Buscar

CCJ0006-WL-PA-14-Direito Civil I-Antigo-15847

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto


	 
			
			 Plano de Aula: 14 - DIREITO CIVIL I
			 DIREITO CIVIL I
			
		
		
			Título
			14 - DIREITO CIVIL I
			 
			Número de Aulas por Semana
			
				
			
			Número de Semana de Aula
			
				14
			
 
 Tema
		 DECADÊNCIA
		
		 Objetivos
		 
·         Conceituar, distinguir  e analisar os elementos da decadência. 
·         Reconhecer as características, espécies, causas e efeitos da decadência nos negócios jurídicos.
·         Identificar as características relacionadas  ao instituto da decadência no atual Código Civil.
·         Elencar os prazos decadenciais.
·         Diferenciar a decadência do instituto da prescrição.
Reconhecer os casos de aplicação da decadência no Código de Defesa do Consumidor
		
		 Estrutura do Conteúdo
	 
DECADÊNCIA
	Conceito. Teorias
	Decadência: conceito, elementos, fundamento e espécies
	Regras gerais
	Prazos de decadência
	Decadência no Código de Defesa do Consumidor
	Distinção entre prescrição e decadência.
Decadência.
A origem da palavra decadência vem do verbo latino cadere, que significa cair.
A decadência atinge diretamente o direito em razão também da desídia do titular durante certo lapso temporal. Portanto, a decadência é a extinção do direito pela inércia do titular, quando a eficácia desse direito estava originalmente subordinada ao exercício dentro de determinado prazo, que se esgotou, sem o respectivo exercício. O tempo age, no caso de decadência, como um requisito do ato.
O objeto da decadência, portanto, é o direito que nasce, por vontade da lei ou do homem, subordinado à condição de seu exercício em limitado lapso de tempo.
A decadência está relacionada aos direitos que são objetos de ações constitutivas.
O Código Civil de 2002 aborda expressamente a decadência, nos arts. 178, 179, e 207 a 211, ao contrário do Código Civil de 1916.
Assim como a prescrição, pode ser argüida tanto por via de ação como por meio de de exceção ou defesa.
As normas de suspensão, impedimento e interrupção não são aplicáveis à decadência, que envolve prazos fatais, peremptórios, salvo disposição em contrário, como a exceção encontrada no art. 26, § 2°, do Código de Defesa do Consumidor.
A decadência, também chamada caducidade, vem a ser a perda do próprio direito material em razão do decurso do tempo. A decadência importa o desaparecimento, a extinção de um direito pelo fato de seu titular não exercê-lo durante um prazo estipulado na lei. É a extinção do direito pela inação de seu titular que deixa escoar o prazo legal ou voluntariamente fixado para o seu exercício.
 Perdido o prazo, perdido estará o direito. Enquanto na prescrição ocorre a perda do direito de exercitar uma ação ou, como vem desenvolvendo a doutrina mais moderna, a perda de uma pretensão, a decadência importa a perda do próprio direito material. Importante notar que a decadência não admite suspensão ou interrupção. O prazo decadencial é fatal. O fundamento da decadência é o mesmo da prescrição: a segurança nas relações jurídicas. Outra distinção entre prescrição e decadência reside no fato de que a prescrição deve ser alegada pelo interessado, para produzir efeitos judiciais, ao passo que a decadência pode ser declarada ex officio (de ofício) pelo juiz. Um exemplo singelo de decadência é o seguinte: a concessão de um prazo para pagamento à vista de uma obrigação com direito a desconto; exercido o direito em tempo hábil, haverá o benefício do desconto, caso contrário, ocorrerá a caducidade do próprio direito. Outro exemplo de decadência é o previsto no Art. 173 do CTN.
Outro exemplo de decadência  junto ao direito positivo é o do Art. 103 do CP:
 Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do Art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia.
Como se vê, relaciona-se a decadência com os direitos cujo exercício se acha limitado no tempo, de tal forma que, ou se exercem dentro do prazo legal ou desaparecem. O objeto da decadência, repita-se, é o próprio direito material, cujo exercício se encontra, desde seu nascimento, limitado no tempo.
O prazo de decadência, uma vez iniciado, segue continuadamente, até seu final, inadmitidas a suspensão ou a interrupção, ao passo que o prazo de prescrição comporta suspensão ou interrupção. Por outro lado ocorre na decadência como na prescrição a não oponibilidade a absolutamente incapazes. (Art. 3º, CC e Art. 198, I, CC).
O objeto da decadência é o direito que, por determinação legal ou por vontade humana, está subordinado à condição de exercício em certo espaço de tempo, sob pena de caducidade.
A jurisprudência e a doutrina vinham entendendo como prazos de decadência os seguintes:
- 1 ano de doador revogar a doação (art.559);
- 120 dias para exercer o direito de impetrar mandado de segurança. Etc...
Porém, no novo Código Civil, os prazos decadênciais e prescricionais estão melhores destacados em seus artigos, facilitando o entendimento nas questões de maior disputa. Ex. art. 45 parágrafo único, art. 48 parágrafo único, art. 178, art. 501 etc.
Espécies de decadência:
1 Legal
Quando é prevista em lei, sendo reconhecida de ofício pelo juiz, ainda que se trate de direitos patrimoniais; de acordo com o arts. 210 do Código Civil de 2002.
O prazo decadencial legal é irrenunciável, segundo o art. 209 do Código Civil de 2002.
2. Convencional
Estipulada pelas partes, somente a parte beneficiada poderá alegá-la, sendo vedado ao juiz de Direito suprir a alegação da parte, consoante o art. 211 do Código Civil de 2002.
O prazo decadencial convencional pode ser renunciado, a teor do art. 209 do Código Civil de 2002, a contrario sensu.
Distinção entre prescrição e decadência.
Apesar de serem similares, a decadência não se confunde com a prescrição, embora, à primeira vista, ante o traço comum do lapso de tempo aliado à inação do titular, possa parecer que os prazos prescricionais não se distinguem dos decadenciais.
A prescrição refere-se a perda da possibilidade de se propor a ação para reclamar direitos, ou seja, a perda do direito processual, enquanto que a decadência diz respeito a perda do direito material. Além disso, diferentes são as características de cada instituto, pois enquanto a prescrição admite interrupção e não corre em relação a determinadas pessoas, a decadência é "fatal", correndo contra quem quer que seja, não admitindo suspensão, sequer interrupção.
Temos então que a prescrição não corre contra certas pessoas e se suspende e se interrompe, enquanto que o prazo de decadência corre contra todos e não se suspende, nem se interrompe. 
Na verdade para se ter uma noção de prescrição e decadência é preciso ter uma noção trazida pelo ilustre doutrinador italiano Chiovenda. Ele fala a respeito dos direitos de prestação e direitos potestativos. Em suma, direitos de prestação são aqueles em que se busca uma sentença condenatória, onde o juiz condena a parte a entregar, fazer ou não fazer algo. Ao passo que nos direitos potestativos o autor busca na prestação jurisdicional uma sentença constitutiva, ou seja, onde o juiz irá decidir constituindo ou desconstituindo uma relação, ou melhor, uma situação jurídica. Ainda há aquelas ações, denominadas meramente declaratórias em que se busca tão somente a declaração da existência ou inexistência de uma situação jurídica. Até aqui parece bobagem termos falado nisso porque o Código Civil de 2002 foi bem claro no que diz tange a Prescrição e a Decadência:o que estiver contido nos arts. 205 e 206 será prescrição e o que não estiver, por exclusão, será decadência. Surge, contudo, o problema porque a legislação civil vigente no país não está compilada unicamente no Código Civil e por vezes essa legislação não deixa clara essa distinção. É aqui que vamos utilizar a diferenciação, de forma bem suscinta dos direitos de prestação e direitos potestativos. Em se tratando de uma ação que busque uma sentença condenatória, então será prescrição. Caso a ação vise uma sentença constitutiva, será portanto alvo de decadência. E por fim, as ações meramente declaratórias não prescrevem nem decaem. Se em uma ação buscar uma sentença condenatória e constitutiva ao mesmo tempo, como no caso um contrato que o autor pede para ser rescindido por vício oculto no objeto e na mesma ação peda a condenação em perdas e danos, o prazo a ser aplicado é o decadencial. Em se tratando de uma sentença constitutivo-declaratória ou declaratória-condenatória, será neste caso o prazo prescricional e naquele dependerá se o direito potestativo abarca a decadência.
Hé quem diga que a prescrição é a perda do direito de ação, enquanto outros afirmam ser a perda do direito de pretensão. Mas, não obsta a pretensão uma vez que mesmo que o prazo prescricional já tenha se esgotado, caso o devedor cumpra a obrigação não poderá depois pedir a repetição do indébito, ou seja, pedir que se desfaça o pagamento. O que a prescrição atinge é a responsabilidade, pois, esgotado o prazo prescricional o devedor não é mais responsável judicialmente pela dívida, pagando somente se assim o desejar, pois até o pagamento ele estará inadimplente com uma obrigação natural. A decadência sim atinge o direito diretamente e assim, após o prazo decadencial, o direito que foi alvo deste prazo fica prejudicado. Outra diferença, é que a prescrição pode ser suspensa ou interrompida, sendo que neste caso uma única vez, enquanto que a decadência nem interrompe nem suspende. A prescrição, como foi dito, é de ordem privada e pode sofrer renúncia, na medida que a decadência por ser de ordem pública não pode ser alvo de renúncia e pode ser reconhecida pelo juiz ex officio.
A doutrina e jurisprudência pátrias adotaram inúmeros métodos para diferenciar os institutos da prescrição e da decadência, já que ambos envolvem efeitos do decurso do tempo nas relações jurídicas, sendo muitas vezes confundidos.
O Código Civil de 1916, ao tratar em setor específico exclusivamente o tema da prescrição, contribuiu para a nebulosidade que acostumou acompanhar o tema, posto que em muitos dos casos previstos no art. 178, não se tratava de prescrição, mas sim de decadência.
A seguir serão vistas as principais diferenças entre ambos os institutos jurídicos.
1º - A decadência começa a correr, como prazo extintivo, desde o momento em que o direito nasce. Enquanto a prescrição não tem seu início com o nascimento do direito, mas a partir de sua violação, porque é nesse momento que nasce a ação contra a qual se volta a prescrição.
2º - Diversa é a natureza do direito que se extingue, pois a decadência supõe um direito que, embora nascido, não se efetivou por falta de exercício, ao passo que a prescrição supõe um direito nascido e efetivo, mas que pereceu por ausência de proteção pela ação, contra a violação sofrida.
3º - A decadência, como regra geral, não é suspensa nem interrompida e só é impedida pelo exercício do direito a ela sujeito. A prescrição pode ser suspensa ou interrompida pelas causas expressamente colocadas em lei.
4º - A decadência pode ser fixada pela lei ou pela vontade das partes bilateralmente ou unilateralmente. Enquanto a prescrição só se estabelece por lei.
5º - A decadência legal pode ser reconhecida de ofício pelo juiz e independe da argüição do interessado. Porém a prescrição poderá ser reconhecida de ofício apenas nos casos de interesses de absolutamente incapazes, conforme art. 194 do Código Civil de 2002.
6º - A prescrição admite renúncia depois de consumada, não sendo admitida antes ou no curso do prazo, porque é instituto de ordem pública, decorrente da lei(5) , a decadência legal não pode ser renunciada.
7º - A decadência opera contra todos, salvo contra absolutamente incapazes, ex vi art. 208 do Código Civil de 2002, enquanto que a prescrição não opera para determinadas pessoas elencadas pelo art. 198 do Código Civil de 2002.
 
O Código Civil de 2002 foi mais prático, ao determinar serem os prazos de prescrição, apenas e exclusivamente, os taxativamente discriminados na Parte Geral, nos arts. 205 (regra geral, prazo de 10 anos) e 206 (regras especiais), sendo de decadência todos os demais, estabelecidos como complemento de cada artigo que rege a matéria, tanto na Parte Geral como na Especial. Essa foi uma das principais inovações trazidas pelo Código Civil em vigor.
Enfim, para evitar a discussão sobre se a ação prescreve ou não, adotou-se a tese da prescrição da pretensão, por ser considerada a mais condizente com o direito processual contemporâneo, afastando a possibilidade de envolver o direito subjetivo público abstrato de ação.
 
. Exceções
A prescritibilidade é a regra, diante dos motivos anteriormente apresentados.
No entanto, há ações que não são prescritíveis, pois certas relações jurídicas não se coadunam com os institutos da prescrição ou da decadência, tais como o direito de personalidade, a vida, ao nome, a nacionalidade, as de estado das pessoas (tais como filiação, cidadania, condição conjugal). Os imóveis públicos não podem ser adquiridos por usucapião, logo não são submetidos à prescrição aquisitiva, a teor dos arts. 183, § 3°, e art. 191, parágrafo único, da Constituição Federal de 1988.
No estudo da prescrição e da decadência sempre estão presentes um embate de princípios - o da justiça e o da segurança jurídica, que devem ser harmonizados para a efetiva aplicação do ordenamento jurídico.
Por outro lado, o direito não dá a mesma proteção a todos os direitos existentes. O ordenamento jurídico traduz uma escala de valores, que conduz à classificação de direitos de acordo com a sua importância, sendo aos mais importantes atribuída uma proteção maior.
A regra geral de prevalência da segurança jurídica sucumbe ao princípio da justiça quando estão violados direitos anteriormente referidos, de modo que o tempo deve ser desconsiderado. Entendimento em contrário comprometeria o próprio fim do direito, alcançado via prescrição e decadência, qual seja, a resolução de conflitos em prol da pacificação social. Vale dizer, a sociedade, por exemplo, não aceita que a violação ao direito à paternidade seja consolidada por meio do decurso de tempo, o que impediria a resolução de conflito(6) .
 Se fizéssemos um quadro comparativo entre as diferenças conceituais e seus efeitos dos institutos da prescrição e da decadência chegaríamos a seguinte conclusão
	
 PRESCRIÇÃO
	
DECADÊNCIA
	
Refere-se a prazos para exercício de pretensões (prestações de dar, fazer e não fazer)
	
Refere-se a prazos para exercícios de direitos potestativos (que podem ser exercidos independentemente da colaboração do sujeito passivo)
	
Em termos de tutela jurídica, as ações condenatórias estão sujeitas a prazos prescricionais (ex: pagamento de indenização)
	
As ações constitutivas e desconstitutivas estão sujeitas à decadência (ex: ação anulatória de contrato por erro, dolo ou coação)
	
Sofre interrupção, impedimento e suspensão
	
Não sofre, em regra, interrupção ou suspensão.
	
Atinge interesses de cunho patrimonial e que não tem relevância para ordem pública.
	
Cuida de matérias de interesse público.
 A pergunta que se faz é a seguinte: o fato de juiz pronunciar a prescriçãode ofício significa que a matéria se tornou de ordem pública?
 A segunda pergunta é a seguinte: se a resposta à primeira questão for positiva,  tornando-se a prescrição matéria de ordem pública, não seria mais possível a renúncia à prescrição, estando, portanto, revogado o artigo 191 do Código Civil?
 A resposta a ambas às perguntas é negativa. Primeiramente, cabe diferenciar matéria de ordem pública de matéria em que há interesse público.
 Conforme explica de maneira cristalina HENRIQUE HERKENHOFF “os juízes não conhecem de ofício apenas matéria de ordem pública, mas também aquelas em que há mero interesse público na proteção de matéria privada (menores, fazenda pública, direitos indisponíveis), bem como os pedidos que se consideram implícitos (juros legais, correção monetária) ou quaisquer outras que o legislador escolha, segundo sua discricionariedade legislativa� (e-mail enviado ao autor em 16 de março de 2006).
 Assim, a alteração foi apenas programática, para facilitar aos juízes a extinção de um feito sem a necessidade de citação, sem a necessidade de análise de mérito. A extinção é a forma mais rápida de redução do trabalho que gera a morosidade do Poder Judiciário.
 Há um forte argumento no sentido de que a renúncia da prescrição não mais produziria efeitos, ainda que o devedor tivesse se despojado do direito de invocá-la. Se o juiz a pronuncia de ofício, o processo seria extinto de imediato, mesmo sem a citação do devedor, que, portanto, não teria chance de renunciá-la. Assim,a renúncia não produziria efeitos.
 A proposição tentadora parte de premissa equivocada. Isso porque renúncia à prescrição é o ato pelo qual o prescribente se despoja do direito de invocá-la. Pode ter ela duas modalidades: expressa ou tácita.
 a)      expressa: em decorrência de manifestação de vontade do devedor.
b)      tácita: caracteriza-se quando o devedor, ciente de que a prescrição se consumou, pratica algum ato ostensivo que envolve reconhecimento do direito prescrito 
 Se a renúncia for expressa, e, portanto, o devedor declara por escrito que não invocará a prescrição, pode o autor propor a demanda, junta a declaração com a petição inicial, e não poderá o juiz pronunciá-la de ofício, pois a renúncia já ocorreu. A demanda prosseguirá e o mérito será analisado.
 Da mesma forma, a renúncia foi tácita e o devedor espontaneamente pagou dívida prescrita, não haverá demanda de cobrança e a renúncia terá produzido todos os seus efeitos.
 Colaborando com o debate jurídico, entende FL�VIO TARTUCE que se alguém cobrar uma dívida prescrita o juiz não irá pronunciar de ofício a prescrição, mas sim determinar a citação do réu para que se manifeste sobre a renúncia à prescrição. Assim, continuaria sendo possível a renúncia judicial, inclusive porque se trata de um exercício da autonomia privada do devedor. 
 TARTUCE explica, ainda, que no Direito Comparado a prescrição já é reconhecida de ofício (Itália e Portugal), mas isso não faz com que a prescrição seja reconhecida como matéria de ordem pública naqueles Países por se tratarem de matérias de cognição privada que podem ser reconhecidas de ofício (e-mail enviado ao autor em 20 de março de 2003).
Agora, uma certeza continua prevalecendo. O legislador igualou a prescrição e a decadência apenas com relação a um de seus efeitos: ambas podem ser declaradas de ofício pelo juiz.
 De resto, nada mudou. Igualar um instituto ao outro em razão da semelhança de efeitos revela atecnia. Estaríamos diante de verdadeiro o silogismo barroco:
 Premissa 1: o homem tem sangue quente.
Premissa 2: o coelho tem sangue quente.
Conclusão: o homem é coelho.
 
Outro exemplo de silogismo:
Premissa 1. a decadência será conhecida de ofício pelo juiz (CC, art. 211).
Premissa 2. a prescrição será conhecida de ofício pelo juiz (CC, art. 219, §5º).
Conclusão: a decadência é prescrição.
 As conclusões são ilógicas! Portanto, o fato de juiz pronunciar a prescrição de ofício não a transforma em matéria de ordem pública e nem altera seus normais efeitos.
 Prescrição e decadência eram, são e serão sempre institutos diferentes e com suas conseqüências próprias.
 PRAZOS DECADENCIAIS NO CDC, SUAS ESPECIFICIDADES
O CDC nos apresenta alguns prazos, como:
30 dias: para reclamar de vícios aparentes e de fácil constatação no fornecimento de serviços e produtos não duráveis. (art. 26, I) 
90 dias: na mesma hipótese para serviços e produtos duráveis. (art. 26, II) 
Quando se fala em decadência, muitos doutrinadores observam que o disposto no caput do artigo 26 do CDC não é claro no que tange à expressão "direito de reclamar", o que enseja discussões acerca do sentido da norma: se esta diz respeito à "reclamação" em âmbito judicial, ou meramente perante o fornecedor ou, ainda, a algum órgão de defesa do consumidor. Tendo em vista o conteúdo extensivo das normas consumeristas, seu espírito de favorecimento ao consumidor e observando o disposto no inciso I do § 2º do referido artigo [06], entendemos que o caput se refere ao direito de reclamar judicialmente, visão esta respaldada por Cláudia Lima Marques.
A data inicial para contagem do prazo de reclamação também é controversa, mas coerente com o espírito do CDC, que dá ao juiz margem para interpretações favoráveis ao consumidor, cabendo, assim, ao magistrado determiná-la, de acordo com a natureza do produto ou serviço e visando sempre sua finalidade social.
PRAZOS PARA RECLAMAÇÃO
O CDC utiliza dois critérios para a fixação do prazo de reclamação: a facilidade de constatação do vício (oculto ou aparente) e a durabilidade do serviço ou produto.
O inciso I do artigo 26, estabelece o prazo de trinta dias para produtos e serviços não-duráveis, tais como alimentos, no caso de produtos, e de organização de festas, no caso de serviços. Já o inciso II, coloca o prazo de noventa dias para reclamações referentes a produtos duráveis (eletrodomésticos, veículos, máquinas, imóveis etc) e serviços duráveis (temos como exemplo aqueles que se renovam ou que são cobrados periodicamente, como televisão por assinatura, assinatura de revistas e serviços bancários, entre outros). Os §§´s 1º e 3º do referido artigo estabelecem que os prazos de trinta e noventa dias são os mesmos para vícios aparentes ou ocultos, pois regem-se pela durabilidade do serviço ou produto. Entretanto, a contagem desses prazos dá-se a partir da entrega efetiva do produto ou da execução do serviço no primeiro caso, e da revelação do defeito, no segundo.
A POLÊMICA DO §2º DO ARTIGO 26: INTERRUPÇÃO, SUSPENSÃO OU CAUSAS MERAMENTE OBSTATIVAS?
 O § 2º do artigo 26 do CDC dispõe que a instauração de inquérito civil até seu encerramento e a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços, até resposta negativa transmitida de forma inequívoca "obstam" a decadência. A utilização dessa expressão gerou intensa discussão doutrinária, visto que, tradicionalmente, a decadência não era passível nem de suspensão, nem de interrupção. Gerou-se dúvida no sentido de saber se o legislador inovou na interpretação do instituto ou se inovou com um terceiro gênero de obstaculização de prazos.
Da discussão, formaram-se três correntes. A primeira, defendida por Rizzatto Nunes, sustenta que o referido dispositivo legal não se refere nem à suspensão, nem à interrupção, afinal, se o legislador assim quisesse, teria utilizado uma dessas expressões. Dessa corrente, decorrem duas interpretações: uma afirma que como a decadência atinge o direito a ser constituído e a prescrição, a direito já constituído, nas hipóteses do parágrafo segundo, o prazo decadencial pararia de correr, passando a fluir o prazo prescricional,enquanto a outra interpretação pugna pela aplicação analógica do regime de suspensão ao de obstaculização. A segunda corrente afirma que os prazos de 30 e 90 dias dispostos no artigo 26, somam prazos decadenciais e prescricionais e, portanto, tratar-se-ia de interrupção, devendo retomar o prazo pelo saldo. Já a terceira corrente indica que o prazo disposto no artigo 26 é decadencial, mas que, como prazos dessa natureza não podem ser suspensos, ou interrompidos, dever-se ia aplicar, analogicamente, o artigo 27 do CDC ou a regra geral do artigo 206 do Código Civil, o que for mais benéfico para o consumidor. Esta última corrente vem sendo largamente utilizada na jurisprudência há alguns anos.
O VETO PRESIDENCIAL AO INCISO II DO § 2º DO ARTIGO 26 DO CDC
Havia previsão no inciso II, do § 2º do artigo 26, da possibilidade do consumidor formular, no prazo de noventa dias, a reclamação pelos vícios dos produtos e serviços perante entidades privadas e públicas de defesa do consumidor. Este dispositivo recebeu veto presidencial sob o fundamento de que ameaçaria a estabilidade das relações jurídicas, pois atribuiria à entidade privada função reservada, por sua própria natureza, aos agentes públicos.
O Superior Tribunal de Justiça, no REsp. nº 65.498-SP, decidiu que a reclamação formulada pelo consumidor perante o Procon, sem qualquer pretensão reparatória, não é causa obstativa da decadência. No entanto, a nosso ver, entendemos que esta posição tende a mudar, visto a crescente atuação e reconhecimento desses órgãos no país —em função do crescimento e profissionalização do terceiro setor e do incremento da representatividade associativa— somados aos princípios da legislação consumerista, que interpretam sempre favoravelmente ao consumidor. 
 INSTITUTOS ASSEMELHADOS
1. Perempção
O instituto processual que extingue somente o direito de ação é a perempção, decorrente da contumácia do autor que deu causa a três arquivamentos sucessivos (art. 268, parágrafo único, CPC).
Restam conservados o direito material e a pretensão, que só podem ser opostos em defesa ou exceção.
2. Preclusão
É a perda de uma faculdade processual, por não ter sido exercida no momento próprio, impedindo nova discussão em questões já decididas, dentro do mesmo processo.
. Da prescrição e da decadência no Código de Defesa do Consumidor
Não há muita diferenciação nos institutos da prescrição e da decadência tratados pelo direito consumeirista. O que ocorre é diferenciação de prazos.
O art. 26 do Código de Defesa do Consumidor trata dos prazos decadenciais, ao contemplar o direito de reclamar por vícios aparentes ou ocultos dos produtos e serviços, que se extingue em 30 dias, se o produto ou serviço for não durável; e em 90 dias, se for durável. A durabilidade se relaciona com o tempo médio de consumo do produto ou serviço.
O termo inicial da decadência, para vícios aparentes, começa a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços; já para os vícios ocultos, quando evidenciado o defeito.
Causas suspensivas da decadência, previstas no § 2° do art. 26 do Código de Defesa do Consumidor são: a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor até a resposta negativa do fornecedor e a instauração de inquérito civil pelo ministério público, até seu encerramento.
Por sua vez, o art. 27 do Código de Defesa do Consumidor regula a prescrição nos casos de responsabilidade por danos, nos acidentes causados por defeitos do produto ou serviço. O prazo prescricional é de cinco anos, contados a partir do conhecimento por parte do consumidor do dano e de sua autoria.
. Direito Intertemporal
O art. 2.028 das disposições transitórias do Código Civil de 2002 contém normas que devem ser aplicadas aos prazos em curso quando da vigência do estatuto civil em vigor.
Os prazos serão os da lei anterior, quando reduzidos pelo Código Civil de 2002 e se na data de sua entrada em vigor houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada. Caso contrário, serão aplicados os prazos estabelecidos pelo Código Civil de 2002.
Nome do livro: Curso de Direito Civil vol.1 Parte Geral - ISBN - EAN-13: 9788530927929
Nome do autor: NADER, Paulo
Editora: Forense
Ano: 2009.
Edição: 6a
Nome do capítulo: Prescrição e Decadência
N. de páginas do capítulo: 19
	
	 Aplicação Prática Teórica
 
___ Caso Concreto 1
1. Ana Maria comprou um produto na loja de João Ricardo. Ao utilizar o produto, percebeu que o mesmo apresentava defeito. Acontece que estava entrando de férias, com viagem marcada para ficar 30 dias em um cruzeiro pelo Caribe. Dois dias depois de retornar da viagem, procurou a loja para reclamar e ouviu do balconista que não teria mais direito em razão deste haver decaído.
Inconformada procura seu escritório de advocacia e formula as seguintes perguntas:
a)      O que é um prazo decadencial?
b)     Como se deve proceder para não perder o direito pela decadência em caso de direito do consumidor?
c)      Qual a diferença entre decadência e prescrição?
 
Caso Concreto 2
 
Antonio Renato de Araújo Bacamarte, aluno do curso de Direito, na cidade de Ourinhos/SP, acaba de ter sua primeira aula de Direito Civil sobre o assunto prescrição e decadência. Assim que fica sabendo da feliz notícia, seu avô, o velho coronel Tião Bacamarte, resolve promover uma sabatina com o neto e faz-lhe as seguintes perguntas:
 
a) É possível se transformar um prazo prescricional em decadencial? 
 
 
b) Como ficam as regras da prescrição neste caso?
Caso Concreto 3
 
A profa. Salete Marques de Araujo colocou os seguintes exemplos no quadro :
1.  Maria entrou com ação na Justiça para que João lhe pague R$1.500,00 que ela lhe emprestara.
2. A Cia de Navegação Novos Rumos está acionado na Justiça o estofador Mário Espinosa para que este acabe de reformar  o estofamento das poltronas  do teatro do navio A Rota II.
3. Dr. João Caríssimo entrou na Justiça pedindo a anulação do contrato de compra e venda de sua mansão, pois descobriu que o adquirente é menor de 16 anos e assinou sózinho toda a documentação.
4.  Ao receber em casa uma TV LCD de 68 polegadas, José da Silva descobriu que o comprador era um homônimo. Devolveu  o produto, mas está sendo cobrado, por isso entrou com uma ação declaratória de inexistência de relação jurídica em face da loja de eletrodomésticos.
A seguir, a profa. Pediu aos seus alunos: 
- Indiquem quais são os casos em que os prazos relativos são prescricionais e os decadenciais, justificando:  
 
QUESTÕES OBJETIVAS
 
 
A respeito da prescrição e da decadência, é correto afirmar: 
 a) Prescreve em dez anos a cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular. 
 b) No contrato regularmente formalizado por escrito, as partes podem renunciar a decadência fixada em lei. 
 c) Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. 
 d) A alteração do prazo prescricional por acordo das partes só terá validade se comprovada nos autos por instrumento público ou particular. 
 e) A prescrição iniciada contra uma pessoa cessa com a sua morte, iniciando-se novo prazo em relação ao seu sucessor.
 
De acordo com o Código Civil brasileiro, com relação à prescrição e à decadência, é correto afirmar: 
 a) A prescrição iniciada contra uma pessoa não continua a correr contra o seu sucessor. 
 b) Prescreve em três anos a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição. 
 c) A interrupção da prescrição, em regra, poderá ocorrer quantas vezes forem necessárias. 
 d) É defesa,em qualquer hipótese, a renúncia tácita da prescrição, por expressa determinação legal. 
 e) Salvo disposição legal em contrário, em regra, aplicam-se à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.

Outros materiais