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Produção do Leite Materno

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1 
Isadora Cabral Araújo de Albuquerque 
Fisiologia da produção do leite 
materno 
 
 
 As mulheres adultas possuem, em cada mama, entre 
15 e 25 lobos mamários, que são glândulas túbulo-
alveolares constituídas, cada uma, por 20 a 40 
lóbulos. Esses, por sua vez, são formados por 10 a 100 
alvéolos. Envolvendo os alvéolos, estão as células 
mioepiteliais e, entre os lobos mamários, há tecido 
adiposo, tecido conjuntivo, vasos sanguíneos, tecido 
nervoso e tecido linfático 
 
 O leite produzido é armazenado nos alvéolos e nos 
ductos. Durante as mamadas, enquanto o reflexo de 
ejeção do leite está ativo, os ductos sob a aréola se 
enchem de leite e se dilatam. 
 
Lactogênese fase I 
 A mama, na gravidez, é preparada para a 
amamentação sob a ação de diferentes hormônios. 
Os mais importantes são o estrogênio, responsável 
pela ramificação dos ductos lactíferos, e o 
progestogênio, pela formação dos lóbulos. Outros 
hormônios também estão envolvidos na aceleração 
do crescimento mamário, tais como lactogênio 
placentário, prolactina e gonadotrofina coriônica. Na 
primeira metade da gestação, há crescimento e 
proliferação dos ductos e formação dos lóbulos. Na 
segunda metade, a atividade secretora se acelera e 
os ácinos e alvéolos ficam distendidos com o acúmulo 
do colostro. A secreção láctea inicia após 16 semanas 
de gravidez. 
 
Lactogênese fase II 
 Com o nascimento da criança e a expulsão da 
placenta, há uma queda acentuada nos níveis 
sanguíneos maternos de progestogênio, com 
consequente liberação de prolactina pela hipófise 
anterior, iniciando a lactogênese fase II e a secreção 
do leite. Há também a liberação de ocitocina durante 
a sucção, hormônio produzido pela hipófise 
posterior, que tem a capacidade de contrair as células 
mioepiteliais que envolvem os alvéolos, expulsando o 
leite neles contido. 
 
Lactogênese fase III ou galactopoiese 
 A produção do leite logo após o nascimento da 
criança é controlada principalmente por hormônios e 
a “descida do leite”, que costuma ocorrer até o 
terceiro ou quarto dia pós-parto, 
 Essa fase, que se mantém por toda a lactação, 
depende principalmente da sucção do bebê e do 
esvaziamento da mama. Quando, por qualquer 
motivo, o esvaziamento das mamas é prejudicado, 
pode haver diminuição na produção do ocorre 
mesmo se a criança não sugar o seio leite, por inibição 
mecânica e química. 
 2 
 O leite contém os chamados “peptídeos supressores 
da lactação”, que são substâncias que inibem a 
produção do leite. A sua remoção contínua com o 
esvaziamento da mama garante a reposição total do 
leite removido. Outro mecanismo local que regula a 
produção do leite, ainda não totalmente conhecido, 
envolve os receptores de prolactina na membrana 
basal do alvéolo. À medida que o leite se acumula nos 
alvéolos, a forma das células alveolares fica distorcida 
e a prolactina não consegue se ligar aos seus 
receptores, criando assim um efeito inibidor da 
síntese de leite. 
 Grande parte do leite de uma mamada é produzida 
enquanto a criança mama, sob estímulo da prolactina. 
A ocitocina, liberada principalmente pelo estímulo 
provocado pela sucção da criança, também é 
disponibilizada em resposta a estímulos 
condicionados, tais como visão, cheiro e choro da 
criança, e a fatores de ordem emocional, como 
motivação, autoconfiança e tranqüilidade. Por outro 
lado, a dor, o desconforto, o estresse, a ansiedade, o 
medo, a insegurança e a falta de autoconfiança 
podem inibir a liberação da ocitocina, prejudicando a 
saída do leite da mama. 
 Na amamentação, o volume de leite produzido varia, 
dependendo do quanto a criança mama e da 
frequência com que mama. Quanto mais volume de 
leite e mais vezes a criança mamar, maior será a 
produção de leite. Uma nutriz que amamenta 
exclusivamente produz, em média, 800 mL por dia. 
Em geral, uma nutriz é capaz de produzir mais leite 
do que a quantidade necessária para o seu bebê. 
 
Introdução 
 Suprem-se, por meio do leite materno, todas as 
necessidades da criança até os seis meses de vida, não 
sendo necessária a oferta de água ou chás; 
 A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério 
da Saúde recomendam o aleitamento materno 
exclusivo até os seis meses de vida e complementado 
até pelo menos 2 anos, o que fortalece o sistema 
imunológico das crianças e das mães. 
 Conceitos: 
 Aleitamento materno exclusivo – quando a criança 
recebe somente leite materno, direto da mama ou 
ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem 
outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou 
xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação 
oral, suplementos minerais ou medicamentos. 
 Aleitamento materno predominante – quando a 
criança recebe, além do leite materno, água ou 
bebidas à base de água (água adocicada, chás, 
infusões), sucos de frutas e fluidos rituais. 
 Aleitamento materno – quando a criança recebe 
leite materno (direto da mama ou ordenhado), 
independentemente de receber ou não outros 
alimentos. 
 Aleitamento materno complementado – quando a 
criança recebe, além do leite materno, qualquer 
alimento sólido ou semissólido com a finalidade de 
complementá-lo, e não de substituí-lo. 
 Aleitamento materno misto ou parcial – quando a 
criança recebe leite materno e outros tipos de leite. 
 
 A OMS classifica a prevalência do aleitamento 
materno exclusivo até os 6 meses como: 
 Muito bom: 90 a 100%; 
 Bom: 50 a 89%; 
 Razoável: de 12 a 49%; 
 Ruim: 0 a 11%. 
 
 
 
 
 A II Pesquisa Nacional de Prevalência de Aleitamento 
Materno nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal 
apresenta dados que, em crianças menores de seis 
meses de vida, a prevalência do aleitamento materno 
exclusivo fica em torno de 41%. 
 
 No Brasil, a mediana de AME aumentou de 1,1 meses 
em 1996 para 1,4 meses em 2006. Tal estratégia 
podem ser atribuídos às ações de promoção iniciadas 
em 1981. 
 Algumas estratégias são: Iniciativa Hospital amigo 
da Criança (pela OMS e UNICEF) e a Iniciativa 
Unidade Básica Amiga da amamentação (pela 
Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro”. 
 
DEZ PASSOS PARA O SUCESSO DO ALEITAMENTO 
MATERNO 
A Iniciativa da OMS/UNICEF/Ministério da Saúde 
denomina de Hospital Amigo da Criança, a 
Maternidade que cumpre estes 10 passos. 
1. Ter uma norma escrita sobre aleitamento, que 
deveria ser rotineiramente transmitida a toda a 
equipe de cuidados de saúde; 
 3 
2. Treinar toda a equipe de cuidados de saúde, 
capacitando-a para implementar esta norma; 
3. Informar todas as gestantes sobre as vantagens e 
o manejo do aleitamento; 
4. Ajudar as mães a iniciar o aleitamento na primeira 
meia hora após o nascimento; 
5. Mostrar às mães como amamentar e como manter 
a lactação, mesmo se vierem a ser separadas de 
seus filhos; 
6. Não dar a recém-nascidos nenhum outro alimento 
ou bebida além do leite materno, a não ser que tal 
procedimento seja indicado pelo médico; 
7. Praticar o alojamento conjunto – permitir que 
mães e bebês permaneçam juntos – 24 horas por 
dia. 
8. Encorajar o aleitamento sob livre demanda; 
9. Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças 
amamentadas ao seio; 
10. Encorajar o estabelecimento de grupos de 
apoio ao aleitamento, para onde as mães deverão 
ser encaminhadas por ocasião da alta, no hospital 
ou ambulatório. 
 
Fatores que interferem 
beneficamente na amamentação 
exclusiva 
 Preparo das gestantes para a lactação durante o 
período pré-natal (no aspecto biológico e sócio-
histórico-cultural); 
 Orientação sobre as desvantagens da introdução de 
fórmulas; 
 Orientações sobre a importância da amamentação 
exclusiva por 6 meses, sobre pega e posição do bebê 
no peito, sobre livre demanda e sobre o não uso de 
mamadeira. 
 Orientações em grupos e visitas domiciliares (mães 
que recebem orientações em grupo se sentem mais 
assistidas pela diversidade de experiências com-
partilhadas e pela segurança proporcionada por 
este espaço, possibilitando-as a tomar decisões 
relativasao aleitamento materno). 
 
Fatores que interferem 
maleficamente na amamentação 
exclusiva 
 Carência de informações sobre a técnica correta, 
especialmente nas primeiras semanas após o 
nascimento; 
 
Técnica incorreta  Esvaziamento incompleto  
Menor produção de leite  Introdução precoce de 
outros alimentos  Desmame. 
 
 Carência de orientação sobre a importância da 
amamentação exclusiva por 6 meses; 
 Amamentações não exclusivas nos outros filhos 
(experiências anteriores de amamentação bem-
sucedida podem não garantir, mas possivelmente 
interferem positivamente na decisão e na prática 
dos moldes preconizados do aleitamento materno 
com filhos posteriores); 
 Histórico cultural familiar negativo/crença cultural 
(ex: avós dizendo que o leite materno é fraco ou 
insuficiente para suprir as necessidades da criança); 
 Grau de escolaridade (quanto menor, menor é o 
tempo de amamentação); 
 Situação emocional e socioeconômica da família 
(achado preocupante, na medida em que crianças 
de famílias de baixa renda são mais vulneráveis à 
morbimortalidade infantil e a introdução precoce 
de outros alimentos pode potencializar este risco); 
 Gestação não desejada e/ou na adolescência; 
 Não viver com o companheiro (é importante que a 
mulher nutriz seja apoiada na prática da 
amamentação exclusiva por pessoas próximas, 
principalmente o companheiro, pois seu estímulo é 
o mais significativo para que a mulher possa 
amamentar), e cujo chefe da família não era o 
companheiro; 
 Falta de acompanhamento pré natal (menos de seis 
consultas pré-natais), com parto em hospitais não 
credenciados na Iniciativa Hospital Amigo da 
Criança e que não amamentavam exclusivamente 
na alta hospitalar (O oferecimento de 
complementos no hospital pode prejudicar o 
estabelecimento da lactação e a produção de leite 
adequada, dificultando o aleitamento materno 
exclusivo); 
 Mães que fumam, que consumem bebida alcoólica, 
que percebem a própria saúde como ruim ou 
regular; 
 Orientação sobre ordenha das mamas com uso de 
bomba; 
 Uso de chupeta pelo bebê; 
 Exposição às praticidades em grande demanda de 
fórmulas infantis e ao uso da mamadeira (conflito 
relacionado ao bico e qualidade da mamada). 
 
POR QUE NÃO OFERTAR MAMADEIRA? 
Redução das mamadas e introdução de mamadeira  
Criança sente fome e chora  A mãe acha que o leite 
é fraco e insuficiente para suprir as necessidades da 
criança  Introdução mais frequente de mamadeira 
e chupeta  redução da demanda e, portanto da 
produção  fim do aleitamento materno. 
 
Benefícios para a criança 
 4 
 Favorece um aporte adequado de macro e 
micronutrientes (tais como anticorpos IgA, IgM e IgG, 
macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, 
lisosima e fator bífido), os quais agem diretamente no 
sistema imunológico do bebê, fortalecendo-o contra o 
surgimento de infecções (gastrointestinais, 
respiratórias, otite média aguda nos 2 primeiros anos, 
obesidade, alergia alimentar e os demais problemas 
associados, ou seja, previne a morbimortalidade. 
Além disso, diminui a gravidade das infecções, 
quando estas ocorrem 
 A amamentação foi consistentemente associada com 
maior desempenho em testes de inteligência em 
crianças e adolescentes, com um incremento 
combinado de 3,4 pontos no quociente de 
inteligência (QI); 
 Uma revisão de 18 estudos sugeriu que a 
amamentação está associada com uma redução de 
19% na incidência de leucemia na infância; 
 Estima-se que esse alimento poderia evitar 13% das 
mortes por causas preveníveis em crianças menores 
de cinco anos em todo o mundo. Evitar-se-iam 55% 
das mortes por doença diarreica e 53% das causadas 
por infecção do trato respiratório inferior em crianças 
do zero aos seis meses, 20% e 18% dos sete aos 12 
meses, respectivamente, e 20% de todas as causas de 
morte no segundo ano de vida; 
 Seis meses de aleitamento materno exclusivo e 
amamentação contínua no primeiro ano de vida 
também poderiam prevenir 1,3 milhões de mortes 
infantis em todo o mundo, de acordo com revisões 
sistemáticas do Grupo de Estudos de Sobrevivência 
Infantil de Bellagio. 
 
Benefícios para a mãe 
 Favorece a saúde reprodutiva da mulher: Manter a 
mamada demorada preserva a saúde materna, 
aumentando o espaço entre gestações e partos, 
como também os vínculos afetivos da mãe em 
relação ao filho, oferecendo carinho, proteção e 
aconchego à criança. 
 Involução uterina em menor tempo (promove a 
contração uterina); 
 Diminuição dos índices de câncer de mama e ovário; 
 Proteção contra anemias por sangramento no pós 
parto; 
 Reduz o risco de artrite reumatoide, osteoporose e 
diminuição do estresse; 
 Prolonga a amenorreia lactacional, especialmente 
para as mães em amamentação exclusiva ou 
predominante; 
 Uma revisão qualitativa de 48 estudos mostrou 
associações claras entre amamentação e menor 
ocorrência de depressão materna, todavia é mais 
provável que a depressão afete a amamentação do 
que o inverso. 
 
Como podemos ajudar? 
 Incentivando as políticas públicas de amamentação 
para assistir e orientar as mulheres, destacando a 
importância da amamentação; 
 Orientando sobre os aspectos do leite para 
desmistificar crenças; 
 
 Como no início da mamada o leite possui um aspecto 
ralo, muitas nutrizes acreditam que seu leite é fraco. 
Algumas não tiveram orientação de que o leite e 
posterior é mais concentrado, contendo proteínas e 
rico em gordura 
 
 Ensinando as técnicas corretas de pega; 
 
 Consultas com o núcleo de apoio da puérpera para 
que todos sejam orientados orientações (figura 
materna –avó- impõe autoridade e normalmente 
está relacionado a menor tempo de AME); 
 Orientar sobre os aspectos psicossociais que induzem 
ao desmame precoce; 
 Estimulando o AME desde a primeira hora pós-parto; 
 
 Aproximadamente metade das mortes infantis com 
menos de um ano de idade acontece na primeira 
semana de vida (49,4%). Com a introdução do AM 
logo após o nascimento, consegue-se reduzir o índice 
de mortalidade neonatal, que acontece até o 28º dia 
de vida da criança (65,6%). Havendo a oferta contínua 
da amamentação até o sexto mês de vida esse valor 
pode chegar até 1,3 milhões de mortes na faixa etária 
até 05 anos. 
 
 Agendar a primeira consulta com o pediatra na 
primeira semana após o parto, antes de sair da 
maternidade: 
 
Com o objetivo e reduzir os índices de mortalidade 
infantil, o Ministério da Saúde preconiza que toda criança 
deve sair da maternidade com a primeira consulta 
 5 
agendada, de preferência na primeira semana de vida, 
em um dos pontos de serviço de saúde ou consultório. 
 
 Orientando a puérpera: 
Para a produção do leite, é necessária ingestão de 
calorias e de líquidos além do habitual. 
 
1. Consumir dieta variada, incluindo pães e cereais, 
frutas, legumes, verduras, derivados do leite e carnes; 
 
2. Consumir três ou mais porções de derivados do leite 
por dia; 
 
3. Esforçar-se para consumir frutas e vegetais ricos em 
vitamina A; 
 
4. Certificar-se de que a sede está sendo saciada; 
 
5. Evitar dietas e medicamentos que promovam 
rápida perda de peso (mais de 500 g por semana); 
 
6. Consumir com moderação café e outros produtos 
cafeinados 
 
7. É importante ter atenção para o risco de 
hipovitaminose em crianças amamentadas por mães 
vegetarianas. 
 
8. Como regra geral, as mulheres que amamentam 
não necessitam evitar determinados alimentos. 
Entretanto, se elas perceberem algum efeito na 
criança de algum componente de sua dieta, pode-se 
indicar a prova terapêutica: retirar o alimento da dieta 
por algum tempo e reintroduzi-lo, observando 
atentamente a reação da criança. Caso os sinais e/ou 
sintomas da criança melhorem substancialmente com 
a retirada do alimento e piorem com a sua 
reintrodução, ele deve ser evitado. O leite de vaca é 
um dos principais alimentos implicados no 
desenvolvimento de alergias alimentares. 
 
9. As mulheres que amamentam devem ser 
encorajadas a ingerirlíquidos em quantidades 
suficientes para saciar a sua sede. Entretanto, líquidos 
em excesso devem ser evitados, pois não aumentam 
a produção de leite, podendo até diminuí-la. 
 
 
 Quanto ao retorno ao trabalho: 
 Praticar a ordenha do leite (de preferência 
manualmente) e congelar o leite para usar no 
futuro. Iniciar o estoque 15 antes do retorno ao 
trabalho; 
 Amamenta com frequência quando estiver em casa, 
inclusive à noite; 
 Evitar mamadeiras, oferecer a alimentação por 
meio de copo ou colher; 
 Durante as horas de trabalho, esvaziar as mamas 
por meio da ordenha e guardar o leite no 
congelador, levando para a casa e oferecendo à 
criança no mesmo dia ou no dia seguinte ou 
congelar. 
 O leite pode ser conservado em geladeira por 12 
horas e no freezer ou congelado por 15 dias; 
 O leite deve ser descongelado em banho-maria fora 
do fogo. Antes de oferece-lo à criança, deve ser 
agitado suavemente para homogeneizar a gordura. 
 
 
 
 Promovendo acompanhamento das equipes de apoio 
durante os primeiros meses dez aleitamento materno 
exclusivo (AME); 
 
 A comunicação é indispensável para se identificar as 
dificuldades, construir vínculo com as nutrizes e 
estabelecer um plano de cuidado. Compreender e 
considerar as crenças, conhecimentos e vivências dos 
pais, incentivando as condutas positivas, permitem que 
as mães se sintam capazes de amamentar seus filhos 
promovendo a autonomia e evitando o desmame 
precoce. 
 
Consultas de pré-natal 
 Durante o acompanhamento pré-natal, quer seja em 
grupo, quer seja no atendimento individual, é 
importante dialogar com as mulheres, abordando os 
seguintes aspectos: 
 Planos da gestante com relação à alimentação da 
criança; 
 Experiências prévias, mitos, crenças, medos, 
preocupações e fantasias relacionados com o 
aleitamento materno; 
 Importância do aleitamento materno; 
 Vantagens e desvantagens do uso de leite não 
humano; 
 Importância da amamentação logo após o parto, do 
alojamento conjunto e da técnica (posicionamento 
e pega) adequada na prevenção de complicações 
relacionadas à amamentação; 
 6 
 Possíveis dificuldades na amamentação e meios de 
preveni-las. Muitas mulheres “idealizam” a 
amamentação e se frustram ao se depararem com 
a realidade; 
 Comportamento normal de um recém-nascido; 
 Vantagens e desvantagens do uso de chupeta. 
 O exame das mamas é fundamental, pois por meio 
dele podem-se detectar situações que poderão exigir 
uma maior assistência à mulher logo após o 
nascimento do bebê, como, por exemplo, a presença 
de mamilos muito planos ou invertidos e cicatriz de 
cirurgia de redução de mamas. 
 
Mitos! 
 A “preparação” das mamas para a amamentação, tão 
difundida no passado, não tem sido recomendada de 
rotina. A gravidez se encarrega disso. 
 Manobras para aumentar e fortalecer os mamilos 
durante a gravidez, como esticar os mamilos com os 
dedos, esfregá-los com buchas ou toalhas ásperas, 
não são recomendadas, pois na maioria das vezes não 
funcionam e podem ser prejudiciais, podendo 
inclusive induzir o trabalho de parto. 
 O uso de conchas ou sutiãs com um orifício central 
para alongar os mamilos também não são eficazes. A 
maioria dos mamilos curtos apresenta melhora com 
o avançar da gravidez, sem nenhum tratamento. 
 Os mamilos costumam ganhar elasticidade durante a 
gravidez e o grau de inversão dos mamilos invertidos 
tende a diminuir em gravidezes subsequentes. Em 
mulheres com mamilos planos ou invertidos, a 
intervenção logo após o nascimento do bebê é mais 
importante e efetiva que intervenções no período 
pré-natal. 
 
 
Informações importantes! 
 O uso de sutiã adequado ajuda na sustentação das 
mamas, pois na gestação elas apresentam o primeiro 
aumento de volume. Se ao longo da gravidez a 
mulher não notou aumento nas suas mamas, é 
importante fazer acompanhamento rigoroso do 
ganho de peso da criança após o nascimento, pois é 
possível tratar-se de insuficiência de tecido mamário. 
 
 Após o parto, nos primeiros dias, a saída do leite é 
pequena, menor que 100 ml/dia. No quarto dia, a 
nutriz pode produzir, em média, 600 ml/dia de leite. 
A quantidade de leite produzido nas primeiras 
semanas de amamentação varia, uma vez que 
depende do volume e da frequência com que a 
criança mama (quanto maior a quantidade de 
mamadas, maior será a produção de leite). Uma 
nutriz com AME produz cerca de 800 ml/dia no sexto 
mês de lactação, produzindo mais leite do que a 
quantidade necessária para a criança. 
 
 
 Recomenda-se que a criança seja amamentada sem 
restrições de horários e de tempo de permanência na 
mama. É o que se chama de amamentação em livre 
demanda. Nos primeiros meses, é normal que a 
criança mame com frequência e sem horários 
regulares. Em geral, um bebê em aleitamento 
materno exclusivo mama de oito a 12 vezes ao dia. 
 
 O mais importante é que a mãe dê tempo suficiente à 
criança para ela esvaziar adequadamente a mama. 
Dessa maneira, a criança recebe o leite do final da 
mamada, que é mais calórico, promovendo a sua 
saciedade e, consequentemente, maior 
espaçamento entre as mamadas. O esvaziamento das 
mamas é importante também para o ganho 
adequado de peso do bebê e para a manutenção da 
produção de leite suficiente para atender às 
demandas do bebê. 
 
 A introdução inadequada de alimentos 
complementares provoca consequências como o 
desmame precoce, alergias, diarreia, obesidade, 
desnutrição, doenças crônicas, baixo ritmo de 
crescimento e estabelecimento de hábitos 
alimentares não adequados, logo que nos primeiros 
meses de vida são constituídas as preferências 
alimentares que irá acompanha até a fase adulta. 
 
 Além de promover uma maior estabilidade para a 
saúde das crianças, o ato de amamentar promove o 
fortalecimento dos laços afetivos entre mãe e bebê, 
gerando satisfação para ambos e trazendo bem-
estar. 
 
 O Ministério da Saúde contraindica o uso de álcool 
durante o período de amamentação, pois a ingestão 
de doses iguais ou superiores a 0,3g/kg de peso pode 
reduzir a produção láctea, dificultando o aleitamento 
materno exclusivo. O consumo de álcool pela nutriz 
pode também modificar o aroma e o sabor do leite 
materno, levando à redução da sua ingestão pelo 
lactente. O consumo elevado de álcool pela mãe 
pode inclusive gerar sonolência, atraso no 
crescimento e diminuição do ganho de peso no bebê. 
 
 Estima-se que a ampliação da amamentação possa 
prevenir 823.000 mortes de crianças e 20.000 mortes 
por câncer de mama a cada ano. 
 
 Países de alta renda têm menor duração da 
amamentação do que países de baixa e média renda. 
Entretanto, mesmo nos países de baixa e média 
 7 
renda, apenas 37% das crianças menores de 6 meses 
são exclusivamente amamentadas. 
 
 As crianças que são amamentadas por mais tempo 
têm menor morbidade e mortalidade, menos 
maloclusão dentária, e maior inteligência do que 
aquelas que são amamentadas por períodos mais 
curtos ou não são amamentadas. Esta desigualdade 
persiste até mais tarde na vida. Evidência crescente 
também sugere que a amamentação pode proteger 
contra o excesso de peso e diabetes mais adiante na 
vida. 
 
 Globalmente, as prevalências mais altas de ama-
mentação aos 12 meses foram encontradas na África 
Subsaariana, no Sul da Ásia e em partes da América 
Latina (Figura 1). Na maioria dos países de alta renda, 
a prevalência é inferior a 20%. Observamos 
diferenças importantes – por exemplo, entre Reino 
Unido (<1%) e Estados Unidos da América (EUA) 
(27%), e entre Noruega (35%) e Suécia (16%). 
 
 A capacidade da microbiota de regular respostas no 
hospedeiro durante a infância depende das espécies 
bacterianas individuais, que modulam a polarização 
das células-T e a regulação imune, as respostas 
metabólicas, a adipogênese e, possivelmente, até 
mesmo o desenvolvimento do cérebro e das funções 
cognitivas. Padrões anormais de colonização têm um 
efeito deletério em longo prazo na homeostase 
imune e metabólica.É notável, portanto, que o leite 
materno transmita elementos da microbiota e 
respostas imunes da mãe e ainda forneça prebióticos 
específicos para auxiliar o crescimento de bactérias 
benéficas. 
 
 O tipo de parto estabelece inicialmente se a flora do 
trato gastrointestinal da mãe (parto vaginal) ou se a 
flora da pele da mãe (parto cesáreo) dominará os 
colonizadores iniciais,58 o que induz uma resposta 
imune importante na criança. O modo de alimentação 
é o segundo determinante fundamental da 
microbiota da criança. As crianças amamentadas 
mantêm diferenças microbianas persistentes, 
independentemente do tipo de parto, devido aos 
efeitos dos oligossacarídeos presentes no leite 
humano (HMOs). O leite humano contém uma 
variedade bem mais ampla de açúcares do que outros 
leites de mamíferos: até 8% de seu valor calórico é 
fornecido na forma de HMOs indigeríveis, que 
funcionam como prebióticos que auxiliam o 
crescimento de bactérias específicas. Eles não podem 
ser utilizados pela maioria dos organismos entéricos, 
mas auxiliam o crescimento do Bifidobacterium 
longum biovar infantis, que coevoluiu para expressar 
as enzimas necessárias para a utilização dos HMOs. 
Existe uma variação interindividual substancial na 
produção de HMO materno, que por sua vez sustenta 
o padrão de aquisição da flora pela criança. Portanto, 
existe especificidade na interação entre o leite 
materno e a microbiota da criança, causando 
diferentes efeitos induzidos pelas bactérias no 
metabolismo e na imunidade da criança. 
 
 O leite do início da mamada, o chamado leite anterior, 
pelo seu alto teor de água, tem aspecto semelhante 
ao da água de coco. Porém, ele é muito rico em 
anticorpos. Já o leite do meio da mamada tende a ter 
uma coloração branca opaca devido ao aumento da 
concentração de caseína. E o leite do final da 
mamada, o chamado leite posterior, é mais 
amarelado devido à presença de betacaroteno, 
pigmento lipossolúvel presente na cenoura, abóbora 
e vegetais de cor laranja, provenientes da dieta da 
mãe. O leite pode ter aspecto azulado ou esverdeado 
quando a mãe ingere grande quantidade de vegetais 
verdes. Não é rara a presença de sangue no leite, 
dando a ele uma cor amarronzada. Esse fenômeno é 
passageiro e costuma ocorrer nas primeiras 48 horas 
após o parto. 
 
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