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DIREITO PENAL 
 
 
1. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL E INTERPRETAÇÃO DA LEI 
PENAL 
 
Princípio da Legalidade: O princípio da reserva legal delimita o poder 
punitivo do Estado e dá ao Direito Penal uma função garantista, pois define o 
delito e a pena, ficando os cidadãos cientes de que só pelos fatos 
anteriormente delineados como crimes poderão ser responsabilizados 
criminalmente e apenas naquelas sanções previamente fixadas podem ser 
processados e condenados. O referido princípio se desdobra em quatro 
princípios: 
a) nullum crimen, nulla poena sine lege praevia (proibição da edição de leis 
retroativas que fundamentam ou agravem a punibilidade) 
b) nullum crimen, nulla poena sine lege scripta (proibição da 
fundamentação ou do agravamento da punibilidade pelo direito 
consuetudinário); 
c) nullum crimen, nulla poena sine lege stricta (proibição da fundamentação 
ou do agravamento da punibilidade pela analogia); 
d) nullum crimen, nulla poena sine lege certa (a proibição de leis penais 
indeterminadas). 
 
Princípio da Intervenção Mínima: A aplicação abusiva da previsão 
legislativa penal faz com que ela perca parte de seu mérito e, assim, sua força 
intimidadora. O princípio da intervenção mínima está diretamente ligado aos 
critérios do processo legislativo de elaboração de leis penais, servindo, num 
primeiro momento, como regra de determinação qualitativa abstrata para o 
processo de tipificação das condutas, e, num segundo momento, juntamente 
com o princípio da proporcionalidade dos delitos e das penas, cominar a 
sanção pertinente. Destarte, surge como tendência, a idéia de que só se deve 
criminalizar condutas de efetiva gravidade e que atinjam bens fundamentais, 
valores básicos de convívio social. 
 
Princípio da Humanidade: A Declaração dos Direitos do Homem disciplina 
em seu artigo 5º, que: "ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou 
castigo cruel, desumano e degradante". No mesmo sentido, a Convenção 
Internacional sobre Direitos Políticos e Civis, de 1966, dispõe em seu artigo 10, 
inciso I, que: "o preso deve ser tratado humanamente, e com o respeito que lhe 
corresponde por sua dignidade humana". A Constituição Federal de 1988 
trouxe diversos dispositivos onde se constata a consagração do princípio da 
humanidade. Exemplo: artigo 5, inciso XLIX, da Lei Maior, que: "é assegurado 
aos presos o respeito à integridade física e moral". O próximo inciso do mesmo 
artigo assevera que: "às presidiárias são asseguradas as condições para que 
possam permanecer com seus filhos durante o período da amamentação". 
Ainda mais enfatizante é o inciso XLVII, do citado artigo, que dispõe: "não 
haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do 
artigo 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de 
banimento; e) cruéis". 
 
Princípio da Pessoalidade: Aduz que a pena não pode passar da pessoa 
que praticou o delito. A Carta Magna em vigor disciplina no artigo 5º, inciso 
XLV que: "nenhuma pena passará da pessoa do condenado (...)". 
A pena não se pode estender a pessoas que não participaram do delito, 
ainda que haja laços de parentesco, afinidade ou amizade com o condenado. 
Não se pode olvidar, contudo, que a pena pode gerar danos e sofrimentos a 
terceiros, em especial a família. Assim, determinadas legislações vêm 
disciplinando a criação de institutos que auxiliam tanto a família do 
sentenciado, como a vítima do delito. 
 
Princípio da Individualização da Pena: A legislação constitucional pátria 
consagrou o princípio no artigo 5, inciso XLVI, dispondo que: "a lei regulará a 
individualização da pena". A individualização da pena passa por três fases 
distintas: A legislativa, a judicial e a executória ou administrativa. 
No primeiro momento, a lei delimita as penas para cada tipo de delito, 
guardando proporcionalidade com a importância do bem jurídico defendido e 
com o grau de lesividade da conduta. Nesta fase, ainda, se estabelece as 
espécies de penas que podem ser aplicadas, de forma cumulativa, alternativa 
ou exclusiva. 
Na segunda fase, ocorre a individualização realizada pelos magistrados. 
Diante das diretrizes fixadas pela legislação, o juiz vai decidir qual das penas 
deve ser aplicada e qual a sua quantidade, dentro dos limites trazidos no 
preceito penal secundário, determinando, inclusive, o meio de sua execução. 
As regras básicas da individualização da pena, em nosso Código Penal, estão 
previstas no artigo 59 e não podem deixar de ser observadas pelo juiz. 
A terceira e última etapa da individualização da pena ocorre com sua 
execução e é denominada de individualização administrativa ou 
individualização executória. A Constituição Federal traz alguns preceitos que 
devem ser respeitados na etapa executória. No artigo 5ª, inciso XLIX, diz ser 
"assegurado aos presos o respeito a integridade física e moral". Já no inciso 
XLVIII, do mesmo artigo, se impõe que o cumprimento da pena se dará em 
estabelecimentos que atendam "a natureza do delito, a idade e o sexo do 
apenado". 
Princípio da Consunção : É o princípio segundo o qual um fato mais amplo 
e mais grave consome, isto é, absorve outros fatos menos amplos e graves, 
que funcionam como fase normal de preparação ou execução ou mero 
exaurimento. 
 
 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
 
A legislação penal constitui obra humana, suscetível de imperfeições, de 
obscuridades. Interpreta-se a lei penal, uma vez que, ela possui sentido e 
alcance próprios. A interpretação consiste em extrair da norma o seu 
verdadeiro significado e conteúdo, face a realidade para aplicação ao caso 
concreto. Espécies de Interpretação: 
 
a) Quanto ao sujeito a interpretação pode ser: 
 
AUTÊNTICA: Quando procede do próprio órgão elaborador da norma. 
Podendo ser: Contextual - feita pelo próprio sujeito que elaborou a norma 
ou quando está no próprio texto da lei; ou Posterior - interpretação efetuada 
depois de editada a lei, 
 
DOUTRINÁRIA: Efetuada pelos escritores de Direito em seus comentários 
às leis, sendo denominado "Communis Opinio Doctorum". Não tem força 
obrigatória pela diversidade de pensamentos. 
 
JUDICIAL OU JURISPRUDENCIAL: Efetuada pelos órgãos do Poder 
Judiciário através de juízes e tribunais, tendo força obrigatória para o caso 
concreto desde que sobrevenha à coisa julgada e esteja coberta pela 
imutabilidade. Se ultrapassado o prazo de recurso faz coisa julgada material. 
 
b) Quanto ao Meio Empregado: 
 
GRAMATICAL: Análise do texto legal verificando o que dizem as palavras da 
lei. 
 
LÓGICA OU TELEOLÓGICA: Consiste em indagar a vontade da lei, levando 
em consideração os motivos que determinaram a sua produção. As 
necessidades, os aspectos históricos, o direito comparado e elementos extra-
jurídicos: química, biologia, psiquiatria, etc. 
 
c) Quanto ao Resultado: 
 
DECLARATIVA: Quando a eventual dúvida se resolve pela letra e vontade 
da lei, sem necessidade de conferir um sentido mais amplo ou restrito. Não 
precisa restringir ou estender; porque está escrito. 
 
RESTRITIVA: Quando o texto da lei disser mais que a sua vontade, surgindo 
a necessidade de restringir o alcance de suas palavras. 
 
EXTENSIVA: Nesse caso o texto da lei disse menos do que deveria dizer. 
 
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA OU INTRA: É permitida toda vez que 
houver uma fórmula casuística seguindo uma cláusula genérica, a qual deve 
ser interpretada de acordo com os casos anteriormente elencados na 
interpretação extensiva em que a própria lei determina que se estenda o seu 
conteúdo. Exemplos de fórmulas casuísticas: traição, emboscada e 
dissimulação. Exemplo de cláusula genérica: outro recurso. 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
01. (Secretário de Diligências – MPE/RS – FCC – 2008) Tendo em conta o 
Princípio da Reserva Legal, é correto afirmar que 
a) é lícita a aplicação de pena não prevista em lei se o fato praticado pelo 
agente for definido como crime no tipo penal. 
b) o juiz pode fixar a pena a ser aplicada ao autordo delito acima do máximo 
previsto em lei, aplicando os costumes vigentes na localidade em que ocorreu. 
c) é vedado o uso da analogia para punir o autor de um fato não previsto em 
lei como crime, mesmo sendo semelhante a outro por ela definido. 
d) fica ao arbítrio do juiz determinar a abrangência do preceito primário da 
norma incriminadora se a descrição do fato delituoso na norma penal for vaga e 
indeterminada. 
e) o juiz tem o poder de impor sanção penal ao autor de um fato não descrito 
como crime na lei penal, se esse fato for imoral, anti-social ou danoso à 
sociedade. 
 
02. (Advogado – UDESC – FEPESE – 2010) Assinale a alternativa correta. 
a) O princípio da humanidade das penas está consagrado na Constituição 
Federal. 
b) O princípio da aplicação da lei mais benéfica não é utilizado pelo direito 
penal. 
c) O princípio da intervenção mínima não se confunde com o principio da 
ultima ratio. 
d) Por força do princípio da insignificância não são punidos os crimes de 
menor potencial ofensivo 
e) A existência de crimes funcionais ofende o princípio da igualdade 
 
03. (Defensoria Pública – DPE/SP – FCC – 2010) A absorção do crime-
meio pelo crime-fim configura aplicação do princípio da 
a) sucessividade 
b) alternatividade 
c) consunção 
d) especialidade 
e) subsidiariedade 
 
04. (Defensoria Pública – DPE/MA – FCC – 2009) Na consideração de que 
o crime de falso se exaure no estelionato, responsabilizando-se o agente 
apenas por este crime, o princípio aplicado para o aparente conflito de normas 
é o da 
a) subsidiariedade 
b) consunção 
c) especialidade 
d) alternatividade 
e) instrumentalidade 
 
05. (Técnico Administrativo – MPE/AP – FCC – 2009) O princípio 
constitucional que assegura ao acusado o direito de ampla defesa, em 
processo em que seja assegurada a igualdade das partes, denomina-se 
princípio 
a) juiz natural 
b) do estado de inocência 
c) da verdade real 
d) da obrigatoriedade 
e) do contraditório 
 
 
06. (Técnico do Ministério Público – MPE/SE – FCC – 2009) O art. 5º, 
LVII, da Constituição Federal dispõe que "ninguém será considerado culpado 
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória". Nesse dispositivo 
constitucional está consagrado o princípio 
a) da anterioridade da lei penal. 
b) da presunção de inocência. 
c) da legalidade. 
d) do contraditório 
e) do juiz natural 
 
07. (Técnico Administrativo - MPU – FCC – 2007) Dispõe o artigo 1º do 
Código Penal: "Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem 
prévia cominação legal". Tal dispositivo legal consagra o princípio da 
a) ampla defesa. 
b) legalidade. 
c) presunção de inocência. 
d) dignidade. 
e) isonomia. 
 
GABARITO: 
 
01 C 
02 A 
03 C 
04 B 
05 E 
06 D 
07 B 
 
 
2. DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
 
 
 
ANTERIORIDADE DA LEI 
 
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não 
há pena sem prévia cominação legal. 
 
LEI PENAL NO TEMPO 
 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei 
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude 
dela a execução e os efeitos penais da sentença 
condenatória. 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo 
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda 
que decididos por sentença condenatória transitada em 
julgado. 
 
A lei que revoga um tipo incriminador extingue o direito de punir (abolitio 
criminis). A conseqüência do abolitio criminis é a extinção da punibilidade do 
agente. Por beneficiar o agente, o abolitio criminis alcança fatos anteriores e 
será aplicado pelo Juiz do processo, podendo ser aplicado antes do final do 
processo, levando ao afastamento de quaisquer efeitos da sentença, ou após a 
condenação transitada em julgado. No caso de já existir condenação transitada 
em julgado, o abolitio criminis causa os seguintes efeitos: a extinção imediata 
da pena principal e de sua execução, a libertação imediata do condenado 
preso e extinção dos efeitos penais da sentença condenatória (Exemplo: 
reincidência, inscrição no rol dos culpados, pagamento das custas etc.). 
Vale lembrar que os efeitos extrapenais, contudo, subsistem, como a perda 
de cargo público, perda de pátrio poder, perda da habilitação, confisco dos 
instrumentos do crime etc. A competência para a aplicação do abolitio criminis 
após o trânsito em julgado é do juízo da execução: 
 
Súmula nº 611 do STF: “Transitada em julgado a 
sentença condenatória, compete ao juízo das execuções 
a aplicação da lei mais benigna. 
 
O parágrafo único do artigo 2º trata do fenômeno da extratividade da lei 
penal, ou seja; a lei pode retroagir SOMENTE quando para beneficiar o agente. 
Extratividade: É o fenômeno pelo qual a lei produz efeitos fora de seu 
período de vigência. Divide-se em duas modalidades: retroatividade e 
ultratividade. 
Na retroatividade, a lei retroage aos fatos anteriores à sua entrada em vigor, 
se houver benefício para o agente; enquanto na ultratividade, a lei produz 
efeitos mesmo após o término de sua vigência. 
Não há que se falar em conflito de leis entre o artigo primeiro (legalidade) e o 
parágrafo único do artigo 2º (extratividade). Vejamos: 
a) No artigo 1º, decretando a irretroatividade da lei, o Código Penal (CP) 
procurou defender a dignidade humana e a estrutura democrática brasileiras, 
ambos fundamentos cruciais à existência da nossa República federativa (Art. 
1º, III e Parágrafo Único da CF-88), porque trata-se de uma barreira à 
discricionariedade estatal no que se refere à punição. Ele reflete o objetivo 
claro de controle dos bens jurídicos da sociedade. O que seria de uma nação 
se qualquer pessoa com poder pudesse escolher as condutas que devem ser 
punidas e assim fazê-lo do modo que lhe der mais satisfação? 
b) O artigo 2º, por sua vez, em seu parágrafo único, faz exatamente o 
mesmo do artigo 1º. A retroatividade que valida é restringida aos efeitos 
benéficos do dispositivo penal em questão, o que é relacionado com os 
objetivos da punição estatal e igualmente ao princípio da dignidade humana, 
porque evitar que as mudanças sociais se estendam àqueles que, por exemplo, 
têm o direito constitucional de ir e vir cerceado por uma conduta que não é 
mais considerada lesiva, é negar a igualdade de tratamento do Estado a toda a 
sociedade, sobretudo quanto à defesa da dignidade e quanto à justiça, ambos 
também explicitamente acobertas constitucionalmente. 
 
LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA 
 
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora 
decorrido o período de sua duração ou cessadas as 
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato 
praticado durante sua vigência. 
 
As leis acima citadas são auto-revogáveis, ou seja, são exceções à regra de 
que uma lei se revoga por outra lei. Subdividem-se em duas espécies: 
• leis temporárias: Aquelas que já trazem no seu próprio texto a data de 
cessação de sua vigência, ou seja, a data do término de vigência já se 
encontra explícito no texto da lei. 
• leis excepcionais: Aquelas feitas para um período excepcional de 
anormalidade. São leis criadas para regular um período de instabilidade. Neste 
caso, a data do término de vigência depende do término do fato para o qual ela 
foi elaborada. 
Estas duas espécies são ultrativas, ainda que prejudiquem o agente 
(Exemplo: Num surto de febre amarela é criado um crime de omissão de 
notificação de febre amarela; caso alguém cometa o crime e logo em seguida o 
surto seja controlado, cessando a vigência da lei, o agente responderá pelo 
crime). Se não fosse assim, a lei perderia sua força coercitiva, visto que o 
agente, sabendo qual seria o término da vigência da lei, poderia retardar o 
processo para que não fosse apenado pelo crime. 
 
TEMPO DO CRIME 
 
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da 
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do 
resultado. 
 
Trata-se da fixação do tempo em que crime reputa-se praticado. Existem 
três teorias sobre o tempo do crime: 
• Teoria da atividade: O tempo do crime é o tempo da ação, ou seja, éo 
tempo que se realiza a ação ou a omissão que vão configurar o crime; 
• Teoria do resultado: O tempo do crime é o tempo que se produz o 
resultado, sendo irrelevante o tempo da ação; 
• Teoria mista ou da ubiqüidade: O tempo do crime será tanto o tempo da 
ação quanto o tempo do resultado. 
A teoria utilizada pelo Código Penal (CP) é a teoria da atividade. Na teoria 
da atividade o agente, em caso de lei nova, responderá sempre de acordo com 
a última lei vigente, seja ela mais benéfica ou não. 
 
TERRITORIALIDADE 
 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de 
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao 
crime cometido no território nacional. 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como 
extensão do território nacional as embarcações e 
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do 
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem 
como as aeronaves e as embarcações brasileiras, 
mercantes ou de propriedade privada, que se achem, 
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em 
alto-mar. 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes 
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações 
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas 
em pouso no território nacional ou em vôo no espaço 
aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial 
do Brasil. 
 
LUGAR DO CRIME 
 
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que 
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem 
como onde se produziu ou deveria produzir-se o 
resultado. 
 
Para os crimes de espaço máximo ou à distancia (crimes executados em um 
país e consumados em outro) foi adotada a teoria da ubiqüidade, ou seja, a 
competência para o julgamento do fato será de ambos os países. 
Para os chamados “delitos plurilocais” (ação se dá em um lugar e o 
resultado em outro dentro de um mesmo país), foi adotada a teoria do 
resultado (art. 70 do CPP), ou seja, o foro competente é o foro do local do 
resultado. Nas infrações de competência dos Juizados Especiais Criminais, a 
Lei 9.099/95 seguiu a teoria da atividade, ou seja, o foro competente é o da 
ação. 
 
EXTRATERRITORIALIDADE 
 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos 
no estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da 
República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito 
Federal, de Estado, de Território, de Município, de 
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia 
ou fundação instituída pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu 
serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou 
domiciliado no Brasil; 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a 
reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, 
mercantes ou de propriedade privada, quando em 
território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a 
lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no 
estrangeiro. 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira 
depende do concurso das seguintes condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei 
brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não 
ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por 
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a 
lei mais favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido 
por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, 
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA: O art. 7º do CP prevê a 
aplicação da lei brasileira a crimes cometidos no estrangeiro. São os casos de 
extraterritorialidade da lei penal. 
� O inciso I refere-se aos casos de extraterritorialidade incondicionada, 
uma vez que é obrigatória a aplicação da lei brasileira ao crime cometido fora 
do território brasileiro. 
� As hipóteses direito inciso I, com exceção da última (d), fundadas no 
princípio de proteção, são as consignadas nas alíneas a seguir enumeradas: 
a) Contra a vida ou a liberdade do presidente da república. 
b) Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do distrito federal, de 
estado, de território, de município, de empresa pública, sociedade de economia 
mista, autarquia ou fundação instituída pelo poder público; 
c) Contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) De genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. 
Nesta última hipótese adotou-se o princípio da justiça ou competência 
universal. Em todas essas hipóteses o agente é punido segundo a lei brasileira, 
ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. 
 
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA: O inciso II, do art. 7º, prevê 
três hipóteses de aplicação da lei brasileira a autores de crimes cometidos no 
estrangeiro. São os casos de extraterritorialidade condicionada, pois dependem 
dessas condições: 
a) Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir. 
Utilizou-se o princípio da justiça ou competência universal; 
b) Crimes praticados por brasileiro. Tendo o país o dever de obrigar o seu 
nacional a cumprir as leis, permite-se a aplicação da lei brasileira ao crime por 
ele cometido no estrangeiro. Trata-se do dispositivo da aplicação do princípio 
da nacionalidade ou personalidade ativa; 
c) Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes 
ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam 
julgados. Inclui-se no CP o princípio da representação. 
A aplicação da lei brasileira, nessas três hipóteses, fica subordinada a todas 
as condições estabelecidas pelo § 2º do art. 7º. Depende, portanto, das 
condições a seguir relacionadas: 
� A Entrada do agente no território nacional; 
� Ser o fato punível também no país em que foi praticado. Na hipótese de 
o crime ter sido praticado em local onde nenhum país tem jurisdição (alto mar, 
certas regiões polares), é possível a aplicação da lei brasileira. 
� Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição 
� Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não 
estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
 
O art. 7º, § 3º, prevê uma última hipótese da aplicação da lei brasileira: A do 
crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. É ainda um 
dispositivo calcado na teoria de proteção, além dos casos de 
extraterritorialidade incondicionada. Exige o dispositivo em estudo, porém, além 
das condições já mencionadas, outras duas: 
� Que não tenha sido pedida ou tenha sido negada a extradição (pode ter 
sido requerida, mas não concedida; 
� Que haja requisição do ministro da justiça. 
 
 
PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO 
 
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena 
imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou 
nela é computada, quando idênticas. 
 
Considerando que, sendo possível a aplicação da lei brasileira a crimes 
cometidos em território de outro país, ocorrerá também a incidência da lei 
estrangeira, dispõe o código como se deve proceder para se evitar a dupla 
posição. Cumprida a pena pelo sujeito ativo do crime no estrangeiro, será ela 
descontada na execução pela lei brasileira, quando forem idênticas, 
respondendo efetivamente o sentenciado pelo saldo a cumprir se a pena 
imposta no Brasil for mais severa. Se a pena cumprida no estrangeiro for 
superior à imposta no país, é evidente que esta não será executada. 
No caso de penas diversas, aquela cumprida no estrangeiro atenuará a 
aplicada no Brasil, de acordo com a decisão do juiz no caso concreto, já que 
não há regraslegais a respeito dos critérios de atenuação que devem ser 
obedecidos. 
 
EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA 
 
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei 
brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, 
pode ser homologada no Brasil para: 
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a 
restituições e a outros efeitos civis; 
II - sujeitá-lo a medida de segurança. 
Parágrafo único - A homologação depende: 
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte 
interessada; 
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de 
extradição com o país de cuja autoridade judiciária 
emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição 
do Ministro da Justiça. 
 
Quanto à eficácia de sentença estrangeira, o Código Penal, em seu Art. 9°, 
em consonância com o Art. 105, I, da Constituição Federal (CF), prescreve que 
a sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie 
as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para: I – obrigar o 
condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; II – 
sujeitá-lo a medida de segurança. É importante anotar também que a contagem 
de prazo inclui o dia de começo em seu cômputo. Contam-se os dias, os 
meses e os anos pelo calendário comum (Art. 10, CPB). O fundamento da 
homologação da sentença estrangeira está no entendimento de que nenhuma 
sentença de caráter criminal que emane de autoridade jurisdicional estrangeira 
terá eficácia em determinado Estado sem o seu consentimento, pois o direito 
penal é fundamentalmente territorial. 
 
 
CONTAGEM DE PRAZO 
 
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. 
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário 
comum. 
 
A contagem do prazo penal tem relevância especial nos casos de duração 
de pena, do livramento condicional, do sursis, Da decadência, da prescrição, 
etc., institutos de direito penal. 
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. Há no caso 
imprecisão tecnológica. O calendário comum a que se refere o legislador tem o 
nome de gregoriano, em contraposição ao juliano, judeu, árabe, etc. 
 
FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA 
 
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade 
e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena 
de multa, as frações de cruzeiro. 
 
Também se tem entendido que, por analogia com o art. 11, deve ser 
desprezada a fração de dia multa, como se faz para o dia de pena privativa de 
liberdade. Extintos o cruzeiro antigo e o cruzado, o novo cruzeiro e o cruzeiro 
real, o real é a unidade monetária nacional, devendo ser desprezados os 
centavos, fração da nova moeda brasileira. 
 
 
LEGISLAÇÃO ESPECIAL 
 
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos 
fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser 
de modo diverso. 
 
EXERCÍCIOS 
 
01. (OAB/138º) Sobre norma e lei penal, assinale a alternativa CORRETA: 
a) A lei penal pode retroagir em qualquer caso. 
b) A lei penal brasileira aplica-se a todos os crimes ocorridos no Brasil. 
c) A lei penal brasileira não se aplica a nenhum crime ocorrido fora do 
território nacional. 
d) Admite-se a interpretação extensiva in bonam partem (em favor do 
acusado). 
 
02. (MPE/RS – Secretário de Diligências – FCC – 2010) Em tema de 
aplicação da lei penal, é INCORRETO afirmar: 
a) Na contagem do prazo pelo Código Penal, não se inclui no seu cômputo, 
o dia do começo, nem se desprezam na pena de multa, as frações de Real. 
b) Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou 
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria 
produzir-se o resultado. 
c) O princípio da legalidade compreende os princípios da reserva legal e da 
anterioridade. 
d) A regra da irretroatividade da lei penal somente se aplica à lei penal mais 
gravosa. 
e) As leis temporárias ou excepcionais são autorrevogáveis e ultrativas. 
 
03. (Analista Judiciário – TRT 8ª Região – FCC – 2010) João cometeu um 
crime para o qual a lei vigente na época do fato previa pena de reclusão. 
Posteriormente, lei nova estabeleceu somente a sanção pecuniária para o 
delito cometido por João. Nesse caso, 
a) a aplicação da lei nova depende da expressa concordância do Ministério 
Público. 
b) aplica-se a lei nova somente se a sentença condenatória ainda não tiver 
transitado em julgado. 
c) não se aplica a lei nova, em razão do princípio da irretroatividade das leis 
penais. 
d) aplica-se a lei nova, mesmo que a sentença condenatória já tiver 
transitado em julgado. 
e) a aplicação da lei nova, se tiver havido condenação, depende do 
reconhecimento do bom comportamento carcerário do condenado. 
 
04. (Analista Judiciário – TRT 8ª Região – FCC – 2010) José, brasileiro, 
cometeu crime de peculato, apropriando- se de valores da embaixada brasileira 
no Japão, onde trabalhava como funcionário público. Em tal situação, 
a) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido absolvido no 
Japão, por sentença definitiva 
b) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido processado pelo 
mesmo fato no Japão. 
c) aplica-se a lei brasileira, independentemente da existência de processo no 
Japão e de entrada do agente no território nacional. 
d) a aplicação da lei brasileira, independe da existência de processo no 
Japão, mas está condicionada à entrada do agente no território nacional. 
e) aplica-se a lei brasileira, somente se for mais favorável ao agente do que 
a lei japonesa. 
 
05. (Procurador – TCE/RO – FCC – 2010) No tocante à aplicação da lei 
penal, 
a) a lei brasileira adotou a teoria da ubiquidade quanto ao lugar do crime. 
b) a lei penal mais grave não se aplica ao crime continuado ou ao crime 
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da 
permanência, segundo entendimento sumulado do Supremo Tribunal Federal. 
c) a lei brasileira adotou a teoria do resultado quanto ao tempo do crime. 
d) o dia do fim inclui-se no cômputo do prazo, contando- se os meses e anos 
pelo calendário comum, desprezados os dias. 
e) compete ao juízo da causa a aplicação da lei mais benigna, ainda que 
transitada em julgado a sentença condenatória, segundo entendimento 
sumulado do Superior Tribunal de Justiça. 
 
06. (Analista de Promotoria – MP/SP – VUNESP – 2010) Considere que 
um indivíduo, de nacionalidade chilena, em território argentino, contamine a 
água potável que será utilizada para distribuição no Brasil e Paraguai. 
Considere, ainda, que neste último país, em razão da contaminação, ocorre a 
morte de um cidadão paraguaio, sendo que no Brasil é vitimado, apenas, um 
equatoriano. 
De acordo com a regra do art. 6.º, do nosso Código Penal ("lugar do crime"), 
considera-se o crime praticado 
a) na Argentina, apenas. 
b) no Brasil e no Paraguai, apenas. 
c) no Chile e na Argentina, apenas. 
d) na Argentina, no Brasil e no Paraguai, apenas. 
e) no Chile, na Argentina, no Paraguai, no Brasil e no Equador. 
 
07. (Magistratura – TJ/SP – VUNESP – 2009) A norma inserida no art. 7.º, 
inciso II, alínea "b", do Código Penal - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora 
cometidos no estrangeiro (...) os crimes (...) praticados por brasileiro - encerra o 
princípio 
a) da universalidade ou da justiça mundial. 
b) da territorialidade. 
c) da nacionalidade ou da personalidade ativa. 
d) real, de defesa ou da proteção de interesses. 
 
08. (Magistratura – TJ /GO – FCC – 2009) Pela regra da consunção, 
a) a norma especial afasta a geral. 
b) é admissível a combinação de normas favoráveis ao agente. 
c) a norma incriminadora de fato que constitui meio necessário para a prática 
de outro crime fica excluída pela que tipifica a conduta final. 
d) a norma subsidiária é excluída pela principal. 
e) o concurso material prevalece ao formal, se favorável ao agente. 
 
09. (Analista Judiciário – TER /AP – FCC – 2006) Considerando os 
princípios que regulam a aplicação da lei penal no tempo, pode-se afirmar que 
a) não seaplica a lei nova, mesmo que favoreça o agente de outra forma, 
caso se esteja procedendo à execução da sentença, em razão da imutabilidade 
da coisa julgada. 
b) pela abolitio criminis se fazem desaparecer o delito e todos os seus 
reflexos penais, permanecendo apenas os civis. 
c) em regra, nas chamadas leis penais em branco com caráter excepcional 
ou temporário, revogada ou alterada a norma complementar, desaparecerá o 
crime. 
d) a lei excepcional ou temporária embora decorrido o período de sua 
duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, não se aplica ao 
fato praticado durante a sua vigência. 
e) permanecendo na lei nova a definição do crime, mas aumentadas suas 
conseqüências penais, esta norma será aplicada ao autor do fato 
 
10. (Procurador do Estado – PGE/PE – CESPE – 2009) A respeito da 
aplicação da lei penal, assinale a opção correta. 
a) Quanto ao momento em que o crime é considerado praticado, a lei penal 
brasileira adotou expressamente a teoria da ubiquidade, desprezando a teoria 
da atividade. 
b) Com relação ao lugar em que o crime é considerado praticado, a lei penal 
brasileira adotou expressamente a teoria da atividade, desprezando a teoria da 
ubiquidade. 
c) Aplica-se a lei penal brasileira a crimes praticados contra a vida ou a 
liberdade do presidente da República, mesmo que o crime tenha ocorrido em 
outro país. 
d) Os agentes diplomáticos são imunes à lei civil do Brasil, mas não à lei 
penal. 
e) Os parlamentares não podem ser processados civilmente pelas opiniões 
que emitem no exercício de seus mandatos, mas estão sujeitos à sanção penal 
no caso de incorrerem em crime contra a honra. 
 
GABARITO: 
 
01 D 
02 A 
03 D 
04 C 
05 A 
06 D 
07 C 
08 C 
09 B 
10 C 
 
 
3. DO CRIME 
 
 
Crime é a ação ou omissão, imputável a pessoa, lesiva ou perigosa a 
interesse penalmente protegido, constituída de determinados elementos e 
eventualmente integrada por certas condições ou acompanhada de 
determinadas circunstâncias previstas em lei. É a violação de um bem 
penalmente protegido. Crime também pode ser conceituado como um fato 
típico e antijurídico. A culpabilidade constitui pressuposto da pena. 
Para que haja crime, é preciso uma conduta humana positiva ou negativa. 
Nem todo comportamento do homem, porém, constitui delito, em face do 
princípio da reserva legal. Logo, somente aqueles previstos na lei penal é que 
podem configurar o delito. 
Pode-se dizer, portanto, que o primeiro requisito do crime é o fato típico 
(previsto em lei). Contudo, não basta que o fato seja típico, é preciso que seja 
contrário ao direito: antijurídico. Isto porque, embora o fato seja típico, algumas 
vezes é considerado lícito (Exemplo: Legítima defesa). Logo, excluída a 
antijuridicidade, não há crime. 
O tipo é o modelo descritivo da conduta contido na lei. O tipo legal é 
composto de elementares e circunstâncias. 
Elementar: Vem de elemento, que é todo componente essencial do tipo sem 
o qual este desaparece ou se transforma em outra figura típica. 
Justamente por serem essenciais, os elementos estão sempre no caput 
(cabeça) do tipo incriminador (texto da lei penal), por isso o caput é chamado 
de tipo fundamental. (Exemplo: art. 121 matar alguém Matar é elementar do 
tipo) 
Circunstância: É aquilo que não integra a essência, ou seja, se for retirado, 
o tipo não deixa de existir. As circunstâncias estão dispostas em parágrafos 
(exemplo: qualificadoras, privilégios etc.), não servindo para compor a essência 
do crime, mas sim para influir na pena. 
O crime será mais ou menos grave em decorrência da circunstância, 
entretanto será sempre o mesmo crime (Exemplo: furto durante o sono noturno; 
o sono é circunstância, tendo em vista que, se não houver, ainda assim existirá 
o furto). 
 
Espécies de Elemento 
1) Elementos objetivos ou descritivos: são aqueles cujo significado 
depende de mera observação. Para saber o que quer dizer um elemento 
objetivo, o sujeito não precisa fazer interpretação. Todos os verbos do tipo 
constituem elementos objetivos (exemplo: matar, falsificar etc.). São aqueles 
que independem de juízo de valor, existem concretamente no mundo (exemplo: 
mulher, coisa móvel, filho etc.). Se um tipo penal possui somente elementos 
objetivos, ele oferece segurança máxima ao cidadão, visto que, qualquer que 
seja o aplicador da lei, a interpretação será a mesma. São chamados de tipo 
normal, pois é normal o tipo penal que ofereça segurança máxima; 
2) Elementos subjetivos: compõem-se da finalidade especial do agente 
exigida pelo tipo penal. Determinados tipos não se satisfazem com a mera 
vontade de realizar o verbo. Existirá elemento de ordem subjetiva sempre que 
houver no tipo as expressões “com a finalidade de”, “para o fim de” etc. (ex.: 
rapto com fim libidinoso etc.). O elemento subjetivo será sempre essa 
finalidade especial que a lei exige. Não confundir o elemento subjetivo do tipo 
com o elemento subjetivo do injusto, que é a consciência do caráter 
inadequado do fato, a consciência da ilicitude; 
3) Elementos normativos: É exatamente o oposto do elemento objetivo. É 
aquele que depende de interpretação para se extrair o significado, ou seja, é 
necessário um juízo de valor sobre o elemento. São elementos que trazem 
possibilidade de interpretações equívocas, divergentes, oferecendo um certo 
grau de insegurança. São chamados de tipos anormais porque possuem grau 
de incerteza, insegurança. 
Existem duas espécies de elementos normativos: 
• Elemento normativo jurídico: É aquele que depende de interpretação 
jurídica (exemplo: funcionário público, documento etc. Todos esses vêm 
definidos na lei); 
• Elemento normativo extrajurídico ou moral: É aquele que depende de 
interpretação não jurídica (ex.: mulher “honesta”). 
 
 
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE 
 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do 
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. 
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o 
resultado não teria ocorrido. 
 
No campo penal, a doutrina aponta três teorias a respeito da relação de 
causalidade: 
a) Da equivalência das condições ou equivalência dos antecedente ou 
conditio sine que non: Segundo a qual quaisquer das condutas que compõem 
a totalidade dos antecedentes é causa do resultado, como, por exemplo, a 
venda lícita da arma pelo comerciante que não tinha idéia do propósito 
homicida do criminoso comprador. Contudo, recebe críticas por permitir o 
regresso ao infinito já que, em última análise, até mesmo o inventor da arma 
seria causador do evento, visto que, se arma não existisse, tiros não haveria; 
b) Da causalidade adequada: Considera causa do evento apenas a ação 
ou omissão do agente apta e idônea a gerar o resultado. Segundo o que dispõe 
essa corrente, a venda lícita da arma pelo comerciante não é considerada 
causa do resultado morte que o comprador produzir, pois vender licitamente a 
arma, por si só, não é conduta suficiente a gerar a morte. 
c) Da imputação objetiva: Pela qual, para que uma conduta seja 
considerada causa do resultado é preciso que: 1) o agente tenha, com sua 
ação ou omissão, criado, realmente, um risco não tolerado nem permitido ao 
bem jurídico; ou 2) que o resultado não fosse ocorrer de qualquer forma, ou; 3) 
que a vítima não tenha contribuído com sua atitude irresponsável ou dado seu 
consentimento para o ocorrência do resultado. 
 
A teoria adotada pelo Código Penal: "O resultado, de que depende a 
existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se 
causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido." 
Ao dispor que causa é a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria 
ocorrido, nota-se que Código adotou a teoria da equivalência das condições ou 
conditio sine qua non. 
Para se aferir se determinada conduta é causa ou não de um resultado, 
deve-se fazer o juízo hipotético de eliminação, que consiste na supressão 
mental de determinada ação ou omissão dentro de toda a cadeia de condutaspresentes no contexto do crime. Se, eliminada, o resultado desaparecer, pode-
se afirmar que aquela conduta é causa. Caso contrário, ou seja, se a despeito 
de suprimida, o resultado ainda assim existir, não será considerada conduta. 
Atente-se para o fato de que ser causa do resultado não é bastante para 
ensejar a responsabilização penal. É preciso, ainda, verificar se a conduta do 
agente considerada causa do resultado foi praticada mediante dolo ou culpa, 
pois nosso Direito Penal não se coaduna com a responsabilidade objetiva, isto 
é, aquela que se contenta com a demonstração do nexo de causalidade, sem 
levar em conta o elemento subjetivo da conduta. 
Portanto, dizer que alguém causou o resultado não basta para ensejar a 
responsabilidade penal. É mister ainda que esteja presente o elemento 
subjetivo (dolo ou culpa) nessa conduta que foi causa do evento. 
O art. 13 caput aplica-se, exclusivamente, aos crimes materiais porque, ao 
dizer "o resultado, de que depende a existência do crime", refere-se ao 
resultado naturalístico da infração penal (aquele que é perceptível aos sentidos 
do homem e não apenas ao mundo jurídico), e a única modalidade de crime 
que depende da ocorrência do resultado naturalístico para se consumar 
(existir) é o material, como por exemplo; o homicídio (121 CP), em que a morte 
da vítima é o resultado naturalístico. 
Aos crimes formais (exemplo; concussão - 316 CP) e os de mera conduta 
(exemplo; violação de domicílio - 150 CP), o art. 13 caput não tem incidência, 
pois prescindem da ocorrência do resultado naturalístico para existirem. 
 
SUPERVENIÊNCIA DE CAUSA INDEPENDENTE 
 
§ 1º - A superveniência de causa relativamente 
independente exclui a imputação quando, por si só, 
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, 
imputam-se a quem os praticou. 
 
O primeiro parágrafo do art. 13 nos diz que: "a superveniência de causa 
independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os 
fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou". Admite, o referido 
mandamento legal, a interrupção do nexo causal entre a conduta do agente e o 
resultado, sob determinadas hipótese, quais sejam: 
a) a causa que produza o resultado seja superveniente à conduta do agente, 
isto é, ocorra depois de sua ação; 
b) que a causa superveniente seja relativamente independente da conduta 
do agente, isto é, mantenha relação com a conduta inaugurada pelo autor; 
c) que a causa superveniente independente produza o resultado por si só, 
isto é, seja causa bastante para a produção do resultado. 
Exemplo: Telma ministra veneno mortal a Clarice, que, socorrida por uma 
equipe de médicos e enfermeiros, vem a morrer, poucos minutos após a 
ingestão da substância, em função de acidente sofrido pela ambulância a 
caminho do hospital. 
Encontram-se aqui todas as características elencadas acima: 
a) o acidente com a ambulância que transportava Clarice ocorreu após a 
ingestão do veneno ministrado por Telma (superveniência); 
b) o acidente não teria acontecido se Clarice não tivesse sido envenenada 
por Telma (independência relativa); 
c) as lesões causadas pelo acidente foram determinantes para a morte de 
Clarice ("por si só"). 
Dessa forma: Telma responderá pelos fatos que praticou, qual seja, tentativa 
de homicídio. 
Não obstante, caso somente aplicássemos o caput do art. 13 ao caso em 
tela, Telma seria responsável pela morte de Clarice uma vez que, eliminando-
se o envenenamento, o acidente da ambulância, que provocou a morte de 
Clarice, não teria ocorrido; logo é causa. 
Contudo, vejamos outros exemplos: 
a) Telma, mesmo sabendo ser Clarice é cardiopata, tendo certeza de que 
sua conduta não virá a provocar sua morte, aplica, em Clarice, um terrível 
susto, vindo esta a falecer vítima de um infarto fulminante; 
b) Telma, não sabendo ser Clarice cardiopata, ministra-lhe remédio para 
descongestionar-lhe as vias respiratórias, porém acelera-lhe o batimento 
cardíaco e Clarice vem a sofrer um infarto fulminante; 
c) Telma, sabendo ser Clarice cardiopata e desejando o resultado morte, a 
expõe, deliberadamente, a situação de alta tensão emocional (criada por ela 
mesma, Telma), vindo Clarice a sofrer um infarto fulminante. 
Para cada uma dessas situações, teríamos uma situação jurídico-penal 
distinta para Telma. No primeiro exemplo, a conduta de Telma poderia ser 
tipificada como homicídio culposo; no segundo caso, não haverá crime; na 
terceira hipótese, haveria homicídio doloso. 
Note-se que em todas as soluções apresentadas, o simples estabelecimento 
do nexo de causalidade entre a conduta de Telma e o resultado "morte de 
Clarice" não são suficientes para resolvermos o problema. Há de se analisar, 
como estabelece a doutrina, os demais elementos do fato típico (além do nexo 
de causalidade e do resultado morte). 
Cabe ainda analisarmos se a conduta humana é dolosa ou culposa e, 
também, a subsunção do fato à norma penal incriminadora - tipicidade. 
Voltemos aos nossos exemplos: no primeiro caso, Telma agiu com culpa 
consciente (o agente esperava levianamente que o resultado não ocorresse); 
no segundo não houve dolo nem culpa na conduta de Telam, sendo, portanto, 
o fato atípico; na terceira houve dolo, com consciência e voluntariedade no 
preparo da situação que causou o resultado morte. 
Não restam dúvidas que soluções apoiadas exclusivamente no 
estabelecimento de um nexo de causalidade objetivo entre conduta e resultado 
e na simples existência do próprio resultado, que são características 
necessárias, mas não suficientes, para se construir o fato típico, cometem 
grave erro no que diz respeito a sua formação completa. Dada a superação da 
Teoria Causal da conduta humana e da Responsabilidade Penal Objetiva, não 
poderíamos aceitar, em nenhuma das três hipóteses acima colocadas, o 
mesmo desfecho jurídico-penal para Telma. Outrossim, além do fato típico, 
também a antijuridicidade e a culpabilidade são requisitos para a existência do 
crime, estendendo-se, então, a análise para conceitos como a ilicitude do fato e 
sua reprovabilidade social. 
 
 
RELEVÂNCIA DA OMISSÃO 
 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o 
omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O 
dever de agir incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou 
vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir 
o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da 
ocorrência do resultado. 
 
Da mesma forma que ação, em Direito Penal, não significa “fazer algo”, mas 
fazer o que o ordenamento jurídico proíbe, a omissão não é um “não fazer”, 
mas não fazer o que o ordenamento jurídico obriga. 
Omissão relevante para o Direito Penal é o não cumprimento de um dever 
jurídico de agir em circunstâncias tais que o omitente tinha a possibilidade 
física ou material de realizar a atividade devida. 
Conseqüentemente, a omissão passa a ter existência jurídica desde que 
preencha os seguintes pressupostos: 
� Dever jurídico que impõe uma obrigação de agir ou uma obrigação de 
evitar um resultado proibido; 
� Possibilidade física, ou material, de agir. 
O primeiro pressuposto (dever jurídico de agir ou de evitar um resultado 
lesivo) exige o conhecimento dos meios pelos quais o ordenamento jurídico 
pode impor às pessoas a obrigação de não se omitir, em determinadas 
circunstâncias. 
Em segundo lugar, o dever jurídico pode ser imposto ao garantidor, ou seja, 
a pessoas que, pela sua peculiar posição diante do bem jurídico, recebem ou 
assumem a obrigação de assegurar sua conservação. A posição de garantidor 
requer essencialmente que o sujeito esteja encarregado da proteção ou 
custódia do bem jurídico que aparece lesionado ou ameaçado de agressão. 
O essencial para compreender a posição de garantidor é o reconhecimento 
de que determinadas pessoas estabelecem um vínculo, uma relação especial 
com o bem jurídico, criando no ordenamento a expectativa de que o protegerá 
de eventuais danos.O Direito, então, espera a sua ação de garantia. Se não 
cumprir esse dever, será imputado por omissão imprópria. 
No Código Penal, esta regra está no artigo 13,§ 2º: a posição de garantidor 
pode emanar de: 
a) dever legal; Imposto pela lei. 
b) aceitação voluntária, Ou seja, quando o sujeito livremente a assume, tal 
como acontece, por exemplo, nos casos de contrato; 
c) ingerência, Quando o sujeito, por sua conduta precedente, cria a situação 
de perigo para o bem jurídico. 
 
 
Art. 14 - Diz-se o crime: 
CRIME CONSUMADO 
 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os 
elementos de sua definição legal; 
 
TENTATIVA 
 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma 
por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
 
PENA DE TENTATIVA 
 
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se 
a tentativa com a pena correspondente ao crime 
consumado, diminuída de um a dois terços. 
 
 
Tentativa é a execução iniciada de um crime, que não se consuma por 
circunstâncias alheias à vontade do agente; seus elementos são o início da 
execução e a não-consumação por circunstâncias alheias à vontade. 
Quando o processo executório é interrompido por circunstâncias alheias à 
vontade do agente, fala-se em tentativa imperfeita ou tentativa propriamente 
dita; quando a fase de execução é integralmente realizada pelo agente, mas o 
resultado não se verifica por circunstâncias alheias à sua vontade, diz-se que 
há tentativa perfeita ou crime falho. 
São infrações que não admitem tentativa: 
a) os crimes culposos; 
b) os preterdolosos; 
c) as contravenções; 
d) os omissivos próprios; 
e) os unissubsistentes; 
f) os crimes habituais; 
g) os crime que a lei pune somente quando ocorre o resultado, como a 
participação em suicídio; 
h) os permanentes de forma exclusivamente omissiva; 
i) os crimes de atentado. 
 
Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, 
diminuída de um a dois terços; a diminuição de uma a dois terços não decorre 
da culpabilidade do agente, mas da própria gravidade do fato constitutivo da 
tentativa; quanto mais o sujeito se aproxima da consumação, menor deve ser a 
diminuição da pena (1/3); quando menos ele se aproxima da consumação, 
maior deve ser a atenuação (2/3). 
 
 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO 
EFICAZ 
 
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de 
prosseguir na execução ou impede que o resultado se 
produza, só responde pelos atos já praticados. 
 
ARREPENDIMENTO POSTERIOR 
 
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave 
ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, 
até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato 
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois 
terços. 
 
CRIME IMPOSSÍVEL 
 
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia 
absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do 
objeto, é impossível consumar-se o crime. 
 
A desistência voluntária consiste numa abstenção de atividade: o sujeito 
cessa o seu comportamento delituoso; assim, só ocorre antes de o agente 
esgotar o processo executivo. 
Arrependimento eficaz tem lugar quando o agente, tendo já ultimado o 
processo de execução do crime, desenvolve nova atividade impedindo a 
produção do resultado. 
Quanto ao arrependimento posterior, nos termos do artigo 16 do Código 
Penal, nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, 
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da 
queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 
Crime impossível é também chamado de quase-crime; tem disciplina jurídica 
contida no artigo 17 do Código Penal, segundo o qual “não se pune a tentativa 
quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do 
objeto, é impossível consumar-se o crime”; há dois casos de crime impossível: 
a) por ineficácia absoluta do meio; 
b) por impropriedade absoluta do objeto. 
Dá-se o primeiro quando o meio empregado pelo agente, pela sua própria 
natureza, é absolutamente incapaz de produzir o evento; exemplo: o agente, 
pretendendo matar a vítima mediante propinação de veneno, ministra açúcar 
em sua alimentação, supondo-o arsênico; dá-se o segundo caso quando 
inexiste o objeto material sobre o qual deveria recair a conduta, ou quando, 
pela situação ou condição, torna impossível a produção do resultado visado 
pelo agente; nos dois casos não há tentativa por ausência de tipicidade; para 
que ocorra o crime impossível, é preciso que a ineficácia do meio e a 
impropriedade do objeto sejam absolutas; se forem relativas, haverá tentativa. 
 
 
Art. 18 - Diz-se o crime: 
CRIME DOLOSO 
 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o 
risco de produzi-lo; 
 
CRIME CULPOSO 
 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por 
imprudência, negligência ou imperícia. 
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, 
ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, 
senão quando o pratica dolosamente. 
 
Dolo é a vontade livre e consciente de praticar a conduta descrita no tipo (lei 
penal incriminadora). Para o Código Penal, o crime é doloso quando o agente 
quis o resultado ou quando assumiu o risco de produzí-lo. Quando quis o 
resultado, estamos falando de dolo direto. Quando assumiu o risco, é o dolo 
indireto, que pode ser eventual ou alternativo. 
O dolo direto é simples de entender: o agente quer o resultado, tem a 
vontade, a intenção de produzir o resultado. 
Já o dolo indireto se divide em dolo eventual, que ocorre quando o agente 
assume o risco de produzir o resultado; e em dolo alternativo, quando o agente 
visa a um ou outro resultado (matar ou ferir por exemplo). 
Então o crime doloso é aquele em que o agente quer produzir um resultado 
e age de forma a produzir tal resultado (ex. quer matar uma pessoa, então 
pega uma arma, aponta para referida pessoa e aperta o gatilho, efetuando 
disparos buscando a morte da vítima). 
No caso do dolo eventual, seria o caso de alguém que coloque fogo em 
outro, por “brincadeira”, jogando combustível em todo o corpo da vítima. Caso 
a pessoa venha a morrer queimada, o agente responderá por crime doloso, 
pois ao colocar fogo em todo o corpo de uma pessoa, assumiu o risco de matá-
la. 
Na culpa, a finalidade da conduta quase sempre é lícita, mas há uma não 
observância do dever de cuidado por parte do agente, causando o resultado. 
Neste caso, o agente não quer produzir o resultado, mas por um descuidado, o 
produz. 
São três as modalidades de culpa: a imprudência (prática de um ato 
perigoso, ex. correr com o carro em via pública cheia de pessoas), a 
negligência (falta de cuidados, falta de precaução, ex. deixar o agente sua 
arma municiada em cima da mesa em local com crianças) e a imperícia 
(ausência de aptidão técnica, teórica ou prática). 
 
AGRAVAÇÃO PELO RESULTADO 
 
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, 
só responde o agente que o houver causado ao menos 
culposamente. 
 
É um delito qualificado pelo resultado que se caracteriza por uma especial 
combinação de dolo e negligência. O delito fundamental doloso é por si só 
susceptível de punição, no entanto a pena é substancialmente elevada com 
base numa especial censurabilidade do agente, uma vez que o perigo 
específico que envolve esse comportamento se concretiza num resultado 
agravante negligente. 
As condutas previstas por este tipo legal são as que correspondem ao 
preenchimento dos tipos legais de lesões à integridade física simples e de 
lesões à integridade física graves. O comportamento lesivo da integridade 
física tanto se pode traduzir numa ação, como numa omissão; ponto é, que 
nesta última hipótese, recaía sobre o agente um dever jurídico de garante. 
 A lesão da integridade física tem que ter sido praticada a título doloso (o 
dolo eventual é suficiente). Em relação ao resultado morte deve o agente ter 
atuado pelo menos com negligência. A questão que se coloca é a de saber se 
o evento agravante pode ter sidodolosamente produzido. Embora 
genericamente esta combinação crime fundamental doloso-evento agravante 
doloso possa ser uma possibilidade de acordo com a regra geral do art. 18 CP, 
a solução mais acertada neste caso consiste em proceder à punição do agente 
de acordo com as normas do concurso legal ou aparente de crimes, vale dizer, 
por homicídio doloso consumado. 
 
 
ERRO SOBRE ELEMENTOS DO TIPO 
 
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal 
de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime 
culposo, se previsto em lei. 
 
DESCRIMINANTES PUTATIVAS 
 
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente 
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato 
que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção 
de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível 
como crime culposo. 
 
ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO 
 
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o 
erro. 
 
ERRO SOBRE A PESSOA 
 
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é 
praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste 
caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da 
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. 
 
Erro de Tipo é o que incide sobre as elementares ou circunstâncias da figura 
típica, sobre os pressupostos de fato de uma causa de justificação ou dados 
secundários da norma penal incriminadora; é o que faz o sujeito supor a 
ausência de elemento ou circunstância da figura típica incriminadora ou a 
presença de requisitos da norma permissiva; ex: sujeito dispara um tiro de 
revólver no que supõe seja uma animal bravio, vindo a matar um homem; o 
erro de tipo pode ser essencial e acidental. 
O erro de tipo exclui sempre o dolo, seja evitável ou inevitável; como o dolo 
é elemento do tipo, a sua presença exclui a tipicidade do fato doloso, podendo 
o sujeito responder por crime culposo, desde que seja típica a modalidade 
culposa. 
O erro de tipo essencial ocorre quando a falsa percepção impede o sujeito 
de compreender a natureza criminosa do fato; recai sobre os elementos ou 
circunstâncias do tipo penal ou sobre os pressupostos de fato de uma 
excludente da ilicitude; apresenta-se sob 2 formas: 
a) erro invencível ou escusável (quando não pode ser evitado pela norma 
diligência); 
b) erro vencível ou inescusável (quando pode ser evitado pela diligência 
ordinária, resultando de imprudência ou negligência. 
As descriminantes putativas ocorrem quando o sujeito, levado a erro pelas 
circunstâncias do caso concreto, supõe agir em face de uma causa excludente 
de ilicitude; é possível que o sujeito, por erro plenamente justificado pelas 
circunstâncias, suponha encontrar-se em face de estado de necessidade, de 
legítima defesa, de estrito cumprimento do dever legal ou do exercício regular 
de direito; quando isso ocorre, aplica-se o disposto no artigo 20, § 1º, 1ª parte, 
do Código Penal, segundo o qual é isento de pena quem, por erro plenamente 
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, 
tornaria a ação legítima; surgem as denominadas eximentes putativas ou 
causas putativas de exclusão da antijuricidade. 
No caso de erro provocado por terceiro, responde pelo crime o terceiro que 
determina o erro (artigo 20, § 2º); o erro pode ser espontâneo e provocado; há 
a forma espontânea quando o sujeito incide em erro sem a participação 
provocadora de terceiro; existe o erro provocado quando o sujeito a ele é 
induzido por conduta de terceiro; a provocação poder ser dolosa ou culposa; há 
provocação dolosa quando o erro é preordenado pelo terceiro, isto é, o terceiro 
conscientemente induz o sujeito a incidir em erro; o provocador responde pelo 
crime a título de dolo; existe determinação culposa quando o terceiro age com 
imprudência, negligência ou imperícia. 
Erro acidental é o que não versa sobre os elementos ou circunstâncias do 
crime, incidindo sobre dados acidentais do delito ou sobre a conduta de sua 
execução; não impede o sujeito de compreender o caráter ilícito de seu 
comportamento; o erro acidental não exclui o dolo; são casos de erro acidental: 
o erro sobre o objeto; sobre pessoa; na execução; resultado diverso do 
pretendido (aberratio criminis). 
Erro sobre objeto (error in objecto) ocorre quando o sujeito supõe que sua 
conduta recai sobre determinada coisa, sendo que na realidade incide sobre 
outra; é o caso do sujeito subtrair açúcar supondo tratar-se de farinha. 
Erro sobre pessoa (error in persona) ocorre quando há erro de 
representação, em face do qual o sujeito atinge uma pessoa supondo tratar-se 
da que pretendia ofender; ele pretende atingir certa pessoa, vindo a ofender 
outra inocente pensando tratar-se da primeira. 
Erro na execução (aberratio ictus) ocorre quando o sujeito, pretendendo 
atingir uma pessoa, vem a ofender outra; há disparidade entre a relação de 
causalidade pretendida pelo agente e o nexo causal realmente produzido; ele 
pretende que em conseqüência de seu comportamento se produza um 
resultado contra Antônio; realiza a conduta e causa evento contra Pedro. 
Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis) significa desvio do 
crime; há erro na execução do tipo; o agente quer atingir um bem jurídico e 
ofende outro (de espécie diversa). 
 
 
ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO 
 
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro 
sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se 
evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente 
atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, 
quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir 
essa consciência. 
 
Dispõe o artigo 21, em sua primeira parte: “O desconhecimento da lei é 
inescusável.” O legislador refere-se apenas ao “desconhecimento da lei” e não 
sobre a errada compreensão da lei, como no art. 16. Ignorância é o completo 
desconhecimento a respeito da realidade. O erro é o conhecimento falso, 
equivocado, a respeito dessa realidade. Embora a palavra desconhecer possa 
ser interpretada também como um falso conhecimento, é visível o intuito do 
legislador em distinguir a mera ausência de conhecimento da lei, inescusável, 
do erro de proibição, que pode ser escusável. O agente supõe ser lícito seu 
comportamento, porque desconhece a existência da lei penal que o proíba. 
Trata-se do princípio ignorantia legis neminem excusat: promulgada e 
publicada uma lei, torna-se ela obrigatória em relação à todos, não sendo 
pensável que, dentro do mesmo estado, as leis possam ter validade em relação 
a uns e não em relação a outros que eventualmente a ignorem. Não pode 
escusar-se o agente com a simples alegação formal de que não sabia haver 
uma lei estabelecendo punição para o fato praticado. A segunda parte do artigo 
21 refere-se ao erro de proibição, que exclui a culpabilidade do agente pela 
ausência e impossibilidade de conhecimento da antijuridicidade do fato. Não 
foram incluídos na disposição o desconhecimento da lei, tido como não 
relevante, e o erro sobre os pressupostos fáticos das descriminantes 
(descriminantes putativas), objeto de dispositivo diverso. 
A culpabilidade não é elemento do crime, não integra o conceito de crime. A 
culpabilidade, também chamada de juízo de reprovação, é a possibilidade de 
se declarar culpado o autor de um fato típico e ilícito, ou seja, é a 
responsabilização de alguém pela prática de uma infração penal. 
O pressuposto para se analisar a culpabilidade é que já exista o crime, no 
entanto, o agente da infração penal não responderá pelo crime que cometeu. 
Atualmente, os requisitos para a culpabilidade são: a imputabilidade, a 
consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa. 
Excluem a culpabilidade; 
a) erro de proibição (21, caput); 
b) coação moral irresistível (22, 1ª parte); 
c) obediência hierárquica (22, 2ª parte); 
d) inimputabilidade por doença mental ou desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado (26, caput); 
e) inimputabilidadepor menoridade penal (27); 
 
COAÇÃO IRRESISTÍVEL E OBEDIÊNCIA 
HIERÁRQUICA 
 
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou 
em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, 
de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou 
da ordem. 
 
1) Coação física irresistível: Coação física é o emprego de força física para 
que alguém faça ou deixe de fazer alguma coisa. 
Ex: O sujeito mediante força bruta, impede que o guarda ferroviário combine 
os binários e impeça uma colisão de trens. 
Quando o sujeito pratica o fato sob coação física irresistível, significa que 
não está agindo com liberdade psíquica. Não há a vontade integrante da 
conduta, que é o primeiro elemento do fato típico. Então não há crime por 
ausência de conduta. A coação que exclui a culpabilidade é a moral. Tratando-
se de coação física, o problema não é de culpabilidade, mas sim de fato típico, 
que não existe em relação ao coato por ausência de conduta voluntária. 
 
 2) Coação moral irresistível: Coação moral é o emprego de grave ameaça 
para que alguém faça ou deixe de fazer alguma coisa. Moral não é física. Atua 
na cabeça, na vontade do sujeito. 
Ex: O sujeito constrange a vítima sob ameaça de morte, a assinar um 
documento falso. 
Quando o sujeito comete o fato típico e antijurídico sob coação moral 
irresistível não há culpabilidade em face da inexigibilidade de conduta diversa. 
A culpabilidade desloca-se da figura do coato para a do coator. 
A coação moral deve ser irresistível. Tratando-se de coação moral resistível 
não há exclusão da culpabilidade, incidindo uma circunstância atenuante. 
São necessários os seguintes elementos: 
� Existência de um coator – responderá pelo crime 
� Irresistível : Não tem como resistir. 
� Proporcionalidade : Proporção entre os bens jurídicos. 
 
3) Obediência hierárquica: Relação de direito público. Subordinação 
pública. Ordem de superior hierárquico é a manifestação de vontade de um 
titular de função pública a um funcionário que lhe é subordinado, no sentido de 
que realize uma conduta positiva ou negativa. 
Se a ordem é legal, nenhum crime comete o subordinado (e nem o superior), 
uma vez que se encontram no estrito cumprimento de dever legal. Quando a 
ordem é ilegal, respondem pelo crime o superior e o subordinado. 
EX: O soldado receber uma ordem do delegado para torturar o preso. Não é 
aceitável, pois é ilegal. 
 São necessários os seguintes elementos: 
� Obediência às formalidades legais. 
� Não manifestamente ilegal (Ex. Tortura, matar) 
� Obediência estrita. 
 
EXCLUSÃO DE ILICITUDE 
 
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício 
regular de direito. 
 
Estrito Cumprimento do Dever Legal: É o dever emanado da lei ou de 
respectivo regulamento. O agente atua em cumprimento de um dever emanado 
de um poder genérico, abstrato e impessoal. Se houver abuso, não há a 
excludente, ou seja, o cumprimento deve ser estrito. Exemplo, soldado mata 
assaltante que faz jovem de refém, por ordem de seu superior hierárquico. 
 
Exercício Regular do Direito 
O exercício de um direito não configura fato ilícito. Exceto se a pretexto de 
exercer um direito, houver intuito de prejudicar terceiro. Exemplos: 
a) Lesões esportivas: Pela doutrina tradicional, a violência desportiva é 
exercício regular do direito, desde que a violência seja praticada nos limites do 
esporte. 
b) Intervenções cirúrgicas: Amputações, extração de órgão etc. 
constituem exercício regular da profissão do médico. 
c) Consentimento do ofendido: Exemplo; não há invasão de domicílio 
se a “vítima” autorizou a entrada em sua casa. Requisitos: 
• ser o bem jurídico disponível; 
• que a vítima tenha 18 anos completos ou mais; 
• ser o consentimento dado antes ou durante o fato; 
• a consciência do agente de que houve consentimento. 
 
 
EXCESSO PUNÍVEL 
 
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses 
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. 
 
ESTADO DE NECESSIDADE 
 
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem 
pratica o fato para salvar de perigo atual, que não 
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo 
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas 
circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha 
o dever legal de enfrentar o perigo. 
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito 
ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois 
terços. 
 
O estado de necessidade é uma causa de exclusão de ilicitude, encontra-
se tipificado no art. 24 do CP. Consiste em uma conduta lesiva praticada para 
afastar uma situação de perigo. Não é qualquer situação de perigo que admite 
a conduta lesiva e não é qualquer conduta lesiva que pode ser praticada na 
situação de perigo. Existindo uma situação de perigo que ameace dois bens 
jurídicos, um deles terá que ser lesado para salvar o outro de maior valor. 
Requisitos para a existência do estado de necessidade: 
• Perigo deve ser atual ou iminente, ou seja, deve estar acontecendo 
naquele momento ou prestes a acontecer. Quando, portanto, o perigo for 
remoto ou futuro, não há o estado de necessidade. 
• Perigo deve ameaçar um direito próprio ou um direito alheio. 
• Perigo não pode ter sido criado voluntariamente. Quem dá causa a uma 
situação de perigo não pode invocar o estado de necessidade para afastá-la. 
Aquele que provocou o perigo com dolo não age com estado de necessidade 
porque tem o dever jurídico de impedir o resultado. 
• Quem possui o dever legal de enfrentar o perigo não pode invocar o 
estado de necessidade. A pessoa que possui o dever legal de enfrentar o 
perigo deve afastar a situação de perigo sem lesar qualquer outro bem jurídico. 
• Inevitabilidade do comportamento lesivo, ou seja, somente deverá ser 
sacrificado outro bem se não houver outra maneira de afastar a situação de 
perigo. 
• É necessário existir proporcionalidade entre a gravidade do perigo que 
ameaça o bem jurídico do agente ou alheio e a gravidade da lesão causada 
pelo fato necessitado 
 
LEGÍTIMA DEFESA 
 
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando 
moderadamente dos meios necessários, repele injusta 
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
 
Requisitos da Legítima Defesa 
• Agressão: é todo ataque praticado por pessoa humana. Se o ataque é 
comandado por animais irracionais, não é legítima defesa e sim estado de 
necessidade. 
• Atual ou iminente: atual é a agressão que está acontecendo e iminente é 
a que está prestes a acontecer. Não cabe legítima defesa contra agressão 
passada ou futura e também quando há promessa de agressão. 
• A direito próprio ou de terceiro: é legítima defesa própria quando o 
sujeito está se defendendo e legítima defesa alheia quando o sujeito defende 
terceiro. Pode-se alegar legítima defesa alheia mesmo agredindo o próprio 
terceiro (ex.: em caso de suicídio, pode-se agredir o terceiro para salvá-lo). 
• Meio necessário: é o meio menos lesivo colocado à disposição do 
agente no momento da agressão. 
• Moderação: é o emprego do meio necessário dentro dos limites para 
conter a agressão. 
 
Antijuricidade é a contradição do fato, eventualmente adequado ao modelo 
legal, com a ordem jurídica, constituindo lesão de um interesse protegido. 
A antijuricidade pode ser afastada por determinadas causas, as 
determinadas causas de exclusão de antijuricidade; quando isso ocorre, o fato 
permanece típico, mas não há crime, excluindo-se a ilicitude, e sendo ela 
requisito do crime, fica excluído o próprio delito; em conseqüência, o sujeito 
deve ser absolvido; são causas de exclusão de antijuricidade, previstas no 
artigo 23 do Código Penal: estado de necessidade; legítima defesa; estrito 
cumprimento de dever legal; exercício regular de direito. 
Estado de necessidade é uma situação de perigo atual de interesses 
protegidospelo direito, em que o agente, para salvar um bem próprio ou de 
terceiro, não tem outro meio senão o de lesar o interesse de outrem; perigo 
atual é o presente, que está acontecendo; iminente é o prestes a desencadear-
se. 
Legítima defesa, nos termos do artigo 25 do Código Penal, entende-se em 
legítima defesa quem, usando moderadamente os meios necessários, repele 
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
Quanto ao estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito, 
determina o artigo 23, III, do Código Penal, que não há crime quando o sujeito 
pratica o fato em estrito cumprimento do dever legal; é causa de exclusão da 
antijuricidade; a excludente só ocorre quando há um dever imposto pelo direito 
objetivo; o artigo 23, III, parte final, determina que não há crime quando o 
agente pratica o fato no exercício regular de direito; desde que a conduta se 
enquadre no exercício de um direito, embora típica, não apresenta o caráter de 
antijurídica. 
 
 
EXERCÍCIOS: 
 
 
01. (Procurador – TCE /AP – FCC – 2010) São crimes que se consumam 
no momento em que o resultado é produzido: 
a) omissivos impróprios e materiais. 
b) materiais e omissivos próprios. 
c) culposos e formais 
d) de mera conduta e omissivos impróprios. 
e) permanentes e formais. 
 
02. (Procurador – TCE /AP – FCC- 2010) Nos crimes preterdolosos, 
a) o agente prevê o resultado, mas espera que este não aconteça 
b) o dolo do agente é subsequente ao resultado culposo. 
c) há maior intensidade de dolo por parte do agente. 
d) o agente é punido a título de dolo e também de culpa. 
e) o agente aceita, conscientemente, o risco de produzir o resultado. 
 
03. (Defensoria Pública – DPE/MT – FCC – 2009) O art. 14, § único, do 
Código Penal dispõe que "salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa 
com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois 
terços". O percentual de diminuição de pena a ser considerado levará em conta 
a) a intensidade do dolo 
b) o iter criminis percorrido pelo agente 
c) a periculosidade do agente 
d) a reincidência 
e) os antecedentes do agente 
 
04. (Procuradoria do Estado – PGE/CE – CESPE – 2008) Há crime 
quando o sujeito ativo pratica fato típico em função de 
a) estado de necessidade. 
b) coação moral irresistível. 
c) legítima defesa. 
d) estrito cumprimento do dever legal. 
e) exercício regular do direito. 
 
05. (Analista do Ministério Público – MP/SE – FCC – 2009) Adotada a 
teoria finalista da ação, 
a) o dolo e a culpa integram a culpabilidade 
b) a culpa integra a tipicidade e dolo a culpabilidade 
c) o dolo integra a punibilidade e a culpa a culpabilidade 
d) a culpa e o dolo integram a tipicidade 
e) o dolo integra a tipicidade e a culpa a culpabilidade. 
 
06. (Técnico do Ministério Público – MP – SE – FCC – 2009) Denomina-
se crime complexo o que 
a) exige que os agentes atuem uns contra os outros. 
b) se enquadra num único tipo legal. 
c) é formado pela fusão de dois ou mais tipos legais de crime. 
d) exige a atuação de dois ou mais agentes 
e) atinge mais de um bem jurídico. 
 
07. (Auditor Fiscal de Tributos Estaduais – SEFAZ/ PB – FCC – 2006) A 
coação irresistível e a obediência hierárquica são causas de exclusão 
a) culpabilidade 
b) ilicitude 
c) tipicidade 
d) punibilidade 
e) antijuridicidade 
 
08. (Delegado de Polícia – PC – DF – NCE – UFRJ – 2005) Não ocorre 
nexo de causalidade nos crimes: 
a) mera conduta. 
b) materiais. 
c) omissivos impróprios. 
d) comissivos por omissão. 
e) de dano. 
 
09. (Analista Judiciário – TJ – SE – FCC – 2009) Quanto ao elemento 
moral, os crimes podem ser: 
a) comissivos e omissivos. 
b) simples e complexos. 
c) individuais e coletivos. 
d) dolosos e culposos. 
e) políticos e mistos. 
 
10. (Ministério Público – MP /CE – FCC - 2008) Ainda que não encontre 
tipificação em excludente prevista em lei, a doutrina tem aceito a inexigibilidade 
de conduta diversa como causa supralegal de exclusão da 
a) antijuridicidade 
b) culpabilidade 
c) tipicidade 
d) ilicitude 
e) punibilidade 
11. Assinale a alternativa CORRETA a respeito de tentativa e consumação 
do crime: 
a) Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao consumado, diminuída 
de um a dois terços, portanto a pena do crime tentado é sempre menor que a 
do crime consumado. 
b) Os crimes culposos não admitem tentativa, inclusive na omissão 
imprópria, assim como nos crimes unissubsistentes, que são aqueles que se 
realizam em um único ato. 
c) Pode haver tentativa no crime preterdoloso ou preterintencional, porque 
nesta espécie de crime há dolo no antecedente e culpa no conseqüente. 
d) A adequação típica de um crime tentado é de subordinação mediata, 
ampliada ou por extensão, já que a conduta humana nessa espécie de crime 
não se enquadra prontamente na lei penal incriminadora. 
 
12. No que diz respeito aos crimes tentados não é correto afirmar: 
a) não se admite a tentativa nos crimes culposos; 
b) não se admite a tentativa nos crimes omissivos impróprios; 
c) não se admite a tentativa nos crimes unissubsistentes; 
d) não se admite a tentativa nas contravenções penais; 
 
13. Se “A”, Delegado de Polícia, acatou ordem de “B”, seu superior 
hierárquico, para não instaurar inquérito contra determinado funcionário, amigo 
de “A”, acusado de falsidade documental, 
a) “A” praticou o crime de prevaricação e “B” é inocente, já que não tinha 
atribuição para apurar o crime de falsidade. 
b) só “B” praticou o crime de prevaricação, porque “A” obedeceu à ordem de 
seu superior hierárquico. 
c) nenhum dos dois praticou o delito, porque a instauração de inquérito não 
é ato de ofício. 
d) “A” e “B” praticaram o crime de prevaricação. 
 
14. São elementos do crime, EXCETO a: 
a) ação; 
b) tipicidade; 
c) ilicitude; 
d) punibilidade. 
15. (FUNDEP – TJ/MG - TÉCNICO JUDICIÁRIO – TÉCNICO JUDICIÁRIO - 
2009) Quando o resultado do crime surge ao mesmo tempo em que se 
desenrola a conduta como no crime de injúria verbal, é CORRETO defini-lo 
como 
A) crime de mera conduta. 
B) crime impróprio. 
C) crime formal. 
D) crime material. 
 
16. (Agente penitenciário/BA – FCC – 2010) Se o agente, para a prática de 
estelionato, utiliza-se de documento falsificado de forma grosseira, inidôneo 
para iludir a vítima, caracteriza-se 
a) crime impossível. 
b) crime provocado. 
c) erro sobre elementos do tipo. 
d) crime putativo. 
e) tentativa de crime. 
 
17. (Procurador – BACEN – FCC – 2006). O resultado é prescindível para a 
consumação nos crimes 
a) materiais e de mera conduta. 
b) formais e materiais. 
c) formais e materiais. 
d) omissivos próprios e materiais 
e) de mera conduta e formais 
 
18. (Analista Judiciário – TER/PI – FCC – 2009) João, dirigindo uma 
motocicleta sem capacete, foi interceptado por um policial em serviço de 
trânsito, o qual lhe deu ordem para parar o veículo. João, no entanto, 
desobedecendo a ordem recebida, fugiu em alta velocidade. Cerca de uma 
hora depois, arrependeu-se de sua conduta e voltou ao local, submetendo-se à 
fiscalização. Nesse caso, em relação ao crime de desobediência, ocorreu 
a) tentativa 
b) consumação 
c) arrependimento eficaz 
d) desistência voluntária 
e) crime impossível. 
 
19. (Defensoria Pública – DPE/MS – VUNESP – 2008) Admite a figura 
culposa o crime de 
a) dano 
b) corrupção ou poluição de água potável 
c) infração de medida sanitária preventiva 
d) excesso de exação 
 
20. (Técnico Administrativo – MPE/AP – FCC – 2009). No tocante à culpa, 
considere: 
I. Conduta arriscada, caracterizada pela intempestividade, precipitação, 
insensatez ou imoderação. 
II. Falta de capacidade, despreparo ou insuficiência de conhecimentos 
técnicos para o exercício de arte, profissão ou ofício. 
III. Displicência, falta de precaução, indiferença do agente, que, podendo 
adotar as cautelas necessárias, não o faz. 
As situações descritas caracterizam, respectivamente, a 
a) negligência, imprudência e imperícia. 
b) imperícia, negligência e imprudência 
c)

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