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• Conceito de pneumonia: infecção dos alvéolos e dos bronquíolos, podendo ser causada por bactérias, vírus e fungos. Pneumonia bacteriana: há troca do parênquima pulmonar normal por líquido (sai um pouco de ar e entra líquido). Esse líquido penetra no bronquíolo, no alvéolo, fazendo a imagem no raio-x ficar branca. Hepatização: o pulmão fica com material inflamatório, com muita secreção, fazendo o pulmão ficar parecido com um fígado. Pneumonia adquirida na comunidade: acomete o paciente fora do ambiente hospitalar ou até 48 horas após sua admissão (pegou na comunidade, mas só manifestou dentro do hospital). Pneumonia nosocomial: pneumonia que acontece no home care, em asilos, em pacientes na comunidade mas que estão em quimioterapia. • O que é pneumonia para a prova de residência? Clínica Exame físico (40% clínicos diagnosticam); “Mancha no pulmão”= consolidação (troca ar alveolar por líquido/material inflamatório. • Tipos de pneumonia: Broncopneumonia: lesão em parede brônquica e inflamação peribrônquica, com invasão dos alvéolos vizinhos (inflamação e infecção nos brônquios, com inflamação também nos alvéolos); Pneumonia alveolar: inflamação na luz dos alvéolos (pneumonia propriamente dita, com inflamação dos alvéolos) Pneumonia intersticial: inflamação no interstício alveolar e peribrônquico (não é em via aérea, é no interstício, na parte do pulmão que dá sustentabilidade). É muito comum em vírus (COVID-19 dá muito desse tipo) e em pneumonias atípicas. • Consolidação: Consolidação pulmonar é caracterizada por substituição do ar alveolar por líquido prejudicial (como transudato, exsudato ou tecido conjuntivo) lesionando a área. Pode ser identificado como uma área opaca em um Raio-x torácico ou em ultrassonografia Obscurece os vasos e as paredes das vias aéreas. Alvéolos preenchidos por ar e raio-x normal. O ar sendo substituído, dentro dos alvéolos por material inflamatório. Quando há vários focos, como representado nessa foto, no raio-x aparece assim, bem difuso. Se há uma pneumonia mais localizada no lobo, aparece uma consolidação. Nesse caso, no lobo superior direito. • Importância: Segundo a OMS, causou 3,3 milhões de mortes em 2015. Até ano passado (2020), a pneumonia era a terceira causa de morte no mundo. Hoje, é considerada a quarta maior causa, já que o DPOC subiu para o terceiro lugar. Incidência de 12:1.000 habitantes Maior incidência nos extremos de idade (<5 e > 65 anos); Maior incidência nos esses de outono e inverno (sazonalidade); No Brasil: 1. Estima-se 2.100.000 casos por ano 2. Segunda causa de internação hospitalar 3. Terceira maior causa de óbito 4. Mortalidade é maior em idoso e portadores de comorbidades, mas está diminuindo 5. Os pacientes em tratamento ambulatorial por pneumonia tem mortalidade de 1-2%, os que necessitam de tratamento hospitalar tem mortalidade em torno de 10% e os que precisam de UTI, tem mortalidade em torno de 40%. • Patogênese: As vias aéreas inferiores são estéreis; Os agentes infecciosos penetram as vias aéreas inferiores, por: 1. Aspiração das vias aéreas superiores 2. Inalação de aerossóis 3. Via hematogênica. Influenzae e covid-19 podem anteceder e facilitar a ação de pneumococo, S. aureus e H influenzae. Em outras palavras, tanto o vírus da influenza quanto o vírus da covid-19, através das alterações que fazem na via aérea, há uma predisposição a ter uma infecção bacteriana secundária, sendo as principais bactérias o pneumococo, o staphylococo aureus e o Haemophillus influenza. • Quais são as alterações do organismo que servem para proteger as vias de acesso dos microrganismos ao parênquima pulmonar? Nos casos de partículas > 10µ: usamos a angulação da via aérea, clearance mucociliar (nariz) e tosse; Nos casos de partículas de 3-10µ (quanto menor, mais artifícios usamos para nos defender): adiciona-se o surfactante Nos casos de partículas < 3 µ: adiciona-se a todos esses, os macrófagos alveolares (principalmente quando as partículas são muito pequenas e estão chegando na via aérea mais distal) e mediadores vasoativos. Covid pode lesar essas alterações e favorecer uma lesão bacteriana secundária. Agentes principais • É importante salientar que o tratamento da PAC é, em sua maioria, empírico, por isso, é fundamental sabermos quais são os agentes principais. Em todo o mundo, o principal agente é o S. pneumoniae ou pneumococo, por isso, o tratamento sempre deverá cobri-lo. • Bactérias: Streptococcus pneumoniae: 16-20% Hamophilus influenzae: 3-38% Outros gram negativos (Klebisiella pneumoniae): 7-18% Staphylococcus aureus: 2-5% Legionella pneumophila: 2-8% (atípico) vem através de ar condicionado, e tem exame de antígeno urinário para fazer diagnóstico. Mycoplasma pneumoniae: 1-20% (atípico) Chlamydophila pneumoniae: 6-12% (atípico) • Vírus: COVID-19 Influenza A e B Adenovírus tipos 3, 4 e 7 Parainfluenza Vírus sincicial respiratório. • Pneumonia em pacientes com AIDS: a etiologia depende do grau de imunodeficiência CD4 > 200: semelhante ao imunocompetente CD4 < 200: pneumocistose, maior incidência de S. aureus e P. aeruginosa CD4 < 100: critpcocose CD4 < 50: citomegalovírus, micobactérias atípicas. • Vale a pena saber qual é o agente? Se for PAC não grave, não vale a pena nunca, até porque a chance de encontrar o bicho é baixa (<50%); No entanto, é valido fazer a investigação para saber qual o agente nos seguintes casos: PAC grave, não respondedores ao antibiótico empírico, internados em UTI. Daí sim, é necessário solicitar hemocultura, cultura de secreção, se tiver derrame pleural fazer cultura do líquido pleural; Como mencionado, só é achado em aproximadamente 40% dos casos, por isso não é necessário fazer a investigação via de regra (só nos casos específicos supracitados); Não existe nenhum critério, clínico ou radiológico, com valor preditivo adequado para definir a etiologia microbiológica da PAC (Ex: determinada alteração no raio-x ou na clínica é típica de tal agente) Jamais deve atrasar o início do tratamento devido a exames para definir o agente: primeiro inicia o tratamento, depois que chegar o resultado da cultura, pode pensar em fazer o descalonamento do antibiótico se preciso. • Diagnóstico microbiológico: descobrindo qual o agente... Mais comuns: Hemocultura, gram associado à cultura do escarro Pesquisa antígeno urinário (pensando em pneumococo ou legionella), broncoscopia com coleta de lavado broncoalveolar ou aspirado endotraqueal, toracocentese, sorologia, PCE e biópsia pulmonar. • Anaeróbios: Mesmo que não haja nenhum exame ou clínica com valor preditivo positivo para determinados agentes etiológicos, existem alguns achados que são mais comuns em determinados agentes Nos casos dos anaeróbios, os dentes em mal estado de conservação são fator de risco para broncoaspiração (por isso pensar nos moradores de rua); A expectoração costuma ser volumosa e fétida Raio x apresentando: 1. Abscesso pulmonar 2. Pulmão direito e segmentos posteriores de lobos superiores e inferiores Pneumonia aspirativa: Alteração com nível hidroaéreo, com ar em cima e líquido em baixo, pode- se pensar em anaeróbios = abscesso pulmonar. • Pseudomonas aeruginosa: Pneumopatia estrutural (bronquiectasia e DPOC), uso crônico de corticoide e uso recente de antibiótico. DPOC muito grave (VF1 < 50%) pode ter pseudomonas aeruginosa. Ainda dentro de DPOC, é importante lembrar que o principal agente que causa a exacerbação da DPOC é o Haemophillus influenzae. • Pneumonia atípica: Quadro clínico: tosse seca, febrícula; O diagnóstico de pneumonia atípica só é dado quando se encontra os seguintes agentes:mycoplasma pneumoniae, chamydophila pneumoniae e legionella pneumophila. Ou seja, o diagnostico não é pela clínica, nem pelo exame radiográfico. Esse tipo de pneumonia faz diagnóstico diferencial com COVID-19 (o raio-x pode dar um infiltrado em vidro fosco) Quadro clínico • Critérios diagnósticos: quadro radiológico compatível (mancha no pulmão) + 1 critério maior ou 2 critérios menores. CRITÉRIOS MAIORES CRITÉRIOS MENORES 1. Tosse 80-90% 2. Expectoração 60-80% 3. Febre (T ≥ 37,8 °C) 68-78% 1. Dor torácico 2. Dispneia 3. Ausculta pulmonar alterada 4. Confusão mental 5. Leucocitose > 12.000/m³ Os sintomas geralmente são agudos: 3-4 dias. • Pneumonia em idosos: Tosse, febre, dispneia são menos prevalentes nos idosos; Geralmente apresenta confusão mental, diminuição da capacidade funcional, descompensação da doença de base; Em 2/3 dos casos com taquicardia e taquipneia. Exame físico • Síndrome da condensação (frêmito toracovocal aumentado, macicez e estertores crepitantes): geralmente acontece em pneumonias muito graves. Pulmão do lado direito tem ar, pulmão do lado esquerdo (da foto) está preenchido por líquido/material inflamatório. Frêmito toracovocal (falar 33 e colocar a mão nas costas): há um aumento, visto que o som de propaga muito mais no líquido do que no ar (analogia: colocar o celular para tocar debaixo d’água faz um barulho estarrecedor); Macicez à percussão: pode ter hepatização do pulmão. Estertores creptantes na ausculta. Diagnóstico • Confirmação radiológica é OBRIGATÓRIA: raio-x de tórax PA e perfil é fundamental (fazer em TODOS os casos). A radiografia mostra: Gravidade (se bilateral ou não, extensão, etc). Complicações: derrame pleural, abscesso... Evolução: principalmente nos que evoluem de forma ruim; Pacientes baixo risco (sem comorbidades, jovens, saudáveis) é único exame: não precisa fazer exame de sangue para diagnóstico. Jamais deve postergar início do antibiótico! Metade dos diagnósticos de pneumonia NÃO SÃO pneumonia: se suspeita de pneumonia, exame clínico bem- feito e o raio-x torácico PA e Perfil. • Importante: Geralmente nos pacientes com pneumonia não precisa ficar repetindo o raio-x de tórax, uma vez que a resolução completa das alterações radiológicas ocorre em 2 semanas após a apresentação inicial na metade dos casos e, em 6 semanas, em dois terços dos casos; Faz-se, portanto, a repetição do raio-x, nos pacientes que tem uma maior chance de ter outra comorbidade, como nos pacientes com: idade avançada, DPOC, imunossupressão, alcoolismo, diabetes e pneumonia multilobar associam-se com resolução mais lenta; Além disso, se o paciente estiver indo mal, ou com febre, repete antes pela chance de ser uma falência terapêutica; Até 10% dos raio-x em pneumonia são “normais”. • TOMOGRAFIA DE TÓRAX: São mais sensíveis e possuem melhor acurácia do que o raio-x; Feitos se dúvida da presença ou não de infiltrado radiológico; Na presença de um quadro exuberante associado à radiologia normal (ou seja, se há forte suspeita de pneumonia, mas raio-x é normal); Na detecção de complicações, como derrame pleural loculado e abscesso; NÃO EXISTE PNEUMONIA COM TOMOGRAFIA DE TÓRAX NORMAL!! Sinal típico da pneumonia bacteriana na TC: broncograma aéreo (consolidação + ar no meio). • Exames laboratoriais (de sangue): PCR: inespecífica pois ela se eleva em qualquer quadro inflamatório. Deve ser solicitada em: 1. PAC internados em UTI: paciente com rápido declínico da PCR tiveram declínio de 4,8%, declínio lento tiveram mortalidade de 17,4% e nos que tiveram redução da proteína C reativa tiveram mortalidade de 36,4%. Procalcitonina: mais específica para infecção bacteriana, não se eleva em infecção viral (quanto maior o valor, maior a mortalidade). É o melhor biomarcador para PAC, pois, como dito, é o exame que mostra a gravidade da doença, além de mostrar se a pneumonia é viral ou bacteriana. No entanto, é muito cara!!! Tratamento • Definir o local do tratamento: CURB-65 (recomendado pela sociedade brasileira de pneumologia e tisiologia) C Confusão mental U Ureia > 50 mg/dl R Frequência respiratória > 30 irpm B Pressão arterial a) PAS < 90 mmHg e/ou b) PAD < 60 mmHg 65 Idade maior do que 65 anos. Legenda: • 0- 1 pontos (mortalidade baixa 1,5%) = provável candidato ao tratamento ambulatorial; • 2 pontos (mortalidade intermediária 9,2%) → considerar tratamento hospitalar; • 3-5 pontos (mortalidade alta 22%) → tratamento hospitalar como PAC grave • 4-5 pontos → avaliar UTI. • Importante: como em geral não precisa fazer exames de sangue, apenas o Raio-x de tórax para fazer o diagnóstico, existe o escore chamado CRB-65, onde se exclui a UREIA (do CURB-65), que é o único exame laboratorial. Assim, ficaria: C Confusão mental R Frequência respiratória > 30 irpm B Pressão arterial c) PAS < 90 mmHg e/ou d) PAD < 60 mmHg 65 Idade maior do que 65 anos. Legenda: • 0 pontos (mortalidade baixa 1,2%) → provável tratamento ambulatorial; • 1-2 pontos (mortalidade intermediária 8,5 %) → avaliar tratamento hospitalar; • 3-4 pontos (mortalidade alta 31%) → hospitalização urgente! Críticas ao CURB-65: 1. Não avalia se o paciente tem comorbidade (Ex: curb-65 1, mas em quimioterapia) 2. Não avalia a imagem radiológica (ex: CURB-65 1 mas com uma pneumonia multilobar) 3. Não avalia a oxigenação 4. Não considera fatores psicossociais e econômicas; 5. Levar em consideração o fator financeiro. Por isso, deve-se levar em conta o julgamento clínico, avaliando o CURB-65 associado a todos esses fatores supracitados e à condição financeira do paciente (não adianta dar alta ao paciente para ele fazer tratamento hospitalar se ele não tem condições de comprar a medicação. • Indicação de UTI = critérios de Ewig ADeve preencher pelo menos 2 critérios menores ou 1 critério maior. CRITÉRIOS MAIORES CRITÉRIOS MENORES 1. Necessidade de ventilação mecânica; 2. Choque séptico 1. PAS < 90 mmHg 2. PaO2/FiO2 < 250 3. Infiltrado multilobar. Tratamento • O tratamento inicialmente é empírico, baseado no patógeno provável (mais comuns são o pneumococo, hamophillus e os atípicos); • Deve-se iniciar o antibiótico o mais rápido possível, preferencialmente nas primeiras 4-8 horas de diagnóstico. • Ajustar após identificar o agente, se necessário. • TRATAMENTO AMBULATORIAL (CURB-65 0-1): 5 a 7 dias de tratamento. Previamente sadio e sem uso de antibiótico nos últimos 3 meses: 1. Amoxicilina; 2. Amoxicilina + ácido clavulânico; 3. Macrolídeos (azitromicina ou claritromicina). Com fatores de risco, doença mais grave, uso recente de antibióticos: 1. Beta lactâmicos + macrolídeo; 2. Quinolonas respiratórias foram canceladas. Por isso, só pode ser usadas em casos de alergias a betalactâmicos e macrolídeos. • TRATAMENTO HOSPITALAR (ENFERMARIA – CURB 65 2): 7 a 10 dias. 1. Cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona ou cefotaxima) OU ampicilina/sulbactam + um macrolídeo (Azitromicina ou claritromicina); 2. Amoxicilina + ácido clavulânico (mais comum o clavulin IV); 3. Levofloxacino ou moxifloxacino ou gemifloxacino em monoterapia • TRATAMENTO EM UTI (CURB 65 4-5): 7 a 14 dias. 4. Cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona ou cefotaxima) OU ampicilina/sulbactam + um macrolídeo (Azitromicina ou claritromicina); 5. Cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona ou cefotaxima) + quinolona respiratória. Falha terapêutica • Conceito: é definida como ausência de melhora ou piora do quadro clínico e radiológico após 48-72 horas do início do tratamento; • Todos os casos devem ser reavaliados para falha terapêutica. Refaz o raio-x de tórax (para ver, por ex, se não tem derrame pleural. Se tiver, terá que drenar pois pode ser empiema). Prevenção• Gripe: Diminui a incidência de pneumonia em idosos; Reduz a incidência (inclusive da pneumonia bacteriana, uma vez que influenza e covid podem fazer lesão na via respiratória e favorecer uma pneumonia bacteriana) e limita a gravidade da doença Maiores de 60 anos, institucionalizados, portadores de insuficiência renal crônica (IRC), ICC, DPOC, imunossuprimidos, trabalhadores de saúde, etc. • Pneumocócica (23 valente) ou prevenar 13: Diminui a incidência e gravidade da doença por pneumococo; Maiores de 65 anos, esplenectomizados, imunossuprimidos, doenças crônicas, etc. Prevenar 23: toma 1 dose e a segunda dose após 5 anos; Prevenar 13: dose única.
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