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Resumo - DELIRIUM

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DELIRIUM – RESUMO - MARC
Delirium é uma alteração do pensamento que caracteriza uma ideia patológica, incompreensível psicologicamente, em que a pessoa passa a ter uma certeza absoluta daquela ideia que não está ocorrendo e que é fora dos padrões, sendo uma certeza irrefutável a argumentação lógica.
Então a pessoa sem nenhum dado acha que a esposa está traindo ele, por exemplo.
Então isso em termo de pensamento é Delirium.
A alucinação é sensopercepção, que é a percepção na ausência do objeto com todas as características de imagem e senso-perceptivo.
Alucinação pode ser:
· Auditiva
· Visual
· Tátil
· Gustativa
Então você vê uma cobra com todas as características de uma senso-percepção, extrojetada (pesquisa: extrojetada, ou seja, percebida fora da mente) independe da vontade da pessoa, é nítida, você vê os detalhes. 
É como se eu tivesse mostrando “essa bolsa”, eu vejo independentemente da minha vontade, ela é extrojetada, eu vejo todos os detalhes.
A alucinação é uma alteração da senso-percepção quando eu percebo um objeto quer seja auditivo, visual, tátil, o cheiro que é olfativo, o sabor na minha boca que é gustativo. Em todos os detalhes na ausência dele.
Então isso é um Delírio e Delirium é uma síndrome.
Pra gente entrar em Delirium, vamos fazer uma revisão sobre consciência:
O que é a consciência? É estar localizado, saber o dia, a hora?
Consciência é o conhecimento que a pessoa tem em um dado momento da sua vida psíquica.
· Onde eu estou?
· Quem eu sou?
· O que eu faço?
· Aonde eu não estou?
· 
É o conhecimento que nós tempos das nossas vivências internas, do me corpo e do mundo que me rodeia. Ex.: Eu estou aqui e vendo que não está chovendo, que uma pessoa está passando a mão no nariz, que outra está mascando chiclete. Então eu tenho a noção.
Quando o indivíduo está absolutamente desperto, acordado, ligado do que está em sua volta, sabendo que dia é hoje, que horas, onde ele está, nós dizemos que ele está Vigil.
E a Lucidez é a clareza, a plenitude dessa vigilância.
Então a pessoa está lúcida quando ela tem conhecimento de tudo que está em volta dela. Na anamnese a gente põe: Lúcido e Orientado, no Tempo e no Espaço. Orientado quanto a si mesmo.
· Orientação Autopsíquica: Quem eu sou?, O que eu gosto?, O que eu não gosto?
· Orientação Alopsíquica: Que é a orientação no tempo e no espaço.
Quais são as ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS da nossa consciência?
A consciência altera fisiologicamente, ela diminui quando a gente tá cansado, quando a gente tá sonolento, tá dormindo, tá relaxado.
Ex: Enquanto você recebe uma massagem escutando música clássica, a pessoa que faz a massagem pode lhe dar uma facada ou pode uma aranha ou escorpião subir em você que você não está vigio, não está desperto, está ali deitado e relaxado, então nesse momento a consciência diminui.
· No sono:
Nós não dormimos abruptamente, a gente está acordado ou está dormindo e aos poucos entra nesse estado. Esse estado entre o sono e a vigília a gente chama de estado Hipnagógico.
E quando nós dormimos, ninguém acorda abruptamente. Entre o dormir profundo e o acordar a gente chama de Hipnopômpico.
Entre esses dois estados, o sono e a vigília e a vigília e o sono, a nossa consciência varia, altera.
Varia quando a gente vê uma capa e a gente pensa que é um ladrão, um assaltante, por que há uma alteração.
· No sono profundo há uma abolição fisiológica da consciência.
Então fisiologicamente quando nós estamos dormindo profundamente a nossa consciência não está funcionando, é o nosso inconsciente, que se manifesta através dos sonhos.
Psicomotricidade*
As alterações PATOLÓGICAS da consciência:
· Aumento: A consciência pode estar alterada quando a percepção, a apreensão do que está em volta, pode estar aumentada durante o uso de Ecstasy, cocaína, alucinógenos, quando a pessoa está na chamada aura epiléptica, quase pra ter uma crise epiléptica convulsiva generalizada, aumenta a senso-percepção, aumenta a atenção rapidamente, há um aumento da consciência.
· Rebaixamento: temos a obnubilação, sopor ou torpor e coma.
Então existe um rebaixamento da consciência, um comprometimento difuso e generalizado no funcionamento cerebral, a consciência estando diminuída, todas as outras funções estão diminuídas.
Diante de um rebaixamento do nível de consciência a gente sempre pressupõe que há uma causa orgânica, física, uma alteração metabólica, endocrinológica, infecciosa, quer seja viral ou bacteriana, uma neoplasia ou uso de drogas.
Então toda vez que há alteração da consciência é uma etiologia de uma causa física, onde há um déficit da função cognitiva.
O que é a cognição? É a capacidade de compreender o que está em sua volta, recolher essas informações e no momento adequado utilizar esse conhecimento para resolver problemas.
Quando a função cognitiva está diminuída nós fazemos perguntas ao paciente e ele não está nem compreendendo, não está entendendo por que a atenção está diminuída, a percepção visual está diminuída, a memória está diminuída, tudo está alterado.
A atenção, a orientação, a inteligência, o afeto e a senso-percepção e a psicomotricidade.
· O que seria uma obnubilação? Quando a gente está diante de um paciente em que ele está ou não sonolento e há uma diminuição da clareza, do sensório, ele tem uma lentidão em compreender o que nós perguntamos, ele tá confuso, atrapalhado, com dificuldade de integrar informações, muitas vezes sem saber onde está.
· Num grau mais acentuado nós temos o Torpor:
É um quadro mais marcante de diminuição da consciência, no qual em geral o paciente está sonolento, pra ele ficar acordado a gente tem que falar mais alto, balançar o paciente, bater um pouco mais nele. A psicomotricidade está diminuída.
· E no coma ele não pode ser despertado por mais que sejam dolorosos esses estímulos. Há uma perda da sensibilidade voluntária, da motricidade, embora ele continue vivendo, mas está sem responder.
O que seria o Delirium? O que caracteriza exatamente o delirium é um distúrbio com um rebaixamento de consciência, ou uma obnubilação ou torpor.
O delirium em geral é abrupto, em questão de horas, a pessoa tá bem e termina ficando atrapalhada, confusa, fica desorientado.
Em geral nos idosos é a primeira manifestação de um quadro infeccioso, de um infarto do miocárdio, de uma retirada abrupta de uma droga ou aumento da droga (Às vezes o velhinho está usando corticoide e você tira abruptamente ele pode apresentar um quadro de Delirium, de alteração do nível de consciência).
Ocorre de 15 a 25%, quem entra em contato com esses pacientes são mais os clínicos, cirurgiões, cardiologistas. 
Quanto mais velho maior a probabilidade de apresentar delirium.
Quais são as causas de um Delirium?
Doenças no SNC, doenças degenerativas, AVCs, alterações metabólicas, Hiper ou Hipoglicemia, Hiper ou Hipotireoidismo, distúrbio eletrolítico, infarto do miocárdio, insuficiência respiratória, infecções sistêmicas quer seja por bactérias, vírus ou fungicas, neoplasias benignas ou malignas, cirrose hepática causando encefalopatia, queimaduras, fraturas e devido ao uso excessivo ou ausência de substancia psicoativas ou medicamentos, anticolinérgicos ou corticoides.
· Quais são os critérios diagnósticos?
A gente lança mão na atualidade de dois critérios diagnósticos, a CID-10, vai sair agora a CID- 11 e o DSM V, que é o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição da Associação Norte Americana que saiu em 2017, praticamente o mesmo grupo que escreveu a CID-11 foi o mesmo grupo que participou do DSM, então o CID-11 vai sair praticamente igual ao DSM de maneira proposital.
Quais são os critérios diagnósticos segundo a DSM V?
A. Perturbação da consciência e da atenção, há uma diminuição da orientação do ambiente quanto a ele mesmo, dificuldade de concentrar a atenção.
B. A perturbação se desenvolve por um breve período de tempo, horas a dias. Em geral a pessoa tende a inverter o período de vigília e sono, dormindo durante o dia e acordado a noite.
C. Há uma diminuição da memória, dalinguagem, da sensopercepção .
E. Há evidências tanto pela história, pela anamnese, pelo exame físico, pelos achados laboratoriais que existe uma doença física, orgânica, provocando esse quadro.
Aí a gente determina se é por intoxicação, por abstinência de drogas, induzido por medicamento, por alguma outra condição médica ou por múltiplas etiologias.
Se agudo ou persistente. Se Hiperativo, hipoativo ou misto.
Então qual é a alteração básica do Delirium?
Alteração da consciência em que por detrás há uma causa física.
Em geral abrupto, súbito. 
O que caracteriza a demência?
É um quadro lento, diferentemente do delirium, vagaroso, insidioso, onde há sobretudo uma alteração da memória, uma amnésia, onde há a dificuldade de reconhecer objetos. A sensopercepção, a visão tá tudo integro mas ele acha que “aqui é um sorvete”, é um sapato, não nomeia os objetos. A gente chama isso de Agnosia.
Há uma Afasia, ele vai gradativamente empobrecendo a linguagem, falada e escrita.
Ele vai perdendo todas as funções cognitivas.
Aí nós temos várias demências: Alzheimer, acidentes vasculares.
E o transtorno amnéstico é transtorno que caracteriza apenas pela alteração no nível da memória, geralmente causado por um traumatismo cranioencefálico, uso de drogas como álcool, meningites, outros quadros infeciosos, ou tumores, ele apenas tem uma amnesia para fatos recentes ou remotos.
A memória divide-se em Imediata, Recente e Remota:
· Imediata: 3 minutos
· Recente: Últimos 6 dias
· Remota: Memória antiga, de 6 meses, 4 anos, 10 anos.
No transtorno amnéstico existe sobretudo alteração na memória Recente ou Remota. Ele até aprende uma informação que você dá, mas logo se esquece.
Demência é diferente de Retardo mental, qual a diferença?
	Qual é a alteração básica da demência? É uma perda, um empobrecimento global das funções psíquicas, gradativamente ao longo do tempo. Não sabe quem é o pai, quem é o filho, aonde está, não sabe nem se cuidar, se alimentar, beber.
Como tratar o Delirium?
Não é tratamento psiquiátrico.
(Professor conta o caso de um indivíduo que apresentou quadro de delirium, errava qual era o seu próprio quarto e fez xixi na mesa do jantar. Após exames foi detectado que ele era soropositivo pra HIV há 14 anos. Nesse caso o delirium foi provocado por um quadro infeccioso.)
A primeira coisa a se fazer é chamar um clínico e fazer uma série de exames.
Identificar a causa e cuidar das condições gerais do paciente.
Em geral como esses pacientes estão desorientados, colocar um relógio e calendário pare ele.
Informar a família que aquilo não é um quadro predominantemente psiquiátrico, mas tem uma causa clínica e tem que ser feitos exames laboratoriais, ressonância.
Se esse paciente estiver absolutamente agitado, a gente pode usar essas substâncias, de preferência antipsicóticos. Tá inquieto, agitado: Haldol, Risperidona, Quetiapina ou Olanzapina.
Na maioria dos hospitais vocês vão encontrar Haldol. Ele acalma o paciente, o problema é que ele tem efeitos colaterais.
Esses outros são os psicóticos atípicos, comparando com Haldol os efeitos colaterais deles são mínimos.
Sempre evitar dar benzodiazepínicos, tranquilizante para nesses pacientes por que se você sedá-los vai impedir que os sintomas se manifestem.
Então você só dá benzodiazepínico se ele tiver o delirium tremens que é por abstinência do álcool.
A gente encontra muitos pacientes com delirium que fazem uso de álcool em excesso e tem um acidente e ficou internado, tomava um litro de cachaça por dia e agora tá internado, parou absolutamente. Aí entra no segundo dia com quadro de Delirium, começa a ter alucinações visuais, auditivas, mas sobretudo um rebaixamento do nível de consciência. Para esses pacientes por uso de álcool a gente entra com um bendodizepínico (Diazepam, Bromazepam).
Se faz contenção?
Em alguns momentos (paciente muito agitado, abstinência) você pode sedar o paciente, conter o paciente (bota na cama com uma faixa, um lençol e contem ele no leito) ou internar o paciente.
Você pode conter o paciente no leito e injetar um benzodiazepínico na veia, lentamente, instala o soro e no soro aplica o benzo. 1 ampola, 2 ampolas, até 60 mg nas primeiras 24 horas.
Se ele só está inquieto, desorientado por que parou de beber ou outra droga, você dá o Diazepam oral.
Mas de preferência ao conter o paciente, deixar alguém com ele pra evitar que ele possa cair ou se jogar por uma janela.
Um paciente que tá agitado no pronto-socorro, o que fazer? Uma emergência psiquiátrica.
Aí tem que deitar o paciente e fazer a contenção.

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