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História da psicologia moderna- Capítulo 04 (Shultz & Shultz)

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História da psicologia moderna- Capítulo 04
@PSICOALUNOS
· Wilhelm Wundt foi o fundador da psicologia como disciplina acadêmica formal. Instalou o primeiro laboratório, lançou a primeira revista especializada e deu início à psicologia experimental como ciência. Os temas de suas pesquisas como sensação e percepção, atenção, sentimento são até hoje fontes inesgotáveis de estudo. 
· Por que Wundt invés de Fechner? A resposta encontra-se na natureza do processo de fundação de uma escola de pensamento. A fundação consiste em um ato deliberado e intencional que envolve características e habilidades pessoais diferentes das exigidas na produção de contribuições científicas extraordinárias.
· Portanto, fundação não é
sinônimo de criação,
· Com essa distinção em mente é possível compreender por que Fechner não foi identificado como o fundador da psicologia. Na verdade, ele simplesmente não estava tentando fundar uma nova ciência.
· Estando envolvido na pesquisa em fisiologia, Wundt começou a conceber o estudo da psicologia como uma disciplina científica experimental independente. Primeiramente, sintetizou as ideias no livro intitulado Contributions to the theory of sensory perception, publicado em partes, entre 1858 e 1862. Descreveu suas experiências originais, realizadas em um laboratório improvisado em sua casa, e os métodos que considerava adequados para a nova psicologia, usando pela primeira vez o termo "psicologia experimental".
· Contributions to the theory of sensory perception, publicado em partes, entre 1858 e 1862. Esse livro, juntamente com o Elements of Psychophysícs (1860), de Fechner, é considerado marco literário do surgimento da nova ciência.
· No ano seguinte, Wundt publicou Lectures on the minds of men and animals 
· Em 7867, Wundt começou a ministrar um curso de psicologia fisiológica na Heidelberg, o primeiro curso formal dessa área no mundo. Suas aulas também produziram material para outro importante livro, Principles of physiological psychology (Princípios da psicologia fisiológica), publicado em duas partes, em 1873 e 7874. 
· Principles é, indubitavelmente, sua obra-prima, na qual Wundt estabeleceu a psicologia como uma ciência laboratorial independente, com problemas e métodos de experimentação próprios.
· Por vários anos as sucessivas edições de Principles of physiological psychology serviram
como base de informações para os psicólogos experimentais e de registro do progresso da psicologia. 
· Wundt começou a mais longa e.importante fase da sua carreira em 1875, ao tornar-se professor de filosofia da Universtiy of Leipzig, onde trabalhou durante incríveis 45 anos. Em 1906, renomeou a revista de Psychclogical Studies. Agora tendo nas mãos um manual, um laboratório e uma revista
acadêmica especializada, a psicologia estava em bom caminho.
· O laboratório de Wundt e também a sua crescente fama atraíram a Leipzig muitos estudantes que desejavam trabalhar com ele, dos quais vários se tornaram pioneiros,
difundindo versões próprias de psicologia para novas gerações de alunos.
Assim, o laboratório de Leipzig exerceu enorme influência no desenvolvimento da psicologia moderna.
A Psicologia Cultural
· Com a implementação do laboratório e a criação da revista especializada, além da grande quantidade de pesquisas em andamento, Wundt voltou a atenção para a filosofia.
· De 1880 a 1891, escreveu a respeito da ética, da lógica e da filosofia sistemática. Publicou a segunda edição de Principles of physiological psychology em 1880 e a terceira em 1887
· Outra área em que Wundt concentrou seu grande talento fora esquematizada em seu primeiro livo: a criação da psicologia social. Ao retomar esse projeto, Wundt produziu A psicologia cultural tratou de várias etapas do desenvolvimento mental manifestado pela linguagem, nas artes, nos mitos, nos costumes sociais, na lei e na moral. O impacto dessa publicação na psicologia foi mais significativo do que o conteúdo em si, já que serviu para dividir a nova ciência em duas partes principais: a experimental e a social.
· Wundt acreditava que as funções mentais mais simples, como a sensação e a percepção, deviam ser estudadas por meio de métodos de laboratório. Todavia os processos mentais superiores, como a aprendizagem e a memória, não podiam ser investigados pela experimentação científica, por serem condicionados pela língua e por outros aspectos culturais. Wundt somente acreditava no estudo dos processos de pensamento superiores com o emprego de meios não-experimentais como os usados na sociologia, na antropologia e na psicologia social. A noção do significativo papel das forças sociais no desenvolvimento dos processos cognitivos ainda é considerada importante; no entanto a conclusão de Wundt de que tais processos não são passíveis de estudo por meio de experimentos foi logo contestada e invalidada.
· Wundt dedicou 10 anos ao desenvolvimento da psicologia cultural; entretanto o campo, na forma como havia previsto, exerceu pouco impacto sobre a psicologia americana. ela "surgiu em um estágio de maturidade da psicologia americana em que os pesquisadores americanos estavam bem menos suscetíveis às impressões estrangeiras do que" nas décadas de 1890
O Estudo da Experiência Consciente
· A psicologia de Wundt utilizava os métodos experimentais das ciências naturais, principalmente as técnicas empregadas pelos fisiologistas. Wundt adaptou esses métodos cien-
tíficos de investigação para a nova psicologia e prosseguiu na sua pesquisa
· Dessa forma, o Zeitgeist na fisiologia e na filosofia contribuiu para moldar tanto os métodos de investigação como o objeto de estudo.
· Todavia a semelhança entre a abordagem de Wundt e a da maioria dos empiristas e dos associacionistas concentrava-se apenas nesse ponto de vista. Wundt não aceitava a ideia de os elementos da consciência serem estáticos (assim denominados átomos da mente) e se conectarem de forma passiva mediante algum processo mecânico de associação. Ao contrário, ele acreditava no papel ativo da consciência em organizar o próprio conteúdo. 
· O objeto de estudo de Wundt consistia, para definir em uma única palavra, na consciência. No sentido mais amplo, o impacto do empirismo e do associacionismo do século XIX refletia-se, ao menos parcialmente, no sistema de Wundt. Na sua perspectiva, a consciência incluía várias partes diferentes e podia ser estudada pelo método da redução. Ele declarou: "A primeira etapa da investigação de um fato deve ser uma descrição dos elementos individuais (...) dos quais consiste".
· Voluntarismo. Wundt concentrou-se no estudo da capacidade própria de organização da mente
· O voluntarismo refere-se à força de vontade própria de organizar o conteúdo da mente em processos de pensamento superiores.
entanto é importante lembrar que Wundt, embora alegasse que a mente consciente era dotada do poder de sintetizar os elementos em processos cognitivos de nível superior, nunca deixou de reconhecer serem básicos os elementos da consciência. Na ausência desses elementos, não havia nada a ser organizado na mente.
· Experiência mediata e imediata: Na opinião de Wundt, os psicólogos deveriam dicar-se ao estudo da experiência imediata e não da experiêncie mediata. A experiência mediata proporciona ao indivíduo as informações ou o conhecimento relacionado com algo além dos elementos de uma experiência. É a forma usual de empregar a experiência para adquirir o conhecimento do nosso mundo. Por exemplo: quando olhamos uma rosa e dizemos "A rosa é vermelha", subentende-se que nosso interesse principal se concentra na flor e não no fato de percebermos algo denominado de "[cor] vermelha".
Todavia a experiência imediata de visualizar a flor não está no objeto propriamente dito, e sim na experiência de perceber que alguma coisa é vermelha. Para Wundt, a experiência imediata não sofre nenhum tipo de influência de interpretações pessoais, como a descrição da experiência de visualizar. a cor vermelha da rosa em termos do objeto, ou seja, da flor em si.
O Método de introspecção
· Wundt descrevia a sua psicologiacomo a ciência da experiência consciente. Sendo assim, o método da psicologia científica deve abranger as observações da experiência consciente. No entanto somente o indivíduo que passa pela experiência é capaz de observá-la.
· Wundt estabeleceu que o método de observação devia necessariamente utilizar-se da introspecção, ou seja, do autoexame do estado mental. Ele se referia a esse método como percepção interna.
· Wundt não foi o criador do método da introspecção, que já existia no tempo de Sócrates. A inovação introduzida por ele consistia na aplicação do controle experimental preciso sobre as condições de execução da introspecção.
· A introspecção, ou percepção interna, praticada no laboratório de Wundt na University of Leipzig, obedecia a regras e condições estabelecidas por ele: Os observadores devem ser capazes de determinar quando o processo será introduzido.
· Os observadores devem estar em estado de prontidão e alerta; Devem haver condições adequadas para se repetir várias vezes a observação; Devem haver condições adequadas para se variar as situações experimentais em termos de manipulação controlada do estímulo; A última condição remete à essência do método experimental: a variação das condições das situações de estímulo e a observação das mudanças resultantes nas experiências descritas pelos indivíduos.
· O objetivo de realizar a percepção interna sob rígidas condições experimentais consiste em produzir observações precisas passíveis de repetição, a fim de atingir essa meta, Wundt insistia em Treinar cuidadosa e rigorosamente os seus observadores para realizar corretamente as percepções internas. Exigia que eles completassem até 10.000 observações introspectivas individuais antes de considerá-los preparados para proporcionarem dados significativos para o seu laboratório de pesquisa. 
· Submetidos a esse treinamento repetitivo e persistente, os indivíduos estariam aptos a realizar mecanicamente as observações e se tornariam rápidos e alertas em relação à experiência consciente sendo observada.
· Wundt praticamente não aceitava o tipo de introspecção qualitativa em que as pessoas simplesmente descreviam suas experiências íntimas. A descrição introspectiva que buscava estava relacionada principalmente com os julgamentos conscientes sobre o tamanho, a intensidade, a duração de vários estímulos físicos, ou seja, o tipo de análise quantitativa da pesquisa psicofísica.
Elementos da Experiência Consciente
· definidos o objeto de estudo e a metodologia para a nova ciência da psicologia, Wundt traçou suas metas: analisar os processos conscientes, utilizando-se dos seus elementos básicos; descobrir como esses elementos eram sintetizados e organizados; determinar as leis da conexão que regiam a organização dos elementos.
· Sensações. Wundt alegava ser a sensação uma das duas formas básicas de experiência. A sensação surge sempre que um órgão do sentido é estimulado e os impulsos resultantes atingem o cérebro. Pode ser classificada pela intensidade, duração e modalidade do sentido.
· Wundt não reconhecia nenhuma diferença fundamental entre a sensação e a imagem porque esta também está associada com a estimulação do córtex cerebral.
· Sentimentos. O sentimento é a outra forma elementar da experiência. A sensação e o sentimento são aspectos simultâneos da experiência imediata. O sentimento é o complemento subjetivo da sensação, embora não se origine diretamente de órgão do sentido.
· Sensações são acompanhadas de certas qualidades de sentimento; quando se combinam para formar um estado mais complexo, resultam na qualidade de sentimento.
· Wundt propôs a teoria tridimensional do sentimento com base nas próprias observações introspectivas. Munido de um metrônomo (aparelho que pode ser programado para produzir cliques audíveis em intervalos regulares), notou que, após ouvir uma série de cliques, alguns padrões rítmicos eram mais prazerosos ou agradáveis do que outros.
· Concluiu que parte da experiência de qualquer padrão sonoro requer o sentimento subjetivo do prazer ou desprazer. 
· Teoria tridimensional do sentimento: a explicação de Wundt para os estados do sentimento baseada em três dimensões: prazer\desprazer, tensão/relaxamento e excitação/depressão.
· Wundt considerava as emoções um composto complexo de sentimentos elementares e, se fosse possível destacá-los na grade tridimensional, as emoções poderiam ser reduzidas a esses elementos mentais.
Organização dos Elementos da Experiência Consciente
· Apercepção: processos de organização dos elementos mentais
· Para Wundt, a apercepção consiste em um processo ativo. Nossa consciência não atua apenas sobre sensações e sentimentos básicos que experimentamos. Ao contrário, a
mente atua nesses elementos de forma criativa para compor a unidade. Desse modo, Wundt não acreditava no processo da associação mecânica e passiva defendido pela maioria dos empiristas e associacionistas britânicos.
O Destino da Psicologia de Wundt na Alemanha
· No período de Wundt na realidade, já em 1.947, duas décadas após a sua morte a psicologia nas universidades alemãs ainda consistia em uma área de especialização da filosofia. Esse fato, em parte, era devido à resistência de alguns psicólogos e filósofos em separar a psicologia da filosofia e também a um fator contextual importante: os órgãos governamentais responsáveis pela criação das universidades não enxergavam nenhum valor prático na psicologia para garantir a alocação de recursos para o estabelecimento de departamentos acadêmicos e laboratórios independentes.
· Em 1.972, quando a Sociedade de Psicologia Experimental realizou um encontro em Berlim, os psicólogos pressionaram formalmente o governo para obter mais verba. Em resposta, o prefeito de Berlim declarou que, primeiro, precisava ver os resultados práticos das pesquisas psicológicas. A mensagem foi clara: "Se a psicologia deseja obter mais verba, seus representantes devem provar a sua aplicabilidade para a sociedade"
· A dificuldade estava no fato de a psicologia de Wundt concentrar-se na descrição e na organização dos elementos da consciência, não sendo, assim, apropriada para a solução dos problemas do mundo real. Talvez seja essa uma das razões de ela não ter criado raízes na atmosfera pragmática dos Estados Unidos. Wundt considerava a psicologia uma ciência puramente acadêmica e não se interessava em aplicá-la às questões práticas.
· Desse modo, apesar da sua aceitação nas universidades de vários países, a evolução da psicologia wundtiana como ciência distinta foi relativamente lenta na própria Alemanha.
· 1910, 10 anos antes da morte de Wundt, existiam três publicações especializadas em psicologia na Alemanha, além de diversos livros e laboratórios de pesquisa. No entanto apenas quatro estudiosos constavam nas listas oficiais como psicólogos e não como filósofos.
· Por volta de 7925, apenas 25 pessoas na Alemanha intitulavam-se psicólogos e somente em 14 das 23 universidades havia departamentos de psicologia independentes.
· Nesse mesmo período nos Estados Unidos, havia muito mais psicólogos e departamentos de psicologia. O conhecimento e as técnicas de psicologia estavam sendo aplicados aos problemas práticos na economia e na educação. Ainda assim, deveríamos reconhecer que a origem para pensar
As Críticas à Psicologia de Wundt
· Especialmente vulnerável era o método da percepção interna ou da introspecção. Os críticos questionavam: quando a introspecção realizada por diferentes observadores produz resultados distintos, como saber qual é o resultado correto? As experiências realizadas com o uso da técnica de introspecção nem sempre produzem o mesmo resultado, já que se trata de uma auto-observação. 
· É definitivamente uma experiência particular. Assim sendo, as divergências não podem ser dirimidas mediante a repetição das observações.
· Wundt reconhecia essa falha, mas acreditava na possibilidade de aprimorar o método, submetendo os observadores a mais treinamento e experiência.
· As opiniões políticas de Wundt também eram alvo de críticas e podem ser aexplicação para a afirmação de um historiador ao descrever "o declínio precipitado da psicologia wundtiana entre as duas grandes guerras [1918-1939]. (...) A maior parte do conteúdo das pesquisas e dos trabalhos de Wundt simplesmente desapareceu nos ambientes de língua inglesa"
· Outras escolas de pensamento surgiram e a encobriram
· Além disso, as forças contextuais econômicas e políticas vigentes contribuíram para o desaparecimento do sistema Wundtiano na Alemanha. Com o colapso econômico e a derrota alemã na Primeira Guerra Mundial, as universidades ficaram falidas. A
University of Leipzig não possuía verbas nem para a aquisição dos livros mais recentes de Wundt para a biblioteca. O laboratório de Wundt, foi destruído durante um bombardeio de americanos e ingleses em dezembro de 1943. Assim, a natureza, o conteúdo, a forma e até mesmo o lar da psicologia wundtiana se perderam.
 A Herança de Wundt
· Para Wundt cumprir a promessa de fundar uma nova ciência, teve de rejeitar o pensamento não-científico do passado e eliminar as relações intelectuais entre a nova psicologia científica e a antiga.
· Wundt, conforme anunciou que o faria, deu início a um novo domínio e conduziu pesquisas no laboratório que instalara exclusivamente para esse fim. Publicou os resultados na sua própria revista e tentou desenvolver uma teoria científica da natureza da mente humana. Alguns de seus alunos deram continuidade ao seu balho, criando laboratórios para prosseguir com as experiências relacionadas com questões estabelecidas por ele e empregando as suas técnicas. 
· Desse modo, Wundt proporcionou à psicologia todos os acessórios de uma ciência moderna.
Outras Tendências da Psicologia Alemã
· wundt deteve o monopólio da nova psicologia por pouco tempo. Os pesquisadores que não concordavam com o ponto de vista de Wuhdt propunham ideias diferentes, embora todos estivessem comprometidos com uma empreitada comum: a expansão da psicologia como ciência. O trabalho desses psicólogos, aliado ao de Wundt, transformou a Alemanha indiscutivelmente no centro do movimento. Os acontecimentos na Inglaterra dariam à psicologia uma temática e uma direção radicalmente diferentes.
· Além disso, os primeiros psicólogos americanos, muitos dos quais formados sob a orientação de Wundt em Leipzig, retornaram aos Estados Unidos e transformaram a psicologia wundtiana em algo tipicamente americano.
· Logo depois da sua fundação, a psicologia se dividiu em facções, e rapidamente a abordagem de Wundt tornou-se apenas mais uma delas.
Hermann Ebbinghaus
Apenas alguns anos após Wundt afirmar ser impossível conduzir experiências com os processos mentais superiores, um psicólogo alemão que trabalhava sozinho, isolado de qualquer centro acadêmico de psicologia, começou a obter êxito nas experiências com esses processos.
Pesquisa sobre Aprendizagem
· Antes do trabalho de Ebbinghaus, a maneira mais comum de estudar a aprendizagem era examinando as associações já formadas. Essa era a abordagem dos associacionistas britânicos. De certo modo, os pesquisadores trabalhavam no sentido inverso, tentando determinar como as ligações haviam sido estabelecidas.
· O enfoque de Ebbinghaus era diferente: ele começava a análise com a formação inicial das associações. Dessa forma era possível controlar as condições sob as quais a cadeia de ideias se formava, o que tornava o estudo da aprendizagem mais objetivo.
· O trabalho de Ebbinghaus a respeito da aprendizagem e do esquecimento acabou sendo considerado um exemplo de genialidade e originalidade da psicologia experimental. Foi o primeiro trabalho a tratar de um problema que fosse verdadeiramente psicológico e não fisiológico, como eram muitos dos tópicos da pesquisa de Wundt.
· Dessa forma, a pesquisa revolucionária de Ebbinghaus ampliou consideravelmente o escopo da psicologia experimental. Como vimos anteriormente, a aprendizagem e a memória nunca haviam sido alvos de estudo experimental.
· Para a medição básica da aprendizagem, Ebbinghaus adaptou uma técnica adotada pelos associacionistas, cuja proposta afirmava ser a frequência de associações uma condição necessária para a lembrança.
· Ebbinghaus acreditava ser possível medir, por meio da frequência, a dificuldade de assimilação de um conteúdo pela contagem do número de repetições necessárias para a perfeita reprodução do material. 
· Ebbinghaus tratou do problema da medição da memória de forma similar, contando o número de tentativas ou de repetições necessárias para a aprendizagem do material.
Pesquisa com sílabas sem Sentido
· Para utilizar como objeto de estudo da sua pesquisa o material a ser aprendido Ebbinghaus inventou o que ficou conhecido como as sílabas sem sentido revolucionando o estudo da aprendizagem.
· E. B. Titchener aluno de Windut, observou que o uso das sílabas sem sentido marcou o primeiro avanço importante na área desde a época de Aristóteles.
· Sílabas sem sentido: sílabas apresentadas em sequência aleatória para o estudo dos processos de memória.
· Ebbinghaus planejou diversos experimentos usando a sua série sem sentido de sílabas para determinar a influência das várias condições experimentais sobre a aprendizagem e a retenção humanas. Uma das pesquisas investigou a diferença entre a velocidade de memorização das listas de sílabas e a de memorização daquelas com significados mais aparentes.
· Ele também estudou o efeito do tamanho do material a ser aprendido sobre o número de repetições necessário para se obter uma reprodução perfeita. 
· Constatou que, quanto mais longo o material a ser estudado, mais repetições eram necessárias e, consequentemente, mais tempo para a aprendizagem. Quando aumentou o número de sílabas a serem aprendidas, o tempo médio de memorização de uma sílaba também foi maior.
· Ebbinghaus estudou ainda outras variáveis que acreditava influenciarem a aprendizagem e a memória por exemplo, o efeito da super aprendizagem (a repetição das listas por mais tempo do que o necessário para obter a reprodução perfeita), as associações existentes nas listas, a revisão do material e o intervalo decorrido entre a aprendizagem e a lembrança. Com a pesquisa sobre o efeito do tempo, produziu a famosa curva do esquecimento de Ebbinghaus, que demonstra que o material é esquecido rapidamente nas primeiras horas
· Em 1880, Ebbinghaus foi indicado para ocupar uma posição acadêmica na University of Berlin, onde prosseguiu com a sua pesquisa, repetindo e verificando seus estudos anteriores. Publicou os resultados das pesquisas no livro intitulado On memory: a contibution to experimental psychology (1885), que pode ser considerado a pesquisa mais brilhante realizada por um único estudioso na história da psicologia experimental. Além de inaugurar um novo campo de estudo, importante até hoje, seu programa de pesquisas é um exemplo de habilidade técnica, perseverança e engenhosidade. Não se tem notícia, na história da psicologia, de qualquer outro pesquisador que tenha trabalhado sozinho e se submetido a um regime de experimentação tão rigoroso. Sua pesquisa foi tão precisa, completa e sistemática que continua a ser mencionada nos livros atuais de psicologia, depois de mais de um século.
Outras Contribuições de Ebbinghaus à Psicologia
· Em 1890, Ebbinghaus e o físico Arthur Konig lançaram a revista intitulada loumal of Psychology and Physiology of the Sense Organs.
· Desenvolveu um exercício de completar sentenças, várias vezes considerado o primeiro teste bem-sucedido sobre os processos mentais superiores. Uma forma modificada dessa tarefa é utilizada em testes modernos de habilidade cognitiva.
· Em 7902, Ebbinghaus lançou um livro de sucesso, The principles of psychology, dedicado à memória de Fechner, e em 1908 publicou A summary of psychology, voltado ao público mais leigo. Os dois livros tiveram várias edições e, após sua morte por pneumonia, em 1909, foram revisados por outros escritores.
· Entre as contribuições de Ebbinghaus não consta nenhuma teoria, sistema formal ou disciplina. Ele não fundou nenhuma escola e nem parecia ser essa asua intenção. No entanto, ele é importante não apenas no estudo da aprendizagem e da memória, ao qual deu início, como também na psicologia experimental como um todo.
· Uma medida do valor histórico geral do cientista é dada pelo tempo durante o qual persiste a sua contribuição. Seguindo esse parâmetro, Ebbinghaus pode ser considerado de maior importância do que Wundt. Sua pesquisa proporcionou objetividade, quantificação e experimentação para o estudo da aprendizagem, tópico que continua central na psicologia do século XX. Graças à visão e à dedicação de Ebbinghaus, as pesquisas relacionadas com a associação deixaram de basear-se em mera especulação sobre os seus atributos e passaram à investigação científica formal. Mais de um século depois, muitas das suas conclusões a respeito da natureza da aprendizagem e da memória ainda permanecem válidas.
 Schultz, D.P. & Schultz, S.E. (2009). História da psicologia moderna. São Paulo: Cengage Learning.

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