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CCJ0006-WL-PA-14-Direito Civil I-Novo-34078

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Título 
DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
7 
Tema 
OS BENS (Continuação) 
Objetivos 
·         Identificar os objetos das relações jurídicas apresentadas. 
·         Compreender a noção jurídica de patrimônio 
·         Perceber a distinção entre bens e coisas. 
·         Reconhecer a classificação dos bens considerados em si mesmos. 
·         Compreender a noção jurídica de fungibilidade dos bens. 
·         Perceber a distinção entre bens móveis e imóveis. 
Estrutura do Conteúdo 
 1 –   OS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS 
1.1 Bens principais  e bens acessórios. 
          1.2 Dos frutos, produtos, rendimentos, acessões e pertenças. 
1.3 Das benfeitorias: úteis, necessárias e voluptuárias. 
  
 2 - BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO SUJEITO 
          2.1 Bens públicos. 
2.1.1 Bens de uso comum do povo. 
2.1.2 Bens especiais 
2.1.3 Bens dominicais 
2.2 Bens particulares. 
Segue abaixo uma sugestão de roteiro de apresentação do conteúdo programático: 
1. BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS 
BENS PRINCIPAIS  E BENS ACESSÓRIOS 
A definição que o Código Civil produziu para retratar bem principal e bem acessório tem precisão suficiente, capaz de superar o tempo, conservando -lhe a atualidade, 
mesmo diante das profusas e profundas transformações por que passa a humanidade, com incremento do fator criativo.  
Cumpre assinalar que o caráter de principalidade ou acessoriedade se amadurece na compreensão que exige que os bens sejam reciprocamente considerados, em cotejo 
ou confronto da supremacia ou preponderância que um exerce sobre o outro, na determinação do papel funcional, pelo prisma da finalidade. 
A) BENS PRINCIPAIS  - são aqueles que existem sobre si, abstrata e concretamente , independentemente de outra. - art. 92 do CC. 
Considera-se bem principal o que existe sobre si, abstrata ou concretamente, segundo a definição do art. 92 do Código Civil.  
O bem principal, corpóreo ou incorpóreo, tem existência independente e própria, sem subordinação de natureza jurídica que lhe exija vinculação a outro bem.  
Participa das relações jurídicas com a categoria ou atributo de bem superior e imprescindível à existência de outro.  
Não depende nem segue outro bem; ao revés, tem o predicativo que o credencia a fazer com que outro bem se submeta à relação de subordinação, pela qualidade ou 
quantidade. O caráter da superioridade que se origina da natureza da principalidade identifica-se na importância do bem no contexto da relação material ou jurídica de que 
faça parte, a qual se projeta em múltiplos sentidos.  
Não será pelo enfoque da importância econômica ou financeira que se singulariza o bem, atribuindo-lhe o caráter de principal em face ao outro bem considerado secundário. 
A distinção, por conseguinte, repousa no discernimento que define o papel orgânico-funcional de que cada um dispõe na esfera das relações jurídicas ou materiais. 
B) BENS ACESSÓRIOS -  Diz-se bem acessório aquele cuja existência supõe a do principal, de acordo com o que estabelece o art. 92 do Código Civil. Assim, a árvore é coisa 
acessória do solo e os rendimentos são acessórios do imóvel. 
Os bens acessórios, pelas suas características, recebem a seguinte classificação:  
b.1) os frutos; 
b.2) os produtos; 
b.3) os rendimentos; 
b.4) as acessões; 
b.5) as benfeitorias; e 
b.6) as pertenças.  
B1. DOS F RUTOS - Definem-se os frutos como bens acessórios, que resultam de outros bens considerados principais, sem dizimá -los, conservando-os com os mesmos 
caracteres e com as mesmas finalidades. 
Habituou-se a doutrina a dividir os frutos , segundo: 
a) a origem (natural, industrial e civil); 
b) a natureza (vegetal, animal e artificial); 
c) o estado (pendentes, percipiendos, percebidos - ou colhidos -, existentes e consumidos). 
Os frutos naturais ou animais derivam dos bens gerados pela própria natureza , mesmo que com o induzimento do homem.  
Já os frutos civis, também reputados artificiais, decorrem de uma relação jurídica, em decorrência da qual se auferem resultados econômicos e/ou financeiros, traduzidos 
em renda ; os industriais, do trabalho ou engenhosidade do homem que, ao manejar recursos econômica e financeiramente mensuráveis, produz rendimentos extraídos do 
bem principal. 
Ganha expressão jurídica com projeção prática, a divisão dos frutos quanto ao estado, eis que há tratamento específico que o Código Civil adota para disciplinar o direito à 
percepção deles, como consectário dos efeitos da posse.  
Em sendo assim, os frutos pendentes são aqueles ainda argolados ou presos ao bem principal, haja vista que se lhe desaconselha a colheita ou recolhimento precoce; os 
frutos percebidos, aqueles que foram colhidos, com resultado útil; os frutos percipiendos, aptos a serem colhidos, não foram; os frutos existentes, os que, apartados do 
principal, aguardam sejam consumidos; e os frutos consumidos, os que desapareceram pelo uso ou consumo. 
Realce-se que os frutos e produtos, ainda quando não separados do bem principal, podem ser objeto de negócio jurídico , notadamente em se tratando de fruto pendente.  
No caso, o fruto já tem existência presente, mas se encontra ainda conectado ao bem principal, de cuja separação não depende para ser objeto de negócio jurídico, 
porquanto a lei admite que o seja mesmo sob condição de não desligamento.  
A efetividade do negócio não se subordina ao fato de que o fruto ou produto venha a ser separado do bem principal, mas é preciso que o implemento do contrato ocorra 
mediante a transformação do bem pendente em bem percebido. 
O bem pendente, por conseguinte, pode ser objeto de negócio jurídico, que se exaure com o bem percebido, pela transformação do bem pendente.  
B.2. DOS PRODUTOS - Como os frutos, os produtos são bens acessórios, cuja existência supõe a do principal, numa relação de dependência. 
O produto decorre do concurso da exploração pelo homem, que maneja os recursos naturais ou industriais, para a obtenção de utilidade, extraída de um de bem principal, a 
qual satisfaça a uma necessidade.  
No geral, o produto, como bem acessório, tem a característica de provocar, à medida que é explorado e manejado, atrofia ou redução do bem principal, de que resulta e se 
separa, capaz de levá-lo à exaustão, total ou parcial.  
Portanto, distinguem-se o produto e o fruto, haja vista que o primeiro afeta, temporária ou definitivamente, o bem principal, causando-lhe perdas; o segundo, não.  
Sublinhe-se que a correta compreensão de produto e o exato entendimento de fruto repercutem no enquadramento do exercício de direitos de gozo, com o alcance com que 
cada um se apresenta na ordem jurídica.  
  
B.3. DOS RENDIMENTOS - Como bens acessórios, os rendimentos , apropriadamente chamados de frutos civis , consistem no resultado da apropriação das rendas ou 
receitas geradas pelos bens corpóreos ou incorpóreos, as quais se traduzem em valores aferíveis monetariamente. 
O rendimento significa o resultado decorrente do capital empregado econômica ou financeiramente, capaz de gerar juros, rendas, aluguéis e lucros, em propriedades 
mobiliárias ou propriedade imobiliárias.  
O bem principal é que gera o rendimento, em decorrência da exploração econômica ou financeira, na forma de concessão do uso ou gozo.  
B.4. DAS ACESSÕES - Considera-se acessão o fenômeno, natural ou artificial, em decorrência do qual se processa um acréscimo sobre o bem principal, que, assim, o 
incorpora, com os atributos que lhe são próprios, formando um todo jurídico.  
Diz-se, pois, que a acessão decorre de fenômeno:  
a) natural; ou 
b) artificial, chamada, também, de industrial ou intelectual.  
Entre as acessões provocadas por fenômeno natural, destacam-se: 
A) ALUVIÃO - fenômeno causado pelas águas, mediante o qual, gradual e evolutivamente, se acresce ao terreno porção nova de terra, ampliando-se, em conseqüência, a 
propriedade imobiliária, que se desenha em novos perímetros;  
B) AVULSÃO - fenômeno por força do qual se dá deslocamento de uma certa porção de terra que se descola de um terreno juntando -se a outro. 
Na acessão provocada por fenômeno estimulado por artifício do engenho humano, inserem -se as construções e as plantações, que, também, geram a acessão, que se 
credencia à aquisição da propriedade imobiliária.  
B.5. DAS PERTENÇAS - Na categoria de bem acessório, pertenças significam os bens que se empregam num imóvel ou móvel (bem principal), sem o objetivo de lhe alterar a 
substância nem o de se lhe incorporar, situação em que ambos conservam as características que lhes particularizam, formal e funcionalmente. Caracterizam -se as 
pertenças como bens que não constituem parte integrante do bem principal, mas se lhe destinam, de modo duradouro:  
a) ao uso; 
b) ao serviço; e 
c) ao aformoseamento. Na verdade, emprega-se a pertença num bem, com o intuito pejado de interesse utilitário, capaz de gerar um resultado, com múltipla natureza, que 
se diversifica conforme o caso. 
As pertenças concorrem para oferecer ao bem principal o papel agregador de uma serventia, meramente utilitária ou estética.  
Particularidade relevante é a de que o negócio jurídico, ao envolver o bem principal, não abrange as pertenças, salvo se o contrário resultar:  
a) da lei; 
b) da manifestação de vontade; ou  
c) das circunstâncias do caso. 
Portanto, no geral, não seguem as pertenças a sorte do principal, no caso de alienação do bem em que fora empregado, salvo se houver ressalva expressa.  
Tanto a lei quanto a manifestação de vontade haverão de derramar certeza objetiva e formal, no sentido de revelar que a disposição fora a de inserir as pertenças no negócio 
jurídico de que fez parte o bem principal. Descartam-se, assim, a implicitude e a subjetividade como elementos que gerariam a presunção de que, na lei ou na exposição da 
vontade, as pertenças foram envolvidas no negócio jurídico. 
Portanto, à falta de manifestação expressa, colhida na lei ou no contrato em cujo instrumento se fixou o negócio jurídico, as pertenças, devido ao silêncio, não passam a 
integrar o bem principal, insubordinando-se a seu destino. 
Consideram-se circunstâncias as situações de cuja consumação se pode extrair a premissa que, no caso, torna a pertença irrelevante econômica, financeira ou 
operacionalmente ao valor do bem principal, que, sem elas, não perderá seus valores que justificaram o negócio jurídico.  
O exame das circunstâncias que persegue o caso, as quais justificariam a dedução de que, no negócio jurídico combinado, se envolveram, também, as pertenças, exige a 
presença do silêncio das partes, haja vista que se trata de uma exceção.  
Como ordinariamente não envolve a inclusão das pertenças no negócio jurídico, o silêncio das partes poderá, porém, excepcionalmente, provocar a atração das pertenças ao 
negócio jurídico, justificada se as circunstância do caso recomendar a abrangência.  
Deve-se pautar a análise das circunstâncias com reforço de elementos objetivos que se sobreponham aos subjetivos, os quais se credenciam melhor a avaliar e definir se a 
vontade silenciosa das partes é capaz de desenhar a inserção das pertenças no negócio jurídico. 
B.6. DAS BENFEITORIAS - Considera-se benfeitoria tudo o que se emprega num bem imóvel ou móvel, com a finalidade de salvaguardá-lo ou de embelezá-lo. 
Com a benfeitoria, independentemente da natureza, se lhe acresce uma utilidade, que se apresenta capaz de facilitar o uso do bem, conservar o bem ou gerar uma volúpia 
no seu titular. 
Para o sistema jurídico, a benfeitoria dispensa o elemento ideológico, mas a caracterização ou a determinação de sua natureza se dá justamente com a definição da causa 
finalística, em decorrência da qual se emprega um novo predicativo no bem, de ordem funcional, estética ou conservativa. 
Portanto, com base na causa finalística, caracterizam-se ou definem-se as benfeitorias: 
a) voluptuárias;  
b) úteis; e 
c) necessárias. Sublinhe-se, antes de se enfrentar a natureza em que cada uma das benfeitorias é particularizada, que a lei não considera benfeitoria os melhoramentos ou 
acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. 
DAS BENFEITORIAS VOLUPTUÁRIAS - Diz o Código Civil que a benfeitoria voluptuária é aquela que se realiza por mero deleite ou recreio, sem vocação ou predicativo capaz de 
aumentar o uso habitual do bem, ainda que o torne mais agradável, ou seja, de elevado valor.  
Verifica-se, assim, que, com a benfeitoria voluptuária, conserva-se a qualidade utilitária do bem, a que não se agrega elemento que potencialize a natureza de seu uso.  
Há mera vontade ou vaidade do benfeitor, com o objetivo de deleitar-se ou recrear-se, haja vista que o bem principal a que se junta uma benfeitoria a dispensa, pelo aspecto 
utilitário ou funcional, mas fica mais formoso ou recreador.  
O bem se torna mais belo, formoso, prazeroso, atraente, porque aguça a sensibilidade estética e seduz o espírito benfazejo que se deleita ou se recreia na cômoda 
necessidade do prazer. 
A rigor, o bem não necessita ou precisa da benfeitoria, mas o benfeitor a quer. Inexiste relação exata e precisa apta a oferecer proporção entre o bem principal e o bem 
acessório (a benfeitoria).  
Ressalte-se que é da tradição do direito brasileiro que as benfeitorias voluptuárias não são aquinhoadas com indenizações e não comportam, por conseguinte, o exercício 
do direito de retenção.  
B.6.2. DAS B ENFEITORIAS  ÚTEIS - Reputam-se úteis as benfeitorias que aumentam ou facilitam o uso do bem principal , em que elas são realizadas, com o intuito de 
enriquecer ou simplificar os meios para usá-lo. 
Na benfeitoria útil, ocorre aumento - físico ou funcional - do bem principal, por força da qual se torna maior, melhor ou mais funcional.  
Malgrado a natureza, a benfeitoria útil , além de necessariamente produzir um aumento físico ou funcional, pode gerar, secundariamente, uma vantagem estética, sem lhe 
modificar a natureza jurídica e sem se confundir em benfeitoria voluptuária.  
Constata-se o aumento do bem de que fala a regra pela simples metrificação, aferindo-se, pois, que ele sofreu acréscimo físico, independentemente do tamanho, posto que 
basta a utilidade. 
Mais importa a utilidade do que a dimensão da benfeitoria. Verifica-se o aumento funcional do bem pela ordinária experiência que demonstra, por percepção ou utilização, 
que se lhe facilitou e melhorou o uso. 
B.6.3. DAS BENFEITORIAS NECESSÁRIAS - Chama-se benfeitoria necessária aquela cuja realização busca conservar ou evitar que o bem principal se deteriore, com risco de 
destruição, parcial ou total.  
Caracteriza-se a benfeitoria necessária pela exigência reparadora que o bem revela, oculta ou ostensivamente, à falta da qual ele resultará em ruína, tornando-se imprestável 
ou insatisfatório para cumprir a finalidade a que se destina.  
A intensidade ou a extensão da intervenção sobre o bem é irrelevante para determinar a natureza da benfeitoria necessária, eis que basta que se reforce a confirmação de 
que era se apresentava indispensável para promover a conservação ou para evitar a deterioração da coisa. 
Na benfeitoria necessária, avulta a certeza da indispensabilidade ou da impostergabilidade de sua realização, haja vista que o bem a reclama, pelo fato formal ou funcional.  
 2 - BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO SUJEITO 
BENS PÚBLICOS E BENS PARTICULARES 
O Código Civil fracionou os bens na dicotomia de:  
a) bens públicos; e  
b) bens particulares. Consideraram-se públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; particulares, todos os outros. 
Se pertencer à pessoa jurídica de direito público interno - a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, os Territórios , as autarquias e as demais entidades de 
caráter público criadas por lei - reputa-se o bem público; fora daí, diz-se que o bem é particular, seja qualfor a pessoa a que pertencerem. 
Define-se, pois, a natureza jurídica do bem pela qualidade da personalização do seu titular, opção legislativa que induz à constatação de que os bens das pessoas jurídicas 
de direito público externo, localizados no território geográfico do Brasil, são considerados bens particulares , haja vista que pertencem a pessoa jurídica que, por óbvio, não 
se enquadra na categoria de direito público interno. 
Portanto, não há bens públicos fora do domínio das pessoas jurídicas de direito público interno. 
A) BENS PÚBLICOS -   
Pelo critério da titularidade, os bens públicos classificam-se em bens pertencentes à União , aos Estados , ao Distrito Federal e aos Municípios. (art. 98, 1ª parte, e art. 99, 
ambos do CC.) 
Daí a denominação de bens públicos federais, estaduais, distritais federais e municipais.  
Pelo critério da utilização, sublinhe-se que os bens públicos estão divididos em:  
a) bens de uso comum do povo; 
b) bens de uso especial; e 
c) bens dominicais. 
  
Os BENS DE USO COMUM DO POVO são aqueles cujo uso, por característica natural ou jurídica, franqueia-se ao público, sem qualquer discriminação, entre os quais se 
incluem: os rios, mares, estradas, ruas e praças.  
Os BENS DE USO ESPECIAL  são aqueles cujo uso ocorre com certas e determinadas restrições legais e regulamentares, haja vista que se destinam a satisfazer uma utilidade 
ou necessidade pública especial, nos quais se destacam: edifícios ou terrenos destinados a serviço (teatros, universidades, museus ou estabelecimento da administração 
pública, inclusive de autarquia, navios e aeronaves de guerra, veículos oficiais. 
Os BENS DOMINICAIS  são aqueles que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma delas.  
A.1. AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO - Consoante se abordou, os bens públicos, considerando a destinação ou utilização, classificam-se em bens de uso comum, bens de uso 
especial e bens dominicais. 
A utilização do bem público, por conseguinte, modela a categoria jurídica a que pertence, situação em conformidade com a qual se extrai o conceito jurídico da afetação, 
como fenômeno jurídico que impõe o fim a que ele se destina, definindo, ainda, os limites que se estabelecem para o seu uso. 
A afetação é o ato jurídico mediante o qual se impõe a um bem uma destinação, gravando-o com característica diferente daquela que o identificava e determinando-lhe outra 
finalidade de acordo com a qual será utilizado.  
Em decorrência da afetação, transmudam-se a natureza e a destinação do bem, a qual pode alcançar bens particulares ou bens públicos (bens de uso comum, bens de uso 
especial e bens dominicais ). 
A afetação - e a desafetação, também - processa-se verticalmente por grau, conforme a natureza e a extensão do uso do bem. 
Um bem particular, defectado, pode se transformar em bem público de uso especial, que, a seu turno, pode, também, ser transpassado para bem público de uso comum, a 
mais nobre afetação.  
A desafetação é o fenômeno jurídico por força do qual se processa a regressão ou eliminação da categoria do bem público, com mudança na sua destinação.  
Em situações excepcionais, desde que inspiradas na vontade da lei, é possível um bem público de uso comum sofrer desafetação, com alteração de sua destinação.  
  
A.2. REGIME JURÍDICO - Existem critérios para a classificação dos bens públicos, pelo enfoque da titularidade e da utilização, conforme os mais técnicos.  
Os bens públicos sujeitam-se a regime jurídico especial, sob cujos princípios acomodam-se regras jurídicas que lhes impõem rígida disciplina legal que os diferencia dos 
bens particulares. 
Desfrutam os bens públicos de regime jurídico próprio e excepcional, privilégio que se justifica pela razão de que pertencem ao patrimônio do povo, para quem geram 
riquezas materiais e espirituais. 
Como pertencem à Nação, diz-se que os bens públicos compõem o domínio público, tutorado pelo princípio da indisponibilidade, que se expressa nos predicativos da:  
a.2.1 inalienabilidade; 
a.2.2 imprescritibilidade; e 
a.2.3 impenhorabilidade. 
O princípio da indisponibilidade, primaz na questão da dominialidade pública, afirma a natureza jurídica dos bens públicos, fazendo borda com o princípio da disponibilidade 
dos bens privados ou particulares. 
Trata-se de qualidade jurídica que exprime a compreensão natural de que o bem público, não se vende, não se dá, não se cede e não se adquire, a não ser em condições 
especiais, previstas em lei. 
Para o bem público e o bem do público, solenizam-se e substancializam-se as condições segundo as quais se lhe disponibiliza, sempre em condições e em situações 
extraordinárias, que se agigantam em face à realidade ordinária que envolve o poder particular sobre o bem que compreende o seu domínio.  
A.2.1 INALIENABILIDADE - A inalienabilidade consiste no predicativo que persegue o bem, impedindo-lhe a alienação ou a transferência de domínio, haja vista que, como se lhe 
veda o alheamento, não pode ser adquirido. 
Em regra, os bens privados ou particulares, salvo os bloqueios jurídicos que se lhes entranham em situações especialíssimas, granjeiam a liberdade da alienação, da 
transferência de domínio, com ou contra a vontade de seu titular - como no caso da usucapião -; os bens públicos, não. 
No entanto, a regra da inalienabilidade não se aplica, indiferentemente, a todos os bens públicos, porquanto se fraciona em:  
a) vedação absoluta; e  
b) vedação relativa.  
Há vedação absoluta à alienação quanto aos:  
a) bens públicos de uso comum ; e  
b) bens públicos de uso especial.  
Há vedação relativa à alienação quanto aos bens dominicais, haja vista que podem ser alienados, observadas as exigência da lei.  
Faz-se necessário destacar que os bens de uso comum e os bens de uso especial, enquanto conservarem a sua natureza jurídica, são inalienáveis.  
Em ocorrendo a desafetação - fenômeno por força do qual se transmuda a natureza da destinação ou da categoria do bem público -, os bens de uso comum e de bens de 
uso especial, anilhados à nova realidade, agora na condição de bens dominicais, podem ser alienados. 
No entanto, insta realçar que a desafetação, por si só, não basta como justificativa que credencia a alienação dos bens, antes de uso comum do povo ou de uso especial, 
agora dominicais, porquanto se exige a confecção de um ato legal que a autorize.  
Em se tratando de bens dominicais, que compõem o patrimônio de pessoa jurídica de direito público , mostra -se extravagante se exigir que a alienação subordine-se à 
expressa autorização da lei, razão por que basta a produção de ato legal com força para aliená-lo. 
Portanto, quando a norma fala que os bens dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei, não significa dizer que toda e qualquer alienação dessa 
categoria de bens públicos somente ocorre em havendo expressa autorização da lei.  
Cumpre ressaltar, contudo, que a alienação dos bens públicos dominicais, bens desafetados, sujeitam-se a regime especial de alienação, haja vista que a transferência de 
domínio depende de licitação.  
A.2.2 IMPRESCRITIBILIDADE - Trata-se a imprescritibilidade de outro predicativo decorrente da indisponibilidade do bem público, por força do qual se lhe blinda com o destaque 
jurídico, segundo o qual não se sujeita aos efeitos da usucapião.  
A imprescritibilidade, como garantia, alcança os bens públicos móveis e imóveis, sem restrição, sejam de uso comum do povo, de uso especial ou dominicais, haja vista 
que o próprio Código Civil não discrimina.  
A.2.3 IMPENHORABILIDADE - Em decorrência do princípio da indisponibilidade, o bem público qualifica-se, ainda, pela natureza da impenhorabilidade. 
Compete realçar que, de regra, um bem inalienável é um bem impenhorável.  
Outorga-se ao bem público - de uso comum do povo, de uso especial ou dominical - a qualidade jurídica que o protege de penhora, razão por que nãopode ser apreendido 
nem dado em garantia. 
Veda-se, também, sejam os bens públicos gravados com ônus, motivo pelo qual não podem ser penhorados nem hipotecados .  
A. 3 O USO COMUM DOS BENS PÚBLICOS 
Estabelece o Código Civil que o uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração 
pertencerem. 
Verifica-se que, na regra geral, o uso comum dos bens público dá-se de forma: 
a) gratuita; ou 
b) retribuída.  
Não importa a natureza do bem público - de uso comum do povo, de uso especial ou dominical -, de tal sorte que a regra da gratuidade, em situação extraordinária ou 
excepcional, devidamente arrazoada, pode se transmudar, mediante a exigência de retribuição da entidade a cuja administração pertencer o bem. 
Evidencia-se que a retribuição de que fala a norma há de observar os princípios informativos de Direito Administrativo, especialmente os da legalidade, razoabilidade, 
economicidade, moralidade, proporcionalidade, finalidade e interesse público. 
B) BENS PARTICULARES - Todos os outros, seja qual for a pessoa a que pertencem - art. 98, in fine, do CC. 
C) BEM DE FAMÍLIA 
Para o Código Civil revogado era o ato jurídico em que o casal, ou em que um cônjuge na falta do outro, através de ato formal reserva imóvel urbano ou rústico de seu 
patrimônio para residência da família, a se tornar assim imune à apreensão por dívida pessoal, desde que não assumida anteriormente pelo instituidor, ou por dívida tributária 
cujo fato gerador não se pudesse vincular ao próprio imóvel. 
Neste estágio, uma vez designado para uso familiar, o prédio ainda se tornava inalienável. 
Mas o tempo modificou o conceito. 
Sob a roupagem dada pela Lei no. 8.009, o novo bem de família dispensa ato formal de instituição, porque já constituído pela própria lei, ou pelo Estado, e atinge todo e 
qualquer imóvel onde viva família ou entidade, em o tornando impenhorável, e assim os móveis quitados que o guarneçam, ou ainda esses mesmos móveis quitados 
existentes na casa que - não sendo própria - for alugada. 
Óbvia “norma agendi”. Um direito objetivo, sob este aspecto. 
Sem que houvesse a revogação total das disposições do Código Civil a respeito - limitando-se à hipótese de coexistirem no mesmo patrimônio dois ou mais bens passíveis 
de uso residencial pela família, repita-se - a conviverem assim as normas respectivas, tenho hoje ser possível definir o bem de família como o direito de imunidade relativa à 
apreensão judicial, que se estabelece, havendo cônjuges ou entidade familiar, primeiro por força de lei e em alguns casos ainda por manifestação de vontade, sobre imóvel 
urbano ou rural, de domínio e/ou posse de integrante, residência efetiva desse grupo, que alcança ainda os bens móveis quitados que a guarneçam, ou somente esses em 
prédio que não seja próprio, além das pertenças e alfaias, e eventuais valores mobiliários afetados e suas rendas. 
Apenas à impenhorabilidade visa a versão obrigatória do bem de família, pois de inalienabilidade a Lei 8.009 não cogitou.  
A única exceção: acrescentar-se-á também a inalienabilidade ao bem de família se houver a escolha de um imóvel residencial, dentre outros de domínio do instituidor, pelo 
sistema para isso ainda vigente dos arts. 1.711 e seguintes do Código Civil, como já expusemos acima. A venda, a sub -rogação em outros bens, do prédio, dos móveis e 
valores mobiliários afetados voluntariamente, somente poderão acontecer se observado o art. 1.717. 
  
C.1 OS REQUISITOS ESSENCIAIS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO BEM DE FAMÍLIA : 
Dois os supostos de direito material para que a residência da família não seja apreendida judicialmente: 
c.1.1 o prédio deve ser residencial e, além,  
c.1.2 o grupo deverá estar residindo nele efetivamente. 
Por primeiro há se tratar de imóvel residencial, apropriado para a moradia de pessoas. Se o normal é a habitação humana em casas ou apartamentos, em princípio não 
deveriam ser consideradas como residenciais as construções ainda inacabadas ou os prédios que não se prestem a esse fim, tais como galpões industriais, lojas de 
comércio, postos de gasolina etc.  
Poder-se-á demonstrar, ao invés, através de prova a mudança de destinação ou a adaptação de prédios não erguidos para residência, mas que se tenham modificado por 
motivos quaisquer. Alegações de possíveis alterações de outros tipos de imóvel para o fim residencial não deverão ser descartadas de plano na perquirição probatória do 
bem de família, mas devem ser objeto da prudente e sensível ponderação do juiz, considerado sempre o quadro sócio-econômico-cultural brasileiro, nas suas diversificadas 
regiões.  
Em segundo lugar, que se trate de residência efetiva do grupo ou núcleo familiar.   Única e permanente, diz o art. 5o. da Lei 8.009. 
  
A melhor interpretação que se tira desta norma é a de que as pessoas estejam alojadas no imóvel com ânimo de permanência nele, como sede da família. Domicílio no 
sentido do art. 70 do Código Civil, o lugar onde a pessoa se estabelece como residente e em definitivo.  
Mesmo que seus integrantes, periodicamente, estejam fora (p.ex., executivos que viajam, estudos ou cursos que se freqüentam dentro ou fora do país, residência episódica 
em outro local, etc.), o que determina esta efetividade é o vínculo do grupo ou da pessoa com a habitação, sem a constituição de moradia definitiva em outro lugar. 
A ocupação do imóvel residência de família ou entidade familiar deve ser perene e induvidosa, a ponto de não se a ter como encenação em momento anterior à execução, 
ato de má-fé ou ilícito civil que tem tido sanção em julgados diversos, com apoio subsidiário no conteúdo ético do art. 4o., “caput”, da Lei referida. 
À hipótese de família multi ou pluridomiciliada, que tenha residências onde alternativamente viva (art. 71 do Código Civil) responde a Lei 8.009 com a indicação prévia, pelo 
proprietário, de apenas uma das casas utilizadas, sob pena de se tornar impenhorável a de valor menor do acervo. 
Jamais se designa mais de uma residência, ainda que em cidades diferentes do território nacional. Fica fora do alcance de nossa lei, entretanto, outro imóvel residencial 
situado no exterior. 
A casa de campo ou de praia se excluem, por conseqüência, da inexcutibilidade. 
É de se acrescentar, outrossim, a possibilidade de o único imóvel residencial da família ser alugado, temporária ou definitivamente, para custeio de permanência da família 
em local diverso por necessidade comprovada ou compreensível, sem a desfiguração do bem de família. Há orientação jurisprudencial que não entende descaracterizado por 
isso o bem de família, porque o objetivo da Lei 8.009 é, justamente, garantir esse patrimônio familiar. 
OBS.: Os bens públicos e os bens de família são inalienáveis, e são insuscetíveis de apropriação o ar atmosférico e a luz solar. Existe ainda as legalmente inalienáveis 
(coisas doadas com cláusula de inalienabilidade, bens de diretores de instituições financeiras em liquidação) além dos bens que constituem direta irradiação da 
personalidade (liberdade, honra, nome, privacidade, etc). 
  
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
  
Nome do livro: Curso de Direito Civil. Vol 1 Parte Geral - ISBN. 8530927923 
Nome do autor: NADER, Paulo. 
Editora: Forense 
Ano: 2009 
Edição: 6a 
Nome do capítulo: Bense patrimônio 
N. de páginas do capítulo: 13 
Aplicação Prática Teórica 
OS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS. 
TRÊS AMIGOS QUE HÁ MUITO NÃO SE VIAM ENCONTRAM-SE POR ACASO NO CORREDOR DA 1ª. VARA CÍVEL DE GOIÂNIA/GO, ENQUANTO AGUARDAM SUAS RESPECTIVAS AUDIÊNCIAS. PAPO VAI 
PAPO VEM ACABAM POR REVELAR O MOTIVO QUE OS LEVOU ATÉ LÁ. 
LAURO, PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA, CONSTRUÍRA DE BOA-FÉ UMA PISCINA OLÍMPICA NO TERRENO DO IMÓVEL QUE ALUGARA PARA ALI INSTALAR SUA ACADEMIA DE NATAÇÃO; 
DAGOBERTO, TAMBÉM DE BOA-FÉ, CONSTRUÍRA UMA PISCINA NA CASA QUE ALUGARA PARA PASSAR OS FINS-DE-SEMANA E WALDOMIRO, SEMPRE NA MAIOR DAS BOAS-FÉS, CONSTRUÍRA 
UMA PISCINANO IMÓVEL ALUGADO EM QUE FUNCIONAVA A ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL QUE DIRIGIA. TODOS OS AMIGOS , APÓS A RESCISÃO DE SEUS CONTRATOS DE LOCAÇÃO, 
RECUSARAM-SE A DEIXAR OS RESPECTIVOS IMÓVEIS E ENTRARAM NA JUSTIÇA BUSCANDO A INDENIZAÇÃO PELO QUE GASTARAM E PELA VALORIZAÇÃO DOS IMÓVEIS , COM BASE EM PRETENSO 
DIREITO DE RETENÇÃO. 
PERGUNTA-SE: 
  
A)             A NATUREZA JURÍDICA DA BENFEITORIA REALIZADA POR CADA UM DOS AMIGOS   POR SE TRATAR DE UMA PISCINA, É A MESMA? AFINAL, O QUE É UMA BENFEITORIA? 
  
B)             O QUE SIGNIFICA ESSE “DIREITO DE RETENÇÃO” ALEGADO POR TODOS OS AMIGOS COMO BASE PARA NÃO SAÍREM DOS IMÓVEIS ALUGADOS? TODOS ELES SÃO TITULARES DE TAL 
DIREITO? 
  
A)     E SE O PROPRIETÁRIO DA CASA ALUGADA POR DAGOBERTO PASSASSE A COBRAR INGRESSO DE SEUS VIZINHOS PARA UTILIZAREM A PISCINA CONSTRUÍDA, FARIA DIFERENÇA NO CASO 
EM ANÁLISE? 
  
CASO CONCRETO 2 
  
OS BENS PÚBLICOS. 
  
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO RESOLVEU ALIENAR UM PRÉDIO ONDE FUNCIONA A SEDE DE UMA EMPRESA DE ILUMINAÇÃO DO ESTADO, PARA SALDAR DÍVIDAS 
CONTRAÍDAS FRENTE A ALGUMAS EMPRESAS CONTRATADAS PARA FAZEREM OBRAS DE REFORMA EM DOIS HOSPITAIS E CINCO ESCOLAS, ESTABELECIDOS NO INTERIOR DO ESTADO.   
COM BASE NO CASO PROPOSTO, É ADMISSÍVEL A ALIENAÇÃO DO IMÓVEL EM QUESTÃO PERANTE NOSSO ORDENAMENTO JURÍDICO?  JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA 
  
QUESTÃO OBJETIVA 
  
  
MARQUE A ALTERNATIVA ERRADA EM RELAÇÃO AOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS 
(   ) O BEM PRINCIPAL É UM BEM QUE POSSUI EXISTÊNCIA AUTÔNOMA, PRÓPRIA, JÁ OS BENS ACESSÓRIOS DEPENDEM DA EXISTÊNCIA DE OUTRO BEM 
(   )  AS PERTENÇAS SÃO COISAS MÓVEIS OU IMÓVEIS DESTINADAS AO SERVIÇO OU ORNAMENTAÇÃO DE UM BEM PRINCIPAL COMO PARTE INTEGRANTE. 
(   ) OS FRUTOS, PRODUTOS E RENDIMENTOS SÃO BENS ACESSÓRIOS 
(   ) BENFEITORIA É TODA OBRA OU DESPESA FEITA NA COISA PRINCIPAL PARA CONSERVÁ-LA OU MELHORÁ-LA. 
(   ) O POSSUIDOR DE BOA-FÉ TEM DIREITO À INDENIZAÇÃO DAS BENFEITORIAS NECESSÁRIAS E ÚTEIS 
  
Plano de Aula: DIREITO CIVIL I
DIREITO CIVIL I 
Estácio de Sá Página 1 / 7
Título 
DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
7 
Tema 
OS BENS (Continuação) 
Objetivos 
·         Identificar os objetos das relações jurídicas apresentadas. 
·         Compreender a noção jurídica de patrimônio 
·         Perceber a distinção entre bens e coisas. 
·         Reconhecer a classificação dos bens considerados em si mesmos. 
·         Compreender a noção jurídica de fungibilidade dos bens. 
·         Perceber a distinção entre bens móveis e imóveis. 
Estrutura do Conteúdo 
 1 –   OS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS 
1.1 Bens principais  e bens acessórios. 
          1.2 Dos frutos, produtos, rendimentos, acessões e pertenças. 
1.3 Das benfeitorias: úteis, necessárias e voluptuárias. 
  
 2 - BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO SUJEITO 
          2.1 Bens públicos. 
2.1.1 Bens de uso comum do povo. 
2.1.2 Bens especiais 
2.1.3 Bens dominicais 
2.2 Bens particulares. 
Segue abaixo uma sugestão de roteiro de apresentação do conteúdo programático: 
1. BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS 
BENS PRINCIPAIS  E BENS ACESSÓRIOS 
A definição que o Código Civil produziu para retratar bem principal e bem acessório tem precisão suficiente, capaz de superar o tempo, conservando -lhe a atualidade, 
mesmo diante das profusas e profundas transformações por que passa a humanidade, com incremento do fator criativo.  
Cumpre assinalar que o caráter de principalidade ou acessoriedade se amadurece na compreensão que exige que os bens sejam reciprocamente considerados, em cotejo 
ou confronto da supremacia ou preponderância que um exerce sobre o outro, na determinação do papel funcional, pelo prisma da finalidade. 
A) BENS PRINCIPAIS  - são aqueles que existem sobre si, abstrata e concretamente , independentemente de outra. - art. 92 do CC. 
Considera-se bem principal o que existe sobre si, abstrata ou concretamente, segundo a definição do art. 92 do Código Civil.  
O bem principal, corpóreo ou incorpóreo, tem existência independente e própria, sem subordinação de natureza jurídica que lhe exija vinculação a outro bem.  
Participa das relações jurídicas com a categoria ou atributo de bem superior e imprescindível à existência de outro.  
Não depende nem segue outro bem; ao revés, tem o predicativo que o credencia a fazer com que outro bem se submeta à relação de subordinação, pela qualidade ou 
quantidade. O caráter da superioridade que se origina da natureza da principalidade identifica-se na importância do bem no contexto da relação material ou jurídica de que 
faça parte, a qual se projeta em múltiplos sentidos.  
Não será pelo enfoque da importância econômica ou financeira que se singulariza o bem, atribuindo-lhe o caráter de principal em face ao outro bem considerado secundário. 
A distinção, por conseguinte, repousa no discernimento que define o papel orgânico-funcional de que cada um dispõe na esfera das relações jurídicas ou materiais. 
B) BENS ACESSÓRIOS -  Diz-se bem acessório aquele cuja existência supõe a do principal, de acordo com o que estabelece o art. 92 do Código Civil. Assim, a árvore é coisa 
acessória do solo e os rendimentos são acessórios do imóvel. 
Os bens acessórios, pelas suas características, recebem a seguinte classificação:  
b.1) os frutos; 
b.2) os produtos; 
b.3) os rendimentos; 
b.4) as acessões; 
b.5) as benfeitorias; e 
b.6) as pertenças.  
B1. DOS F RUTOS - Definem-se os frutos como bens acessórios, que resultam de outros bens considerados principais, sem dizimá -los, conservando-os com os mesmos 
caracteres e com as mesmas finalidades. 
Habituou-se a doutrina a dividir os frutos , segundo: 
a) a origem (natural, industrial e civil); 
b) a natureza (vegetal, animal e artificial); 
c) o estado (pendentes, percipiendos, percebidos - ou colhidos -, existentes e consumidos). 
Os frutos naturais ou animais derivam dos bens gerados pela própria natureza , mesmo que com o induzimento do homem.  
Já os frutos civis, também reputados artificiais, decorrem de uma relação jurídica, em decorrência da qual se auferem resultados econômicos e/ou financeiros, traduzidos 
em renda ; os industriais, do trabalho ou engenhosidade do homem que, ao manejar recursos econômica e financeiramente mensuráveis, produz rendimentos extraídos do 
bem principal. 
Ganha expressão jurídica com projeção prática, a divisão dos frutos quanto ao estado, eis que há tratamento específico que o Código Civil adota para disciplinar o direito à 
percepção deles, como consectário dos efeitos da posse.  
Em sendo assim, os frutos pendentes são aqueles ainda argolados ou presos ao bem principal, haja vista que se lhe desaconselha a colheita ou recolhimento precoce; os 
frutos percebidos, aqueles que foram colhidos, com resultado útil; os frutos percipiendos, aptos a serem colhidos, não foram; os frutos existentes, os que, apartados do 
principal, aguardam sejam consumidos; e os frutos consumidos, os que desapareceram pelo uso ou consumo. 
Realce-se que os frutos e produtos, ainda quando não separados do bem principal, podem ser objeto de negócio jurídico , notadamente em se tratando de fruto pendente.  
No caso, o fruto já tem existência presente, mas se encontra ainda conectado ao bem principal, de cuja separação não depende para ser objeto de negócio jurídico, 
porquanto a lei admite que o seja mesmo sob condição de não desligamento.  
A efetividade do negócio não se subordina ao fato de que o fruto ou produto venha a ser separado do bem principal, mas é preciso que o implemento do contrato ocorra 
mediante a transformação do bem pendente em bem percebido. 
O bem pendente, por conseguinte, pode ser objeto de negócio jurídico, que se exaure com o bem percebido, pela transformação do bem pendente.  
B.2. DOS PRODUTOS - Como os frutos, os produtos são bens acessórios, cuja existência supõe a do principal, numa relação de dependência. 
O produtodecorre do concurso da exploração pelo homem, que maneja os recursos naturais ou industriais, para a obtenção de utilidade, extraída de um de bem principal, a 
qual satisfaça a uma necessidade.  
No geral, o produto, como bem acessório, tem a característica de provocar, à medida que é explorado e manejado, atrofia ou redução do bem principal, de que resulta e se 
separa, capaz de levá-lo à exaustão, total ou parcial.  
Portanto, distinguem-se o produto e o fruto, haja vista que o primeiro afeta, temporária ou definitivamente, o bem principal, causando-lhe perdas; o segundo, não.  
Sublinhe-se que a correta compreensão de produto e o exato entendimento de fruto repercutem no enquadramento do exercício de direitos de gozo, com o alcance com que 
cada um se apresenta na ordem jurídica.  
  
B.3. DOS RENDIMENTOS - Como bens acessórios, os rendimentos , apropriadamente chamados de frutos civis , consistem no resultado da apropriação das rendas ou 
receitas geradas pelos bens corpóreos ou incorpóreos, as quais se traduzem em valores aferíveis monetariamente. 
O rendimento significa o resultado decorrente do capital empregado econômica ou financeiramente, capaz de gerar juros, rendas, aluguéis e lucros, em propriedades 
mobiliárias ou propriedade imobiliárias.  
O bem principal é que gera o rendimento, em decorrência da exploração econômica ou financeira, na forma de concessão do uso ou gozo.  
B.4. DAS ACESSÕES - Considera-se acessão o fenômeno, natural ou artificial, em decorrência do qual se processa um acréscimo sobre o bem principal, que, assim, o 
incorpora, com os atributos que lhe são próprios, formando um todo jurídico.  
Diz-se, pois, que a acessão decorre de fenômeno:  
a) natural; ou 
b) artificial, chamada, também, de industrial ou intelectual.  
Entre as acessões provocadas por fenômeno natural, destacam-se: 
A) ALUVIÃO - fenômeno causado pelas águas, mediante o qual, gradual e evolutivamente, se acresce ao terreno porção nova de terra, ampliando-se, em conseqüência, a 
propriedade imobiliária, que se desenha em novos perímetros ;  
B) AVULSÃO - fenômeno por força do qual se dá deslocamento de uma certa porção de terra que se descola de um terreno juntando -se a outro. 
Na acessão provocada por fenômeno estimulado por artifício do engenho humano, inserem -se as construções e as plantações, que, também, geram a acessão, que se 
credencia à aquisição da propriedade imobiliária.  
B.5. DAS PERTENÇAS - Na categoria de bem acessório, pertenças significam os bens que se empregam num imóvel ou móvel (bem principal), sem o objetivo de lhe alterar a 
substância nem o de se lhe incorporar, situação em que ambos conservam as características que lhes particularizam, formal e funcionalmente. Caracterizam -se as 
pertenças como bens que não constituem parte integrante do bem principal, mas se lhe destinam, de modo duradouro:  
a) ao uso; 
b) ao serviço; e 
c) ao aformoseamento. Na verdade, emprega-se a pertença num bem, com o intuito pejado de interesse utilitário, capaz de gerar um resultado, com múltipla natureza, que 
se diversifica conforme o caso. 
As pertenças concorrem para oferecer ao bem principal o papel agregador de uma serventia, meramente utilitária ou estética.  
Particularidade relevante é a de que o negócio jurídico, ao envolver o bem principal, não abrange as pertenças, salvo se o contrário resultar:  
a) da lei; 
b) da manifestação de vontade; ou  
c) das circunstâncias do caso. 
Portanto, no geral, não seguem as pertenças a sorte do principal, no caso de alienação do bem em que fora empregado, salvo se houver ressalva expressa.  
Tanto a lei quanto a manifestação de vontade haverão de derramar certeza objetiva e formal, no sentido de revelar que a disposição fora a de inserir as pertenças no negócio 
jurídico de que fez parte o bem principal. Descartam-se, assim, a implicitude e a subjetividade como elementos que gerariam a presunção de que, na lei ou na exposição da 
vontade, as pertenças foram envolvidas no negócio jurídico. 
Portanto, à falta de manifestação expressa, colhida na lei ou no contrato em cujo instrumento se fixou o negócio jurídico, as pertenças, devido ao silêncio, não passam a 
integrar o bem principal, insubordinando-se a seu destino. 
Consideram-se circunstâncias as situações de cuja consumação se pode extrair a premissa que, no caso, torna a pertença irrelevante econômica, financeira ou 
operacionalmente ao valor do bem principal, que, sem elas, não perderá seus valores que justificaram o negócio jurídico.  
O exame das circunstâncias que persegue o caso, as quais justificariam a dedução de que, no negócio jurídico combinado, se envolveram, também, as pertenças, exige a 
presença do silêncio das partes, haja vista que se trata de uma exceção.  
Como ordinariamente não envolve a inclusão das pertenças no negócio jurídico, o silêncio das partes poderá, porém, excepcionalmente, provocar a atração das pertenças ao 
negócio jurídico, justificada se as circunstância do caso recomendar a abrangência.  
Deve-se pautar a análise das circunstâncias com reforço de elementos objetivos que se sobreponham aos subjetivos, os quais se credenciam melhor a avaliar e definir se a 
vontade silenciosa das partes é capaz de desenhar a inserção das pertenças no negócio jurídico. 
B.6. DAS BENFEITORIAS - Considera-se benfeitoria tudo o que se emprega num bem imóvel ou móvel, com a finalidade de salvaguardá-lo ou de embelezá-lo. 
Com a benfeitoria, independentemente da natureza, se lhe acresce uma utilidade, que se apresenta capaz de facilitar o uso do bem, conservar o bem ou gerar uma volúpia 
no seu titular. 
Para o sistema jurídico, a benfeitoria dispensa o elemento ideológico, mas a caracterização ou a determinação de sua natureza se dá justamente com a definição da causa 
finalística, em decorrência da qual se emprega um novo predicativo no bem, de ordem funcional, estética ou conservativa. 
Portanto, com base na causa finalística, caracterizam-se ou definem-se as benfeitorias: 
a) voluptuárias;  
b) úteis; e 
c) necessárias. Sublinhe-se, antes de se enfrentar a natureza em que cada uma das benfeitorias é particularizada, que a lei não considera benfeitoria os melhoramentos ou 
acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. 
DAS BENFEITORIAS VOLUPTUÁRIAS - Diz o Código Civil que a benfeitoria voluptuária é aquela que se realiza por mero deleite ou recreio, sem vocação ou predicativo capaz de 
aumentar o uso habitual do bem, ainda que o torne mais agradável, ou seja, de elevado valor.  
Verifica-se, assim, que, com a benfeitoria voluptuária, conserva-se a qualidade utilitária do bem, a que não se agrega elemento que potencialize a natureza de seu uso.  
Há mera vontade ou vaidade do benfeitor, com o objetivo de deleitar-se ou recrear-se, haja vista que o bem principal a que se junta uma benfeitoria a dispensa, pelo aspecto 
utilitário ou funcional, mas fica mais formoso ou recreador.  
O bem se torna mais belo, formoso, prazeroso, atraente, porque aguça a sensibilidade estética e seduz o espírito benfazejo que se deleita ou se recreia na cômoda 
necessidade do prazer. 
A rigor, o bem não necessita ou precisa da benfeitoria, mas o benfeitor a quer. Inexiste relação exata e precisa apta a oferecer proporção entre o bem principal e o bem 
acessório (a benfeitoria).  
Ressalte-se que é da tradição do direito brasileiro que as benfeitorias voluptuárias não são aquinhoadas com indenizações e não comportam, por conseguinte, o exercício 
do direito de retenção.  
B.6.2. DAS B ENFEITORIAS  ÚTEIS - Reputam-se úteis as benfeitorias que aumentam ou facilitam o uso do bem principal , em que elas são realizadas, com o intuito de 
enriquecer ou simplificar os meios para usá-lo. 
Na benfeitoria útil, ocorre aumento - físico ou funcional - do bem principal, por força da qual se torna maior, melhor ou mais funcional.  
Malgrado a natureza, a benfeitoria útil , além de necessariamenteproduzir um aumento físico ou funcional, pode gerar, secundariamente, uma vantagem estética, sem lhe 
modificar a natureza jurídica e sem se confundir em benfeitoria voluptuária.  
Constata-se o aumento do bem de que fala a regra pela simples metrificação, aferindo-se, pois, que ele sofreu acréscimo físico, independentemente do tamanho, posto que 
basta a utilidade. 
Mais importa a utilidade do que a dimensão da benfeitoria. Verifica-se o aumento funcional do bem pela ordinária experiência que demonstra, por percepção ou utilização, 
que se lhe facilitou e melhorou o uso. 
B.6.3. DAS BENFEITORIAS NECESSÁRIAS - Chama-se benfeitoria necessária aquela cuja realização busca conservar ou evitar que o bem principal se deteriore, com risco de 
destruição, parcial ou total.  
Caracteriza-se a benfeitoria necessária pela exigência reparadora que o bem revela, oculta ou ostensivamente, à falta da qual ele resultará em ruína, tornando-se imprestável 
ou insatisfatório para cumprir a finalidade a que se destina.  
A intensidade ou a extensão da intervenção sobre o bem é irrelevante para determinar a natureza da benfeitoria necessária, eis que basta que se reforce a confirmação de 
que era se apresentava indispensável para promover a conservação ou para evitar a deterioração da coisa. 
Na benfeitoria necessária, avulta a certeza da indispensabilidade ou da impostergabilidade de sua realização, haja vista que o bem a reclama, pelo fato formal ou funcional.  
 2 - BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO SUJEITO 
BENS PÚBLICOS E BENS PARTICULARES 
O Código Civil fracionou os bens na dicotomia de:  
a) bens públicos; e  
b) bens particulares. Consideraram-se públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; particulares, todos os outros. 
Se pertencer à pessoa jurídica de direito público interno - a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, os Territórios , as autarquias e as demais entidades de 
caráter público criadas por lei - reputa-se o bem público; fora daí, diz-se que o bem é particular, seja qual for a pessoa a que pertencerem. 
Define-se, pois, a natureza jurídica do bem pela qualidade da personalização do seu titular, opção legislativa que induz à constatação de que os bens das pessoas jurídicas 
de direito público externo, localizados no território geográfico do Brasil, são considerados bens particulares , haja vista que pertencem a pessoa jurídica que, por óbvio, não 
se enquadra na categoria de direito público interno. 
Portanto, não há bens públicos fora do domínio das pessoas jurídicas de direito público interno. 
A) BENS PÚBLICOS -   
Pelo critério da titularidade, os bens públicos classificam-se em bens pertencentes à União , aos Estados , ao Distrito Federal e aos Municípios. (art. 98, 1ª parte, e art. 99, 
ambos do CC.) 
Daí a denominação de bens públicos federais, estaduais, distritais federais e municipais.  
Pelo critério da utilização, sublinhe-se que os bens públicos estão divididos em:  
a) bens de uso comum do povo; 
b) bens de uso especial; e 
c) bens dominicais. 
  
Os BENS DE USO COMUM DO POVO são aqueles cujo uso, por característica natural ou jurídica, franqueia-se ao público, sem qualquer discriminação, entre os quais se 
incluem: os rios, mares, estradas, ruas e praças.  
Os BENS DE USO ESPECIAL  são aqueles cujo uso ocorre com certas e determinadas restrições legais e regulamentares, haja vista que se destinam a satisfazer uma utilidade 
ou necessidade pública especial, nos quais se destacam: edifícios ou terrenos destinados a serviço (teatros, universidades, museus ou estabelecimento da administração 
pública, inclusive de autarquia, navios e aeronaves de guerra, veículos oficiais. 
Os BENS DOMINICAIS  são aqueles que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma delas.  
A.1. AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO - Consoante se abordou, os bens públicos, considerando a destinação ou utilização, classificam-se em bens de uso comum, bens de uso 
especial e bens dominicais. 
A utilização do bem público, por conseguinte, modela a categoria jurídica a que pertence, situação em conformidade com a qual se extrai o conceito jurídico da afetação, 
como fenômeno jurídico que impõe o fim a que ele se destina, definindo, ainda, os limites que se estabelecem para o seu uso. 
A afetação é o ato jurídico mediante o qual se impõe a um bem uma destinação, gravando-o com característica diferente daquela que o identificava e determinando-lhe outra 
finalidade de acordo com a qual será utilizado.  
Em decorrência da afetação, transmudam-se a natureza e a destinação do bem, a qual pode alcançar bens particulares ou bens públicos (bens de uso comum, bens de uso 
especial e bens dominicais ). 
A afetação - e a desafetação, também - processa-se verticalmente por grau, conforme a natureza e a extensão do uso do bem. 
Um bem particular, defectado, pode se transformar em bem público de uso especial, que, a seu turno, pode, também, ser transpassado para bem público de uso comum, a 
mais nobre afetação.  
A desafetação é o fenômeno jurídico por força do qual se processa a regressão ou eliminação da categoria do bem público, com mudança na sua destinação.  
Em situações excepcionais, desde que inspiradas na vontade da lei, é possível um bem público de uso comum sofrer desafetação, com alteração de sua destinação.  
  
A.2. REGIME JURÍDICO - Existem critérios para a classificação dos bens públicos, pelo enfoque da titularidade e da utilização, conforme os mais técnicos.  
Os bens públicos sujeitam-se a regime jurídico especial, sob cujos princípios acomodam-se regras jurídicas que lhes impõem rígida disciplina legal que os diferencia dos 
bens particulares. 
Desfrutam os bens públicos de regime jurídico próprio e excepcional, privilégio que se justifica pela razão de que pertencem ao patrimônio do povo, para quem geram 
riquezas materiais e espirituais. 
Como pertencem à Nação, diz-se que os bens públicos compõem o domínio público, tutorado pelo princípio da indisponibilidade, que se expressa nos predicativos da:  
a.2.1 inalienabilidade; 
a.2.2 imprescritibilidade; e 
a.2.3 impenhorabilidade. 
O princípio da indisponibilidade, primaz na questão da dominialidade pública, afirma a natureza jurídica dos bens públicos, fazendo borda com o princípio da disponibilidade 
dos bens privados ou particulares. 
Trata-se de qualidade jurídica que exprime a compreensão natural de que o bem público, não se vende, não se dá, não se cede e não se adquire, a não ser em condições 
especiais, previstas em lei. 
Para o bem público e o bem do público, solenizam-se e substancializam-se as condições segundo as quais se lhe disponibiliza, sempre em condições e em situações 
extraordinárias, que se agigantam em face à realidade ordinária que envolve o poder particular sobre o bem que compreende o seu domínio.  
A.2.1 INALIENABILIDADE - A inalienabilidade consiste no predicativo que persegue o bem, impedindo-lhe a alienação ou a transferência de domínio, haja vista que, como se lhe 
veda o alheamento, não pode ser adquirido. 
Em regra, os bens privados ou particulares, salvo os bloqueios jurídicos que se lhes entranham em situações especialíssimas, granjeiam a liberdade da alienação, da 
transferência de domínio, com ou contra a vontade de seu titular - como no caso da usucapião -; os bens públicos, não. 
No entanto, a regra da inalienabilidade não se aplica, indiferentemente, a todos os bens públicos, porquanto se fraciona em:  
a) vedação absoluta; e  
b) vedação relativa.  
Há vedação absoluta à alienação quanto aos:  
a) bens públicos de uso comum ; e  
b) bens públicos de uso especial.  
Há vedação relativa à alienação quanto aos bens dominicais, haja vista que podem ser alienados, observadas as exigência da lei.  
Faz-se necessário destacar que os bens de uso comum e os bens de uso especial, enquanto conservarem a sua natureza jurídica,são inalienáveis.  
Em ocorrendo a desafetação - fenômeno por força do qual se transmuda a natureza da destinação ou da categoria do bem público -, os bens de uso comum e de bens de 
uso especial, anilhados à nova realidade, agora na condição de bens dominicais, podem ser alienados. 
No entanto, insta realçar que a desafetação, por si só, não basta como justificativa que credencia a alienação dos bens, antes de uso comum do povo ou de uso especial, 
agora dominicais, porquanto se exige a confecção de um ato legal que a autorize.  
Em se tratando de bens dominicais, que compõem o patrimônio de pessoa jurídica de direito público , mostra -se extravagante se exigir que a alienação subordine-se à 
expressa autorização da lei, razão por que basta a produção de ato legal com força para aliená-lo. 
Portanto, quando a norma fala que os bens dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei, não significa dizer que toda e qualquer alienação dessa 
categoria de bens públicos somente ocorre em havendo expressa autorização da lei.  
Cumpre ressaltar, contudo, que a alienação dos bens públicos dominicais, bens desafetados, sujeitam-se a regime especial de alienação, haja vista que a transferência de 
domínio depende de licitação.  
A.2.2 IMPRESCRITIBILIDADE - Trata-se a imprescritibilidade de outro predicativo decorrente da indisponibilidade do bem público, por força do qual se lhe blinda com o destaque 
jurídico, segundo o qual não se sujeita aos efeitos da usucapião.  
A imprescritibilidade, como garantia, alcança os bens públicos móveis e imóveis, sem restrição, sejam de uso comum do povo, de uso especial ou dominicais, haja vista 
que o próprio Código Civil não discrimina.  
A.2.3 IMPENHORABILIDADE - Em decorrência do princípio da indisponibilidade, o bem público qualifica-se, ainda, pela natureza da impenhorabilidade. 
Compete realçar que, de regra, um bem inalienável é um bem impenhorável.  
Outorga-se ao bem público - de uso comum do povo, de uso especial ou dominical - a qualidade jurídica que o protege de penhora, razão por que não pode ser apreendido 
nem dado em garantia. 
Veda-se, também, sejam os bens públicos gravados com ônus, motivo pelo qual não podem ser penhorados nem hipotecados .  
A. 3 O USO COMUM DOS BENS PÚBLICOS 
Estabelece o Código Civil que o uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração 
pertencerem. 
Verifica-se que, na regra geral, o uso comum dos bens público dá-se de forma: 
a) gratuita; ou 
b) retribuída.  
Não importa a natureza do bem público - de uso comum do povo, de uso especial ou dominical -, de tal sorte que a regra da gratuidade, em situação extraordinária ou 
excepcional, devidamente arrazoada, pode se transmudar, mediante a exigência de retribuição da entidade a cuja administração pertencer o bem. 
Evidencia-se que a retribuição de que fala a norma há de observar os princípios informativos de Direito Administrativo, especialmente os da legalidade, razoabilidade, 
economicidade, moralidade, proporcionalidade, finalidade e interesse público. 
B) BENS PARTICULARES - Todos os outros, seja qual for a pessoa a que pertencem - art. 98, in fine, do CC. 
C) BEM DE FAMÍLIA 
Para o Código Civil revogado era o ato jurídico em que o casal, ou em que um cônjuge na falta do outro, através de ato formal reserva imóvel urbano ou rústico de seu 
patrimônio para residência da família, a se tornar assim imune à apreensão por dívida pessoal, desde que não assumida anteriormente pelo instituidor, ou por dívida tributária 
cujo fato gerador não se pudesse vincular ao próprio imóvel. 
Neste estágio, uma vez designado para uso familiar, o prédio ainda se tornava inalienável. 
Mas o tempo modificou o conceito. 
Sob a roupagem dada pela Lei no. 8.009, o novo bem de família dispensa ato formal de instituição, porque já constituído pela própria lei, ou pelo Estado, e atinge todo e 
qualquer imóvel onde viva família ou entidade, em o tornando impenhorável, e assim os móveis quitados que o guarneçam, ou ainda esses mesmos móveis quitados 
existentes na casa que - não sendo própria - for alugada. 
Óbvia “norma agendi”. Um direito objetivo, sob este aspecto. 
Sem que houvesse a revogação total das disposições do Código Civil a respeito - limitando-se à hipótese de coexistirem no mesmo patrimônio dois ou mais bens passíveis 
de uso residencial pela família, repita-se - a conviverem assim as normas respectivas, tenho hoje ser possível definir o bem de família como o direito de imunidade relativa à 
apreensão judicial, que se estabelece, havendo cônjuges ou entidade familiar, primeiro por força de lei e em alguns casos ainda por manifestação de vontade, sobre imóvel 
urbano ou rural, de domínio e/ou posse de integrante, residência efetiva desse grupo, que alcança ainda os bens móveis quitados que a guarneçam, ou somente esses em 
prédio que não seja próprio, além das pertenças e alfaias, e eventuais valores mobiliários afetados e suas rendas. 
Apenas à impenhorabilidade visa a versão obrigatória do bem de família, pois de inalienabilidade a Lei 8.009 não cogitou.  
A única exceção: acrescentar-se-á também a inalienabilidade ao bem de família se houver a escolha de um imóvel residencial, dentre outros de domínio do instituidor, pelo 
sistema para isso ainda vigente dos arts. 1.711 e seguintes do Código Civil, como já expusemos acima. A venda, a sub -rogação em outros bens, do prédio, dos móveis e 
valores mobiliários afetados voluntariamente, somente poderão acontecer se observado o art. 1.717. 
  
C.1 OS REQUISITOS ESSENCIAIS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO BEM DE FAMÍLIA : 
Dois os supostos de direito material para que a residência da família não seja apreendida judicialmente: 
c.1.1 o prédio deve ser residencial e, além,  
c.1.2 o grupo deverá estar residindo nele efetivamente. 
Por primeiro há se tratar de imóvel residencial, apropriado para a moradia de pessoas. Se o normal é a habitação humana em casas ou apartamentos, em princípio não 
deveriam ser consideradas como residenciais as construções ainda inacabadas ou os prédios que não se prestem a esse fim, tais como galpões industriais, lojas de 
comércio, postos de gasolina etc.  
Poder-se-á demonstrar, ao invés, através de prova a mudança de destinação ou a adaptação de prédios não erguidos para residência, mas que se tenham modificado por 
motivos quaisquer. Alegações de possíveis alterações de outros tipos de imóvel para o fim residencial não deverão ser descartadas de plano na perquirição probatória do 
bem de família, mas devem ser objeto da prudente e sensível ponderação do juiz, considerado sempre o quadro sócio-econômico-cultural brasileiro, nas suas diversificadas 
regiões.  
Em segundo lugar, que se trate de residência efetiva do grupo ou núcleo familiar.   Única e permanente, diz o art. 5o. da Lei 8.009. 
  
A melhor interpretação que se tira desta norma é a de que as pessoas estejam alojadas no imóvel com ânimo de permanência nele, como sede da família. Domicílio no 
sentido do art. 70 do Código Civil, o lugar onde a pessoa se estabelece como residente e em definitivo.  
Mesmo que seus integrantes, periodicamente, estejam fora (p.ex., executivos que viajam, estudos ou cursos que se freqüentam dentro ou fora do país, residência episódica 
em outro local, etc.), o que determina esta efetividade é o vínculo do grupo ou da pessoa com a habitação, sem a constituição de moradia definitiva em outro lugar. 
A ocupação do imóvel residência de família ou entidade familiar deve ser perene e induvidosa, a ponto de não se a ter como encenação em momento anterior à execução, 
ato de má-fé ou ilícito civil que tem tido sanção em julgados diversos, com apoio subsidiário no conteúdo ético do art. 4o., “caput”, da Lei referida. 
À hipótese de família multi ou pluridomiciliada, que tenha residências onde alternativamente viva (art. 71 do Código Civil) responde a Lei 8.009 com a indicação prévia, pelo 
proprietário,de apenas uma das casas utilizadas, sob pena de se tornar impenhorável a de valor menor do acervo. 
Jamais se designa mais de uma residência, ainda que em cidades diferentes do território nacional. Fica fora do alcance de nossa lei, entretanto, outro imóvel residencial 
situado no exterior. 
A casa de campo ou de praia se excluem, por conseqüência, da inexcutibilidade. 
É de se acrescentar, outrossim, a possibilidade de o único imóvel residencial da família ser alugado, temporária ou definitivamente, para custeio de permanência da família 
em local diverso por necessidade comprovada ou compreensível, sem a desfiguração do bem de família. Há orientação jurisprudencial que não entende descaracterizado por 
isso o bem de família, porque o objetivo da Lei 8.009 é, justamente, garantir esse patrimônio familiar. 
OBS.: Os bens públicos e os bens de família são inalienáveis, e são insuscetíveis de apropriação o ar atmosférico e a luz solar. Existe ainda as legalmente inalienáveis 
(coisas doadas com cláusula de inalienabilidade, bens de diretores de instituições financeiras em liquidação) além dos bens que constituem direta irradiação da 
personalidade (liberdade, honra, nome, privacidade, etc). 
  
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
  
Nome do livro: Curso de Direito Civil. Vol 1 Parte Geral - ISBN. 8530927923 
Nome do autor: NADER, Paulo. 
Editora: Forense 
Ano: 2009 
Edição: 6a 
Nome do capítulo: Bense patrimônio 
N. de páginas do capítulo: 13 
Aplicação Prática Teórica 
OS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS. 
TRÊS AMIGOS QUE HÁ MUITO NÃO SE VIAM ENCONTRAM-SE POR ACASO NO CORREDOR DA 1ª. VARA CÍVEL DE GOIÂNIA/GO, ENQUANTO AGUARDAM SUAS RESPECTIVAS AUDIÊNCIAS. PAPO VAI 
PAPO VEM ACABAM POR REVELAR O MOTIVO QUE OS LEVOU ATÉ LÁ. 
LAURO, PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA, CONSTRUÍRA DE BOA-FÉ UMA PISCINA OLÍMPICA NO TERRENO DO IMÓVEL QUE ALUGARA PARA ALI INSTALAR SUA ACADEMIA DE NATAÇÃO; 
DAGOBERTO, TAMBÉM DE BOA-FÉ, CONSTRUÍRA UMA PISCINA NA CASA QUE ALUGARA PARA PASSAR OS FINS-DE-SEMANA E WALDOMIRO, SEMPRE NA MAIOR DAS BOAS-FÉS, CONSTRUÍRA 
UMA PISCINA NO IMÓVEL ALUGADO EM QUE FUNCIONAVA A ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL QUE DIRIGIA. TODOS OS AMIGOS , APÓS A RESCISÃO DE SEUS CONTRATOS DE LOCAÇÃO, 
RECUSARAM-SE A DEIXAR OS RESPECTIVOS IMÓVEIS E ENTRARAM NA JUSTIÇA BUSCANDO A INDENIZAÇÃO PELO QUE GASTARAM E PELA VALORIZAÇÃO DOS IMÓVEIS , COM BASE EM PRETENSO 
DIREITO DE RETENÇÃO. 
PERGUNTA-SE: 
  
A)             A NATUREZA JURÍDICA DA BENFEITORIA REALIZADA POR CADA UM DOS AMIGOS   POR SE TRATAR DE UMA PISCINA, É A MESMA? AFINAL, O QUE É UMA BENFEITORIA? 
  
B)             O QUE SIGNIFICA ESSE “DIREITO DE RETENÇÃO” ALEGADO POR TODOS OS AMIGOS COMO BASE PARA NÃO SAÍREM DOS IMÓVEIS ALUGADOS? TODOS ELES SÃO TITULARES DE TAL 
DIREITO? 
  
A)     E SE O PROPRIETÁRIO DA CASA ALUGADA POR DAGOBERTO PASSASSE A COBRAR INGRESSO DE SEUS VIZINHOS PARA UTILIZAREM A PISCINA CONSTRUÍDA, FARIA DIFERENÇA NO CASO 
EM ANÁLISE? 
  
CASO CONCRETO 2 
  
OS BENS PÚBLICOS. 
  
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO RESOLVEU ALIENAR UM PRÉDIO ONDE FUNCIONA A SEDE DE UMA EMPRESA DE ILUMINAÇÃO DO ESTADO, PARA SALDAR DÍVIDAS 
CONTRAÍDAS FRENTE A ALGUMAS EMPRESAS CONTRATADAS PARA FAZEREM OBRAS DE REFORMA EM DOIS HOSPITAIS E CINCO ESCOLAS, ESTABELECIDOS NO INTERIOR DO ESTADO.   
COM BASE NO CASO PROPOSTO, É ADMISSÍVEL A ALIENAÇÃO DO IMÓVEL EM QUESTÃO PERANTE NOSSO ORDENAMENTO JURÍDICO?  JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA 
  
QUESTÃO OBJETIVA 
  
  
MARQUE A ALTERNATIVA ERRADA EM RELAÇÃO AOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS 
(   ) O BEM PRINCIPAL É UM BEM QUE POSSUI EXISTÊNCIA AUTÔNOMA, PRÓPRIA, JÁ OS BENS ACESSÓRIOS DEPENDEM DA EXISTÊNCIA DE OUTRO BEM 
(   )  AS PERTENÇAS SÃO COISAS MÓVEIS OU IMÓVEIS DESTINADAS AO SERVIÇO OU ORNAMENTAÇÃO DE UM BEM PRINCIPAL COMO PARTE INTEGRANTE. 
(   ) OS FRUTOS, PRODUTOS E RENDIMENTOS SÃO BENS ACESSÓRIOS 
(   ) BENFEITORIA É TODA OBRA OU DESPESA FEITA NA COISA PRINCIPAL PARA CONSERVÁ-LA OU MELHORÁ-LA. 
(   ) O POSSUIDOR DE BOA-FÉ TEM DIREITO À INDENIZAÇÃO DAS BENFEITORIAS NECESSÁRIAS E ÚTEIS 
  
Plano de Aula: DIREITO CIVIL I
DIREITO CIVIL I 
Estácio de Sá Página 2 / 7
Título 
DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
7 
Tema 
OS BENS (Continuação) 
Objetivos 
·         Identificar os objetos das relações jurídicas apresentadas. 
·         Compreender a noção jurídica de patrimônio 
·         Perceber a distinção entre bens e coisas. 
·         Reconhecer a classificação dos bens considerados em si mesmos. 
·         Compreender a noção jurídica de fungibilidade dos bens. 
·         Perceber a distinção entre bens móveis e imóveis. 
Estrutura do Conteúdo 
 1 –   OS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS 
1.1 Bens principais  e bens acessórios. 
          1.2 Dos frutos, produtos, rendimentos, acessões e pertenças. 
1.3 Das benfeitorias: úteis, necessárias e voluptuárias. 
  
 2 - BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO SUJEITO 
          2.1 Bens públicos. 
2.1.1 Bens de uso comum do povo. 
2.1.2 Bens especiais 
2.1.3 Bens dominicais 
2.2 Bens particulares. 
Segue abaixo uma sugestão de roteiro de apresentação do conteúdo programático: 
1. BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS 
BENS PRINCIPAIS  E BENS ACESSÓRIOS 
A definição que o Código Civil produziu para retratar bem principal e bem acessório tem precisão suficiente, capaz de superar o tempo, conservando -lhe a atualidade, 
mesmo diante das profusas e profundas transformações por que passa a humanidade, com incremento do fator criativo.  
Cumpre assinalar que o caráter de principalidade ou acessoriedade se amadurece na compreensão que exige que os bens sejam reciprocamente considerados, em cotejo 
ou confronto da supremacia ou preponderância que um exerce sobre o outro, na determinação do papel funcional, pelo prisma da finalidade. 
A) BENS PRINCIPAIS  - são aqueles que existem sobre si, abstrata e concretamente , independentemente de outra. - art. 92 do CC. 
Considera-se bem principal o que existe sobre si, abstrata ou concretamente, segundo a definição do art. 92 do Código Civil.  
O bem principal, corpóreo ou incorpóreo, tem existência independente e própria, sem subordinação de natureza jurídica que lhe exija vinculação a outro bem.  
Participa das relações jurídicas com a categoria ou atributo de bem superior e imprescindível à existência de outro.  
Não depende nem segue outro bem; ao revés, tem o predicativo que o credencia a fazer com que outro bem se submeta à relação de subordinação, pela qualidade ou 
quantidade. O caráter da superioridade que se origina da natureza da principalidade identifica-se na importância do bem no contexto da relação material ou jurídica de que 
faça parte, a qual se projeta em múltiplos sentidos.  
Não será pelo enfoque da importância econômica ou financeira que se singulariza o bem, atribuindo-lhe o caráter de principal em face ao outro bem considerado secundário. 
A distinção, por conseguinte, repousa no discernimento que define o papel orgânico-funcional de que cada um dispõe na esfera das relações jurídicas ou materiais. 
B) BENS ACESSÓRIOS -  Diz-se bem acessório aquele cuja existência supõe a do principal, de acordo com o que estabelece o art. 92 do Código Civil. Assim, a árvore é coisa 
acessória do solo e os rendimentos são acessórios do imóvel. 
Os bens acessórios, pelas suas características, recebem a seguinte classificação:  
b.1) os frutos; 
b.2) os produtos; 
b.3) os rendimentos; 
b.4) as acessões; 
b.5) as benfeitorias; e 
b.6) as pertenças.  
B1. DOS F RUTOS - Definem-se os frutos como bens acessórios, que resultam de outros bens considerados principais, sem dizimá -los, conservando-os com os mesmos 
caracteres e com as mesmas finalidades. 
Habituou-se a doutrina a dividir os frutos , segundo: 
a) a origem (natural, industrial e civil); 
b) a natureza (vegetal, animal e artificial); 
c) o estado (pendentes, percipiendos, percebidos - ou colhidos -, existentes e consumidos).Os frutos naturais ou animais derivam dos bens gerados pela própria natureza , mesmo que com o induzimento do homem.  
Já os frutos civis, também reputados artificiais, decorrem de uma relação jurídica, em decorrência da qual se auferem resultados econômicos e/ou financeiros, traduzidos 
em renda ; os industriais, do trabalho ou engenhosidade do homem que, ao manejar recursos econômica e financeiramente mensuráveis, produz rendimentos extraídos do 
bem principal. 
Ganha expressão jurídica com projeção prática, a divisão dos frutos quanto ao estado, eis que há tratamento específico que o Código Civil adota para disciplinar o direito à 
percepção deles, como consectário dos efeitos da posse.  
Em sendo assim, os frutos pendentes são aqueles ainda argolados ou presos ao bem principal, haja vista que se lhe desaconselha a colheita ou recolhimento precoce; os 
frutos percebidos, aqueles que foram colhidos, com resultado útil; os frutos percipiendos, aptos a serem colhidos, não foram; os frutos existentes, os que, apartados do 
principal, aguardam sejam consumidos; e os frutos consumidos, os que desapareceram pelo uso ou consumo. 
Realce-se que os frutos e produtos, ainda quando não separados do bem principal, podem ser objeto de negócio jurídico , notadamente em se tratando de fruto pendente.  
No caso, o fruto já tem existência presente, mas se encontra ainda conectado ao bem principal, de cuja separação não depende para ser objeto de negócio jurídico, 
porquanto a lei admite que o seja mesmo sob condição de não desligamento.  
A efetividade do negócio não se subordina ao fato de que o fruto ou produto venha a ser separado do bem principal, mas é preciso que o implemento do contrato ocorra 
mediante a transformação do bem pendente em bem percebido. 
O bem pendente, por conseguinte, pode ser objeto de negócio jurídico, que se exaure com o bem percebido, pela transformação do bem pendente.  
B.2. DOS PRODUTOS - Como os frutos, os produtos são bens acessórios, cuja existência supõe a do principal, numa relação de dependência. 
O produto decorre do concurso da exploração pelo homem, que maneja os recursos naturais ou industriais, para a obtenção de utilidade, extraída de um de bem principal, a 
qual satisfaça a uma necessidade.  
No geral, o produto, como bem acessório, tem a característica de provocar, à medida que é explorado e manejado, atrofia ou redução do bem principal, de que resulta e se 
separa, capaz de levá-lo à exaustão, total ou parcial.  
Portanto, distinguem-se o produto e o fruto, haja vista que o primeiro afeta, temporária ou definitivamente, o bem principal, causando-lhe perdas; o segundo, não.  
Sublinhe-se que a correta compreensão de produto e o exato entendimento de fruto repercutem no enquadramento do exercício de direitos de gozo, com o alcance com que 
cada um se apresenta na ordem jurídica.  
  
B.3. DOS RENDIMENTOS - Como bens acessórios, os rendimentos , apropriadamente chamados de frutos civis , consistem no resultado da apropriação das rendas ou 
receitas geradas pelos bens corpóreos ou incorpóreos, as quais se traduzem em valores aferíveis monetariamente. 
O rendimento significa o resultado decorrente do capital empregado econômica ou financeiramente, capaz de gerar juros, rendas, aluguéis e lucros, em propriedades 
mobiliárias ou propriedade imobiliárias.  
O bem principal é que gera o rendimento, em decorrência da exploração econômica ou financeira, na forma de concessão do uso ou gozo.  
B.4. DAS ACESSÕES - Considera-se acessão o fenômeno, natural ou artificial, em decorrência do qual se processa um acréscimo sobre o bem principal, que, assim, o 
incorpora, com os atributos que lhe são próprios, formando um todo jurídico.  
Diz-se, pois, que a acessão decorre de fenômeno:  
a) natural; ou 
b) artificial, chamada, também, de industrial ou intelectual.  
Entre as acessões provocadas por fenômeno natural, destacam-se: 
A) ALUVIÃO - fenômeno causado pelas águas, mediante o qual, gradual e evolutivamente, se acresce ao terreno porção nova de terra, ampliando-se, em conseqüência, a 
propriedade imobiliária, que se desenha em novos perímetros ;  
B) AVULSÃO - fenômeno por força do qual se dá deslocamento de uma certa porção de terra que se descola de um terreno juntando -se a outro. 
Na acessão provocada por fenômeno estimulado por artifício do engenho humano, inserem -se as construções e as plantações, que, também, geram a acessão, que se 
credencia à aquisição da propriedade imobiliária.  
B.5. DAS PERTENÇAS - Na categoria de bem acessório, pertenças significam os bens que se empregam num imóvel ou móvel (bem principal), sem o objetivo de lhe alterar a 
substância nem o de se lhe incorporar, situação em que ambos conservam as características que lhes particularizam, formal e funcionalmente. Caracterizam -se as 
pertenças como bens que não constituem parte integrante do bem principal, mas se lhe destinam, de modo duradouro:  
a) ao uso; 
b) ao serviço; e 
c) ao aformoseamento. Na verdade, emprega-se a pertença num bem, com o intuito pejado de interesse utilitário, capaz de gerar um resultado, com múltipla natureza, que 
se diversifica conforme o caso. 
As pertenças concorrem para oferecer ao bem principal o papel agregador de uma serventia, meramente utilitária ou estética.  
Particularidade relevante é a de que o negócio jurídico, ao envolver o bem principal, não abrange as pertenças, salvo se o contrário resultar:  
a) da lei; 
b) da manifestação de vontade; ou  
c) das circunstâncias do caso. 
Portanto, no geral, não seguem as pertenças a sorte do principal, no caso de alienação do bem em que fora empregado, salvo se houver ressalva expressa.  
Tanto a lei quanto a manifestação de vontade haverão de derramar certeza objetiva e formal, no sentido de revelar que a disposição fora a de inserir as pertenças no negócio 
jurídico de que fez parte o bem principal. Descartam-se, assim, a implicitude e a subjetividade como elementos que gerariam a presunção de que, na lei ou na exposição da 
vontade, as pertenças foram envolvidas no negócio jurídico. 
Portanto, à falta de manifestação expressa, colhida na lei ou no contrato em cujo instrumento se fixou o negócio jurídico, as pertenças, devido ao silêncio, não passam a 
integrar o bem principal, insubordinando-se a seu destino. 
Consideram-se circunstâncias as situações de cuja consumação se pode extrair a premissa que, no caso, torna a pertença irrelevante econômica, financeira ou 
operacionalmente ao valor do bem principal, que, sem elas, não perderá seus valores que justificaram o negócio jurídico.  
O exame das circunstâncias que persegue o caso, as quais justificariam a dedução de que, no negócio jurídico combinado, se envolveram, também, as pertenças, exige a 
presença do silêncio das partes, haja vista que se trata de uma exceção.  
Como ordinariamente não envolve a inclusão das pertenças no negócio jurídico, o silêncio das partes poderá, porém, excepcionalmente, provocar a atração das pertenças ao 
negócio jurídico, justificada se as circunstância do caso recomendar a abrangência.  
Deve-se pautar a análise das circunstâncias com reforço de elementos objetivos que se sobreponham aos subjetivos, os quais se credenciam melhor a avaliar e definir se a 
vontade silenciosa das partes é capaz de desenhar a inserção das pertenças no negócio jurídico. 
B.6. DAS BENFEITORIAS - Considera-se benfeitoria tudo o que se emprega num bem imóvel ou móvel, com a finalidade de salvaguardá-lo ou de embelezá-lo. 
Com a benfeitoria, independentemente da natureza, se lhe acresce uma utilidade, que se apresenta capaz de facilitar o uso do bem, conservar o bem ou gerar uma volúpia 
no seu titular. 
Para o sistema jurídico, a benfeitoria dispensa o elemento ideológico, mas a caracterização ou a determinação de sua natureza se dá justamente com a definição da causa 
finalística, em decorrência da qual se emprega um novo predicativo no bem, de ordem funcional, estética ou conservativa.

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