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1 INTRODUÇÃO ® É uma anormalidade do sistema circulatório que resulta em um perfusão orgânica e oxigenação tecidual inadequadas. ® A hemorragia é a causa mais comum de choque no trauma. ® Mecanismos que podem levar ao choque: ◊ Oxigenação inadequada; ◊ Obstrução mecânica; ◊ Disfunção neurológica; ◊ Disfunção cardíaca; ◊ Outros; ® O principal objetivo do tto é o reestabelecimento da oxigenação tecidual. ® Abordagem inicial: ◊ Reconhecimento clínico do choque; ◊ Identificação da provável causa; ◊ Inicio do tratamento adequado; [ CLASSIFICAÇÃO ] ® Hemorrágico: ◊ Causa mais comum de choque após o trauma; ◊ Tratar inicialmente como se estivesse hipovolêmico: reposição volêmica adequada, identificar e interromper a hemorragia; | Pode ser modificado se não apresentar boa resposta à reposição ou tiver algum achado no exame físico que sugira a modificação. ® Não hemorrágico: ◊ Choque cardiogênico: contusão do músculo cardíaco, tamponamento cardíaco, embolia gasosa ou IAM; ◊ Pneumotórax hipertensivo: deve ser reconhecida clinicamente e tratada imediatamente, ainda na avaliação primária; ◊ Choque neurogênico: lesão medular cervical ou torácica alta; | Lesões intracranianas isoladas não causam choque. ◊ Choque séptico: pode ocorrer de a chegada do doente demorar algumas horas; Choque hemorrágico ® Classificação: ◊ Classe I: | Perda sanguínea menor que 15%; | Não apresenta sinais e sintomas e nem alterações hemodinâmicas (na maioria das vezes); | Tratamento: controle da hemorragia, nem sempre precisa fazer reposição com cristaloides; ◊ Classe II: | Perda sanguínea de 15-30%; | Apresenta algumas alterações clínicas sugestivas de descompensação hemodinâmica; | Aumento discreto da FC; | Diminuição da pressão de pulso (diferença entra a PAS e PAD); | Deficit de base (gasometria) maior; | Tratamento: controle da hemorragia + cristaloides, em alguns casos precisa fazer hemoderivados; ◊ Classe III: | Perda sanguínea entre 31-40%; | Alteração significativa dos padrões hemodinâmicos; | Aumento da FC (>100bpm); | Queda nos níveis da PA; | Aumento da FR; | Diminuição do débito urinário; | Pode apresentar alteração do nível de consciência; | Déficit de base mais elevado; Choque 2 | Tratamento: controle da hemorragia + hemoderivados, pode precisar de um tto cirúrgico mais urgente; ◊ Classe IV: | Perda sanguínea > 40%; | Paciente crítico; | Tratamento: transfusão maciça (comum) para estabilizar mais rapidamente; p Identificar a causa o mais rápido possível para otimizar o tratamento de escolha. [ abordagem inicial ] ® O diagnóstico e o tratamento devem acontecer de forma simultânea; ® Princípio básico: interromper sangramento + repor perdas volêmicas + ofertar oxigênio suplementar; ® Sempre anotar as condições iniciais do paciente; ® Via aérea pérvia é prioridade! ® Controle da hemorragia externa, obtenção de acesso venoso adequado e avaliação da perfusão tecidual; ® Avaliação neurológica e exposição do paciente. ◊ Sempre estabilizar o paciente antes de realizar essa avaliação. ® Descompressão gástrica (ajuda o paciente a esvaziar o estômago, evita broncoaspiração) e sondagem vesical (para monitoração da diurese); ® Acesso vascular adequado; ◊ Veias periféricas (preferível, jelco 18 ou 16); ◊ Se for infundir líquidos em uma velocidade maior ou medicações e hemocomponentes: ter 2 acessos é o ideal; ◊ Caso não consiga realizar o acesso periférico, pode ser feito o acesso venoso central ou o intraósseo; ® Colher amostras de sangue (para ter parâmetros comparativos posteriores); ® O diagnóstico clinico deve ser obtido antes da hipotensão; ® Manifestações clínicas: ◊ Taquicardia; ◊ Hipotensão (mais tardia); ◊ Extremidades frias (vasoconstrição periférica – palidez e queda da temperatura); ◊ Pulso periférico filiforme; ◊ Aumento do tempo de enchimento capilar; ◊ Diminuição da pressão de pulso; ◊ Alteração do estado mental; ® Os níveis de hematócrito e hemoglobina devem ser checados, mas não são parâmetros confiáveis para avaliar o grau de choque do paciente. ® Principais causas de perda sanguínea: ◊ Hemorragia externa; ◊ Cavidade torácica; ◊ Cavidade peritoneal; ◊ Retroperitônio (principalmente associados à fraturas de bacia); ◊ Lesões musculares com fratura de ossos longos (fêmur, tíbia, úmero – mesmo quando são fraturas fechadas podem apresentar sangramento); ® Exames de imagem iniciais: ◊ Ultrassom FAST: | Identifica a presença de líquidos no abdome, tórax e pericárdio; | Deve ser solicitado para todos os pacientes com algum sinal de instabilidade hemodinâmica, assim como pacientes que apresentem sinais de traumatismo abdominal importante mesmo que não tenham alterações hemodinâmicas. ◊ Rx de tórax, pelve e cervical em perfil; ◊ Tomografia computadorizada; ® Lesões de face e de couro cabeludo sangram bastante e podem levar o paciente a um quadro de choque. ® Sempre tentar identificar: ◊ Tipo de lesão; ◊ Sinais vitais; ◊ Gravidade da hemorragia; ◊ Recursos disponíveis; 3 [ ressuscitação volêmica ] ® Reposição inicial com soluções cristaloides. ◊ Menos agressiva; ◊ Reposição de grandes volumes aumentam risco de hipotermia e distúrbios de coagulação; ◊ Soro não carreia oxigênio; ® SRL x SF: ◊ Se a quantidade for pequena (500-1000ml), não faz tanta diferença; ◊ Em caso de infusão > 1000ml, preferir soro Ringer Lactato. | SF está mais associado a acidose metabólica hiperclorêmica. ® Damage Control Resuscitation (ressuscitação volêmica com hipotensão permissiva): ◊ Controle de hemorragia e prevenção de coagulopatias (evita hemodiluição); ◊ Permite que o paciente perca uma quantidade menor de sangue; ◊ Mantém a pressão do paciente em um nível que mantenha a perfusão adequada, mas não aumente o sangramento de forma exagerada. ◊ Em trauma penetrante: PAM = 65mmHg ou PAS = 90mmHg. ◊ Em trauma fechado: PAM = 85mmHg ou PAS > 120mmHg. | Cuidado principalmente nos casos que apresentam TCE. ◊ Bolus de 1000ml de cristaloides; | Se o paciente não apresentar melhora, cogitar o inicio da transfusão sanguínea. | Transfusão: 1:1:1 ou 1:1:2 p 1:1:1: um plasma, um concentrado de hemácias e uma unidade de plaqueta; p 1:1:2: um plasma, uma unidade de plaqueta e dois concentrados de hemácias; ® Avaliação da reposição volêmica: ◊ Débito urinário; ◊ Gasometria arterial (forma mais sensível de avaliar); Resposta à Ressuscitação Volêmica Inicial Resposta rápida Resposta transitória Resposta mínima ou sem resposta Sinais vitais Voltam ao normal Melhora, mas descompensa novamente Permanece alterada Perda sanguínea estimada Mínima (<15%) Moderada e ainda ocorrendo (15-40%) Severa (>40%) Necessidade de sangue Baixa Moderada a alta Imediata Sangue preparado Verificar o tipo e provas cruzadas Tipo específico Liberação de sangue de emergência Necessidade de intervenção cirúrgica Possivelmente Provavelmente Muito provavelmente Presença precoce do cirurgião Sim Sim Sim ◊ Resposta rápida: pacientes que obtiveram o controle do sangramento com compressão e medidas simples; [ reposição de sangue ] ® A decisão depende da condição do paciente; ® É preferível que seja feito com todas as provas cruzadas; ® Sangue tipo específico para todos os pacientes que respondem transitoriamente; ® Sangue tipo O- para pacientes com hemorragia exsanguinante; ® Evitar hipotermia (tentar fazer infusão de líquidos aquecidos); ® Autotransfusão em casos de hemotórax volumoso (tem que ter certeza que o sangue não está contaminado, ex.: trauma de tórax fechado); ® Protocolo de transfusão maciça; ® Coagulopatias: 30% dos pacientes gravemente traumatizados; ◊ Correção da coagulopatia ou pelo menos tentar evitar sua progressão.4 [ controle da hipoxemia ] ® Acidose e distúrbios hidroeletrolíticos: ◊ Exames que podem auxiliar na evolução e devem ser solicitados no atendimento inicial: | Hemograma: Hb, hematócrito, plaquetas, leucograma, Na+, K+, Mg++ e Ca+; | Gasometria arterial / BE / Lactato; | Gasometria venosa central; | Beta-HCG; | RNI, TAP, TTP; p Provas de coagulação. ® Evitar hemodiluição (paciente perdeu sangue, oferta sangue): ® Protocolo de transfusão maciça (PTM): ◊ Pacientes indicados: | Paciente que perdeu 100% da volemia em 24h; | Paciente que perdeu 50% da volemia em 3 h; | Paciente que fez uso de > 10 concentrados de hemácias (CH); | Paciente que apresenta perda volêmica > 150ml/h; ◊ Scores: | ABC Score: acima de 2 pontos. p Mecanismo penetrante; p PAS < ou igual 90mmHg; p FC > ou igual 120bpm; p FAST positivo; | Index Score: p FC / PAS (divisão) p O normal é que esse valor seja < 0,7; p Se > 0,8: atenção maior na reanimação; p Se > ou igual a 1: indicar protocolo de transfusão maciça. ◊ Controle da fibrinólise: uso de ácido tranexâmico | Nas primeiras 3h do trauma; | 1g na admissão; | 1g em 8h; | Diminui a mortalidade;
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