nutricional do paciente (desnutrição e obesidade); Imunodepressão; Uso de corticosteróide (retardam o processo de cicatrização); Presença de infecção em qualquer sítio no momento da cirurgia. b) Fatores relacionados ao procedimento: A classificação das feridas é um fatorde risco, segundo Mayhall as feridas são classificadas como: FERIDAS LIMPAS Operações eletivas, primariamente e sem drenos. São feridas não traumáticas e não infectadas nas quais nenhum sinal inflamatório há, que não aja quebra da técnica, abordagem de vísceras ocas (tratos respiratório, geniturinário, digestivo ou orofaringe), que possuam concentrações de microrganismos. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 23 CONTAMINADAS São feridas traumáticas recentes, abertas, contaminação grosseira durante a cirurgia de trato digestivo, manipulação de via biliar ou geniturinária na presença de bile ou urina infectadas, quebra da técnica e quando achado inflamação sem secreção purulenta. POTENCIALMENTE CONTAMINADAS Operações em que há abordagem dos tratos respiratório, geniturinário e orofaringe em situações controladas sem contaminação não-usual. INFECTADAS As operações infectadas são aquelas nas quais se encontram, durante a operação, secreção purulenta, tecidos desvitalizados, corpos estranhos, contaminação fecal ou trauma com atraso de tratamento. TEMPOS DE CIRURGIA A duração da cirurgia esta ligado à ocorrência de ISC, considerando que uma maior duração indica maior tempo de exposição de tecidos ao meio externo. Podemos considerar que possa haver alguns fatores favoráveis como: estado do paciente, obesidade, complexidade técnica, menor experiência do cirurgião, desorganização da sala cirúrgica. OPERAÇÕES DE URGÊNCIA Nessa situação o risco pode estar associado ao preparo inadequado do paciente, técnica menos rigorosa justificada pela condição da situação de emergência e também a condição do paciente. Outras condições estão associada às condições do trauma como a perda de sangue e sua reposição, o tempo do trauma e a execução do procedimento. 24 MEDIDAS DE PREVENÇÃO PARA REDUZIR A INCIDENCIA DE ISC a) MEDIDAS PRÉ-OPERATÓRIAS NA ENFERMARIA Reduzir o tempo de internação no pré-operatório; Lavagem das mãos na enfermaria (equipe de saúde) evitar a colonização do paciente com a flora hospitalar; Estabilização do quadro clínico do paciente principalmente o tratamento de infecção prévia; Banho pré-operatório noite anterior e manhã da cirurgia, com água e sabão; Tricotomia se imprescindível e imediatamente antes do ato cirúrgico. b) MEDIDAS PRECAUÇÕES REALIZADAS DENTRO DO CENTRO CIRURGICO Preparação do centro cirúrgico; Preparação da equipe; Preparo e cuidados com o paciente cirúrgico; Técnica cirúrgica; Uso de antimicrobianos; Higienização; Limpeza adequada com água e detergente (piso, mobiliário e equipamentos) após cada procedimento; Não há necessidade de limpeza especial em salas onde foram realizadas cirurgias infectadas, os procedimentos de limpeza devem ser rigorosos sempre Limpeza terminal diária após a última cirurgia, com água e detergente, todas as superfícies e acessórios da sala; Retirada de sujeira e detritos, redução substancial ou eliminação da flora transitória e redução parcial da flora residente; Solução degermante de iodóforo (PVPI) ou de gluconato de clorhexidina, ou álcool a 70% com emoliente; Escovação necessária nos leitos sub-ungueais e espaços interdigitais; 05 minutos para a primeira cirurgia e 03 para os demais procedimentos; 25 Enxágue em água corrente, das mãos para os cotovelos (mãos sempre acima do nível dos cotovelos). ANTIBIOTICOPROFILAXIA CIRÚRGICA Indicação apropriada cirurgias potencialmente contaminadas e contaminadas; Antimicrobiano adequado à flora esperada, em razão do tipo de cirurgia; Flora residente do local abordado considerar, também, menor toxicidade e custo; Dose adequada e momento certo 01 a 02 horas antes do início do procedimento; Uso por curto período cobertura durante o ato cirúrgico. MEDIDAS PÓS-OPERATÓRIAS Drenos e curativos 7. EXPOSIÇAO OCUPACIONAL A MATERIAL BIOLOGICO HEPATITE E HIV Introdução: Casos de emergencia medica Medidas Profiláticas Pós-exposição Risco medio de se adquirir o HIV: Exposição Percutânea 0,3% Exposição Mucocutânea 0,09% Pele Íntegra Menor 0,09% Risco medio de se adquirir Hepatite B: Exposição Percutânea 40% Paciente Hbsag Reativo Risco médio de se adquirir Hepatite C: Exposição Percutânea 1,8% 26 NORMAS DE PRECAUÇÕES UNIVERSAIS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI CONCEITO: São medidas de prevenção que devem ser utilizadas na assistência a todos os pacientes, quando ha manipulação de sangue, secreções e excreções e contato com mucosas e pele não-integra. Equipamentos de proteção individual: máscara, luvas, gorro, óculos de proteção, capotes e botas PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS EM CASO DE EXPOSIÇAO A MATERIAL BIOLÓGICO CUIDADOS LOCAIS Medidas especificas de quimioprofilaxia para hiv azt + 3tc = biovir; Critérios de gravidade: quantidade de virus presente volume de sangue, lesoes profundas e outros fatores; Quimioprofilaxia: inicio - 1 a 2 horas apos o acidente duraçao – 4 semanas; Registro do acidente de trabalho. CONDIÇÕES DO ACIDENTE Data e hora da ocorrência; Tipo de exposição; Área corporal atingida do profissional; Material biológico envolvido na exposição; Utilização ou não de EPI; Avaliação do risco; Causa e descrição do acidente; Local onde ocorreu o acidente. DADOS DO PACIENTE FONTE Identificação; Dados sorológicos; 27 Dados clínicos. DADOS DO PROFISSIONAL DE SAUDE Identificação; Ocupação; Idade; Datas de coleta e resultados laboratoriais; Uso ou não de medicamentos anti-retrovirais; Reações adversas; Uso ou não de gamaglobulina hiperimune e vacina para Hepatite B; Uso de medicação imunossupressora; Historia de doença imunossupressora; Fazer comunicação do acidente de trabalho até 24 horas. REFERÊNCIAS CARLILE, Michael; WATKINSON, Sarah. Fundamentals of the fungi. São Paulo: Sarvier, 1997. COSTA, M. A. F; COSTA, M. F. B. Biossegurança: elo estratégico de SST. Revista CIPA. São Paulo, v. 21, n. 253, 2002. FERNANDES, Antônio Tadeu. Infecção hospitalar e suas interfaces na área da saúde. São Paulo: Editora Atheneu, 2001. LACAZ, Carlos da Silva. Micologia médica. São Paulo: Sarvier, 2012. LACERDA, Rúbia Aparecida (Coord.). Controle de infecção em centro cirúrgico. São Paulo: Atheneu, 2003. RINBAUM, Renato S. (Coord.). Prevenção da infecção de sítio cirúrgico. 2. ed. São Paulo: Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar (APECIH), 2001. TEIXEIRA, P; VALLE, S. Biossegurança: uma abordagem multidisciplinar. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1996. 28
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