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Gestão Social e Ambiental Gestão Social e Ambiental 2Complementariedade e oposição entre o papel do Estado e do Mercado O objetivo desta unidade é compreender as transformações ocorridas entre Estado e Mercado, especialmente a partir do advento da globalização da economia dos anos 1990. De um lado, os Estados Nacionais perderam parte de sua hegemonia e tiveram que se adequar às medidas neoliberais para que pudessem participar da nova ordem econômica. Por outro, os mercados no contexto da globalização também se alinharam à dinâmica internacional, sob o alicerce do capital estrangeiro. Assim, as questões que envolvem a gestão social e ambiental ganharam novo enfoque. As empresas, no geral, adequaram-se, sob o comando do Estado. Assim, a Responsabilidade Social e a preservação do meio ambiente ganharam destaque em suas estratégias. ● Compreender as transformações na relação entre Estado, Sociedade e Mercado e os impactos gerados no ambiente organizacional. ● Estado e Sociedade; ● Mercado; ● Política ambiental; ● Redes sociais. Introdução Objetivo Tópicos Abordados Gestão Social e Ambiental 3Complementariedade e oposição entre o papel do Estado e do Mercado Liberalismo Econômico e Estado Pró-Ativo O processo de industrialização, desencadeado no século XIX, representou inúmeras alterações nas relações entre Estado, Mercado e Sociedade. O liberalismo econômico, na condição de promotor das políticas de regulamentação das iniciativas de mercado entre os países industrializados da Europa, traduzia a melhor alternativa e a manutenção da “paz” entre essas nações. Entretanto, ao final do século XIX, o processo de acumulação do capital e a crise de superprodução, estremeceram as políticas de mercado entre as potências européias. Liberalismo Econômico Acúmulo de Capital No início do século XX, algumas iniciativas foram tomadas. O papel do Estado, até então como regulador das relações de mercado, assumiu um papel pró-ativo. Fatos Históricos Gestão Social e Ambiental 4Complementariedade e oposição entre o papel do Estado e do Mercado Após a primeira Guerra Mundial (1914-1917), por exemplo, o Estado soviético promoveu grande processo de industrialização. No mundo capitalista, por outro lado, a crise financeira, cujo auge foi a queda da Bolsa de Valores de New York, em 1929, parecia decretar a decadência dos Estados capitalistas de ordem liberal. Os Estados capitalistas, diante da crise do modelo liberal, encontraram na teoria keynesiana o seu suporte. De acordo com essa teoria, caberia ao Estado intervir através de medidas fiscais e de moeda para tentar contornar os efeitos negativos provocados por ciclos econômicos (crises e depressões crises, booms e depressões). Quando ocorre a Segunda Guerra Mundial, o cenário se modifica. O resultado desse evento foi o “mundo” dividido em dois blocos: o capitalista e o comunista. Essa divisão provocou, entre outras questões, a crescente necessidade de aperfeiçoamento e manutenção da competitividade do ponto de vista bélico. Ou seja, as potências envolvidas diretamente no conflito, investiram na indústria de armamentos e suas economias passaram a ter um peso muito significativo no comércio de armas. Esse evento ficou conhecido como “Guerra Fria”. No período entre guerras, o Estado assumiu, de fato, um papel de protagonista. A indústria bélica foi um dos setores que mais cresceram e aceleraram as economias dos países industrializados. Fatos Históricos Fatos Históricos Exemplo Gestão Social e Ambiental 5Complementariedade e oposição entre o papel do Estado e do Mercado A “Guerra Fria” durou pouco mais de quatro décadas e, no final dos anos 1980, precisamente em 1989, a queda do Muro de Berlim decretou seu fim. Os Estados Nacionais que antes tinham a responsabilidade de promover desenvolvimento econômico, idealizar e executar de proteção social, regular das questões econômicas, políticas e de investimento, passou a responder menos por tais iniciativas. De meados do século XX em diante, constatou-se uma mudança nas relações entre Estado e a Sociedade. A globalização e a necessidade dos países desenvolvidos ou em desenvolvimento de participar da nova ordem econômica alteraram significativamente os papéis dos Estados Nacionais e as relações internacionais. Novamente, a partir do início da década de 1990, as relações entre Estado e Mercado sofreram alterações. Dessa vez, o fenômeno da Globalização seria o principal elemento de transformação e de reformulação do papel do Estado. Fatos Históricos A Globalizaçáo e o Estado Mínimo Gestão Social e Ambiental 6Complementariedade e oposição entre o papel do Estado e do Mercado Estes problemas denotam, também, que a ineficiência do Estado Nacional abriu espaço para a afirmação do chamado “Estado Mínimo”. Essa nova dimensão do Estado (“Estado Mínimo”), diz respeito ao processo de descentralização do poder nas mãos do Estado através: ● passagem de responsabilidades públicas para as mãos da sociedade civil ● políticas de privatização ● crescente parceria entre a esfera pública e privada ● ênfase nas políticas locais Isso significa dizer que as questões econômicas e o direcionamento de determinadas políticas estão condicionadas às expectativas dos setores da sociedade que, de alguma forma, comandam tais iniciativas. Atualmente, é possível observar as seguintes alterações no papel do Estado: Isso significa dizer que as questões econômicas e o direcionamento de determinadas políticas estão condicionadas às expectativas dos setores da sociedade que, de alguma forma, comandam tais iniciativas. Exemplo Gestão Social e Ambiental 7Complementariedade e oposição entre o papel do Estado e do Mercado O papel do Estado, que tinha como finalidade a proteção, passou a ter como elemento primordial apenas a assistência. Por estes motivos, é comum, na atualidade, o aumento de debates e iniciativas por parte do setor privado na direção do desenvolvimento de estratégias que possam intervir ou minimizar a questão social e nos mercados. No meio empresarial, a adequação às normas e regras direcionadas para a Responsabilidade Social representa uma solução interna e externa. Hora de exercitar seus conhecimentos! Qual a importância ou vantagens das normas e regras da “Responsabilidade Social” para os empresáriose o Estado? EMPRESÁRIOS A adequação das normas e regras da Responsabilidade Social denota ganhos monetários (com a isenção de impostos) e melhor estratégia de marketing (marketing verde). ESTADO Para o Estado é fundamental tais iniciativas, justamente porque ocorrem intervenções em áreas que, antes, estavam sob a sua responsabilidade. Gestão Social e Ambiental 8Complementariedade e oposição entre o papel do Estado e do Mercado A Redemocratização Brasileira e o Estado Assistencialista No Brasil dos anos 1980, a emergência de novos atores sociais, entre os quais se destacaram os movimentos de resistência e as ONGs, ocorreu por conta do processo de redemocratização. O poder legislativo assumiu um caráter mais evidente e os espaços de controle e fiscalização do bem público aumentaram significativamente. Assim, a democracia se reafirma como um valor moral e abre novas expectativas de exercício de representatividade (eleições diretas, liberdade de imprensa, maior transparência nos assuntos legislativos). O poder legislativo assumiu um caráter mais evidente e os espaços de controle e fiscalização do bem público aumentaram significativamente. Assim, a democracia se reafirma como um valor moral e abre novas expectativas de exercício de representatividade (eleições diretas, liberdade de imprensa, maior transparência nos assuntos legislativos). Embora a retomada da democracia signifique um momento importante, também abriu muitos espaços para crítica por parte da sociedade civil. Saiba Mais Além disso, o processo de redemocratização no Brasil foi acompanhado de mudança nos rumosda sua cultura política. Quase três décadas de regime autoritário retirou da sociedade civil o ato de escolha e de cobrança das iniciativas estatais que melhor pudessem responder aos seus anseios. Gestão Social e Ambiental 9Complementariedade e oposição entre o papel do Estado e do Mercado Outra dimensão importante a ser destacada é o processo de reforma do Estado ocorrido na América Latina, especialmente nos anos 1990. Em geral, nesses países, a reestruturação estatal assumiu (ou manteve de certa forma) uma cultura política autoritária, patrimonialista, corporativista e clientelística. Isso quer dizer que, ainda há uma enorme dificuldade por parte da construção política dessas nações para desvincularemse do passado de governos autoritários. Na Venezuela, por exemplo, o governo de Hugo Chávez recebe inúmeras críticas, especialmente no que diz respeito às suas políticas externas. A nova Constituição, promulgada em 1988, redefiniu diversos aspectos da prática política brasileira, entre as quais se destacam: a necessidade da entrada do país na ordem da globalização da economia, a adequação do Estado aos padrões do neoliberalismo e a reorganização do Estado em moldes mais flexíveis e menos intervencionistas nos assuntos de mercado. Fatos Históricos Mudanças no Mercado Neste contexto, as relações de mercado também sofreram algumas alterações, quais sejam: ● No econômico, com a globalização, os novos padrões de produção pósfordista denotam a hegemonia do capital internacional; ● Flexibilização das relações de trabalho e aumento dos níveis de desemprego; ● No contexto internacional, notou-se a ampliação do poder das organizações internacionais (afetando, especialmente, a soberania dos Estados Nacionais). Conforme comentado anteriormente, os ajustes das políticas estatais, especialmente do que diz respeito às relações de mercado no contexto da globalização, denotam algumas questões fundamentais. ● As organizações, ao se adequarem à nova realidade, tiveram que passar por um processo de revisão de suas estratégias e alternativas. ● No contexto dos países capitalistas desenvolvidos, o individualismo em detrimento da coletividade é evidente. Em geral, as políticas de assistência são eficazes, mas cabe ao cidadão a realização de suas escolhas. Gestão Social e Ambiental 10Complementariedade e oposição entre o papel do Estado e do Mercado Nos Estados Unidos é comum a iniciativa privada assumir o protagonismo em determinadas áreas. A educação é privada e o aluno tem sua vaga garantida por mérito e dentro das possibilidades de pagamento das mensalidades. ● Essa última estratégia pode ser percebida na formulação do Planejamento Estratégico das Cidades, cuja intervenção empresarial é latente. ● A cidade do Rio de Janeiro, nos anos 1990, teve o seu primeiro planejamento estratégico, liderado pelo poder municipal e a elite empresarial. Fatos Históricos No Brasil, no contexto da globalização, o assistencialismo tornou-se uma das palavras de ordem. Por outro lado, a reforma do Estado assimilou a nova ordem econômica: o neoliberalismo. De acordo com essa nova dimensão, a iniciativa privada passou a ter maior importância nas formulações de políticas, não apenas de mercados, mas também de ordem social. O empresariado passou a participar da dinâmica de formulação de políticas de diversas formas: ● no investimento em candidaturas de representantes da classe empresarial para ocupar cadeiras nos legislativos municipal, estadual e federal; ● na formulação de grupos de pressão que possam intervir mais diretamente nos assuntos de seu interesse no legislativo e no executivo; ● nas parcerias entre os poderes público e privado, especialmente na construção de projetos políticos para determinadas localidades. Além da participação nos assuntos políticos de reforma do Estado e as questões de mercado, as organizações privadas de diversos ramos se movimentaram rapidamente para adequarem-se às leis, normas e padrões do ponto de vista da Responsabilidade Social. Saiba Mais Gestão Social e Ambiental 11Complementariedade e oposição entre o papel do Estado e do Mercado Até meados dos anos 1980, a idéia de Responsabilidade Social, uma vez que não havia obrigatoriedade por parte do Estado, era assimilado pelo empresariado de acordo com suas próprias aspirações. Entretanto, a dificuldade do Estado em manter a ordem social e econômica transformou em elemento básico de competitividade a inserção das organizações na dinâmica da Responsabilidade Social. Fatos Históricos A questão ambiental também representou uma das grandes motivações para a criação de selos e novas estratégias de competitividade. No limiar do século XXI, a palavra de ordem é a questão da sustentabilidade, ou seja, o crescimento econômico com o máximo possível de preservação do meio ambiente Gestão Social e Ambiental 12Complementariedade e oposição entre o papel do Estado e do Mercado Avaliação a Distância 1 - Após a Carta Constitucional de 1988, as relações de mercado no Brasil sofreram algumas alterações. Marque as opções corretas? A - No plano econômico, com a globalização, os novos padrões de produção pós-fordista denotam a hegemonia do capital internacional; Respostas - 1 (A, D e F), B - No setor econômico, devido à globalização, não houve padrões na produção internacional. C - A relação de trabalho foi padronizada, aumentando assim as oportunidades e caindo o nível de desemprego. D - flexibilização das relações de trabalho e aumento dos níveis de desemprego; E - Os Estados Nacionais mantiveram sua soberania, mesmo com a suposta ampliação do poder das organizações internacionais. F - no contexto internacional, notou-se a ampliação do poder das organizações internacionais (afetando, especialmente, a soberania dos Estados Nacionais). Gestão Social e Ambiental 13Complementariedade e oposição entre o papel do Estado e do Mercado 2 - No contexto da globalização, de que forma o empresariado brasileiro desenvolveu estratégias para intervir nas políticas promovidas pelo Estado? Marque as opções corretas? A - A reforma do Estado assimilou a nova ordem econômica: o neoliberalismo. De acordo com essa nova dimensão, a iniciativa privada passou a ter maior importância nas formulações de políticas de mercado. Continuando o Estado responsável pelas políticas sociais. Respostas - 2 (B, D e E) B - A reforma do Estado assimilou a nova ordem econômica: o neoliberalismo. De acordo com essa nova dimensão, a iniciativa privada passou a ter maior importância nas formulações de políticas, não apenas de mercados, mas também de ordem social. C - A classe empresarial investiu em candidaturas de seus representantes para cadeiras no legislativo municipal, que era seu maior foco. Além disso, foram criados grupos de pressão para apoiar assuntos de seu interesse no legislativo em questão. D - O empresariado investiu em candidaturas de representantes da sua classe para ocupar cadeiras nos legislativos municipal, estadual e federal e formulou grupos de pressão que podiam intervir mais diretamente nos assuntos de seu interesse no legislativo e no executivo. E - Foram feitas parcerias entre os poderes público e privado, especialmente na construção de projetos políticos para determinadas localidades. F - Foram feitas parcerias entre os empresários, visando construção de projetos políticos locais. Não foram feitas parcerias com o poder público nesse sentido. Gestão Social e Ambiental 14Complementariedade e oposição entre o papel do Estado e do Mercado Atividade Complementar Você deverá fazer uma pesquisa em jornais ou revistas sobre a questão econômica na América Latina (pode escolher um dos países que fazem parte da América Latina). Ao escolher a reportagem, você deverá destacar a relação entre Estado e Mercado presentes e elaborar um comentário crítico. (Não se esqueça de colocar a referência bibliográfica referente à reportagemescolhida) Faça um resumo dos principais pontos presentes no texto desta unidade. Gestão Social e Ambiental 15Complementariedade e oposição entre o papel do Estado e do Mercado Síntese Em síntese, as alterações na relação entre Estado e Mercado, no Brasil e no mundo, traduzem a necessidade de uma revisão crítica acerca do papel desempenhado pelo Estado, especialmente nas questões relativas aos mercados. Historicamente, é importante lembrar que o processo de globalização e suas implicações no cenário das relações internacionais têm origem na transformação política, social e econômica desencadeada pelo processo de industrialização do século XIX. Assim, a alternativa neoliberal tornou-se a mais importante para que os Estados capitalistas possam entrar na nova ordem global, de forma competitiva. As organizações também desempenham papel fundamental nesse processo, seja na condição de parceria com o poder público, seja na idealização e execução de projetos que antes estivem por conta do Estado. ● Anau, Roberto V. Estado e sociedade, público e privado: considerações históricas sobre a mudança de paradigma. Salvador (BA): IX Colóquio Internacional sobre Poder Local. Junho/2003 ● Ivo, Anete Brito Leal. As transformações do Estado Contemporâneo. In: Caderno CRH, Salvador, n. 35, p. 11-20, jul.-dez. 2001. ● Tenório, Fernando Guilherme; Nascimento, Fabiano Christian Pucci do (Colab.) Responsabilidade social empresarial: teoria e prática. Rio de Janeiro: FGV, 2004. Bibliografia Recomendada
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