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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES FACULDADE DE EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO CECIERJ /Consórcio CEDERJ / UAB Curso de Licenciatura em Pedagogia – modalidade EAD AVALIAÇÃO A DISTÂNCIA AD2 – 2021.1 Disciplina: Sociologia da Educação Coordenadora: Prof. Dra. Adriana de Almeida Aluno(a): Michele Damasio Almeida da Silva Sampaio bv Matr.: 20212080431 Polo: Resende / RJ Atividade: A síntese de três vídeos, entre eles o documentário "40 horas na memória - Angicos" relata a experiência de alfabetização promovida pelo educador Paulo Freire. Fazendo uma associação aos estudos de nossas aulas sobre cultura, cotidianos e espaços educativos. A CULTURA ESCOLAR ESTÁ FORTEMENTE LIGADA À FILOSOFIA DA ESCOLA PERPASSANDO PELOS ESPAÇOS E SEU COTIDIANO A cultura escolar está ligada a seus elementos não-materiais que são desfrutadas diariamente como as histórias, as crenças, os sotaques, as práticas cotidianas que determinam o modo de viver de um grupo ou de uma sociedade. Para Chervel (1988), a escola proporciona para a sociedade uma cultura formada em dois pedaços: o programa oficial e o resultado efetivo desta ação. Tendo em vista essa definição, a escola tem uma função social básica, que vai além de prestar serviços educativos. A escola é uma instituição ímpar, não estática e deve ser pensada e repensada continuamente. Além disso, devemos olhar o cotidiano e as realidades socioculturais como as relação professor-aluno, corpo docente, corpo administrativo identificando os conflitos para tentar minimizá-los. Como base de uma sociedade, a escola é um lugar de produção que deveria ser objeto de estudo, investimento ou no mínimo ser acolhedora, receptiva para alunos e funcionários e não sucateada como observamos em diversas escolas brasileiras, já que é na sala de aula, nos espaços que acontece o desenrolar do processo de ensino-aprendizagem em toda a sua complexidade. Todavia, temos o hábito de pesar a cultura escolar de maneira oposta à cultura popular, como se os ensinamos que aprendemos na escola é o resultado do saber erudito (elitista) e intermediário (da classe média). Essa figura burocrática contradiz as premissas da função social da escola, bem como a sua compreensão de um mundo social com cultura própria. “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou construção”(FREIRE, 2010, p.47), essa é uma das mais famosas frases de Paulo Freire, que demonstra a preocupação com o diálogo que é um elemento central na postura freiriana, desde a perspectiva hermenêutica que defende a capacidade argumentativa dos sujeitos na busca do conhecimento e na sua visão da realidade, reconhecendo a heterogeneidade da realidade, o pluralismo dos saberes, as diversas visões de mundo reduzindo a distância entre os sujeitos e auxiliando no aprendizado colaborativo, inclusivo e que oportuniza a todos as condições de se expressar. Além de mostrar a curiosidade respeitosa do educador em conhecer e vivenciar a cultura, os saberes e a realidade das pessoas. Facilitando a superação do analfabetismo através de uma alfabetização não mecânica, ele propunha os temas geradores em que procurava acordar o raciocínio do aluno para transcender de regras, métodos para uma consciência crítica. O nosso grande desafio, por isso mesmo, nas novas condições da vida brasileira, não era só o alarmante índice de analfabetismo e a sua superação. Não seria a exclusiva superação do analfabetismo que levaria a rebelião popular à inserção. A alfabetização puramente mecânica. O problema para nós prosseguia e transcendia a superação do analfabetismo e se situava na necessidade de superarmos também a nossa inexperiência democrática. Ou tentarmos simultaneamente as duas coisas. (FREIRE, p. 94-95,1967) A partir daí, devemos acolher a diversidade cultural grupais e comunitárias, sem abandonar o todo. Isto é olhar a abordagem microssociológica (família, sala de aula, vizinhança) e observar os porquês do comportamento daqueles grupos (COULON, 1995). Com isso, elaborar Projetos Políticos Pedagógicos que englobem toda a sociedade escolar e local com metas pedagógicas e administrativas claras olhando a realidade sociocultural das relações professor-alunos, escola-família, administração, corpo docente para assim identificar e minimizar as relações de conflito. A gestão do cotidiano escolar é o pilar que “costura” todas as outras dimensões da gestão escolar, pois o seu foco é sobre a aplicação prática de todo o planejamento da instituição de ensino. Com ela, podemos engajar alunos e professores a melhorar o ensino compartimentado e transformá-lo em um ensino interdisciplinar, melhor transdisciplinar. Fazendo com que todos os colaboradores estejam engajados com a educação global, desempenhando a condução das aulas para garantir que, mais que ensinar conceitos, os professores estejam desenvolvendo habilidades, partindo de problemas reais do cotidiano dos alunos para trabalhar os conteúdos e aplicando na prática todo o planejamento construído. Outrossim, sabemos que uma escola limpa, planejada, organizada, segura é importante fazendo com que todos sintam-se confortáveis. No entanto, escola bonita não deve ser apenas um prédio limpo e bem planejado, mas um espaço no qual se intervém de maneira a favorecer sempre o aprendizado, fazendo com que as pessoas possam se sentir acolhidas e consigam reconhecê-lo como um lugar que lhes pertence principalmente para os discentes, já que a dimensão da realidade vivida pelas crianças dentro de uma sala de aula é diferente do adulto, ela pode vivenciar experiências que muitas vezes se passarão despercebidas pelo educador. Contudo, é necessário que o profissional esteja atento, sensível ao universo dos aprendizes fazendo um acolhimento, compreendendo quem são e como são os seus alunos e assim contribuir para tornar mais prazeroso o trabalho que ali se faz. Portanto, a cultura escolar está fortemente ligada à filosofia da escola, ou seja, sua missão, e é ela que dirá como a escola vê o educando no processo educativo e sua projeção para a vida social e intelectual. A Legislação Educacional, a elaboração do Projeto Político Pedagógico, as abordagens de ensino, as metas pedagógicas e administrativas, todos esses fatores subordinam-se às estratégias abordadas que perpassam no cotidiano, nos espaços e na formação da cultura a qual a instituição deseja formar. REFERÊNCIAS CHERVEL, André. L'histoire des disciplines scolaires. Paris: Histoire de L'educacion, n. 38, 1988, p. 59-119. COULON, Alain. L’École de Chicago. Paris: PUF, 2016. Em português: A Escola de Chicago. Campinas: Papirus, 1995. FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 1ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 41 ed. São Paulo: Paz e Terra,2010.
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