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1 PROJETO Conceitos de Canais de Distribuição Nesse artigo, vamos apresentar diversos conceitos que são importantes quando falamos de canais de distribuição Envolvimento No contexto das decisões de canais, é muito importante ter claro a definição de envolvimento. "O envolvimento é o grau de preocupação e cuidado que o consumidor emprega na decisão de compra." (SAMARA e MORSCH, 2005, p.41). Assim, o envolvimento está associado ao risco de compra. Produtos que necessitam de alto desembolso para sua aquisição, produtos que terão simbolismo alto, cujo erro na compra pode afetar muito o consumidor são considerados produtos de alto envolvimento. Comprar um carro tem um envolvimento maior que comprar um docinho. Em geral, um erro na compra de um doce não significa um risco. Se o doce não estiver saboroso, podemos descartar e comprar outro. Mas quando esse doce é para a festa de casamento, esse risco se acentua e por isso, a sua compra gera maior envolvimento. É importante ter claro esse conceito porque ele afetará muitas escolhas de canal. Nível do Canal Quando falamos de canais de distribuição, estamos falando do esforço de levar produtos e serviços do produtor ao consumidor final. Nesse caminho, diversos intermediários podem participar. O canal pode ser classificado com relação ao número de níveis intermediários. Quando um canal não tem intermediários, e o fabricante vende direto para o consumidor, dizemos que é um canal nível zero. Esse tipo de canal é chamado de canal direto. Quando temos um único nível de canal, chamamos de nível 1. O mais comum é que esse único nível seja varejista. Então, quando um fabricante vende para uma loja e essa loja revende para o consumidor, temos um canal nível 1. Níveis do Canal Fabricante Consumidor n = 0 Fabricante Varejista Consumidor n = 1 Fabricante Distribuidor Varejista Consumidor n = 2 2 Quando o canal tem dois níveis de intermediários, chamamos de nível 2. Esse tipo de canal é bem comum em produtos de bens de consumo de alto giro. Os fabricantes vendem para os distribuidores com quem eles têm contratos e esses repassam para os varejistas. Intensidade do canal Os canais podem variar em termos de intensidade, podendo ser intensiva, seletiva ou exclusiva. Quando o fabricante quer que o produto chegue ao maior número possível de pontos de venda, chamamos de distribuição intensiva. Esse tipo de estratégia costuma ser muito adotada por empresas de bens de consumo de alto giro. Essas compras são compras de baixo envolvimento, ou seja, baixo risco para o comprador. Uma marca de chicletes, por exemplo, ela quer estar em todos os pontos de venda que oferecem chiclete. Se ela não estiver, o consumidor ali mesmo decide por outra marca. Quanto mais intensiva for a distribuição, menos controle o fabricante tem dos fluxos no canal, mas por outro lado, não perde espaço para os concorrentes. O oposto é a distribuição exclusiva. Nela, um único intermediário terá a possibilidade de ofertar a marca em uma determinada região. Essa estratégia é mais indicada quando se deseja ter maior controle sobre a execução dos fluxos no canal e isso costuma acontecer com categorias de produtos de alto envolvimento. Como as compras pressupõe maior risco, o consumidor se desloca a procura dos pontos exclusivos e a venda precisa ser mais controlada. Essas duas estratégias são bem extremadas. O mais comum é a distribuição seletiva, quando se define uma cobertura com pontos de venda selecionados, alcançando uma cobertura adequada, com algum nível de controle e custos mais baixos. As empresas controlam a intensidade da distribuição para avaliar quanto sua estratégia de distribuição está sendo efetiva. Fluxo no canal Em um canal de distribuição não trafegam somente bens e serviços, diversos outros fluxos acontecem tanto de forma descendente quanto ascendente. No canal ocorrem fluxo de negociação, financeiro, informação, entre outros. No que tangem os produtos, é importante avaliar que pode haver fluxos diferentes de propriedade e posse do produto. A propriedade só ocorre quando Fabricante Distribuidor Varejista Consumidor p ro d u to n ego ciação p ro p ried ad e fin an ceiro in fo rm ação 3 PROJETO um intermediário compra o produto, em algumas situações, um intermediário pode ter a posse física do produto, quando o produto está fisicamente com ele, mas não ter a propriedade, por não o ter adquirido. Um exemplo são as operações de consignação. Um intermediário recebe o produto, mas não paga por ele. Ao vender, o direito de propriedade passa do produtor direto para o comprador. O intermediário ganha somente uma comissão pela venda. Há ainda intermediários que podem não ter nem a propriedade e nem a posse. Os representantes de vendas são exemplos desse tipo de operação sem posse ou propriedade. Níveis de Serviço Os consumidores ao escolherem os canais levam em consideração alguns níveis de serviço: sortimento, tamanho do lote; tempo de espera; conveniência espacial; serviços agregados; informação. • Sortimento – é a variedade de produtos oferecida no ponto de vendas. Os consumidores em muitos momentos querem resolver seus problemas em um único ponto de venda e por isso espera que esse tenha uma boa variedade de produtos • Tamanho do lote – é o fracionamento ou número de unidades mínima que se pode comprar. Se o consumidor só quer comprar uma única unidade, ele prefere pontos de venda que fracionam mais o produto. Em atacarejos, por exemplo, é comum ter a possibilidade de comprar somente lotes maiores. • Tempo de espera – é o tempo entre ter o interesse em comprar e ter o produto em mãos. Leva em consideração tempo para comprar e receber o produto. Nos canais virtuais, esse é um nível de serviço que costuma ser muito considerado na hora de escolher onde comprar. • Conveniência espacial - é a distância que o consumidor precisa percorrer até achar o produto. Para categorias com baixo nível de envolvimento, essa distância costuma ser muito baixa. Como a compra apresenta poucos riscos, o consumidor compra no ponto de vendas mais perto. • Serviços agregados – na compra de diversos produtos, o consumidor avalia também os serviços agregados como assistência técnica, concessão de crédito, ambiente da loja, entre outros • Informação – existem algumas categorias de produtos que o consumidor escolhe o ponto de venda levando em consideração as informações que esse fornece. Estratégia puxada e empurrada Dentro do canal de distribuição podem existir dois tipos de estratégias de marketing: puxada (pull) ou empurrada (push). Na estratégia empurrada (push), a empresa usa a força de vendas e promoções de vendas para induzir os intermediários a expor os produtos e incentivarem as vendas. Essa estratégia é muito importante em categorias com baixo envolvimento e com marcas que tenham baixa identificação e fidelização. Nesses casos a decisão de vendas é feita primordialmente no ponto de venda. Na estratégia puxada (pull), a empresa utiliza a propaganda e a força da sua marca para persuadir o consumidor final a pedir o seu produto no ponto de venda. Assim, os intermediários, sabendo que o produto será pedido pelo consumidor, se abastece dele. 4 A melhor estratégia é quando a empresa consegue trabalhar bem as duas possibilidades.