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apesar de seu valor permanecer constante. Seu valor relativo pode
permanecer constante, apesar de mudar seu valor e, finalmente, não
necessitam, de nenhuma forma, coincidir as mudanças simultâneas
em sua grandeza de valor e na expressão relativa dessa grandeza. 102
3) A forma equivalente
Viu-se: ao expressar uma mercadoria A (o linho) seu valor no
valor de uso de uma mercadoria diferente B (o casaco) imprime a esta
última uma forma peculiar de valor, a de equivalente. A mercadoria
linho traz sua própria qualidade de ter valor à luz, pelo fato de que
o casaco, sem assumir uma forma de valor diferente de sua forma
corpórea, se lhe equipara. O linho exprime assim, de fato, sua própria
qualidade de ter valor na circunstância de que o casaco é com ele
diretamente permutável. A forma equivalente de uma mercadoria é
conseqüentemente a forma de sua permutabilidade direta com outra
mercadoria.
Quando uma espécie de mercadoria, como casaco, serve de equi-
valente a outra espécie de mercadoria, como linho, e por conseguinte
casacos receberam a propriedade característica de se encontrarem em
forma permutável direta com o linho, não é dada, de nenhuma maneira,
a proporção na qual o linho e o casaco são trocáveis. Ela depende da
grandeza de valor dos casacos, já que a grandeza de valor do linho é
dada. Se se expressa o casaco como equivalente e o linho como valor
relativo, ou ao contrário, o linho como equivalente e o casaco como
valor relativo, sua grandeza de valor permanece, depois como antes,
determinada pelo tempo de trabalho necessário para sua produção,
portanto, independente de sua forma de valor. Tão logo, porém, a es-
pécie de mercadoria casaco assume na expressão de valor o lugar de
equivalente, sua grandeza de valor não adquire nenhuma expressão
MARX
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102 Nota à 2ª edição. Essa incongruência entre grandeza de valor e sua expressão relativa foi
explorada com habitual sagacidade pela economia vulgar. Por exemplo: “Admita que A
baixa, porque B, com o que é trocado, sobe, embora na ocasião não decresça o trabalho
despendido em A, e seu princípio geral de valor cai por terra (...) Quando se admite que o
valor de B cai relativamente ao de A porque o valor de A sobe em relação ao de B, destrói-se
a base sobre a qual Ricardo estabelece sua grande proposição de que o valor de uma
mercadoria é sempre determinado pelo quantum de trabalho nela incorporado; pois quando
uma mudança nos custos de A altera não somente seu próprio valor em relação a B, com
o que se troca, mas também o valor de B relativamente ao de A, sem ter ocorrido nenhuma
mudança no quantum de trabalho requerido para a produção de B, então cai por terra não
apenas a doutrina que assegura que a quantidade de trabalho despendida em um artigo
regula seu valor, mas também a doutrina que assegura que os custos de produção de um
artigo regulam seu valor”. (BROADHURST, J. Political Economy. Londres, 1842. p. 11-14.)
 O sr. Broadhurst poderia também dizer: Considere-se as frações 10/20, 10/50, 10/100 etc.
O número 10 permanece inalterado e apesar disso decresce constantemente sua grandeza
proporcional, sua grandeza relativa aos denominadores, 20, 50, 100. Assim, cai por terra
o grande princípio de que a grandeza de um número inteiro, como 10, por exemplo, é
“regulada” por meio da quantidade de unidades nela contidas.

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