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peso. Como medida de peso, o ferro representa em confronto com o
pão de açúcar apenas peso, e assim, em nossa expressão de valor, o
corpo do casaco representa em relação ao linho apenas valor.
Aqui termina, entretanto, a analogia. O ferro representa na ex-
pressão de peso do pão de açúcar uma propriedade natural comum a
ambos os corpos, seu peso, enquanto o casaco representa na expressão
de valor do linho uma propriedade sobrenatural a ambas as coisas:
seu valor, algo puramente social.
Expressando a forma relativa de valor de uma mercadoria, por
exemplo do linho, sua qualidade de ter valor como algo inteiramente
distinto de seu corpo e suas propriedades, por exemplo, como algo
igual a um casaco, essa expressão mesma indica que nela se oculta
uma relação social. Com a forma equivalente se dá o contrário. Ela
consiste justamente em que um corpo de mercadoria, como o do casaco,
tal qual ela é, expressa valor, possuindo portanto, por natureza, forma
de valor. É verdade que isso vale apenas internamente à relação de
valor, na qual a mercadoria linho está relacionada à mercadoria casaco
enquanto equivalente.103 Como, porém, as propriedades de uma coisa
não se originam de sua relação com outras coisas, antes apenas atuam
em tal relação, parece também que o casaco possui, por natureza, sua
forma equivalente, sua propriedade de ser diretamente trocável, tanto
quanto sua propriedade de ser pesado ou de manter alguém aquecido.
Daí o enigmático da forma equivalente, que de início fere o olhar bur-
guês rústico de economista político, tão logo esta se apresenta a ele,
já pronta, sob a forma dinheiro. Então, ele busca explicações que po-
nham de lado o caráter místico de ouro e prata, substituindo-os por
mercadorias menos ofuscantes, e salmodiando, com sempre renovado
prazer, o catálogo das mercadorias vulgares, que em outros tempos
desempenharam o papel do equivalente de mercadorias. Ele não sus-
peita que a mais simples expressão de valor, como 20 varas de linho
= 1 casaco, já dá a solução do enigma da forma equivalente.
O corpo da mercadoria que serve de equivalente figura sempre
como corporificação do trabalho humano abstrato e é sempre o produto
de determinado trabalho concreto, útil. Esse trabalho concreto torna-se
portanto expressão de trabalho humano abstrato. Se o casaco figura,
por exemplo, como simples realização, então a alfaiataria, a qual nele
realmente se realiza, vale como simples forma de realização do trabalho
humano abstrato. Na expressão de valor do linho, a utilidade da al-
faiataria não consiste em fazer roupas, portanto também pessoas, mas
sim em que ela faz um corpo em que é visível que é valor, por conse-
guinte, gelatina de trabalho, que em nada se diferencia do trabalho
MARX
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103 Em geral, essas determinações reflexivas são muito peculiares. Esse homem, por exemplo,
é rei apenas porque outros homens comportam-se como súditos diante dele. Eles pensam,
ao contrário, que são súditos porque ele é rei.

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