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TERMODINÂMICA E BIOENERGÉTICA CONCEITOS BÁSICOS Bioenergética é o estudo quantitativo das TRANSDUÇÕES (transformações) de energia que ocorrem nas células vivas e a natureza e as funções os processos químicos relacionados a essas transduções. As transformações de energia obedecem às Leis da Termodinâmica A 1.a Lei – do princípio da conservação da energia: Para qualquer mudança química ou física, a quantidade total de energia do universo permanece constante; a energia pode mudar de forma ou pode ser transportada de uma região a outra, mas esta não pode ser criada nem destruída. A 2.a Lei – que pode ser estabelecida de várias formas, diz que o universo sempre tende em direção a um aumento de desordem: In todos os processo naturais, a ENTROPIA do universo aumenta. As mudanças de energia envolvidas numa reação química são definidas como: Energia livre de Gibbs, G, expressa a quantidade de energia capaz de realizar trabalho a temperatura e pressão constantes. Quando a reação ocorre com a liberação de energia livre (quando o sistema muda para um nível de menor energia), a variação de energia livre, G, tem um valor negativo e a reação é dita exergônica. Em reações endergônicas, o sistema ganha energia livre e G é positiva. Entalpia, H, é o teor de calor do sistema. Reflete o número e os tipos de ligações químicas dos reagentes e produtos. Quando a reação química libera calor, é dito exotérmico; o teor de calor dos produtos é menor que o dos reagentes e H tem, por convenção, um valor negativo. Sistemas de reação que ganha calor do meio em sua volta são endotérmicos e têm valor de H positivo. Entropia, S, é a expressão quantitativa da aleatoriedade ou desordem em um sistema. Quando os produtos de uma reação são menos complexos e mais desorganizados que os reagentes, a reação é dita ocorrer com um ganho de entropia. As unidades de G e H são joules/moles ou calorias/moles (onde 1 cal = 4,184 J); as unidades de entropia são joules/mol.Kelvin (J/mol.K). Sob as condições existentes em sistemas biológicos (incluindo temperatura e pressão constantes), as mudanças na energia livre, entalpia e entropia estão relacionadas entre si quantitativamente pela equação: Onde G é a variação da energia livre de Gibbs do sistema de reação, H é a mudança na entalpia do sistema, T é a temperatura absoluta e S é a mudança na entropia do sistema. Por convenção, S tem um sinal positivo quando a entropia aumenta e H tem um sinal negativo quando calor é liberado para o meio ao redor. A condição que é tipicamente favorável é aquela que tende a tornar G negativo. De fato, a G de um sistema espontâneo é sempre negativo. A segunda lei da termodinâmica estabelece que a entropia do universo aumenta durante todo processo químico e físico, mas isso não requer que o aumento da entropia aconteça no sistema de reação propriamente dito. A organização produzida dentro das células quando elas crescem e se dividem é muito maior e é compensada pela desordem que elas causam no meio ao seu redor. Resumindo, organismos vivos preservam sua organização interna tomando a energia livre do meio ao redor na forma de nutrientes ou de luz solar, retornando ao meio externo uma quantidade igual de energia como calor e entropia. Necessidade de energia livre para as células As células são sistemas isotérmicos – funcionam essencialmente a temperatura constante (também funcionam a pressão constante). O fluxo de calor não uma fonte de energia para as células, porque o calor pode realizar trabalho só ocorre em uma zona ou objeto a temperatura inferior. A energia que as células podem e devem usar é a energia livre, descrita pela função da energia livre de Gibbs G, que permite a previsão bda direção das reações químicas, sua posição de equilíbrio exata e a quantidade de trabalho que elas podem, teoricamente, realizar sob temperatura e pressão constantes. As células heterotróficas adquirem energia livre das moléculas dos nutrientes, e células fotossintéticas adquirem a partir da radiação solar absorvida. Ambos tipos de células transformam energia em ATP e em outros compostos ricos em energia capazes de proporcionar energia para realizar trabalho biológico a temperatura constante. Variação de energia livre padrão e constante de equilíbrio A composição de um sistema de reação (uma mistura de reagentes e produtos) tende a continuar mudando até que a concentração de equilíbrio seja atingida. Na concentração de equilíbrio entre produtos e reagentes, as taxas de reações para adiante e reversa são exatamente iguais e nenhuma mudança líquida posterior ocorre no sistema. As concentrações dos reagentes e produtos no equilíbrio definem a constante de equilíbrio, Keq. Na reação geral aA + bB cC + dD onde: a, b, c e d são o número de molécula A, B, C e D participante, a constante de equilíbrio é dada por Onde [A], {B], [C] e [D] são as concentrações molares dos componentes da reação no ponto de equilíbrio. Quando a reação não está no equilíbrio, a tendência em se mover para o equilíbrio representa uma força de deslocamento, e a magnitude desta pode ser expressa como a variação de energia livre para a reação, G. Sob condições padrões (298 K = 25 °C), quando reagentes e produtos estão inicialmente presentes à concentração 1 M ou, no caso de gases, sob pressão parcial de 101,3 kilopascals (kPa), ou 1 atm, a força que desloca o sistema para o equilíbrio é definida como variação de energia livre padrão, G°. A partir dessa definição, o estado padrão para reações que envolvem íons é [H+] = 1 M, ou pH 0. A maioria das reações biológicas, no entanto, ocorrem soluções aquosas bem tamponadas próximas ao pH 7; tanto o pH e a concentração da água (55,5 M) são essencialmente constantes. Para conveniência de cálculos, os bioquímicos então definem um estado padrão diferente, no qual a concentração de H+ é 107 (pH 7) e a concentração da água é 55,5 M; para reações envolvendo Mg2+ (incluindo a aquelas na qual o ATP é um reagente), sua concentração em solução é comumente considerada como 1 mM. As constantes baseadas nestes estados padrões bioquímicos são chamadas de constantes padrões transformadas e são escritas com um apóstrofo (G’° e K’eq) para distingui-las das constantes não transformadas usadas pelos químicos e pelos físicos. Tal como K’eq é uma constante física característica para cada reação, G’° também é uma constante. A relação entre K’eq e G’° é estabelecida pela equação A variação da energia livre padrão de uma reação química é simplesmente um meio matemático alternativo de expressar sua constante de equilíbrio. Na tabela-1 abaixo, é representada a relação entre G’° e K’eq. E na tabela-2, a relação entre K’eq, G’° e direção da reação química. Se a constante de equilíbrio pe 1,0, a variação da energia livre padrão é 0,0 (o logaritmo natural de 1,0 é zero). Se K’eq é maior que 1,0, seu G’° é negativo. Se K’eq é menor que 1,0, G’° é negativo. Isso porque a relação entre G’° e K’eq é exponencial, de modo que pequenas mudanças relativas no G’° correspondem a grandes mudanças na K’eq. Tabela-1 – Relação entre a Constante de Equilíbrio e Variação da Energia Livre Padrão de Reações Químicas K’eq G’° (kJ/mol) (kcal/mol) 103 10² 101 1 101 102 103 104 105 106 17,1 11,4 5,7 0,0 5,7 11,4 17,1 22,8 28,5 34,2 4,1 2,7 1,4 0,0 1,4 2,7 4,1 5,5 6,8 8,2 Tabela-2 – Relação entre a K’eq, G’° e a Direção das Reações Químicas sob Condições Padrões Quando K’eq é... G’° é... Começando com todos os componentes a 1 M, a reação... > 1,0 1,0 < 1,0 Negativa Zero Positiva Ocorre para frente Está em equilíbrio Ocorre para trás Como exemplo, usa-se uma reação para um cálculo simples da variação da energia livre padrão da reação catalisadapela enzima fosfoglucomutase: O O H H H OH OH H OH H OH P O O - O - O OH H H H OH OH H OH H O P O O - O - Glucose-1-fosfato Glicose-6-fosfato As análise químicas mostram que quando se começa a reação com, por exemplo, 20 mM de glucose-1-fosfato (mas sem glicose-6-fosfato) ou com 20 mM de glucose-6-fosfato (mas sem glucose-1-fosfato), o equilíbrio final da mistura a 25 °C e pH 7,0 será o mesmo: 1 mM de glucose-1-fosfato e 19 mM de glucose-6-fosfato (lembrando-se que as enzimas não interferem no ponto de equilíbrio). A partir destes dados pode-se calcular a constante de equilíbrio: A partir do valor de K’eq pode-se calcular a variação da energia livre padrão: = (8,3215 J/mol K)(298 K)(ln19) = 7,3 kJ/mol Porque a variação da energia livre padrão é negativa, quando a reação começa com 1,0 M de glucos-1-fosfato e 1,0 M de glucose-6-fosfato, a conversão de glucose-1-fosfato a glucose-6- fosfato ocorre com perda (liberação) de energia livre. Para a reação reversa (a conversão de glucose-6-fosfato a glucose-1-fosfato), G’° tem a mesma magnitude mas com o sinal oposto. Tabela-4 Variação da Energia Livre Padrão de algumas Reações Químicas em pH 7,0 e 25 °C (298 K) Tipo de reação G’° (kJ/mol) (kcal/mol) Reações de hidrólise Anidridos ácidos Anidrido acético + H2O → 2 acetatos ATP + H2O → ADP + Pi ATP + H2O → AMP + `Pi PPi + H2O → 2Pi UDP-glucose + H2O → UMP + glucose-1-fosfato Ésteres Acetato de etila + H2O → etanol + acetato Glucose-6-fosfato + H2O → glucose + Pi Amidas e peptídeos Glutamina + H2O → glutamato + NH4 + Glicilglicina + H2O → 2 glicina 91,1 30,5 45,6 19,2 43,0 19,6 13,8 14,2 9,2 21,8 7,3 10,9 4,6 10,3 4,7 3,3 3,4 2,2 Glicosídeos Maltose + H2O → 2glucose Lactose + H2O → glucose + galactose Rearranjos Glucose 1-fosfato → glucose 6-fosfato Frutose 6-fosfato → glucose 6-fosfato Eliminação de água Malato → fumarato + H2O Oxidação com oxigênio molecular Glucose + 6O2 → 6CO2 + 6H2O Palmitato + 23O2 → 16CO2 + 16H2O 15,5 15,9 7,3 1,7 3,1 2.840,0 9.770,0 3,7 3,8 1,7 0,4 0,8 686,0 2.388,0 A Variação da Energia Livre: Dependência das Concentrações dos Reagentes e Produtos Há diferença na quantificação da variação da energia livre, G, e a variação da energia livre padrão, G’°. Cada reação química tem uma energia livre padrão característica, que pode ser positiva, negativa ou zero, dependendo da constante de equilíbrio da reação. A variação da energia livre padrão nos diz para qual direção uma dada reação deve ir para atingir o equilíbrio quando a concentração inicial de cada componente é 1,0 M, o pH é 7,0, a temperatura é 25 °C e a pressão é 101,3 kPa. Então G’° é uma constante: tem uma característica, um valor invariável para uma dada reação. Mas a variação da energia livre real, G, é uma função das concentrações dos reagentes e produtos e da temperatura prevalecente durante a reação, que não necessariamente coincidirão com as condições padrões definidas acima. Concluindo, a G de uma reação que ocorre espontaneamente em direção ao é equilíbrio é sempre negativa, tornando-se menos negativa à medida que a reação ocorre, e é zero no ponto de equilíbrio, indicando que a mesma não pode mais realizar trabalho. A G e G’° para qualquer reação do tipo A + B C + D estão relacionadas pela equação Na condição de equilíbrio, G é zero, então a equação acima se reduz a ou que é a equação relacionando a variação de energia li9vre padrão e a constante de equilíbrio. O critério para a espontaneidade de uma reação é o valor da G, não G’°. A reação com G’° positiva pode para frente se a G for negativa. Isso é possível se o termo RT.ln([produtos]/[reagentes]) for negativo. Por exemplo, a remoção imediata dos produtos de uma reação pode manter a razão [produtos]/[ragentes] bem abaixo de 1, de modo que o termo RTln([produtos]/[reagentes]) tenha um grande valor negativo. G’° e G são expressões da quantidade máxima de energia livre que uma dada reação pode ceder, teoricamente – uma quantidade de energia que pode ser realizada se um dispositivo perfeitamente eficiente for capaz de aprisioná-la ou retê-la. Visto que tal dispositivo não é possível (alguma energia livre é sempre perdida para a entropia durante o processo), a quantidade de trabalho realizado pela reação à temperatura constante é sempre menor que o valor teórico estimado. Outro ponto importante é que algumas reações termodinamicamente favoráveis (aquelas cujo G’° é grande e negativo) não ocorrem em proporções mensuráveis. Por exemplo, a combustão de lenha a CO2 e H2O é muito favorável termodinamicamente, mas a lenha permanece estável durante anos porque a energia de ativação para a reação de combustão é maior que energia disponível à temperatura ambiente. Se a energia de ativação necessária é fornecida (como a de um fósforo aceso, p. ex.), a combustão terá início, convertendo a madeira aos produtos mais estáveis CO2 e H2O e liberando energia na forma de luz e calor. O calor liberado por essa reação exotérmica fornecerá energia de ativação para a combustão de regiões vizinhas à madeira; o processo é auto perpetuante. Em células vivas, reações que seriam extremamente lentas se não catalisadas são levadas a acontecer, não pelo suprimento de energia adicional, mas diminuição da energia de ativação por uma enzima. A enzima proporciona um avia de reação alternativa com menor energia de ativação que a reação não catalisada, tal que à temperatura ambiente uma grande fração das moléculas substrato tenham energia térmica bastante para vencer a barreira de ativação, e taxa de reação aumente dramaticamente. A variação de energia livre para uma reação é independente da via pela qual a reação ocorre; depende apenas da natureza e da concentração dos reagentes iniciais e dos produtos finais. As enzimas não podem mudar as constantes de equilíbrio; mas elas podem e fazem aumentar a taxa na qual a reação ocorre e a direção ditada pela termodinâmica. As Variações de Energia Livre Podem Ser Somadas No caso de duas reações sequenciais, A B e B C, cada reação tendo sua própria constante de equilíbrio e cada uma tendo sua variação de energia livre padrão característica, G’°1 e G’°2. Como as duas reações são sequenciais, B é cancelado quando se escreve a reação global A C, que tem sua própria constante de equilíbrio e também sua própria variação de energia livre padrão , G’°TOTAL. Os valores da G’° das reações químicas sequenciais são aditivas. Para reação global A C, G’°TOTAL é a soma das variações de energia livre padrões individuais, G’°1 e G’°2, das duas reações: G’°TOTAL = G’°1 + G’°2. (1) A B G’°1 (2) B C G’°2 Soma: A C G’°1 + G’°2 Este princípio da bioenergética explica como uma reação termodinamicamente desfavorável (endergônica) pode ser conduzida para frente pelo acoplamento a uma reação altamente exergônica através de um intermediário em comum. Por exemplo, a síntese da glucose 6- fosfato é a primeira etapa na utilização da glucose por muitos organismos: Glucose + Pi glucose 6-fosfato + H2O G’° = 13,8 kJ/mol O valor positivo de G’° prediz que, sob condições padrões, a reação não tenderá a acontecer espontaneamente na direção descrita. Uma outra reação celular, a hidrólise do ATP a ADP e Pi, é muito exergônica: ATP + H2O ADP + Pi G’° = 30,5 kJ/mol Estas duas reaçõespartilham de intermediários comuns Pi e H2O e podem ser expressas como reações sequenciais: (1) Glucose + Pi glucose 6-fosfato + H2O G’° = 13,8 kJ/mol (2) ATP + H2O ADP + Pi G’° = 30,5 kJ/mol Soma: ATP + glucose ADP + glucose 6-fosfato G’° = 16,7 kJ/mol A reação global é exergônica. Neste caso, a energia armazenada no ATP é usada para fazer síntese da glucose 6-fosfato, apesar de sua formação a partir da glucose e do fosfato inorgânico seja endergônica. A via de formação da glucose 6-fosfato pela transferência de um grupo fosforila do ATP é diferente das reações (1) e (2) acima, mas o resultado final é o mesmo da soma das duas reações. Em cálculos termodinâmicos, toda essa matéria é o estado do sistema no começo do processo e seu estado no final; a rota entre os estados inicial e final é imaterial. Como foi dito, G’° é o meio de expressar a constante de equilíbrio para a reação. Para a reação (1) Nota-se que H2O não está incluído nesta expressão, porque sua concentração (55,5 M) é considerada inalterada pela reação. A constante de equilíbrio para a hidrólise do ATP é A constante de equilíbrio para as duas reações acopladas é ( )( ) ( )( ) Este cálculo ilustra um ponto importante sobre as constantes de equilíbrio: embora os valores da G’° para as duas reações que se somam para formar a terceira reação sejam aditivos, a K’eq para a reação resultante da soma das duas é o produto de seus valores de K’eq individuais. As constantes de equilíbrio são multiplicativas. Acoplando-se a hidrolise do ATP à síntese da glucose 6-fosfato, a K’eq para a formação da glucose 6-fosfato sofre um aumento de um fator de cerca 2 x 105. Esta estratégia do intermediário comum é utilizada por todas as células vivas na síntese de intermediários e componentes celulares. Mas esta estratégia funciona apenas se compostos como o ATP estão continuamente disponíveis. TRANSFERÊNCIA DE GRUPOS FOSFORIL E ATP As células heterotróficas obtêm energia livre de forma química pelo catabolismo de moléculas de nutrientes, e usam essa energia para fazer ATP a partir de ADP e Pi. O ATP, então, doa parte de sua energia química para processos endergônicos tais como a síntese de intermediários metabólicos e macromoléculas a partir de precursores menores, o transporte de substâncias através de membranas contra gradientes de concentração e para o movimento mecânico. Esta doação de energia do ATP geralmente envolve a participação covalente do ATP na reação, com sua eventual conversão a ADP e Pi ou, em algumas reações, sua conversão a AMP e 2Pi. A variação da energia livre para a hidrólise do ATP A variação da energia livre padrão para a hidrólise do ATP é relativamente grande e negativa. A quebra hidrolítica da ligação terminal anidrido fosfórico no ATP separa um dos três fosfatos carregados negativamente e então alivia parte da repulsão eletrostática do ATP; o Pi (HPO4 2) liberado é estabilizado pela formação de algumas formas de ressonância não possíveis no ATP; e o ADP2, o outro produto direto da hidrólise, imediatamente se ioniza, liberando H+ num meio de muito baixa concentração de H+ ([H+] 107 M). Embora a hidrólise do ATP seja altamente exergônica (G’° = 30,5 kJ/mol), a molécula é cineticamente estável em pH 7 porque a energia de ativação para a hidrólise do ATP é relativamente alta. A clivagem rápida das ligações fosfoanidrido ocorre só quando catalisada por uma enzima. A variação de energia livre para a hidrólise do ATP é 30,5 kJ/mol sob condições padrões, mas a variação da energia livre real de hidrólise (G) do ATP em células vivas é muito diferente: as concentrações intracelulares de ATP, ADP e Pi não são idênticas e muito inferiores a 1,0 M das condições padrão. Além disso, Mg2+ do citossol liga-se ao ATP e ao ADP, e para muitas reações enzimáticas que envolvem ATP como doador de grupos fosforilas, o verdadeiro substrato é MgATP2. P O O - O P O O P O Ribose O - O - O - Adenina ATP4 P O O - OH O - O - O - O - O - OH P O O P O Ribose O - O - Adenina O - P O O P O Ribose O - O - AdeninaH+ + 1 2 3 Hidrólise com alívio da repulsão entre as cargas Estabilização por ressonância Ionização ATP4- + H2O ADP 3- + Pi 3- + H+ G'° = -30,5 kJ/mol Exemplo prático: calcular a energia livre real para a hidrólise de ATP em eritrócitos humanos. A energia livre padrão para a hidrólise de ATP é 30,5 kJ/mol, e as concentrações de ATP, ADP e Pi são, respectivamente, 2,25, 0,25 e 1,65 mM. Assumir que o pH é 7,0 e a temperatura corporal é 37°C. Substituindo os valores na equação acima: ( )( ) ( )( ) ( ) 30,5 kJ/mol + (2,58 kJ/mol) ln 1,8 10 4 30,5 kJ/mol + (2,58 kJ/mol)(8,6) = 30,5 kJ/mol 22 kJ/mol = 52 kJ/mol
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