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Anatomia - correlações clínicas abdome (resumo)

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ANATOMIA
Resumo - Larissa Stork
Abdome: correlações clínicas
1- Paredes do abdome
● Hérnias abdominais: frequentemente ocorrem nos locais da parede anterolateral do abdome onde
estruturas anatômicas (vasos, funículo espermático etc.) atravessam, criando um potencial ponto
fraco:
○ Hérnias umbilicais: comuns em neonatos, pequenas e normalmente resultam de alta
pressão intra-abdominal e fechamento incompleto da parede anterior do abdome após a
ligadura do cordão umbilical ao nascimento;
○ Hérnias epigástricas: na região epigástrica através da linha alba, entre o processo xifóide e
umbigo. Hérnias de Spiegel são aquelas que ocorrem ao longo das linhas semilunares.
Geralmente associada à obesidade;
○ Hérnias inguinais: maioria (descrito no tópico abaixo).
- Na onfalocele as vísceras estão cobertas pela cavidade amniótica;
- Onfalocele e gastrosquise - congênitas (nascimento) - evisceração;
- Hérnia incisional - abaulamento em cima da cicatriz;
- Hérnia não incisional - abaulamento sem cicatriz. Exemplo: hérnia inguinal.
● Palpação da parede anterolateral do abdome: quando um órgão está inflamado, diante da
palpação, há essa rigidez muscular e espasmos involuntários, decorrente de uma resposta reflexa
de defesa contra a compressão. Desse modo, na palpação é importante estar com as mãos
aquecidas, pois mãos frias estimulam terminações nervosas na parede do abdome e provocam
tensão dos músculos e espasmos involuntários musculares. Além disso, deve ser realizada com o
1
ANATOMIA
Resumo - Larissa Stork
paciente em decúbito dorsal e com os joelhos e coxas semifletidas e braços ao lado do corpo, para
que não tensione os músculos do abdome.
- A percussão começa da região menos dolorosa para a mais dolorosa;
- Tipo de abdome, local da dor, cicatriz, massa palpável e diâmetro devem ser registrados no
prontuário médico, a partir do exame clínico;
- Cólon sigmóide - armazena fezes - pode ser palpado;
- Fígado - pode ser palpado apenas numa inspiração profunda, em que o fígado fica mais
anteriorizado.
● Incisões cirúrgicas abdominais:
○ Incisões longitudinais: incisões medianas (ao longo da linha alba, que dá passagem a
pequenos vasos e nervos) e incisões paramedianas (das margens costais até as linhas dos
pelos pubianos);
○ Incisões oblíquas e transversais: a direção das incisões está relacionada com a orientação
das fibras musculares, a existência de tecido rígido próximo (margem costal ou crista ilíaca
ou púbica) ou a minimização de possível lesão do nervo;
○ Incisões de alto risco: incisões pararretais (ao longo da margem lateral da bainha do m.
reto do abdome, pode seccionar os nervos que suprem esse músculo) e inguinais (para
reparo de hérnias, pode seccionar o nervo ilioinguinal);
○ Hérnia incisional: protrusão do omento ou de um órgão através de uma incisão cirúrgica;
○ Cirurgia minimamente invasiva: muitos procedimentos cirúrgicos abdominopélvicos (p.
ex., retirada da vesícula biliar) são realizados com uso de um laparoscópio, nos quais
instrumentos operados externamente são introduzidos através de pequenas perfurações da
parede do abdome, substituindo as incisões convencionais maiores. Essa técnica minimiza
o risco de lesão do nervo, hérnia incisional ou contaminação através da ferida aberta, bem
como o tempo necessário para cicatrização.
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ANATOMIA
Resumo - Larissa Stork
FIGURA 1 - Ileostomia FIGURA 2 - Colostomia
Íleo exteriorizado no quadrante inferior direito Cólon exteriorizado no quadrante inferior esquerdo
Nota-se que a incisão do lado esquerdo do umbigo teve melhor cicatrização. Isso ocorre uma vez que o ligamento falciforme
fica a direita do umbigo e pode ser recanalizado nas incisões porta - por isso as incisões devem ser feitas à esquerda do
umbigo. As incisões acima do umbigo também são melhores do que abaixo do umbigo, uma vez que acima do umbigo a linha
alba é mais larga, diminuindo o risco de lesões de vasos e nervos. Então, nesse caso, a incisão mediana suprapúbica esquerda é
melhor.
● Inversão do fluxo venoso e vias colaterais das veias superficiais do abdome: quando há
obstrução do fluxo na veia cava superior ou inferior, anastomoses entre as tributárias dessas veias
sistêmicas, como a veia toracoepigástrica, podem oferecer vias colaterais para contornar a
obstrução, permitindo que o sangue retorne ao coração.
3
ANATOMIA
Resumo - Larissa Stork
● Peritonite: infecção e inflamação do peritônio, decorrente da contaminação bacteriana durante
laparotomia ou de quando há perfuração traumática ou ruptura do intestino em virtude de infecção
e inflamação (p. ex., apendicite), permitindo a entrada de gás, material fecal e bactérias na
cavidade peritoneal. Dor na pele sobrejacente e aumento do tônus dos músculos anterolaterais do
abdome. A peritonite generalizada ocorre em razão da grande superfície do peritônio e a presença
de leitos dos capilares sanguíneos e linfáticos ou também quando uma úlcera perfura a parede do
estômago ou duodeno, derramando seu conteúdo ácido na cavidade peritoneal. Se o abdome for
retraído enquanto o tórax se expande (ritmo abdominotorácico paradoxal) e houver rigidez
muscular, pode haver peritonite ou pneumonite (inflamação dos pulmões). Os acometidos
apresentam respiração superficial (e, portanto, mais rápida), reduzindo a pressão intra-abdominal e
a dor. O efeito de sucção do diafragma durante a respiração “puxa” o líquido (p. ex., decorrente de
víscera perfurada) para os espaços subfrênicos. Portanto, o abscesso subfrênico (acúmulo de pus
no recesso subfrênico) é uma complicação frequente da peritonite. Peritonite localizada é apenas
no local da víscera.
● Ascite: distúrbio clínico caracterizado por líquido em excesso na cavidade peritoneal. Pode ser
decorrente de úlceras no estômago e duodeno (quando perfuram a parede destes órgãos e
extravasa líquido ácido), de lesão mecânica (que também pode causar hemorragia interna) ou de
outras doenças, como cirrose hepática, hipertensão portal (congestão venosa), metástase
disseminada de células cancerosas para as vísceras abdominais e inanição (quando há deficiência
da produção das proteínas plasmáticas, alterando os gradientes de concentração e produzindo
protuberância paradoxal do abdome). Interfere nos movimentos das vísceras.
● Paracentese: punção cirúrgica da cavidade peritoneal para aspiração ou drenagem de líquido.
● Aderências peritoneais: tecido cicatricial formado após cirurgias abdominais que limita os
movimentos normais das vísceras. Adesiólise é a separação cirúrgica das aderências.
● Disseminação de líquidos patológicos: a importância clínica dos recessos peritoneais está
associada à disseminação de líquidos patológicos como o pus, um produto da inflamação. Os
recessos determinam a extensão e o sentido da disseminação de líquidos que podem entrar na
cavidade peritoneal quando um órgão está doente ou é lesado.
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ANATOMIA
Resumo - Larissa Stork
● Fluxo de líquido ascítico e pus: os sulcos paracólicos são importantes clinicamente porque
proporcionam vias para o fluxo de líquido ascítico, disseminação de células cancerosas que se
soltaram da superfície ulcerada de um tumor e a disseminação de infecções intraperitoneais. Em
posição ortostática, o material purulento do abdome pode ser transportado até a pele, enquanto que
em decúbito dorsal, infecções pélvicas podem estender-se superiormente até os recessos
subfrênicos. Para facilitar o fluxo de exsudato (pus) para a cavidade peritoneal, onde a absorção de
toxinas é relativamente fácil de drenar, os pacientes com peritonite frequentemente são colocados
na posição sentada (em um ângulo de pelo menos 45°).
● Hérnia interna através do forame omental: embora raro, uma alça de intestino delgado pode
atravessar o forame omental, entrar na bolsa omental e ser estrangulada pelas margens do forame.
Como não se pode fazer incisão em nenhum dos limites do forame porque todos contêm vasos
sanguíneos, o intestino edemaciado deve ser descomprimido usando-se uma agulha,de modo que
possa ser recolocado na cavidade peritoneal através do forame omental.
● Efeitos da distensão abdominal:
● Hérnias inguinais: é uma protrusão do peritônio parietal e das vísceras, como o intestino delgado,
através de uma abertura normal ou anormal da cavidade a que pertencem, maioria ocorre nos
homens, em razão da passagem do funículo espermático através do canal inguinal. Podem ser
diretas ou indiretas (maioria). A parte peritoneal do saco herniário de uma hérnia inguinal indireta
é formada pela persistência do processo vaginal. Pode-se palpar o anel inguinal superficial e
profundo.
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ANATOMIA
Resumo - Larissa Stork
2- Fígado
● Palpação do fígado: pode ser palpado durante a inspiração profunda.
Mão esquerda posteriormente atrás da parte inferior da caixa torácica e
mão direita no quadrante superior direito inferiormente à margem
costal e lateralmente ao m. reto do abdome.
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ANATOMIA
Resumo - Larissa Stork
● Abscessos subfrênicos: acûmulo de pus (exsudato purulento) nos recessos subfrênicos, decorrente
de peritonite, por exemplo. Mais comum do lado direito, devido à ruptura de apêndice vermiforme
e úlceras duodenais perfuradas. O pus pode drenar para os recessos hepatorrenais, principalmente
em decúbito dorsal.
● Lobectomias e segmentectomias hepáticas: segue a divisão funcional do fígado. Veias hepáticas
e VCI são os elementos que mais prendem o fígado ao corpo.
● Cirrose hepática: o fígado é o local primário de destoxificação das substâncias absorvidas pelo
sistema digestório; sendo assim, é vulnerável a lesão celular e consequente fibrose, acompanhadas
por nódulos regenerativos. Na cirrose hepática há destruição progressiva dos hepatócitos, que são
substituídos por gordura e tecido fibroso, causando um aspecto nodular da superfície do fígado e
hepatomegalia. Causa principal é o alcoolismo crônico. O tecido fibroso circunda os vasos
sanguíneos intra-hepáticos e os ductos biliares, deixando o fígado endurecido e impedindo a
circulação de sangue através dele (hipertensão porta). O tratamento preferido da cirrose hepática
avançada é o transplante hepático. Menos comumente, um shunt portossistêmico ou portocava
pode ser criado por via percutânea ou cirurgicamente, anastomosando os sistemas venosos porta e
sistêmico.
FÍGADO NORMAL FÍGADO CIRRÓTICO (ESTEATOSE)
● Variações nos ductos cístico e hepático:
A- União baixa; B- União alta; C- Desvio de trajeto.
Em casos de união baixa, dificulta o clampeamento cirúrgico do ducto cístico sem lesar o ducto hepático comum,
durante a colecistectomia.
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ANATOMIA
Resumo - Larissa Stork
● Cálculos biliares: um cálculo biliar (colelitíase) é uma concreção na vesícula biliar, no ducto
cístico ou em outro ducto biliar formada principalmente por cristais de colesterol. Mais comuns
em mulheres e com o aumento da idade. Para que causem sintomas clínicos, devem alcançar
tamanho suficiente para causar lesão mecânica na vesícula ou obstrução das vias biliares. Um
cálculo no ducto cístico causa cólica biliar (dor espasmódica intensa) e colecistite, inflamação da
vesícula em razão do acúmulo de bile. A dor causada pela impactação da vesícula biliar acomete a
região epigástrica e depois se desloca para o hipocôndrio direito na junção da 9a cartilagem costal
com a margem lateral da bainha do músculo reto do abdome. A inflamação da vesícula biliar pode
causar dor na parede torácica posterior ou no ombro direito devido à irritação do diafragma. Se
não puder sair da vesícula biliar, a bile entra no sangue e pode causar icterícia. Ultrassonografia e
TC são exames de imagem realizados para localizar cálculos.
Colangiopancreatografia por RM mostra dilatação do ducto colédoco secundária a um cálculo biliar alojado no ducto;
Sinal de murphy: detectar dor e inflamação na vesícula.
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ANATOMIA
Resumo - Larissa Stork
● Cálculos biliares no duodeno: a inflamação contínua da
vesícula biliar, causada por cálculos em seus ductos, pode
romper (ulcerar) os limites teciduais entre a vesícula biliar
e uma parte do sistema digestório aderido a ela, resultando
em fístula colecistoentérica. Parte superior do duodeno e o
colo transverso são mais propensos a desenvolver essa
fístula. A fístula permitiria que um grande cálculo biliar,
incapaz de atravessar o ducto cístico, entrasse no sistema
digestório, o qual pode ser aprisionado na papila ileal (o
estreitamento seguinte do sistema digestório), provocando
obstrução intestinal (íleo biliar). Essa fístula também
permite a entrada de gás do sistema digestório na vesícula biliar, o que produz um sinal
radiográfico diagnóstico.
● Colecistectomia: retirada da vesícula biliar. Deve-se dissecar o trígono de Calot antes, para
proteger os vasos ali presentes.
● Hipertensão porta: causada pela cicatrização e fibrose decorrentes da cirrose. O grande volume
de sangue que flui do sistema porta para o sistema sistêmico nos locais de anastomoses
portossistêmicas pode provocar o surgimento de varizes, principalmente na parte inferior do
esôfago. Como já dito, o tratamento preferido da cirrose hepática avançada (com hipertensão
porta) é o transplante hepático. Menos comumente, um shunt portossistêmico ou portocava pode
ser criado por via percutânea ou cirurgicamente, anastomosando os sistemas venosos porta e
sistêmico.
Anastomoses portossistêmicas varicosas na superfície do abdome
3- Esôfago e estômago
● Varizes esofágicas: como drenam para os sistemas venosos porta e sistêmico, as veias
submucosas da parte inferior do esôfago constituem uma anastomose portossistêmica. Na
hipertensão portal (aumento anormal da pressão sanguínea no sistema venoso porta), o sangue não
consegue atravessar o fígado pela veia porta, causando inversão do fluxo na tributária esofágica. O
grande volume de sangue causa aumento acentuado das veias submucosas, com formação de
varizes esofágicas.
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ANATOMIA
Resumo - Larissa Stork
● Hérnia de hiato: protrusão de uma parte do estômago para o mediastino através do hiato
esofágico do diafragma.
● Úlceras gástricas: a maioria das úlceras do estômago e do duodeno está associada à infecção por
uma bactéria específica, Helicobacter pylori (H. pylori) - as bactérias causam erosão do muco
protetor que reveste o estômago, inflamando a túnica mucosa e tornando-a vulnerável aos efeitos
do ácido gástrico e das enzimas digestivas (pepsina) produzidas pelo estômago. Como a secreção
de ácido pelas células parietais do estômago é controlada principalmente pelo nervo vago, tem
sido realizada historicamente a vagotomia (secção cirúrgica dos nervos vagos) para reduzir a
produção de ácido em algumas pessoas com úlceras crônicas ou recorrentes. Uma úlcera gástrica
posterior pode causar erosão da parede do estômago para o pâncreas, resultando em dor referida
para o dorso. Nesses casos, a erosão da artéria esplênica pode resultar em hemorragia grave para a
cavidade peritoneal.
● Dor visceral referida: irradia-se até o nível do dermátomo, que recebe fibras aferentes viscerais
do órgão relacionado. A dor referida visceral de uma úlcera gástrica, por exemplo, é referida na
região epigástrica porque o estômago é suprido por fibras aferentes de dor que chegam aos
gânglios sensitivos dos nervos espinais T7 e T8 e a segmentos da medula espinal via nervo
esplâncnico maior. A dor originada no peritônio parietal é do tipo somático e geralmente é intensa.
O local de sua origem pode ser identificado. A base anatômica para essa localização da dor é que
o peritônio parietal é inervado por fibras sensitivas somáticas por intermédio dos nervos torácicos,
ao passo que uma víscera como o apêndice vermiforme é inervada por fibras aferentes viscerais no
nervo esplâncnico menor. O peritônio parietal inflamado é extremamente sensível ao estiramento.
Quando se aplica pressão com os dedos da mão à parede anterolateral do abdome sobre o local da
inflamação, há estiramento do peritônio parietal. Quando os dedos da mão do examinador são
subitamente retirados, geralmente há dor localizada extrema,conhecida como dor à
descompressão súbita.
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ANATOMIA
Resumo - Larissa Stork
4- Intestinos delgado e grosso
● Úlceras duodenais: erosões inflamatórias da túnica mucosa duodenal. Podem perfurar a parede
duodenal, permitindo a entrada de conteúdo peritoneal e causando peritonite. É comum a
ocorrência de sangramento intraluminal de úlceras duodenais, provocando eventualmente
hemorragia digestiva alta maciça, e pode também ocorrer a erosão da artéria gastroduodenal
(localizada posteriormente à parte superior do duodeno) por uma úlcera duodenal perfurante,
resultando em sangramento substancial para a cavidade peritoneal (hemoperitônio).
Úlcera duodenal apontada com a seta. Normalmente são benignas, enquanto as úlceras gástricas são malignas.
● Hérnias paraduodenais: existem duas ou três pregas e recessos
(fossas) inconstantes ao redor da flexura duodenojejunal. A prega e o
recesso paraduodenais são grandes e estão à esquerda da parte
ascendente do duodeno. Se uma alça de intestino entrar nesse recesso
(hérnia paraduodenal), pode sofrer estrangulamento.
● Revisão embriológica: a dor originada nos derivados do intestino
anterior (esôfago, estômago, pâncreas, duodeno, fígado e ductos
11
ANATOMIA
Resumo - Larissa Stork
biliares) localiza-se na região epigástrica; do intestino médio (o intestino delgado distal ao ducto
colédoco, ceco, apêndice vermiforme, colo ascendente e a maior parte do colo transverso) está
localizada na região periumbilical/mesogástrica; e do intestino posterior (a parte distal do colo
transverso, colo descendente, colo sigmoide e reto) está localizada na região hipogástrica.
● Divertículo ileal: anomalia congênita. Remanescente da parte proximal do ducto
onfalomesentérico embrionário (pedículo vitelino).
● Posição do apêndice vermiforme: o apêndice retrocecal estende-se superiormente em direção à
flexura direita do colo e em geral é livremente móvel. Pode também projetar-se inferiormente em
direção à margem da pelve ou através dela.
● Apendicite: inflamação aguda do apêndice vermiforme, causa mais comum do abdome agudo
(dor abdominal intensa e súbita). A apendicite em jovens geralmente é causada por hiperplasia dos
folículos linfáticos no apêndice vermiforme, o que oclui o lúmen. Em pessoas idosas, a obstrução
geralmente é causada por um fecálito (coprólito), uma concreção que se forma ao redor de um
núcleo de material fecal. Quando as secreções do apêndice vermiforme não conseguem sair, há
edema do apêndice vermiforme, que distende o peritônio visceral. No início, a apendicite
geralmente causa dor vaga na região periumbilical, porque as fibras álgicas aferentes entram na
medula espinhal no nível de T10. Mais tarde, a dor intensa no quadrante inferior direito do
abdome é provocada pela irritação do peritônio parietal que reveste a parede posterior do abdome.
No exame, aperta e solta a região, dor ao soltar. A infecção aguda do apêndice pode causar
trombose na artéria apendicular, o que costuma resultar em isquemia, gangrena (morte do tecido) e
perfuração de um apêndice vermiforme com inflamação aguda, a qual provoca infecção do
peritônio (peritonite), aumento da dor abdominal, náuseas e/ou vômito, e rigidez abdominal
(enrijecimento dos músculos abdominais).
● Colite, colectomia, ileostomia e colostomia: a inflamação crônica do colo (colite ulcerativa,
doença de Crohn) é caracterizada por inflamação intensa e ulceração do colo e do reto. Em alguns
casos é realizada uma colectomia, na qual são removidos a parte terminal do íleo e o colo, bem
como o reto e o canal anal. Em seguida, é construída uma ileostomia para estabelecer uma
abertura entre o íleo e a pele da parede anterolateral do abdome. Após uma colectomia parcial, é
feita uma colostomia ou sigmoidostomia para criar uma abertura cutânea artificial para a parte
terminal do colo.
● Colonoscopia e retossigmoidoscopia: colonoscopia ou coloscopia usa um endoscópio de fibra
óptica longo e flexível (colonoscópio) inserido através do ânus e do reto, para observar o interior
12
ANATOMIA
Resumo - Larissa Stork
do colo. Retossigmoidoscopia é um procedimento para observar o interior do colo sigmoide, com
um endoscópio mais curto (retossigmoidoscópio).
● Diverticulose: distúrbio no qual surgem vários falsos divertículos (envaginações externas na
mucosa do colo) ao longo do intestino. Afeta principalmente as pessoas de meia-idade e idosos.
Principalmente no colo sigmoide. Podem sofrer ruptura e levar à diverticulite, que pode causar
distorção e erosão das artérias nutrícias, com consequente hemorragia. As dietas ricas em fibras
têm benefícios comprovados na diminuição da ocorrência de
diverticulose.
● Vólvulo do colo sigmoide: rotação e torção da alça móvel do
colo sigmoide e do mesocolo, resultando em obstrução do lúmen
do colo. As consequências do vólvulo são obstipação
(incapacidade de eliminar fezes ou flatos) e isquemia (ausência
de fluxo sanguíneo) do circuito em alça do colo sigmoide,
podendo causar necrose.
● Intuscepção: segmento do intestino entra nele mesmo, provocando obstrução da passagem de
alimento.
13
ANATOMIA
Resumo - Larissa Stork
14
ANATOMIA
Resumo - Larissa Stork
Empilhamento de moeda - obstrução intestinal
5- Rins, ureteres e glândulas suprarrenais
● Palpação dos rins: apenas o rim direito, uma vez que se situa de 1 a 2 cm abaixo do esquerdo.
Pressionar o flanco anteriormente e palpar profundamente na margem costal com a outra mão.
● Ptose renal (rim flutuante): como as lâminas da fáscia renal não apresentam fusão firme
inferiormente para oferecer resistência, rins anormalmente móveis podem descer mais do que os 3
cm normais quando o corpo está ereto. Quando os rins descem, as glândulas suprarrenais
permanecem no lugar porque estão situadas em um compartimento fascial separado e firmemente
inseridas no diafragma. A dor intermitente na região renal, aliviada pela posição de decúbito,
parece resultar da tração dos vasos renais.
● Transplante renal: o rim pode ser removido do doador sem lesar a glândula, já que estão
separados por um compartimento fascial. O local para o rim transplantado é na fossa ilíaca da
pelve maior, onde não há tração dos vasos anastomosados cirurgicamente. A artéria e a veia renais
são unidas a artéria e veia ilíacas externas, respectivamente, e o ureter é suturado à bexiga
urinária.
● Cistos renais: a doença renal policística do adulto é uma causa importante de insuficiência renal;
sua herança é do tipo autossômico dominante. Os cistos são encontrados durante ultrassonografia.
15
ANATOMIA
Resumo - Larissa Stork
RM axial de um paciente com doença renal policística do adulto
● Vasos renais acessórios: na vida embrionária, em geral, os vasos inferiores que drenam os rins
degeneram enquanto os superiores assumem a função. A ausência de degeneração desses vasos
resulta em artérias e veias renais acessórias. Artérias polares entram nos polos dos rins. Uma
artéria polar inferior cruza o ureter e pode obstruí-lo.
● Síndrome da compressão da veia renal: ao cruzar a linha mediana
para chegar à VCI, a veia renal esquerda, que é mais longa,
atravessa um ângulo agudo entre a AMS anteriormente e a parte
abdominal da aorta posteriormente. A tração da AMS para baixo
pode comprimir a veia renal esquerda (e talvez a terceira parte do
duodeno), resultando em síndrome de compressão da veia renal
(compressão mesoaórtica da veia renal esquerda), também
conhecida como “síndrome do quebra-nozes”. A síndrome pode
incluir hematúria ou proteinúria (sangue ou proteína na urina), dor
abdominal (flanco esquerdo), náuseas, vômito (indicativo de
compressão do duodeno) e dor testicular esquerda em homens
(relacionada à drenagem da veia testicular esquerda para a veia
renal esquerda proximal à compressão). Em raras ocasiões ocorre
varicocele do lado esquerdo.
● Anomalias congênitas dos rins e ureteres: pelve renal e ureter bífidos são comuns. Essas
anomalias resultam da divisão do broto uretérico (divertículo metanéfrico), o primórdio da pelve
renal e ureter. A divisão incompleta dobroto uretérico resulta em ureter bífido; a divisão completa
resulta em rim supranumerário. Uma anomalia rara é um ureter retrocaval, que deixa o rim e segue
posteriormente à VCI. Em aproximadamente 1 em 600 fetos, os polos inferiores (raramente, os
polos superiores) dos rins fundem-se para formar um rim em ferradura. Esse rim em formato de
U geralmente está no nível das vértebras L III a L V, porque a raiz da artéria mesentérica inferior
impediu a migração normal do rim anormal. Às vezes, o rim embrionário de um ou ambos os
lados não entra no abdome e situa-se anteriormente ao sacro - rim ectópico pélvico.
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ANATOMIA
Resumo - Larissa Stork
● Cálculos renais e ureterais: os cálculos são formados por sais de ácidos inorgânicos ou orgânicos
ou de outros materiais. Eles podem se formar e se localizar nos cálices renais, ureteres ou bexiga
urinária. O cálculo pode causar obstrução completa ou intermitente do fluxo urinário. A dor é
referida nas áreas cutâneas inervadas por segmentos e gânglios sensitivos espinais, que também
recebem fibras aferentes viscerais do ureter, principalmente T11–L2. A dor segue em sentido
anteroinferior “da região lombar para a região inguinal” enquanto o cálculo atravessa o ureter. A
dor pode se estender até a face anterior proximal da coxa por projeção através do nervo
genitofemoral (L1, L2), o escroto em homens e os lábios maiores do pudendo em mulheres. A dor
extrema pode ser acompanhada por desconforto digestivo intenso (náuseas, vômito, cólica e
diarreia) e resposta simpática generalizada que pode mascarar em vários graus os sintomas mais
específicos.
6- Pâncreas
● Obstrução da ampola hepatopancreática e pancreatite: um cálculo biliar pode obstruir a
ampola hepatopancreática, o que pode levar à bile refluir pelo ducto pancreático, causando
pancreatite. Nesse caso, o músculo esfíncter do ducto pancreático não consegue resistir à pressão
da bile na ampola obstruída. Espasmos do músculo esfíncter da ampola hepatopancreática também
pode levar a esse quadro.
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ANATOMIA
Resumo - Larissa Stork
● Câncer de pâncreas: câncer da cabeça do pâncreas pode comprimir e obstruir o ducto colédoco
ou ampola hepatopancreática, sendo o maior causador de obstrução extra-hepática das vias
biliares. Isso leva à retenção de de pigmentos biliares, que retornam à vesícula e causam icterícia
obstrutiva. O câncer do colo e corpo do pâncreas pode causar obstrução da VCI e veia porta. O
procedimento de Whipple para câncer de pâncreas e das vias biliares (pancreatoduodenectomia) é
o mais frequentemente realizado para tumores do pâncreas. Trata-se de uma intervenção complexa
que remove parte do pâncreas, parte do duodeno e a vesícula biliar. Os tumores que crescem no
corpo e na cauda do pâncreas são removidos por um procedimento subtotal denominado
pancreatectomia distal.
REFERÊNCIAS
- MOORE, K. L.; DALEY II, A. F. Anatomia orientada para a clínica. 8ª.edição. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2019.
- NETTER, F. H. Atlas de anatomia humana. 7ª.edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.
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