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Responsabilidade extracontratual subjetiva

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RESPONSABILIDADE CIVIL
Profº Sérgio Cavalieri
I - INTRODUÇÃO
1. RESPONSABILIDADE: O QUE É?
- O objetivo (razão de ser) da ordem jurídica é proteger o lícito e reprimir o ilícito. Toda ordem jurídica gira em torno disso. (Santiago Dantas)
	 Lícito: de acordo com a ordem jurídica
	 Ilícito: o que está contra
		 
 Para isso, a ordem jurídica cria para todos deveres e obrigações, estabelecendo a conduta adequada que obrigatoriamente deve ser seguida.
 Alguns deveres são pessoais; outros, erga omnes.
 A violação de um dever jurídico importa na prática de um ato ILÍCITO, que pode gerar um dano / prejuízo para alguém, surgindo, daí, uma 2ª obrigação, que é a obrigação de reparar.
2. DEVER JURÍDICO ORIGINÁRIO E SUCESSIVO
a) Dever Jurídico Originário
- Dever jurídico PRÉ-ESTABELECIDO na ordem jurídica / lei / contrato. 
- É a OBRIGAÇÃO
b) Dever Jurídico Sucessivo
- Dever jurídico de RESPONDER PELO DANO CAUSADO
- É a RESPONSABILIDADE
		
 CONCEITO JURÍDICO DE RESPONSABILIDADE
 RESPONSABILIDADE é um DEVER JURÍDICO SUCESSIVO que surge para RECOMPOR O DANO decorrente da violação de um dever jurídico originário.
 Responde de acordo com o previsto (pena privativa de liberdade, reparação, indenização, suspensão, etc).
3. DISTINÇÃO ENTRE OBRIGAÇÃO E RESPONSABILIDADE (Alois Bring) – (obrigação no sentido genérico, sentido de dever jurídico pré-estabelecido) 
LARENZ – A RESPONSABILIDADE é a sombra da OBRIGAÇÃO
 Se não houver o dever jurídico pré-existente, não haverá dever a ser reparado. Não haverá responsabilidade civil.
Art.389, CC:
 “Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.” 
AULA 1 - CASO 1
	Mariana promove ação indenizatória em face do município de São Paulo pelos danos sofridos em decorrência de ferimentos oriundos de contato linha de pipa. Tal fato ocorreu quando a Autora transitava pela calçada da Rua X e foi atingida pela linha de pipa. Baseia-se a Autora pelo fato de, no momento em que foi atingida, haver um guarda municipal no local, que não impediu que alguns rapazes soltassem pipas naquela região, fundamentando seu pleito na omissão deste agente. Proposta a ação em face do Município, haverá ou não responsabilidade civil? 
R:	Há de se perquirir se havia um dever jurídico pré-estabelecido na ordem jurídica / lei / contrato e se este foi violado.
A autora alega que o Município tinha o dever jurídico de impedir, através de seus agentes, que pessoas soltassem pipas. Há esse dever jurídico?
Não. Ainda que houvesse esse dever por parte do M, deveria estar pré-estabelecido quem tinha o dever de impedir o uso das pipas.
Certo é que, se Mariana tivesse ajuizado ação em face dos pais dos rapazes que soltaram as pipas, teria êxito em seu pleito.
Portanto: Só há responsabilidade se houver violação de dever jurídico pré-estabelecido.	
* Obs.:
1) Se houver uma lei estadual proibindo o uso de cerol a responsabilidade muda?
	Sim, ela muda. A fiscalização ficaria a cargo do Estado. Quem violasse tal proibição, violaria dever jurídico.
2) A responsabilidade do Estado sobre os detentos caracteriza ato ilícito por omissão. O Estado tem dever jurídico de proteção pelo acautelamento.
3) A ILICITUDE se caracteriza pela CONTRARIEDADE ente o FATO e a ORDEM JURÍDICA, ainda que NÃO HAJA CULPA.
4. INDENIZAÇÃO
- É conseqüência da responsabilidade
- Reparar (recompor) / Indenizar
- O próprio CC diz que indenizar é uma OBRIGAÇÃO decorrente da violação de um dever jurídico. Quem VIOLA um DEVER JURÍDICO PRÉ-ESTABELECIDO, tem um 2º DEVER JURÍDICO de INDENIZAR.
4.1. A OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR
a) Art.927, CC: “Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a reparar”
b) Natureza jurídica da OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR: Obrigação LEGAL e SUCESSIVA contra o causador do dano 
5. POSICIONAMENTO DA RESPONSABILIDADE NA TEORIA GERAL DO DIREITO
- O Direito nasce do FATO (Ihering).
 Mas nem todos os fatos sociais são fatos jurídicos porque nem todos têm relevância jurídica.
 Terão relevância jurídica e, portanto, serão FATOS JURÍDICOS, aqueles fatos sociais que modificam / extinguem / criam (MEC) direitos; 
- ATOS LÍCITOS: Fatos jurídicos e voluntários de acordo com o Direito.
- ATOS JURÍDICOS: Conduta voluntária de acordo com o Direito cujos efeitos já estão pré-estabelecidos. Ex: Adoção e reconhecimento de paternidade (em ambos os efeitos estão pré-estabelecidos em lei)
- NEGÓCIOS JURÍDICOS: Conduta voluntária de acordo com o Direito cujos efeitos podem ser pré-estabelecidos pelas partes. Nem sempre é bilateral. Ex: Testamento
- É errado dizer que ato jurídico é unilateral e negócio jurídico, bilateral. Aquele pode ser bilateral e este, uni.
- ATOS ILÍCITOS: Fatos jurídicos e voluntários contrários ao Direito porque violam um dever jurídico pré-estabelecido.
6. DUPLO ASPECTO DA ILICITUDE
a) ATO ILÍCITO EM SENTIDO ESTRITO (conceito subjetivo) – art.186 do CC
- “Aquele que, por ação ou omissão, voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
- É o fundamento da RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA (culpa em sentido lato)
b) ATO ILÍCITO EM SENTIDO AMPLO (conceito objetivo) – art.187 do CC
- “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé o pelos bons costumes.”
- Fundamento da RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA
- NÃO HÁ O ELEMENTO CULPA
7. ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE
 
I) Responsabilidade EXTRACONTRATUAL: Responsabilidade que decorre da violação de um dever jurídico que não está previsto no contato, está previsto na lei / ordem jurídica (arts. 186 e 187, CC)
1) Responsabilidade Extracontratual SUBJETIVA (ou Aquiliana):
- FG: Culpa (art. 927 c/c 186, CC)
- No caso da culpa provada, deve-se provar a culpa 
2) Responsabilidade Extracontratual OBJETIVA:
- É a responsabilidade SEM CULPA
II) Responsabilidade CONTRATUAL: art. 389 e 475, CC
AULA 1 - CASO 2
 O jornal “A Madrugada”, de tiragem equivalente a 200.000 exemplares e com distribuição nacional, publicou fotografia de José cuja legenda dizia ser ele o “perigoso matador de adolescentes”, que praticava seus crimes nos arredores de Petrópolis. Ocorre que José era conhecido político na cidade serrana em questão, tendo sido a fotografia trocada na redação por engano dos jornalistas, que queriam incluí-lo na coluna social do periódico. Citado em ação indenizatória promovida por José, o jornal responsável pela publicação alega não ter havido dano à imagem do autor, já que é figura conhecida na cidade, e todos sabiam tratar-se de equívoco.
Responda fundamentadamente às seguintes questões:
No caso, trata-se de responsabilidade subjetiva ou objetiva? Contratual ou extracontratual?
R:	Não existe contrato (negócio jurídico pré-existente) entre José e o jornal. Portanto, a responsabilidade é extracontratual (o jornal violou o art. 186, CC por negligência).
	Trata-se de responsabilidade subjetiva mas o professor não consideraria errado classificar como responsabilidade objetiva por causa do art. 187, CC.
b) O fato de ter sido trocada a fotografia exclui responsabilidade do jornal?
R: Não. É justamente isso que caracteriza a negligência do jornal.
8. EXCLUSÃO DE ILICITUDE
Nem todo ato danoso é ilícito, assim como nem todo o ato ilícito é danoso.
Art.188 do CC - Não constituem ATOS ILÍCITOS:
Legítima defesa		 (I)	
Abuso de direito				Nestes casos, a conduta NÃO é ILÍCITA
Estado de necessidade	 (II)
8.1. INDENIZAÇÃO POR ATO LÍCITO
Art.929, CC: 
 “Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art.188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-à DIREITO À INDENIZAÇÃO do prejuízo que sofreram.”
Art.930, CC:
 “No caso do inciso II do art.188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.”AULA 1 - CASO 3
 Marcos, tendo seu veículo fechado por outro carro, com o intuito de evitar a colisão, desvia, subindo a calçada e atropela João, transeunte, que retornava de seu trabalho. Reconhecido o estado de necessidade de Marcos na esfera criminal, com sua absolvição nesta seara, respaldada pelo ato justificado de fugir ao perigo iminente à própria vida, bem como dos passageiros de seu automóvel. Pergunta-se: Marcos será compelido a indenizar João? Justifique.
R:	A despeito de ter sido absolvido na esfera criminal pelo reconhecimento do ESTADO DE NECESSIDADE, tal fato não elide seu dever de indenizar (jamais haverá punição na esfera criminal mas na cível pode ensejar indenização). 
Frise-se que NÃO SE TRATA DE RESPONSABILIDADE PORQUE NÃO EXISTE DEVER JURÍDICO mas, sim, de HIPÓTESE DE INDENIZAÇÃO POR ATO ILÍCITO fundada na EQÜIDADE (seria injusto que a vítima não fosse indenizada, violaria o princípio da eqüidade). Art. 188, II c/c art. 929, CC (vide adiante).
Importante ressaltar que Marcos terá AÇÃO REGRESSIVA contra aquele que deu causa ao acidente (art. 930, CC).
* Obs.: Tanto a responsabilidade extra como a contratual podem ser objetiva como subjetiva (com culpa).
II - RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL SUBJETIVA
- Hoje a responsabilidade SUBJETIVA está praticamente limitada à responsabilidade pessoal. Assim, hoje ela é exceção (mas responsabilidade EMPRESARIAL é responsabilidade OBJETIVA).
1. PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA
Art.186: Traz os 3 PRESSUPOSTOS da RC SUBJETIVA
 “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência (conduta culposa) violar direito e causar (nexo causal) dano a outrem, ainda que exclusivamente moral (dano), comete ato ilícito.”
1°) CONDUTA CULPOSA: Ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência
2°) NEXO CAUSAL: Violar direito
3°) DANO: Dano a outrem
A) CONDULTA CULPOSA – AÇÃO E OMISSÃO
- CULPA = Qualidade da conduta que viola dever de cuidado
- CONDUTA = Comportamento humano, que é sempre decorrente de uma ação ou omissão
- VOLUNTÁRIA = Conduta impulsionada pela vontade (aspecto intrínseco)
 A CONDUTA só será objeto de responsabilização se for REPROVÁVEL (juízo de reprovabilidade) e, para isso, a conduta precisa ter sido VOLUNTÁRIA
 É preciso verificar se a conduta decorreu de uma VONTADE VÁLIDA, por isso, mister verificar se a pessoa que praticou o ato era IMPUTÁVEL OU NÃO Só será REPROVÁVEL a conduta se ela foi praticada por um IMPUTÁVEL
- IMPUTABILIDADE = Capacidade de entender e de se auto-determinar MATURIDADE MENTAL e SANIDADE MENTAL: A Lei entende que aos 18 anos (ficção) já existe essa capacidade de entender e de se auto-determinar
- Garante = Aquele que se encontra em dever jurídico. Ex.: Médico
AULA 2 - CASO 1 
	Enquanto brincavam, A (criança de 12 anos de idade) atingiu B (outra criança, de 9 anos de idade) com um tiro de espingarda de ar comprimido, causando-lhe cegueira no olho esquerdo. Dez anos depois, B, agora com 19 anos, ajuizou ação de indenização por danos materiais e morais contra A, agora com 22 anos de idade. Pergunta-se: O que você pensa a respeito? Seria possível responsabilizar A pelo fato? Fundamente sua resposta.
R:	Não seria possível responsabilizar A pelo fato pois a imputabilidade / inimputabilidade deve ser aferida no momento em que o ato foi praticado. Se a essa época o agente era INCAPAZ (pais seriam os responsáveis), não há como responsabilizá-lo depois. No entanto, seria possível responsabilizar os pais, mesmo 10 anos depois pois a prescrição não corre contra o incapaz (há regra expressa: art. 198, I).
* Obs.: 
1) O art. 928 traz a possibilidade do incapaz indenizar pelo PRINCÍPIO DA EQÜIDADE (e não pela RC), contanto que:
a) O incapaz tenha recursos
b) A indenização não coloque em risco os recursos suficientes para sua sobrevivência
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
2) Só com relação ao ABSOLUTAMENTE INCAPAZ fica suspensa a prescrição
3) Os herdeiros só são chamados a responder nas ações de indenizações em face de seus pais nos limites da força da herança Portanto, A não poderia responder se os seus pais falecessem antes de prolatada a sentença, se não forem deixados bens.
A.1) CULPA LATO SENSU (sentido de culpabilidade, juízo de reprovabilidade)
A vontade é o elemento subjetivo da conduta. Tem graus de intensidade.
Conduta voluntária é sinônimo de conduta denominada ou dominável pela vontade.
Atos reflexos, coação absoluta e coação irresistível.
Intenção é vontade plena, cheia, dirigida a um fim determinado. É a bússola da vontade; seu elemento finalístico. A vontade se limita à conduta; a intenção volta-se para o evento.
Engloba a conduta intencional (CULPA) e tencional (DOLO). 
A.1.1) DOLO – ELEMENTOS
No dolo há VONTADE INTENCIONAL – dirigida a um resultado ilícito
REPRESENTAÇÃO (previsão) DO RESULTADO + CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
Anuência: não quer o resultado mas assume o risco de produzi-lo (art.18, CP) 
* Obs.: No caso da RC, o dolo não apresenta grande dificuldade. A indenização é praticamente a mesma; o CC só reduz um pouco no caso de culpa.
A.1.2) CULPA (STRICTO SENSU)
É a VIOLAÇÃO de um DEVER DE CUIDADO Então, na RC Subjetiva, o DEVER JURÍDICO VIOLADO é o DEVER DE CUIDADO
Ex.: Soldado que fere alguém ao limpar sua arma / Jardineiro que derruba muro do vizinho ao cavar a terra de um terreno Em cada caso, verificar se A CONDUTA DO AGENTE VIOLOU UM DEVER DE CUIDADO.
ERRO DE CONDUTA. Ex.: dirigir
ELEMENTOS 
Conduta voluntária e resultado involuntário
Previsão ou previsibilidade (possibilidade de prever: não previu mas teria previsto se tivesse cuidado)
Falta de cuidado (negligência, imprudência ou imperícia)
 CASO EXTRA
 Em discussão ocorrida no trânsito, um dos motoristas, o mais jovem, de 25 anos, depredou o veículo do outro, já senhor de 70 anos de idade, que foi acometido de infarto fulminante, morrendo no local. O motorista mais jovem responde civilmente pela morte do motorista ancião? Resolva a questão fundamentadamente. 
R:	 Não há dúvida de que o motorista mais jovem deu casa à morte do motorista ancião mas não basta dar causa, é preciso violar um dever jurídico.
	A morte do ancião não era previsível, por isso, não houve violação de um dever de cuidado.
A.1.3.) DOLO E CULPA – DISTINÇÃO
1) DOLO:
- Há vontade e intenção
- O agente quer a conduta e o resultado (quer aquilo que efetivamente representou)
- A conduta nasce ilícita
- Conduta intencional
2) CULPA 
- Há vontade mas não há intenção
- O agente quer a conduta mas não quer o resultado (não quer nem assume o risco)
- A conduta nasce lícita
- Conduta tencional 
Conduta mal dirigida a um resultado ilícito
	 
 Erro de conduta	
* Obs.:
1) Lembrar que um dos ELEMENTOS FUNDAMENTAIS da CULPA é a PREVISIBILIDADE = O resultado tem que ser previsível pelo homem médio. O agente só não previu porque faltou com dever de cuidado. CULPA = VIOLAÇÃO DE DEVER DE CUIDADO
2) Pessoa que dirige sem habilitação atropela criança na calçada. É dolo ou culpa?
Para ser dolo, é preciso que o agente QUEIRA o resultado.
Na culpa, o agente jamais vai querer o resultado, que ocorrerá independentemente da sua vontade. 
Então, no caso, é preciso indagar se este agente representou e quis esse resultado (= atropelar a criança na calçada). Ou, se, pelo menos, assumiu o risco de produzir esse resultado. Se isso não ocorreu, o que se tem é culpa.
No caso em tela, o que se tem é CULPA GRAVE porque é + do que previsível que uma pessoa que dirige sem habilitação não tem habilidade técnica e dirige sem dever de cuidado. 
3) Uma pessoa está passando mal em casa. Pega seu carro para buscar socorro mas, no meio do caminho, infarta e morre ao volante, invadindo a contramão e colidindo com outro veículo, que tem perda total. Há responsabilidade nesse caso?
R:	No caso, a pessoa estava em situação de necessidade. No entanto, ao pegar seu veículo, passou a praticar uma condutaque tinha um resultado previsível, isto é, a vítima teve uma conduta imprudente. O prof° entende que, neste caso, seria aplicável o dispositivo que trata da exclusão da ilicitude (art. 188, II) (atenção: o estado de necessidade exclui a ilicitude mas não o nexo causal). Mas, mesmo excluindo a ilicitude, os arts. 929 e 930 determinam que aquele que causou o perigo indenize aquele que sofreu o dano, se este não causou nenhum perigo. Portanto, o espólio poderia ser responsabilizado.
	Mas supondo que uma pessoa saudável sofresse um mal súbito ao volante e causasse um acidente: nesse caso, tratar-se-ia de um CASO FORTUITO (imprevisível, já que era uma pessoa saudável).
A.1.4) ESPÉCIES DE CULPA 
I) CULPA GRAVE, LEVE E LEVÍSSIMA
- Culpa grave: Quando o agente atua com grosseira falta de cautela
- Culpa leve: Quando a falta podia ter sido evitada com atenção ordinária, com o cuidado próprio do homem comum
- Culpa levíssima: Até o homem médio poderia incorrer no erro. Está no limite da imprevisibilidade
* Ao contrário do DPenal, o CC, de regra, EQUIPARA A CULPA AO DOLO para fins de reparação do dano, e não faz distinção entre os graus de culpa. Ainda que levíssima, a culpa obriga a indenizar, medindo-se a indenização não pela gravidade da culpa, mas pela extensão do dano.
 Em determinados casos, no entanto, lei especial exige CULPA GRAVE, equiparando-se ao dolo. Ex: Súmula 229, STF: A indenização acidentária não exclui a do direito comum, em caso de dolo ou culpa grave do empregador
II) CULPA CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL.
- Culpa contratual: Quando o dever jurídico violado tinha por fonte uma relação jurídica obrigacional (contrato)
- Culpa extracontratual: Quando o dever violado tinha por causa geradora a LEI ou um PRECEITO GERAL DE DIREITO.
III) CULPA IN ELIGENDO, IN VIGILANDO E IN CUSTODIANO.
* As espécies de culpa estão em extinção porque o CC 2002, em seu art. 933, estabeleceu RESPONSABILIDADE OBJETIVA para os pais, patrão, comitente, detentor de animal, etc e não mais responsabilidade com culpa presumida, como era no CC 1916.
- Culpa in eligendo: Culpa na má escolha do preposto. Ex: Pelo CC 1916, entendia-se que a culpa do patrão era presumida pelo ato culposo do empregado / preposto. Hoje este entendimento está praticamente em desuso pois o CC 2002 entende que a culpa do empregador é DIRETA.
- Culpa in vigilando: Culpa decorrente da falta de atenção / cuidado com o procedimento de outrem que estava sob a guarda / responsabilidade do agente. Ex.: Os pais respondiam pelos atos dos filhos menores
- Culpa in in custodiando: Culpa pela falta de atenção em relação a animal ou coisa que estavam sob os cuidados do agente.
IV) CULPA PRESUMIDA E CONTRA A LEGALIDADE.
- CULPA PRESUMIDA: Significa a INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA QUANTO À CULPA (e não quanto à responsabilidade) em determinadas circunstâncias (quando a produção da prova é difícil). 
 Ex.: Paciente alega ser vítima de erro médico em cirurgia estética embelezadora. Cabe ao médico provar que não tem culpa, sob pena de ter sobre si uma presunção de culpa. 
 Ex.: Se um animal causa dano a outrem, o dono terá que provar que não faltou com o dever de guarda e vigilância, que o animal foi provocado por outrem ou pela imprudência do ofendido ou, ainda, que houve caso fortuito ou força maior (CC, art. 936: O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior).
- CULPA CONTRA A LEGALIDADE: Quando o DEVER VIOLADO resultado de TEXTO EXPRESSO DE LEI OU REGULAMENTO.
 Fundamento: Nem todas as situações que exigem dever de cuidado podem ser previstas pela lei mas, em razão da RELEVÂNCIA DO RISCO, a lei toma o cuidado de estabelecer o dever de cuidado para ALGUMAS ATIVIDADES Portanto: Se está previsto na lei / regulamento, não é preciso produzir a prova de forma mirabolante
 Ex.: Dever de obediência aos regulamentos de trânsito de veículos motorizados, dever de obediência a certas regras técnicas no desempenho de profissões ou atividades regulamentadas Ex. O Código de Trânsito lista uma série de deveres de cuidados Assim, se uma pessoa foi atropelada e resta provado que o motorista ultrapassou o sinal vermelho, não é preciso discutir se o motorista violou ou não o dever de cuidado. A PROVA NÃO SERÁ DA CULPA EM SI MAS SIM QUE O FATO PRATICADO POR LEI EFETIVAMENTE VIOLOU O DEVER DE CUIDADO PREVISTO NA NORMA.
AULA 2 - CASO 3 
	Esposa e filhos de Gustavo, vítima de acidente de trabalho, propõem ação indenizatória em face da empresa para a qual a vítima trabalhava. Sustentam que Gustavo sofreu traumatismo crânio-encefálico quando executava sua atividade laborativa, em decorrência do qual veio a falecer. Aduzem, ainda, que o empregador deu causa ao evento em razão de fornecer material inapropriado e de não manter serviço eficiente de resgate marítimo, tratando-se sua atividade de trabalhos de reparos em plataforma marítima, com exposição a riscos de queda ao mar. Procede o pleito indenizatório? Qual o Juízo competente para apreciar a matéria?
R:	 Para que o pleito indenizatório seja tido como procedente, mister se faz a discussão da CULPA DO EMPREGADOR, devendo-se provar que este incorreu em falta de dever de cuidado. Isso porque a responsabilidade do empregador é subjetiva, nos termos do que estatui o art. 7°, XXVIII, CF (2ª parte). Assim, a esposa e os filhos do falecido poderão obter a indenização desejada, desde que provem que, de fato, o empregador não forneceu o material apropriado nem o resgate necessário.
	A competência para apreciar as ações indenizatórias decorrentes de acidente de trabalho movidas pelos sucessores do trabalhador é da Justiça Comum, visto que, nesse caso, a ação não se funda no contrato de trabalho.
- Fundamento da ação: Não fornecimento de material apropriado e de não manter serviço eficiente de resgate marítimo
- Se a causa tivesse sido EM FACE DO INSS, a responsabilidade seria OBJETIVA fundada no risco integral
- A indenização do acidente de trabalho gera responsabilidade pelo INSS (pois o empregador paga um seguro social). Além dessa indenização, o empregado pode obter uma indenização paga pelo empregador, porém, baseada na CULPA, o que vem previsto no art. 7°, XXVIII, CF (2ª parte). Portanto, é preciso DISCUTIR A CULPA, devendo-se provar que o empregador incorreu em FALTA DE DEVER DE CUIDADO.
- Portanto: A esposa e os filhos do falecido podem obter a indenização, desde que provem que, de fato, o empregador não forneceu o material apropriado nem o resgate necessário.
- Quanto à competência para apreciar as ações indenizatórias decorrentes de acidente de trabalho, deve-se delinear 2 situações:
a) Ação de indenização por acidente de trabalho movida pelo próprio trabalhador (fundada no contrato de trabalho): Competência da JUSTIÇA DO TRABALHO.
b) Ação de indenização por acidente de trabalho movida pelos sucessores do trabalhador: Competência da JUSTIÇA COMUM (não há que se falar em relação trabalhista) Há vários acórdãos explicitando entendimento nesse sentido 
- Uma parte da doutrina, com base no art. 927 § único entende que o empregador responde objetivamente nas atividades de risco mas o professor não concorda pois prevalece o disposto na CF: o empregador só responde nos casos de DOLO e CULPA (responsabilidade subjetiva) Já houve entendimento do TST nesse sentido.
 
a.1.5) CULPA CONCORRENTE / DIFERENTE DE SOLIDARIEDADE
- Ocorre quando, paralelamente à CONDUTA DO AGENTE CAUSADOR DO DANO, há também CONDUTA CULPOSA DA VÍTIMA, de modo que o evento danoso decorre do COMPORTAMENTO CULPOSO DE AMBOS.
- Conseqüência admitida pela doutrina e jurisprudência: DIVISÃO DA INDENIZAÇÃO (não necessariamente pela metade mas PROPORCIONALMENTE AO GRAU DE CULPABILIDADE DE CADA UM DOS ENVOLVIDOS) Fica uma espécie de compensação mas na prática é difícil de delinear essa proporcionalidade, por isso fica na ½.
- Há regra expressa no CC nesse sentido:
Art. 945: “Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidadede sua culpa em confronto com a do autor do dano.”
- Não confundir com SOLIDARIEDADE (veremos adiante)
		
AULA 2 - CASO 4
 	Em acidente de trânsito, Carlos é vítima de atropelamento, tendo sofrido graves danos físicos. Submetendo o fato à análise do Judiciário, em sede de ação indenizatória, pleiteia a condenação do condutor do veículo que o atropelou. Aduz que o motorista não observou o dever de cuidado imanente à sua atividade, dirigindo em velocidade incompatível com a via em que trafegava, fato devidamente comprovado nos autos. O Réu, em contestação, argumenta ter o Autor atravessado fora da faixa de pedestres, o que constitui causa efetiva aos danos suportados por ele. Considerando provadas as alegações de ambas as partes, pergunta-se:
a) Trata-se de responsabilidade subjetiva ou objetiva? Contratual ou extracontratual?
R:	Trata-se de responsabilidade SUBJETIVA, posto que a responsabilidade individual é sempre subjetiva, e EXTRACONTRATUAL, eis que não existe contrato entre a vítima e o motorista.
b) O fato de o Autor ter atravessado fora da faixa de pedestres exclui a responsabilidade do motorista?
R:	Não. O mero fato de o Autor ter atravessado fora da faixa de pedestres não caracteriza a culpa da vítima e, portanto, não tem o condão de exclur a responsabilidade do motorista. 
* Obs.: Trata-se de típico exemplo de CULPA CONCORRENTE. 
Não obstante o fato de atravessar fora da faixa de pedestres não caracterize a culpa da vítima, estamos imaginando que, no caso em tela, a vítima atravessou fora da faixa e sem a devida atenção, faltando, portanto, com seu dever de cuidado.
B) NEXO CAUSAL
É o vínculo, a ligação ou RELAÇÃO de CAUSA e EFEITO entre a CONDUTA e o RESULTADO 
Nexo Causal x Culpabilidade: São diferentes, por isso é que se deve analisar o NC antes da culpabilidade
- Nexo Causal é IMPUTAÇÃO OBJETIVA do dano à conduta (pois não há aferição de CULPA)
- Culpabilidade é IMPUTAÇÃO SUBJETIVA porque aqui teremos que verificar, por exemplo, se quando “A” estava dirigindo sem habilitação quis ou não quis o resultado, representou ou não o resultado, se o fato era previsível ou não, etc. 
* Portanto: É possível que alguém tenha DADO CAUSA A UM RESULTADO (porque há uma relação de causa e efeito) SEM SER CULPADO por não ter agido com dolo nem culpa.
Mesmo na responsabilidade OBJETIVA, o NC é fundamental. Sem NC, não há responsabilização
Conduta culposa +
Nexo Causal +			RESPONSABILIDADE CIVIL
Dano
B.1) O PROBLEMA DA CAUSALIDADE MÚLTIPLA - TEORIAS
B.1.1) TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES (CONDITIO SINE QUA NON)
 Se várias condições concorrem para o resultado, todas têm o mesmo valor, TODAS SE EQUIVALEM e, portanto, todas serão consideradas VÁLIDAS a PRODUZIR O RESULTADO
 O CPenal adotou esta teoria: Art.13 
 Processo hipotético de Thyrén: Extraída mentalmente uma condição, se o resultado desaparecer, significa que essa condição causou o resultado
 Crítica: Se considerássemos como CAUSA tudo aquilo que concorreu para o resultado, teríamos a REGRESSÃO OU PROGRESSÃO AO INFINITO DO NEXO CAUSAL. Para evitar tais situações injustas é que os §§ do art. 13, CP atenuam a regra do caput.
B.1.2) TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA 
(causa direta e imediata, causa eficiente, causa necessária)
 CAUSA ADEQUADA: Aquela que, de acordo com o curso normal das coisas e a experiência comum da vida, se revelar a MAIS IDÔNEA para gerar o evento
Assim, se houver mais de 1 condição concorrendo para o resultado, só serão consideradas CAUSAS aquelas que se revelarem as + DETERMINANTES / ADEQUADAS / NECESSÁRIAS / EFICIENTES para a PRODUÇÃO DO RESULTADO. AS CAUSAS NÃO SÃO CONSIDERADAS IGUALMENTE EQUIVALENTES.
 Não basta que o fato tenha sido, em concreto, uma condição sine qua non do prejuízo. É preciso, ainda, que o fato constitua, em abstrato, uma causa adequada do dano (Antunes Varela) A causa deve ter, em abstrato, POTENCIALIDADE para PRODUZIR UM RESULTADO
* Ex.: Uma pessoa que viajará para SP pega um táxi para chegar ao aeroporto. No caminho, tem uma grave discussão com o taxista, o que o obriga a pegar outro táxi e faz com que perca seu vôo. Pega, então, o vôo seguinte. Na decolagem, o avião pega fogo, explode e todos os passageiros morrem. Poderiam os sucessores do falecido ajuizar ação indenizatória em face do taxista?
R:	Em concreto, vê-se que, se não fosse a discussão com o taxista, a pessoa não teria atrasado e pego o avião que explodiu. No entanto, em abstrato, a discussão com o motorista não teve nada a ver com a queda do avião, o qual cairia de qq maneira. Assim, a discussão com o taxista não pode ser considerada condição idônea, apta a ter produzido o resultado.
 A ação / omissão do presumivelmente responsável era, por si mesma, capaz de normalmente causar o dano? É preciso fazer um juízo de probabilidades para que tenhamos uma conclusão acerca do NC.
 A TEORIA ACOLHIDA PELO NOSSO DIREITO
Código Penal: Teoria da Equivalência das Condições
Responsabilidade Civil: Teoria da CAUSALIDADE ADEQUADA Art. 403 (a rigor, esse artigo não trata do NC mas sempre foi utilizado para solucionar o problema do NC. É esse dispositivo que dá o EMBASAMENTO LEGAL).
Art. 403:
 “Ainda que a inexecução resulte do dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízo efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual” VIOLAÇÃO DE DEVER JURÍDICO	
							
 				Efeitos diretos e imediatos da INEXECUÇÃO
							 
					 Perdas e danos
							 
				Prejuízos efetivos e Lucros cessantes
- O CC usa o termo “direto e imediato” mas o professor ressalta que não necessariamente a causa + direta e imediata será a + necessária / adequada (ela pode ser remota).
- A Teoria da Causalidade Adequada tb é a + adotada no Direito Comparado (França, Itália, Argentina).
CC Francês – art.1.151
“As perdas e danos não devem compreender... mais do que for conseqüência imediata e direta da inexecução.”
2) CC Italiano – art.1.223
“A indenização do dano... deve compreender também a perda sofrida pelo credor pela falta do ganho, desde que seja ela sua conseqüência imediata e direta.”
3) CC Argentino – art.520
“No ressarcimento das perdas e danos só se compreenderão os que forem conseqüência imediata e necessária da falta de cumprimento da obrigação.” 
AULA 3 - CASO 1 
Augusto, comerciante de bois, vende a Gustavo, lavrador, um boi doente, que, por sua vez, contagia os outros bois do comprador, que morrem. Privado desses elementos de trabalho, o lavrador vê-se impedido de cultivar suas terras.
Passa a carecer de rendimentos que as terras poderiam produzir, deixa de pagar de pagar seus credores e vê seus bens penhorados, os quais são vendidos por preço abaixo de seu valor. Arruinado, o lavrador suicida-se. Seus filhos e viúva ingressam com ação de indenização em face do comerciante. Pergunta-se: quais são os danos ressarcíveis e quem terá de repará-los? Resposta fundamentada. 
R:	O Código Civil Brasileiro adotou a Teoria da Causalidade Adequada, positivada em seu art. 403. Assim, em sede de responsabilidade civil, nem todas as condições que concorrem para o resultado são equivalentes, mas somente aquela que foi a mais adequada a produzir concretamente o resultado. 
Aplicando o exposto ao caso em tela, conclui-se que os danos ressarcíveis terão de ser reparados por Augusto e limitam-se aos bois de Gustavo que morreram em decorrência da doença transmitida pelo boi doente do vendedor. 
B.2) CAUSALIDADE DA OMISSÃO
- Quando é que a OMISSÃO poderá ser considerada CAUSA?
 Quando a OMISSÃO terá RELEVÂNCIA JURÍDICA?
 A OMISSÃO terá RELEVÂNCIA JURÍDICA quando houver um REGRAMENTO NORMATIVO: é a LEI que nos dirá os casos em que o omitente será responsabilizado pela sua omissão Quando ele tinha o DEVER JURÍDICO DE AGIR para evitar o resultado (embora não tenha dado causa para o resultado, ele responderá).
 Ninguém responde pela omissão, salvo se houve dever normativo previsto.
 § 2º do art. 13, CP 
 “A omissão é penalmente relevante quando o omitente DEVIA E PODIA AGIR PARA EVITARO RESULTADO. O dever de agir incumbem a quem:
Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado (Contrato ou Garante = médico, guia turístico)
Com o seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado
- É uma regra que se aplica tanto ao DPenal como ao DCivil
 Portanto, sempre verificar:
1°) Se o omitente tinha o DEVER JURÍDICO DE IMPEDIR O RESULTADO (dever que vem da lei, do contrato ou de conduta anterior do omitente)
2°) Se, em concreto, a OMISSÃO foi CAUSA EFICIENTE / IMEDIATA para PRODUZIR O RESULTADO
 A cláusula contratual que estabeleça que o guia turístico não se responsabilizará pelos turistas por ele guiados pode ser invalidada?
 Sim. Trata-se de cláusula absolutamente inválida porque quem assume a posição de garante não pode se omitir. Mas, claro, cada caso é um caso.
 CASO EXTRA
Em ação ressarcitória, proposta em face do Hospital Santa Helena, pleiteia o autor indenização por danos morais e materiais. Alega que houve omissão por parte do réu, pois este não aceitou a transferência de Mel, filha do autor, quando esta necessitava de uma cirurgia de emergência para extração de um tumor cerebral, o que poderia evitar o falecimento da menina.
Em contestação, o réu prova através de depoimentos dos médicos que, em razão do estado avançado da doença, a paciente não tinha chances de sobrevivência e, anda, que o Hospital não possuía equipamentos necessários para a realização da cirurgia. Decida a questão, indicando os fundamentos de fato e de direito aplicáveis à espécie.
R:	O Hospital tinha o dever jurídico de impedir o RESULTADO MORTE? 
	Não (o paciente não estava na rua, se estivesse, o Hospital teria o dever jurídico de agir, sob pena de incidir em omissão de socorro). Ainda que o Hospital tivesse o dever jurídico de impedir o resultado, a OMISSÃO SERIA IRRELEVANTE, já que, com ou sem cirurgia, a paciente morreria. O que se vê foi uma ação de desespero do pai na tentativa de salvar sua filha.
B.3) CONCORRÊNCIA DE CAUSAS 
B.3.1) - CULPA CONCORRENTE (ou Concorrência de Causas)
- Como já visto:
 CONDUTA DO + CONDUTA = COMPORTAMENTO CULPOSO = EVENTO DANOSO
 AGENTE 	 CULPOSA 	 DE AMBOS 
 CAUSADOR DA VÍTIMA
 DO DANO
Art. 945:
Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
 CONCAUSAS – PREEXISTENTES, SUPERVENIENTES E CONCOMITANTES
A causa superveniente só terá relevância quando, rompendo o nexo causal anterior, erige-se em causa direta e imediata do novo dano 
B.3.2) SOLIDARIEDADE OU CO-PARTICIPAÇÃO OU CAUSALIDADE COMUM
- Ocorre quando VÁRIAS PESSOAS PARTICIPAM OU COOPERAM, de alguma maneira, na PRODUÇÃO DE UM DANO O FUNDAMENTO da RESPOSABILIDADE TOTAL que se impõe a cada participante nasce da circunstância de que AS DIVERSAS CONDUTAS, em conexão com as outras, DÃO ORIGEM AO RESULTADO.
- Nesse caso, haverá a RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA de que trata o art. 942 (responderão solidariamente pelo dano como um todo):
Art. 942 - “Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos respondem solidariamente pela reparação.
§ único – São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art.932.” 
* Saliente-se que na responsabilidade civil, a SOLIDARIEDADE VIGORA COMO REGRA: art. 942 e , CC e § único do CC, art. 25, §1°, e art. 34, CDC.
- A indenização pode ser exigida de qq um dos agentes ou de todos Se um dos co-obrigados solidários SOLVER O COMPROMISSO, espontânea ou compulsoriamente, tem o DIREITO DE HAVER DE CADA UM DOS CONSORTES A RESPECTIVA COTA-PARTE e esta se medirá pelo que houver sido estipulado e, na falta de acordo, dividindo-se a obrigação em partes iguais. Nesse sentido, o art. 934, CC:
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.
- Não confundir com CULPA CONCORRENTE!!!
 
 
B.4) EXCLUSÃO DO NEXO CAUSAL
- São casos de IMPOSSIBILIDADE SUPERVENIENTE DO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO NÃO IMPUTÁVEIS AO DEVEDOR ou AGENTE.
		 
  Esta impossibilidade ocorre nas hipóteses de:
a)    Caso fortuito e Força Maior
b)    Fato exclusivo da vítima 			NÃO EXISTE NEXO CAUSAL  
c)    Fato de 3°
		
 Nesses casos, PARECERÁ haver uma relação de causa e efeito mas uma análise + atenta revelará que ESSA RELAÇÃO NÃO EXISTE.
 Como não existe RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO, não existe NEXO CAUSAL e, conseqüentemente, não há que se falar em RESPONSABILIDADE CIVIL.
  
B.4.1) CASO FORTUITO e FORÇA MAIOR
- Em ambos os casos, NINGUÉM RESPONDE PELO RESULTADO, visto que os efeitos eram INEVITÁVEIS
 FORÇA MAIOR:
- Caracteriza-se pela INEVITABILIDADE (mas, ainda que fosse previsto, não seria possível evitar) – Ex: É possível prever furacão mas não é possível evitá-lo
- Normalmente relaciona-se a FATOS DA NATUREZA (terremoto, enchente)
 CASO FORTUITO:
- Caracteriza-se pela IMPREVISIBILIDADE (ainda que tomados todos os cuidados, sobreveio o caso fortuito). É inevitável porque imprevisível; se fosse previsível, seria possível evitar)
- Fundamento:
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
§ único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.
	 		 
 Esse dispositivo fala em devedor porque está dentro do tema de responsabilidade contratual mas também se aplica à extra-contratual (nesse caso, não será devedor mas CAUSADOR DO DANO)
- Fato exclusivo da vítima		Caracterizam situação de CASO FORTUITO
- Fato exclusivo de 3°			Como tal, EXCLUEM a responsabilidade
	 
Fatos IMPREVISÍVEIS que NÃO podem ser atribuídos ao aparente agente causador do dano		
	 
* Ex.: Pessoa que, a despeito de transitar em velocidade compatível com a via, atropela criança que aparece correndo subitamente pela avenida;
* Ex.: Pessoa que, a despeito de manter seu veículo em perfeitas condições, causa acidente em razão do pneu ter furado.
	 
- Não se pode dizer: “ah, mas isso pode ocorrer”
 Isso porque não é a previsibilidade genérica que caracteriza a CULPA, é a PREVISIBILIDADE ESPECÍFICA É preciso saber se aquele fato, da forma que ocorreu, era EVITÁVEL
B.4.2) FATO EXCLUSIVO DA VÍTIMA
- Nesta hipótese, o aparente causador direto do dano fica ISENTO DE RESPONSABILIDADE. 
- O CDC incluiu expressamente a CULPA EXCLUSIVA DO CONSUMIDOR entre as causas exonerativas da responsabilidade do fornecedor (arts. 12, §3°, III e 14, 3°, II).
- Ex: Piscina em obra Engenheiro responsável sinaliza de todas as formas possíveis para advertir os passantes Criança ultrapassa a cerca existente, cai e morre Fato exclusivo da vítima
- Responsabilidade nos esportes radicais: É preciso analisar cada caso. Normalmente, o praticante assume o risco mas é preciso verificar se houve violação de dever de cuidado do instrutor, academia, etc.
 
B.4.3) FATO EXCLUSIVO DE TERCEIRO
- O dano decorre de um 3° ESTRANHO À RELAÇÃO JURÍDICA entre o AGENTE e a VÍTIMA
- A opinião dominante é no sentido de que o FATO DE TERCEIRO EQUIPARA-SE AO CASO FORTUITO E À FORÇA MAIOR, por ser uma causa estranha à conduta do agente aparente, IMPREVISÍVEL E INEVITÁVEL. 
- A culpa exclusiva de 3° tb foi incluída no CDC entre as CAUSAS DE EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR (arts. 12 §3°, III e 14 §3°, II).
 
* Obs.:
1) Em certas circunstâncias, nos casos responsabilidade objetiva fundada no RISCO INTEGRAL, nem mesmo o CASO FORTUITO e a FORÇA MAIOR EXCLUEM A RESPONSABILIDADE. São casos excepcionais e expressamente previstos em lei.
- Trata-se de responsabilidade em que, mesmo ocorrendo uma causa de exclusão do nexo causal, não haverá exclusãoda responsabilidade. 
- Ex: Acidente de trabalho Mesmo ocorrendo in itinere, mesmo que ocorra por fato exclusivo da vítima (cochilou enquanto manipulava máquina) ou força maior ou caso fortuito, haverá o dever de indenizar. Pago pelo INSS.
- Ex: DPVAT, dano ao meio ambiente (entendimento do prof°), dano causado por acidente nuclear
2) Na responsabilidade das relações de consumo, o CASO FORTUITO INTERNO (= fato imprevisível que integra o risco do negócio) NÃO exclui a responsabilidade
 Ex.: Morte do motorista da transportadora ao volante, ficando prejudicada a entrega de produto ao destinatário. O fornecedor de serviço (transportadora) responde.
 Ex: Pneu novo estoura e causa grave acidente. O motorista não responde mas o fornecedor (fabricante do pneu), sim.
 Ex.: Assalto a banco A lei hoje não permite a exclusão da responsabilidade do Banco em relação ao assalto pois entende-se que o banco deve ter toda a estrutura necessária para garantir a segurança dos seus clientes.
3) Guia turístico só responde civilmente se o dano decorrer de uma conduta sua. Ex.: Abandono de um dos turistas que desapareceu Responde / Assalto a grupo turístico Não responde (quem tem que dar essa segurança é o Estado; quando se tratar de omissão específica, o Estado responde; se se tratar de omissão genérica, o Estado só responde se houver a chamada falta com culpa no serviço).
4) Risco inerente: Turista que vai a lugares perigosos é que se responsabiliza 
5) É lícita a conduta de hospital particular que recusa atender paciente alegando ausência de filiação a plano de saúde do doente, considerada comprovada superlotação de hospital público?
R:	Lembre-se que NÃO HÁ RESPONSABILIDADE SEM VIOLAÇÃO DE DEVER JURÍDICO. Sempre que tivermos um problema de responsabilidade, temos que fazer essa indagação. 
O hospital particular tem o dever de atender todas as pessoas que estejam em situação emergencial? O supermercado tem o dever de fornecer alimento a todas as pessoas que estejam com fome? Não. Esse dever não está pré-estabelecido em lugar algum. 
O dever que existe é: se alguém está em perigo e precisa ser socorrido, o hospital particular tem esse dever de prestar socorro e, depois, encaminhar para um hospital público, sob pena de incorrer em crime de omissão de socorro.
	Se o paciente tivesse o plano de saúde ao qual fosse conveniado o hospital, haveria sim responsabilidade (do plano de saúde ou do hospital, dependendo de quem violou o dever) porque haveria obrigação contratual.
AULA 3 - CASO 2
Pâmela, conduzindo seu veículo, envolve-se em acidente de trânsito, tendo este ocorrido em rodovia administrada pela concessionária-ré. O referido acidente foi ocasionado pela presença de corpos de animais (dois cavalos) na pista de rolamento. Promove ação ressarcitória invocando a responsabilidade objetiva da concessionária, conforme o disposto nos artigos 37, §6º da Constituição Federal e 14 do Código de Defesa do Consumidor. 
Aduz ter ocorrido falha no serviço prestado, caracterizado na espécie, por permitir a concessionária o ingresso de animais em uma rodovia, na qual transitam veículos em alta velocidade, além de desídia e omissão, ao não retirar os mesmos do local ou ao menos sinalizar sua presença até que fosse providenciada sua retirada, restando inequívoca a ocorrência do fato, do dano e do nexo causal a impor a responsabilização do fornecedor do serviço. Em contestação, sustenta a Ré a caracterização de fato exclusivo de terceiro a excluir a responsabilidade da empresa-ré, tendo em vista que o referido animal fugiu de uma fazenda localizada às margens da rodovia, excluindo seu dever de indenizar. Considerando os fatos provados, resolva a presente questão.
R:	O FATO DE 3° OU DA VÍTIMA só EXCLUI A RESPONSABILIDADE do agente se for EXCLUSIVO, isto é, se esse fato, por si só, produziu o resultado. Por isso, no caso em tela, a ré não pode alegar fato exclusivo de 3°, visto que faltou com seu dever de cuidado.
 
AULA 3 - CASO 3
Passageiro é atingido por pedradas lançadas por terceiro, que andava pela via pública, quando transportado em coletivo da Ré. Alega descumprimento da cláusula geral de incolumidade ínsita no contrato de transporte, razão pela qual promove a competente ação indenizatória. Obterá êxito em seu pleito? Justifique sua resposta.
R:	Há controvérsia na doutrina e na jurisprudência mas já está pacificado no STJ entendimento no sentido de que O FATO DE 3° EXCLUI A RESPONSABILIDADE DO APARENTE CAUSADOR DO DANO. 
Assim, no caso em tela, configura-se FATO EXCLUSIVO DE TERCEIRO que, POR EXCLUIR O NEXO CAUSAL, AFASTA A RESPONSABILIDADE CIVIL DA EMPRESA RÉ. Saliente-se que, caso se tratasse de um acontecimento rotineiro, no mesmo local e nas mesmas circunstâncias, sem que a empresa tomasse as medidas necessárias, ela poderia ser responsabilizada.
* Obs.:
1) Assalto a mão armada em ônibus: É controverso
I) Há quem entenda que a empresa de ônibus responde, por se tratar de CASO FORTUITO INTERNO
II) Há quem entenda que NÃO responde (entendimento prevalecente e do prof°)
 É FATO EXCLUSIVO DE 3° (ato doloso de 3°). Portanto, exclui o NC e afasta a RC da empresa de ônibus. A rigor, não cabe à empresa assegurar essa segurança externa (dever do Estado)
2) Responsabilidade do transportador pelo assalto
 Um dos passageiros reage a um assalto e entra em luta corporal com o bandido Da luta corporal sai um disparo que atinge outro passageiro, deixando-o paralítico A responsabilidade pelo disparo e pela lesão recai sobre o passageiro que reagiu?
R: Evidentemente que não. O passageiro estava em legítima defesa. O responsável é o assaltante.
3) Considerando o disposto no art. 735, CC (“A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva”), não podemos entender que excluir a responsabilidade da Ré seria excluir a responsabilidade nos contratos de transporte?
 		 Não. O art. 735, CC fala em fato CULPOSO de 3°. No caso concreto, houve fato DOLOSO de 3°, que NÃO está incluído no dispositivo citado. Se fosse culposo, NÃO estaria excluída a responsabilidade do transportador porque doutrina, jurisprudência e lei entendem que trata-se de CASO FORTUITO INTERNO, incluído no risco do negócio.
C) DANO
- Não há que se falar em RESPONSABILIDADE CIVIL se não houver DANO porque a finalidade da RESPONSABILIDADE CIVIL é INDENIZAR, REPARAR o DANO.
- Pode haver RC sem culpa ou RC sem nexo causal (ou, pelo menos nexo causal profundamente diluído na RC pelo risco integral) mas NÃO PODE HAVER RC SEM DANO. Ainda que a conduta seja DOLOSA, se não houver DANO, não haverá RC.
- Essa é a grande diferença da RC com a responsabilidade penal (nesta, há os crimes de mera atividade, nos quais haverá tipificação da conduta ainda que não haja resultado material)
- Art. 927, CC: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), CAUSAR DANO a outrem, fica obrigado a repará-lo Tem que haver DANO
O QUE É DANO?
- Conjunto de relações jurídicas de uma pessoa economicamente apreciáveis
PATRIMÔNIO 			- Bens MATERIAIS
			- Engloba	- Bens IMATERIAIS mas com valor econômico 
(ex.: direitos autorais)
 	+
BENS PERSONALÍSSIMOS: Aqueles integrantes da PERSONALIDADE, da PESSOA HUMANA. Esses bens são adquiridos com o nascimento com vida: quem nasce com vida adquire personalidade, e quem adquire personalidade recebe com ela um CONJUNTO DE BENS QUE INTEGRA A PERSONALIDADE. Esses bens são outorgados pela ordem jurídica. TODOS têm esses bens.
Os BENS DA PERSONALIDADE têm um ASPECTO EXTERNO e outro, INTERNO:
1) Ex: Nome, imagem, renome (conceito na sociedade). 
 São bens integrantes da personalidade e que se refletem no mundo social.
 São DIREITOS DA PERSONALIDADE que englobam aspectos da pessoa humana que NÃO ESTÃO DIRETAMENTE VINCULADOS À SUA DIGNIDADE. 
2) Há outro conjunto de bens que integram a personalidade mas que têm um CARÁTER SUBJETIVO, INTRÍNSECO.
 Ex.: Vida, integridade física, liberdade, intimidade, privacidade, etc Isso tudo se resume à DIGNIDADEDA PESSOA HUMANA
* Portanto: Todo ser humano possui BENS PERSONALÍSSIMOS (que ele recebe ao nascimento) e, em sua maioria, também BENS PATRIMONIAIS
DANO = LESÃO DE UM BEM JURÍDICO
 	 Lesão: Destruição ou Redução do valor de um bem
O DANO pode ser:
 - Material ou Patrimonial: Lesão a BEM PATRIMONIAL
 - Imaterial ou Moral: Lesão a BEM INTEGRANTE DA PERSONALIDADE
C.1) DANO PATRIMONIAL
- Espécies:
a) DANO EMERGENTE
- Aquilo que a vítima IMEDIATAMENTE perdeu (redução imediata do patrimônio da vítima). CONSEQÜÊNCIA DIRETA E IMEDIATA DO ATO ILÍCITO
b) LUCRO CESSANTE – princípio da razoabilidade
- Consiste na PERDA DO GANHO ESPERÁVEL, na frustração da expectativa de lucro REDUÇÃO MEDIATA, INDIRETA, FUTURA DO PATRIMÔNIO DA VÍTIMA
- Pode decorrer:
 Da paralisação da atividade lucrativa ou produtiva da vítima (como por exemplo, a cessação dos rendimentos que alguém já vinha obtendo da sua profissão) e, também, 
 Da frustração daquilo que era razoavelmente esperado.
- Ex.: Motorista descuidado entra na contramão e colide com táxi O ato ilícito repercutiu imediata e mediata (já que o táxi é instrumento de trabalho do taxista e o acidente privou-o de lucro razoavelmente esperado).
 Art. 402, CC:
“Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu o que razoavelmente deixou de lucrar.”
 “o que ele efetivamente perdeu”: DANO EMERGENTE
 “o que razoavelmente deixou de lucrar”: LUCRO CESSANTE
			 PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE 
					 
- Aqui, o CC consagrou o PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE ao caracterizar o lucro cessante, dizendo ser aquilo que “razoavelmente se deixou de lucrar”. 
- RAZOÁVEL é aquilo que O BOM-SENSO DIZ QUE O CREDOR LUCRARIA, APURADO SEGUNDO UM JUÍZO DE PROBABILIDADE, DE ACORDO COM O NORMAL DESENROLAR DOS FATOS. Não pode ser algo meramente hipotético, imaginário, porque tem que ter por base uma situação fática concreta, real.
- Caso concreto: Quando o “Metrô” estava fazendo suas obras no Catete e outros bairros do RJ, muitas ruas foram interditadas durante anos para as escavações, acarretando a paralisação do comércio nelas existente. Inúmeras ações de indenização foram, então, movidas pelos comerciantes contra o Metrô em busca do ressarcimento do lucro cessante nessa período de paralisação do negócio. 
Obviamente, havia obrigação de indenizar, ainda que o dano tivesse decorrido de ato lícito.
Os juízes dos feitos da Fazendo, na época, adotaram, como critério razoável, fixar o lucro cessante com base na média do lucro da empresa nos últimos 3 anos, apurado em perícia contábil.
C.1.1) PERDA DE UMA CHANCE
- Situação que decorre quando alguém, por ATO ILÍCITO DE OUTREM, PERDEU UMA OPORTUNIDADE de: 
- OBTER um lucro ou 
- EVITAR uma perda
- A REPARAÇÃO da perda de uma chance repousa em uma PROBABILIDADE e uma CERTEZA; que a chance seria realizada e que a vantagem perdida resultaria em prejuízo
- Doutrina e jurisprudência entendem que há possibilidade de indenizar a perda de uma chance, desde que se trate de uma CHANCE SÉRIA e REAL. Aqui, também, tem plena aplicação o PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. Mas NÃO SE INDENIZA O VALOR DA CHANCE!!!
- Ex.:Alguém que tinha um cavalo de corrida contratou uma empresa para transportar o animal para outra cidade, no qual haveria uma corrida. O dono requereu em juízo indenização pela perda da chance de competir É indenizável mas a indenização não pode ser o valor do prêmio pois isso seria lucro mirabolante e não lucro cessante
- Ex.: Alguém que perde a chance de prestar concurso em outro Estado por causo do atraso do avião É indenizável mas a indenização não pode ser a remuneração que a pessoa receberia como profissional aprovado no concurso.
- Ocorre muito na responsabilidade médica, onde é chamada de PERDA DE CHANCE DE CURA ou de SOBREVIVÊNCIA.
 Ex.: Recusa do plano de saúde de internar paciente com gangrena na perna Paciente foi para o hospital público, onde houve demora no atendimento e a paciente acabou perdendo a perna Não foi a recusa na internação que acarretou a gangrena e a perda da perna (obviamente, decorreu da gangrena, que já estava instalada) mas, inquestionavelmente, a recusa na internação tirou da paciente uma chance de ter um tratamento melhor, a chance de talvez não perder a perna (dependeria de análise médica). Os médicos não souberam dizer se a demora no atendimento foi a causa determinante e exclusiva da perna da perna (foi a gangrena)
						
Vê-se que em todos esses casos, A PERDA DA CHANCE PRIVOU ESSAS PESSOAS DE OBTEREM UMA SITUAÇÃO MELHOR: um ganho ou um resultado mais positivo no tratamento.
O ATO ILÍCITO tira da vítima a OPORTUNIDADE DE OBTER UMA SITUAÇÃO FUTURA MELHOR
CHANCE = PROBABILIDADE, POSSIBILIDADE de	 - se OBTER um lucro ou 
 - se EVITAR uma perda
A INDENIZAÇÃO deve ser pela PERDA DA OPORTUNIDADE de obter uma vantagem e NÃO PELA PERDA DA PRÓPRIA VANTAGEM
A que título deve ser concedida a indenização?
R:	Há uma discussão entre os autores com relação à NATUREZA DESSA INDENIZAÇÃO: 
 - Alguns entendem que a perda de uma chance deve ser indenizada a título de DANOS EMERGENTES porque a chance já teria incorporado ao patrimônio da vítima. 
 - Outros entendem que a perda de uma chance deve ser indenizada a título de LUCROS CESSANTES. 
- Alguns tribunais concedem a indenização a título de DANOS MORAIS (foi o que a Câmara Cível do TJ entendeu no caso da senhora que perdeu a perna) porque ACARRETA UMA MAIOR FRUSTRAÇÃO, UMA MAIOR LESÃO NO BEM INTEGRANTE DA PERSONALIDADE, tirando-lhe a perspectiva de ter um melhor resultado. 
C.2) DANO MORAL
EVOLUÇÃO DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL
 Súmula 37 do STJ: “São cumuláveis as indenizações por dano material e moral, oriundos do mesmo fato.”
C.2.1) O QUE É?
- Lesão a BEM INTEGRANTE DA PERSONALIDADE
- Por considerar a inviolabilidade da intimidade, da vida privada da honra e da imagem corolário do DIREITO À DIGNIDADE, a CF inseriu em seu art. 5°, V e X, a plena reparação do dano moral. Nessa perspectiva, 
C.2.2) DANO MORAL EM SENTIDO:
a) AMPLO 
- Dano moral é a VIOLAÇÃO A UM BEM INTEGRANTE DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
- O dano moral em seu sentido amplo envolve os diversos graus de violação dos direitos da personalidade, abrange todas as ofensas à pessoa, considerada esta em suas dimensões individual e social, ainda que sua dignidade não seja arranhada.
- Art.5º, V – “É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem.”
b) ESTRITO
- Dano moral é a VIOLAÇÃO DO DIREITO À DIGNIDADE (ou violação de bem integrante dos direitos da personalidade em seu sentido subjetivo)
 Dignidade da Pessoa Humana: É o conjunto de bens e direitos integrantes da personalidade no seu SENTIDO INTRÍNSECO, SUBJETIVO (privacidade, intimidade, etc)
- Art. 5°, X – “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral, decorrente da violação.” DANO MORAL EM SENTIDO ESTRITO
C.2.3) CUMULABILIDADE DO DANO MORAL E MATERIAL
- Hoje não há dúvidas sobre a possibilidade de cumulação de danos morais com materiais
- O dano moral tem existência própria e autônoma, de modo a exigir tutela jurídica independente.
C.2.4) CONFIGURAÇÃO DO DANO MORAL
Só deve ser reputado como dano moral a DOR, VEXAME, SOFRIMENTO OU HUMILHAÇÃO que, FUGINDO À NORMALIDADE, INTERFIRA INTENSAMENTE no COMPORTAMENTO PSICOLÓGICO DO INDIVÍDUO, causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto, além de fazerem parte da normalidade do nosso dia-a-dia, no trabalho, no trânsito, entre os amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo. 
MAS SERÁ SEMPRE ISSO?
NÃO. Nem sempre dor, vexame sofrimento, humilhação caracterizarão dano moral. Tais sentimentos só serão evidênciade dano moral se gerarem LESÃO A BEM INTEGRANTE DA PERSONALIDADE. Tais sentimentos são sintomas, conseqüências, e não causas. 
Há situações em que a vítima nem sabe que está sofrendo dano moral. É o caso das CRIANÇAS, DOENTES, POBRES, INCULTOS, DOENTE MENTAIS. Ainda que não saibam que estão sendo vítimas de dano moral, haverá dano moral.
PORTANTO:
O dano moral NÃO está necessariamente vinculado a alguma reação psíquica da vítima. Pode haver ofensa à dignidade da pessoa humana sem dor, vexame, sofrimento, assim como pode haver dor, vexame e sofrimento sem violação da dignidade. Isso porque dor, vexame, sofrimento e humilhação são conseqüência, e não causas.
No caso concreto, para saber se houve DANO MORAL, verificar se houve LESÃO A BEM INTEGRANTE DA PERSONALIDADE.	
AULA 4 - CASO 1
Armênio, agente da Polícia Civil, propôs ação ordinária, em que pretende a condenação do Estado do Rio de Janeiro ao pagamento de indenização por danos morais decorrentes de declarações atribuídas ao então Governador do Estado aos órgãos de Imprensa, acusando-o de integrar a “banda podre” da corporação da Polícia Civil. Em contestação, sustenta o Estado do Rio de Janeiro que as declarações teriam sido feitas de maneira genérica, não sendo o nome do autor veiculado diretamente na imprensa, bem como rechaça o pedido, porquanto o caso refletiria mero aborrecimento do dia-a-dia. Resolva a questão fundamentadamente. 
R:	No caso em tela houve, efetivamente, vinculação do nome do autor da ação com os demitidos por integrarem a “banda podre” da polícia e, não tendo sido provada a referida vinculação, essa é uma imputação ofensiva, que agride o nome, a honra e a moral, enfim, o direito subjetivo constitucional à dignidade do autor, direito esse que encontra guarida no art. 1°, III, CF. 
	E foi justamente por considerar a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem corolário do direito à dignidade que a Constituição inseriu em seu art. 5°, V e X, a plena reparação do dano moral. Nesse sentido, o aresto a seguir transcrito: “Qualquer agressão à dignidade pessoal lesiona a honra, constitui dano moral e é por isso indenizável. Valores como a liberdade, a inteligência, o trabalho, a honestidade, aceitos pelo homem comum, formam a realidade axiológica a que todos estamos sujeitos. Ofensa a tais postulados exige compensação indenizatória”. (Ap. Cível 40.541, rel. Des. Xavier Vieira, in ADCOAS 144.719).
Cotejando o exposto à presente demanda, conclui-se que houve lesão gravíssima a bens integrantes da personalidade do autor (bens intrínsecos e extrínsecos), daí decorrendo o dano moral, que deve ser indenizado. 
* Obs.: Se a imputação tivesse sido genérica (isto é, se não houvesse referência ao nome do autor), o policial não teria êxito no pleito, porque não teria havido lesão ao bem integrante da personalidade. Ex.: “Há corrupção na polícia” é imputação genérica.
C.2.5) DANO MORAL E INADIMPLEMENTO CONTRATUAL
AULA 4 - CASO 2
Em comemoração dos 15 anos de sua filha, A ofereceu uma grande festa no hotel X (cinco estrelas) para parentes e amigos. A festa foi um fracasso, pois, além de a comida estar fria, em pouca quantidade e de péssima qualidade. Faltou também bebida e garçons. A quer pedir indenização. Esclareça o fundamento da ação e o que poderá ser pleiteado, justificadamente.
* Comentário:
Pelo fato de ter havido um inadimplemento contratual (responsabilidade contratual), isto, por si só, gera dano moral? Pode-se pedir dano moral em caso de inadimplemento contratual?
A princípio, o inadimplemento contratual só diz respeito ao dano patrimonial (porque, no contrato, o que se estabelece são obrigações de natureza patrimonial). Assim, o inadimplemento contratual quase sempre só gera dano material, que pode ser dano emergente ou lucro cessante.
Mas, inquestionavelmente, além do dano material, pode haver também lesão a bem integrante da personalidade do contratante e, nesse caso, caberá indenização.
No caso em tela, o hotel descumpriu sua obrigação, incorrendo em inadimplemento contratual e daí advindo danos moral e material ao contratante.
	O dano moral é evidente no caso concreto pois, além da decepção da adolescente e da frustração dos pais, a violação de dever jurídico causou constrangimento e humilhação da família junto aos seus amigos, restando caracterizada, assim, a agressão à honra objetiva (bens integrantes da personalidade em seu sentido externo: nome, reputação, imagem) e subjetiva (dignidade, auto-estima, auto-respeitabilidade).
> A questão é verificar se o inadimplemento atingiu só bens materiais ou, também, bens morais. Se só teve repercussão patrimonial, não haverá dano moral. Atentar que todo caso de inadimplemento contratual repercute na esfera patrimonial e, por isso, sempre haverá um aborrecimento. Contudo, deve-se distinguir o mero aborrecimento do aborrecimento que causa profundo abalo psicológico no indivíduo.
R:	À luz do disposto nos artigos 7º, parágrafo único, 14 e 18, 34 do CDC, a responsabilidade pelo fato do produto e do serviço independe da comprovação de culpa, devendo responder o fabricante e o fornecedor de produtos de consumo pelos vícios de qualidade e quantidade, sob o amparo do art. 18, do CDC - Lei Nº 8.078/90.	
No caso em tela, o hotel descumpriu sua obrigação, incorrendo em inadimplemento contratual e daí advindo danos moral e material para o autor.
	O dano moral, no caso concreto, evidencia-se não só pela decepção da adolescente e da frustração dos pais mas, também, pelo constrangimento e humilhação da família junto aos seus amigos, restando caracterizada, assim, a agressão à honra objetiva (bens integrantes da personalidade em seu sentido externo: nome, reputação, imagem) e subjetiva (dignidade, auto-estima, auto-respeitabilidade) do autor. 
Pelos motivos expostos, é procedente o pedido de indenização.
C.2.6) A PROVA DO DANO MORAL. 
- Impossível provar da mesma forma que o dano material
- O QUE SE PROVA NO DANO MORAL?
 O FATO OFENSIVO. Prova-se que DETERMINADO FATO OCORREU e que ESSE FATO É OFENSIVO de um bem integrante da personalidade da vítima. 
 Se o fato for ofensivo (e isso é preciso provar: que o fato é ofensivo), então o dano moral prescindirá de produção probatória, pois considerado in re ipsa. 
- O dano moral “DERIVA INEXORAVELMENTE DO PRÓPRIO FATO OFENSIVO, de modo que, PROVADA A OFENSA, IPSO FACTO ESTÁ DEMONSTRADO O DANO MORAL à guisa de uma presunção natural, uma presunção hominis ou facti, que decorre das regras da experiência comum”. (Sérgio Cavalieri Filho) 
- Ex.: Minha linha telefônica foi grampeada indevidamente. Basta provar o fato ofensivo. 
C.2.7) ARBITRAMENTO – PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE / PROPORCIONALIDADE, DA EXEMPLARIEDADE.
- Não há limite legal para valorar o dano moral mas, obviamente, o juiz, ao estabelecer uma indenização pelo dano moral, deve ter uma coerência, sempre observando a situação concreta.
Devem ser aplicados os princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade
Em sentido genérico: Princípio da Razoabilidade – Tratado no plano abstrato 
Em sentido concreto: Princípio da Proporcionalidade – Tratado no plano concreto
Para saber se há proporcionalidade devemos observar:
1) A gravidade do dano sofrido: Mãe que perdeu o filho Nome negativado no SPC
2) A intensidade da conduta do agente: Dolo (enseja indenização maior) ou Culpa
 PRINCÍPIO DA EXEMPLARIEDADE
- Consiste em dar uma INDENIZAÇÃO + GRAVE pelo dano moral com caráter PUNITIVO, A TÍTULO DE EXEMPLO, a fim de repudiar condutas que estão sendo praticadas de forma reiterada, a fim de compelir aquele que praticou a conduta a não mais praticá-la e a fim de servir de exemplo para que outros não pratiquem essa mesma conduta 
- O arbitramento do valor da indenização deve pautar-se na exemplariedade, ou seja, deve ser apta a ensejar indenização exemplar
- É um dos critérios que devem ser observados no processo de arbitramento do valor da indenização pelo dano moral. 
- Não se trata de um novo dano moral, por esse motivo, não se deve falar em “dano moral punitivo”.Para o prof°, o termo correto é “INDENIZAÇÃO PUNITIVA” e não dano moral punitivo
 No Brasil não se adota o “DANO MORAL PUNITIVO” (muito embora muitos usem esta expressão) porque dano moral é sempre lesão a bem jurídico. O que pode haver é um ASPECTO PUNITIVO de SANÇÃO CIVIL quando na indenização pelo DANO MORAL. 
- O DANO MORAL PUNITIVO funciona como SANÇÃO ou PENA CIVIL. 
 Portanto, a indenização pelo dano moral terá:
- caráter compensatório (pois compensa o sofrimento sofrido pela vítima)
- caráter de punição: como sanção ou pena civil
- Alguns autores não aceitam a indenização punitiva pois entendem que, em virtude do princípio de que não existe crime sem prévia cominação legal. Mas o prof° entende que esse princípio não se aplica à indenização civil pois é uma conseqüência do ato e também, segundo o prof°, está previsto em nosso sistema a indenização punitiva pois é permitido ao juiz arbitrar o valor do dano moral.
- A indenização punitiva tem aplicação principalmente nas PRÁTICAS ABUSIVAS, como nas relações de consumo (ex: inclusiva indevida e reiterada de nomes de clientes no SPC).
 Este princípio não poderia levar a um enriquecimento ilícito?
 Se fosse aplicado isoladamente, sim. Mas na atividade de valoração do dano moral, é preciso usar um conjunto de princípios em razão do caso concreto (dentre os quais, razoabilidade, proporcionalidade, exemplariedade) Nunca poderemos fixar uma indenização só com base no princípio da exemplariedade.
 Ex.: Empresa vende álbum de figurinhas utilizando imagem de jogadores de futebol sem o consentimento destes. Caberia indenização punitiva?
Não. No caso de mero descumprimento contratual, não. A indenização punitiva só tem lugar quando a prática de ato ilícito for reiterada ou de extrema gravidade.
dano à imagem
O uso da imagem nesse caso não causou qualquer prejuízo ao bom nome dos jogadores, muito pelo contrário.
AULA 4 - CASO 1
	Luíza e Flávia, em 20 de dezembro de 2006, ocasião em que contavam, respectivamente, com 15 e 16 anos, propuseram Ação Indenizatória em face do Estado do Rio de Janeiro, pelo falecimento de sua genitora parturiente e do irmão nascituro. O evento danoso ocorreu em 28 de setembro de 2005, ocasião em que a vítima, em trabalho de parto, era transportada ao hospital em viatura da Polícia Militar do Estado. O veículo foi atingido por um ônibus, e da colisão decorreu a morte da parturiente e do nascituro. 
Deste modo, requerem as autoras, representadas por seu avô materno: a) pensão mensal de um salário mínimo para cada uma até 25 anos de idade, incluídas as parcelas do 13º salário, assegurado o direito recíproco de acrescer, caso venha a cessar a pensão para uma das autoras; b) indenização a título de dano moral pela morte de sua genitora e do nascituro, no valor de 300 salários mínimos para cada uma das autoras; e c) ressarcimento das despesas com sepultamento, independentemente de comprovação. Indaga-se: assiste razão ao pleito autoral? Justifique. 
R:	 O Estado tem responsabilidade objetiva, a menos que prove fato exclusivo de 3°.
a) Pensão mensal de 1 salário-mínimo para cada
- É um típico exemplo de LUCRO CESSANTE. As autoras teriam o sustento pela mãe até que concluíssem o curso universitário mas, com a morte da genitora, perderam sua manutenção.
- As autoras perderam aquilo que razoavelmente receberiam da mãe enquanto estivessem estudando (até 21-25 anos 24, 25 anos caso façam curso universitário)
- É razoável pleitear essa verba indenizatória mas a indenização tem que estar de acordo com a remuneração que a mãe recebia quando viva (deve-se usar o princípio da razoabilidade). Se a mãe, por ex, recebia 2 salários-mínimos, será perfeitamente razoável pleitear 1 salário-mínimo para cada autora.
b) Indenização a título de dano moral
- A perda de um ente familiar causa, indiscutivelmente, grave dano a bem integrante da personalidade das autoras. Mas, evidentemente, a indenização pela perda da mãe não será = à indenização devida pela perda do irmão pois com a mãe há um maior vínculo afetivo.
- O arbitramento da indenização pelo dano moral é controverso.
c) Despesas com sepultamento
- Há uma divergência na doutrina e jurisprudência sobre se essa verba deve ou não ser provada mas o prof° entende que não, pois ninguém fica em sepulcro. E se não for comprovada, pode ser perfeitamente arbitrada em 2, 3 salários-mínimos.
- Natureza da verba “ressarcimento de despesas com sepultamento”: é de dano emergente
C.2.8) DANO MORAL CONTRA PESSOA JURÍDICA
- Pessoa Jurídica = Pessoa criada pelo DIREITO Titular de direitos e obrigações
 PJ pode ser sujeito passivo de dano moral?
 Entendimento anterior: A PJ não tem bens integrantes da pessoa humana, portanto, não sofre dor, vexame, sofrimento e não pode ser sujeito passivo de dano moral
 Entendimento atual: A PJ possui personalidade jurídica, porquanto possui BENS EXTRÍNSECOS (OBJETIVOS) DA PERSONALIDADE, como o nome, a reputação e a imagem (ex.: Petrobrás). O que a PJ não tem são os bens intrínsecos (subjetivos), como a intimidade, dignidade, liberdade, etc (= são bens exclusivos do ser humano).
- É por isso que o DANO MORAL se divide em sentido:
I) LATO: Dano moral é lesão a qq b em integrante da PERSONALIDADE
II) ESTRITO: Dano moral é lesão a bem integrante da PESSOA FÍSICA apenas (bens intrínsecos, bens que dizem respeito à dignidade)
- Fala-se hoje em:
a) HONRA OBJETIVA: Ofensa a bem integrante da personalidade com repercussão externa Também chamada pela doutrina de HONRA PROFISSIONAL
 A PJ tem honra profissional.
 Ex.: Protesto indevido de título contra certa PJ, violação de segredo de PJ Ferem a honra profissional ou objetiva
b) HONRA SUBJETIVA: Repercussão interna
* Portanto: A PJ não pode ser sujeito passivo de dano moral a bem intrínseco (só o ser humano tem) mas pode ser sujeito passivo de dano moral quando atinge bem intrínseco da personalidade de caráter OBJETIVO
 Art. 52, CC: “Aplica-se às PJ´s, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”
 O CC consagra a proteção da PJ no que diz respeito aos bens integrantes da sua personalidade
 Súmula 227, STJ: “A PJ pode sofrer dano moral”
* Obs.: 
1) DANO MORAL EM SENTIDO AMPLO x DANO MORAL EM SENTIDO ESTRITO
- DANO = Violação de um bem jurídico. Se é um bem integrante do patrimônio, o dano é PATRIMONIAL. Se é um bem integrante da personalidade, o dano é MORAL. A personalidade é constituída de um conjunto de bens
- DANO MORAL EM SENTIDO AMPLO: É ofensa a qq bem integrante da personalidade, seja integrante do aspecto subjetivo (privacidade, intimidade, etc), seja do aspecto extrínseco (nome, reputação, imagem). É o que se chama de HONRA OBJETIVA. Ex.: Dano moral à PJ. A PJ só pode ser sujeito passivo de dano moral em sentido amplo (entendimento doutrinário e jurisprudencial dominante).
- DANO MORAL EM SENTIDO ESTRITO: Só o ser humano pode ser sujeito passivo deste tipo de dano. É ofensa a um bem integrante da pessoa humana no seu aspecto intrínseco e pode ser resumido na DIGNIDADE (só o ser humano possui dignidade). A dignidade é um conjunto de bens integrantes da personalidade e que caracteriza o ser humano, dotando-lhe de individualidade (ex.: intimidade, privacidade).
 É o que se chama de HONRA OBJETIVA.
 Quando se trata de dano moral em sentido estrito, há uma maior gravidade porque afeta a pessoa no que ela tem de mais precioso, mais íntimo. O prof° entende que, nesses casos, a indenização deveria ser maior.
2) Supondo que determinada PJ, denunciada pelo MP em função de delito de falsificação de combustível, tenha conseguido provar, no curso da instrução probatória, que é inocente e que, não obstante isso, vários jornais tenham noticiado seu nome comercial em uma lista de postos que vende combustível adulterado, seria possível pleitear indenização por danos morais e materiais?
 R:	No tocante à denúncia do MP, poderá sim o Estado ser responsabilizado (fundamento: responsabilidade do Estado por ato judicial) se houver erro e não mera falta de culpa.
 Quanto ao fato de os jornaisterem noticiado o fato, é claro que cabe dano moral para a PJ.
3) Cabe compensação por danos morais em caso de infidelidade conjugal? E se essa infidelidade decorrer de relação homoafetiva?
Esta é uma questão bastante discutida, quer pela doutrina, quer pela jurisprudência. Para o prof°, isso é inquestionável porque o casamento não tira do indivíduo a sua intimidade, não torna disponíveis os bens integrantes de sua personalidade. Não só a infidelidade mas também outras condutas ofensivas, gravosas, que ultrapassem os limites da vida cotidiana.
C.2.9) LEGITIMAÇÃO PARA PLEITEAR O DANO MORAL. INDETERMINAÇÃO DE OFENDIDOS.
a) Art. 20 § único, CC: “Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.”
 Esta é a regra adotada para parentes postularem proteção ao nome mas pode ser usada para postulação de indenização por dano moral porque são parentes que costuma estar em estreita relação com a vítima.
* Caso concreto: 
 Morreu detento Seus nove irmãos, além de outros parentes, ingressaram com ação de indenização por danos morais em face do Estado A princípio, o Estado teria dever de indenizar mas neste caso a Câmara não concedeu indenização pois, como esses parentes não tinham estreita relação com a vítima, não houve ofensa a bens integrantes de suas personalidades.
b) O nosso Código Civil não dispõe nada a respeito sobre a legitimação para pleitear o dano moral. A regra do seu art. 948, II, entretanto, embora pertinente ao dano material, pode ser APLICADA ANALOGICAMENTE para limitar a indenização pelo dano moral àqueles que estavam em ESTREITA RELAÇÃO COM A VÍTIMA, como o cônjuge, companheira, filhos, pais e irmãos menores que vivam sob o mesmo teto. Em favor destes há uma presunção júris tantum de dano moral por lesões sofridas pela vítima ou em razão de sua morte.
 Para o prof°, é a regra correta. A partir daí, é preciso provar esse relacionamento estreito.
 A jurisprudência tem aplicado a legitimação para pleitear o dano material ao dano moral. 
 Para o prof°, é preciso:
1°) BUSCAR A SOLUÇÃO NO NEXO CAUSAL: é preciso verificar se houve dano moral, se houve uma relação de causalidade entre a conduta e o dano, SE ESSA PESSOA QUE PLEITEIA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL TEVE UM BEM INTEGRANTE DA PERSONALIDADE ATINGIDO, se realmente aquela morte ocasionou lesão na sua formação psicológica, na sua formação familiar, etc.
2°) Verificar a INTIMIDADE DA VÍTIMA COM AS PESSOAS QUE PLEITEIAM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS (cônjuge / companheiro, filhos, pais e até avós e netos, dependendo da família). Havendo uma relação familiar íntima, haverá legitimidade para pleitear indenização. Há uma presunção iuris tantum de que essas pessoas sofrem com a perda do ente. A partir daí, é preciso provar esse relacionamento estreito.
C.2.10) TRANSMISSIBILIDADE DO DANO MORAL
- O dano moral pode ou não ser transmitido aos herdeiros?
AULA 5 - CASO 1
Joana e João da Silva ajuizaram ação de indenização em face do Estado do Rio de Janeiro, pretendendo a condenação do réu ao ressarcimento de dano moral. Alegam que os servidores estaduais, José da Silva e Aroldo dos Santos, assinaram, divulgaram e promoveram a distribuição de Edital comunicando suspeita de caso de AIDS no Município de Rio das Pedras, mencionando o nome do falecido, filho dos autores, motivo pelo qual ensejou punição em inquérito administrativo.
Aduziram que a mencionada divulgação pública da suspeita da doença, atribuída ao falecido pelos agentes do Estado, violou o seu direito à intimidade, à vida privada e à imagem, acarretando-lhe constrangimentos de toda a ordem.
O Estado do Rio de Janeiro contestou o pedido autoral, afirmando que, em se tratando de direito personalíssimo, tal como o direito à honra, o direito de exigir a reparação do dano e o dever de indenizar o prejuízo são inadmissíveis. Aduziram que os bens morais desaparecem com o próprio indivíduo, impossibilitando a transmissibilidade sucessória e o exercício dessa ação por via subrogatória. 
Diante do caso concreto, aborde a possibilidade de os pais pleitearem a reparação civil pelos danos ocasionados a seu filho no presente caso.
R:	No que diz respeito à transmissibilidade do dano moral por direito hereditário, doutrina e jurisprudência divergem, existindo 3 posicionamentos:
1° Posicionamento:
Os adeptos desta corrente defendem que os BENS OFENDIDOS pelo dano moral são BENS PERSONALÍSSIMOS e essa personalidade cessa com a MORTE, impossibilitando a transmissibilidade sucessória e o exercício dessa ação por via subrogatória. Inadmissível, assim, o direito de exigir a reparação do dano e o dever de indenizar o prejuízo. Logo, só a própria vítima tem a legitimação para pleitear indenização por dano moral.
Assim, se for adotado este entendimento, é de ser acolhida a preliminar de ilegitimidade ad causam, porquanto apenas a própria vítima tem a legitimação para pleitear indenização por dano moral.
Direito à defesa da honra e sua reparabilidade material a título de dano moral – Direito personalíssimo o da defesa da honra – Impossível o seu exercício por terceiro, aplicável o art. 6° c/c 3°, do CPC, ainda que herdeiros diretos (filhos) – Sentença que, acolhendo preliminar de ilegitimidade ad causam ativa, extinguiu o feito mantida.
(Apelação Cível n° 15.817/98 - 2ª Câmara Cível - Tribunal de Justiça do RJ - Rel. Desª. Maria Stella Rodrigues)
2° posicionamento (corrente intermediária)
A indenização por dano moral pode ser pleiteada pelos herdeiros, desde que a própria vítima tenha proposto a ação indenizatória (começou a exercer o direito de pleitear a indenização). 
Assim, se a vítima do dano moral falece no curso da ação indenizatória, é irrecusável que o herdeiro suceda o morto no processo, por se tratar de ação de natureza patrimonial. Exercido o direito de ação pela vítima, o conteúdo econômico da reparação do dano moral fica configurado e, como tal, transmite-se aos sucessores. Esse entendimento é predominante no Superior ribunal de Justiça (REsp 11.735-0-PR, rel. Min. Eduardo Ribeiro).
No entanto, se a vítima do dano moral falece antes de intentar a ação indenizatória, “não existe o jus hereditatis relativamente aos danos morais, tal como acontece com os danos materiais. A personalidade morre com o indivíduo, arrastando atrás de si todo o seu patrimônio. Só os bens materiais sobrevivem ao seu titular” (Wilson Melo Silva IN: Cavalieri Filho, Sérgio, 2007).
Acaso seja adotado este entendimento, não haverá possibilidade de, no presente caso, os pais pleitearem a reparação civil pelos danos ocasionados a seu filho, tendo de ser exitinto o feito por ilegitimidade ad causam.
3° Posicionamento (prevalece na doutrina e jurisprudência):
Esta corrente defende a transmissibilidade do direito à indenização pelo dano moral. Sustenta que o que se extingue com a MORTE é a PERSONALIDADE (isto é, depois que a pessoa morreu não há mais como sofrer dano moral), portanto, o que se transmite é o DIREITO À INDENIZAÇÃO PELO DANO MORAL / MATERIAL (que tem CARÁTER PATRIMONIAL, OBRIGACIONAL, e não caráter personalíssimo), é a reparação pela indenização, E NÃO O PRÓPRIO DANO MORAL. O dano moral, que sempre decorre de uma agressão a bens integrante da personalidade (honra, imagem, bom nome, dignidade, etc), só a vítima pode sofrer, e enquanto viva, porque a personalidade, não há dúvida, extingue-se com a morte. Mas o que se extingue é a personalidade, e não o dano consumado, nem o direito à indenização. Perpetrado o dano (moral ou material, não importa) contra a vítima quando ainda viva, o direito à indenização correspondente não se extingue com sua morte. E assim é porque a obrigação de indenizar o dano moral / material nasce no momento em que o agente inicia a prática do ato ilícito e o bem juridicamente tutelado sofre a lesão. 
	O art. 943, CC prevê: “O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança”. Vê-se, por esse ângulo, que é possível a transmissão do direito à indenização por dano moral, e

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