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QUESTÃO SOCIAL NO CONTEXTO BRASILEIRO E LOCAL CAPÍTULO 2 - QUAIS AS CONTRADIÇÕES DA REALIDADE SOCIAL BRASILEIRA E AS POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO? Suziane Hermes de Mendonça Soares INICIAR Introdução Por que é importante conhecer a história do Brasil quando estudamos a questão social no país? Como surgiu a questão social no Brasil? Como se caracteriza a realidade social brasileira? E as possibilidades de intervenção do assistente social frente a uma realidade de contradições? A questão social no Brasil aliada a um breve relato histórico o capacitará a estabelecer a relação entre desigualdade social, questão social e Serviço Social na sociedade capitalista brasileira. Sendo assim, este capítulo apresenta os principais aspectos do surgimento da questão social no Brasil, bem como explica a teoria e a prática interventiva do assistente social frente às sequelas deixadas por ela. Para responder ao questionamento a respeito da realidade social brasileira — e suas contradições — e as possibilidades de intervenção, o primeiro tópico tratará da dimensão da questão social no Brasil; o segundo se dedicará à questão social a partir da teoria social marxista. No terceiro tópico apresenta-se o projeto ético-político do Serviço Social e a compreensão da realidade social; e, por fim, no último tópico será descrita a intervenção do assistente social e sua sólida formação teórico-metodológica. A caracterização do Brasil — tanto em suas condições históricas quanto econômicas e sociais — com seus determinantes de desigualdade social — persistentes devido ao modo de produção capitalista — é o que favorece a reflexão e permite direcionamentos em decorrência da identificação das expressões da questão social observadas na realidade descrita. Dessa forma, é esperado que você amplie seu conhecimento para uma intervenção no cenário brasileiro orientado pelos mecanismos éticos e metodológicos do Serviço Social contemporâneo. 2.1 A dimensão da questão social no Brasil A historicidade dos processos sociais é construída na dinâmica da sociedade. O estudo sobre a construção do cenário brasileiro nos auxilia no entendimento do longo processo que levou à estruturação do país com o qual deparamos hoje. E você, já está aberto à problematização da questão social no contexto brasileiro? Está pronto a decifrar o que torna o Brasil um país com particularidades em suas intervenções sobre a questão social? Sabe como se expressam as questões sociais num país com amplas dimensões continentais? Inicialmente, levaremos em conta como a população brasileira foi construindo seu padrão ímpar de relação com a vida e o espaço público. Atributos da formação social brasileira criaram entre nós a possibilidade de convivência pacífica, ora destacando-se uma passividade demasiada, não atendendo às mobilizações por melhores condições de vida, ora levando a população a sofrer direcionamentos ditatoriais com ganhos e perdas de direitos. Neste tópico, você aprenderá como se deu a constituição do capitalismo no Brasil. Ao estudá-lo, você transitará pela história brasileira e pelas configurações sociais, políticas e econômicas com suas consequências para a população em períodos históricos diferentes. Tendo o Brasil dimensões continentais, torna-se heterogêneo, singular e com padrões diferentes, dependendo da região abordada. A criação de leis que vigoram em alguns estados e não vigoram em outros é uma realidade. Ao finalizar o estudo deste tópico, você será capaz de reconhecer as dimensões da questão social brasileira, identificando suas principais características. 2.1.1 Constituição do capitalismo no Brasil — da colônia ao período monárquico A expansão marítima europeia, principalmente a realizada por Portugal, deu origem à formação social que conhecemos desde o Brasil colônia. Toda a colonização dos trópicos, na qual o Brasil está incluído, é destinada a atender ao comércio europeu. Assim, podemos dizer, somando ao pensamento de Caio Prado Junior (1963), que a colonização no país se voltou ao fornecimento de gêneros tropicais e minerais de grande importância para Portugal, de forma a comercializar tais produtos no mercado europeu. Portugal tentou regular a colônia brasileira na tentativa de suprir os interesses da metrópole. Nesse período, o capitalismo já avançava para a manufatura. O Brasil era considerado fornecedor de matéria-prima, e seu desenvolvimento foi limitado por Portugal a essa condição — o que importava era apenas o potencial comercial de exportação. Os portugueses atracavam nos portos brasileiros para serem comerciantes e/ou empresários e esperavam que nativos, e posteriormente escravos, fossem os trabalhadores. Ocorreu uma ocupação predatória. A metrópole só buscava extrair vantagens. Essa lógica promoveu uma distribuição das terras de maneira desigual. Surgiram, assim, grandes proprietários de terras para manter o cultivo de monocultura. Os nativos foram mortos ou explorados sem respeito à cultura que carregavam. Como não se plantava para o país, a desnutrição era crescente, sem falar da educação da população nascia e vivia em solo brasileiro, que foi completamente ignorada (FAUSTO, 2009). O livro “A carne e o sangue”, apesar de ser um romance, auxilia na compreensão do contexto histórico no qual viveram Dom Pedro I e a Imperatriz Leopoldina. Obras como essa não só despertam no leitor o interesse pela literatura como aprimoram o conhecimento histórico. A obra foi escrita por Mary Del Priori e publicada em sua primeira versão em 2012. Para Prado Júnior (2004), o fim da era colonial é marcado pela vinda da família real para o Brasil, em 1808, permitindo uma autonomia econômica e política que não tinha possibilidade de retrocesso porque Portugal não estava se adaptando às novas formas produtivas. O período monárquico se estendeu até 1889, início da República (RIBEIRO, 1995). O café se tornou o produto de exportação de destaque, cuja cultura se transformou na base política e econômica da sociedade brasileira — os fazendeiros podiam ser considerados parte da aristocracia ou burguesia. As pressões abolicionistas, vindas principalmente da Inglaterra, foram fundamentais para o reconhecimento da independência do Brasil (RIBEIRO, 1995). VOCÊ QUER LER? Enquanto o país focalizava a agroexportação, o capitalismo industrial avançava em outros países. O Brasil acabava ficando para trás com seu processo produtivo conciso comparado aos demais. O fim do período monárquico não foi deflagrado por participação popular, tendo sido fruto do desejo de setores da elite econômica e política brasileira. 2.1.2 Constituição do capitalismo no Brasil — da República Velha ao período da ditadura militar Com o fim do período monárquico — derrubado por um golpe militar — e a Proclamação da República — movimento eminentemente elitista que ocorreu sem luta e sem a participação direta das camadas populares — tem início o período republicano. Com a derrubada da monarquia foi constituído um governo provisório chefiado pelo marechal Deodoro da Fonseca, que governou o país até 1891. Nesse período se estabeleceu uma efetiva disputa política em torno do modelo republicano a ser implantado. De um lado, os militares defendiam um regime republicano centralizado, com um Poder Executivo forte o bastante para controlar o Poder Legislativo e o Judiciário, no qual os Estados (as antigas províncias) não tivessem autonomia; de outro, os grandes proprietários agrários, sobretudo os ricos cafeicultores paulistas, se opunham a esse modelo e defendiam um regime republicano federalista, no qual os Estados fossem autônomos a ponto de poderem ser controlados economicamente (CANCIAN, 2013). O Brasil neste período republicano marca a entrada no capitalismo com as estruturas econômicas sendo reorganizadas. A burguesia cafeeira demonstrava ideias que tendiam para a mudança na economia, já pensando em industrializar o país. O ideário neoliberal que tomava conta da Europa dava sinais de manifestação na antiga colônia de Portugal e o liberalismo foi adotado como ideologiaeconômica (FAUSTO, 2009). A burguesia cafeeira insistia na industrialização brasileira incentivando as primeiras fábricas, companhias de navegação e bancos. Somente no século XX a indústria nacional ganhou força, apesar de continuar grande o investimento nas matérias-primas, quer fossem para a exportação, quer fossem para ser usadas nas fábricas (FAUSTO, 2009). Podemos considerar tais iniciativas como pequenos avanços rumo ao desenvolvimentismo com o objetivo de modernizar a economia nacional. E quanto à situação do trabalhador nesse contexto? Badaró Mattos (2008, p. 47 apud BARISON, 2017) postula que “a miséria era o principal elemento que identificava a experiência homogênea dos proletários. A comparação entre o que o trabalhador recebia e o que ele necessitava para sua sobrevivência ampliava o sentimento de injustiça associado à exploração”. Os direitos sociais, em especial os direitos do trabalho, não eram uma realidade. A Constituição de 1891 registrava a herança escravocrata nas formas de tratar o trabalhador. Durante a Primeira República, os trabalhadores não tinham à sua disposição uma legislação que regulasse as relações entre o capital e o trabalho. É nesse contexto que se formaliza a atuação política do Estado brasileiro frente à classe operária, na frase: “A questão social é caso de polícia” — uma referência ao fato de que a intervenção do Estado na questão social resumia-se apenas em repressão policial, prisões arbitrárias, fechamento de associações e deportação de estrangeiros, entre outros (BATISTELLA, 2017). No transcurso da década de 1920, o poder político das oligarquias cafeeiras entrou em crise — uma consequência da divisão das classes dominantes que divergiam profundamente quanto às diretrizes da política governamental. Nesse contexto, as oligarquias cafeeiras que controlavam o aparelho de Estado e o Governo Federal enfrentaram a oposição política das oligarquias tradicionais e da burguesia industrial. Além disso, as instituições republicanas começaram a perder legitimidade frente ao descontentamento dos grupos sociais urbanos e dos movimentos de revolta armada (CANCIAN, 2013). O cenário brasileiro, anteriormente marcado pelas oligarquias cafeeiras, inclusive com forte poder político e econômico, agora é marcado pelo crescimento do setor fabril, provocando a formação da burguesia industrial. Esta aos poucos se transforma em poderosa classe social cujos interesses, devido à sua influência econômica, são atendidos pelo Estado. Os interesses da burguesia industrial passam a se chocar com os interesses das oligarquias agrárias cafeicultoras. Enquanto a burguesia industrial reivindicava do governo uma política monetária, fiscal e cambial que favorecesse o setor produtivo fabril, as oligarquias agrárias cafeicultoras reivindicavam do governo investimentos na política de valorização do café. A crise econômica de 1929 abalou as economias dos Estados Unidos e da maioria dos países da Europa — os maiores consumidores do café produzido no Brasil e principais fontes de empréstimos ao governo federal. Cada vez mais se aprofunda a divergência de interesses entre as classes rurais e industrial. A partir de 1930, segundo Fausto (2009), a Segunda República, ou a Era Vargas, como alguns historiadores preferem chamá-la, não poderia ter passado imune à crise de 1929. Esta afetou diretamente os produtores rurais, que deixaram de receber apoios do governo para garantir a produção. Getúlio Dornelles Vargas, ou apenas Getúlio Vargas, gaúcho, foi presidente da República entre os anos de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954. Após derrubar o governo de Washington Luís, ficou conhecido por suas características direcionadas ao nacionalismo e populismo. Em 1937 instaurou o Estado Novo e governou de maneira ditatorial. Em 1950 ele retomou o poder de forma democrática por eleições diretas. No ano de 1957 suicidou-se no Rio de Janeiro, no Palácio do Catete. Até hoje é lembrado como o “pai dos pobres” (BASTOS; FONSECA, 2012). Você deve estar pensando que a nova conjuntura brasileira trouxe demandas inéditas, mas quais seriam? A primeira delas foi a necessidade de mão de obra especializada, o que dependia de outra demanda, ou seja, escolas para tal formação. São então institucionalizados o ensino secundário e as primeiras universidades. Bastos e Fonseca (2012), em seus estudos sobre Getúlio Vargas, nos informam que, em 1934, foi promulgada uma Constituição que afirmava a educação como direito de todos. O que devemos destacar é a ausência de um setor social. As burguesias industrial e financeira não tinham estabilidade, um projeto político preciso e nem meios de desempenhar uma dominação efetiva. Consequentemente, as classes médias e o proletariado não dispunham de quaisquer maneiras para tomarem a frente no processo político. Bastos e Fonseca (2012) afirmam que, até o início do século XX, o movimento operário possuía uma prática independente, autônoma, anarquista e comunista. As expressões da questão social eram reprimidas para solucionar os problemas cruciais da classe trabalhadora. VOCÊ O CONHECE? Policarpo Quaresma, o herói do Brasil, filme do ano de 1998, baseado no livro “Triste fim de Policarpo Quaresma”, do autor Lima Barreto, é uma crítica ao nacionalismo com um embate entre a utopia e a vida real. Ele promove uma reflexão sobre os conflitos sociais e políticos no período da República. Assista ao vídeo em: <https://youtu.be/mSSTpFHl3J0 (https://youtu.be/mSSTpFHl3J0)>. Na Era Vargas, a questão social era pensada para que se contivessem os movimentos grevistas, por este motivo foi criada a legislação social. Vargas entendia que os trabalhadores contribuíam com apoio político, daí a política social fazer parte da agenda do Estado instaurado em 1930 (BASTOS; FONSECA, 2012). A ação do Estado diante das expressões da questão social tem seu marco no processo de industrialização, sendo que o Estado precisava controlar a população, principalmente a classe trabalhadora. A pobreza, o desemprego e as exclusões social, econômica, cultural e política se agravavam para a classe trabalhadora em torno das cidades, enquanto os grandes proprietários mantinham o crescimento de suas riquezas. Até a década de 1930, as reivindicações de direitos eram reprimidas de forma violenta. A partir de 1930, os direitos sociais foram reconhecidos pelo Estado de forma institucionalizada, foram criados o Ministério do Trabalho e o da Previdência Social, além da promulgação da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) (RIBEIRO, 1995). Outro ponto importante foi o reconhecimento dos direitos garantidos pela luta sindical. Todos os direitos conquistados foram deixados de lado durante a ditadura militar, que proibiu as mobilizações por melhorias ou qualquer reivindicação dessa ordem. Toda essa construção histórica marca o Brasil atual, seja em lugarejos no interior do país, seja nas grandes cidades que temos hoje, com a economia voltada à exportação, à produção de matéria-prima, à falta de centralidade na garantia de cidadania aliada ao protecionismo das classes dominantes que permanecem VOCÊ QUER VER? https://youtu.be/mSSTpFHl3J0 exercendo a manutenção de diversos privilégios (SANTOS, 2012). As políticas sociais surgem em socorro à população explorada pela burguesia para diluir as incertezas e manter sem alterações significativas o espaço consagrado à elite. 2.2 A questão social a partir da teoria social marxista Ao entender que a questão social é identificada nas desigualdades sociais geradas pelo capitalismo, devemos discutir as manifestações que buscam a superação dessas diferenças para que compreendamos as expressões da questão social. Como a teoria marxista contribuiu ao entendimento do conceito da questão social? As expressões da questão social são identificadas na teoria marxista? Como a exploração do trabalho pode ser relacionada às expressões da questão social? Ao fim deste tópico, você será capaz de identificar as correntes teóricas e suas influências no entendimento da questão social, distinguindoa teoria social marxista das demais. Partiremos da discussão sobre a cidadania regulada no Brasil, o acesso aos direitos com precondições — o que o difere do ideário marxista com os serviços voltados à classe trabalhadora e não à permanência da burguesia no poder. 2.2.1 Cidadania regulada Santos (1994) entende por cidadania regulada o resultado das exigências dos trabalhadores organizados sem alterar as estabilidades garantidas às elites. Depois de 1930, a expressão da questão social recebe intervenções de políticas sociais na busca de diminuir as complexidades da sociedade. Para o autor (1994), a cidadania regulada é determinada pela política econômico- social que considerou apenas cidadãos os trabalhadores de ocupações reconhecidas e definidas pela lei, isto é, para ser cidadão no Brasil pós-1930 era exigida a inserção da pessoa no sistema produtivo. Para o Estado reconhecer a pessoa como cidadã, primeiro a profissão por ela exercida deveria ser reconhecida por lei. A política social atuante nas expressões da questão social era discriminatória e seletiva, estruturada na relação capital x trabalho. Para Castel (2009, p. 72): [...] reencontra-se e reproduz-se a vulnerabilidade de massa, condição da necessidade de generalização das relações salariais, risco cujo equacionamento e expulsão estavam na origem do “Estado Social”. E como seu núcleo se constitui pelo enfraquecimento das formas de política social, ou pelo seu encolhimento, pelo crescimento do desemprego e da precarização, pela impossibilidade de acesso livre aos postos assalariados de trabalho, sua personificação se faz não pelo vagabundo, mas pelo desemprego e pelos desempregados, os novos “desfiliados” sem lugar, categorias que se desenvolveram como contraponto e reverso da situação configurada a partir do trabalho como imperativo. Ao aprofundar o conceito de cidadania regulada, podemos analisar o seguinte caso. CASO Quadro 1 - Conquistas e consequências da cidadania regulada. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em SANTOS, 1994. Deslize sobre a imagem para Zoom Um jovem de 22 anos que vivia na região central do Rio de Janeiro era empregado na empresa ferroviária tendo direito a se aposentar após muitos anos de contribuição, ou, se lhe ocorresse algum acidente, receberia auxílio doença. Esses benefícios eram garantidos por sua contribuição mensal e por sua profissão ser regulamentada por lei. Já um jovem da mesma idade que atuasse como sapateiro não tinha direito ao benefício de auxílio doença, pois sua profissão não era reconhecida por lei e ele não tinha meios de fazer qualquer contribuição para sua aposentadoria. A estratificação da cidadania depende da lei para decidir se a pessoa pode ou não ser considerada cidadã e ter direito ao benefício. Ao mesmo tempo, os trabalhadores não incluídos seriam pré-cidadãos. Dessa forma, estariam os trabalhadores rurais e os urbanos em igual condição ativa no meio de produção sem a devida regulação, isto é, as ocupações não foram reguladas por lei. Assim, as pessoas que exercem tal atividade não são entendidas como beneficiárias de políticas sociais, estas ofertadas apenas aos que contribuem por ela. 2.2.2 Capital versus Trabalho As múltiplas expressões da questão social apresentam-se como uma problemática a ser superada pelas elites quando a classe trabalhadora começa a se organizar em prol de seus interesses, lutando por reformas no sistema capitalista, melhorias econômicas, direitos de cidadania e a extinção do capitalismo para uma outra ordem social. Karl Marx (2008) dedicou-se à questão social em sua crítica às iniciativas da classe burguesa para solucionar os problemas de escassez de forma paliativa e limitada sem grandes resultados. Para Marx (2008), a questão social poderia ser compreendida pela exploração do trabalho assalariado feita pelo capital e as lutas dos trabalhadores contra as relações sociais de produção capitalista e todas as suas formas de opressão e Figura 1 - A ordem social identificada por Marx na sociedade capitalista. Fonte: Elaborada pela autora, baseado em MARX, 2008. Deslize sobre a imagem para Zoom dominação. VOCÊ SABIA? Por que o trabalho pode sofrer variações ao longo do tempo, segundo Marx? O trabalho, para Marx, não deve ser estudado apenas pelos aspectos técnicos ou pelo conteúdo material. Ele necessita ser discutido em sua forma socio-histórica concreta. Isso não quer dizer que Marx ao realizar seus ensinamentos tenha objetivado o grau de desenvolvimento das forças produtivas, pelo contrário, ele tentou desvelar o modo capitalista de produção no desenvolvimento das forças produtivas. O tratamento teórico que Marx proporcionou sobre a questão social busca compreendê-la como produto social historicamente determinado pelo modo de produção capitalista e pelas lutas modernas do movimento operário. Para Marx, é pelo trabalho que a realidade natural pode ser modificada, passando os homens a usufruir dela. É na relação com a natureza que estes, atravessados pelo trabalho, constroem a sociedade e conseguem reconfigurar a história (MARX, 2008). Contudo, o trabalho também pode ser entendido como elemento de subordinação ao capital, no qual o sacrifício e a mortificação do homem são produzidos e se revelam no próprio ato da produção. Por esse motivo, ao estudar a questão da produção, é necessário que você conheça a demarcação histórica à qual o modo de produção analisado está inserido, para que seja possível identificar cada formação econômica (escravista, feudal, capitalista) (MARX, 2008). O processo de transformação do modo de produção capitalista requer como premissa o desmembramento do trabalho e dos meios de produção de maneira que o proprietário da força de trabalho sinta-se obrigado a vendê-la ao proprietário dos meios de produção em troca de um salário. Este processo se dá porque o trabalhador foi despojado de toda propriedade e vê-se na obrigação de vender sua força de trabalho — sua única posse — para sobreviver, não restando outra alternativa a não ser se tornar um trabalhador assalariado. A força de trabalho negociada será agregada ao capital pelo processo de produção, o que prioriza a mais-valia. Para concluir o raciocínio marxista, vale assimilar que o capital que se torna salário é denominado capital variável. A mais-valia é o que motiva toda a transformação. Sem a mais-valia não existiria a transformação nem as relações de produção capitalistas. 2.3 O projeto ético-político do Serviço Social e a compreensão da realidade social O aspecto econômico das relações sociais pode ser considerado fundamental na vida social. Contudo, não pode ser o único a ser considerado para a compreensão dos fenômenos sociais, nem das contradições da sociedade burguesa. O curso de Serviço Social procura fornecer ao futuro assistente social condições de compreender a realidade social por meio do conhecimento da raiz dos fenômenos, em sua essência e em todas as expressões da questão social. Como se apresentam as contradições da realidade social ao assistente social? De que forma o projeto ético-político instrumentaliza este profissional para a atuação nas expressões da questão social na perspectiva da garantia de direitos? Devemos explorar os conceitos que permeiam o debate sobre classe, exploração do trabalho e sociedade burguesa e, assim, completar os estudos sobre seus processos, para que você seja capaz de empregar as expressões da questão social como objeto do Serviço Social. O projeto ético-político do Serviço Social perpassa a identidade coletiva profissional em sua função e nos arcabouços profissionais teórico, metodológico, interventivo, instrumental, normativo e legal, os quais compõem as três dimensões do Serviço Social: a teórico-metodológica, a ético-política e a técnico- operativa. A realidade social é entendida pela investigação e intervenção profissional. Neste estudo, o objetivo é promover a reflexão sobre as questões mais relevantes para o assistente social em sua ação profissional. 2.3.1 O projeto ético-políticodo Serviço Social Tendo como orientação um aporte teórico bem fundamentado, o assistente social pode definir o objeto de trabalho e fazer uma perfeita escolha de instrumentos capazes de auxiliá-lo na leitura da realidade. O processo de investigação da realidade exige do assistente social um olhar crítico capaz de considerar a totalidade e as contradições presentes no contexto histórico. Nesse sentido, sua intervenção, orientada pelas dimensões ético-política, teórico- metodológica e técnico-operativa, encontra no método dialético uma ponte para materializar o projeto ético-político da profissão. Na prática interventiva, cabe perceber que o objeto do Serviço Social não se dá de imediato, ele precisa ser apreendido e pode ser reconstruído conforme se apresentam os fenômenos da sociedade. O desvendamento da intervenção profissional, principalmente na perspectiva marxista, se constituiu no movimento de reconceituação na América Latina e do Radical Social Work de outros países. Na perspectiva marxista (FALEIROS, 2011), a atuação profissional está condicionada profundamente pelas determinações econômicas, articuladas às determinações políticas, sociais e culturais, tanto do ponto de vista da demanda como do ponto de vista da provisão dos serviços sociais. Não se trata, pois, de uma evolução de formas de bem-estar, nem de melhoria do modo de viver pela ação das classes dominantes. As provisões de bem-estar social são, pois, resultantes de uma disputa por poder e recursos em movimentos de forças de interesses antagônicos, mas que se repõem e compõem conjunturalmente (FALEIROS, 2011, p. 3). Quadro 2 - Dialética marxista: qualquer objeto é parte de um todo. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em COSTA, 2000. Deslize sobre a imagem para Zoom O movimento da sociedade exige do profissional competências, habilidades e atitudes essenciais correspondentes à identidade profissional já afirmada. Nesse contexto, as conquistas acumuladas devem ser utilizadas de forma ética, respeitando os cenários institucionais. O grande desafio na atualidade é, pois, transitar da bagagem teórica acumulada ao enraizamento da profissão na realidade, atribuindo, ao mesmo tempo, uma maior atenção às estratégias, táticas e técnicas do trabalho profissional, em função das particularidades dos temas que são objetos de estudo e ação do assistente social (IAMAMOTO, 2001, p. 52). Por que é necessário que a prática profissional do assistente social esteja em consonância com as dimensões ético-políticas, teórico-metodológicas e técnico- operativas do serviço social? O trabalho do assistente social terá pleno sentido se este profissional estiver apto a decifrar a realidade e a ela propor estratégias de enfrentamento. Quadro 3 - Especificidades da prática profissional do assistente social. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em IAMAMOTO, 2001. Deslize sobre a imagem para Zoom Consideramos que as intervenções profissionais pautadas nos princípios do projeto ético-político do serviço social são estratégicas na medida em que possibilitam, entre outras questões, a articulação entre os assistentes sociais e a rede formada, uma interlocução entre aqueles que estão diretamente na execução com os que estão nos chamados níveis centrais, garantindo a efetivação de um projeto de intervenção profissional coletivamente construído nas instituições. 2.3.2 O objeto do Serviço Social A questão social na atualidade pode ser identificada pela precariedade do trabalho e pela vida de dificuldades que a população que vende a força de trabalho sofre. Sendo assim, qual é o grande desafio dos profissionais do Serviço Social? O assistente social deve garantir o acesso aos direitos básicos e necessários à luta por uma sociedade justa e democrática frente à realidade cheia de contradições e desigualdades sociais impostas pelo modo de produção capitalista. Sua atuação se efetiva no contexto das sequelas da questão social. Vamos relembrar, a seguir, de forma esquemática, o tempo da questão social. Figura 2 - Expressões da questão social ao longo das décadas no Brasil. Fonte: Elaborada pela autora, baseado em SANTOS, 2012. Deslize sobre a imagem para Zoom Uma vez institucionalizado pelo Estado, o Serviço Social voltou-se à manutenção do statu quo, ao domínio da vida social, em um contexto em que a questão social — objeto da intervenção profissional — se apresenta intimamente ligada ao capitalismo e às formas de organização da sociedade. O curta-metragem em 3D, Vida Maria, lançado em 2006 e produzido pelo animador gráfico Márcio Ramos, relata a história da pobreza cíclica no Brasil. São gerações e gerações que não conseguem sair desse ciclo. Apesar de ser uma animação, a realidade apresentada se aproxima com o contexto sócio- político brasileiro. Disponível em: <https://youtu.be/yFpoG_htum4 (https://youtu.be/yFpoG_htum4)>. É nessa realidade que o assistente social atua, na relação de força da desigualdade, da rebeldia e da resistência, pois estas situações não podem ser separadas da vida em sociedade — o que exige do profissional não só decifrar a realidade apresentada como intervir na demanda. Marilda Iamamoto (2001, p. 11) comenta que a distinção da ação do assistente social está fundada na “[...] transversalidade das múltiplas expressões da questão social, na defesa dos direitos sociais e humanos e das políticas públicas que os materializam”. O compromisso do assistente social com a sociedade, isto é, com os indivíduos que a compõem, assim, comprometido com as transformações societárias por meio de seu processo de trabalho deve ser destacado. A forma como o Estado lida com as expressões da questão social está desconectada de uma análise crítica da realidade e da relação entre capital e trabalho. Nos dias atuais, percebemos um aumento nas consequências da questão social. A forma diversas vezes utilizada para conter tal situação tem sido a repressão da população em relação às suas necessidades, manifestada nas insuficiências das políticas públicas, ou seja, na marginalização e na pobreza. VOCÊ QUER VER? https://youtu.be/yFpoG_htum4 “10 lições sobre Hannah Arendt” transita por escritos sobre política e miséria humana. No livro, são questionados os poderes na solução da questão social. Escrito por Luciano Oliveira, tendo a 2ª reimpressão em 2016, a obra nos apresenta inúmeras reflexões da filósofa política, uma das mulheres mais influentes do século XX. Por alguns momentos, a característica anterior à década de 1930, representada pela frase de Washington Luís, vem à tona: “questão social é caso de polícia”. A população é repreendida pela polícia por manifestar suas insatisfações ou por clamar por condições de vida mais dignas (SANTOS, 2012, p. 67). [...] a questão social produzida e reproduzida ampliadamente tem sido vista, na perspectiva sociológica, enquanto ‘disfunção’ ou “ameaça” à ordem e à coesão social. É apresentada como uma “nova questão social”, resultante da “inadaptação dos antigos métodos de gestão do social”, produto da crise do “Estado de Providência”. Frequentemente a programática para fazer frente à mesma tende a ser reduzida a uma gestão mais humanizada e eficaz dos problemas sociais [...]. As respostas à questão social passam a ser canalizadas para os mecanismos reguladores do mercado e para as organizações privadas, as quais partilham com o Estado a implementação de programas focalizados e descentralizados de “combate à pobreza e à exclusão social (IAMAMOTO, 2001, p. 45). Assim, é possível considerar que a questão social sofre a intervenção do Estado por meio das políticas sociais e, desta maneira, tem configurado a manutenção do desenvolvimento capitalista. Neste contexto, o Estado se apresenta como mediador dos interesses contraditórios da lógica capital versus trabalho sem confrontar os interesses do capital financeiro. A naturalização da questão social desperta uma banalização do humano. O sentido de pertencimento social é furtado juntamente com a dignidade da vida humanapara muitas pessoas que vivem na extrema pobreza. Podemos destacar VOCÊ QUER LER? diversas situações que constrangem a humanidade, como miséria, exclusão, pobreza e todas as formas de vulnerabilidade. 2.4 A intervenção do assistente social e a sólida formação teórico- metodológica A atuação do assistente social vincula-se direta e contraditoriamente ao capitalismo. Como uma profissão que surge para atender uma demanda do capital, no contexto contemporâneo, direciona sua ação na perspectiva de garantir direitos fundamentais e necessários para que os indivíduos superem a situação de exploração e pobreza — produzidas pelo capitalismo — na busca de uma sociedade justa e democrática. O empoderamento de setores e minorias sociais vem ocorrendo nos últimos anos, o que tem ampla repercussão na prática profissional. Nesse sentido, algumas questões são fundamentais: Frente às contradições sociais, o Serviço Social consegue manter um direcionamento teórico? Qual a especificidade do trabalho do assistente social? A intervenção do assistente social baseia-se em sólida formação teórico- metodológica, a qual permite a ele desenvolver uma defesa dos usuários e incentivar maior habilidade para solucionar os problemas. A articulação da vida cotidiana e a intervenção profissional fazem parte de um processo que exige luta e integração, afirmação e negação, expressão, manifestação e organização. O Estado, nas sociedades capitalistas, está mais comprometido em criar e expandir as condições reais para a reprodução do capital do que em atender às necessidades da força de trabalho, deixando recair o custo disso sobre os trabalhadores. O acirramento da divisão do trabalho no sistema capitalista faz que as questões sociais emerjam como consequência da exploração, dos desgastes das classes trabalhadoras e de sua exclusão do processo de consumo e utilização de bens e serviços. 2.4.1 A prática profissional e a questão social Ao intervir na realidade, o profissional precisa necessariamente desenvolver a leitura sobre ela. Isso exige como condição sine qua non a apropriação do conhecimento teórico que se consubstancializa na dimensão teórico- metodológica da profissão. Nesse sentido, estabelece-se o nexo dialético teoria/prática. Como o profissional poderá determinar e definir o próprio espaço? Pela qualidade e sucesso do fazer profissional. Faustini (1995, p. 21) afirma que a “[...] prática pode ser entendida como uma ação consciente e planejada, ou não consciente e não intencional. Além disso, deve ser percebida como uma ação que transforma, que muda ou, simplesmente, reproduz a realidade”. Tais práticas se desenvolvem na dinâmica das relações em sociedade. São práticas sociais que traduzem e revelam o momento histórico, bem como as formas das relações objetivas e subjetivas entre os sujeitos. Associadas entre si ou não, podem expressar o significado, o sentido e a intencionalidade dos atos humanos. Inseridas e a serviço de um processo histórico, indicam as possibilidades reais de construção ou reprodução de conhecimentos. Por isso é imprescindível que o profissional na reflexão sobre a relação teoria e prática formule um questionamento sobre como pensar, muito antes do que pensar. A apropriação de um método lhe permitirá agir sobre a realidade social e sobre as demandas sociais. Segundo Faustini (1995), o Serviço Social ao apropriar-se da compreensão da relação dialética entre teoria e prática busca melhor reconhecer e compreender as tendências prático-teóricas que se apresentam na atualidade para a construção de Quadro 4 - As possibilidades da prática e suas relações com a sociedade. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em FAUSTINI, 1995. Deslize sobre a imagem para Zoom outras possibilidades. O Serviço Social se constrói, na contemporaneidade, em uma perspectiva de criação de espaços rompendo com moldes e padrões internos tradicionais da profissão. Dessa forma, reconhece-se o espaço político da profissão construído a partir de um repensar a própria prática. Nas primeiras décadas do século XX (SANTOS, 2012), o debate sobre a questão social percorreu toda a sociedade obrigando o Estado, a classe dominante (grandes capitalistas) e a Igreja a se posicionarem frente a ela. A questão social era entendida como questão moral e religiosa dos indivíduos, muito mais do que a expressão das desigualdades sociais e econômicas. O papel social do assistente social, definido pela prática profissional, era o de educar e moralizar as classes subalternas. Na atualidade, a prática do Serviço Social se dá a partir de uma leitura crítica da sociedade. Dessa forma, qual é hoje o papel social do assistente social? Ele atua como agente político, articulador e mobilizador das capacidades e da consciência política dos sujeitos sociais, na medida em que estes se constituem como sujeitos históricos e de direitos. 2.4.2 O projeto teórico-metodológico e a intervenção do assistente social A intervenção profissional do assistente social se relaciona com as dimensões estruturais e conjunturais da realidade. Ela precisa ser crítica, consciente e baseada no conhecimento da legislação social e da ciência das contradições e negações. Em meados dos anos 1980 foi retomada a discussão acerca do instrumental técnico-operativo para romper com os paradigmas teórico-metodológicos da tradição positivista (SANTOS, 2012). VOCÊ SABIA? Por que a teoria não pode ser confundida com o método? A teoria auxilia na compreensão das estruturas dos processos sociais e nas determinações contraditórias dos processos que constituem os fenômenos. Então, a teoria social marxista não pode ser resumida às formulações de um nível de intervenção. O Movimento de Renovação do Serviço Social que predomina até a atualidade é caracterizado pela laicização da profissão, legitimação da prática e validação teórica, mudanças nas relações com as Ciências Sociais e renúncia ao vínculo confessional (a Igreja). Dentro dele emerge o Movimento de Reconceituação da profissão na América Latina (1965 – 1975) resultante de um questionamento sobre a funcionalidade em relação ao Serviço Social tradicional. Assim, o Movimento de Renovação se afirma pelo processo de erosão do Serviço Social tradicional. A crítica do profissional se desenvolveu de maneira distinta tanto pelos momentos e décadas que se passaram quanto pela teoria que foi utilizada em cada período, assim, temos três perspectivas principais: a Perspectiva Modernizadora, a de Reatualização do Conservadorismo e a de Intenção de Ruptura (NETTO, 1992). Todas essas mudanças proporcionaram ao Serviço Social as bases para a sua renovação. A década de 1980, conforme Netto (1992), foi extremamente fraca na definição de rumos técnicos acadêmicos, sendo discutidos e construídos ao longo das duas décadas seguintes. A forte expressão dos assistentes sociais junto aos movimentos sociais e sua luta pela democratização trouxe à tona não só a possibilidade de transformá-los em sujeitos sociais, mas toda a reformulação da categoria profissional em sua formação agora crítica e marxista nas décadas posteriores. Quadro 5 - Instrumentais teóricos e mudanças na atividade profissional do assistente social. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em NETTO, 1992. Deslize sobre a imagem para Zoom Síntese Concluímos o capítulo. Acreditamos ser possível que se identifique algumas contradições presentes na realidade social e as possibilidades de intervenção. Toda a construção histórica, econômica e social brasileira culmina com a reformulação da profissão do assistente social e com a forma de se encarar as expressões da questão social que deixou para trás seu viés humanista-cristão e assistencialista, e assumiu uma postura mais crítica, técnica, qualificada ao enfrentamento da questão social. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: acompanhar as mudanças históricas da sociedade brasileira destacando as características de cada período do século XX; aprender algumas definições teóricas sobre as dimensões ético-políticas, teórico-metodológicase técnico-operativas; relacionar intervenção e prática profissional; identificar as possíveis abordagens da teoria crítica marxista; compreender o significado de uma intervenção pautada em princípios éticos. Referências bibliográficas BARISON, M. S. Caso de polícia: reflexões sobre a questão social e a Primeira República. Disponível em: <http://web.unifoa.edu.br/cadernos/edicao/22/43- 51.pdf (http://web.unifoa.edu.br/cadernos/edicao/22/43-51.pdf)>. Acesso em: 28/12/2017. BASTOS, P. P. Z.; FONSECA, P. C. D. (orgs.). A Era Vargas: desenvolvimentismo, economia e sociedade. SãoPaulo: Unesp, 2012. BATISTELLA, A. A era Vargas e o movimento operário e sindical brasileiro (1930- 1945). Disponível em: <https://editora.unoesc.edu.br/index.php/achs/article/viewFile/6555/pdf_50 (https://editora.unoesc.edu.br/index.php/achs/article/viewFile/6555/pdf_50)>. Acesso em: 29/12/2017. http://web.unifoa.edu.br/cadernos/edicao/22/43-51.pdf https://editora.unoesc.edu.br/index.php/achs/article/viewFile/6555/pdf_50 CANCIAN, R. República Velha (1889-1930) (1): Deodoro da Fonseca e governos civis. 2013. 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