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Maria Beatriz Valença Endocrinologia • Definida como um índice de massa corporal (IMC) maior ou igual a 30 kg/m2, é uma doença metabólica crônica, de difícil tratamento, cuja prevalência vem aumentando em proporções epidêmicas nas últimas quatro décadas na maioria dos países; • Brasil (VIGITEL 2018): ➔ Entre 2006 e 2018: taxa de obesidade passou de 11,8% para 19,8% (↑ 67%); ➔ Faixas etárias: dos 25 aos 34 anos e dos 35 aos 44; ➔ Estados: Maranhão (15,7%) e Amazonas (23%); ➔ Sexo: mulheres (20,7%) x homens (18,7%); ➔ Excesso de peso: 55,7% da população. • A obesidade é um relevante problema de saúde mundial, agravado, sobretudo, pelo aumento do risco de diabetes melito tipo 2, doenças cardiovasculares e várias formas de câncer; • O excesso de peso corporal também favorece o surgimento de muitas outras anormalidades, incluindo osteoartrite, doença hepática gordurosa não alcoólica, refluxo gastresofágico, hipertrofia benigna da próstata, infertilidade, hipogonadismo, asma, apneia do sono e deficiência de vitamina D, entre outros; • Obesidade materna tem sido associada a um risco aumentado de anomalias congênitas e diabetes gestacional; • Em geral, quanto maior o IMC, maior o risco dessas comorbidades. Excesso de peso está também associado a risco aumentado de morte. • O hipotálamo, é o grande responsável pelo controle da homeostase energética, sob a influência de sinais periféricos metabólicos e endócrinos. Isso resulta em respostas que modulam não somente comportamento alimentar, mas também o gasto energético; • Em condições fisiológicas, o núcleo arqueado do hipotálamo (ARC), localizado na eminência mediana, detecta sinais de nutrientes e hormônios a partir da periferia. Ele é o sítio primário de duas populações de neurônios que formam parte do sistema central da melanocortina, um regulador-chave do balanço energético. A primeira população, localizada lateralmente, expressa dois polipeptídeos com ação estimuladora do apetite (via orexigênica): o neuropeptídeo Y (NPY) e a proteína (ou peptídeo) relacionada ao Agouti (AgRP), um antagonista do receptor da melanocortina. A segunda população, localizada medialmente, contém a pró- opiomelanocortina (POMC) e o transcrito regulado por cocaína e anfetamina (CART), componentes da via anorexigênica. Portanto, o equilíbrio dos peptídeos hipotalâmicos orexigênicos e anorexigênicos é crucial para um adequado controle da ingestão de alimentos; • Os sinalizadores periféricos informam o hipotálamo não somente sobre a quantidade de energia já armazenada no organismo, como também sobre a necessidade de maior ou menor ingestão de alimentos. Esses sinalizadores se originam, sobretudo, do trato gastrintestinal, do pâncreas e dos adipócitos; ➔ Produzida pelas células do epitélio gástrico, a ghrelina é chamada de “hormônio da fome”. Ela atua no hipotálamo estimulando a produção do NPY e da AgRP. Seus níveis séricos se elevam com o jejum e caem após a ingestão alimentar, sobretudo de carboidratos e proteínas. ➔ Os sinalizadores da saciedade são hormônios gastrenteropancreáticos secretados durante a alimentação e agem provocando um término mais precoce da refeição. O mais conhecido é a colecistocinina (CCK), um octopeptídeo secretado sobretudo no duodeno, em resposta à presença de nutrientes. • Existem também os sinalizadores de adiposidade, com ação anorexigênica, representados pela insulina e pela leptina (produzida pelos adipócitos). Esses peptídeos são secretados de acordo com a quantidade de gordura corporal e levam essa informação para os centros hipotalâmicos, gerando decréscimo na ingestão de alimentos. • Equipe multidisciplinar; • Mudança do estilo de vida (MEV): dieta e exercícios; • Terapia comportamental: ➔ Psicoterapia: individual ou em grupo; • Medicamentos: A terapia se faz necessária para alguns pacientes, já que facilita e/ou aumenta a adesão à dieta, propiciando uma perda ponderal maior e mais duradoura; • Cirurgia bariátrica: Potencialmente indicada para os casos não responsivos ao tratamento clínico com IMC ≥ 40 kg/m2 ou IMC ≥ 35 kg/m2 associado a comorbidades; • Balão intragástrico; OBESIDADE INTRODUÇÃO CONTROLE NEUROENDÓCRINO DO APETITE TRATAMENTO Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Maria Beatriz Valença Endocrinologia • Uma perda de peso de 5 a 10% do peso corporal, independentemente de como for atingida, está associada a melhora do perfil de risco cardiovascular e a menor incidência de diabetes melito tipo 2 (DM2). • Diário alimentar; • Dieta fracionada; ➔ Gordura: 20-30%; ➔ CH: 55-60%; ➔ Proteínas: 15-20%. • Evitar: gorduras, açúcar, sal e álcool; • ↑: frutas, vegetais, fibras; • Dieta do mediterrâneo: Composta por um alto consumo de frutas, hortaliças, cereais, leguminosas, oleaginosas, peixes, leite e derivados, vinho, azeite de oliva e pelo moderado consumo de produtos de origem animal. Rica em vitaminas, minerais, carboidratos e fibras e pobre em ácidos graxos saturados, a deita mediterrânea faz com que os povos da região apresentem os mais baixos índices de doenças crônicas não-transmissíveis e as mais altas taxas de expectativa de vida. • ≥ 150 min/sem; • ↓ gordura visceral, melhora RI e outros componentes da SM (PA, HDL e TG); • Aeróbico: ↓ gordura visceral e total; • Resistido: mantém massa magra, ↓ estado inflamatório; • Treinamento combinado: potencializa o emagrecimento e melhora a resposta metabólica. • Obesidade grau I ou IMC ≥ 27 com comorbidades (DM, DLP, HAS, AOS); → As recentes diretrizes da Endocrine Society recomendam a farmacoterapia para indivíduos com IMC > 30 kg/m2 ou IMC ≥ 27 kg/m2 na presença de, pelo menos, uma condição mórbida relacionada à obesidade, como DM2, dislipidemia, hipertensão arterial sistêmica (HAS) ou apneia do obstrutiva do sono. • On-label x Off-label; • Considerando-se a fisiopatologia da obesidade, seu tratamento medicamentoso deve visar: estimular as vias anorexígenas de sinalização, antagonizar as vias de sinalização orexígenas, aumentar o gasto energético e/ou inibir a absorção de nutrientes; • Eficácia x Segurança x Tolerabilidade x Custo x Impacto positivo em morbimortalidade. ➔ Idealmente, um fármaco antiobesidade deve ter as seguintes características: eficácia na redução do peso ponderal; mecanismo de ação relacionado com a fisiopatologia da doença; perfil de segurança para uso a longo prazo; boa tolerabilidade; viabilidade econômica para tratamento a médio e longo prazos; e impacto positivo sobre as comorbidades associadas à obesidade. 1. Catecolaminérgicos: • Anorexígenos; • Ação: ↑ liberação de nora → ↓ apetite; • Anfepramona, femproporex, mazindol; • Potencial de dependência, ↑ PA; • Em 2011, foram retirados do mercado pela ANVISA, devido a ausência de dados de segurança cardiovascular e, sobretudo, pelo potencial surgimento de dependência, por serem derivados anfetamínicos. Há um Projeto de Lei que visa a autorização da produção, comercialização e consumo desses medicamentos. 2. Sacietógeno: Sibutramina • É um inibidor de recaptação de serotonina e norepinefrina: ↓ recaptação de serotonina e NA → ↑saciedade; • Seu efeito principal sobre a regulação da ingestão de alimentos parece estar relacionado muito mais com o aumento da saciação e com o prolongamento da sensação de saciedade do que com um efeito direto de supressão da fome; • A dose atualmente recomendada para a sibutramina é de 10 a 20 mg/dia; • Termogênese? (↑ PA e FC); → Devido a seu efeito adrenérgico, a sibutramina pode determinar elevação da pressão arterial (PA) e da frequência cardíaca (FC), geralmente discreta. • Efeitos Colaterais:cefaleia, boca seca, constipação intestinal, insônia etc; • Estudo SCOUT: ↑ risco relativo de desfechos CV não- fatais (AVC e IAM); → Há controvérsias. A Anvisa manteve o uso da sibutramina em nosso país, mas com restrições, estipulando um IMC mínimo de 30 kg/m2 para início do tratamento, dose máxima de 15 mg/dia e prazo máximo de tratamento de 2 anos. • Contraindicado em pacientes: ➔ Com IMC < 30 kg/m2; ➔ Com histórico de diabetes mellitus tipo 2 com pelo menos outro fator de risco (HAS controlada por medicação, dislipidemia, prática atual de tabagismo, nefropatia diabética com evidência de microalbuminúria); DIETA ATIVIDADE FÍSICA MEDICAMENTOSO Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Maria Beatriz Valença Endocrinologia ➔ Com histórico de doença arterial coronariana, ICC, taquicardia, doença arterial obstrutiva periférica, arritmia ou doença cerebrovascular; ➔ Hipertensão controlada inadequadamente, >145/90 mmHg; ➔ Com idade mínima de 65 anos, crianças e adolescentes; ➔ Com histórico ou presença de transtornos alimentares; ➔ Em uso de outros medicamentos de ação central para redução de peso ou tratamento de transtornos psiquiátricos. • Precauções com o uso dos medicamentos à base de sibutramina exigem que: ➔ Ocorra a descontinuidade do tratamento em pacientes que não responderem à perda de peso após 4 semanas de tratamento com dose diária máxima de 15 mg/dia, considerando-se que esta perda dever ser de, pelo menos, 2 kg, durante estas 4 primeiras semanas; ➔ Haja a monitorização da PA e da FC durante todo o tratamento, pois o uso da sibutramina tem como efeito colateral o aumento, de forma relevante, da PA e da FC, o que pode determinar a descontinuidade do tratamento. 3. Inibidores da absorção de gordura: Orlistate • Potente inibidor de lipases do TGI; • 30% da gordura eliminada nas fezes; → Cerca de 30% dos triglicerídeos provenientes da dieta permanecem não digeridos e não são absorvidos pelo intestino delgado, atravessando o TGI e sendo eliminados nas fezes; • Também está associado a diminuição na absorção intestinal de vitaminas lipossolúveis, fármacos antiepilépticos, varfarina, ciclosporina e L-tiroxina; • Não apresenta atividade sistêmica, e sua absorção intestinal é desprezível em doses de até 800 mg/dia; • Não atua sobre os circuitos neuronais reguladores do apetite; contudo, ele promove uma liberação mais precoce do GLP-1, que tem efeito incretínico e sacietógeno; • A dose recomendada para o orlistate é de 120 mg antes de cada refeição. No entanto, mesmo na posologia de 60 mg 3 vezes/dia, a medicação mostrou-se mais eficaz que o placebo; • O orlistate está também aprovado pelo FDA para o tratamento da obesidade em adolescentes (a partir dos 12 anos de idade); • Efeitos colaterais: dor abdominal, esteatorreia, flatos com descarga oleosa, urgência/incontinência fecal; • Melhora metabólica: ↓ PA, LDL, TGL e melhora DM. → A média de perda ponderal, subtraindo o placebo, é da ordem de 2,8 a 3,2 kg, associada a uma significativa melhora nos níveis de pressão arterial, perfil lipídico e controle metabólico do DM2. Tal fato se deve à redução de 25 a 30% da absorção intestinal de colesterol e triglicerídeos (TG) promovida pelo orlistate. Em pacientes com DM2, o impacto sobre o controle glicêmico induzido pelo orlistate também supera o esperado para a perda ponderal alcançada. O mecanismo postulado para esse efeito envolve melhora na sensibilidade à insulina, absorção lenta e incompleta dos lipídios da dieta, redução nos níveis plasmáticos de ácidos graxos pós-prandiais, diminuição no tecido adiposo visceral e estímulo à secreção de GLP-1; • Contraindicações: Gestantes e durante a amamentação, bem como em pacientes com colestase ou síndrome de má absorção crônica; • Combinação de orlistate e sibutramina: A associação de orlistate com sibutramina foi avaliada em alguns estudos. Contudo, de um modo geral, sua eficácia não foi superior à monoterapia com a sibutramina. 4. Liraglutide: • Saxenda; • É um análogo do GLP-1 que foi desenvolvido para o tratamento do DM2 na dose de até 1,8 mg/dia. Além de eficazmente melhorar o controle glicêmico, ela induz perda de peso; • Ações diversas; • Meia-vida: 13 horas; • Injeção subcutânea, 1x ao dia; • > 18 anos; • Efeitos colaterais: náuseas, vômitos, hipoglicemia, diarreia, constipação intestinal, cefaleia, dispepsia, fadiga, tonturas, dor abdominal e elevação da lipase; • Aprovação pela ANVISA; • Contraindicações: história pessoal ou familiar de carcinoma medular de tireoide, em pacientes com neoplasia endócrina múltipla tipo 2, bem como durante a gestação. Embora uma relação de causa/efeito não tenha sido confirmada, recomenda- se evitar análogos do GLP-1 em pacientes com história ou suspeita de pancreatite. 5. Lorcaserina: • Belviq; • Agonista seletivo do receptor serotoninérgico 5-HT2c. O receptor 5-HT2c, presente no hipotálamo, modula a ingestão alimentar pela ativação do sistema neuronal relacionado com a POMC (pró-opiomelanocortina), levando à hipofagia; • A dose recomendada para a lorcaserina (Belviq - comp. 10 mg) é de 10 mg 2 vezes/dia; • Efeitos Colaterais: cefaleia, IVAS e náuseas; • Aprovada pelo FDA 2012. 6. Off-label: A. Fluoxetina e Sertralina: inibidores da recaptação de serotonina. TCAP ou depressão. Reganho após 6 meses; B. Bupropiona: inibidor da recaptação de dopa e NA; C. Topiramato: modulação dos receptores GABA. A ação central do topiramato está associada ao bloqueio dos canais de sódio e cálcio, à potencialização da ação do GABA e à inibição da Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Maria Beatriz Valença Endocrinologia anidrase carbônica. Seu mecanismo associado à perda ponderal não é, contudo, totalmente conhecido, sendo descritos em modelos animais diminuição da fome, aumento na termogênese periférica e oxidação de reservas lipídicas. • É uma opção minimamente invasiva no tratamento da obesidade, de caráter não permanente; • Consiste na colocação de prótese esférica de silicone no estômago, preenchida por 600 a 700 mL de solução salina, por meio de endoscopia digestiva alta (EDA), sob sedação ou anestesia geral; • O balão permanece implantado por 6 meses, levando a restrição de ingesta alimentar e sensação de saciedade. • A cirurgia bariátrica constitui uma mudança anatômica do trato gastrintestinal, diminuindo o aporte calórico ao organismo por meio de restrição mecânica e desvio de segmentos variáveis do intestino delgado; • Equipe multidisciplinar; • Indicações: ➔ Obesidade grau III ou II com comorbidades; ➔ Fracasso no tratamento clínico; ➔ 18 a 65 anos. • Contraindicações: ➔ Causas endócrinas; ➔ Dependência de álcool ou drogas ilícitas; ➔ Doenças psiquiátricas graves, sem controle (precaução); ➔ ↑ risco anestésico ou cirúrgico (ASA-IV); ➔ Dificuldade de compreender riscos, benefícios, resultados esperados, alternativas de tratamento e MEV requeridas. • Avaliação pré-operatória: ➔ História clínica e exame físico completo (comorbidades, causas da obesidade, peso e IMC, história de perda ponderal); ➔ Exames laboratoriais de rotina; ➔ Triagem nutricional com análise do ferro, vitamina B12, ácido fólico e 25-hidroxivitamina D (vitaminas A e E são opcionais); ➔ Avaliação cardiopulmonar com rastreio da apneia do sono (ECG, Rx de tórax, ecocardiograma, se houver suspeita de doença cardíaca ou de hipertensão pulmonar; avaliação de trombose venosa profunda, se for clinicamenteindicada); ➔ Avaliação gastrintestinal; ➔ Avaliação endócrina; ➔ Avaliação nutricional; ➔ Avaliação do comportamento fisiológico; ➔ Pareceres médicos e de demais profissionais de saúde; ➔ Consentimento informado; ➔ Fornecimento de informações financeiras relevantes; ➔ Esforço continuado para perda de peso pré- operatória; ➔ Otimização do controle da glicemia; ➔ Aconselhamento do controle da glicemia; ➔ Aconselhamento de gravidez e tabagismo; ➔ Verificação do rastreamento por CA realizado por médicos de cuidados primários. • Cuidados pré-operatórios: ➔ Otimização de controle glicêmico, com meta de HbA1c < 7%; ➔ Tratamento de dislipidemias, de acordo com a necessidade; ➔ Tratamento de hipotireoidismo com L-tiroxina; ➔ Rastreamento de causas raras de obesidade, quando necessário; ➔ Em pacientes com histórico de gota, o tratamento profilático para as crises pode ser iniciado; ➔ Orientação para perda de peso pré-operatória, de cerca de 10% do peso total, diminuindo a chance de complicações. • Técnicas: ➔ Restritivas x Disabsortiva x Mistas; ➔ Vias: laparotomia x videolaparoscopia. 1. Restritivas (restrição mecânica): - Induzem saciedade precoce; - Banda gástrica ajustável: implante de um dispositivo que envolve o estômago proximal e forma um reservatório gástrico de 20 a 30 ml, com uma via de saída ajustada por um portal de insuflação, que é situado no subcutâneo abdominal. Prova sensação de plenitude gástrica levando a uma perda de peso de 30% em média nos primeiros anos. Contudo, existe BALÃO INTRAGÁSTRICO CIRÚRGICO CIRURGIA BARIÁTRICA Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Maria Beatriz Valença Endocrinologia elevada recidiva da obesidade e complicações a longo prazo, o que tem causado seu desuso nos últimos anos, sendo reduzida a apenas 10% dos procedimentos em 2013; - Gastrectomia vertical (GV) (Sleeve): Consiste na confecção de um tubo vertical por meio da retirada da grande curvatura e do fundo gástrico, de modo que o estômago remanescente passa a ter volume entre 150 e 200 mL. Além da restrição mecânica, há evidências de que a GV diminua os níveis de ghrelina, um hormônio estimulante do apetite, produzido no fundo gástrico, área que é ressecada na cirurgia. A perda do excesso de peso após GV é um pouco menor quando comparada à derivação gástrica em Y de Roux (DGYR); no entanto, essa diferença não tem significância estatística. Já com relação à resolução das comorbidades, a DGYR se mostrou significativamente superior; - Adequadas para IMC até 50; - ↑ grelina. 2. Disabsortivas (desvio do intestino delgado com diminuição da absorção de alimentos): - ↓ absorção de nutrientes; - Derivação biliopancreática (Scopinaro): Representa uma gastrectomia parcial em dois terços do órgão e uma derivação biliopancreática a 50 cm da válvula ileocecal, o que gera um grande componente disabsortivo, eficaz na perda de peso. Devido ao maior risco de desnutrição proteica, as derivações biliopancreáticas vêm caindo em desuso e, atualmente, correspondem a menos de 1% dos procedimentos bariátricos no mundo; - Desvio duodenal (Switch): Método com predominância disabsortiva, a duodenal switch atualmente está indicado para pacientes superobesos, podendo ser realizada em dois passos. A técnica é constituída por uma gastrectomia vertical acompanhada de uma derivação biliopancreática, realizando-se uma anastomose proximal com o duodeno. Tem efeitos metabólicos por elevar a secreção de GLP-1 e PYY, hormônios intestinais que aumentam a sensibilidade à insulina, levando à remissão do DM2 em mais de 90% dos casos; - Indicadas para IMC > 50 ou intolerante à restrição alimentar; - Melhoram secreção de insulina; - Desnutrição. 3. Mistas: - Produzem saciedade e má-absorção; - Gastroplastia com derivação em Y-de-Roux* (bypass gástrico): ➔ O componente restritivo constitui-se na confecção de uma bolsa gástrica, a partir da secção do estômago paralela à pequena curvatura em direção ao ângulo de His, com volume próximo a 30 mL; ➔ O componente disabsortivo é caracterizado pelo desvio intestinal, em que o duodeno e a porção do jejuno não participam mais do trânsito alimentar, assim como pela exclusão de quase todo o estômago; ➔ A anastomose gastrojejunal é confeccionada de maneira que possua um diâmetro adequado para manter o componente restritivo; ➔ A DGYR possui ação metabólica tanto por seu componente restritivo quanto pelo desvio intestinal, que causa alterações nas incretinas. Esse efeito metabólico leva a remissão do diabetes em cerca de 70% dos casos; ➔ A fístula gástrica e a trombose venosa são as complicações precoces mais temidas pelo Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Maria Beatriz Valença Endocrinologia cirurgião, para as quais deve haver um alto grau de suspeição; ➔ Pode ocorrer deficiência de ferro pela menor absorção, já que o duodeno não participa mais do trânsito, especialmente em mulheres com fluxo menstrual abundante. Em cerca de 25% dos pacientes, podem ocorrer problemas de má absorção de vitaminas e minerais. Há registros também de neuropatia por deficiência de vitaminas do complexo B, em especial a B12. - Fobi-Capella: anel; - Wittgrove: sutura; - Inibição da ghrelina; - Melhora HAS e DM. • Contraindicações: • Sucesso: ↓ pelo menos 50% do excesso de peso, deixando de ser obeso mórbido, mantendo por pelo menos 5 anos; • Acompanhamento do paciente no pós-operatório: ➔ Dieta; ➔ Atividade física; ➔ Reposição de micronutrientes; ➔ Manejo dos distúrbios metabólicos e hormonais; ➔ Avaliação do status nutricional. • Devido aos resultados cirúrgicos satisfatórios no controle dos distúrbios metabólicos associados à obesidade, estudos piloto vêm propondo essas cirurgias para pacientes com DM2 e obesidade leve (IMC entre 30 e 35 kg/m2); • Ementa: Reconhece a cirurgia metabólica para o tratamento de pacientes portadores de DM 2 com IMC entre 30 e 34,9 kg/m2 sem resposta ao tratamento clínico convencional, como técnica não experimental de alto risco e complexidade; • Indicação para cirurgia: ➔ Deve ser feita por 2 médicos especialistas em endocrinologia, mediante parecer fundamentado a refratariedade ao tratamento clínico otimizado com uso de antidiabéticos orais e/ou injetáveis; ➔ São considerados critérios essenciais para indicação de cirurgia metabólica para tratamento de DM 2 para pacientes com IMC entre 30 e 34,9 kg/m2 (o paciente deverá preencher todos os critérios abaixo): o Pacientes com IMC a partir de 30 kg/m2; o Idade mínima de 30 e máxima de 70 anos; CIRURGIA METABÓLICA Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce Maria Beatriz Valença Endocrinologia o Pacientes com DM 2 com menos de 10 anos de história da doença; o Refratariedade ao tratamento clínico, caracterizada quando não obter controle metabólico após acompanhamento regular com endocrinologista por no mínimo dois anos, abrangendo mudanças no estilo de vida, com dieta e exercícios físicos, além do tratamento clínico com antidiabéticos orais e/ou injetáveis; o Pacientes que não tenham contraindicações para o procedimento cirúrgico proposto. • Contraindicações a serem consideradas para a indicação cirúrgica (apenas um critério pode contraindicar cirurgia): ➔ Os pacientes elegíveis para cirurgia metabólica, segundo os critérios estabelecidos nesta resolução, que tenham histórico de doença mental devem receber avaliação adicional abrangente de saúde mental por psiquiatra e psicólogo. A cirurgia deve ser contraindicada em: o Abusadoresde álcool; o Pacientes dependentes químicos; o Depressivos graves com ou sem ideação suicida; o Portadores de qualquer doença mental que, à critério da avaliação do psiquiatra, contraindique a cirurgia de forma definitiva ou até que a doença tenha sido controlada por tratamento. • Técnicas cirúrgicas: ➔ Derivação gastrojejunal em Y-de-Roux (DGJYR): Primeira escolha para o tratamento de pacientes com DM2 não controlado clinicamente com IMC entre 30 e 34,9 kg/m2; ➔ Gastrectomia vertical: alternativa caso haja alguma contraindicação ou desvantagem da DGJYR. • EndoBarrier: dispositivo impermeável que reveste o duodeno; • Tela plástica lingual; • Gastrostomia; • Transplante de fezes. • Adoção de um estilo de vida saudável, desde a infância, com dieta balanceada e prática de atividade física. OUTROS PREVENÇÃO Bia Realce Bia Realce Bia Realce Bia Realce
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