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PRINCÍPIOS GERAIS DOS CONTRATOS ❖ Obrigatoriedade ➢ Força vinculante de obrigações e responsabilidades ➢ pacta sunt servanta: partes devem seguir as regras do contrato ➢ Excepcionalmente essa obrigação pode ser flexibilizada por meio da revisão contratual (ex: art. 478, CC) - Por isso, se difere do princípio da intangibilidade dos contratos ➢ Princípio que garante a segurança/estabilidade nos negócios jurídicos, justamente pela certeza da imutabilidade do contrato e seu cumprimento, como o acordado (se as circunstancias, no momento da execução, se mantiverem tais como no momento do firmamento das obrigações → Cláusula rebus sic stantibus (cláusula geral): são obrigatórios diante da manutenção do status quo. Estando as coisas como estão, ou seja, mantendo-se as mesmas condições da hora do firmamento do contrato, ele deverá ser cumprido, produzindo seus efeitos regulares → O inadimplemento permite à parte prejudicada exigir o cumprimento judicialmente (art. 389, CC – estabelece a responsabilidade civil na esfera das relações contratuais) ➢ Flexibilidade frente ao desequilíbrio de prestações - situação diferente quando sobrevierem circunstancias extraordinárias e imprevisíveis (pandemia covid-19) ❖ Autonomia da vontade ➢ Fenômeno eminentemente voluntarista (GAGLIANO; FILHO, 2016) ➢ Liberdade para contratar, que engloba a opção ou não de realizar ou não um contrato e escolher seu conteúdo ➢ Consensualismo: encontro das vontades livres e contrapostas (GAGLIANO; FILHO, 2016) ➢ Se levada ao extremo, pode gerar desequilíbrio contratual (exploração das partes economicamente mais fracas) ➢ Assim, surge o “dirigismo contratual”: Estado impõe regras que limitam-na, tornando-a relativa (ex: Código de Defesa do Consumidor; Lei do inquilinato – lei 8.245/91) – para gerar equilíbrio contratual ❖ Consensualismo ➢ Possibilita que os contraentes estabeleçam contratos atípicos – com as próprias formalidades - não necessariamente previstos em lei (contratos em espécie) ➢ “Contrato resulta do consenso, do acordo de vontades, independente da entrega da coisa” (GONÇALVES, 2002) ➢ Exceção aos contratos consensuais: contratos reais – só se aperfeiçoam com a entrega da coisa ❖ Relatividade contratual (dos efeitos) ➢ O princípio estabelece que - em via de regra - os efeitos do contrato se produzem somente entre os contraentes e, portanto, não afetam terceiros. Por isso, sua oponibilidade não é absoluta (erga omnes), mas relativa (GAGLIANO; FILHO, 2016) ➢ Princípio vem sendo ressignificado por outra cláusula geral, a saber, o princípio da função social do contrato (melhor explicado adiante) ➢ Algumas exceções legais, que vinculam 3°, estranho ao contrato: estipulação em favor de terceiro (CC, art. 436 a 438); contrato com pessoa a declarar (CC, art. 467 a art. 471); seguro de vida (Decreto-Lei n° 5.384 de 8 de abril de 1943); ❖ Equivalência das prestações ➢ Estabelece a reciprocidade prestacional de uma parte em relação a outra ➢ O princípio aplicado aos contratos onerosos (que envolvem prestação pecuniária – de dinheiro) → Se for contrato cumulativo (aquela no qual as partes já conhecem as obrigações de antemão): contrato deve ter prestações minimamente equilibradas, pois, caso contrário, pode se alegar vício na manifestação de vontade, o que pode gerar a anulação do contrato → Se for contrato aleatório (aquele no qual a circunstância geradora da equivalência prestacional é aleatória – ex: loteria): prestação de um polo é certa (pagar pelo bilhete da loteria). A prestação do outro polo, no entanto, é incerta, pois depende do acaso (sorteio) ➢ Fato imprevisível e extraordinário pode afetar a prestação ➢ 3 possibilidades: revisão extrajudicial; resolução do contrato; revisão forçada do contrato ❖ Função social do contrato (CC, art. 421) ➢ “Princípio maior” - objetivo do contrato (GAGLIANO; FILHO, 2016) ➢ “Subordina a propriedade privada aos interesses sociais” (HIROKANA, 2000, apud GAGLIANO; FILHO, 2016) ➢ Princípio norteia relações dentro do contrato (resultado do impacto causado em relação as partes do contrato, respeitando a boa-fé e os demais princípios) e fora dele (resultados do impacto causado na sociedade) ➢ Contribuir para desenvolvimento econômico e social da coletividade (se não atende, e ainda causa danos à coletividade pode ser extinto) ➢ Condutas ilícitas (lícitas em certos casos) que se conectam a danos - responsabilidade civil ❖ Boa-fé objetiva (CC, art. 422) ➢ Exige comportamento correto, transparente, ético entre as partes, durante as tratativas, formação e cumprimento do contrato ➢ Função criadora de obrigações anexas (cooperação, transparência, lealdade, sigilo, respeito) ➢ Função delimitadora do exercício de direitos subjetivos (CC, art. 187 – abuso de direito) ➢ Utilizando-se da boa-fé como forma de interpretação dos contratos, é possível caracterizar inadimplemento mesmo quando não há mora ou inadimplemento absoluto do contrato (se uma parte faltar com cooperação, transparência, lealdade, sigilo, respeito, gerando prejuízo a outra) ➢ Má-fé pode gerar vício redibitório ➢ Boa-fé é presumida, enquanto má-fé deve ser provada (ordinário se presume, extraordinário se demonstra) ➢ Efeitos da boa-fé objetiva → Tu quoque - subentende a não possibilidade de uma parte exigir de outra cumprimento de preceito que ele mesmo não cumpriu → Venire contra factum proprium – fundado no princípio da obrigatoriedade, veda comportamento diverso daquele acordado → Surrectio – surgimento de um direito não acordado anteriormente (ex: CC, art. 330) → Supressio – perda de um direito em razão do seu não exercício no tempo
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