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X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 X Salão de Iniciação Científica PUCRS A relação entre direito e religião na origem das leis nos povos antigos Skárlett Régis de Moura, Tarcísio Vilton Meneghetti, Josemar Sidinei Soares (orientador) Curso de Direito,Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI, Grupo de Pesquisa em Filosofia do Direito – Grupo PAIDÉIA Resumo Introdução O presente resumo tem como objetivo tratar sobre a origem das leis no livro A Cidade Antiga. Para entender as Leis é essencial estudar a influência que ela sofre da religião, tendo em vista que em muitos casos as leis derivam da religião. É importante estudar a origem do direito nos povos antigos é a relevância que essas leis primitivas tiveram para o desenvolvimento do Direito Positivo. Metodologia Esta pesquisa foi desenvolvida a partir do método indutivo, através de pesquisa bibliográfica. Resultados (ou Resultados e Discussão) Entre os gregos e romanos, também entre os hindus as leis surgiram como parte da religião e eram fundamentadas e originadas dela. A princípio as normas do Direito eram dispostas dentre as regras religiosas. As leis mais antigas regiam sobre tudo. Podem-se citar as Leis das 12 Tábuas, nela se encontram descrições sobre os ritos religiosos, bem como Sólon, que apesar de ser denominado legislador, sua obra contempla também sobre os rituais e cultos sagrados. Além do mais, acreditavam não ser os legisladores os verdadeiros autores das leis, os antigos afirmavam que as leis eram oriundas dos Deuses. Atendo-se ao fato de que legislador 2419 X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 é quem escreve a lei através de sua competência intelectual e a impõe aos outros, este, de fato, não existiu. Tampouco a lei veio do povo diretamente, ela vem de algo muito mais antigo e estável, das Crenças Antigas. “Não foi da interrogação da consciência do homem que nasceu o Direito Antigo” comprova-se isso ao confrontar as leis com as necessidades da sociedade. Percebe-se que há uma contradição, pois de fato as leis não condizem com a equidade natural e sim com as crenças religiosas. “A religião dizia: o filho continua o culto, não a filha; e a lei repetia com a religião: o filho herda, a filha não”, a lei deveria estar em conformidade com a religião e era de fato a aplicação da religião dentro das relações humanas. Mesmo quando a vontade do homem passou a ser admitida, ainda havia de ser requisitado o consentimento da religião. A decisão do povo não era suficiente para aprovar uma lei, pois acima dele ainda havia de passar pela aprovação dos pontífices. Razão pela qual o povo antigo respeitava tanto as leis, para eles elas não eram humanas, mas sagradas, divinas, desobedecer-lhas era cometer sacrilégio. A exemplo disso o autor cita Platão, que afirma que desobedecer as leis era desobedecer aos deuses. Ele mostra-nos Sócrates, que fez o que a lei lhe exigiu, entregando-lhe sua vida. (COULANGES, 2008, p. 209). A lei teria um caráter eterno, imutável, mesmo quando houvesse outra lei a contradizendo era impossível sua substituição. Novas leis eram desenvolvidas, porém as antigas não poderiam ser revogadas, a pedra a qual se gravava uma lei era sagrada, inviolável. Ela não poderia ser discutida, pois não era obra de alguma autoridade, era divina. A priori as leis eram passadas de pais para filhos através das crenças, surge nesse contexto uma idéia de Direito Natural, onde as leis não necessitavam serem escritas, e mesmo quando começou a ser escrita, a lei continuava ligada a um naturalismo religioso. O formato em que eram dispostas a leis assemelhava-se com os dos versículos dos livros sagrados. O autor cita ainda Aristóteles, que alega as leis serem cantadas antes mesmo de serem escritas. (COULANGES, 2008, p. 210). Para os antigos a lei está vinculada à religião de tal forma que quem não participava dos cultos não era beneficiado pelas Leis. Os Estrangeiros e os Plebeus não eram amparados pela lei, nem os escravos, pois não eram participantes da religião da cidade. Os estrangeiros e cidadãos poderiam viver lado a lado, porém não poderiam estabelecer nenhum vinculo jurídico, se fosse credor de algum cidadão não poderia propor uma ação para o pagamento da divida, pois a lei de forma alguma o protegia. 2420 X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 Conclusão Ante o que foi apresentado acima acerca da Lei na Cidade Antiga, torna-se possível concluir que para os antigos a lei é um aspecto da religião, e dela dependia desde para sua formação, até para sua efetivação. Era a manifestação do Direito Natural, eterno, mas como a sociedade era toda desenvolvida a partir da religião, o Direito também o era. A Religião pode influenciar na formação das leis, e mesmo as leis positivas, antes de serem postas eram repetidas por gerações na forma de costumes. Referências DE COULANGES, F. A Cidade Antiga. São Paulo: Martin Claret, 2008. LLOYD-JONES, H. O Mundo Grego. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1965. JARDE, A. A Grécia antiga e a vida grega. São Paulo: EPU, EDUSP, 1977. REDE, Marcelo. A Grécia Antiga. São Paulo: Saraiva, 1999. ZAIDMAN, Louise Bruit; SCHMITT PANTEL, Pauline. Religion in the ancient Greek city. Cambridge; New York: Cambridge University Press, 1992. 2421
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