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Pensamento Pedagógico Medieval 2012

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PENSAMENTO PEDAGÓGICO MEDIEVAL
Santo Agostinho e Santa Teresa. Antigo Mosteiro de Santa Úrsula. (Espanha).
 
A religião cristã nasceu da influência do judaísmo e se desenvolveu no contexto helênico, originando a tradição cultural ocidental de que somos herdeiros até os dias de hoje. O pensamento pedagógico e a escrita do tipo medieval começaram bem antes da marca do início da Idade Média, com Fílon de Alexandria (25 a.C - 50 d.C). Filon foi um judeu helenizado que se tornou famoso por ter escrito a Síntese do Timeu (diálogo que Platão explica a criação do mundo com a narrativa encontrada no Gênesis). No séc. I a.C Alexandria já era considerada uma cidade cosmopolita, um centro cultural de excelência, onde o sincretismo religioso proporcionado pelo convívio entre egípcios, romanos, gregos e judeus permitia o progresso em diversas áreas do conhecimento. Cabe lembrar que a Septuaginta (primeira tradução do hebraico para o grego do Pentateuco) foi escrita durante o séc. III a.C, permitindo a democratização da leitura bíblica. 
O primeiro marco do cristianismo se deu com a pregação de São Paulo (judeu helenizado e funcionário do Império Romano) que se converteu ao cristianismo, passando a pregar a nova religião em suas viagens. Porém, a difusão do cristianismo aconteceu ao longo de alguns séculos, até sua consolidação como religião oficial do Império Romano proclamada pelo Imperador Constantino, em 391 d.C. Com o decorrer do tempo, o cristianismo se apropriou de parte da filosofia que era compatível às ideias de religião revelada por Deus, principalmente nos três aspectos a seguir: 
1o) Metafísica Platônica - que trata do dualismo (separação) entre o conhecimento produzido no mundo sensível (captado pelos cinco sentidos e que podem enganar o sujeito que conhece) e o conhecimento produzido no mundo inteligível (captado pelo pensamento lógico e racional – pelo intelecto) que busca chegar à verdade última (essência) das coisas; 
2o) Lógica Aristotélica - com seus recursos demonstrativos, lógicos e dialéticos e; 
3o) Ética dos Estóicos - que através dos princípios de autarquia (bastar-se a si mesmo); ataraxia - tranquilidade (obtida através da ausência dos prazeres que perturbam a alma) e da ética do consolo e da resignação buscavam levar o homem a felicidade. 
O Período Medieval situa-se por volta dos séculos V d.C ao XV d.C e a Filosofia Medieval foi marcada, nesses dez séculos, pela síntese (união) entre a teologia (fé) e a filosofia grega (razão), tendo como objetivo principal provar a existência de Deus e os dogmas da Igreja. 
Entre (354 d.C - 430 d.C) viveu Santo Agostinho, filósofo e teólogo nascido na Argélia (África). Santo Agostinho foi considerado o último dos pensadores antigos e o primeiro dos medievais. Foi ordenado sacerdote e mais tarde bispo, influenciando decisivamente a consolidação do cristianismo. Agostinho foi responsável pela aproximação da filosofia platônica ao pensamento cristão - Platonismo Cristão. Para Agostinho a verdadeira ciência era a teologia e entre suas obras, se destaca: O Livro da Revolta, cujo título é “O Mestre”, no qual recomendou aos educadores agirem com jovialidade, alegria, paz no coração e, às vezes, alguma brincadeira. Agostinho teve a possibilidade de ler as obras de Platão por estarem traduzidas e, como Platão, também considerou a vida cotidiana (onde os conhecimentos são produzidos e captados pelos cinco sentidos) pobre em conhecimentos para que as pessoas chegassem às verdades existentes. Para ele, somente o mundo inteligível (regido pela razão, pelo intelecto) poderia levar as pessoas à verdade absoluta sobre a origem (essência) de todas as coisas. Em sua teoria de conhecimento, Agostinho desenvolveu os conceitos de Interioridade e Iluminação, que estão relacionados ao olhar interior na busca pela verdade. Após a morte de Agostinho, até os sécs. XI - XII, a produção filosófica e cultural no mundo europeu ocidental foi extremamente reduzida devido às frequentes invasões bárbaras e a própria decadência do Império Romano. 
A partir do séc. IX começou a surgir o Monaquismo - organização de homens que fizeram votos especiais para a vida religiosa e que concordavam com os dogmas da igreja. O estudo nos mosteiros ocupou papel preponderante nessa época. São Bento (480 - 547 d.C) fundador da Ordem dos Beneditinos em 529 d.C (Itália) determinou que os alunos cumprissem sete horas de trabalho manual ou literário e cinco horas de leitura por dia. No campo educacional do Período Monástico destacam-se: 1o) A criação de escolas; 2o) A cópia e a conservação de livros e; 3o) O estudo da Literatura. Os mosteiros eram instituições de ensino; centros de pesquisa; casas editoriais e bibliotecas. A igreja, nessa época, era a única instituição (estável) responsável pela propagação (difusão) da educação e da cultura. Um dos trabalhos mais significativos dos mosteiros foi a cópia dos manuscritos. Os mosteiros condensaram o saber em sete artes liberais - Trivium (Gramática, Dialética e Retórica) e Quadrivium (Aritmética, Geometria, Música e Astronomia) que unidos formavam o Septrivium. O escolástico era conhecido como mestre das sete artes liberais ou chefe das escolas monásticas. A Escolástica foi um movimento intelectual que preconizou seu próprio método de ensino, valorizando o saber acumulado e memorizado, bem como, a hierarquia entre mestres e alunos. O principal objetivo da Escolástica era provar a existência de Deus e os dogmas da igreja, através da síntese (união) entre a filosofia (razão) e a teologia (fé).
Em 1033, Santo Anselmo, nascido na Itália, se tornou Monge no Mosteiro Beneditino situado na França. Anselmo escreveu o Tratado Proslogion como prova da existência de Deus, além de difundir o postulado “crer para depois compreender”. Anselmo foi considerado o primeiro grande pensador da Escolástica e, seguindo a tradição agostiniana, aproximou a razão (filosofia ou metafísica) à fé (teologia). A educação escolástica tinha como objetivo principal acabar com as dúvidas e controvérsias sobre a existência de Deus e os dogmas da Igreja, através da argumentação que unia a crença cristã (teologia) à lógica aristotélica (filosofia). O Movimento Monástico compreendeu três períodos: 1o) Formação (séc. IX até XII); 2o) Apogeu ( XIII até XIV) e; 3o) Decadência (até os últimos anos do séc. XV). 
Apoteose de São Tomás de Aquino - por Francisco de Zurbarán (1631).
São Tomás de Aquino (1227- 1274), que publicou a Suma Teológica foi o representante mais conhecido da Escolástica. São Tomás de Aquino nasceu num castelo em Nápoles e era filho do Conde de Aquino. Aquino fugiu de casa para ingressar na Ordem de São Domingos (que mantinha ordens mendicantes). Formou-se em Paris se tornando professor universitário de filosofia e teologia e foi bastante influenciado por Aristóteles (pois suas obras já estavam traduzidas), se tornando o pensador medieval que realizou a mais completa sistematização (organização) do pensamento escolástico. Aquino faleceu na França, deixando imensa obra de sumo valor. Ele foi canonizado; declarado “Doutor da Igreja” e patrono de todas as escolas católicas.
O Período Medieval também foi marcado pela criação das primeiras universidades (séc. XIII). As universidades surgiram devido a diversos fatores, dentre os quais: 1o) O desenvolvimento das escolas, da ciência e dos estudos teológicos; 2o) O desenvolvimento do comércio e das cidades e; 
3o) O Movimento das Cruzadas. 
O primeiro nome dado à universidade foi studium generale, somente no séc. XIV o nome foi substituído por universitas e, em seguida, por universidade. No princípio, apenas Direito (Direito Canônico) era ensinado, mas a partir de 1224 (Nápoles - Itália) os saberespassaram a ser organizados por áreas de conhecimento: Teologia, Direito, Medicina e Filosofia. As universidades eram instituições de ensino (criadas e controladas pela igreja) de cunho um pouco mais democrático que os mosteiros, tendo em vista que só estudava nos mosteiros quem desejava seguir a vida eclesiástica. 
Por fim, é preciso ressaltar que entre os séculos VI e VII d.C, Maomé fundou o Islamismo, unindo o povo árabe a partir de uma religião comum. O texto do Alcorão compreende 114 Capítulos e é uma obra literária universal de suma importância para a produção do conhecimento do Período Medieval. A partir do séc.VII o Império Árabe se expandiu e se tornou, indiscutivelmente, superior ao mundo cristão ocidental. O mais importante filósofo, para nossa tradição ocidental, foi Averróis (1126 - 1198), que em Córdoba (Espanha) se tornou conhecido como o principal comentador das obras de Aristóteles. 
REFERÊNCIAS:
GHIRALDELLI Jr. Paulo. O que é filosofia da educação? Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia. Dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. 
 Cheila Szuchmacher 
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