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CCJ0006-WL-PA-11-Direito Civil I-Novo-34077

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Título 
DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
6 
Tema 
OS BENS 
Objetivos 
·         Identificar os objetos das relações jurídicas apresentadas. 
·         Compreender a noção jurídica de patrimônio 
·         Perceber a distinção entre bens e coisas. 
·         Reconhecer a classificação dos bens considerados em si mesmos. 
·         Compreender a noção jurídica de fungibilidade dos bens. 
·         Perceber a distinção entre bens móveis e imóveis. 
Estrutura do Conteúdo 
1 –   OS BENS - ELEMENTOS EXTERNOS DA RELAÇÃO JURÍDICA 
          1.1 Os Bens Jurídicos. 
          1.2 Conceito e Espécies. 
1.3 Noção de patrimônio. 
1.4  Distinção entre bens e coisas. 
2 –   OS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS 
          2.1 Bens móveis e imóveis. 
          2.2 Bens fungíveis e não fungíveis (ou infungíveis) 
2.3 Bens consumíveis e não consumímeis. 
2.4  Bens divisíveis e indivisíveis. 
2.5  Bens singulares e Bens coletivos. 
Segue abaixo uma sugestão de roteiro de apresentação do conteúdo programático: 
OS  BENS . 
As pessoas procuram nos bens, materiais ou imateriais, a satisfação de seus desejos e a realização de suas necessidades, em torno dos quais gravitam os interesses e 
os conflitos. 
Um bem pode preencher uma necessidade de ordem material ou imaterial, sem perder o predicativo que a ordem jurídica reconhece como relevante, a exigir tutela.  
Para um melhor esclarecimento acerca da classificação adotada no Código Civil brasileiro, é importante diferenciar "coisa" e "bem". 
Segundo Teixeira de Freitas[1], coisa tem por definição tudo aquilo que possui existência material, seja suscetível de valoração e, conseqüentemente, possa ser objeto de 
apropriação. Conclui-se que a noção de coisa conecta-se, a priori, à de substancia.  
Existem coisas que não são apropriáveis embora sejam úteis, sendo, portanto, denominadas res communes , dentre as quais podemos destacar o ar, a luz, as estrelas, o 
mar. Assim, as coisas comuns são de todo mundo ao mesmo tempo em que não são de ninguém. Há também as coisas que podem ser apropriadas, porém não pertencem 
a ninguém, como é o caso dos animais de caça, dos peixes e das coisas abandonadas (res derelictae). 
Tudo o que tem valor e, por esse motivo, adentra no universo jurídico como objeto de direito, é um bem. Evidencia -se, portanto que a utilidade e a possibilidade de 
apropriação são o que dão valor às coisas, transformando-as em bens. 
 Bem em o sentido de valor, utilidade ou interesse de natureza material, econômico ou moral, ou, em outras palavras, é tudo aquilo que é protegido pelo Direito, tendo ou 
não conteúdo ou valoração econômica. 
Na terminologia jurídica, bens corresponde à res dos romanos, porém, nem sempre bens e coisa podem ser tidos em sentido equivalente,  porquanto há bens que não se 
entendem como coisas, e há coisas que não se entendem como bens. 
Na compreensão jurídica, somente como bens podem ser compreendidas as coisas que tenham dono, isto é, as coisas apropriadas. Escapam, pois, ao sentido de bens, as 
coisas se dono (res nulius). 
Desse modo, toda coisa, todo direito, toda obrigação, enfim, qualquer elemento material ou imaterial, representando uma utilidade ou uma riqueza, integrado no patrimônio 
de alguém e passível de apreciação monetária, pode ser designado como bens. 
Difere-se também de patrimônio, que é o conjunto de bens de que alguém é titular, abrangendo todas as relações jurídicas passíveis de avaliação pecuniária e imputável a 
mesma pessoa. Fazem parte do patrimônio tanto os direitos como os deveres, tanto ativo, como o passivo. Excluem-se: os direitos da personalidade, direito a saúde, a 
liberdade, ao nome e os direitos de família puros, sem apreciação patrimonial (pátrio poder), incluindo-se   os que tenham expressão pecuniária, como o direito aos 
alimentos. 
1 – BENS CORPÓREOS E INCORPÓREOS. 
É inquestionável a possibilidade de as coisas físicas serem objeto de relações jurídicas. Assim, na propriedade de uma coisa qualquer (um carro, um relógio), o objeto será 
a própria coisa. Os incorpóreos são os que não têm existência tangível e são relativos aos direitos que as pessoas físicas ou jurídicas têm sobre as coisas, sobre os 
produtos de seu intelecto ou com outra pessoa, apresentando valor econômico, tais como os direitos reais, obrigacionais e autorais. 
.2 - CERTAS COISAS INCORPÓREAS COMO OBJETO DE RELAÇÕES JURÍDICAS 
São aqueles que não tem existência tangível e são relativos aos direitos que as pessoas físicas ou jurídicas têm sobre as coisas, sobre os produtos de seu intelecto ou 
contra outra pessoa, apresentando valor econômico, tais como: direitos reais, obrigacionais, autorais. Referimo -nos também aos chamados bens de personalidade: 
  
art 5º- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no 
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
............. 
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da 
lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias: 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou 
moral decorrente de sua violação; 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
  
e aos bens imateriais (Lei do Direito Autoral). 
3 - PESSOAS COMO OBJETO DE RELAÇÕES JURÍDICAS 
Só há lugar em casos muito restritos.  
4 – CLASSIFICAÇÃO DOS BENS. 
O Código Civil armou a estrutura normativa do instituto dos bens, com a arrumação que comporta o seguinte esquema de classificação, observando-se três grupos:  
1) os bens considerados em si mesmos (móveis e imóveis; fungíveis e infungíveis; consumíveis e inconsumíveis; divisíveis e indivisíveis; singulares e coletivos);  
2) os bens reciprocamente considerados (principais e acessórios); e  
3) os bens conforme a natureza das pessoas de seus titulares (públicos e privados, disponíveis ou indisponíveis).  
2. OS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMO 
– BENS IMÓVEIS 
O Código Civil encarregou-se de definir os bens imóveis, com base em três critérios: 
a) natural; 
b) artificial; e 
c) ficcional ou legal. 
Estabelece o Código Civil que são bens imóveis o solo e tudo quanto lhe incorporar natural ou artificialmente, numa combinação de dois critérios: o natural e o artificial. 
Sob o critério legal ou ficcional , o Código Civil considerou, ainda, bens imóveis:  
a) os direitos reais sobre imóveis e as ações que o asseguram; e b) o direito à sucessão aberta.  
Ressalta o legislador que não perdem o caráter de bens imóveis:  
a) as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; e  
b) os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Permite -se a inferência de que não é pela propriedade ou característica de 
transferibilidade ou removibilidade que se define um bem imóvel, consoante se conclui da leitura das coisas elencadas pelo legislador. 
Também, não será sua natureza corpórea, porque é possível que o direito à sucessão aberta, considerado para os efeitos legais, um bem imóvel, não se apresente com os 
predicativos próprios das coisas que têm corpo.  
Certamente, estimula o erro a afirmação de que o legislador descreveu taxativamente os bens imóveis, como se todos estivessem relacionados à exaustão nos dispositivos 
do Código Civil, haja vista que a legislação complementar poderá descrever outros.De acordo com o artigo 79 do CC, são bens imóveis o soloe tudo quanto se lhe incorporar 
natural ou artificialmente (árvore, plantação, casa etc). Não perdendo as características de imóvel as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, 
forem removidas para outro local e os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. 
São considerados imóveis por força de lei os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram e o direito à sucessão aberta (aquela que se realiza por causa 
mortis). 
  
RES NULLIUS – coisa de ninguém    
RES DERELICTAE – coisa abandonada – 
RES COMMUNES OMNIUM – coisa comum aos homens 
 Desta distinção resultam os importantes efeitos jurídicos abaixo, entre outros: 
1- a propriedade dos bens móveis se transfere com a tradição (1267 CC), enquanto que a transferência da propriedade dos imóveis se faz por escritura pública (1245  CC); 
2- os bens móveis podem ser alienados livremente, enquanto que os imóveis, ressalvado o regime de separação absoluta de bens, nenhum dos cônjuges pode, sem 
autorização do outro, alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis (1647 CC). 
– BENS MÓVEIS. 
São as coisas móveis caracterizadas como aquelas que têm movimento próprio (semolventes), como animais; ou as removíveis por força alheia, tais como objetos, 
mercadorias, utensílios, moeda, títulos da dívida pública etc. (art 82 CC), sem alteração da substância ou da destinação econômico -social, bem como as que são móveis 
por força de lei, como a energia elétrica, os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações etc (art 83 do CC). 
Assim, de acordo com o Código Civil, bens móveis são os "suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação 
econômico-social". 
Também são considerados, para os efeitos legais, bens móveis :  
a) as energias que tenham valor econômico;  
b) os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; e  
c) os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.  
Percebe-se que o Código Civil, na definição de bem móvel, calcou-se em dois critérios:  
a) natural; e 
b) ficcional ou legal. 
Na classe dos bens móveis, pelo critério natural, existem os:  
a) os bens suscetíveis de movimento próprio ; 
b) os bens suscetíveis de remoção por força alheia. A nova disposição desenhada é quase a reprodução legal da regra vigente no Código anterior, que oferecia classificação 
dos bens móveis, pelo critério natural, com base na definição de que se expurgava a expressão "sem alteração da substância ou da destinação econômico-social". 
Para a lei, acomoda-se indiferente a natureza da força física ou jurídica mediante a qual o bem se movimenta, situação que lhe confere o atributo de bem móvel. 
A força que estimula a movimentação ou mobilidade do bem pode ser própria ou alheia, posto que se lhe guarda o atributo de bem móvel, desde que a interferência não lhe 
altere a substância ou a destinação econômico-social. 
Mostra-se a regra indiferente, por conseguinte, à causa que fomenta a movimentação ou a mobilidade do bem, haja vista que ela mais se preocupa com a conservação da 
substância ou da destinação econômico-social. 
Mas se ressalte que a tração capaz de mover o bem decorre da interferência direta ou indireta do homem, que maneja recursos físicos ou jurídicos, em decorrência dos 
quais sucede a movimentação do bem.  
Nada obsta, contudo, a que a natureza ofereça o seu concurso para viabilizar a mobilidade ou movimentação do bem, de que venha o homem a se apropriar.  
O importante, porém, é que, para a movimentação própria ou remoção por força alheia, exige-se a disposição e a intervenção do homem.  
Na classe dos bens móveis, pelo critério ficcional ou legal, houve a inovação, com a introdução das energias que tenham valor econômico e os direitos pessoais de caráter 
patrimonial e as respectivas ações , como bens móveis.  
A energia que se considera bem móvel é aquela que o homem, aproveitando-se dos recursos naturais e científicos, produz, transmite e distribui, com agregação de valor 
econômico, por força de sua utilidade e necessidade.  
Os direitos reais sobre objetos móveis, com as ações correspondentes, foram considerados bens móveis, para os efeitos meramente legais.  
Em relação aos direitos pessoais de caráter patrimonial, com as respectivas ações, diz-se que o conceito é ampliativo ou extensivo, sob cujo alcance acham-se todos os 
direitos que dizem respeito aos atributos da pessoa, natural ou jurídica.  
Ressalte-se, ainda, que o Código Civil conservou a regra segundo a qual "os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua 
qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio". 
OS BENS MÓVEIS DIVIDEM-SE EM: 
BENS FUNGÍVEIS E NÃO FUNGÍVEIS (OU INFUNGÍVEIS) 
A) BENS FUNGÍVEIS - são aqueles que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Fungível = substituível - art. 85 do CC. 
O dinheiro é o bem fungível por excelência, dado que quando se empresta uma quantia a alguém (por exemplo, R$100,00), não se está exigindo de volta aquelas mesmas 
cédulas, mas sim um valor, que pode ser pago com quaisquer notas de Real (moeda). 
Se a utilização de um bem fungível implica na sua destruição ou transformação em outra substância (como uma xícara - ou chávena - de açúcar emprestada para se fazer 
um bolo), este bem é denominado consumível. 
Como os bens fungíveis podem ser substituídos por outros da mesma espécie, quantidade e qualidade, esse predicativo da permuta, sem prejuízo da essência ou natureza, 
favorece a faculdade que se confere ao devedor no cumprimento da obrigação.  
Decerto, pela propriedade da equivalência, admite-se que o devedor entregue ao credor uma coisa em substituição à outra, situação mediante a qual se tem como adimplida 
a obrigação, se observadas, evidentemente, as particularidades referentes ao gênero, à qualidade e à quantidade. 
B) BENS INFUNGÍVEIS - não podem substitui-se por outros da mesma espécie e qualidade e quantidade. 
Infungibilidade é o princípio que define os bens móveis que não podem ser substituídos por outros da mesma espécie, quantidade e qualidade. Logo, todo bem móvel único é 
infungível, assim como todo bem imóvel. 
São infungíveis as obras de arte, bens produzidos em série que foram personalizados, objetos raros dos quais restam um único exemplar, etc. 
BENS CONSUMÍVEIS E NÃO CONSUMÍMEIS 
A) BENS CONSUMÍVEIS - são bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados a alienação, ou seja, 
coisas que se excluem, num só ato, com o primeiro uso, podendo ser coisas fungíveis ou infungíveis.  
Na caracterização do bem consumível, deixa-se de investigar a natureza a causa ou a natureza do consumo, haja vista que importa constatar que, com o uso, lhe ocorreu a 
destruição imediata da própria substância.  
Consumir não significa, apenas, alimentar-se biologicamente, como característica ímpar que se agrega ao bem chamado consumível, porquanto a expressão alarga -se na 
extensão necessária para alcançar todo processo natural ou artificial que gere ou provoque, com o uso, a destruição imediata da própria substância.  
Não basta a descaracterização formal do bem para se lhe atribuir o caráter de consumível, se cujo uso não lhe implicar a destruição imediata da própria substância.  
É interessante observar que a lei também emprestou o caráter de bem móvel consumível a todo bem que se destina à alienação, o que reforça o entendimento segundo o 
qual o processo que lhe explica a natureza não é apenas o consumo biológico. 
No entanto, vale a ressalva de que consumibilidade não se confunde com deteriorabilidade, atributos que se impregnam nos bens, conforme a natureza. 
A deteriorabilidade é, no geral, caráter de coisa inconsumível; a consumibilidade, de coisa consumível, obviamente. 
B) BENS INCONSUMÍVEIS - bens que proporcionamreiterada utilização do homem, sem destruição da sua substância. Assim, não é consumível a roupa, de uso de uma 
pessoa, já que lhe proporciona o uso reiterado. Todavia, a mesma roupa torna-se consumível numa loja, onde se destina à venda. 
BENS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS 
A) BENS DIVISÍVEIS - são as que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. Podem partir-
se em porções reais distintas, formando cada qual um todo perfeito - art. 87 do CC. 
B) BENS INDIVISÍVEIS - são aquelas que não comportam fracionamento ou aquelas que, fracionadas, perdem a possibilidade de prestar serviços e utilidades que o todo 
anteriormente oferecia. 
Um exemplo de bem indivisível é um carro ou um diamante lapidado (uma vez que sua divisão irá acarretar uma diminuição considerável de valor). Vale lembrar que um bem 
fisicamente divisível pode ser transformado em indivisível por vontade das partes ou por determinação legal. Também, ressalta -se que a divisão física em partes iguais de 
coisa indivisível, quando possível (um terreno, por exemplo) é denominada pro indiviso. 
Analisa-se a divisibilidade com base em dois atributos de natureza: 
a) física; e  
b) jurídica. A caracterização da divisibilidade sob o aspecto físico prende-se à natureza da possibilidade de fracionamento do bem.  
Quando pode ser dividido fisicamente, diz-se que o bem é divisível; ao contrário, fala-se em bem indivisível.  
Essa obviedade permite a instalação da assertiva de que a primeira referência que se busca para a definição da divisão de um bem é a da aceitação física. 
Em sendo assim, a própria natureza do bem sugere ou aceita a divisão, seja um bem móvel ou imóvel.  
Sublinhe-se que o conhecimento científico atrofiado sedimentou, no primeiro momento, a dimensão da divisibilidade física das coisas, a qual se intimidava, com 
repercussão, inclusive, no campo jurídico.  
A divisibilidade, sobre se revelar um entendimento físico ou natural, incorpora o ideológico, para permitir que os bens incorpóreos também estejam inseridos na regra do 
fracionamento, desde que, seja física ou jurídica a natureza da divisão, não sobrevenha:  
a) a substância;  
b) a diminuição considerável de valor;  
c) o uso a que se destinam. 
Recusa a lei que um bem seja dividido, se houver alteração ou perda da sua substância, que significa a qualidade que lhe define e que lhe faz próprio, enquanto se conserva 
a utilidade a que se destina. 
Pouco importa a extensão da alteração, sendo suficiente, porém, que atinge a substância do bem, que, aí, já não se presta a alvejar a satisfação de um interesse ou 
necessidade, porquanto se lhe esvaiu a qualidade. 
Rejeita a lei que um bem seja dividido, se lhe sobrevier diminuição considerável de valor, que implica a desvalorização de ordem econômica, financeira, histórica, científica, 
cultural, etc que se lhe agrega por força de sua própria natureza.  
Entenda-se como diminuição considerável de valor de que fala a regra o fenômeno que deprecia o bem a ponto de o tornar minguado, capaz de provocar substancial prejuízo, 
de ordem social ou econômico-financeira, ao titular em cujo patrimônio se encontra, com empobrecimento manifesto. 
O valor, por conseguinte, não se afere apenas pela expressão monetária, posto que qualidades outras podem influenciar mais na composição dos elementos que definem a 
relevância do bem, com conteúdo que não se limite ao econômico-social. 
Nega a lei, por fim, que um bem seja dividido, se lhe ocorrer prejuízo do uso a que se destina, que representa a desfiguração formal ou material que fragiliza ou impede seja 
ele utilizado na plenitude para alcançar o resultado a que se presta, como meio ou instrumento.  
Destaque-se que a regra não exige que o prejuízo do uso seja parcial ou total, razão por que se impõe a análise em cada caso, segundo o bem, a natureza e a sua 
finalidade. 
Mas, como regra geral, sustente-se que, se houver prejuízo do uso, inviabiliza-se a divisão do bem, salvo se restar demonstrado que, ainda prejudicado, ele pode cumprir 
uma obrigação, promover uma necessidade ou suprir um interesse, malgrado o faça parcialmente.  
Sublinhe-se que bens divisíveis, corpóreos ou incorpóreos - aqui se fala apenas em divisão jurídica, não física -, são aqueles que de possível fracionamento, que comportam 
segmentação, que aceitam divisão, que se compatibilizam com fracionamento. 
No entanto, não é fato que todo bem é divisível, embora enquanto coisa possa se submeter à divisão, haja vista que o comando legal assimila a regra segundo a qual os 
bens naturalmente divisíveis podem se tornar indivisíveis: 
a) por determinação legal; ou  
b) por vontade das partes - divisão chamada convencional. Comporta-se obsequioso o Código Civil à regra de que uma lei possa determinar que um bem, naturalmente 
divisível, trespasse sua realidade física e, pois, se transforme num bem indivisível, se o interesse público assim justificar.  
Mais: à vontade das partes - aqui se entenda pessoas físicas ou jurídicas que protagonizem relação jurídica  - tem autoridade, também, para alterar o regime natural do bem, 
objeto da nuclear do contrato, emprestando-lhe, circunstancialmente, a natureza de indivisibilidade. 
Ressalve-se, contudo, que os bens corpóreos somente podem ser juridicamente divididos quando forem naturalmente - diga-se normalmente e não apenas por influência de 
fenômeno natural - divisíveis.  
BENS SINGULARES E BENS COLETIVOS 
A) BENS SINGULARES – Embora reunidos, se consideram per si, independentemente dos demais, têm individualidade própria, valor próprio.  À esta singularidade deve-se, 
também, emprestar o significado da titulação de um predicativo exclusivo que particulariza o bem, distinguindo-lhe extraordinariamente, como se fosse fora do comum ou 
excepcional. 
B) BENS COLETIVOS (ou universais) - são as que, embora constituídas de duas ou mais coisas singulares, consideram -se agrupadas num todo. 
Os bens coletivos dividem-se em: 
a) universalidades de fato (universitas facti); e 
b) universalidades de direito (universitas juris). 
Na universalidade de fato, concorre a pluralidade de bens singulares, simples ou compostos pertinentes à mesma pessoa, natural ou jurídica, os quais se prestam à 
destinação unitária ou comum. 
Justifica-se a lembrança de que, na universalidade de fato - tome-se o exemplo de uma esquadrilha, biblioteca, pinacoteca, manada, esquadra, etc -, emerge a constatação 
da composição homogênea dos bens, sob o mesmo domínio. Consente o Código Civil que os bens que formam a universalidade de fato podem ser objeto de relação 
jurídicas próprias , razão por que se diz que eles, se assim desejar o titular, destacam-se do patrimônio agrupado para servir a negócios jurídicos autônomos. 
Na universalidade de direito, reúne-se uma complexidade de bens corpóreos e incorpóreos, a qual se credencia a sedimentar o patrimônio, com ativo e passivo, de uma 
pessoa natural ou jurídica, categorizando-a economicamente. 
Identifica-se, na universalidade de direito, um conjunto que forma uma unidade jurídica, por agregação de bens subordinados a idêntico tratamento jurídico, enquanto se 
apresentarem, porém, na projeção patrimonial da mesma pessoa. 
Referências bibliográficas: 
Nome do livro: Curso de Direito Civil. Vol 1 Parte Geral - ISBN. 8530927923 
Nome do autor: NADER, Paulo. 
Editora: Forense 
Ano: 2009 
Edição: 6a 
Nome do capítulo: Bens e patrimônio 
N. de páginas do capítulo: 13 
Aplicação Prática Teórica 
CASO CONCRETO 1 
Noção de patrimônio. Distinção entre bens e coisas. 
Jairo Silva Santos, jovem tímido de 19 anos é convidado pelos colegas de escola para participar de um luau na praia do Peró, em Cabo Frio/RJ. A noite estava estrelada, a 
música envolvente e aquela gente toda dançando freneticamente deixavam o jovem ainda mais deslocado. Até que conhece Maria Priscila, que o leva para o outro lado da 
praia e com quem acaba tendo sua primeiranoite de amor. No calor do momento, Jairo enterra uma das mãos no chão e segura um punhado de grãos de areia que resolve 
guardar como recordação daquele momento especial. 
Ao voltar para a festa, Jairo tropeça num objeto semi-enterrado na areia, descobrindo que se trata de uma carteira de couro da grife Giorgio Armani contendo R$200,00. 
Diante do caso acima relatado, responda: 
a) Em razão do grande valor sentimental que aquele punhado de areia possui para Jairo, pertence ele a seu patrimônio? Por quê? 
a)Como Jairo não conseguiu identificar o dono da carteira ela passa a fazer parte de seu patrimônio?  Por quê? 
  
a)É possível, de acordo com o Direito Civil brasileiro, uma pessoa ser destituída de todo e qualquer patrimônio? 
CASO CONCRETO 2 
Noção de patrimônio. 
Paula resolve entrar para uma comunidade religiosa em que os bens materiais individuais são considerados impuros. Somente pouquíssimos bens, essenciais, para a 
sobrevivência do grupo, são passíveis de serem aceitos e passam a pertencer à comunidade. Sua mãe, viúva, a adverte de que não poderá se desfazer de todos os seus 
bens por causa da teoria do estatuto jurídico do patrimônio mínimo. 
a)     Paula poderá se desfazer do patrimônio que possui, herança de seu pai? 
b)    A advertência da mãe de Paula está correta? 
CASO CONCRETO 3 
Classificação dos Bens. 
Pertencente a uma expressiva coleção particular mineira - de onde nunca saíra antes a não ser para retrospectivas e salões de arte - a tela Casamento na roça, de Inimá de 
Paula, vai ao mercado. O leilão será no dia 16, na Vitor Braga Rugendas Galeria de Arte, em Belo Horizonte. A obra datada de 1947 traz no verso o carimbo do Salão 
Nacional de Belas Artes de 1949, onde obteve a medalha de prata. Lance inicial: R$ 230 mil. 
Além dessa obra também serão leiloados: 137 calças blue jeans da grife Live Strond, um automóvel Lancia Astura, exemplar único, fabricado especialmente para o ditador 
italiano Benito Mussolini, em 1939, com desenho do ateliê Pininfarina, cinco anéis de brilhante, duas pulseiras de esmeraldas, os dois últimos lotes de vinho tinto da marca 
Merci Borreau, safra 1977, confiscados pela Receita Federal e um terreno de 2.000 m² localizado na Av. Paulista/SP. 
a)     Levando em consideração a classificação dos bens, estabeleça a natureza jurídica dos bens objeto do leilão ?  JUSTIFIQUE sua resposta. 
b)    As roupas referidas no caso acima são consideradas bens consumíveis ou inconsumíveis? 
CASO CONCRETO 4 
Classificação dos bens 
Situada na aprazível cidade de Castro, região da zona rural do Paraná, a fazenda adquirida por Leonor Sigfrid Pandorf possui uma plantação de pinheiros que cobre a maior 
parte da área de 40.000 m², utilizada para a produção de celulose. Ocorre que Leonor resolve mudar de ramo e recebe autorização especial do IBAMA para transformar tudo 
em lenha. 
  
a) Com base na classificação dos bens em móveis e imóveis, estabeleça a natureza jurídica das árvores da fazenda e da lenha conseguida pelo seu corte: 
b) Qual a importância desta distinção? 
Plano de Aula: DIREITO CIVIL I
DIREITO CIVIL I 
Estácio de Sá Página 1 / 6
Título 
DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
6 
Tema 
OS BENS 
Objetivos 
·         Identificar os objetos das relações jurídicas apresentadas. 
·         Compreender a noção jurídica de patrimônio 
·         Perceber a distinção entre bens e coisas. 
·         Reconhecer a classificação dos bens considerados em si mesmos. 
·         Compreender a noção jurídica de fungibilidade dos bens. 
·         Perceber a distinção entre bens móveis e imóveis. 
Estrutura do Conteúdo 
1 –   OS BENS - ELEMENTOS EXTERNOS DA RELAÇÃO JURÍDICA 
          1.1 Os Bens Jurídicos. 
          1.2 Conceito e Espécies. 
1.3 Noção de patrimônio. 
1.4  Distinção entre bens e coisas. 
2 –   OS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS 
          2.1 Bens móveis e imóveis. 
          2.2 Bens fungíveis e não fungíveis (ou infungíveis) 
2.3 Bens consumíveis e não consumímeis. 
2.4  Bens divisíveis e indivisíveis. 
2.5  Bens singulares e Bens coletivos. 
Segue abaixo uma sugestão de roteiro de apresentação do conteúdo programático: 
OS  BENS . 
As pessoas procuram nos bens, materiais ou imateriais, a satisfação de seus desejos e a realização de suas necessidades, em torno dos quais gravitam os interesses e 
os conflitos. 
Um bem pode preencher uma necessidade de ordem material ou imaterial, sem perder o predicativo que a ordem jurídica reconhece como relevante, a exigir tutela.  
Para um melhor esclarecimento acerca da classificação adotada no Código Civil brasileiro, é importante diferenciar "coisa" e "bem". 
Segundo Teixeira de Freitas[1], coisa tem por definição tudo aquilo que possui existência material, seja suscetível de valoração e, conseqüentemente, possa ser objeto de 
apropriação. Conclui-se que a noção de coisa conecta-se, a priori, à de substancia.  
Existem coisas que não são apropriáveis embora sejam úteis, sendo, portanto, denominadas res communes , dentre as quais podemos destacar o ar, a luz, as estrelas, o 
mar. Assim, as coisas comuns são de todo mundo ao mesmo tempo em que não são de ninguém. Há também as coisas que podem ser apropriadas, porém não pertencem 
a ninguém, como é o caso dos animais de caça, dos peixes e das coisas abandonadas (res derelictae). 
Tudo o que tem valor e, por esse motivo, adentra no universo jurídico como objeto de direito, é um bem. Evidencia -se, portanto que a utilidade e a possibilidade de 
apropriação são o que dão valor às coisas, transformando-as em bens. 
 Bem em o sentido de valor, utilidade ou interesse de natureza material, econômico ou moral, ou, em outras palavras, é tudo aquilo que é protegido pelo Direito, tendo ou 
não conteúdo ou valoração econômica. 
Na terminologia jurídica, bens corresponde à res dos romanos, porém, nem sempre bens e coisa podem ser tidos em sentido equivalente,  porquanto há bens que não se 
entendem como coisas, e há coisas que não se entendem como bens. 
Na compreensão jurídica, somente como bens podem ser compreendidas as coisas que tenham dono, isto é, as coisas apropriadas. Escapam, pois, ao sentido de bens, as 
coisas se dono (res nulius). 
Desse modo, toda coisa, todo direito, toda obrigação, enfim, qualquer elemento material ou imaterial, representando uma utilidade ou uma riqueza, integrado no patrimônio 
de alguém e passível de apreciação monetária, pode ser designado como bens. 
Difere-se também de patrimônio, que é o conjunto de bens de que alguém é titular, abrangendo todas as relações jurídicas passíveis de avaliação pecuniária e imputável a 
mesma pessoa. Fazem parte do patrimônio tanto os direitos como os deveres, tanto ativo, como o passivo. Excluem-se: os direitos da personalidade, direito a saúde, a 
liberdade, ao nome e os direitos de família puros, sem apreciação patrimonial (pátrio poder), incluindo-se   os que tenham expressão pecuniária, como o direito aos 
alimentos. 
1 – BENS CORPÓREOS E INCORPÓREOS. 
É inquestionável a possibilidade de as coisas físicas serem objeto de relações jurídicas. Assim, na propriedade de uma coisa qualquer (um carro, um relógio), o objeto será 
a própria coisa. Os incorpóreos são os que não têm existência tangível e são relativos aos direitos que as pessoas físicas ou jurídicas têm sobre as coisas, sobre os 
produtos de seu intelecto ou com outra pessoa, apresentando valor econômico, tais como os direitos reais, obrigacionais e autorais. 
.2 - CERTAS COISAS INCORPÓREAS COMO OBJETO DE RELAÇÕES JURÍDICAS 
São aqueles que não tem existência tangível e são relativos aos direitos que as pessoas físicas ou jurídicas têm sobre as coisas, sobre os produtos de seu intelecto ou 
contra outra pessoa, apresentando valor econômico, tais como: direitos reais, obrigacionais, autorais. Referimo -nos também aos chamados bens de personalidade: 
  
art 5º- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aosbrasileiros e aos estrangeiros residentes no 
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
............. 
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da 
lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias: 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou 
moral decorrente de sua violação; 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
  
e aos bens imateriais (Lei do Direito Autoral). 
3 - PESSOAS COMO OBJETO DE RELAÇÕES JURÍDICAS 
Só há lugar em casos muito restritos.  
4 – CLASSIFICAÇÃO DOS BENS. 
O Código Civil armou a estrutura normativa do instituto dos bens, com a arrumação que comporta o seguinte esquema de classificação, observando-se três grupos:  
1) os bens considerados em si mesmos (móveis e imóveis; fungíveis e infungíveis; consumíveis e inconsumíveis; divisíveis e indivisíveis; singulares e coletivos);  
2) os bens reciprocamente considerados (principais e acessórios); e  
3) os bens conforme a natureza das pessoas de seus titulares (públicos e privados, disponíveis ou indisponíveis).  
2. OS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMO 
– BENS IMÓVEIS 
O Código Civil encarregou-se de definir os bens imóveis, com base em três critérios: 
a) natural; 
b) artificial; e 
c) ficcional ou legal. 
Estabelece o Código Civil que são bens imóveis o solo e tudo quanto lhe incorporar natural ou artificialmente, numa combinação de dois critérios: o natural e o artificial. 
Sob o critério legal ou ficcional , o Código Civil considerou, ainda, bens imóveis:  
a) os direitos reais sobre imóveis e as ações que o asseguram; e b) o direito à sucessão aberta.  
Ressalta o legislador que não perdem o caráter de bens imóveis:  
a) as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; e  
b) os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Permite -se a inferência de que não é pela propriedade ou característica de 
transferibilidade ou removibilidade que se define um bem imóvel, consoante se conclui da leitura das coisas elencadas pelo legislador. 
Também, não será sua natureza corpórea, porque é possível que o direito à sucessão aberta, considerado para os efeitos legais, um bem imóvel, não se apresente com os 
predicativos próprios das coisas que têm corpo.  
Certamente, estimula o erro a afirmação de que o legislador descreveu taxativamente os bens imóveis, como se todos estivessem relacionados à exaustão nos dispositivos 
do Código Civil, haja vista que a legislação complementar poderá descrever outros.De acordo com o artigo 79 do CC, são bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar 
natural ou artificialmente (árvore, plantação, casa etc). Não perdendo as características de imóvel as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, 
forem removidas para outro local e os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. 
São considerados imóveis por força de lei os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram e o direito à sucessão aberta (aquela que se realiza por causa 
mortis). 
  
RES NULLIUS – coisa de ninguém    
RES DERELICTAE – coisa abandonada – 
RES COMMUNES OMNIUM – coisa comum aos homens 
 Desta distinção resultam os importantes efeitos jurídicos abaixo, entre outros: 
1- a propriedade dos bens móveis se transfere com a tradição (1267 CC), enquanto que a transferência da propriedade dos imóveis se faz por escritura pública (1245  CC); 
2- os bens móveis podem ser alienados livremente, enquanto que os imóveis, ressalvado o regime de separação absoluta de bens, nenhum dos cônjuges pode, sem 
autorização do outro, alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis (1647 CC). 
– BENS MÓVEIS. 
São as coisas móveis caracterizadas como aquelas que têm movimento próprio (semolventes), como animais; ou as removíveis por força alheia, tais como objetos, 
mercadorias, utensílios, moeda, títulos da dívida pública etc. (art 82 CC), sem alteração da substância ou da destinação econômico -social, bem como as que são móveis 
por força de lei, como a energia elétrica, os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações etc (art 83 do CC). 
Assim, de acordo com o Código Civil, bens móveis são os "suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação 
econômico-social". 
Também são considerados, para os efeitos legais, bens móveis :  
a) as energias que tenham valor econômico;  
b) os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; e  
c) os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.  
Percebe-se que o Código Civil, na definição de bem móvel, calcou-se em dois critérios:  
a) natural; e 
b) ficcional ou legal. 
Na classe dos bens móveis, pelo critério natural, existem os:  
a) os bens suscetíveis de movimento próprio ; 
b) os bens suscetíveis de remoção por força alheia. A nova disposição desenhada é quase a reprodução legal da regra vigente no Código anterior, que oferecia classificação 
dos bens móveis, pelo critério natural, com base na definição de que se expurgava a expressão "sem alteração da substância ou da destinação econômico-social". 
Para a lei, acomoda-se indiferente a natureza da força física ou jurídica mediante a qual o bem se movimenta, situação que lhe confere o atributo de bem móvel. 
A força que estimula a movimentação ou mobilidade do bem pode ser própria ou alheia, posto que se lhe guarda o atributo de bem móvel, desde que a interferência não lhe 
altere a substância ou a destinação econômico-social. 
Mostra-se a regra indiferente, por conseguinte, à causa que fomenta a movimentação ou a mobilidade do bem, haja vista que ela mais se preocupa com a conservação da 
substância ou da destinação econômico-social. 
Mas se ressalte que a tração capaz de mover o bem decorre da interferência direta ou indireta do homem, que maneja recursos físicos ou jurídicos, em decorrência dos 
quais sucede a movimentação do bem.  
Nada obsta, contudo, a que a natureza ofereça o seu concurso para viabilizar a mobilidade ou movimentação do bem, de que venha o homem a se apropriar.  
O importante, porém, é que, para a movimentação própria ou remoção por força alheia, exige-se a disposição e a intervenção do homem.  
Na classe dos bens móveis, pelo critério ficcional ou legal, houve a inovação, com a introdução das energias que tenham valor econômico e os direitos pessoais de caráter 
patrimonial e as respectivas ações , como bens móveis.  
A energia que se considera bem móvel é aquela que o homem, aproveitando-se dos recursos naturais e científicos, produz, transmite e distribui, com agregação de valor 
econômico, por força de sua utilidade e necessidade.  
Os direitos reais sobre objetos móveis, com as ações correspondentes, foram considerados bens móveis, para os efeitos meramente legais.  
Em relação aos direitos pessoais de caráter patrimonial, com as respectivas ações, diz-se que o conceito é ampliativo ou extensivo, sob cujo alcance acham-se todos os 
direitos que dizem respeito aos atributos da pessoa, natural ou jurídica.  
Ressalte-se, ainda, que o Código Civil conservou a regra segundo a qual "os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua 
qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio". 
OS BENS MÓVEIS DIVIDEM-SE EM: 
BENS FUNGÍVEIS E NÃO FUNGÍVEIS (OU INFUNGÍVEIS)A) BENS FUNGÍVEIS - são aqueles que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Fungível = substituível - art. 85 do CC. 
O dinheiro é o bem fungível por excelência, dado que quando se empresta uma quantia a alguém (por exemplo, R$100,00), não se está exigindo de volta aquelas mesmas 
cédulas, mas sim um valor, que pode ser pago com quaisquer notas de Real (moeda). 
Se a utilização de um bem fungível implica na sua destruição ou transformação em outra substância (como uma xícara - ou chávena - de açúcar emprestada para se fazer 
um bolo), este bem é denominado consumível. 
Como os bens fungíveis podem ser substituídos por outros da mesma espécie, quantidade e qualidade, esse predicativo da permuta, sem prejuízo da essência ou natureza, 
favorece a faculdade que se confere ao devedor no cumprimento da obrigação.  
Decerto, pela propriedade da equivalência, admite-se que o devedor entregue ao credor uma coisa em substituição à outra, situação mediante a qual se tem como adimplida 
a obrigação, se observadas, evidentemente, as particularidades referentes ao gênero, à qualidade e à quantidade. 
B) BENS INFUNGÍVEIS - não podem substitui-se por outros da mesma espécie e qualidade e quantidade. 
Infungibilidade é o princípio que define os bens móveis que não podem ser substituídos por outros da mesma espécie, quantidade e qualidade. Logo, todo bem móvel único é 
infungível, assim como todo bem imóvel. 
São infungíveis as obras de arte, bens produzidos em série que foram personalizados, objetos raros dos quais restam um único exemplar, etc. 
BENS CONSUMÍVEIS E NÃO CONSUMÍMEIS 
A) BENS CONSUMÍVEIS - são bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados a alienação, ou seja, 
coisas que se excluem, num só ato, com o primeiro uso, podendo ser coisas fungíveis ou infungíveis.  
Na caracterização do bem consumível, deixa-se de investigar a natureza a causa ou a natureza do consumo, haja vista que importa constatar que, com o uso, lhe ocorreu a 
destruição imediata da própria substância.  
Consumir não significa, apenas, alimentar-se biologicamente, como característica ímpar que se agrega ao bem chamado consumível, porquanto a expressão alarga -se na 
extensão necessária para alcançar todo processo natural ou artificial que gere ou provoque, com o uso, a destruição imediata da própria substância.  
Não basta a descaracterização formal do bem para se lhe atribuir o caráter de consumível, se cujo uso não lhe implicar a destruição imediata da própria substância.  
É interessante observar que a lei também emprestou o caráter de bem móvel consumível a todo bem que se destina à alienação, o que reforça o entendimento segundo o 
qual o processo que lhe explica a natureza não é apenas o consumo biológico. 
No entanto, vale a ressalva de que consumibilidade não se confunde com deteriorabilidade, atributos que se impregnam nos bens, conforme a natureza. 
A deteriorabilidade é, no geral, caráter de coisa inconsumível; a consumibilidade, de coisa consumível, obviamente. 
B) BENS INCONSUMÍVEIS - bens que proporcionam reiterada utilização do homem, sem destruição da sua substância. Assim, não é consumível a roupa, de uso de uma 
pessoa, já que lhe proporciona o uso reiterado. Todavia, a mesma roupa torna-se consumível numa loja, onde se destina à venda. 
BENS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS 
A) BENS DIVISÍVEIS - são as que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. Podem partir-
se em porções reais distintas, formando cada qual um todo perfeito - art. 87 do CC. 
B) BENS INDIVISÍVEIS - são aquelas que não comportam fracionamento ou aquelas que, fracionadas, perdem a possibilidade de prestar serviços e utilidades que o todo 
anteriormente oferecia. 
Um exemplo de bem indivisível é um carro ou um diamante lapidado (uma vez que sua divisão irá acarretar uma diminuição considerável de valor). Vale lembrar que um bem 
fisicamente divisível pode ser transformado em indivisível por vontade das partes ou por determinação legal. Também, ressalta -se que a divisão física em partes iguais de 
coisa indivisível, quando possível (um terreno, por exemplo) é denominada pro indiviso. 
Analisa-se a divisibilidade com base em dois atributos de natureza: 
a) física; e  
b) jurídica. A caracterização da divisibilidade sob o aspecto físico prende-se à natureza da possibilidade de fracionamento do bem.  
Quando pode ser dividido fisicamente, diz-se que o bem é divisível; ao contrário, fala-se em bem indivisível.  
Essa obviedade permite a instalação da assertiva de que a primeira referência que se busca para a definição da divisão de um bem é a da aceitação física. 
Em sendo assim, a própria natureza do bem sugere ou aceita a divisão, seja um bem móvel ou imóvel.  
Sublinhe-se que o conhecimento científico atrofiado sedimentou, no primeiro momento, a dimensão da divisibilidade física das coisas, a qual se intimidava, com 
repercussão, inclusive, no campo jurídico.  
A divisibilidade, sobre se revelar um entendimento físico ou natural, incorpora o ideológico, para permitir que os bens incorpóreos também estejam inseridos na regra do 
fracionamento, desde que, seja física ou jurídica a natureza da divisão, não sobrevenha:  
a) a substância;  
b) a diminuição considerável de valor;  
c) o uso a que se destinam. 
Recusa a lei que um bem seja dividido, se houver alteração ou perda da sua substância, que significa a qualidade que lhe define e que lhe faz próprio, enquanto se conserva 
a utilidade a que se destina. 
Pouco importa a extensão da alteração, sendo suficiente, porém, que atinge a substância do bem, que, aí, já não se presta a alvejar a satisfação de um interesse ou 
necessidade, porquanto se lhe esvaiu a qualidade. 
Rejeita a lei que um bem seja dividido, se lhe sobrevier diminuição considerável de valor, que implica a desvalorização de ordem econômica, financeira, histórica, científica, 
cultural, etc que se lhe agrega por força de sua própria natureza.  
Entenda-se como diminuição considerável de valor de que fala a regra o fenômeno que deprecia o bem a ponto de o tornar minguado, capaz de provocar substancial prejuízo, 
de ordem social ou econômico-financeira, ao titular em cujo patrimônio se encontra, com empobrecimento manifesto. 
O valor, por conseguinte, não se afere apenas pela expressão monetária, posto que qualidades outras podem influenciar mais na composição dos elementos que definem a 
relevância do bem, com conteúdo que não se limite ao econômico-social. 
Nega a lei, por fim, que um bem seja dividido, se lhe ocorrer prejuízo do uso a que se destina, que representa a desfiguração formal ou material que fragiliza ou impede seja 
ele utilizado na plenitude para alcançar o resultado a que se presta, como meio ou instrumento.  
Destaque-se que a regra não exige que o prejuízo do uso seja parcial ou total, razão por que se impõe a análise em cada caso, segundo o bem, a natureza e a sua 
finalidade. 
Mas, como regra geral, sustente-se que, se houver prejuízo do uso, inviabiliza-se a divisão do bem, salvo se restar demonstrado que, ainda prejudicado, ele pode cumprir 
uma obrigação, promover uma necessidade ou suprir um interesse, malgrado o faça parcialmente.  
Sublinhe-se que bens divisíveis, corpóreos ou incorpóreos - aqui se fala apenas em divisão jurídica, não física -, são aqueles que de possível fracionamento, que comportam 
segmentação, que aceitam divisão, que se compatibilizam com fracionamento. 
No entanto, não é fato que todo bem é divisível, embora enquanto coisa possa se submeter à divisão, haja vista que o comando legal assimila a regra segundo a qual os 
bens naturalmente divisíveis podem se tornar indivisíveis: 
a) por determinação legal; ou  
b) por vontade das partes - divisão chamada convencional. Comporta-se obsequioso o Código Civil à regra de que uma lei possa determinar que um bem, naturalmentedivisível, trespasse sua realidade física e, pois, se transforme num bem indivisível, se o interesse público assim justificar.  
Mais: à vontade das partes - aqui se entenda pessoas físicas ou jurídicas que protagonizem relação jurídica  - tem autoridade, também, para alterar o regime natural do bem, 
objeto da nuclear do contrato, emprestando-lhe, circunstancialmente, a natureza de indivisibilidade. 
Ressalve-se, contudo, que os bens corpóreos somente podem ser juridicamente divididos quando forem naturalmente - diga-se normalmente e não apenas por influência de 
fenômeno natural - divisíveis.  
BENS SINGULARES E BENS COLETIVOS 
A) BENS SINGULARES – Embora reunidos, se consideram per si, independentemente dos demais, têm individualidade própria, valor próprio.  À esta singularidade deve-se, 
também, emprestar o significado da titulação de um predicativo exclusivo que particulariza o bem, distinguindo-lhe extraordinariamente, como se fosse fora do comum ou 
excepcional. 
B) BENS COLETIVOS (ou universais) - são as que, embora constituídas de duas ou mais coisas singulares, consideram -se agrupadas num todo. 
Os bens coletivos dividem-se em: 
a) universalidades de fato (universitas facti); e 
b) universalidades de direito (universitas juris). 
Na universalidade de fato, concorre a pluralidade de bens singulares, simples ou compostos pertinentes à mesma pessoa, natural ou jurídica, os quais se prestam à 
destinação unitária ou comum. 
Justifica-se a lembrança de que, na universalidade de fato - tome-se o exemplo de uma esquadrilha, biblioteca, pinacoteca, manada, esquadra, etc -, emerge a constatação 
da composição homogênea dos bens, sob o mesmo domínio. Consente o Código Civil que os bens que formam a universalidade de fato podem ser objeto de relação 
jurídicas próprias , razão por que se diz que eles, se assim desejar o titular, destacam-se do patrimônio agrupado para servir a negócios jurídicos autônomos. 
Na universalidade de direito, reúne-se uma complexidade de bens corpóreos e incorpóreos, a qual se credencia a sedimentar o patrimônio, com ativo e passivo, de uma 
pessoa natural ou jurídica, categorizando-a economicamente. 
Identifica-se, na universalidade de direito, um conjunto que forma uma unidade jurídica, por agregação de bens subordinados a idêntico tratamento jurídico, enquanto se 
apresentarem, porém, na projeção patrimonial da mesma pessoa. 
Referências bibliográficas: 
Nome do livro: Curso de Direito Civil. Vol 1 Parte Geral - ISBN. 8530927923 
Nome do autor: NADER, Paulo. 
Editora: Forense 
Ano: 2009 
Edição: 6a 
Nome do capítulo: Bens e patrimônio 
N. de páginas do capítulo: 13 
Aplicação Prática Teórica 
CASO CONCRETO 1 
Noção de patrimônio. Distinção entre bens e coisas. 
Jairo Silva Santos, jovem tímido de 19 anos é convidado pelos colegas de escola para participar de um luau na praia do Peró, em Cabo Frio/RJ. A noite estava estrelada, a 
música envolvente e aquela gente toda dançando freneticamente deixavam o jovem ainda mais deslocado. Até que conhece Maria Priscila, que o leva para o outro lado da 
praia e com quem acaba tendo sua primeira noite de amor. No calor do momento, Jairo enterra uma das mãos no chão e segura um punhado de grãos de areia que resolve 
guardar como recordação daquele momento especial. 
Ao voltar para a festa, Jairo tropeça num objeto semi-enterrado na areia, descobrindo que se trata de uma carteira de couro da grife Giorgio Armani contendo R$200,00. 
Diante do caso acima relatado, responda: 
a) Em razão do grande valor sentimental que aquele punhado de areia possui para Jairo, pertence ele a seu patrimônio? Por quê? 
a)Como Jairo não conseguiu identificar o dono da carteira ela passa a fazer parte de seu patrimônio?  Por quê? 
  
a)É possível, de acordo com o Direito Civil brasileiro, uma pessoa ser destituída de todo e qualquer patrimônio? 
CASO CONCRETO 2 
Noção de patrimônio. 
Paula resolve entrar para uma comunidade religiosa em que os bens materiais individuais são considerados impuros. Somente pouquíssimos bens, essenciais, para a 
sobrevivência do grupo, são passíveis de serem aceitos e passam a pertencer à comunidade. Sua mãe, viúva, a adverte de que não poderá se desfazer de todos os seus 
bens por causa da teoria do estatuto jurídico do patrimônio mínimo. 
a)     Paula poderá se desfazer do patrimônio que possui, herança de seu pai? 
b)    A advertência da mãe de Paula está correta? 
CASO CONCRETO 3 
Classificação dos Bens. 
Pertencente a uma expressiva coleção particular mineira - de onde nunca saíra antes a não ser para retrospectivas e salões de arte - a tela Casamento na roça, de Inimá de 
Paula, vai ao mercado. O leilão será no dia 16, na Vitor Braga Rugendas Galeria de Arte, em Belo Horizonte. A obra datada de 1947 traz no verso o carimbo do Salão 
Nacional de Belas Artes de 1949, onde obteve a medalha de prata. Lance inicial: R$ 230 mil. 
Além dessa obra também serão leiloados: 137 calças blue jeans da grife Live Strond, um automóvel Lancia Astura, exemplar único, fabricado especialmente para o ditador 
italiano Benito Mussolini, em 1939, com desenho do ateliê Pininfarina, cinco anéis de brilhante, duas pulseiras de esmeraldas, os dois últimos lotes de vinho tinto da marca 
Merci Borreau, safra 1977, confiscados pela Receita Federal e um terreno de 2.000 m² localizado na Av. Paulista/SP. 
a)     Levando em consideração a classificação dos bens, estabeleça a natureza jurídica dos bens objeto do leilão ?  JUSTIFIQUE sua resposta. 
b)    As roupas referidas no caso acima são consideradas bens consumíveis ou inconsumíveis? 
CASO CONCRETO 4 
Classificação dos bens 
Situada na aprazível cidade de Castro, região da zona rural do Paraná, a fazenda adquirida por Leonor Sigfrid Pandorf possui uma plantação de pinheiros que cobre a maior 
parte da área de 40.000 m², utilizada para a produção de celulose. Ocorre que Leonor resolve mudar de ramo e recebe autorização especial do IBAMA para transformar tudo 
em lenha. 
  
a) Com base na classificação dos bens em móveis e imóveis, estabeleça a natureza jurídica das árvores da fazenda e da lenha conseguida pelo seu corte: 
b) Qual a importância desta distinção? 
Plano de Aula: DIREITO CIVIL I
DIREITO CIVIL I 
Estácio de Sá Página 2 / 6
Título 
DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
6 
Tema 
OS BENS 
Objetivos 
·         Identificar os objetos das relações jurídicas apresentadas. 
·         Compreender a noção jurídica de patrimônio 
·         Perceber a distinção entre bens e coisas. 
·         Reconhecer a classificação dos bens considerados em si mesmos. 
·         Compreender a noção jurídica de fungibilidade dos bens. 
·         Perceber a distinção entre bens móveis e imóveis. 
Estrutura do Conteúdo 
1 –   OS BENS - ELEMENTOS EXTERNOS DA RELAÇÃO JURÍDICA 
          1.1 Os Bens Jurídicos. 
          1.2 Conceito e Espécies. 
1.3 Noção de patrimônio. 
1.4  Distinção entre bens e coisas. 
2 –   OS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS 
          2.1 Bens móveis e imóveis. 
          2.2 Bens fungíveis e não fungíveis (ou infungíveis) 
2.3 Bens consumíveis e não consumímeis. 
2.4  Bens divisíveis e indivisíveis. 
2.5  Bens singulares e Bens coletivos. 
Segue abaixo uma sugestão de roteiro de apresentação do conteúdo programático: 
OS  BENS . 
As pessoas procuram nos bens, materiais ou imateriais, a satisfação de seus desejos e a realização de suas necessidades, em torno dos quais gravitam os interesses e 
os conflitos. 
Um bem pode preencher uma necessidade de ordem material ou imaterial, sem perder o predicativo que a ordem jurídica reconhece como relevante, a exigir tutela.  
Para um melhor esclarecimento acerca da classificação adotada no Código Civil brasileiro, é importante diferenciar "coisa" e "bem". 
Segundo Teixeira de Freitas[1], coisa tem por definição tudo aquilo que possui existência material, seja suscetível de valoração e, conseqüentemente, possa ser objeto deapropriação. Conclui-se que a noção de coisa conecta-se, a priori, à de substancia.  
Existem coisas que não são apropriáveis embora sejam úteis, sendo, portanto, denominadas res communes , dentre as quais podemos destacar o ar, a luz, as estrelas, o 
mar. Assim, as coisas comuns são de todo mundo ao mesmo tempo em que não são de ninguém. Há também as coisas que podem ser apropriadas, porém não pertencem 
a ninguém, como é o caso dos animais de caça, dos peixes e das coisas abandonadas (res derelictae). 
Tudo o que tem valor e, por esse motivo, adentra no universo jurídico como objeto de direito, é um bem. Evidencia -se, portanto que a utilidade e a possibilidade de 
apropriação são o que dão valor às coisas, transformando-as em bens. 
 Bem em o sentido de valor, utilidade ou interesse de natureza material, econômico ou moral, ou, em outras palavras, é tudo aquilo que é protegido pelo Direito, tendo ou 
não conteúdo ou valoração econômica. 
Na terminologia jurídica, bens corresponde à res dos romanos, porém, nem sempre bens e coisa podem ser tidos em sentido equivalente,  porquanto há bens que não se 
entendem como coisas, e há coisas que não se entendem como bens. 
Na compreensão jurídica, somente como bens podem ser compreendidas as coisas que tenham dono, isto é, as coisas apropriadas. Escapam, pois, ao sentido de bens, as 
coisas se dono (res nulius). 
Desse modo, toda coisa, todo direito, toda obrigação, enfim, qualquer elemento material ou imaterial, representando uma utilidade ou uma riqueza, integrado no patrimônio 
de alguém e passível de apreciação monetária, pode ser designado como bens. 
Difere-se também de patrimônio, que é o conjunto de bens de que alguém é titular, abrangendo todas as relações jurídicas passíveis de avaliação pecuniária e imputável a 
mesma pessoa. Fazem parte do patrimônio tanto os direitos como os deveres, tanto ativo, como o passivo. Excluem-se: os direitos da personalidade, direito a saúde, a 
liberdade, ao nome e os direitos de família puros, sem apreciação patrimonial (pátrio poder), incluindo-se   os que tenham expressão pecuniária, como o direito aos 
alimentos. 
1 – BENS CORPÓREOS E INCORPÓREOS. 
É inquestionável a possibilidade de as coisas físicas serem objeto de relações jurídicas. Assim, na propriedade de uma coisa qualquer (um carro, um relógio), o objeto será 
a própria coisa. Os incorpóreos são os que não têm existência tangível e são relativos aos direitos que as pessoas físicas ou jurídicas têm sobre as coisas, sobre os 
produtos de seu intelecto ou com outra pessoa, apresentando valor econômico, tais como os direitos reais, obrigacionais e autorais. 
.2 - CERTAS COISAS INCORPÓREAS COMO OBJETO DE RELAÇÕES JURÍDICAS 
São aqueles que não tem existência tangível e são relativos aos direitos que as pessoas físicas ou jurídicas têm sobre as coisas, sobre os produtos de seu intelecto ou 
contra outra pessoa, apresentando valor econômico, tais como: direitos reais, obrigacionais, autorais. Referimo -nos também aos chamados bens de personalidade: 
  
art 5º- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no 
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
............. 
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da 
lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias: 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou 
moral decorrente de sua violação; 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
  
e aos bens imateriais (Lei do Direito Autoral). 
3 - PESSOAS COMO OBJETO DE RELAÇÕES JURÍDICAS 
Só há lugar em casos muito restritos.  
4 – CLASSIFICAÇÃO DOS BENS. 
O Código Civil armou a estrutura normativa do instituto dos bens, com a arrumação que comporta o seguinte esquema de classificação, observando-se três grupos:  
1) os bens considerados em si mesmos (móveis e imóveis; fungíveis e infungíveis; consumíveis e inconsumíveis; divisíveis e indivisíveis; singulares e coletivos);  
2) os bens reciprocamente considerados (principais e acessórios); e  
3) os bens conforme a natureza das pessoas de seus titulares (públicos e privados, disponíveis ou indisponíveis).  
2. OS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMO 
– BENS IMÓVEIS 
O Código Civil encarregou-se de definir os bens imóveis, com base em três critérios: 
a) natural; 
b) artificial; e 
c) ficcional ou legal. 
Estabelece o Código Civil que são bens imóveis o solo e tudo quanto lhe incorporar natural ou artificialmente, numa combinação de dois critérios: o natural e o artificial. 
Sob o critério legal ou ficcional , o Código Civil considerou, ainda, bens imóveis:  
a) os direitos reais sobre imóveis e as ações que o asseguram; e b) o direito à sucessão aberta.  
Ressalta o legislador que não perdem o caráter de bens imóveis:  
a) as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; e  
b) os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Permite -se a inferência de que não é pela propriedade ou característica de 
transferibilidade ou removibilidade que se define um bem imóvel, consoante se conclui da leitura das coisas elencadas pelo legislador. 
Também, não será sua natureza corpórea, porque é possível que o direito à sucessão aberta, considerado para os efeitos legais, um bem imóvel, não se apresente com os 
predicativos próprios das coisas que têm corpo.  
Certamente, estimula o erro a afirmação de que o legislador descreveu taxativamente os bens imóveis, como se todos estivessem relacionados à exaustão nos dispositivos 
do Código Civil, haja vista que a legislação complementar poderá descrever outros.De acordo com o artigo 79 do CC, são bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar 
natural ou artificialmente (árvore, plantação, casa etc). Não perdendo as características de imóvel as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, 
forem removidas para outro local e os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. 
São considerados imóveis por força de lei os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram e o direito à sucessão aberta (aquela que se realiza por causa 
mortis). 
  
RES NULLIUS – coisa de ninguém    
RES DERELICTAE – coisa abandonada – 
RES COMMUNES OMNIUM – coisa comum aos homens 
 Desta distinção resultam os importantes efeitos jurídicos abaixo, entre outros: 
1- a propriedade dos bens móveis se transfere com a tradição (1267 CC), enquanto que a transferência da propriedade dos imóveis se faz por escritura pública (1245  CC); 
2- os bens móveis podem ser alienados livremente, enquanto que os imóveis, ressalvado o regime de separação absoluta de bens, nenhum dos cônjuges pode, sem 
autorização do outro, alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis (1647 CC). 
– BENS MÓVEIS. 
São as coisas móveis caracterizadas como aquelas que têm movimento próprio (semolventes), como animais; ou as removíveis por força alheia, tais como objetos, 
mercadorias, utensílios, moeda, títulos da dívida pública etc. (art 82 CC), sem alteração da substância ou da destinação econômico -social, bem como as que são móveis 
por força de lei, como a energia elétrica, os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações etc (art 83 do CC). 
Assim, de acordo com o Código Civil, bens móveis são os "suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substânciaou da destinação 
econômico-social". 
Também são considerados, para os efeitos legais, bens móveis :  
a) as energias que tenham valor econômico;  
b) os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; e  
c) os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.  
Percebe-se que o Código Civil, na definição de bem móvel, calcou-se em dois critérios:  
a) natural; e 
b) ficcional ou legal. 
Na classe dos bens móveis, pelo critério natural, existem os:  
a) os bens suscetíveis de movimento próprio ; 
b) os bens suscetíveis de remoção por força alheia. A nova disposição desenhada é quase a reprodução legal da regra vigente no Código anterior, que oferecia classificação 
dos bens móveis, pelo critério natural, com base na definição de que se expurgava a expressão "sem alteração da substância ou da destinação econômico-social". 
Para a lei, acomoda-se indiferente a natureza da força física ou jurídica mediante a qual o bem se movimenta, situação que lhe confere o atributo de bem móvel. 
A força que estimula a movimentação ou mobilidade do bem pode ser própria ou alheia, posto que se lhe guarda o atributo de bem móvel, desde que a interferência não lhe 
altere a substância ou a destinação econômico-social. 
Mostra-se a regra indiferente, por conseguinte, à causa que fomenta a movimentação ou a mobilidade do bem, haja vista que ela mais se preocupa com a conservação da 
substância ou da destinação econômico-social. 
Mas se ressalte que a tração capaz de mover o bem decorre da interferência direta ou indireta do homem, que maneja recursos físicos ou jurídicos, em decorrência dos 
quais sucede a movimentação do bem.  
Nada obsta, contudo, a que a natureza ofereça o seu concurso para viabilizar a mobilidade ou movimentação do bem, de que venha o homem a se apropriar.  
O importante, porém, é que, para a movimentação própria ou remoção por força alheia, exige-se a disposição e a intervenção do homem.  
Na classe dos bens móveis, pelo critério ficcional ou legal, houve a inovação, com a introdução das energias que tenham valor econômico e os direitos pessoais de caráter 
patrimonial e as respectivas ações , como bens móveis.  
A energia que se considera bem móvel é aquela que o homem, aproveitando-se dos recursos naturais e científicos, produz, transmite e distribui, com agregação de valor 
econômico, por força de sua utilidade e necessidade.  
Os direitos reais sobre objetos móveis, com as ações correspondentes, foram considerados bens móveis, para os efeitos meramente legais.  
Em relação aos direitos pessoais de caráter patrimonial, com as respectivas ações, diz-se que o conceito é ampliativo ou extensivo, sob cujo alcance acham-se todos os 
direitos que dizem respeito aos atributos da pessoa, natural ou jurídica.  
Ressalte-se, ainda, que o Código Civil conservou a regra segundo a qual "os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua 
qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio". 
OS BENS MÓVEIS DIVIDEM-SE EM: 
BENS FUNGÍVEIS E NÃO FUNGÍVEIS (OU INFUNGÍVEIS) 
A) BENS FUNGÍVEIS - são aqueles que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Fungível = substituível - art. 85 do CC. 
O dinheiro é o bem fungível por excelência, dado que quando se empresta uma quantia a alguém (por exemplo, R$100,00), não se está exigindo de volta aquelas mesmas 
cédulas, mas sim um valor, que pode ser pago com quaisquer notas de Real (moeda). 
Se a utilização de um bem fungível implica na sua destruição ou transformação em outra substância (como uma xícara - ou chávena - de açúcar emprestada para se fazer 
um bolo), este bem é denominado consumível. 
Como os bens fungíveis podem ser substituídos por outros da mesma espécie, quantidade e qualidade, esse predicativo da permuta, sem prejuízo da essência ou natureza, 
favorece a faculdade que se confere ao devedor no cumprimento da obrigação.  
Decerto, pela propriedade da equivalência, admite-se que o devedor entregue ao credor uma coisa em substituição à outra, situação mediante a qual se tem como adimplida 
a obrigação, se observadas, evidentemente, as particularidades referentes ao gênero, à qualidade e à quantidade. 
B) BENS INFUNGÍVEIS - não podem substitui-se por outros da mesma espécie e qualidade e quantidade. 
Infungibilidade é o princípio que define os bens móveis que não podem ser substituídos por outros da mesma espécie, quantidade e qualidade. Logo, todo bem móvel único é 
infungível, assim como todo bem imóvel. 
São infungíveis as obras de arte, bens produzidos em série que foram personalizados, objetos raros dos quais restam um único exemplar, etc. 
BENS CONSUMÍVEIS E NÃO CONSUMÍMEIS 
A) BENS CONSUMÍVEIS - são bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados a alienação, ou seja, 
coisas que se excluem, num só ato, com o primeiro uso, podendo ser coisas fungíveis ou infungíveis.  
Na caracterização do bem consumível, deixa-se de investigar a natureza a causa ou a natureza do consumo, haja vista que importa constatar que, com o uso, lhe ocorreu a 
destruição imediata da própria substância.  
Consumir não significa, apenas, alimentar-se biologicamente, como característica ímpar que se agrega ao bem chamado consumível, porquanto a expressão alarga -se na 
extensão necessária para alcançar todo processo natural ou artificial que gere ou provoque, com o uso, a destruição imediata da própria substância.  
Não basta a descaracterização formal do bem para se lhe atribuir o caráter de consumível, se cujo uso não lhe implicar a destruição imediata da própria substância.  
É interessante observar que a lei também emprestou o caráter de bem móvel consumível a todo bem que se destina à alienação, o que reforça o entendimento segundo o 
qual o processo que lhe explica a natureza não é apenas o consumo biológico. 
No entanto, vale a ressalva de que consumibilidade não se confunde com deteriorabilidade, atributos que se impregnam nos bens, conforme a natureza. 
A deteriorabilidade é, no geral, caráter de coisa inconsumível; a consumibilidade, de coisa consumível, obviamente. 
B) BENS INCONSUMÍVEIS - bens que proporcionam reiterada utilização do homem, sem destruição da sua substância. Assim, não é consumível a roupa, de uso de uma 
pessoa, já que lhe proporciona o uso reiterado. Todavia, a mesma roupa torna-se consumível numa loja, onde se destina à venda. 
BENS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS 
A) BENS DIVISÍVEIS - são as que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. Podem partir-
se em porções reais distintas, formando cada qual um todo perfeito - art. 87 do CC. 
B) BENS INDIVISÍVEIS - são aquelas que não comportam fracionamento ou aquelas que, fracionadas, perdem a possibilidade de prestar serviços e utilidades que o todo 
anteriormente oferecia. 
Um exemplo de bem indivisível é um carro ou um diamante lapidado (uma vez que sua divisão irá acarretar uma diminuição considerável de valor). Vale lembrar que um bem 
fisicamente divisível pode ser transformado em indivisível por vontade das partes ou por determinação legal. Também, ressalta -se que a divisão física em partes iguais de 
coisa indivisível, quando possível (um terreno, por exemplo) é denominada pro indiviso. 
Analisa-se a divisibilidade com base em dois atributos de natureza: 
a) física; e  
b) jurídica. A caracterização da divisibilidade sob o aspecto físico prende-se à natureza da possibilidade de fracionamento do bem.  
Quando pode ser dividido fisicamente, diz-se que o bem é divisível; ao contrário, fala-se em bem indivisível.  
Essa obviedade permite a instalação da assertiva de que a primeira referência que se busca para a definição da divisão de um bem é a da aceitação física. 
Em sendo assim, a própria natureza do bem sugere ou aceita a divisão, seja um bem móvelou imóvel.  
Sublinhe-se que o conhecimento científico atrofiado sedimentou, no primeiro momento, a dimensão da divisibilidade física das coisas, a qual se intimidava, com 
repercussão, inclusive, no campo jurídico.  
A divisibilidade, sobre se revelar um entendimento físico ou natural, incorpora o ideológico, para permitir que os bens incorpóreos também estejam inseridos na regra do 
fracionamento, desde que, seja física ou jurídica a natureza da divisão, não sobrevenha:  
a) a substância;  
b) a diminuição considerável de valor;  
c) o uso a que se destinam. 
Recusa a lei que um bem seja dividido, se houver alteração ou perda da sua substância, que significa a qualidade que lhe define e que lhe faz próprio, enquanto se conserva 
a utilidade a que se destina. 
Pouco importa a extensão da alteração, sendo suficiente, porém, que atinge a substância do bem, que, aí, já não se presta a alvejar a satisfação de um interesse ou 
necessidade, porquanto se lhe esvaiu a qualidade. 
Rejeita a lei que um bem seja dividido, se lhe sobrevier diminuição considerável de valor, que implica a desvalorização de ordem econômica, financeira, histórica, científica, 
cultural, etc que se lhe agrega por força de sua própria natureza.  
Entenda-se como diminuição considerável de valor de que fala a regra o fenômeno que deprecia o bem a ponto de o tornar minguado, capaz de provocar substancial prejuízo, 
de ordem social ou econômico-financeira, ao titular em cujo patrimônio se encontra, com empobrecimento manifesto. 
O valor, por conseguinte, não se afere apenas pela expressão monetária, posto que qualidades outras podem influenciar mais na composição dos elementos que definem a 
relevância do bem, com conteúdo que não se limite ao econômico-social. 
Nega a lei, por fim, que um bem seja dividido, se lhe ocorrer prejuízo do uso a que se destina, que representa a desfiguração formal ou material que fragiliza ou impede seja 
ele utilizado na plenitude para alcançar o resultado a que se presta, como meio ou instrumento.  
Destaque-se que a regra não exige que o prejuízo do uso seja parcial ou total, razão por que se impõe a análise em cada caso, segundo o bem, a natureza e a sua 
finalidade. 
Mas, como regra geral, sustente-se que, se houver prejuízo do uso, inviabiliza-se a divisão do bem, salvo se restar demonstrado que, ainda prejudicado, ele pode cumprir 
uma obrigação, promover uma necessidade ou suprir um interesse, malgrado o faça parcialmente.  
Sublinhe-se que bens divisíveis, corpóreos ou incorpóreos - aqui se fala apenas em divisão jurídica, não física -, são aqueles que de possível fracionamento, que comportam 
segmentação, que aceitam divisão, que se compatibilizam com fracionamento. 
No entanto, não é fato que todo bem é divisível, embora enquanto coisa possa se submeter à divisão, haja vista que o comando legal assimila a regra segundo a qual os 
bens naturalmente divisíveis podem se tornar indivisíveis: 
a) por determinação legal; ou  
b) por vontade das partes - divisão chamada convencional. Comporta-se obsequioso o Código Civil à regra de que uma lei possa determinar que um bem, naturalmente 
divisível, trespasse sua realidade física e, pois, se transforme num bem indivisível, se o interesse público assim justificar.  
Mais: à vontade das partes - aqui se entenda pessoas físicas ou jurídicas que protagonizem relação jurídica  - tem autoridade, também, para alterar o regime natural do bem, 
objeto da nuclear do contrato, emprestando-lhe, circunstancialmente, a natureza de indivisibilidade. 
Ressalve-se, contudo, que os bens corpóreos somente podem ser juridicamente divididos quando forem naturalmente - diga-se normalmente e não apenas por influência de 
fenômeno natural - divisíveis.  
BENS SINGULARES E BENS COLETIVOS 
A) BENS SINGULARES – Embora reunidos, se consideram per si, independentemente dos demais, têm individualidade própria, valor próprio.  À esta singularidade deve-se, 
também, emprestar o significado da titulação de um predicativo exclusivo que particulariza o bem, distinguindo-lhe extraordinariamente, como se fosse fora do comum ou 
excepcional. 
B) BENS COLETIVOS (ou universais) - são as que, embora constituídas de duas ou mais coisas singulares, consideram -se agrupadas num todo. 
Os bens coletivos dividem-se em: 
a) universalidades de fato (universitas facti); e 
b) universalidades de direito (universitas juris). 
Na universalidade de fato, concorre a pluralidade de bens singulares, simples ou compostos pertinentes à mesma pessoa, natural ou jurídica, os quais se prestam à 
destinação unitária ou comum. 
Justifica-se a lembrança de que, na universalidade de fato - tome-se o exemplo de uma esquadrilha, biblioteca, pinacoteca, manada, esquadra, etc -, emerge a constatação 
da composição homogênea dos bens, sob o mesmo domínio. Consente o Código Civil que os bens que formam a universalidade de fato podem ser objeto de relação 
jurídicas próprias , razão por que se diz que eles, se assim desejar o titular, destacam-se do patrimônio agrupado para servir a negócios jurídicos autônomos. 
Na universalidade de direito, reúne-se uma complexidade de bens corpóreos e incorpóreos, a qual se credencia a sedimentar o patrimônio, com ativo e passivo, de uma 
pessoa natural ou jurídica, categorizando-a economicamente. 
Identifica-se, na universalidade de direito, um conjunto que forma uma unidade jurídica, por agregação de bens subordinados a idêntico tratamento jurídico, enquanto se 
apresentarem, porém, na projeção patrimonial da mesma pessoa. 
Referências bibliográficas: 
Nome do livro: Curso de Direito Civil. Vol 1 Parte Geral - ISBN. 8530927923 
Nome do autor: NADER, Paulo. 
Editora: Forense 
Ano: 2009 
Edição: 6a 
Nome do capítulo: Bens e patrimônio 
N. de páginas do capítulo: 13 
Aplicação Prática Teórica 
CASO CONCRETO 1 
Noção de patrimônio. Distinção entre bens e coisas. 
Jairo Silva Santos, jovem tímido de 19 anos é convidado pelos colegas de escola para participar de um luau na praia do Peró, em Cabo Frio/RJ. A noite estava estrelada, a 
música envolvente e aquela gente toda dançando freneticamente deixavam o jovem ainda mais deslocado. Até que conhece Maria Priscila, que o leva para o outro lado da 
praia e com quem acaba tendo sua primeira noite de amor. No calor do momento, Jairo enterra uma das mãos no chão e segura um punhado de grãos de areia que resolve 
guardar como recordação daquele momento especial. 
Ao voltar para a festa, Jairo tropeça num objeto semi-enterrado na areia, descobrindo que se trata de uma carteira de couro da grife Giorgio Armani contendo R$200,00. 
Diante do caso acima relatado, responda: 
a) Em razão do grande valor sentimental que aquele punhado de areia possui para Jairo, pertence ele a seu patrimônio? Por quê? 
a)Como Jairo não conseguiu identificar o dono da carteira ela passa a fazer parte de seu patrimônio?  Por quê? 
  
a)É possível, de acordo com o Direito Civil brasileiro, uma pessoa ser destituída de todo e qualquer patrimônio? 
CASO CONCRETO 2 
Noção de patrimônio. 
Paula resolve entrar para uma comunidade religiosa em que os bens materiais individuais são considerados impuros. Somente pouquíssimos bens, essenciais, para a 
sobrevivência do grupo, são passíveis de serem aceitos e passam a pertencer à comunidade. Sua mãe, viúva, a adverte de que não poderá se desfazer de todos os seus 
bens por causa da teoria do estatuto jurídico do patrimônio mínimo. 
a)     Paula poderá se desfazer do patrimônio que possui, herança de seu pai? 
b)    A advertência da mãe de Paula está correta? 
CASO CONCRETO 3 
Classificação dos Bens. 
Pertencente a uma expressiva coleção particular mineira - de onde nunca saíra antes a não ser para retrospectivas e salões de arte - a tela Casamento na roça, de Inimá de 
Paula, vai ao mercado. O leilão será no dia 16, na Vitor Braga Rugendas Galeria de Arte, em Belo Horizonte. A obra datada de 1947 traz no verso o carimbo do Salão 
Nacional de Belas Artes de 1949, onde obteve

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