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CCJ0006-WL-PA-12-Direito Civil I-Antigo-15845

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Título 
12 - DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
12 
Tema 
INVALIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS 
Objetivos 
·         Deϐinir e diferenciar ineϐicácia e invalidade dos negócios jurı́dicos. 
·         Examinar o tratamento da ϐigura da nulidade relativa e absoluta no Código Civil. 
·         Identificar  os elementos fundamentais caracterizadores da inexistência jurı́dica. 
·         Reconhecer as caracterı́sticas, espécies, causas e efeitos da nulidade nos negócios jurı́dicos. 
l Compreender as mudanças relacionadas  ao instituto da simulação no atual Código Civil. 
Estrutura do Conteúdo 
1 - INVALIDADE DOS NEGOƵCIOS JURIƵDICOS 
      1.1 A teoria da inexistência jurı́dica 
1.2 Ineϐicácia e invalidade 
1.3 Nulidade: caracterı́sticas, espécies, causas e efeitos 
1.4 Tratamento da ϐigura da nulidade pelo Código Civil de 2002 
1.5 Simulação 
  
Este conteúdo deverá ser trabalhado ao longo das duas aulas da semana, cabendo ao professor a dosagem do conteúdo, de acordo com as condições objetivas e subjetivas de cada 
turma. 
A seguir, algumas sugestões de conteúdo a ser ministrado, como mero exemplo: 
ATOS ILEGAIS , ILÍCITOS , E NULOS 
O insƟtuto do ato jurídico cumpre papel essencial no sistema jurídico, como meio de difusão de direitos e obrigações, bases nucleares do direito civil.  
Dúvida inexiste quanto à premissa de que os vocábulos ilícito (lícito) e ilegal (legal) sejam, em tese, similares, inclusive sob a compreensão jurídica. Geralmente, quando se fala que 
o ato é ilícito se quer dizer, também, ilegal. Assim, ilegalidade e ilicitude têm, abstratamente, a mesma acepção, tanto para o operador do direito quanto para o leigo.  
Concretamente, há, contudo, senƟdos que podem diferenciar o ato ilegal do ato ilícito, conforme se captura no corpo das normas jurídicas.  
É correta, em tese, a afirmação de que se idenƟficam, no sistema jurídico brasileiro, atos ilegais e atos ilícitos. Ato ilícito é um ato ilegal que causa prejuízo a outrem; mas nem todo 
ato ilegal é ilícito, porque nem todo ato ilegal causa prejuízo moral ou patrimonial a outrem. O ato ilícito, além de ferir um princípio ou preceito legal, produz um resultado que 
lesiona o patrimônio material ou moral da pessoa, İsica ou jurídica, aƟngida pelos seus efeitos.  
O ato ilícito pressupõe a discrepância, desarmonia, com um princípio ou preceito legal, mas, necessariamente, há de ter, mais do que potencial ofensivo, gerado resultado que se 
traduz em dano ou prejuízo, com o conseqüente desabastecimento do patrimônio moral ou material da víƟma. Assim é que, no ato ilícito, viola-se direito e, também, causa -se dano a 
outrem. O binômio direito violado e patrimônio lesado é requisito do ato ilícito.  
Todo ato ilícito é, pois, um ato ilegal. Se não fosse ilegal, não seria ilícito. E é ilícito porque, como se disse, viola o direito e gera dano. 
O ato ilegal, por sua vez, é um ato que agride um princípio ou preceito legal, mas nem sempre causa lesão ao patrimônio moral ou material. O ato pode ser ilegal, porque 
confeccionado sem observar um comando legal, sem, porém, gerar um prejuízo específico ou próprio a uma pessoa.  
No entanto, o ato ilegal pode, ao tempo em que viola a lei ou malfere um princípio, causar dano, situação em que se confunde no ato ilícito e comporta reparação do prejuízo 
experimentado pela pessoa lesada. O ato ilegal se sujeita ao regime de invalidação; o ato ilícito, raramente.  
No caso de ato ilegal, é possível a cumulação de pretensões de invalidação com ressarcimento ou reparação; no ato ilícito, geralmente, cabe, conforme a sua natureza, apenas 
buscar a recomposição do patrimônio danificado. O ato ilegal, de regra, é um ato nulo ou anulável.  
Recorde -se que, no desenho jurídico da invalidade do ato (ou negócio jurídico), no qual se faz a composição de suas espécies, a Ɵpificação e a distribuição em causas de nulidade e 
anulabilidade se industriam pela obra da vontade do homem que legisla. 
Na estrutura do Código Civil, coexistem dois grupos de causas cuja existência gera a invalidade do ato ou negócio jurídico, as quais são acomodadas segundo um grau de rejeição: 
a) nulidade (grau de rejeição ou intolerância total); e b) anulabilidade (grau de rejeição ou intolerância parcial). 
NULIDADE 
 “ Nulidade é a declaração legal que a determinados atos não se prendem os efeitos jurídicos, normalmente produzidos por dos semelhantes”[1]. 
Nulidade é o reconhecimento da existência de um vício que impede um ato ou negócio jurídico de ter existência legal, ou produzir efeitos. Vem a ser a sansão, imposta pela norma 
jurídica, que determina a privação dos efeitos jurídicos dos negócios praƟcados em desobediência ao que prescreve. 
NULIDADE ABSOLUTA 
São considerados nulos os negócios que por vício grave não tenham eficácia jurídica. Não permitem raƟficação. 
No Direito brasileiro são nulos os negócios jurídicos se: a manifestação de vontade for manifestada por agente absolutamente incapaz; o objeto for ilícito, impossível, indeterminado 
ou indeterminável; a forma for defesa(proibida) ou não for prescrita em lei; Ɵverem como objeƟvo fraudar a lei; a lei declará-los nulos expressamente; houver simulação ou coação 
absoluta. 
Com a declaração da nulidade absoluta o negócio não produz qualquer efeito por ofender gravemente princípios de ordem pública. De acordo com o arƟgo 166 do CC, o negócio 
jurídico é nulo: 
l Quando celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
l Quando o objeto for ilícito, impossível ou indeterminável; 
l O moƟvo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
l Não revesƟr a forma prescrita em lei; 
l For preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; 
l Tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
l A lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a práƟca, sem cominar sanção. 
  
Os efeitos da declaração da nulidade absoluta é “ex tunc”, como se o ato jamais tivesse existido. 
ATO ILÍCITO 
Consideram -se ilícitos os atos jurídicos quando infringem as normas legais insƟtuídas. Uma vez praƟcados, geram relação jurídica, independentemente da vontade do agente (art. 
186 CC). Por exemplo, a agressão, o furto, o homicídio geram a obrigação de pagar indenização (art. 927 CC) à víƟma do evento danoso e ilícito ou a seus herdeiros; o excesso de 
velocidade na direção de veículo gera a obrigação de pagar   multa ao Estado etc. 
A ação humana, da pessoa jurídica ou do ente despersonalizado capaz de geral ato jurídico ilícito é qualificável tanto subjeƟva quanto objeƟvamente. 
 No primeiro caso está a teoria da responsabilidade subjeƟva, que nasce do dolo ou da culpa do agente causador do dano. O dolo é um elemento psíquico, a intenção ou vontade 
consciente, que sustenta um ato capaz de causar dano a outrem, ou que, ao ser praƟcado, o seu autor o tenha feito de forma que assuma o risco de causar o dano a outrem. É 
exercício de ato ilícito, portanto,e, como tal, proibido pelas normas jurídicas.  
 A culpa é caracterizada pela execução de ato danoso por negligência, imprudência ou imperícia. 
NEGLIGÊNCIA – é aquele que causa o dano a outrem por omissão (o motorista não troca a pasƟlha de freio do veículo na época devida e com isso provoca um acidente ao pisar no 
freio e o mesmo não funcionar/ colocar um vaso na janela e derruba -lo em cima de alguém). 
Imperı́cia – é o profissional que não age com o cuidado que dele se espera; é o profissional que não trabalha usando o conhecimento necessário e exigido por sua profissão (o 
cirurgião que deixa um pedaço de gaze dentro do paciente que operou). 
IMPRUDÊNCIA – é o que causa o dano por ação (motorista ultrapassa um sinal vermelho e causa um acidente). 
Simulação -  Em matéria de defeitos dos negócios jurídicos, talvez a grande inovação, é o fato do vício da simulação ter sido colocado como um fato, uma causa de nulidade e não 
mais de anulabilidade. 
Tradicionalmente, no nosso Código de 1916, os vícios dosnegócios jurídicos eram erro, dolo, acuação, simulação e fraude contra credores, todos esses atos ocasionando a 
anulação do ato jurídico com um prazo prescricional de 4 anos. Hoje temos um prazo decadencial de quatro anos também para a anulação desses negócios, mas com exceção da 
simulação.O ato simulatório não é mais uma causa de anulabilidade, mas de nulidade, portanto nunca prescreverá, nunca terá um prazo de decadência. Trata-se de uma opção que 
o legislador fez e o Ministro Moreira Alves explana que a principal razão de se modificar o contexto da simulação é justamente aquele disposiƟvo dificultoso que ơnhamos no 
Código de 1916, pelo qual um simulador não podia alegar a simulação contra outro. Isto praƟcamente nulificava o alcance da simulação, tanto que a jurisprudência chegou até a 
passar por cima desse requisito muitas vezes. Em razão disso, sendo o ato nulo, qualquer parte interessada, direta ou indiretamente, pode fazer com que ele seja declarado assim. 
A simulação é o arƟİcio ou fingimento na práƟca ou na execução de um ato, ou contrato, com a intenção de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro, ou lhe dando aparência 
que não possui.  
A entrada em vigor do novo Código Civil trouxe, entre as alterações promovidas no Direito Privado brasileiro, a transformação da simulação de hipótese de anulabilidade (arƟgo 
102 do Código de 1916) em hipótese de nulidade pleno iuris (arƟgo 167 do Código de 2002). Em fato, o novo arƟgo 167 diz ser nulo o negócio jurídico simulado, esclarecendo o seu § 
1o que há simulação nos negócios jurídicos quando (I) aparentarem conferir ou transmiƟr direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; (II) 
conƟverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; (III) os instrumentos parƟculares forem antedatados, ou pós-datados. É precisamente a previsão anotada 
no arƟgo 167, § 1o, III, que nos interessa: os chamados cheques pré-datados (a bem da precisão técnica, cheques pós -datados), quando assinalam uma data de emissão futura 
caracterizam, nos termos do disposiƟvo, uma simulação. 
  
 
[1]     BEVILÁQUA, Clóvis. Teoria Geral do Direito Civil . 4a edição. Ed. Ministério da Justiça. Brasília. 1972. 
Nome do livro: Curso de Direito Civil vol.1 Parte Geral - ISBN - EAN -13: 9788530927929 
Nome do autor: NADER, Paulo 
Editora: Forense 
Ano: 2009. 
Edição: 6a 
Nome do capítulo: Invalidade do Negócio Jurı́dico 
N. de páginas do capítulo : 15 
Aplicação Prática Teórica 
Os conhecimentos apreendidos serão de fundamental importância para a reϐlexão teórica envolvendo a compreensão necessária de que o direito, para ser entendido e estudado 
enquanto fenômeno cultural e humano, precisa ser tomado enquanto sistema disciplinador de relações de poder, a partir da metodologia utilizada em sala com a aplicação dos casos 
concretos, a saber: 
  
CASO CONCRETO 1 
  
Ramon Lopez, argentino, proprietário no Brasil de dois imóveis, alienou um deles por escritura particular e o segundo por escritura pública. O primeiro teve seu registro negado, sob 
argumento de falta de observância da forma legal determinada. Já o segundo, entrou em exigência, porque não constava do instrumento do negócio jurı́dico a outorga da mulher de 
Ramon Lopez, que não compareceu no ato da escritura, pois fora presa no aeroporto de Assunção, envolvida com excesso de bagagem e pequenos  recuerdos considerados destinados 
para comercialização, pelos agentes alfandegários. A assinatura da mulher, pelo regime matrimonial, se considera indispensável para perfeita elaboração do negócio.  
1) Tendo em conta,  em ambas as hipóteses, a existência, validade e eϐicácia dos negócios jurídicos, responda: 
a)Na primeira hipótese – da escritura particular –, quais destes elementos estão presentes?  
  
b) No que se refere à segunda hipótese, da mesma forma, analise -a, tendo em mente que o registro, para ambos os casos, se impõe como complementar 
necessidade para constituição plena da propriedade. 
  
2)Como se analisam os negócios jurídicos diante dos planos da existência, validade e eϐicácia? 
  
  
CASO CONCRETO 2 
  
Antônio comparece ao seu escritório e formula a seguinte consulta: Ele outorgou procuração para a Administradora KXM LTDA., para que esta locasse um imóvel de sua propriedade. 
Constava neste documento os poderes de praxe para contratar, distratar, ϐixar valores e demais condições do contrato, receber os aluguéis e os acessórios da locação, bem como para 
dar quitação. Na carta que encaminhou o instrumento de mandato à Administradora, Antônio recomendou, por escrito, que o imóvel não fosse locado para órgãos públicos, para 
escolas e para hospitais. Estipulou, ainda, que o aluguel mı́nimo mensal deveria ser de R$ 10.000,00. Duas semanas depois, recebeu em sua casa uma cópia do contrato de locação 
recém -assinado pela Administradora, como sua procuradora, no qual ϐigurava como locatária a Secretaria de Segurança Pública do Estado. O aluguel mensal fora ϐixado em R$ 
7.500,00. 
1) Antônio pode anular o contrato de locação ? Por quê? 
  
QUESTÕES  OBJETIVAS 
  
1) “A”, consumidor, com a ϐinalidade não revelada de transportar substâncias entorpecentes que provocam dependência psı́quica e fı́sica, celebra com “B”, fornecedor, contrato de 
compra e venda de material próprio para transporte de objetos, sem anunciar ao vendedor o seu propósito, que somente vem a ser descoberto por este após a consumação do 
contrato. 
Ante essas considerações e de acordo com o Código Civil, assinale a alternativa CORRETA: 
(A)         Há nulidade do negócio em razão de motivo ilı́cito, sendo a invalidade decorrente do fato de o consumidor destinar  o bem negociado à prática de um delito.  
(B)         A compra e venda é considerada como negócio com objeto ilı́cito ante a presunção de participação do vendedor no projeto criminoso.  
(C)         Não sendo comum (razão determinante assumida por ambas as partes) o propósito de destinar o objeto adquirido  para ϐins ilı́citos ao tempo da declaração de vontade, não 
resta  afetada a validade do negócio.  
(D)         O motivo passou à categoria de causa, provocando a nulidade porque ilı́cito.  
(E)         O negócio jurı́dico está viciado por falso motivo, determinante para a prática do ilı́cito.  
  
  
2)Considerando o Código Civil e as seguintes assertivas: 
I - Incorre em    nulidade  o negócio jurı́dico quando apresente objeto indeterminável. 
II - Nuliϐica o negócio jurı́dico ofensa cometida contra lei imperativa, que tanto pode dar- se por ofensa frontal ou direta, convencionando-se o que a lei proı́be (“agere contra legem”), 
como a partir de negócio jurı́dico lı́cito e válido que, por via reϐlexa, atinge o resultado proibido (“agere in fraudem   legis”).   
III - EƵ  nulo  o  contrato  de   compra e venda se a ϐixação do preço resta com o exclusivo arbı́trio de uma das partes.  
IV - EƵ  nulo  o  negócio  jurı́dico praticado direta e pessoalmente por quem, em razão de causa transitória, não possa exprimir a sua vontade.  
V - EƵ nulo o negócio jurı́dico  por vı́cio resultante de dolo.  
Assinale a alternativa CORRETA : 
(A)         Somente as assertivas I, II, III e IV estão corretas. 
(B)         Somente as assertivas I, III e V estão corretas. 
(C)         Somente as assertivas II, III e V estão corretas. 
(D)         Somente as assertivas I, II, e IV estão corretas. 
(E)         Todas as assertivas estão corretas. 
Plano de Aula: 12 - DIREITO CIVIL I
DIREITO CIVIL I 
Estácio de Sá Página 1 / 3
Título 
12 - DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
12 
Tema 
INVALIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS 
Objetivos 
·         Deϐinir e diferenciar ineϐicácia e invalidade dos negócios jurı́dicos. 
·         Examinar o tratamento da ϐigura da nulidade relativa e absoluta no Código Civil. 
·         Identificar  os elementos fundamentais caracterizadores da inexistênciajurı́dica. 
·         Reconhecer as caracterı́sticas, espécies, causas e efeitos da nulidade nos negócios jurı́dicos. 
l Compreender as mudanças relacionadas  ao instituto da simulação no atual Código Civil. 
Estrutura do Conteúdo 
1 - INVALIDADE DOS NEGOƵCIOS JURIƵDICOS 
      1.1 A teoria da inexistência jurı́dica 
1.2 Ineϐicácia e invalidade 
1.3 Nulidade: caracterı́sticas, espécies, causas e efeitos 
1.4 Tratamento da ϐigura da nulidade pelo Código Civil de 2002 
1.5 Simulação 
  
Este conteúdo deverá ser trabalhado ao longo das duas aulas da semana, cabendo ao professor a dosagem do conteúdo, de acordo com as condições objetivas e subjetivas de cada 
turma. 
A seguir, algumas sugestões de conteúdo a ser ministrado, como mero exemplo: 
ATOS ILEGAIS , ILÍCITOS , E NULOS 
O insƟtuto do ato jurídico cumpre papel essencial no sistema jurídico, como meio de difusão de direitos e obrigações, bases nucleares do direito civil.  
Dúvida inexiste quanto à premissa de que os vocábulos ilícito (lícito) e ilegal (legal) sejam, em tese, similares, inclusive sob a compreensão jurídica. Geralmente, quando se fala que 
o ato é ilícito se quer dizer, também, ilegal. Assim, ilegalidade e ilicitude têm, abstratamente, a mesma acepção, tanto para o operador do direito quanto para o leigo.  
Concretamente, há, contudo, senƟdos que podem diferenciar o ato ilegal do ato ilícito, conforme se captura no corpo das normas jurídicas.  
É correta, em tese, a afirmação de que se idenƟficam, no sistema jurídico brasileiro, atos ilegais e atos ilícitos. Ato ilícito é um ato ilegal que causa prejuízo a outrem; mas nem todo 
ato ilegal é ilícito, porque nem todo ato ilegal causa prejuízo moral ou patrimonial a outrem. O ato ilícito, além de ferir um princípio ou preceito legal, produz um resultado que 
lesiona o patrimônio material ou moral da pessoa, İsica ou jurídica, aƟngida pelos seus efeitos.  
O ato ilícito pressupõe a discrepância, desarmonia, com um princípio ou preceito legal, mas, necessariamente, há de ter, mais do que potencial ofensivo, gerado resultado que se 
traduz em dano ou prejuízo, com o conseqüente desabastecimento do patrimônio moral ou material da víƟma. Assim é que, no ato ilícito, viola-se direito e, também, causa -se dano a 
outrem. O binômio direito violado e patrimônio lesado é requisito do ato ilícito.  
Todo ato ilícito é, pois, um ato ilegal. Se não fosse ilegal, não seria ilícito. E é ilícito porque, como se disse, viola o direito e gera dano. 
O ato ilegal, por sua vez, é um ato que agride um princípio ou preceito legal, mas nem sempre causa lesão ao patrimônio moral ou material. O ato pode ser ilegal, porque 
confeccionado sem observar um comando legal, sem, porém, gerar um prejuízo específico ou próprio a uma pessoa.  
No entanto, o ato ilegal pode, ao tempo em que viola a lei ou malfere um princípio, causar dano, situação em que se confunde no ato ilícito e comporta reparação do prejuízo 
experimentado pela pessoa lesada. O ato ilegal se sujeita ao regime de invalidação; o ato ilícito, raramente.  
No caso de ato ilegal, é possível a cumulação de pretensões de invalidação com ressarcimento ou reparação; no ato ilícito, geralmente, cabe, conforme a sua natureza, apenas 
buscar a recomposição do patrimônio danificado. O ato ilegal, de regra, é um ato nulo ou anulável.  
Recorde -se que, no desenho jurídico da invalidade do ato (ou negócio jurídico), no qual se faz a composição de suas espécies, a Ɵpificação e a distribuição em causas de nulidade e 
anulabilidade se industriam pela obra da vontade do homem que legisla. 
Na estrutura do Código Civil, coexistem dois grupos de causas cuja existência gera a invalidade do ato ou negócio jurídico, as quais são acomodadas segundo um grau de rejeição: 
a) nulidade (grau de rejeição ou intolerância total); e b) anulabilidade (grau de rejeição ou intolerância parcial). 
NULIDADE 
 “ Nulidade é a declaração legal que a determinados atos não se prendem os efeitos jurídicos, normalmente produzidos por dos semelhantes”[1]. 
Nulidade é o reconhecimento da existência de um vício que impede um ato ou negócio jurídico de ter existência legal, ou produzir efeitos. Vem a ser a sansão, imposta pela norma 
jurídica, que determina a privação dos efeitos jurídicos dos negócios praƟcados em desobediência ao que prescreve. 
NULIDADE ABSOLUTA 
São considerados nulos os negócios que por vício grave não tenham eficácia jurídica. Não permitem raƟficação. 
No Direito brasileiro são nulos os negócios jurídicos se: a manifestação de vontade for manifestada por agente absolutamente incapaz; o objeto for ilícito, impossível, indeterminado 
ou indeterminável; a forma for defesa(proibida) ou não for prescrita em lei; Ɵverem como objeƟvo fraudar a lei; a lei declará-los nulos expressamente; houver simulação ou coação 
absoluta. 
Com a declaração da nulidade absoluta o negócio não produz qualquer efeito por ofender gravemente princípios de ordem pública. De acordo com o arƟgo 166 do CC, o negócio 
jurídico é nulo: 
l Quando celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
l Quando o objeto for ilícito, impossível ou indeterminável; 
l O moƟvo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
l Não revesƟr a forma prescrita em lei; 
l For preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; 
l Tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
l A lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a práƟca, sem cominar sanção. 
  
Os efeitos da declaração da nulidade absoluta é “ex tunc”, como se o ato jamais tivesse existido. 
ATO ILÍCITO 
Consideram -se ilícitos os atos jurídicos quando infringem as normas legais insƟtuídas. Uma vez praƟcados, geram relação jurídica, independentemente da vontade do agente (art. 
186 CC). Por exemplo, a agressão, o furto, o homicídio geram a obrigação de pagar indenização (art. 927 CC) à víƟma do evento danoso e ilícito ou a seus herdeiros; o excesso de 
velocidade na direção de veículo gera a obrigação de pagar   multa ao Estado etc. 
A ação humana, da pessoa jurídica ou do ente despersonalizado capaz de geral ato jurídico ilícito é qualificável tanto subjeƟva quanto objeƟvamente. 
 No primeiro caso está a teoria da responsabilidade subjeƟva, que nasce do dolo ou da culpa do agente causador do dano. O dolo é um elemento psíquico, a intenção ou vontade 
consciente, que sustenta um ato capaz de causar dano a outrem, ou que, ao ser praƟcado, o seu autor o tenha feito de forma que assuma o risco de causar o dano a outrem. É 
exercício de ato ilícito, portanto,e, como tal, proibido pelas normas jurídicas.  
 A culpa é caracterizada pela execução de ato danoso por negligência, imprudência ou imperícia. 
NEGLIGÊNCIA – é aquele que causa o dano a outrem por omissão (o motorista não troca a pasƟlha de freio do veículo na época devida e com isso provoca um acidente ao pisar no 
freio e o mesmo não funcionar/ colocar um vaso na janela e derruba -lo em cima de alguém). 
Imperı́cia – é o profissional que não age com o cuidado que dele se espera; é o profissional que não trabalha usando o conhecimento necessário e exigido por sua profissão (o 
cirurgião que deixa um pedaço de gaze dentro do paciente que operou). 
IMPRUDÊNCIA – é o que causa o dano por ação (motorista ultrapassa um sinal vermelho e causa um acidente). 
Simulação -  Em matéria de defeitos dos negócios jurídicos, talvez a grande inovação, é o fato do vício da simulação ter sido colocado como um fato, uma causa de nulidade e não 
mais de anulabilidade. 
Tradicionalmente, no nosso Código de 1916, os vícios dos negócios jurídicos eram erro, dolo, acuação, simulação e fraude contra credores, todos esses atos ocasionando a 
anulação do ato jurídico com um prazo prescricional de 4 anos. Hoje temos um prazo decadencial de quatro anos também para a anulação desses negócios, mas com exceção da 
simulação.O ato simulatório não é mais uma causa de anulabilidade, mas de nulidade, portanto nunca prescreverá, nunca terá um prazode decadência. Trata-se de uma opção que 
o legislador fez e o Ministro Moreira Alves explana que a principal razão de se modificar o contexto da simulação é justamente aquele disposiƟvo dificultoso que ơnhamos no 
Código de 1916, pelo qual um simulador não podia alegar a simulação contra outro. Isto praƟcamente nulificava o alcance da simulação, tanto que a jurisprudência chegou até a 
passar por cima desse requisito muitas vezes. Em razão disso, sendo o ato nulo, qualquer parte interessada, direta ou indiretamente, pode fazer com que ele seja declarado assim. 
A simulação é o arƟİcio ou fingimento na práƟca ou na execução de um ato, ou contrato, com a intenção de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro, ou lhe dando aparência 
que não possui.  
A entrada em vigor do novo Código Civil trouxe, entre as alterações promovidas no Direito Privado brasileiro, a transformação da simulação de hipótese de anulabilidade (arƟgo 
102 do Código de 1916) em hipótese de nulidade pleno iuris (arƟgo 167 do Código de 2002). Em fato, o novo arƟgo 167 diz ser nulo o negócio jurídico simulado, esclarecendo o seu § 
1o que há simulação nos negócios jurídicos quando (I) aparentarem conferir ou transmiƟr direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; (II) 
conƟverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; (III) os instrumentos parƟculares forem antedatados, ou pós-datados. É precisamente a previsão anotada 
no arƟgo 167, § 1o, III, que nos interessa: os chamados cheques pré-datados (a bem da precisão técnica, cheques pós -datados), quando assinalam uma data de emissão futura 
caracterizam, nos termos do disposiƟvo, uma simulação. 
  
 
[1]     BEVILÁQUA, Clóvis. Teoria Geral do Direito Civil . 4a edição. Ed. Ministério da Justiça. Brasília. 1972. 
Nome do livro: Curso de Direito Civil vol.1 Parte Geral - ISBN - EAN -13: 9788530927929 
Nome do autor: NADER, Paulo 
Editora: Forense 
Ano: 2009. 
Edição: 6a 
Nome do capítulo: Invalidade do Negócio Jurı́dico 
N. de páginas do capítulo : 15 
Aplicação Prática Teórica 
Os conhecimentos apreendidos serão de fundamental importância para a reϐlexão teórica envolvendo a compreensão necessária de que o direito, para ser entendido e estudado 
enquanto fenômeno cultural e humano, precisa ser tomado enquanto sistema disciplinador de relações de poder, a partir da metodologia utilizada em sala com a aplicação dos casos 
concretos, a saber: 
  
CASO CONCRETO 1 
  
Ramon Lopez, argentino, proprietário no Brasil de dois imóveis, alienou um deles por escritura particular e o segundo por escritura pública. O primeiro teve seu registro negado, sob 
argumento de falta de observância da forma legal determinada. Já o segundo, entrou em exigência, porque não constava do instrumento do negócio jurı́dico a outorga da mulher de 
Ramon Lopez, que não compareceu no ato da escritura, pois fora presa no aeroporto de Assunção, envolvida com excesso de bagagem e pequenos  recuerdos considerados destinados 
para comercialização, pelos agentes alfandegários. A assinatura da mulher, pelo regime matrimonial, se considera indispensável para perfeita elaboração do negócio.  
1) Tendo em conta,  em ambas as hipóteses, a existência, validade e eϐicácia dos negócios jurídicos, responda: 
a)Na primeira hipótese – da escritura particular –, quais destes elementos estão presentes?  
  
b) No que se refere à segunda hipótese, da mesma forma, analise -a, tendo em mente que o registro, para ambos os casos, se impõe como complementar 
necessidade para constituição plena da propriedade. 
  
2)Como se analisam os negócios jurídicos diante dos planos da existência, validade e eϐicácia? 
  
  
CASO CONCRETO 2 
  
Antônio comparece ao seu escritório e formula a seguinte consulta: Ele outorgou procuração para a Administradora KXM LTDA., para que esta locasse um imóvel de sua propriedade. 
Constava neste documento os poderes de praxe para contratar, distratar, ϐixar valores e demais condições do contrato, receber os aluguéis e os acessórios da locação, bem como para 
dar quitação. Na carta que encaminhou o instrumento de mandato à Administradora, Antônio recomendou, por escrito, que o imóvel não fosse locado para órgãos públicos, para 
escolas e para hospitais. Estipulou, ainda, que o aluguel mı́nimo mensal deveria ser de R$ 10.000,00. Duas semanas depois, recebeu em sua casa uma cópia do contrato de locação 
recém -assinado pela Administradora, como sua procuradora, no qual ϐigurava como locatária a Secretaria de Segurança Pública do Estado. O aluguel mensal fora ϐixado em R$ 
7.500,00. 
1) Antônio pode anular o contrato de locação ? Por quê? 
  
QUESTÕES  OBJETIVAS 
  
1) “A”, consumidor, com a ϐinalidade não revelada de transportar substâncias entorpecentes que provocam dependência psı́quica e fı́sica, celebra com “B”, fornecedor, contrato de 
compra e venda de material próprio para transporte de objetos, sem anunciar ao vendedor o seu propósito, que somente vem a ser descoberto por este após a consumação do 
contrato. 
Ante essas considerações e de acordo com o Código Civil, assinale a alternativa CORRETA: 
(A)         Há nulidade do negócio em razão de motivo ilı́cito, sendo a invalidade decorrente do fato de o consumidor destinar  o bem negociado à prática de um delito.  
(B)         A compra e venda é considerada como negócio com objeto ilı́cito ante a presunção de participação do vendedor no projeto criminoso.  
(C)         Não sendo comum (razão determinante assumida por ambas as partes) o propósito de destinar o objeto adquirido  para ϐins ilı́citos ao tempo da declaração de vontade, não 
resta  afetada a validade do negócio.  
(D)         O motivo passou à categoria de causa, provocando a nulidade porque ilı́cito.  
(E)         O negócio jurı́dico está viciado por falso motivo, determinante para a prática do ilı́cito.  
  
  
2)Considerando o Código Civil e as seguintes assertivas: 
I - Incorre em    nulidade  o negócio jurı́dico quando apresente objeto indeterminável. 
II - Nuliϐica o negócio jurı́dico ofensa cometida contra lei imperativa, que tanto pode dar- se por ofensa frontal ou direta, convencionando-se o que a lei proı́be (“agere contra legem”), 
como a partir de negócio jurı́dico lı́cito e válido que, por via reϐlexa, atinge o resultado proibido (“agere in fraudem   legis”).   
III - EƵ  nulo  o  contrato  de   compra e venda se a ϐixação do preço resta com o exclusivo arbı́trio de uma das partes.  
IV - EƵ  nulo  o  negócio  jurı́dico praticado direta e pessoalmente por quem, em razão de causa transitória, não possa exprimir a sua vontade.  
V - EƵ nulo o negócio jurı́dico  por vı́cio resultante de dolo.  
Assinale a alternativa CORRETA : 
(A)         Somente as assertivas I, II, III e IV estão corretas. 
(B)         Somente as assertivas I, III e V estão corretas. 
(C)         Somente as assertivas II, III e V estão corretas. 
(D)         Somente as assertivas I, II, e IV estão corretas. 
(E)         Todas as assertivas estão corretas. 
Plano de Aula: 12 - DIREITO CIVIL I
DIREITO CIVIL I 
Estácio de Sá Página 2 / 3
Título 
12 - DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
12 
Tema 
INVALIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS 
Objetivos 
·         Deϐinir e diferenciar ineϐicácia e invalidade dos negócios jurı́dicos. 
·         Examinar o tratamento da ϐigura da nulidade relativa e absoluta no Código Civil. 
·         Identificar  os elementos fundamentais caracterizadores da inexistência jurı́dica. 
·         Reconhecer as caracterı́sticas, espécies, causas e efeitos da nulidade nos negócios jurı́dicos. 
l Compreender as mudanças relacionadas  ao instituto da simulação no atual Código Civil. 
Estrutura do Conteúdo 
1 - INVALIDADE DOS NEGOƵCIOS JURIƵDICOS 
      1.1 A teoria da inexistência jurı́dica 
1.2 Ineϐicácia e invalidade 
1.3 Nulidade: caracterı́sticas, espécies, causase efeitos 
1.4 Tratamento da ϐigura da nulidade pelo Código Civil de 2002 
1.5 Simulação 
  
Este conteúdo deverá ser trabalhado ao longo das duas aulas da semana, cabendo ao professor a dosagem do conteúdo, de acordo com as condições objetivas e subjetivas de cada 
turma. 
A seguir, algumas sugestões de conteúdo a ser ministrado, como mero exemplo: 
ATOS ILEGAIS , ILÍCITOS , E NULOS 
O insƟtuto do ato jurídico cumpre papel essencial no sistema jurídico, como meio de difusão de direitos e obrigações, bases nucleares do direito civil.  
Dúvida inexiste quanto à premissa de que os vocábulos ilícito (lícito) e ilegal (legal) sejam, em tese, similares, inclusive sob a compreensão jurídica. Geralmente, quando se fala que 
o ato é ilícito se quer dizer, também, ilegal. Assim, ilegalidade e ilicitude têm, abstratamente, a mesma acepção, tanto para o operador do direito quanto para o leigo.  
Concretamente, há, contudo, senƟdos que podem diferenciar o ato ilegal do ato ilícito, conforme se captura no corpo das normas jurídicas.  
É correta, em tese, a afirmação de que se idenƟficam, no sistema jurídico brasileiro, atos ilegais e atos ilícitos. Ato ilícito é um ato ilegal que causa prejuízo a outrem; mas nem todo 
ato ilegal é ilícito, porque nem todo ato ilegal causa prejuízo moral ou patrimonial a outrem. O ato ilícito, além de ferir um princípio ou preceito legal, produz um resultado que 
lesiona o patrimônio material ou moral da pessoa, İsica ou jurídica, aƟngida pelos seus efeitos.  
O ato ilícito pressupõe a discrepância, desarmonia, com um princípio ou preceito legal, mas, necessariamente, há de ter, mais do que potencial ofensivo, gerado resultado que se 
traduz em dano ou prejuízo, com o conseqüente desabastecimento do patrimônio moral ou material da víƟma. Assim é que, no ato ilícito, viola-se direito e, também, causa -se dano a 
outrem. O binômio direito violado e patrimônio lesado é requisito do ato ilícito.  
Todo ato ilícito é, pois, um ato ilegal. Se não fosse ilegal, não seria ilícito. E é ilícito porque, como se disse, viola o direito e gera dano. 
O ato ilegal, por sua vez, é um ato que agride um princípio ou preceito legal, mas nem sempre causa lesão ao patrimônio moral ou material. O ato pode ser ilegal, porque 
confeccionado sem observar um comando legal, sem, porém, gerar um prejuízo específico ou próprio a uma pessoa.  
No entanto, o ato ilegal pode, ao tempo em que viola a lei ou malfere um princípio, causar dano, situação em que se confunde no ato ilícito e comporta reparação do prejuízo 
experimentado pela pessoa lesada. O ato ilegal se sujeita ao regime de invalidação; o ato ilícito, raramente.  
No caso de ato ilegal, é possível a cumulação de pretensões de invalidação com ressarcimento ou reparação; no ato ilícito, geralmente, cabe, conforme a sua natureza, apenas 
buscar a recomposição do patrimônio danificado. O ato ilegal, de regra, é um ato nulo ou anulável.  
Recorde -se que, no desenho jurídico da invalidade do ato (ou negócio jurídico), no qual se faz a composição de suas espécies, a Ɵpificação e a distribuição em causas de nulidade e 
anulabilidade se industriam pela obra da vontade do homem que legisla. 
Na estrutura do Código Civil, coexistem dois grupos de causas cuja existência gera a invalidade do ato ou negócio jurídico, as quais são acomodadas segundo um grau de rejeição: 
a) nulidade (grau de rejeição ou intolerância total); e b) anulabilidade (grau de rejeição ou intolerância parcial). 
NULIDADE 
 “ Nulidade é a declaração legal que a determinados atos não se prendem os efeitos jurídicos, normalmente produzidos por dos semelhantes”[1]. 
Nulidade é o reconhecimento da existência de um vício que impede um ato ou negócio jurídico de ter existência legal, ou produzir efeitos. Vem a ser a sansão, imposta pela norma 
jurídica, que determina a privação dos efeitos jurídicos dos negócios praƟcados em desobediência ao que prescreve. 
NULIDADE ABSOLUTA 
São considerados nulos os negócios que por vício grave não tenham eficácia jurídica. Não permitem raƟficação. 
No Direito brasileiro são nulos os negócios jurídicos se: a manifestação de vontade for manifestada por agente absolutamente incapaz; o objeto for ilícito, impossível, indeterminado 
ou indeterminável; a forma for defesa(proibida) ou não for prescrita em lei; Ɵverem como objeƟvo fraudar a lei; a lei declará-los nulos expressamente; houver simulação ou coação 
absoluta. 
Com a declaração da nulidade absoluta o negócio não produz qualquer efeito por ofender gravemente princípios de ordem pública. De acordo com o arƟgo 166 do CC, o negócio 
jurídico é nulo: 
l Quando celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
l Quando o objeto for ilícito, impossível ou indeterminável; 
l O moƟvo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
l Não revesƟr a forma prescrita em lei; 
l For preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; 
l Tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
l A lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a práƟca, sem cominar sanção. 
  
Os efeitos da declaração da nulidade absoluta é “ex tunc”, como se o ato jamais tivesse existido. 
ATO ILÍCITO 
Consideram -se ilícitos os atos jurídicos quando infringem as normas legais insƟtuídas. Uma vez praƟcados, geram relação jurídica, independentemente da vontade do agente (art. 
186 CC). Por exemplo, a agressão, o furto, o homicídio geram a obrigação de pagar indenização (art. 927 CC) à víƟma do evento danoso e ilícito ou a seus herdeiros; o excesso de 
velocidade na direção de veículo gera a obrigação de pagar   multa ao Estado etc. 
A ação humana, da pessoa jurídica ou do ente despersonalizado capaz de geral ato jurídico ilícito é qualificável tanto subjeƟva quanto objeƟvamente. 
 No primeiro caso está a teoria da responsabilidade subjeƟva, que nasce do dolo ou da culpa do agente causador do dano. O dolo é um elemento psíquico, a intenção ou vontade 
consciente, que sustenta um ato capaz de causar dano a outrem, ou que, ao ser praƟcado, o seu autor o tenha feito de forma que assuma o risco de causar o dano a outrem. É 
exercício de ato ilícito, portanto,e, como tal, proibido pelas normas jurídicas.  
 A culpa é caracterizada pela execução de ato danoso por negligência, imprudência ou imperícia. 
NEGLIGÊNCIA – é aquele que causa o dano a outrem por omissão (o motorista não troca a pasƟlha de freio do veículo na época devida e com isso provoca um acidente ao pisar no 
freio e o mesmo não funcionar/ colocar um vaso na janela e derruba -lo em cima de alguém). 
Imperı́cia – é o profissional que não age com o cuidado que dele se espera; é o profissional que não trabalha usando o conhecimento necessário e exigido por sua profissão (o 
cirurgião que deixa um pedaço de gaze dentro do paciente que operou). 
IMPRUDÊNCIA – é o que causa o dano por ação (motorista ultrapassa um sinal vermelho e causa um acidente). 
Simulação -  Em matéria de defeitos dos negócios jurídicos, talvez a grande inovação, é o fato do vício da simulação ter sido colocado como um fato, uma causa de nulidade e não 
mais de anulabilidade. 
Tradicionalmente, no nosso Código de 1916, os vícios dos negócios jurídicos eram erro, dolo, acuação, simulação e fraude contra credores, todos esses atos ocasionando a 
anulação do ato jurídico com um prazo prescricional de 4 anos. Hoje temos um prazo decadencial de quatro anos também para a anulação desses negócios, mas com exceção da 
simulação.O ato simulatório não é mais uma causa de anulabilidade, mas de nulidade, portanto nunca prescreverá, nunca terá um prazo de decadência. Trata-se de uma opção que 
o legislador fez e o Ministro Moreira Alves explana que a principal razão de se modificar o contexto da simulação é justamente aquele disposiƟvo dificultoso que ơnhamos no 
Código de 1916, pelo qual um simulador não podia alegar a simulação contra outro. Isto praƟcamente nulificava o alcance da simulação, tanto que a jurisprudência chegou até a 
passar por cima desserequisito muitas vezes. Em razão disso, sendo o ato nulo, qualquer parte interessada, direta ou indiretamente, pode fazer com que ele seja declarado assim. 
A simulação é o arƟİcio ou fingimento na práƟca ou na execução de um ato, ou contrato, com a intenção de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro, ou lhe dando aparência 
que não possui.  
A entrada em vigor do novo Código Civil trouxe, entre as alterações promovidas no Direito Privado brasileiro, a transformação da simulação de hipótese de anulabilidade (arƟgo 
102 do Código de 1916) em hipótese de nulidade pleno iuris (arƟgo 167 do Código de 2002). Em fato, o novo arƟgo 167 diz ser nulo o negócio jurídico simulado, esclarecendo o seu § 
1o que há simulação nos negócios jurídicos quando (I) aparentarem conferir ou transmiƟr direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; (II) 
conƟverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; (III) os instrumentos parƟculares forem antedatados, ou pós-datados. É precisamente a previsão anotada 
no arƟgo 167, § 1o, III, que nos interessa: os chamados cheques pré-datados (a bem da precisão técnica, cheques pós -datados), quando assinalam uma data de emissão futura 
caracterizam, nos termos do disposiƟvo, uma simulação. 
  
 
[1]     BEVILÁQUA, Clóvis. Teoria Geral do Direito Civil . 4a edição. Ed. Ministério da Justiça. Brasília. 1972. 
Nome do livro: Curso de Direito Civil vol.1 Parte Geral - ISBN - EAN -13: 9788530927929 
Nome do autor: NADER, Paulo 
Editora: Forense 
Ano: 2009. 
Edição: 6a 
Nome do capítulo: Invalidade do Negócio Jurı́dico 
N. de páginas do capítulo : 15 
Aplicação Prática Teórica 
Os conhecimentos apreendidos serão de fundamental importância para a reϐlexão teórica envolvendo a compreensão necessária de que o direito, para ser entendido e estudado 
enquanto fenômeno cultural e humano, precisa ser tomado enquanto sistema disciplinador de relações de poder, a partir da metodologia utilizada em sala com a aplicação dos casos 
concretos, a saber: 
  
CASO CONCRETO 1 
  
Ramon Lopez, argentino, proprietário no Brasil de dois imóveis, alienou um deles por escritura particular e o segundo por escritura pública. O primeiro teve seu registro negado, sob 
argumento de falta de observância da forma legal determinada. Já o segundo, entrou em exigência, porque não constava do instrumento do negócio jurı́dico a outorga da mulher de 
Ramon Lopez, que não compareceu no ato da escritura, pois fora presa no aeroporto de Assunção, envolvida com excesso de bagagem e pequenos  recuerdos considerados destinados 
para comercialização, pelos agentes alfandegários. A assinatura da mulher, pelo regime matrimonial, se considera indispensável para perfeita elaboração do negócio.  
1) Tendo em conta,  em ambas as hipóteses, a existência, validade e eϐicácia dos negócios jurídicos, responda: 
a)Na primeira hipótese – da escritura particular –, quais destes elementos estão presentes?  
  
b) No que se refere à segunda hipótese, da mesma forma, analise -a, tendo em mente que o registro, para ambos os casos, se impõe como complementar 
necessidade para constituição plena da propriedade. 
  
2)Como se analisam os negócios jurídicos diante dos planos da existência, validade e eϐicácia? 
  
  
CASO CONCRETO 2 
  
Antônio comparece ao seu escritório e formula a seguinte consulta: Ele outorgou procuração para a Administradora KXM LTDA., para que esta locasse um imóvel de sua propriedade. 
Constava neste documento os poderes de praxe para contratar, distratar, ϐixar valores e demais condições do contrato, receber os aluguéis e os acessórios da locação, bem como para 
dar quitação. Na carta que encaminhou o instrumento de mandato à Administradora, Antônio recomendou, por escrito, que o imóvel não fosse locado para órgãos públicos, para 
escolas e para hospitais. Estipulou, ainda, que o aluguel mı́nimo mensal deveria ser de R$ 10.000,00. Duas semanas depois, recebeu em sua casa uma cópia do contrato de locação 
recém -assinado pela Administradora, como sua procuradora, no qual ϐigurava como locatária a Secretaria de Segurança Pública do Estado. O aluguel mensal fora ϐixado em R$ 
7.500,00. 
1) Antônio pode anular o contrato de locação ? Por quê? 
  
QUESTÕES  OBJETIVAS 
  
1) “A”, consumidor, com a ϐinalidade não revelada de transportar substâncias entorpecentes que provocam dependência psı́quica e fı́sica, celebra com “B”, fornecedor, contrato de 
compra e venda de material próprio para transporte de objetos, sem anunciar ao vendedor o seu propósito, que somente vem a ser descoberto por este após a consumação do 
contrato. 
Ante essas considerações e de acordo com o Código Civil, assinale a alternativa CORRETA: 
(A)         Há nulidade do negócio em razão de motivo ilı́cito, sendo a invalidade decorrente do fato de o consumidor destinar  o bem negociado à prática de um delito.  
(B)         A compra e venda é considerada como negócio com objeto ilı́cito ante a presunção de participação do vendedor no projeto criminoso.  
(C)         Não sendo comum (razão determinante assumida por ambas as partes) o propósito de destinar o objeto adquirido  para ϐins ilı́citos ao tempo da declaração de vontade, não 
resta  afetada a validade do negócio.  
(D)         O motivo passou à categoria de causa, provocando a nulidade porque ilı́cito.  
(E)         O negócio jurı́dico está viciado por falso motivo, determinante para a prática do ilı́cito.  
  
  
2)Considerando o Código Civil e as seguintes assertivas: 
I - Incorre em    nulidade  o negócio jurı́dico quando apresente objeto indeterminável. 
II - Nuliϐica o negócio jurı́dico ofensa cometida contra lei imperativa, que tanto pode dar- se por ofensa frontal ou direta, convencionando-se o que a lei proı́be (“agere contra legem”), 
como a partir de negócio jurı́dico lı́cito e válido que, por via reϐlexa, atinge o resultado proibido (“agere in fraudem   legis”).   
III - EƵ  nulo  o  contrato  de   compra e venda se a ϐixação do preço resta com o exclusivo arbı́trio de uma das partes.  
IV - EƵ  nulo  o  negócio  jurı́dico praticado direta e pessoalmente por quem, em razão de causa transitória, não possa exprimir a sua vontade.  
V - EƵ nulo o negócio jurı́dico  por vı́cio resultante de dolo.  
Assinale a alternativa CORRETA : 
(A)         Somente as assertivas I, II, III e IV estão corretas. 
(B)         Somente as assertivas I, III e V estão corretas. 
(C)         Somente as assertivas II, III e V estão corretas. 
(D)         Somente as assertivas I, II, e IV estão corretas. 
(E)         Todas as assertivas estão corretas. 
Plano de Aula: 12 - DIREITO CIVIL I
DIREITO CIVIL I 
Estácio de Sá Página 3 / 3

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