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A denominação de uma coisa é totalmente extrínseca à sua na- tureza. Eu não sei nada sobre um homem sabendo que o seu nome é Jacobus. Do mesmo modo desaparece nos nomes monetários libra, táler, franco, ducado etc. qualquer vestígio da relação de valor. A confusão sobre o sentido secreto desses signos cabalísticos é tanto maior na medida em que as denominações monetárias expressam ao mesmo tem- po o valor das mercadorias e partes alíquotas de um peso metálico, do padrão monetário.153 Por outro lado, é necessário que o valor, em contraste com os coloridos corpos do mundo das mercadorias, evolua para essa forma reificada sem sentido próprio, mas também simples- mente social.154 O preço é a denominação monetária do trabalho objetivado na mercadoria. Por isso, a equivalência da mercadoria e do quantum de dinheiro, cuja denominação é o preço dela, é uma tautologia,155 como a expressão relativa de valor de uma mercadoria por si é sempre a expressão da equivalência de duas mercadorias. Mas se o preço como expoente da grandeza de valor da mercadoria é expoente de sua relação de troca com dinheiro, não se segue, ao contrário, que o expoente de sua relação de troca com dinheiro seja necessariamente o expoente de sua grandeza de valor. Suponhamos que o trabalho socialmente ne- cessário de igual grandeza represente-se em 1 quarter de trigo e em 2 libras esterlinas (cerca de 1/2 onça de ouro). As 2 libras esterlinas são a expressão monetária da grandeza de valor do quarter de trigo ou seu preço. Se as circunstâncias permitirem sua cotação a 3 libras esterlinas ou forçarem sua cotação a 1 libra esterlina, então como ex- MARX 225 dinheiro, respondeu ele: para fazer contas." (ATHEN[AEUS]. Deipn. Livro Quarto, 49, v. 2, p. 120, ed. Schweighaeuser, 1802.) 153 Nota à 2ª edição. “Como o ouro, como padrão dos preços, aparece com denominações de conta iguais às dos preços das mercadorias, de forma que, por exemplo, 1 onça de ouro tanto quanto o valor de 1 tonelada de ferro é expressa em 3 libras esterlinas, 17 xelins e 10 1/2 pence, essas suas denominações de conta foram designadas como o seu preço mo- netário. Surgiu, por isso, essa estranha concepção de que o ouro (respectivamente a prata) seria avaliado em seu próprio material e, em contraste com todas as outras mercadorias, receberia do Estado um preço fixo. Confundiu-se a fixação dessas denominações de conta de determinados pesos de ouro com a fixação do valor desses pesos.” (MARX, Karl. Op. cit., p. 52.) 154 Ver “Teorias da Unidade de Medida do Dinheiro”. In: Zur Kritik der Pol. Oekon. etc. p. 53 et seqs. As fantasias sobre o aumento ou a diminuição do “preço da moeda”, que consistem em que as denominações monetárias legais de pesos legalmente fixados de ouro ou prata sejam transferidas, por parte do Estado, para pesos maiores ou menores, e assim passar a cunhar 1/4 de onça de ouro, em 40 xelins em vez de em 20 — essas fantasias, na medida em que não objetivem operações financeiras inábeis contra credores públicos ou privados, mas sim “curas milagrosas” econômicas, já foram tratadas tão exaustivamente por Petty em Quantulumcumque Concerning Money. To the Lorde Marquis of Halifax, 1682, que seus sucessores imediatos, Sir Dudley North e John Locke, para não falar nos posteriores, pu- deram apenas vulgarizá-lo. “Se a riqueza de uma nação”, diz ele, entre outras coisas, “pudesse ser decuplicada por meio de um decreto, seria de estranhar que nossos governos não tivessem já há muito tempo promulgado tais decretos.” (Op. cit., p. 36.) 155 "Ou então deve-se reconhecer que 1 milhão em dinheiro tem mais valor que igual valor em mercadorias" (LETROSNE, Op. cit., p. 919), portanto, “que um valor vale mais que outro valor igual.”
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