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APS direito da posse

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Em razão dos fatos demonstrados pela cliente Aline fariamos as seguintes considerações de análise para o caso:
Aline detinha a posse plena do imóvel, onde possuía as quatro características da posse que são elas: o direito de dispor, gozar, fruir e reaver o bem. Ao deixar o imóvel para cuidar de sua mãe, João Paulo e Nice tomaram a posse de seu imóvel de má-fé e por meio de esbulho causando prejuízos no imóvel estimados em R$ 6.000,00 por conta de uma benfeitoria voluptuária (TV a cabo pirata), além de se aproveitar indevidamente da produção de seu pomar, tendo um valor estimado em R$19.000,00 em vendas dos frutos do pomar. 
Apesar de deter a posse do imóvel, João Paulo e Nice não possuem o requisito da boa-fé fundamento no artigo 1200 combinado com o artigo 1201 do Código Civil conforme abaixo: 
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
Veja, a forma como João e Nice adquiriram o imóvel pode enquadrar em forma precária, pois claramente abusaram de uma condição de confiança imposta pela residente do imóvel em que confiou o bem a seus vizinhos durante um período por ter que tomar conta de sua mãe. Por conta do exposto, podemos notar claramente a má-fé por parte de João e Nice, sendo amplamente comprovada durante o decorrer da história exposta.
Passado isso, devemos nos atentar ao segundo ponto: os danos causados ao imóvel e seus frutos. Veja, passado o ponto em que podemos observar que João e Nice estão com a posse de má-fé, podemos observar os efeitos decorrentes dela.
O possuidor de má-fé deve arcar com todos os danos e reparos feitos ao imóvel só tendo direito a ressarcimento as benfeitorias necessárias feitas ao imóvel com base no artigo 1220 do Código Civil[footnoteRef:2]. Notamos que Nice e João não fizeram quaisquer benfeitorias necessárias no imóvel, tendo feito apenas uma benfeitoria voluptuária, não tendo direito algum de receber quaisquer valores em virtude da instalação da TV a cabo. Ademais, o possuidor de má-fé deve arcar com todos os reparos que ocorreu no bem sobre sua posse com fulcro no artigo 1218 do Código Civil: [2: Art. 1220 Do Código Civil: Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.] 
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.
Cumpre salientar que se a TV a cabo não tivesse sido instalada o dano jamais teria ocorrido do contrário, o bem não teria sofrido as infiltrações que resultaram em um prejuízo estimado em R$ 6.000,00. Portanto, a indenização resultante das infiltrações é necessária. 
Por fim, a respeito dos frutos indicaria que o possuidor de má-fé, deveria também restituir Aline do valor estimado em R$19.000,00 conforme o artigo 1.216 do Código Civil. 
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
Visto toda essa parte, indicaria que o correto neste caso seria entrar com uma ação de reintegração de posse com perdas e danos com fulcro no artigo 560 do Código de Processo Civil[footnoteRef:3], pedindo a reintegração da posse, a indenização pelos danos ocasionados ao imóvel decorrente da instalação pirata de TV a cabo, os lucros e frutos que o pomar deu durante aquele período além de um valor em danos morais. [3: Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho.]

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