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FGSIA-II-Antraquinonas-Teórica

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Drogas ricas em derivados antraquinônicos
Existem vários medicamentos fitoterápicos utilizados na terapêutica ricos em antraquinonas, de uma 
maneira geral, a indicação farmacológica é idêntica para todas as apresentações existentes. 
Diferentes de outros grupos de substâncias naturais (flavonóides, alcaloides, por exemplo), a 
indicação dos derivados antraquiônicos é a constipação. Todas drogas ricas em monômeros de 
derivados antraquinônicos (Rheum palmatum - ruibarbo, Rhamnus purshiana cáscara-sagrada, 
Senna alexandrina – sene, Aloe vera – babosa) sejam na forma C-glicosilada, O-glicosilada ou 
mista (C- e O-glicosiladas) serão utilizadas para este fim, diferenciando-se na posologia e dose, em 
função da potência farmacológica que os derivados de antraquinona presentes na droga vegetal 
apresentam. A única diferenciação que se deve ser consideradas é com as naftodiantronas 
encontradas somente no hipérico, Hypericum perforatum, que são mencionadas como anti-
depressivas, juntamente com outros derivados sesquiterpênicos e flavonóides presentes nesta 
espécis. O que é correto afirmar é a ausência do efeito laxante destes derivados antraquinônicos do 
hipérico.
Na constipação existem vários medicamentos fitoterápicos atuam e são de uso clínico, essa 
patologia caracteriza-se e pela diminuição da frequência e eliminação fecal e/ou dificuldade de 
defecar. Uma cifra considerável dos americanos (62%) consideram o bom funcionamento intestinal 
como requisito para se ter uma boa saúde. 
Deve ser considerado a ingestão de fibras alimentares durante as refeições como escolha e a 
maneira mais natural de se evitar a constipação, tornando os medicamentos laxantes de importância 
secundária. Além de medicamentos laxantes (derivados antraquinônicos), encontramos ainda os 
derivados do óleo de rícino (efeito irritante sobre a mucosa intestinal) e os produtos que aumentam 
o volume fecal através da fibras não digeríveis e acumulo de agua (sementes de Plantago).
Laxantes: Rhamnus purshiana, cáscara-sagrada: A cáscara-sagrada, como os demais ervas ricas 
em derivados antraquinônicos atuam como estimulantes. A casca é coletada de troncos jovens e 
ocorre o escurecimento natural dessa casca, mas deve ser evitada, colocando o casca para secar ao 
sol com o suber para parte superior. Deve-se também proteger a casca, durante o processo de 
secagem, da umidade e chuva. O tempo mínimo de armazenamento é de 1 ano e a droga apresenta, 
de fato, melhor qualidade terapêutica após 4 anos de armazenamento. Esta espera de 1 ano é 
fundamental para que ocorra a oxidação natural A casca seca da planta é utilizada e possui uma 
mistura complexa de derivados hidroxiantracênicos (6 a 9%), sendo os componentes principais os 
cascarosídeos A, B, C e D (70-90%), que são O-heterosídeos e C-heterosídeos. 
Fonte: Wagner & Bladt, Plant Drug Analysis, Ed. Springer, 2005.
Ação Farmacológica: Os derivados 1,8-hidroxi-antracênicos possuem efeito laxante moderada, 
segundo a dose administrada e o tipo de derivados encontrados na droga vegetal, sendo os 
responsáveis por este efeito os derivados O-heterosídeo e C-heterosídeos de antraquinonas e 
diantronas e os C-heterosídeos de antronas. Os heterosídeos de antronas monoméricas possuem uma 
ação tão potente, que as drogas que a contêm necessitam de um armazenamento prolongado para 
ocorrer a oxidação a compostos antraquinônicos. As antraquinonas livres são praticamente inativas. 
A forma heterosídica é a responsável pela atividade, pois nessa forma são transportada até o cólon e 
sofrem hidrolises pela β-glicosidases e as geninas liberadas sofrem redução e estas que são 
responsáveis pela atividade. Alguns autores consideram os heterosídeos como pró-droga, já que a 
forma ativa são as antronas formadas in situ. 
Este produto são clinicamente classificados como laxantes estimulantes (denominados de laxantes 
irritantes). Provocam a inibição na reabsorção de água e eletrólitos por inibição da bomba de 
Na/K/ATPase, aumentando o conteúdo liquido intestinal, o que provoca o peristaltismo. Soma-se a 
este efeito o própria ação irritante da mucosa intestinal provocada pelos derivados antraquinonas 
causando peristaltismo. Seu efeito manifesta-se entre 6-10 horas após a primeira dose e podendo 
ocorrer fezes liquidas. 
São indicadas para pacientes com constipação simples e nunca deve ser usada mais que uma 
semana seguida. A sensibilidade do individuo a produtos com derivados antraquinonas é muito 
variável, podendo ocorrer efeitos colaterais dependendo de que droga vegetal usada e dosagem: 
cólicas podem ocorrer com o uso de drogas vegetais ricas em antraquinonas reduzidas (uso de Aloe 
vera, por exemplo), o uso por uma semana pode provocar mudança na coloração da urina. A longo 
prazo a ocorrência de cãibras (devido a depleção de K), o uso cronico pode ocorrer melanose no 
cólon e aumento do risco de carcinoma colon-retal. O hábito do uso de laxantes leva a “síndrome do 
intestino preguiçoso”. 
Drogas ricas em derivados antraquinônicos, de uma maneira geral, podem interferir em absorção de 
medicamentos, pois aumentam o transito intestinal. A presença de derivados antraquinônicos no 
leite materno já foi detectadas, mas a concentração observada é insuficiente para provocar qualquer 
efeito sobre o lactante. 
Cassia angustifolia ou Senna alexandrina, conhecida como sene é uma outra droga vegetal rica 
em derivados antracênicos, utiliza-se os folíolos e frutos, mas frequentemente, observa-se o uso dos 
folíolos, apesar de ambos farmacógenos terem constituição química similar, diferenciando na 
quantidade. 
O P. A. das drogas são derivados antracênicos, destacando-se , os senosídeos, heterosídeos de 
geninas (senosídeos A e B, di- O-glicosídeos em C-8 e C-8´, encontram-se também os senosídeos 
C e D, são diglicosídeos em C-8 e C-8` de uma hetero-diantrona da reina e alo-emodol. As 
antraquinonas livres e antrona monoméricas são em baixa quantidade. 
 Na planta fresca, possuem os O-glicosídeos em C-8 das antronas correspondentes a reína e aloe-
emodol, não estando presentes derivados diantronas, estes se originando a partir do processo 
enzimático durante a secagem da droga em temperatura controlada (<40o C).
Fonte: Wagner & Bladt, Plant Drug Analysis, Ed. Springer, 2005.
Hypericum perforatum: Diferentemente das outras drogas ricas em derivados antraquinônicos, o 
hipérico, possui tais derivados, mas que são desprovidos do efeito laxante. A sumidade florida é o 
farmacógeno, a droga contem oleo essencial (0,1 a 0,35% ) tendo o α-pineno o principal 
constintuinte. Possui diversos derivados fenólicos (ácidos p-cumárico, ferúlico, cafeico e 
clorogênico), flavonoides e derivados prenilados do floroglucinol (hiperforina, 1, entre outros) e 
derivado naftodiantronas, hipericina e pseudo-hipericina. 
1
Fonte: http://www.bio.puc.cl/bionoticias/bn_noticias_2007_024.htm 
 Fonte: Wagner & Bladt, Plant Drug Analysis, Ed. Springer, 2005.
Atividade farmacológica: Preparações a base de erva-de-são-joão tornaram-se bastante populares 
nos últimos anos e são indicadas para depressão de leve a moderada, nos EUA a comercialização 
entre 1995 e 1997 aumentou 20 vezes a quantidade. Na Alemanha, a prescrição dessa planta é cerca 
de 20% maior do que a fluoxetina. 
Ainda se desconhece os componentes ativos antidepressivos da droga vegetal, suas preparações são 
padronizadas pelo conteúdo de hipericina, mas vários grupos químicos de produtos naturais podem 
estar envolvido na atividade, sendo a naftodiantronas (hipericina e derivados), flavonoides (rutina, 
hiperosídeo, isoquercitrina, quercitrina e quercetina), floroglucinóis (hiperforina e ad-hiperforina). 
Algumas publicações têm mencionadas o efeitoantidepressivos em função dos derivados da 
hipericina e hiperforina. 
A maioria dos estudos sobre depressão utiliza-se extratos padronizados obtidos em metanol a 80%, 
com o conteúdo de hipericina do 0,3%, em doses de 300 mg, três vezes ao dia. Se utilizada a 
infusão, a mesma deve ser preparada um pouco antes do uso com 2 a 4 gramas de erva com 150 mL 
de agua fervendo e deixar em repouso por 10 min.
O nivel plasmático da droga após o uso oral está abaixo demonstrado
Fonte: Bhattaram et al., Phytomedicine, suppl. 9, 1-33, 2002.
Extratos de hipericina, frações purificadas e constituintes já isolados e testados demonstraram 
afinidade para uma ampla variedades de neurotransmissores e receptores: adenosina, GABAa, 
GABAb, 5-HT1 e o sitio dos benzodiazepínicos, e influenciam na recaptação de neurotransmissor, 
nas concentrações mili a micromolar. Os efeitos observados são muitos semelhantes a outros 
antidepressivos.
Estudos clínicos e comparações feitas demonstraram que extratos padronizados de hipérico foram 
mais efetivos que antidepressivos de uso clinico (imipramina e amitriptilina) nas depressões leves a 
moderadas.
A hipericina, considerada um dos P. A.´s presentes no hipérico é um fotossensibilizantes, entretanto, 
este efeito parece não ser relevante nas doses utilizadas clinicamente.
Uma preocupação que tem impedido o uso de drogas ricas em hipérico é sua interação com outros 
medicamentos, descartando o seu uso em pacientes usuários de outros fármacos. Dessa forma, faz-
se necessário o conhecimento do paciente candidato ao uso de hipérico seu histórico e uso de 
medicamentos. 
A administração de extratos de hipérico em 8 voluntários sadios durante 14 dias, resultou na 
redução da concentração plasmática da digoxina (18% de redução), após uma única dose de 
digoxina. 
Erva-de-são-joão tem seletiva indução sobre a atividade de CYP3A. O extrato de hipérico induz a 
rejeição de órgãos transplantados, pois provoca a redução dos níveis plasmático de ciclosporina 
para concentrações abaixo do nível terapêutico. Como pode ser visto abaixo. 
Fonte: Bhattaram et al., Phytomedicine, suppl. 9, 1-33, 2002.
O decréscimo da ciclosporina foi proposto ser devido a indução que o hipérico causa sobre a 
glicoproteína P presente no intestino. 
O hipérico também reduz a concentração do indinavir, inibidor do HIV-1 protease, esta 
redução ocorre em cerca de 57%. Este efeito foi relacionado a indução do sistema CYP3A4 e 
também sobre a indução da glicoproteína-P. Este resultado tem efeitos clínicos importante na 
terapêutica de pacientes infectados pelo vírus HIV, a baixa concentração plasmática do inibidor de 
protease induz a resistência ao antiretroviral e falha no tratamento. 
Inumeráveis interações estão descritas e sugere-se a leitura dos seguintes artigos: Bhattaram V. A et 
al., Pharmacokinetics and Bioavailability of Herbal Medicinal Products, Phytomedicine,suppl. III, 
9, 1-33, 2002. Fugh-Berman, A., Herb-drug interactions, The Lancet, 355, 134-38, 2000. 
referências para consulta: 
Bhattaram V. A et al., Pharmacokinetics and Bioavailability of Herbal Medicinal Products, 
Phytomedicine,suppl. III, 9, 1-33, 2002. 
Fugh-Berman, A., Herb-drug interactions, The Lancet, 355, 134-38, 2000.
Schulz, V, Hansel, R, Tyler, Fitoterapia Racional, 4a. Ed – 1a. Ed. Brasileira, Ed. Manole, Barueri, 
SP. 2002. 
Diaz, L. B, Farmacognosia, Ed. Elsevier – edição em espanhol, Madrid, Espanha, 2003. 
Simões, C. M. O. Et al, Farmacognosia – da planta ao medicamento, 5a ed., Ed. UFRGS&UFSC, 
2005.
Robbers, J. E. & Tyler, V. E., Las hierbas medicinales de TYLER – uso terapéutico de las 
fitomedicinas, Ed. Acribia, Madrid, 1996.
Wagner, H & Bladt, S. Plant Drug Analysis, Ed. Springer, 2005.

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