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Alice Pontes Nogueira Vasconcelos APG 1 E 2- FASES DA LUA/ É COISA DE PELE OBJETIVOS: • REVISAR ANATOFISIOLOGIA DA GLÂNDULA SUPRARRENAL (CORTISOL) • ESTUDAR FISIOPATOLOGIA DA SÍNDROME DE CUSHING E SÍNDROME DE ADDISON • ANALISAR ETIOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, FATORES DE RISCO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DAS DUAS DOENÇAS ANATOFISIOLOGIA DAS ADRENAIS INTRODUÇÃO: GLÂNDULAS ADRENAIS ➢ Cada glândula localiza-se em cima de cada rim no espaço retroperitoneal ➢ Formato de pirâmide achatada ➢ 3 a 5 cm de altura/ 2 a 3 cm de largura/ 1 cm de espessura ➢ Massa: 3,5 a 5 g ➢ Divisão: 1. Córtex (grande, perifericamente localizado, corresponde a 80 a 90% da glândula) 2. Medula (pequena, localizada centralmente) ➢ Glândulas revestidas por cápsula de tecido conjuntivo e altamente vascularizadas CÓRTEX DA GLÂNDULA ADRENAL ➢ Subdivisão em 3 zonas: 1. + Externa: Glomerulosa: Secretam hormônios mineralocorticoides (afetam homeostasia mineral) Principal: Aldosterona 2. Meio: Fasciculada: + Larga, secretam glicocorticoides, e afetam a homeostasia da glicose Principal: Cortisol 3. + Interna: Reticular: sintetizam pequenas quantidades de androgênios fracos (esteroides que exercem efeitos masculinizantes) Principal: Desidroepiandrosterona (DHEA) GLICOCORTICOIDES ➢ Regulam o metabolismo e a resistência ao estresse ➢ Representantes: Cortisol (95%), Cortisona e Corticosterona ➢ Efeitos exercidos: 1. Degradação de proteína Principalmente nas fibras musculares, aumentando quantidade de aminoácidos na corrente sanguínea 2. Formação de glicose Hepatócitos são estimulados pelos glicocorticoides a converterem aminoácidos e ácido lático em glicose(gliconeogênese) 3. Lipólise Degradação dos triglicerídeos e liberação de ácidos graxos do tecido adiposo pro sangue 4. Resistência ao estresse Glicose extra fornece aos tecidos fonte de ATP para combate a estresses (exercícios, jejum, medo, sangramento, infecções, temperaturas extremas...). Glicocorticoides deixam os vasos sanguíneos mais sensíveis a outros hormônios que causam vasoconstrição (elevam a PA) 5. Efeitos anti-inflamatórios Alice Pontes Nogueira Vasconcelos Inibem participação dos leucócitos nas respostas inflamatórias. Porém, também atrasam o reparo tecidual 6. Depressão das respostas imunes Com doses elevadas, resposta imune cai. Por isso são prescritos para receptores de órgãos transplantados com objetivo de retardar rejeição tecidual 7. Outros sistemas Causa degradação óssea, aumenta produção de pepsina e ácido clorídrico, reduz absorção de cálcio e aumenta sua eliminação pelos rins... ➢ Controle da secreção: Feedback negativo Baixo nível de glicocorticoides no sangue estimulam no hipotálamo células neurosecretoras de hormônio liberador de corticotrofina (CRH), o qual estimula na adeno-hipófise a liberação de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). Este, estimula o córtex adrenal a secretar glicocorticoide. Com alta quantidade de glicocorticoide no sangue o estímulo é sessado. ➢ Em circunstâncias fisiológicas (sem ser estresse) a secreção é regulada pelo ciclo circadiano: Concentrações elevadas pela manhã (pico 30 minutos após acordar) Queda progressiva ao longo do dia Baixas concentrações no início da noite MEDULA DA GLÂNDULA ADRENAL ➢ Região interna, consiste em um gânglio simpático da divisão do SNA modificado (deriva da mesma região, mas não possui axônios) ➢ Células cromafins: produtoras de hormônios por controle direto do SNA a partir de neurônios pré-ganglionares (Produção rápida) ➢ Principais; epinefrina (80%) e norepinefrina (20%) ➢ Tais hormônios intensificam respostas simpáticas que ocorrem em outras partes do corpo (luta ou fuga) SÍNDROME DE CUSHING ➢ O termo refere-se às manifestações clínicas do hipercortisolismo de qualquer etiologia ETIOLOGIAS 1. Iatrogênica (exógena): Uso excessivo e prolongado de corticosteroides, como a prednisona (endógenas): 2. Suprarrenal: causada por tumor benigno ou maligno das glândulas suprarrenais (adenoma ou carcinoma) 3. Ectópica: causada por tumor não hipofisário secretor de ACTH 4. Hipofisária: secreção excessiva de ACTH por um tumor da glândula hipófise. Refere-se à doença de Cushing e é a causa mais comum da síndrome. FISIOPATOLOGIA (S. HIPOFISÁRIA) O tumor produtor de ACTH presente na Doença de Cushing é insensível às inibições que ocorreriam normalmente, resultando então em um sistema incapaz de se autorregular e, consequentemente, em níveis aumentados de glicocorticoides causando hipercortilismo. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Representam exagero de algumas ações do cortisol: ➢ Distúrbio do metabolismo de gorduras causa deposição típica de gordura, que se caracteriza por abdome saliente, acúmulos de gordura subclaviculares (corcova de búfalo) no dorso, fácies pletórica e redonda (face de lua) ➢ Obesidade progressiva (centrípeta) Alice Pontes Nogueira Vasconcelos ➢ Paciente tem fraqueza muscular e membros finos devida decomposição de proteínas e hipotrofia muscular ➢ Pele torna-se fina nos antebraços e pernas e adquire aspecto de pergaminho ➢ Estrias arroxeadas causadas pelo estiramento da pele e de tecidos subcutâneos catabolicamente enfraquecidos (mamas, coxas e abdome), com dificuldade de cicatrização e fácil formação de hematomas ➢ Osteoporose pela destruição das proteínas ósseas e pela alteração do metabolismo do cálcio (resulta em dor lombar, fraturas vertebrais por compressão e fraturas das costelas) ➢ Pacientes podem ter cálculos renais pela mobilização excessiva do cálcio ➢ Úlcera e sangramentos gástricos (cortisol aumenta secreção ácida) ➢ Sistema imune enfraquecido, com dificuldade em resistir a infecções ➢ Distúrbios mentais comumente presentes (insônia, depressão...) ➢ Intolerância à glicose (devido estimulação da gliconeogênese e resistência periférica à insulina devido obesidade ➢ Hipertensão e maiores risco de doença cardiovascular ➢ Cessação do crescimento linear em crianças ➢ Cortisol em excesso pode causar supressão dos níveis normais de hormônios reprodutivos (muito andrógeno), levando potencialmente a irregularidades menstruais, hirsutismo, calvície temporária, acne e outros sinais de virilismo nas mulheres DIAGNÓSTICO Baseia-se na detecção de sinais e sintomas de hipercortilismo ➢ Mensuração de cortisol urinário livre: Normalmente elevado (> 120 μg/24h e > 331 nmol/24 h]) na Síndrome de Cushing, porém vários pacientes com obesidade, depressão ou síndrome do ovário policístico podem apresenta-la também (entre 100 e 150 μg/24 h (276 e 414 nmol/24 h) Uma concentração 4x maior que o nível normal quase certamente comprova o diagnóstico 2 a 3 coletas normais excluem diagnóstico ➢ Teste de supressão com dexametasona: Alice Pontes Nogueira Vasconcelos São administrados 1, 1,5 ou 2 mg de dexametasona, VO, entre 23 e 0 h, e o cortisol plasmático é medido das 8 às 9 h da manhã seguinte. Em pacientes normais o fármaco diminui o cortisol sérico matinal para < 1,8 μg/mL (<50 nmol/L), enquanto os pacientes com a síndrome praticamente sempre apresentam níveis mais elevados. Um teste mais específico é administração de 0,5 mg de dexametasona, VO, a cada 6 horas, por 2 dias. A incapacidade de suprimir as concentrações de cortisol em resposta à baixa dose do dexametasona estabelece o diagnóstico. ➢ Medição de cortisol à meia-noite: Caso de resultados indeterminados nos outros exames, paciente é hospitalizado para a medição do cortisol sérico à meia-noite. Como outra alternativa, amostras de cortisol na saliva podem ser recolhidas e armazenadas na geladeira em casa. O cortisol normalmente tem limites entre 5 e 25 μg/dL (138 a 690 nmol/L)no início da manhã (6 a 8h) e diminui gradualmente para < 1,8 μg/dL (< 50 nmol/L) à meia-noite. ➢ Após confirmado o hipercortisolismo endógeno, investiga-se se a síndrome é dependente ou independente de ACTH pela medida de duas amostras do ACTH plasmático Suspeita →excluir uso exógeno de glicocorticoides → solicitar métodos de primeira linha (teste de supressão com dexametasona em dose baixa/ Cortisol salivar noturno/ Cortisol livre na urina 24h) →Exames normais: exclui SC- reavaliação se necessário →1 exame alterado: SC duvidosa- considerar métodos de segunda linha (cortisol sérico noturno/ teste CRH-dexa/ teste desmopressina) →2 ou + exames alterados: SC confirmada- solicitar dosagem de ACTH ➢ Dosagem dos níveis plasmáticos de ACTH: Concentrações estão normais ou aumentadas na síndrome de Cushing dependente de ACTH (doença de Cushing e secreção ectópica deste hormônio), mas devem estar reduzidas na SC não dependente do ACTH (tumores suprarrenais) ➢ Ressonância magnética ou Tomografia computadorizada Permitem localizar tumores hipofisários ou suprarrenais TRATAMENTO ➢ Diagnosticada a doença de Cushing, a terapia inclui remoção do adenoma hipofisário, feito com cirurgia transesfenoidal. Após a ressecção, tratamento de reposição de cortisol é feito. Devido altas taxas de recidiva, pacientes podem ser submetidos a radioterapia convencional (para pequenos tumores) ou radioterapia estereotáxica (fornece grande radiação ionizante aos tumores-alvo por métodos estereotáxicos, enquanto poupa o tecido circundante). A adrenalectomia total bilateral com terapia diária de reposição de glicocorticoides e mineralocorticoides por toda a vida é a cura definitiva, sendo preferida por alguns pacientes ➢ Hipercortisolismo pode ser controlado com inibidores da enzima adrenal, como cetoconazol, metirapona e etomidato (fármacos bloqueiam síntese de esteroides) ➢ Suprarrenalectomia uni ou bilateral é realizada nos casos de adenomas suprarrenais. ➢ Quando possível, tumores com secreção ectópica de ACTH também são removidos ➢ Pacientes com tumores indolentes que não podem ser tratados cirurgicamente são tratados com mitotano para obter uma adrenalectomia médica DOENÇA DE ADDISON FISIOPATOLIGA ➢ Insuficiência suprarrenal primária causada pela destruição das glândulas suprarrenais ➢ Existe uma IS secundária resultante de um distúrbio do sistema HHSR ➢ Na doença de Addison os hormônios do córtex suprarrenal estão deficientes e os níveis de ACTH estão elevados pela Alice Pontes Nogueira Vasconcelos ausência da inibição por feedback negativo ➢ Destruição em todas as camadas corticais ➢ Trata-se de uma doença insidiosa por hipofunção progressiva ETIOLOGIA ➢ Relativamente raro ➢ Aparece durante estresse metabólico, trauma ou infecção ➢ Causa mais comum nos EUA é destruição autoimune ➢ Tuberculose pode ser uma causa em países onde a doença é comum ➢ Causas mais raras são carcinomas metastáticos, infecção fúngica (histoplasmose), infecção por citomegalovírus, amilodoise e hemocromatose. ➢ Hemorragias suprarrenais bilaterais podem ser causadas pelo uso de anticoagulantes e em situações traumáticas graves (cirurgia cardíaca a céu aberto, traumatismo obstétrico ...) ➢ Fármacos que inibem ou causem degradação excessiva dos glicocorticoides (Ex: cetoconazol) podem desencadear a insuficiência MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ➢ Manifestações não se tornam evidentes até que 90% das glândulas sejam destruídas devido alta capacidade de reserva das mesmas ➢ Sintomas estão associados a deficiência de mineralocorticoides e glicocorticoides Deficiência de mineralocorticoides: ➢ Como estes são estimulantes da reabsorção de sódio e excreção de potássio, a deficiência resulta em um aumento da excreção de sódio e diminuição da excreção de potássio (na urina, suor, saliva e trato gastrointestinal). Resulta, portanto, em hiponatremia (baixa concentração sérica de sódio no sangue) e hiperpotassemia. ➢ A perda de água e sal na urina causam desidratação grave, fraqueza, fadiga, hipertonicidade plasmática, acidose, diminuição do volume circulatório, hipotensão e, com o tempo, colapso circulatório ➢ Pacientes podem ter desejo exagerado de sal Deficiência de glicocorticoides ➢ Contribui para hipotensão e causa sensibilidade intensa a insulina. ➢ Na ausência do cortisol, há formação insuficiente de carboidratos a partir de proteínas (resulta em hipoglicemia e diminuição do glicogênio hepático) ➢ Ocorre fraqueza devido disfunção neuromuscular ➢ Diminui a resistência a infecções, traumas e outros estresses ➢ A falta de tolerância ao estresse causa hipoglicemia, letargia, fraqueza, febre e queixas gastrointestinais como vômito, náuseas, anorexia e emagrecimento ➢ Pode ocorrer insuficiência circulatória devido a fraqueza do miocárdio e desidratação ➢ Com a diminuição do cortisol, ocorre aumento do ACTH pela hipófise e aumento da betalipotrofina no sangue, que possui atividade estimulante de melanócitos e, junto ao ACTH, produz hiperpigmentação de pele e mucosas Deficiência de andrógenos: ➢ Mulheres apresentam poucos pelos axilares e púbicos Alice Pontes Nogueira Vasconcelos DIAGNÓSTICO ➢ Clínica sugere insuficiência adrenal ➢ Eletrólitos, cortisol sérico e ACTH plasmático Testes laboratoriais, iniciados com cortisol sérico e níveis plasmáticos de ACTH pela manhã, confirmam a insuficiência adrenal Elevadas concentrações de ACTH (≥ 50 pg/mL [≥ 11 pmol/L]), com cortisol baixo (< 5 mcg/dL [< 138 nmol/L]), são diagnósticas, em particular nos pacientes sob estresse intenso ou choque. ➢ Teste provocativo Doença de Addison é diagnosticada demonstrando a incapacidade do ACTH exógeno elevar o cortisol plasmático No teste de estímulo com ACTH cosintropina (ACTH sintético), 250 mcg, IV ou IM seguida da mensuração dos níveis de cortisol plasmático. Pacientes com doença de Addison apresentam valores baixos ou baixo-normais na pré-injeção que não se elevam acima do valor de pico de 15 a 18 mcg/dL (414 a 497 nmol/L) em 30 minutos (pacientes normais chegma a pelo menos 20 mcg/dL) ➢ Teste para etiologia Pode-se avaliar a presença de autoanticorpos adrenais (Addison imune) Radiografia de tórax pra avaliar tuberculose TC de adrenal (em casos autoimunes, adrenais estão atrofiadas/ em tuberculose e outras doenças granulomatosas, adrenais estão aumentadas inicialmente com calcificações frequentes/ hiperplasia em defeito enzimático congênito) TRATAMENTO ➢ Fármacos de atividade glicocorticoide e mineralocorticoide (hidrocortisona, fludocortisona) ➢ Nas mulheres, reposição de desidroepiandrosterona (DHEAS) ➢ Esquema regular de refeições e exercício ➢ Os pacientes com doença de Addison também têm capacidade reduzida de reagir às infecções, aos traumatismos e às outras situações de estresse. Essas condições requerem cuidados médicos e tratamento imediatos. Esses pacientes devem ser instruídos a usar um bracelete ou medalhão de alerta médico
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