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Resumo P R O D U Ç Ã O : V I T O R D A N T A S P R O D U T O R V E R I F I C A D O D O P A S S E I D I R E T O Metabolismo Vitor Dantas - METABOLISMO TUTORIA 07/SESSÃO 09 OBJETIVOS: → Explicar as alterações metabólicas do diabetes tipo 1 e 2 → Explicar as manifestações cl ínicas da diabetes tipo 1 e 2 → Conceituar os erros/danos médicos ↪ Explicar as alterações metabólicas do diabetes tipo 1 e 2 A diabetes mellitus é uma doença metabólica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, cada vez mais cedo, acarretando complicações adjacentes que podem aumentar a morbilidade. Como tal, esta patologia tem vindo a ser acompanhada por várias organizações mundiais de saúde, com o objetivo de criar medidas e guias para diminuir a sua evolução e o número de novos casos, que se tem mostrado exponencial. É classificada em diabetes tipo 1, tipo 2 e gestacional, estando cada uma delas associada a alterações nas células β e/ou na secreção de insulina. Estas alterações afetam as vias metabólicas das proteínas, lipídeos e hidratos de carbono, resultando daí as doenças secundarias que se manifestam na diabetes. De uma maneira geral, as vias metabólicas mais afetadas nesta patologia, embora variem de acordo com o tipo da diabetes, são as dos hidratos de carbono e as dos lipídios, especialmente porque ambas são essenciais para o fornecimento e armazenamento de energia. O metabolismo das proteínas é também alterado, a nível da síntese proteica, com alterações na transcrição genética de vários intervenientes nas vias metabólicas, e da produção de intermediários para o ciclo de Krebs e de proteínas intracelulares. De uma maneira geral, as vias metabólicas mais afetadas nesta patologia, embora variem de acordo com o tipo da diabetes, são as dos hidratos de carbono e as dos lipídios, especialmente porque ambas são essenciais para o fornecimento e armazenamento de energia. O metabolismo das proteínas é também alterado, a nível da síntese proteica, com alterações na transcrição genética de vários intervenientes nas vias metabólicas, e da produção de intermediários para o ciclo de Krebs e de proteínas intracelulares. Na diabetes, embora o indivíduo tenha hiperglicemia, como os tecidos não conseguem captar a glicose devido a falhas nos transportadores da mesma, o organismo reage como se houvesse falta desta hexose, aumentando as vias para a sua produção e para obtenção de energia, através do aumento da glIconeogênese, da lipólise e da produção de corpos cetônicos. Dados estatísticos: O Diabetes afeta cerca de 12% da população no Brasil (aproximadamente 22 milhões de pessoas) De acordo com a OMS, em 2006 havia cerca de 171 milhões de pessoas doentes da Diabetes. É estimado que em 2030 esse número dobre. O aumento do índice de Diabetes em países em desenvolvimento segue a tendência de urbanização e mudança de estilos de vida. A diabetes está na lista das 5 doenças de maior índice de morte no mundo. De acordo com a American Diabetes Association existem cerca de 6.2 milhões de pessoas não diagnosticadas e cerca de 41 milhões de pessoas que poderiam ser consideradas pré-diabéticas. Diabetes tipo 1 A doença é caracterizada por uma deficiência absoluta de insulina causada por um ataque autoimune às células β do pâncreas. No diabetes tipo 1, as ilhotas de Langerhans tornam-se infiltradas com linfócitos T ativados, levando a uma condição denominada de insulite. Em um período de anos, esse ataque autoimune leva à depleção gradual da população de células β. Contudo, os sintomas aparecem abruptamente quando 80 a 90% das células β foram destruídas. Nesse ponto, o pâncreas falha em responder adequadamente à ingestão de glicose, e a terapia com insulina é necessária para restaurar o controle metabólico e prevenir a cetoacidose grave. Essa destruição requer um estímulo ambiental (como uma infecção virai) e um determinante genético, o qual permite às células p serem reconhecidas como "estranhas". Obs.: Entre gêmeos monozigóticos (idênticos). se um deles desenvolve diabetes melito tipo 1, o outro gêmeo têm somente 30 a 50% de chance de desenvolver a doença. No diabetes tipo ao contrário, a influência genética é mais forte, e, praticamente em todos os casos envolvendo gêmeos monozigóticos, a doença se desenvolve em ambos os indivíduos. → Diagnóstico do diabetes tipo 1 O início do diabetes tipo 1 ocorre tipicamente durante a infância ou a puberdade, e os sintomas se desenvolvem rapidamente. Pacientes com diabetes tipo 1 podem geralmente ser reconhecidos pelo aparecimento abrupto de poliúria (micção frequente), polidipsia (sede excessiva) e Vitor Dantas - METABOLISMO polifagia (fome excessiva), frequentemente desencadeados por estresse ou por uma doença. Esses sintomas são geralmente acompanhados por fadiga, perda de peso e fraqueza. O diagnóstico é confirmado por uma glicemia no jejum maior do que 126 mg/dl , comumente acompanhada por cetoacidose. • Teste de tolerância à glicose. No passado, o teste de tolerância à glicose era um teste comumente empregado para o diagnóstico de diabetes melito. O paciente recebe 75 g de glicose via oral após oito horas de jejum. As concentrações de glicose sanguínea são determinadas em intervalos de 30 minutos durante 3 horas. A glicemia no jejum é inicialmente alta (maior do que 126 mg/dl) em diabéticos e sobe para concentrações maiores que 200 mg/dl após a administração oral de glicose. A taxa da filtração glomerular de glicose excede a da reabsorção tubular no rim, e a glicose aparece na urina. Em contraste, indivíduos normais mostram níveis de glicose sanguínea no jejum menores que 11 O mg/dl e um aumento para taxas abaixo de 140 mg/dl após a ingestão de glicose. • Resultados falso-positivos. O teste de tolerância à glicose origina muitos resultados falso-positivos, pois o teste por si só pode ser estressante, causando liberação de adrenalina. Esse hormônio diminui a liberação de insulina das células β e, assim, prejudica a resposta à ingestão de glicose. Assim sendo, o teste de tolerância à glicose é geralmente usado em situações nas quais o diagnóstico é incerto ou como um teste para diabetes gestacional. Para a população em geral, o teste de glicose sanguínea no jejum (GSJ) é o teste diagnóstico mais comumente utilizado. Alterações metabólicas no Diabetes tipo 1: As anormalidades metabólicas do diabetes melito resultam de uma deficiência de insulina e um relativo excesso de glucagon. Esses níveis hormonais aberrantes afetam de forma mais marcante o metabolismo de três tecidos: fígado, músculo e tecido adiposo. → Hiperglicemia e cetoacidose: Níveis elevados de glicose e cetonas no sangue são as características do diabetes melito não-tratado. A hiperglicemia é causada por um aumento na produção de glicose hepática, juntamente com uma diminuição na sua utilização periférica, devida à incapacidade das células musculares e das adiposas de captarem glicose. A cetose resulta de uma mobilização aumentada de ácidos graxos do tecido adiposo, combinada com uma síntese hepática acelerada de 3-hidroxibutirato e acetoacetato. A cetoacidose diabética ocorre em 25 a 40% dos casos com diagnóstico recente de diabetes tipo 1 e pode ocorrer novamente se o paciente adoece (mais comumente com uma infecção) ou não se submete à terapia. A cetoacidose é tratada pela reposição de fluidos e eletrólitos, seguindo-se a administração de doses baixas de insulina, para corrigir gradualmente a hiperglicemia sem causar hipoglicemia. → Hipertriacilglicerolemia: Nem todos os ácidos graxos que chegam ao fígado podem ser oxidados ou utilizados na síntese de corpos cetônicos. O excesso de ácidos graxos é convertido em triacilgliceróis, que são empacotados e secretados em lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDLs). Quilomicra são sintetizados a partir dos lipídeos da dieta, pelas células da mucosaintestinal, após a refeição. . Como a degradação das lipoproteínas no tecido adiposo, catalisada pela lipase lipoprotéica (localizada na parede dos vasos), é baixa nos diabéticos (a síntese da enzima está diminuída quando os níveis de insulina estão baixos), os níveis plasmáticos de quilomicra e VLDL estão elevados, resultando em hipertriacilglicerolemia. → Comparação entre o diabetes tipo 1 e o jejum: Muitas das alterações metabólicas no diabetes assemelham-se àquelas descritas para o jejum, exceto que elas são mais exageradas. Portanto, identificar as diferenças metabólicas entre diabetes e jejum é essencial para o entendimento da doença. Elas incluem: • Níveis de insulina: A insulina está praticamente ausente no sangue do diabético tipo 1, e não meramente baixa, como no caso do jejum. Assim, os efeitos metabólicos do glucagon, no diabetes, praticamente não têm oposição, mas, no jejum, são fracamente limitados pelos níveis basais de insulina presentes. • Níveis de glicose sanguínea: Pessoas com diabetes exibem uma hiperglicemia característica, enquanto indivíduos privados de alimento mantêm um nível de glicose sanguínea próximo do normal. A ausência de glicose da dieta, no jejum, e a moderada restrição sobre a gliconeogênese imposta pelo nível basal de insulina, impedem o desenvolvimento de hiperglicemia. • Cetose: A mobilização de ácidos graxos do tecido adiposo e a cetogênese hepática são maiores no diabetes do que no jejum. Como resultado, a cetoacidose observada no Vitor Dantas - METABOLISMO diabetes é muito mais grave do que aquela observada no jejum. • Hipertriacilglicerolemia: No diabetes, a concentração significativa· mente elevada de ácidos graxos, que estão sendo liberados dos adipócitos em resposta aos níveis baixos de insulina, promove a síntese hepática de triacilgliceróis. Lipídeos da dieta também contribuem para a hipertriacilglicerolemia no diabetes, enquanto no jejum os lipídeos da dieta não estão em questão, e os triacilgliceróis armazenados são degradados somente quando necessários ao organismo. Portanto, não ocorre a hipertriacilglicerolemia. Tratamento do diabetes tipo 1 Pacientes com diabetes tipo1 praticamente não possuem qualquer célula P funcional e não podem responder às alterações de nutrientes circulantes e nem manter uma secreção basal de insulina. Esse tipo de diabético depende de insulina exógena, injetada subcutaneamente, para controlar a hiperglicemia e a cetoacidose. Dois procedimentos terapêuticos estão atualmente em uso - o tratamento-padrão e o tratamento intensivo com insulina. • Tratamento-padrão versus tratamento intensivo: O tratamento padrão, o qual tem como alvo o bem-estar clínico do paciente, consiste tipicamente em uma ou duas injeções diárias de insulina. Os níveis médios de glicose sanguínea assim obtidos estão na faixa de 225 a 275 mg/dl, com uma HbA. de 8 a 9% do total de hemoglobina. Em contraste à terapia-padrão, o tratamento intensivo visa normalizar a glicose sanguínea por meio de um monitoramento mais frequente, e subsequentes injeções de insulina - tipicamente três ou mais vezes ao dia. Níveis médios de glicose sanguínea de 150 mg/dl podem ser alcançados, com HbA10 de aproximadamente 7% do total da hemoglobina. Assim, a normalização dos níveis de glicose não é alcançada mesmo em pacientes tratados intensivamente. Contudo, pacientes sob terapia intensiva apresentaram uma redução de 60% nas complicações de longo prazo do diabetes - retinopatia, nefropatia e neuropatia - quando comparados com pacientes recebendo o tratamento-padrão. Isso confirma que as complicações do diabetes estão relacionadas à elevação da glicose plasmática. • Hipoglicemia no diabetes tipo 1: Um dos objetivos terapêuticos no diabetes é a diminuição dos níveis de glicose sanguínea no sentido de minimizar o desenvolvimento das complicações de longo prazo da doença. Entretanto, é difícil alcançar a dosagem adequada em todos os pacientes, e a hipoglicemia causada pelo excesso de insulina é a complicação mais comum desta terapia, ocorrendo em mais de 90% dos pacientes. A frequência de episódios hipoglicêmicos, coma e convulsões é especialmente elevada nos procedimentos de tratamento intensivo, destinados a atingir um controle rígido da glicose sanguínea. . Lembre que, em indivíduos normais, a hipoglicemia desencadeia uma secreção compensatória de hormônios contrarreguladores, especialmente glucagon e adrenalina, os quais promovem a produção hepática de glicose. Entretanto, pacientes com diabetes tipo 1 desenvolvem também uma deficiência na secreção do glucagon. Esse problema ocorre precocemente na doença e está quase universalmente presente 4 anos após o diagnóstico. Assim, esses pacientes dependem da secreção de adrenalina para prevenir uma hipoglicemia grave. No entanto, com o progresso da doença, pacientes com diabetes tipo 1 apresentam neuropatia diabética, que afeta o sistema neurovegetativo, com diminuição na secreção de adrenalina em resposta à hipoglicemia. A deficiência combinada da secreção de glucagon e de adrenalina cria uma condição algumas vezes denominada de "hipoglicemia despercebida". Desse modo, pacientes com diabetes de longa duração são especialmente vulneráveis à hipoglicemia. A hipoglicemia pode ser causada também por exercício intenso. O exercício promove a captação de glicose pelo músculo e diminui a necessidade de insulina exógena. Os pacientes devem, portanto, averiguar os níveis de glicose sanguínea antes ou após exercício intenso para prevenir ou eliminar a ocorrência de uma hipoglicemia. Diabetes tipo 2 O diabetes tipo 2 é a forma mais comum da doença, atingindo aproximadamente 90% da população diabética dos Estados Unidos. Caracteristicamente, o diabetes tipo 2 se desenvolve sem sintomas óbvios. A doença é Vitor Dantas - METABOLISMO frequentemente detectada por exames de triagem de rotina. Entretanto, muitos indivíduos com diabetes tipo 2 apresentam sintomas de poliúria e polidipsia de várias semanas de duração. A polifagia pode estar presente, mas é menos comum. Os pacientes com diabetes tipo 2 apresentam uma combinação de resistência à insulina e disfunção das células β, mas não necessitam insulina para manter a vida, embora esta possa ser requerida para controlar a hiperglicemia em alguns pacientes. As alterações metabólicas observadas no diabetes tipo 2 são mais brandas do que as descritas para a forma dependente de insulina da doença, em parte porque a secreção da insulina no diabetes tipo 2 - embora inadequada - impede a cetogênese excessiva e opõe-se ao desenvolvimento da cetoacidose diabética. O diagnóstico baseia-se mais comumente na presença de hiperglicemia- isto é, uma concentração de glicose sanguínea maior que 126 mg/dl. A ocorrência da doença do tipo 2 é quase completamente determinada por fatores genéticos. Por exemplo, quando a doença ocorre em gêmeos monozigóticos, ela se desenvolve em ambos os indivíduos em praticamente todos os casos. A doença não envolve viroses ou anticorpos autoimunes. Resistência à insulina A resistência à insulina deve-se à capacidade diminuída dos tecidos-alvo, tais como fígado, adiposo e músculo, de responderem adequadamente às concentrações circulantes normais de insulina. Por exemplo, a resistência à insulina é caracterizada por uma produção descontrolada de glicose hepática e por uma captação diminuída de glicose pelo músculo e pelo tecido adiposo. → Resistência à insulina e obesidade: A obesidade é a causa mais comum da resistência à insulina. A maioria das pessoas obesas e resistentes à insulina não se torna diabética. Na ausência de um defeito na função das células β, indivíduos obesos não-diabéticos podem compensar a resistência à insulina com níveis elevados desse hormônio. A mostra que a secreção de insulina é duas a três vezes maior em indivíduos obesos do que em indivíduos magros. Essa maiorconcentração de insulina compensa o efeito diminuído do hormônio (como um resultado da resistência à insulina) e leva a níveis de glicose sanguínea similares àqueles observados em indivíduos magros. → Resistência à insulina e diabetes tipo 2: A resistência à insulina, per se, não levará ao diabetes tipo 2. O diabetes tipo 2 se desenvolve em indivíduos resistentes à insulina que também apresentam diminuição na função das células p. A resistência à insulina e o subseqüente desenvolvimento do diabetes tipo 2 são comumente observados em idosos e em indivíduos obesos, fisicamente inativos, ou em gestantes. Esses pacientes são incapazes de compensar adequadamente a resistência à insulina com uma liberação de insulina aumentada. A Figura mostra o curso temporal para o desenvolvimento da hiperglicemia e a destruição das células β . → Causas da resistência à insulina: A resistência à insulina aumenta com o ganho de peso e diminui com a perda de peso. Isso sugere que o acúmulo de lipídeos é importante no desenvolvimento da resistência à insulina. O tecido adiposo não é simplesmente um órgão de armazenamento de energia, mas também um órgão secretório. As substâncias reguladoras produzidas pelos adipócitos incluem a leptina, a resistina e a adiponectina, as quais podem contribuir para o desenvolvimento da resistência à insulina. Além disso, os níveis elevados de ácidos graxas, que ocorrem na obesidade, têm sido também implicados no desenvolvimento da resistência à insulina. Disfunção das células β No diabetes tipo 2, a capacidade das células β do pâncreas é mantida, resultando em níveis de insulina que variam desde acima do normal até abaixo do normal. Entretanto, em todos os casos, há uma disfunção da célula p, pois ela falha em secretar insulina suficiente para corrigir a hiperglicemia preponderante. Por exemplo, os níveis de insulina são elevados em típicos pacientes com diabetes tipo 2 obesos, mas não são tão altos como em indivíduos semelhantemente obesos que não são diabéticos. Assim, a progressão natural da doença resulta no declínio da capacidade de controlar a hiperglicemia com secreção Vitor Dantas - METABOLISMO endógena de insulina. A deterioração da função das células β pode ser acelerada pelos efeitos tóxicos da hiperglicemia persistente e pelo aumento dos ácidos graxas livres. Alterações metabólicas no diabetes tipo 2 As anormalidades metabólicas do diabetes melito tipo 2 são o resultado da resistência à insulina, que se expressa principalmente no fígado, no músculo e no tecido adiposo. • Hiperglicemia: A hiperglicemia é causada por um aumento na produção de glicose hepática, combinado com uma diminuição na sua utilização periférica. Em geral, a cetose é mínima ou ausente em pacientes com diabetes tipo 2, pois a presença de insulina - mesmo na presença de resistência à insulina-diminui a cetogênese hepática • Hipertriacilglicerolemia: No fígado, os ácidos graxas são convertidos em triacilgliceróis, os quais são empacotados e secretados nas VLDLs. Os quilomicra são sintetizados a partir dos lipídeos da dieta pelas células da mucosa intestinal após a refeição. Como a degradação das lipoproteínas no tecido adiposo, catalisada pela lipase lipoprotéica, é baixa nos diabéticos, os níveis plasmáticos de quilomicra e de VLDL estão elevados, resultando em hipertriacilglicerolemia Tratamento do diabetes tipo 2: O objetivo do tratamento do diabete tipo 2 é manter as concentrações sanguíneas de glicose dentro de limites normais e prevenir o desenvolvimento das complicações de longo prazo. Redução de peso, exercício e modificações na dieta frequentemente corrigem a hiperglicemia do diabetes tipo 2. Agentes hipoglicemiantes 1 ou terapia com insulina podem ser necessários para atingir níveis satisfatórios de glicose sanguínea. Efeitos crônicos e prevenção do diabetes : Como observado anteriormente, as terapias disponíveis restringem a hiperglicemia do diabetes, mas falham em normalizar completamente o metabolismo. A elevação crônica da glicemia causa as complicações crônicas do diabetes - aterosclerose prematura, retinopatia, nefropatia e neuropatia. O tratamento intensivo com insulina retarda o início e diminui a progressão das complicações a longo prazo. Por exemplo, a incidência de retinopatia diminui com o melhor controle da glicemia e a diminuição dos níveis de HbA. Os benefícios do controle rígido da glicemia superam os riscos aumentados de hipoglicemia grave. Não está bem determinado como a hiperglicemia causa as complicações crônicas do diabetes. Em células onde a entrada de glicose não é dependente de insulina, níveis elevados de glicose sanguínea levam a um aumento da glicose intracelular e de seus metabólitos. Por exemplo, o aumento intracelular de sorbitol contribui para a formação de catarata. Além disso, a hiperglicemia promove a condensação da glicose com proteínas celulares, em uma reação análoga à formação de HbA Outros fatores de risco para a doença incluem hipertensão e níveis elevados de lipídeos sanguíneos. ↪ Analisar as manifestações clínicas na diabetes tipo 1 e 2 O déficit ou insuficiência no funcionamento da insulina provoca o consequente excesso de glicose no sangue, causando os três sintomas mais característicos da diabetes: poliúria (aumento da produção de urina), polidipsia (sede excessiva) e polifagia (apetite exagerado). A poliúria é provocada pela eliminação do excedente de glicose através da urina, pois os rins deixam de conseguir reter a glicose que filtram do sangue, como ocorre com níveis normais de glicemia, o que proporciona a eliminação de uma certa parte da glicose com a urina, arrastando consigo uma maior quantidade de líquido. A sensação de sede que, por vezes, chega a ser quase constante é originada por uma perda de líquidos provocada pelas frequentes e abundantes emissões de urina. O apetite exagerado é originado pela falta de energia que afeta os tecidos, já que estes não conseguem obter as quantidades de glicose de que necessitam. Estes sintomas costumam ser acompanhados por outras manifestações. A falta de glicose no interior das células faz com que estas obtenham a energia através da combustão de lipídios e proteínas, uma circunstância que a médio prazo provoca a perda de peso corporal, uma diminuição da massa muscular e uma sensação de cansaço que pode ser significativa. Na diabetes mellitus do tipo 1, os sintomas costumam apresentar-se de forma mais ou menos brusca e, normalmente, costumam ser muito intensos; por isso, as pessoas afetadas por este tipo de diabetes, caso não sejam adequadamente tratadas, têm tendência para ficarem muito magras e para apresentarem um típico estado de debilidade. Na diabetes mellitus do tipo 2, os sintomas vão- se manifestando gradualmente, ao longo de meses ou anos, e são mais ligeiros; por isso, costumam passar muitas vezes Vitor Dantas - METABOLISMO despercebidos, especialmente a perda de peso, pois este tipo de diabetes afeta sobretudo as pessoas obesas. Caso a glicemia não seja devidamente controlada e mantida dentro dos valores normais, mediante o tratamento adequado, a diabetes pode originar vários tipos de complicações. Algumas são agudas, bruscas, constituindo um perigo iminente de morte, enquanto outras são crónicas e desenvolvem-se com o tempo, provocando manifestações tardias, por vezes após muitos anos de evolução, que acabam por originar uma grande deterioração na qualidade de vida do indivíduo ou até mesmo conduzir à morte deste. → Complicações agudas As complicações agudas são provocadas por um grave desequilíbrio no metabolismo, constituindo uma emergência médica. A cetoacidose diabética desenvolve-se espontaneamente na diabetes do tipo 1, constituindo em alguns casos a primeira manifestação da doença, e com menor frequência na diabetes do tipo II, na qual apenas se manifesta em determinadas situações de stress,produzindo-se quando o organismo, ao não poder utilizar a glicose por falta de insulina, obtém energia a partir de lipídios, mediante a sua decomposição através do metabolismo, o que provoca a formação de compostos denominados corpos cetónicos, cuja acumulação pode provocar consideráveis alterações do meio interno. O episódio, que se estabelece ao fim de algumas horas ou dias, manifesta-se inicialmente por um notório aumento da poliúria e por sede, que nestes casos não costuma ser acompanhada por fome, como é habitual nos diabéticos, mas por perda de apetite. Caso não se proceda ao tratamento imediato, a situação agrava-se, conduzindo ao aparecimento de náuseas, vómitos, dor abdominal, dificuldade em respirar e, por fim, sonolência, apatia e estado de coma. A hiperglicemia hiperosmolar é uma complicação aguda que afeta essencialmente as pessoas de idade avançada afetadas pela diabetes do tipo 2, sendo provocada por valores de glicemia muito elevados originados por um grave estado de desidratação consequente a perda de líquidos pela urina devido a hiperglicemia. O quadro manifesta--se inicialmente por um agravamento da poliúria, dores abdominais e sinais típicos de desidratação, como secura da boca, perda do turgor cutâneo e um cansaço extremo. Caso não se proceda ao tratamento adequado, pode originar uma grave hipotensão arterial que conduz a um choque cardiovascular e algumas alterações neurológicas que podem evoluir para um estado de coma e provocar a morte. → Complicações tardias Caso não se proceda ao seu controlo regular durante vários anos ou, então, devido a uma hiperglicemia persistente, a diabetes, nas suas fases avançadas, pode originar complicações muito variadas que envolvem diversos tecidos e órgãos. Um habitual tipo de complicação crónica é a microangiopatia diabética, um processo patológico que afeta os pequenos vasos sanguíneos capilares, provocando vários problemas na irrigação de vários tecidos. Entre as principais repercussões destacam-se os problemas nos rins (nefropatia), que podem conduzir a uma insuficiência renal, e os da retina (retinopatia), que podem provocar a perda da visão. Uma outra complicação tardia típica é a macroangiopatia diabética, um processo patológico que afeta os vasos sanguíneos de médio e grande calibre, provocando lesões e consequências semelhantes ás provocadas pela aterosclerose, ou seja, doença coronária, acidentes vasculares cerebrais e obstruções vasculares que podem provocar uma gangrena. Por fim, uma outra complicação tardia é a neuropatia diabética, uma doença que implica determinadas alterações no funcionamento do sistema nervoso. Por um lado, como são afetados os nervos periféricos (polineuropatia), sobretudo dos membros inferiores, provoca problemas sensoriais e uma especial propensão para o padecimento de úlceras cutâneas. Por outro lado, dá origem a problemas nas estruturas pertencentes ao sistema nervoso autónomo, o que provoca alterações no funcionamento de aparelhos orgânicos tão diferentes como o cardiovascular e o genitourinário. ↪ Conceituar erro e dano médico Erro médico é o mau resultado ou resultado adverso decorrente de ação ou da omissão do médico. O erro médico pode se verificar por três vias principais. A primeira delas é o caminho da imperícia decorrente da "falta de observação das normas técnicas", "por despreparo prático" ou "insuficiência de conhecimento" como aponta o autor Genival Veloso de França (1). É mais frequente na iniciativa privada por motivação mercantilista. O segundo caminho é o da imprudência e daí nasce o erro quando o médico por ação ou omissão assume procedimentos de risco para o paciente sem respaldo científico ou, sobretudo, sem esclarecimentos à parte interessada. O terceiro caminho é o da negligência, a forma mais frequente de erro médico no serviço público, quando o profissional negligencia, trata com descaso ou pouco interesse os deveres e compromissos éticos com o paciente e até com a instituição. O erro médico pode também se realizar por vias esconsas quando decorre do resultado adverso da ação médica, do conjunto de ações coletivas de planejamento para prevenção ou combate às doenças. O primeiro dado histórico acerca do erro médico consta no Código de Hamurabi, que adotava a lei de talião − da qual se encontram registros na Lei das XII Tábuas e que foi a primeira a estabelecer a compensação financeira. Não há, juridicamente, erro médico sem dano ou agravo à saúde de terceiro. A falta do dano, que é da essência e um dos pressupostos básicos do erro médico, descaracteriza o erro, inviabiliza o seu ressarcimento e desconfigura a responsabilidade civil. Se pode haver responsabilidade sem culpa lato sensu, não poderá haver responsabilidade sem dano. “O dano é entendido como a lesão – diminuição ou Vitor Dantas - METABOLISMO subtração – de qualquer bem ou interesse jurídico, seja patrimonial ou moral.” O erro médico já está entre as principais causas de morte no Brasil. Segundo pesquisa do curso de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, em 2015, mais 434 mil mortes no País foram causadas por falhas dos médicos. Em muitos os casos, o paciente não chega a óbito mas sofre sequelas irreversíveis que comprometem suas atividade pelo resto da vida. Desde cirurgias e amputações desnecessárias a tratamentos e medicações inadequadas. O médico não tem a obrigação de curar todo paciente, mas tem-se que empreender todo seu conhecimento, todo seus esforços para tratar a enfermidade. Não tem obrigação de resultado. O Código de Ética Médica traz o ensinamento de que a profissão de médico, sendo desempenhada a serviço da saúde do ser humano, impõe a esse profissional o dever de exercer a medicina com honra e dignidade, aprimorando os seus conhecimentos e utilizando o progresso científico da forma melhor possível, em benefício do paciente. FONTES: Tratado de Fisiologia Médica, Guyton e Hall Bioquímica Ilustrada, Pamela Princípios de Bioquímica de Lehninger
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