Buscar

RESUMO_DE_DIREITO_PROCESSUAL_CIVIL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 158 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 158 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 158 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
 
1. DA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO 
 
Relembrando a tripartição clássica de Montesquieu, a atividade jurisdicional 
é reconhecida como sendo uma das funções do poder estatal, ao lado das 
funções administrativas e legislativas. O poder, em si, é uno e indivisível, 
estabelecido nas três funções mencionadas, criando um sistema de freios e 
contrapesos. O objeto da atividade jurisdicional é a solução de conflitos de 
interesse (lide) no âmbito do sistema jurídico. 
Podemos dividir as formas de solução da lide em autotulela, autocomposição 
e jurisdição: 
 
a) Autotutela: É hipótese em que as partes solucionam suas controvérsias 
de maneira direta, sem a intervenção de um terceiro estranho à própria lide. 
Qualquer meio poderia ser utilizado para a solução do conflito, inclusive a força 
bruta, representada pelo poder bélico ou econômico. Exemplo: Caso o devedor 
não pagasse uma dívida, o credor poderia se apropriar de um bem dele de 
valor equivalente ao crédito. Hoje, a autotutela é rechaçada pelo Direito Penal 
por meio do art. 345 do Código Penal (CP), na figura do exercício arbitrário das 
próprias razões: 
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para 
satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei 
o permite: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, 
além da pena correspondente à violência. 
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, 
somente se procede mediante queixa. 
 
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa 
própria, que se acha em poder de terceiro por 
determinação judicial ou convenção: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
 
 
Contudo, a autotutela é excepcionalmente autorizada no Direito Moderno, 
por meio da legítima defesa da posse (§1º; art. 1.210 do CC): 
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse 
em caso de turbação, restituído no de esbulho, e 
segurado de violência iminente, se tiver justo receio de 
ser molestado. 
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá 
manter-se ou restituir-se por sua própria força, 
contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de 
desforço, não podem ir além do indispensável à 
manutenção, ou restituição da posse. 
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a 
alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a 
coisa. 
 
 
b) Autocomposição: Aos poucos, a autotutela foi dando lugar a outra forma 
de solução dos conflitos entre as partes, num sinal de avanço da civilização, 
mediante ajuda de terceiro desinteressado e imparcial, eleito pelos desafetos, 
como no caso da atual Arbitragem. Podemos observar a autocomposição por 
meio da: 
a)Submissão: É hipótese em que uma das partes deixa de oferecer 
resistência à pretensão da outra, verdadeiramente se submetendo à vontade 
da outra parte; 
b) Desistência: É hipótese em que uma das partes não se submete, mas 
abre mão da pretensão em si à outra; 
c) Transação: São concessões recíprocas entre as partes. Tais soluções 
parciais e precárias geraram a arbitragem, forma integral e completa de 
autocomposição. 
d) Jurisdição: Somente com o desenvolvimento da noção de Estado e, bem 
mais tarde, a noção de Estado de Direito, é que a tarefa de solucionar a lide 
entre as pessoas foi admitida como função do Estado. 
Há uma absoluta preferência pela solução jurisdicional estatal dos conflitos 
de interesses, contudo, os interessados podem adotar um meio não 
jurisdicional de composição dos conflitos, é o caso da arbitragem. Aliás, a 
arbitragem, opção feita pelos interessados para solução dos litígios, 
expressamente prevista em lei, é um meio alternativo de solução de litígio e, 
por conseguinte, de pacificação social, não afastando o controle jurisdicional. 
(art. 5.º, XXXV, da CF): 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a direito; 
A atividade jurisdicional estatal está em consonância com a Lei nº 9.307/96 
que reza no seu art. 1º: 
 
As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da 
arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos 
patrimoniais disponíveis 
 
Trata-se, portanto, de mecanismo alternativo à atividade do Poder Judiciário. 
 
1.1 CONCEITO DE JURISDIÇÃO 
 
Jurisdição é uma das funções do Estado, mediante a qual este se substitui 
aos titulares dos interesses em conflito para, imparcialmente, buscar, por meio 
da pacificação do conflito que os envolve, a justiça. É o poder dever de 
aplicação do direito objetivo conferido ao magistrado. 
O Estado, por meio do processo, busca a atuação da vontade do direito 
objetivo. A jurisdição pode assumir três papéis: 
a) Poder: A jurisdição gera um poder de império, na qual as decisões, 
quando não acolhidas espontaneamente, são impostas para gerar eficácia; 
b) Função: Expressa os encargos que têm os órgãos estatais de promover 
a pacificação de todos os conflitos, quer interindividuais, quer difusos ou 
coletivos, mediante a realização do direito justo e pelo processo; 
c) Atividade: A jurisdição é, ainda, um conjunto complexo e dinâmico de 
atos do Juiz no processo, exercendo o poder e cumprindo a função por meio do 
princípio de legalidade. 
É somente por meio do devido processo legal que vislumbramos o poder, a 
função e a atividade jurisdicional. 
 
1.2 PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO 
 
Temos os seguintes princípios da jurisdição: 
 
a) Devido processo legal: De acordo com tal princípio, fica assegurado ao 
indivíduo o direito de ser processado nos termos da lei, garantindo ainda o 
contraditório, a ampla defesa e o julgamento imparcial; 
 
b) Contraditório: É, além de um princípio fundamental, uma garantia de 
audiência bilateral, gerando uma indispensável dialética que rege o processo, 
pois o órgão judicante não pode decidir uma questão ou pretensão sem que 
seja ouvida a parte contra a qual foi proposta, resguardando, dessa forma, a 
paridade dos litigantes nos atos processuais. Mesmo no pronunciamento do 
Juiz, há oportunidade de defesa contra quem a pretensão se dirige; inaudita 
altera pars (ouça-se a outra parte), inclusive gerando retratação por parte do 
órgão judicial, trata-se das hipóteses recursais; 
 
c) Juiz Natural: É a garantia segundo a qual todos têm direito de ser 
julgados por Juiz independente e imparcial. A própria Constituição proíbe aos 
Tribunais de Exceção, isto é, aqueles instituídos para o julgamento de 
determinadas pessoas ou de crimes de determinada natureza sem previsão 
constitucional (art. 5.º, inc. XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção); 
 
d) Indelegabilidade: É a garantia segundo a qual nenhum dos Poderes 
pode delegar atribuições. Por se tratar de questão atinente à estrutura e 
funcionamento do Estado, o próprio texto Constitucional fixa as atribuições de 
cada um dos Órgãos do Poder Judiciário, bem como do seu conteúdo, não 
podendo outra fonte, que não seja a própria Constituição, modificar por meio de 
delegação as atribuições do Poder Judiciário. Por isso, nem a lei 
infraconstitucional pode, muito menos os próprios Membros do Poder 
Judiciário, alterar seus âmbitos de atuação; 
 
e) Indeclinabilidade (inafastabilidade): É o princípio expresso no artigo 5.º, 
inc. XXXV, da Constituição, que garante a todos o acesso ao Poder Judiciário, 
não podendo este deixar de atender a quem venha deduzir uma pretensão 
fundada no direito e pedir uma solução a ela. 
Nem em caso de lacuna ou obscuridade da lei, pode o Juiz escusar-se de 
proferir decisão (art. 126 do CPC): 
 
Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar 
alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da 
lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, 
recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais 
de direito. 
 
É o próprio acesso à Justiça; por conseguinte, está afastado do nosso 
sistema jurídico o nom liquet, ou seja, o Juiz não deixar de decidir; 
 
f) Ampla defesa (art. 5.º, inc. LV, da CF): É o princípio que assegura a 
todos que estão implicados no processo que, conforme o contraditório,possam 
produzir provas de maneira ampla, por todos os meios lícitos conhecidos: 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, 
e aos acusados em geral são assegurados o contraditório 
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
 
g) Fundamentação das decisões: De acordo com tal princípio, todas as 
decisões precisam ser fundamentadas sob pena de nulidade. A fundamentação 
é indispensável: 
� Para que a parte tenha elementos para recorrer. 
� Para que a parte possa ter ciência do motivo da decisão; 
� Para garantir o princípio da legalidade. 
A decisão não é discricionária, mas vinculada. É vinculada à norma, 
devendo o caso concreto se enquadrar à norma legal em abstrato. É a 
adequação de uma conduta ou fato concreto (norma-fato) à norma jurídica 
(norma-tipo). É a tipicidade, no direito penal; bem como é o fato gerador, no 
direito tributário. 
 
h) Princípio da investidura: As pessoas físicas, representando o Estado no 
exercício da jurisdição, quer por agentes políticos ou por órgãos, precisam de 
formal investidura para que encarnem o Estado e tenham poder delegado do 
mesmo para o exercício da judicatura. Significa dizer que o representante deve 
estar legalmente investido no cargo. Por exemplo: O juiz federal não pode 
julgar causa relativa ao juiz estadual. 
 
i) Princípio da aderência ao território: A jurisdição, por ser um poder, está 
sujeita à soberania, isto é, à autoridade suprema do Estado, gerando sua 
independência de outros, e, por óbvio, tal exercício de poder só pode ocorrer 
dentro dos limites físicos do território, para não ferir a soberania de outro 
Estado. Por isso, a decisão de um Juiz brasileiro só poderá produzir efeitos 
nos Estados estrangeiros, com a expressa autorização dos órgãos 
competentes desses Estados. Da mesma forma, as decisões estrangeiras 
produzirão efeitos no território nacional; 
 
j) Inevitabilidade: A autoridade dos Órgãos Jurisdicionais advém do Poder 
Estatal soberano e impõe-se independentemente da vontade das partes. Pouco 
importa se as mesmas vão ou não aceitar o resultado do processo, pois estão 
num sistema de sujeição ao Estado – Juiz. 
 
l) Inércia: É o princípio que garante a imparcialidade do Juiz, pois o mesmo 
se mantém eqüidistante das partes, evitando-se que o mesmo tenha qualquer 
iniciativa na relação processual. O Juiz somente geraria mais conflitos ao invés 
de solucionar os já existentes. 
 
1.3 DIVISÃO DA JURISDIÇÃO 
 
A rigor, a jurisdição não comporta divisões, pois não há pluralidade de 
soberania. A jurisdição é una e indivisível, assim como o poder soberano é uno 
e indivisível. Contudo, há divisão de competências, que viabiliza o melhor 
desempenho do órgão jurisdicional: 
 
a) Jurisdição Penal e Civil: O objeto da atividade jurisdicional é uma 
pretensão de cunho material. Apesar do objeto material ser muito variado 
(direito administrativo, comercial, tributário, previdenciário etc.), a tutela pode 
ser civil ou pode ser penal. A tutela penal é aquela que trata de pretensões 
punitivas e a tutela civil são todas as demais, por exclusão. São chamadas de 
causas não penais. Por isso, a Justiça Trabalhista tem, sob esse aspecto, 
natureza civil. Apesar de alguns Juízes terem competência civil e outros 
penais, existem alguns casos de duplicidade de exercício, como ocorre em 
pequenas comarcas. 
 
b) Jurisdição Especial ou Comum: A própria Constituição Federal dispõe 
sobre as justiças que exercem a jurisdição especial e as justiças que exercem 
a jurisdição comum. Entre as que exercem jurisdição especial estão: Militar, 
Eleitoral , do Trabalho, Militares Estaduais. No âmbito da jurisdição comum 
estão: a Justiça Federal e as Justiças Estaduais. 
 
c) Jurisdição Superior ou Inferior: Os órgãos de primeiro grau são 
chamados órgãos de primeira instância e os de segundo grau de segunda 
instância. Instância é grau de jurisdição, enquanto entrância é grau 
administrativo das Comarcas e das carreiras de Juízes e Promotores 
Estaduais. 
 
d) Jurisdição de Eqüidade: Determina o art. 127 do CPC que o Juiz 
decidirá por eqüidade nos casos previstos em lei. Decidir por eqüidade é 
decidir sem as limitações impostas pela precisa regulamentação legal. A 
jurisdição de eqüidade está contraposta à jurisdição de direito e sua 
admissibilidade é excepcional. Nas arbitragens e no processo penal é regra 
geral. 
 
1.4 JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA 
 
Na jurisdição voluntária há ausência de lide, contudo, não pode ser encarada 
como função administrativa pela simples falta de lide, visto que, com a 
manifestação jurisdicional procura-se prevenir futuros litígios, pois a pretensão 
trazida ao Judiciário fora solucionada pelas próprias partes ou ambas buscam 
uma mesma pretensão. 
Em síntese, as principais características da jurisdição voluntária são: 
a) imparcialidade do órgão encarregado de decidir; 
b) garantia de observância do Direito objetivo; 
c) a proteção dos interesses privados; 
d) é sempre um interesse insatisfeito que provoca a atividade jurisdicional; 
e) a ausência de lide apenas serve para diferenciar a Jurisdição voluntária 
da contenciosa; 
f) não se nega a existência de Jurisdição; 
g) a coisa julgada é tida como efeito genérico da Jurisdição; 
h) Jurisdição voluntária e Jurisdição contenciosa são partes de um mesmo 
ramo, a Jurisdição. 
Exemplo de jurisdição voluntária é o da separação judicial consensual, em 
que os cônjuges, com o mesmo objetivo, vão ao Poder Judiciário para pedir 
manifestação, desfazendo a sociedade conjugal existente. Não há conflito. 
Ambos querem desfazer a sociedade conjugal por meio da separação 
consensual. Não basta a vontade deliberada de ambos, pois é imprescindível a 
homologação do Juiz. 
 
1.5 ELEMENTOS DA AÇÃO 
 
Elementos da ação – descrevem a identidade da ação. São eles: 
a) partes (autor e réu); 
b) objeto é o pedido mediato (mérito) e o pedido imediato (sentença); 
c) causa de pedir que pode ser próxima (fundamento jurídico do pedido) e 
remota (fato gerador do direito). 
Com os elementos da ação é que se pode identificar: a litispendência, a 
coisa julgada, a conexão e a continência. 
 
1.6 CLASSIFICAÇÕES DA AÇÃO 
 
A classificação ocorre de acordo com a natureza da prestação jurisdicional. 
As ações podem ser classificadas da seguinte forma: 
1. Ações de conhecimento – visa o acertamento de um direito. Subdivide-se 
em: a) meramente declaratória – declaram a existência ou inexistência de um 
direito; b) constitutiva – tem como objetivo constituir, modificar ou extinguir um 
direito; c) condenatória – objetiva satisfazer uma obrigação de dar, fazer e não 
fazer; d) mandamental (por meio de um mandato a sentença torna efetiva. 
2. Ação de execução – o credor busca a satisfação de uma obrigação não 
cumprida voluntariamente pelo devedor. 
3. Ação cautelar – busca uma garantia processual para assegurar o 
processo de conhecimento ou de execução. 
 
1.7 CONDIÇÕES DA AÇÃO 
 
O direito de ação está legitimado pela nossa Constituição Federal e deverá 
ser solicitado sempre que haja lesão ou ameaça a direito. Somente com a 
petição inicial é que se instaura o processo e a partir de então a ação fica 
regida pela ordem jurídica processual. Durante o processo de conhecimento, a 
sentença de mérito só será realizada caso a ação tenha obedecido a três 
critérios previstos no nosso CPC, chamados de condições da ação. Caso a 
ação obedeça a esses critérios ela terá obtido a tutela jurisdicional e, então, 
haverá o julgamento do mérito da questão. Se a ação não obedecer a tais 
pressupostos então não haverá julgamento do mérito da procedência ou 
improcedência do pedido formulado pelo autor. 
A primeira oportunidade que o réu tem para alegar a carência de ação é na 
contestação. Por ser matéria de ordem pública, no entanto, não preclue, 
podendo ser argüida a qualquer momento. Se o réu, entretanto, alegar carência 
de ação após a contestação, deverá arcar com as custas e honorários desde a 
contestação. 
Caso o Juiz, afaste a carênciasem que ninguém recorra da decisão, ele 
poderá, em qualquer fase do processo, reconsiderar sua decisão e acolher a 
carência, tendo em vista ser matéria de ordem pública. Quanto às custas e 
honorários, nesse caso, o Juiz só arcará com as despesas se houver 
comprovado dolo de sua parte. 
A ação somente existirá se houver o preenchimento das três condições 
abaixo relacionadas: 
 
LEGITIMIDADE DE PARTES: Só poderá propor uma ação quem for parte 
legítima. Esta condição é derivada do art. 6.º do Código de Processo Civil, que 
dispõe que ninguém poderá ir a juízo para defender direito alheio, salvo quando 
autorizado por lei. Somente quem alega ser titular de um direito poderá ir a 
juízo defendê-lo. 
Art. 6o Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito 
alheio, salvo quando autorizado por lei. 
 
POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO: O pedido deverá estar em 
conformidade com o ordenamento jurídico. Um exemplo de impossibilidade 
jurídica do pedido é a ação de usucapião de bens públicos. Quem ingressar 
com essa ação terá sua inicial indeferida pela impossibilidade jurídica do 
pedido. Outro exemplo é a cobrança de dívida de jogo proibido, tendo em vista 
a causa de pedir ser juridicamente impossível. Portanto, além de ser 
necessário que o pedido seja juridicamente possível, deverá incluir a 
possibilidade jurídica da causa de pedir. Se qualquer deles for impossível, a 
inicial será indeferida. 
Quando a lei for omissa sobre um assunto, pode-se praticar o ato que a lei 
não proíbe, no entanto, deve-se observar a moral e os bons costumes 
(Exemplo: A prostituição não é proibida em lei, no entanto, embora não haja 
ofensa direta à lei, há ofensa à moral e aos bons costumes; então qualquer 
dívida oriunda da prática da prostituição terá o pedido juridicamente 
impossível). 
 
INTERESSE DE AGIR: Há um binômio que integra o interesse de agir: 
Necessidade e adequação, ou seja, só haverá o interesse de agir quando 
houver a necessidade de ingressar com uma ação para conseguir o que se 
deseja e quando houver adequação da ação (ação própria para o pedido). 
 
EXERCÍCIOS 
 
01. (FCC - TRT 12 ª Região - 2010) As condições da ação 
(A) reconhecidas liminarmente podem ser reapreciadas pelo juiz quando da 
prolação da sentença. 
(B) não se aplicam ao Ministério Público, quando for parte, em razão do 
interesse público da sua atuação. 
(C) não podem ser apreciadas pelo juiz ex officio, devendo ser 
obrigatoriamente arguidas pelas partes. 
(D) só se aplicam à propositura da ação pelo autor, não sendo exigíveis 
quando se tratar de reconvenção. 
(E) não podem ser arguidas pelo Ministério Público, quando intervir no 
processo como custos legis. 
 
02. Consideram-se elementos da ação: 
a) parte, objeto e a causa de pedir; 
b) legitimidade ad causam, o interesse de agir e a possibilidade jurídica do 
pedido; 
c) jurisdição de direito e de equidade; 
d) cognitio, vocatio e coercio, juditio e executio; 
e) nenhuma das alternativas anteriores. 
 
GABARITO: 
 
01: A 
02: A 
 
 
2. DAS PARTES E PROCURADORES 
 
Todo aquele que atua no processo, seja o juiz, o autor, o réu, bem assim a 
testemunha, o perito, o oficial de justiça, o advogado, o promotor, é pessoa do 
processo. As pessoas atuantes no processo, denominadas pessoas do 
processo, constituem o gênero, do qual os sujeitos do processo são a espécie. 
Os sujeitos do processo são aquelas pessoas integrantes da relação 
processual. São sujeitos do processo; o juiz (sujeito imparcial) e as partes 
(sujeitos parciais) que, necessariamente, constituem-se de pelo menos duas; 
autor e réu. 
De um modo geral pode-se entender por partes da relação processual, os 
sujeitos da relação jurídica substancial. É que ordinariamente, as partes 
representam o sujeito ativo e o sujeito passivo da relação jurídica substancial 
controvertida. Essa coincidência, todavia, não necessariamente há que existir. 
No sentido formal, a qualidade parte no processo independe da existência 
ou não do direito material. É indiferente para a qualificação de parte no 
processo, se o autor realmente é titular do direito e se esse direito realmente 
existe em relação ao réu, ainda que, em regra, venha a ser esse o caso ou, 
pelo menos, a alegação. Essas circunstâncias, só vêm a ganhar importância 
fundamental, quando da verificação da admissibilidade ou apreciação do mérito 
da ação. 
O conceito de parte é conceito formal, que deve ser extraído do processo. 
Partes, nesse sentido, são as pessoas que pedem ou em relação às quais se 
pede a tutela jurisdicional. As partes no processo são, pois, os sujeitos ativo e 
passivo da relação jurídica processual. As partes do processo, são 
representadas por aquele que busca e por aquele contra quem, ou em face de 
quem, se busca, em nome próprio, a tutela jurisdicional. 
O figurante no pólo ativo denomina-se autor, o figurante no pólo passivo 
denomina-se réu. Conquanto sempre correta essa denominação, a 
nomenclatura pode variar conforme a fase processual ou segundo a natureza 
deste. Assim, conforme o tipo de processo ou da fase processual ou, ainda, 
conforme o procedimento, costuma-se dar às partes outras denominações 
como se expõe exemplificativamente a seguir: 
 
1) Processo de conhecimento: No processo de conhecimento as partes 
podem receber as seguintes denominações: 
a) nas exceções é usual a denominação de excipiente para o que a 
promove e de exceto para aquele em face de quem é promovida; 
b) na reconvenção o autor pode ser denominado de reconvinte e ao réu 
pode-se denominar de reconvindo. Como a reconvenção exige a iniciativa do 
réu, em sua resposta ao autor, costuma-se também denominar o promovente 
de réu-reconvinte e a aquele contra o qual se dirige a reconvenção de autor-
reconvindo; 
c) nos recursos em geral dá-se o nome de recorrente a aquele que o 
intenta e de recorrido a aquele contra o qual se recorre; 
d) na apelação costuma-se denominar de apelante aquele que recorre da 
sentença e de apelado aquele contra quem se apela; 
e) no agravo dá-se o nome de agravante a quem se vale do recurso contra 
decisão interlocutória, e de agravado a aquele em cuja esfera processual o 
provimento do recurso haja de repercutir; 
f) nos embargos de terceiro denominam-se as partes de embargante e 
embargado; 
g) nas intervenções de terceiro a parte que intervém no processo pode ser 
denominada segundo a figura da intervenção, ou seja, de assistente, 
denunciado, chamado, ou simplesmente de interveniente. 
 
2) Processo de execução: No processo de execução há também uma 
denominação habitual diferenciada das partes: 
a) na execução forçada as partes recebem a denominação de credor e 
devedor ou de exeqüente e executado; 
b) nos embargos do devedor ou de terceiro as partes recebem a 
denominação de embargante e embargado; 
 
3) Processo Cautelar: A denominação que se dá as partes no processo 
cautelar, tanto pode ser a de requerente e requerido, como pode ser outra 
decorrente da medida pleiteada; exemplificando: no arresto, a denominação de 
arrestante e arrestado, na justificação, a denominação de justificante e 
justificado etc... 
 
4) Procedimentos de jurisdição voluntária: Nos procedimentos de jurisdição 
voluntária, como não há a rigor partes por não haver litígio, a denominação dos 
sujeitos da relação, excluída a figura do juiz, é a de interessados. 
 
 
2.1 DA CAPACIDADE PROCESSUAL 
 
A questão da capacidade processual se liga aos pressupostos de 
constituição e desenvolvimento válido da relação processual. Portanto, trata-se 
de pressuposto que precede a indagação da legitimidade da parte, que por sua 
vez é condição da ação. Ausentes os pressupostos processuais, resta 
prejudicado o exame das condições da ação, já que o processo mesmo não 
pode prosperar em razão de sua invalidade. 
A capacidade processual, pressuposto processual, pode ser estudada pelos 
aspectos que apresenta, daí falar-se em pressupostos processuais pertinentes 
às partes. São eles: capacidade de ser parte, capacidadede estar em juízo, 
capacidade postulatória. 
A capacidade de ser parte é a capacidade de ser sujeito de uma relação 
jurídica processual. A capacidade de ser parte diz respeito à capacidade de 
direito, corresponde assim à capacidade civil. 
O artigo 1°. do Código Civil, dispõe que: Toda pessoa é capaz de direitos e 
deveres na ordem civil. Quer isto significar que todo homem tem personalidade 
e pode integrar relação jurídica. Personalidade todos os homens tem, desde o 
nascimento com vida. 
Contudo, a capacidade de ser parte não implica necessariamente na 
capacidade de estar em juízo. Assim como a capacidade de direito não se 
confunde com a capacidade de fato ou de exercício, a capacidade de ser parte 
não se confunde com a de estar em juízo. Esta é a capacidade para o exercício 
daquela. 
A capacidade de estar em juízo é a capacidade para praticar e suportar 
eficazmente atos processuais. Portanto, não basta a potencialidade 
assegurada pelo direito para a prática dos atos, é necessário ademais a 
capacidade para o exercício do direito. O incapaz, por exemplo, tem a 
capacidade de ser parte, ou seja, de ser sujeito de direitos e deveres 
processuais, mas não tem a capacidade de atuar por si no processo. 
Para estar em juízo não basta, pois, a capacidade de ser parte, é necessária 
a capacidade processual ou capacidade de estar em juízo. É o que expressa o 
artigo 7°, do Código de Processo Civil, ao preceituar que tem capacidade para 
estar em juízo, toda pessoa que se acha no exercício de seus direitos. Os 
absolutamente capazes para os atos jurídicos em geral, possuem capacidade 
plena para estar em juízo, enquanto os incapazes precisam de representação 
ou de assistência, conforme se trate de incapacidade absoluta ou relativa. 
A capacidade processual é a possibilidade de vir a juízo sem precisar ser 
representado ou assistido. Há uma correlação entre a capacidade processual e 
a capacidade de fato do Direito Civil, visto que as pessoas que têm capacidade 
processual serão maiores e capazes. Então, normalmente, quem possui 
capacidade processual possui capacidade de fato. Deve-se observar, 
entretanto, que na Lei nº 9.099/95, os maiores de 18 anos possuem 
capacidade processual, fugindo à regra do processo civil. Então, poderá haver 
pessoa que tenha capacidade processual e não tenha capacidade de fato. 
Mesmo que tenha capacidade processual para estar em juízo - legitimatio ad 
processum - alguém somente pode integrar a relação jurídica processual 
através de quem autorizado a postular em juízo, isto é, por quem titular desse 
direito, salvo se ela mesma tenha essa titularidade. Por direito de postular em 
juízo, entende-se o direito de agir e falar em nome das partes no processo. 
No direito pátrio a titularidade do direito de postular (ius postulandi) é 
atribuído ao advogado legalmente habilitado. É o que expressa o artigo 36, do 
Código de Processo Civil. Mas também o Ministério Público tem capacidade 
postulatória, por força da investidura em suas funções. 
Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade 
para estar em juízo. Os incapazes serão representados ou assistidos por seus 
pais, tutores ou curadores. 
Quanto ao curador, o artigo 9º do Código de Processo Civil dispõe: 
 
Art. 9o O juiz dará curador especial: 
I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os 
interesses deste colidirem com os daquele; 
II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou 
com hora certa. 
Parágrafo único. Nas comarcas onde houver 
representante judicial de incapazes ou de ausentes, a 
este competirá a função de curador especial. 
 
O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor 
ações que versem sobre direitos reais imobiliários. Ambos os cônjuges serão 
necessariamente citados para as seguintes ações: 
� Que versem sobre direitos reais imobiliários; 
� Resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou de 
atos praticados por eles; 
� Fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja 
execução tenha de recair sobre o produto do trabalho da mulher ou os seus 
bens reservados; 
� Que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção 
de ônus sobre imóveis de um ou de ambos os cônjuges. 
 
Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu 
somente é indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos 
praticados. 
A autorização do marido e a outorga da mulher podem suprir-se 
judicialmente, quando um cônjuge a recuse ao outro sem justo motivo, ou lhe 
seja impossível dá-la. Nesse caso a falta é suprida pelo juiz, sob pena de 
invalidação do processo. 
Serão representados em juízo, ativa e passivamente: 
� A União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus 
procuradores; 
� O Município, por seu Prefeito ou procurador; 
� A massa falida, pelo síndico; 
� A herança jacente ou vacante, por seu curador; 
� O espólio, pelo inventariante; 
� As pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, 
não os designando, por seus diretores; 
� As sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a 
administração dos seus bens; 
� A pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou 
administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil 
(art. 88, parágrafo único); 
� O condomínio, pelo administrador ou pelo síndico. 
 
Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do 
falecido serão autores ou réus nas ações em que o espólio for parte. As 
sociedades sem personalidade jurídica, quando demandadas, não poderão 
opor a irregularidade de sua constituição. 
O gerente da filial ou agência presume-se autorizado, pela pessoa jurídica 
estrangeira, a receber citação inicial para o processo de conhecimento, de 
execução, cautelar e especial. 
Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da 
representação das partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo 
razoável para ser sanado o defeito. Não sendo cumprido o despacho dentro do 
prazo, se a providência couber: 
� Ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo; 
� Ao réu, reputar-se-á revel; 
� Ao terceiro, será excluído do processo. 
 
 
2.2 PRINCÍPIOS PERTINENTES ÀS PARTES 
 
Como sujeitos do processo, as partes em suas atividades processuais estão 
regidas por princípios norteadores de seus poderes, deveres e 
responsabilidades. São eles os princípios da dualidade de partes, da igualdade 
de partes e do contraditório. 
Para que se fale em processo, visto como relação jurídica, é necessário pelo 
menos dois sujeitos parciais, autor e réu, que por isso mesmo têm interesses 
contrapostos. Além desses sujeitos antagônicos, é claro, existe a figura 
imparcial do juiz. A exigência dos sujeitos parciais no processo é a 
substanciação do princípio da dualidade de partes. 
O princípio da dualidade das partes, embasa a estrutura do processo civil, 
que, por sua vez alcança mesmo o direito material. A polarização entre duas 
partes, encontra sua justiticativa no fato do processo civil, preponderantemente, 
servir à finalidade de fazer valer o direito subjetivo e no fato de tratar o direito 
material, também preponderantemente, do cumprimento de uma obrigação ou 
da titularidade de um direito sobre um objeto, entre duas pessoas. 
O princípio da dualidade orienta para o fato, de que em cada relação jurídica 
deve existir sempre duas partes contrárias. É que ninguém pode processar, 
tampouco executar a si mesmo. Nos conformes do princípio é inviável, por 
exemplo, a demanda de uma filial contra outra filial da mesma pessoa jurídica. 
Sobre a necessidade de as partes serem antagônicas, o Código de 
Processo Civil, em seu artigo 267, inciso X, preceitua a extinção do processo 
sem julgamento do mérito, sempre que ocorra confusão entre o autor e réu. 
Daí a necessidade, ao focar-se esse componente indispensável do 
processo, do emprego do termo sempre no plural. Esse processo, nominímo 
dual, é constituído de uma única relação jurídica processual, de forma que, 
toda nova relação processual, faz surgir, como conseqüência, um novo 
processo. 
Vale observar, portanto, que não é possível um processo com mais de duas 
partes antagônicas. A bilateralidade de partes é necessária e suficiente. O 
número de partícipes numa demanda, ou seja o estado de tensão entre as 
diversas partes de uma relação jurídica, antes do início de um processo, 
mostra assim pouca significância para o processo, visto que este, 
metodologicamente, compreende apenas duas partes. 
O princípio da igualdade de partes, é decorrência do próprio princípio 
constitucional insculpido no artigo 5°, caput do Texto Maior, de que todos são 
iguais perante a lei. Consiste no tratamento paritário que deve ser dispensado 
às partes no processo, conforme expresso no artigo 125, inciso I, do Código de 
Processo Civil. Significa que tanto ao autor como ao réu, competem os 
mesmos poderes, deveres e responsabilidades. 
O último dos citados princípios, diz respeito à dialética imanente do 
processo. Se o processo exige a dualidade antagônica de partes, a síntese, 
que representa a solução do conflito, só pode ser obtida através do 
antagonismo representado pela tese do autor e pela antítese do réu, visto que 
cada um age no processo com vistas ao próprio interesse. Decorre do princípio 
constitucional consagrado no artigo 5°, LV, do Texto. Significa que ninguém 
pode ser processado, ainda menos condenado, sem que se lhe tenha dado 
oportunidade de defender-se. Assim como é assegurado ao autor o direito de 
ação, assegura-se ao réu a possibilidade de defender-se. Dada a sua 
característica constitucional de direito fundamental, o princípio do contraditório 
deve ser observado não apenas pelo seu aspecto formal, mas principalmente 
pelo aspecto substancial. Sendo certo que as normas que desatentem ao 
princípio do contraditório são inconstitucionais. 
 
 
2.3 DOS PODERES E DEVERES, DA SUBSTITUIÇÃO DAS PARTES E 
PROCURADORES. 
Às partes competem poderes, que podem ser designados de poderes-
deveres, no sentido de que não estão obrigadas a exercitá-los, mas que devem 
necessariamente exercitá-los, a fim de obter o resultado pretendido e de evitar 
situações desfavoráveis no processo. A exceção à regra consiste na atuação 
do Ministério Público como parte pública, onde no exercício dessa função, tem 
poder-dever em caráter de obrigatoriedade e não necessariedade. 
Basicamente assiste ao autor o poder de agir, provocando a tutela jurisdicional 
no sentido de um provimento frente a uma situação jurídica afirmada e ao réu 
assiste o poder de se manifestar, respondendo à iniciativa da parte adversa. 
Cabendo às partes, ainda, o ônus da prova do alegado (art. 333, CPC). 
 
Art. 333. O ônus da prova incumbe: 
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; 
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, 
modificativo ou extintivo do direito do autor. 
Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de 
maneira diversa o ônus da prova quando: 
I - recair sobre direito indisponível da parte; 
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício 
do direito. 
 
Nos termos do artigo 14, do Código de Processo Civil, compete às partes e 
aos seus procuradores expor os fatos em juízo conforme a verdade; proceder 
com lealdade e boa-fé; não formular pretensões nem alegar defesa, cientes de 
que são destituídas de fundamento; não produzir provas, nem praticar atos 
inúteis ou desnecessários à declaração ou defesa do direito. 
São deveres substanciados nos princípios da lealdade e da boa-fé, que 
devem ser observados pelas partes e seus procuradores, sob pena de 
incorrerem nas sanções previstas no artigo 18, do Código de Processo Civil. 
Significa a consagração dos princípios publicísticos do processo, com ênfase à 
atividade oficiosa do juiz, relativizando uma preconizada posição que defendia 
sua atitude passiva e dependente, conforme a idéia da disponibilidade, 
resultante da atividade dos litigantes. 
Desses deveres, resulta que as partes devem sustentar suas razões dentro 
dos princípios da ética e da moral, mantendo-se fiel aos fatos, ou seja em 
obediência à verdade. Aqui não se exige a verdade absoluta, mas sim a 
veracidade dos fatos. É que, não se pode exigir num contraditório, que a parte 
expenda declarações que lhe são prejudiciais e beneficiariam a parte adversa. 
A lei não pode exigir, que a parte fale contra si própria. Basta que a parte 
acredite, naquilo que afirma. 
Também no que diz respeito à linguagem utilizada no processo, as partes 
têm deveres a ser observados. O artigo 15, do Código de Processo Civil, 
proíbe às partes e aos seus procuradores empregar expressões injuriosas nas 
peças escritas que integram o processo, cabendo ao juiz mandar riscá-las, de 
ofício ou a requerimento das partes. Do mesmo modo, pertinentemente as 
expressões injuriosas proferidas em defesa oral, ao juiz compete advertir o 
advogado que não as use, sob pena de cassar-lhe a palavra. 
A violação do dever de lealdade, ocorre sempre que a parte, maliciosamente 
ou de má-fé, pratica atos tendentes a procrastinar o feito ou age 
desonestamente com o objetivo único de ganhar a demanda, como, por 
exemplo, quando indica endereço errado de testemunhas ou quando ingressa 
com diversas e seguidas petições desnecessárias, para provocar tumulto 
processual ou, ainda, quando astuciosamente desvia o processo do objetivo 
principal desvirtuando o contraditório. 
A litigância de má-fé acarreta como conseqüência o dever de indenizar. Com 
efeito, o artigo 16, do Código de Processo Civil, dispõe que responde por 
perdas e danos o litigante de má-fé, seja este autor, réu ou interveniente. 
A má-fé caracteriza-se pela intenção do agente em prejudicar a outrem. A 
responsabilidade processual pressupõe um elemento objetivo, o dano, e um 
elemento subjetivo, a culpa. Assim, certamente quem pleiteia com dolo, ou 
seja, com intenção de causar prejuízo, responde por perdas e danos ao 
prejudicado. Mas, em algumas hipóteses, basta a culpa em sentido estrito. O 
Código de Processo Civil relaciona as hipóteses em que o sujeito processual é 
considerado litigante de má-fé, dispondo nos seguintes termos: 
 
Art. 17. Reputa-se litigante de má-fé aquele que: 
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de 
lei ou fato incontroverso; 
II - alterar a verdade dos fatos; 
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; 
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do 
processo; 
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou 
ato do processo; 
VI - provocar incidentes manifestamente infundados. 
 
O rol do citado artigo na opinião da doutrina é taxativo, não comportando 
ampliação. A responsabilidade pelo causador do dano processual, litigante de 
má-fé, nos termos do artigo 18, § 2, do CPC, é aferida e determinada nos 
mesmos autos, não sendo necessário o ajuizamento de ação própria. 
Verificada a litigância de má-fé, o juiz a declarará na sentença, fixando o valor 
da indenização. Faltando ao juiz elementos para tanto, este mandará que a 
sentença seja liquidada por arbitramento, conforme o rito expresso no artigo 
607 do CPC. 
O litigante de má-fé tem o dever de indenizar, independentemente do 
resultado final da demanda, ou seja mesmo que vencendo, aquele infringiu um 
dos tipos do art. 17, CPC, está obrigado a indenizar. Sendo vários os litigantes 
de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção do seus respectivos 
interesses na causa, é o que preceitua o § 1, do artigo 18 do CPC. A doutrina 
ressalta, que mesmo o litigante beneficiário da justiça gratuita não está isento 
de indenizar, se infringiu um dos mandamentos do art. 17. 
 
PROCURADORES: O sujeito que pretenda exercer o poder de invocar o 
órgão jurisdicional ou o sujeito contra quem este é invocado, que pretenda 
apresentar sua resposta, deverá possuir além da capacidade de ser parte e de 
estar em juízo, a capacidade postulatória(ius postulandi). Se esse sujeito não a 
possui, deverá estar representado em juízo por quem a possua. No 
ordenamento pátrio, em regra, a titularidade para o direito de postular (ius 
postulandi) é atribuída ao advogado legalmente habilitado. 
Por advogado legalmente habilitado entende-se aquele regularmente inscrito 
no quadro da Ordem dos Advogados do Brasil, nos termos do Estatuto da 
Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (Lei 8906/94), que dispõe em 
seu artigo 3°. serem privativos dos inscritos da OAB, o exercício da advocacia 
e a denominação de advogados. 
Para que o advogado possa exercer a capacidade postulatória, atuando em 
nome de outrém, junto ao órgão jurisdicional, faz-se necessário que este possa 
representá-lo. A representação se dá através de instrumento de mandato 
escrito, público ou particular, que constitui a procuração (art. 38, do CPC). O 
instrumento público somente é exigido, se o outorgante for analfabeto ou não 
saiba assinar seu nome. Para a procuração por instrumento particular, a lei não 
exige maiores formalidades, nem mais o reconhecimento de firma, bastando 
que a mesma esteja assinada pelo outorgante. 
 
SUBSTITUIÇÃO DAS PARTES E DOS PROCURADORES: Com a 
integração de todos os seus elementos subjetivos o processo se estabiliza. O 
Código de Processo Civil, em seu artigo 41, dispõe que no curso do processo 
não é permitida a substituição voluntária das partes, salvo nos casos expressos 
em lei. O dispositivo veda tanto a alteração das partes, como a dos 
intervenientes, durante o curso do processo. Proposta a demanda, as partes 
permanecem as mesmas até o seu final, ainda que haja alteração da 
titularidade do direito controvertido. É, pois, sob o título Da substituição das 
partes e dos procuradores, que a lei processual trata da sucessão no processo. 
 É de notar que a substituição de parte não se confunde com a substituição 
processual de que trata o artigo 6°, do CPC: Aquela ocorre, quando outra 
pessoa assume o lugar do litigante, tornando-se parte na relação jurídica 
processual. Enquanto na substituição processual, espécie do gênero 
legitimação extraordinária (art. 6, CPC), o substituto defende em nome próprio 
direito alheio, na sucessão processual o sucessor defende em nome próprio, 
direito próprio. 
Em conformidade com o disposto no artigo 42, do Código de Processo Civil 
a alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre 
vivos, não altera legitimidade das partes. 
Isto quer dizer que o titular do direito material objeto do litígio, pode transferi-
lo no curso do processo, sem contudo deixar de ser parte na relação jurídica 
processual, passando a agir como substituto processual do adquirente. O 
adquirente ou cessionário, a despeito da alteração material da situação, não 
poderá ingressar em juízo para substituir o alienante ou o cedente, exceto se a 
parte contrária o consentir. Portanto, a substituição, nos termos da lei 
processual, é possível, desde que a parte adversa o consinta (art. 42, § 1, 
CPC). 
Em todo o caso, o adquirente ou cessionário, poderá intervir no processo 
para assistir o alienante ou o cessionário, que continua como autor ou como 
réu. Os efeitos da sentença, por outro lado, atingem os sucessores das partes 
originárias, isto é, o adquirente ou o cessionário (art. 42, § 3, CPC). 
Ocorrendo a morte de qualquer dos litigantes, dar-se-á substituição por seu 
espólio ou seus sucessores, após a suspensão do processo para a habilitação 
dos herdeiros, nos termos do artigo 265, I, conforme o procedimento do artigo 
1055, ambos do CPC, salvo se já tiver sido iniciada a audiência de instrução e 
julgamento, caso em que o processo continuará até a sentença ou acórdão 
(art. 265, § 1°, CPC). 
A substituição do procurador no curso do processo, pode dar-se tanto pela 
revogação do mandato, como pela renúncia ao mandato, ou, ainda, em razão 
da morte ou incapacidade do mesmo. 
Quando cessar o mandato do advogado através da revogação do mesmo 
pelo mandante, este se obriga no mesmo ato a constituir outro que assuma o 
patrocínio da causa, nos termos do que preceitua o artigo 44 do CPC. 
Quando for o advogado quem renunciar ao mandato, deverá notificar o 
mandante a fim de que lhe nomeie sucessor. Continuará representando o 
mandante, todavia, durante os dez dias subsequentes à data da comunicação, 
desde que necessário para lhe evitar prejuízo, conforme se tem do texto do 
artigo 45, do CPC. 
Tratando-se do falecimento ou da incapacidade do advogado no curso da 
demanda, a regra aplicável é a do artigo 265, § 2°, que determina a suspensão 
do processo, ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento, 
marcando o juiz o prazo de 20 dias para que a parte constitua novo 
mandatário. Decorrido o prazo, o juiz extinguirá o processo sem julgamento do 
mérito, se o autor não houver nomeado novo mandatário, ou mandará 
prosseguir o feito à revelia do réu, se a inobservância ao prazo se der por este. 
 
EXERCÍCIOS 
01. (FCC - TRF 4ª REGIÃO - Técnico Judiciário - 2010) Considere as 
seguintes assertivas a respeito da capacidade processual: 
I. O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor 
ações que versem sobre direitos reais imobiliários. 
II. Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu é 
indispensável em qualquer hipóteses em razão da natureza jurídica da ação. 
III. A herança jacente ou vacante será representada em juízo, ativa e 
passivamente, por seu inventariante. 
IV. As sociedades sem personalidade jurídica, quando demandadas, não 
poderão opor a irregularidade de sua constituição. 
De acordo com o Código de Processo Civil, está correto o que consta 
APENAS em 
(A) II, III e IV. 
(B) I, II e IV. 
(C) I e IV. 
(D) I e III. 
(E) III e IV. C 
 
02. (FCC - TRT 3ª REGIÃO - 2009) A respeito das partes e procuradores é 
INCORRETO afirmar que 
(A) a alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato inter 
vivos, não altera a legitimidade das partes. 
(B) o adquirente ou o cessionário poderá ingressar em juízo, substituindo o 
alienante, ou cedente, sem que o consinta a parte contrária. 
(C) a sentença, proferida contra as partes originárias, estende os seus 
efeitos ao adquirente ou ao cessionário. 
(D) dar-se-á a substituição, ocorrendo a morte de qualquer das partes, pelo 
seu espólio ou pelos seus sucessores. 
(E) o advogado poderá, a qualquer tempo, renunciar ao mandato, provando 
que cientificou o mandante a fim de que este nomeie substituto. 
 
03. (FCC – TRT 9ª Região - 2010) Quanto à substituição das partes e 
procuradores, é correto afirmar: 
(A) O cessionário de coisa ou direito litigioso poderá ingressar em juízo 
substituindo o cedente, sem que o consinta a parte contrária. 
(B) O adquirente de coisa ou direito litigioso poderá ingressar em juízo, 
substituindo o alienante, sem que o consinta a parte contrária. 
(C) Na alienação de coisa ou direito litigioso, a sentença proferida entre as 
partes originárias estende seus efeitos ao adquirente ou cessionário. 
(D) A morte de qualquer das partes implicará extinção do processo. 
(E) A substituição voluntária das partes, no curso do processo, poderá 
ocorrer em qualquer situação, ainda que não prevista em lei. 
 
04. (FCC - TRF 5ª Região - Técnico Judiciário - 2008) O juiz NÃO dará 
curador especial ao 
(A) incapaz se os seus interesses colidirem com os interesses de seu 
representante legal. 
(B) réu revel citado por hora certa. 
(C) autor da ação quando verificar a irregularidade de sua representação 
processual. 
(D) réu revel citado por edital. 
(E) incapaz se não tiver representante legal. 
 
GABARITO: 
 
01 C 
02 B 
03 C 
04 C 
 
 
3 DO LITISCONSÓRCIO E DA ASSISTÊNCIA. 
 
LITISCONSÓRCIO 
 
Litisconsórcio é a pluralidade de partes. É um dos fenômenos processuais 
mais comuns, tanto no pólo ativo quanto no pólo passivo. O primeiro motivo 
que leva à existência do litisconsórcio é a economia processual. Admite-se 
tambémo litisconsórcio para evitar as decisões conflitantes. 
O litisconsórcio costuma ser classificado quanto à posição processual dos 
sujeitos, quanto ao aspecto cronológico de sua formação, quanto à natureza da 
ligação entre os litisconsortes e quanto à sentença a ser nele proferida. 
 
Quanto à posição processual: Conforme se encontre pluralidade de 
sujeitos no pólo ativo ou no pólo passivo do processo, será o litisconsórcio 
denominado. Havendo pluralidade de autores o litisconsórcio será ativo. Se há 
pluralidade de réus, trata-se litisconsórcio passivo. Apresentando ambos os 
pólos do processo pluralidade de figurantes, tratar-se-á de litisconsórcio misto. 
 
Quanto ao aspecto cronológico de sua formação: A união das relações 
jurídicas processuais pode constituir-se já com processo, desde o seu início, 
através de demanda conjunta, ou, posteriormente, através do ingresso de 
outros demandantes ou da inclusão de outros demandados, ou, ainda, através 
da reunião de processos pendentes no mesmo juízo, por ordem deste. 
 
Quanto à natureza de sua formação: A regra no processo civil é a da 
dualidade das partes, que se apresentam singularmente em posições 
antagônicas como autor e réu. Sendo assim, a conjunção de mais figurantes 
num dos pólos do processo não fica ao alvedrio dos interessados na 
pluralização. A formação do litígio em comunhão de partícipes, só é possível 
quando preenchidos certos pressupostos autorizadores da união. A formação 
do litisconsórcio, portanto, pressupõe sempre a autorização ou a exigência da 
lei. Fora das hipóteses declinadas na lei é inadmissível o litisconsórcio. O 
Código de Processo Civil trata das hipóteses autorizativas do litígio conjunto no 
artigo 46, estabelecendo sua exigência no artigo 47. 
 
Quanto à decisão a ser proferida: Os dois regimes legais, que explicitam a 
natureza do litisconsórcio separam as hipóteses entre o litisconsórcio unitário e 
o litisconsórcio simples ou comum. 
 
Litisconsórcio simples ou comum: O chamado litisconsórcio simples ou 
comum, caracteriza-se como uma pluralidade de processos, que por motivos 
finalísticos, são unidos com vistas à uma instrução comum e, não 
necessariamente, uma única sentença. Há de aí a possibilidade de decisões 
divergentes em relação à cada uma das relações jurídicas processuais 
litisconsorciadas. 
 
Litisconsórcio unitário: Diversamente do litisconsórcio simples, no 
litisconsórcio unitário é a intensidade do vínculo de ligação entre as relações 
jurídicas processuais o que o caracteriza. É que, em razão da unitariedade da 
relação jurídica no plano material, no litisconsórcio unitário só será possível 
uma decisão uniforme para todos os litisconsortes. Enquanto no litisconsórcio 
simples há união de processos, que guardam sua independência jurídica, no 
necessário a decisão sobre o objetos litigioso da união de processos há de ser 
uniforme. É o caso da ação de anulação de casamento proposta pelo Ministério 
Público, em que necessariamente se forma o litisconsórcio em face de ambos 
os cônjuges e onde a decisão, diante da impossibilidade da cisão da relação 
jurídica, há de ser uniforme para ambos, não podendo ser declarado nulo o 
casamento para um e válido para o outro. 
Em regra o litisconsórcio unitário é necessário. Mas só em princípio, posto 
que o que se verifica é que nem sempre é necessário. Ilustrativos são os casos 
de condôminos que reivindicam a coisa comum e de credores solidários com 
relação à dívida comum. Ajam eles em conjunto ou separadamente, a decisão 
será sempre uniforme para todos os interessados, a despeito, pois, de não ser 
necessário o litisconsórcio. 
Mas há também casos em que o litisconsórcio é necessário sem que seja 
unitário, como são as hipóteses do concurso de credores do devedor insolvente 
e das ações divisórias e demarcatórias, onde as partes são obrigatórias, mas a 
decisão das pretensões de uns e de outros pode ser diferente. 
No litisconsórcio simples, faltando pressuposto processual com relação a um 
litisconsorte ativo ou com relação a um litisconsorte passivo, somente em 
relação a estes é declarada a inadmissibilidade, prosseguindo o processo com 
relação aos demais litisconsortes. No litisconsórcio unitário, ao contrário, a 
ausência de pressuposto processual unitário torna inadmissível a apreciação 
do mérito da causa em relação a todos os litisconsortes. Dado que no 
litisconsórcio necessário unitário há a unitariedade do objeto do processo, 
decorrente da relação jurídica no plano material, a pressupor a legitimação 
conjunta dos litisconsortes, a ausência de pressuposto processual com relação 
a um dos litisconsortes, se estende aos demais. Vamos conferir o que diz o 
Código de processo civil: 
 
CAPÍTULO V 
DO LITISCONSÓRCIO E DA ASSISTÊNCIA 
Seção I 
Do Litisconsórcio 
 
Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo 
processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: 
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de 
obrigações relativamente à lide; 
II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo 
fundamento de fato ou de direito; 
III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela 
causa de pedir; 
IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum 
de fato ou de direito. 
Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio 
facultativo quanto ao número de litigantes, quando este 
comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a 
defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para 
resposta, que recomeça da intimação da decisão. 
 
Art. 47. Há litisconsórcio necessário, quando, por 
disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o 
juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as 
partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da 
citação de todos os litisconsortes no processo. 
Parágrafo único. O juiz ordenará ao autor que promova a 
citação de todos os litisconsortes necessários, dentro do 
prazo que assinar, sob pena de declarar extinto o 
processo. 
 
Art. 48. Salvo disposição em contrário, os litisconsortes 
serão considerados, em suas relações com a parte 
adversa, como litigantes distintos; os atos e as omissões 
de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros. 
 
Art. 49. Cada litisconsorte tem o direito de promover o 
andamento do processo e todos devem ser intimados dos 
respectivos atos. 
 
 
ASSISTÊNCIA 
 
Denomina-se assistência o instituto que disciplina a participação de terceiro 
num processo alheio a fim de auxiliar uma das partes, quando caracterizado o 
interesse jurídico na vitória da parte assistida. 
A assistência, apesar de configurar instituto típico de intervenção de 
terceiros, não foi tratada pelo legislador no Capitulo próprio. Essa alocação 
denota a influência da doutrina carneluttiana, que conceitua o assistente como 
sujeito da ação e, pois, como parte adesiva ou acessória, embora não seja 
sujeito da lide. Essa influência doutrinária mostra-se visível no texto do artigo 
52, do Código de Processo Civil, que expressa a atuação do assistente como 
auxiliar da parte principal, ou seja como parte acessória. 
A doutrina distingue duas formas de assistência a que denominam de 
assistência litisconsorcial (arts. 54 e 55, CPC) e de assistência simples (arts. 
50, 51 a 53 e 55, CPC). 
Na assistência simples, o objetivo é auxiliar uma das partes do processo a 
obter uma sentença que lhe seja favorável, dado um interesse próprio do 
assistente na vitória do assistido. Na assistência litisconsorcial, por seu turno, 
existe um direito próprio do assistente, que não está diretamente envolvido no 
processo, mas cuja sentença irá inevitavelmente atingi-lo. Tem-se já de aí, que 
são requisitos específicos da assistência: existência de uma relação jurídica 
entre uma das partes e o assistente ou entre o assistente e a parte adversa do 
assistido, e a possibilidade de vir a sentença nelas influir. Vamos conferir o 
Código de processo civil: 
 
Seção II 
Da Assistência 
 
Art. 50. Pendendo uma causa entre duas ou mais 
pessoas, oterceiro, que tiver interesse jurídico em que a 
sentença seja favorável a uma delas, poderá intervir no 
processo para assisti-la. 
Parágrafo único. A assistência tem lugar em qualquer dos 
tipos de procedimento e em todos os graus da jurisdição; 
mas o assistente recebe o processo no estado em que se 
encontra. 
 
Art. 51. Não havendo impugnação dentro de 5 (cinco) 
dias, o pedido do assistente será deferido. Se qualquer 
das partes alegar, no entanto, que falece ao assistente 
interesse jurídico para intervir a bem do assistido, o juiz: 
I - determinará, sem suspensão do processo, o 
desentranhamento da petição e da impugnação, a fim de 
serem autuadas em apenso; 
II - autorizará a produção de provas; 
III - decidirá, dentro de 5 (cinco) dias, o incidente. 
 
Art. 52. O assistente atuará como auxiliar da parte 
principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos 
mesmos ônus processuais que o assistido. 
Parágrafo único. Sendo revel o assistido, o assistente 
será considerado seu gestor de negócios. 
 
Art. 53. A assistência não obsta a que a parte principal 
reconheça a procedência do pedido, desista da ação ou 
transija sobre direitos controvertidos; casos em que, 
terminando o processo, cessa a intervenção do 
assistente. 
 
Art. 54. Considera-se litisconsorte da parte principal o 
assistente, toda vez que a sentença houver de influir na 
relação jurídica entre ele e o adversário do assistido. 
Parágrafo único. Aplica-se ao assistente litisconsorcial, 
quanto ao pedido de intervenção, sua impugnação e 
julgamento do incidente, o disposto no art. 51. 
 
Art. 55. Transitada em julgado a sentença, na causa em 
que interveio o assistente, este não poderá, em processo 
posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e 
provar que: 
I - pelo estado em que recebera o processo, ou pelas 
declarações e atos do assistido, fora impedido de produzir 
provas suscetíveis de influir na sentença; 
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas, 
de que o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu. 
 
EXERCÍCIO 
 
01. (FCC – TJ AMAPÁ– 2010) Assinale a alternativa falsa: 
(A) Há litisconsórcio facultativo ativo quando duas ou mais pessoas ajuízam 
ação escoradas em direitos ou obrigações derivados do mesmo fundamento de 
fato ou de direito. 
(B) Há litisconsórcio passivo necessário quando a defesa de dois ou mais 
réus em um mesmo processo fundar-se em comunhão de obrigações 
relativamente à lide. 
(C) Segundo o CPC, salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão 
considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos 
e, por isso, os atos e omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os 
outros. 
(D) Segundo o CPC, cada litisconsorte tem o direito de promover o 
andamento do processo e todos devem ser intimados dos respectivos atos. 
 
GABARITO: 
 
01 B 
 
 
4. DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS: OPOSIÇÃO, NOMEAÇÃO À 
AUTORIA, DENUNCIAÇÃO À LIDE E CHAMAMENTO AO PROCESSO. 
 
São cinco as hipóteses de intervenção de terceiro: Assistência, denunciação 
da lide, oposição, chamamento ao processo e nomeação à autoria. 
Assistência: Foi inserida fora do capítulo destinado à intervenção de 
terceiros. A conclusão da doutrina é unânime de que foi um equívoco do 
legislador deixá-la fora do capítulo destinado à intervenção de terceiros. 
Contudo, já estudamos assistência no capítulo anterior. 
 
4.1 OPOSIÇÃO 
 
A oposição é uma forma de intervenção espontânea de terceiros, ou seja, o 
terceiro vem ao processo por iniciativa própria. Na oposição, o terceiro surge 
alegando que o objeto litigioso não pertence nem ao réu nem ao autor, mas sim 
a ele próprio. O que o terceiro opoente deseja é o objeto litigioso, que será 
disputado não somente pelo autor e pelo réu, mas também pelo opoente. 
A oposição é sempre prejudicial à ação principal, visto que o resultado da 
oposição afeta no resultado da ação principal. Se o Juiz acolhe a oposição, ele 
não poderá acolher a ação principal, sob pena de haver uma sentença 
conflitante. 
A oposição é uma forma de intervenção de terceiros que possui natureza 
jurídica de ação, o que significa que, havendo oposição, haverá duas ações. 
Na ação principal, figura no pólo ativo o autor e no pólo passivo o réu. Na 
oposição, o opoente figura no pólo ativo e o autor e o réu da ação principal 
figuram no pólo passivo, formando um litisconsórcio necessário. 
Cabe a oposição se o processo principal estiver entre a fase de citação e a 
fase de sentença, o que significa dizer que não cabe mais oposição se o 
processo principal estiver em fase de recurso. Segue as disposições do Código 
de processo civil: 
 
Art. 56. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou 
o direito sobre que controvertem autor e réu, poderá, até 
ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos. 
 
Art. 57. O opoente deduzirá o seu pedido, observando os 
requisitos exigidos para a propositura da ação (arts. 282 e 
283). Distribuída a oposição por dependência, serão os 
opostos citados, na pessoa dos seus respectivos 
advogados, para contestar o pedido no prazo comum de 
15 (quinze) dias. 
Parágrafo único. Se o processo principal correr à revelia 
do réu, este será citado na forma estabelecida no Título V, 
Capítulo IV, Seção III, deste Livro. 
 
Art. 58. Se um dos opostos reconhecer a procedência do 
pedido, contra o outro prosseguirá o opoente. 
 
Art. 59. A oposição, oferecida antes da audiência, será 
apensada aos autos principais e correrá simultaneamente 
com a ação, sendo ambas julgadas pela mesma 
sentença. 
 
Art. 60. Oferecida depois de iniciada a audiência, seguirá 
a oposição o procedimento ordinário, sendo julgada sem 
prejuízo da causa principal. Poderá o juiz, todavia, 
sobrestar no andamento do processo, por prazo nunca 
superior a 90 (noventa) dias, a fim de julgá-la 
conjuntamente com a oposição. 
 
Art. 61. Cabendo ao juiz decidir simultaneamente a ação e 
a oposição, desta conhecerá em primeiro lugar. 
 
4.2 NOMEAÇÃO À AUTORIA 
 
É uma intervenção de terceiro provocada pelo réu. A nomeação à autoria só 
cabe numa hipótese específica, por este motivo raramente ocorre. O 
instrumento da nomeação à autoria só se justifica devido à dificuldade de se 
destinguir posse e detenção. Portanto, a nomeação à autoria está restrita ao 
problema de posse e de detenção. A nomeação à autoria existe quando se 
move uma ação equivocadamente contra quem é mero detentor. 
Exemplo: Antônio é proprietário de um terreno. Beto invade este terreno e 
coloca um empregado seu (Carlos) para tomar conta do terreno. Antônio 
descobre a invasão e interpõe a ação contra Carlos (que está com a detenção 
do terreno). Carlos é parte ilegítima na ação (visto ser mero detentor), então 
deverá fazer a nomeação à autoria em face de Beto, que é o legítimo 
possuidor. 
A nomeação à autoria serve para que se resolva o problema da ilegitimidade 
da ação, devido à confusão que o autor possa vir a fazer em relação à posse e 
à detenção. O CPC dispõe que a nomeação à autoria é obrigatória, ou seja, o 
réu está obrigado a fazer a nomeação à autoria sob pena de responder por 
perdas e danos. 
A nomeação à autoria é a única espécie de intervenção de terceiro que 
precisa ser aceita, ou seja, existe a possibilidade de que a nomeação à autoria 
seja rejeitada pela parte. Tendo em vista que, se a nomeação à autoria for 
acolhida, o réu originário será substituído pelo réu nomeado. A nomeação à 
autoria deve ser aceita pelo autor e pelo nomeado. 
O prazo que o mero detentor tem para fazer a nomeação à autoria é o 
mesmo da contestação (15 dias no procedimento ordinário). Não cabe 
nomeação à autoria no procedimento sumário. 
O detentor pode fazer a nomeação à autoria no prazo da contestação, mas 
não há necessidade de contestar neste prazo, visto que, se a nomeação à 
autoria for aceita, ele sairá do pólo passivo; e se a nomeação à autoria for 
rejeitada, ele terá seu prazo devolvido. 
Apresentada a nomeação à autoria, o Juiz deve intimar o autor que deveráse manifestar acerca da aceitação ou não (prazo de 5 dias). Se o autor recusar 
a nomeação à autoria e for comprovado que o réu originário é parte ilegítima, o 
processo será extinto sem julgamento do mérito. O silêncio do autor na 
nomeação à autoria significa a aceitação da nomeação por parte do autor. 
Se o autor aceitar a nomeação, o Juiz determinará que o nomeado seja 
citado. Citado, o nomeado tem a possibilidade de aceitar ou recusar a 
nomeação à autoria no prazo para contestação (15 dias). Se ele aceitar, deverá 
apresentar conjuntamente a contestação. Se, nesses 15 dias, ele silenciar, 
presume-se a aceitação da nomeação à autoria e será considerado revel. 
Se o nomeado recusa a nomeação, a ação continurá correndo contra o réu 
originário (a nomeação fica sem efeito), havendo o risco de o processo ser 
julgado extinto sem julgamento do mérito. Entretanto, se o nomeado recusar 
indevidamente a nomeação à autoria, ele deverá arcar com perdas e danos. 
Se a nomeação à autoria for recusada, seja pelo autor, seja pelo nomeado, a 
ação continuará a correr contra o réu originário e a ele será devolvido, na 
íntegra, o prazo para contestação. Vamos complementar nos termos do Código 
de processo civil: 
 
Art. 62. Aquele que detiver a coisa em nome alheio, 
sendo-lhe demandada em nome próprio, deverá nomear à 
autoria o proprietário ou o possuidor. 
 
Art. 63. Aplica-se também o disposto no artigo 
antecedente à ação de indenização, intentada pelo 
proprietário ou pelo titular de um direito sobre a coisa, 
toda vez que o responsável pelos prejuízos alegar que 
praticou o ato por ordem, ou em cumprimento de 
instruções de terceiro. 
 
Art. 64. Em ambos os casos, o réu requererá a nomeação 
no prazo para a defesa; o juiz, ao deferir o pedido, 
suspenderá o processo e mandará ouvir o autor no prazo 
de 5 (cinco) dias. 
 
Art. 65. Aceitando o nomeado, ao autor incumbirá 
promover-lhe a citação; recusando-o, ficará sem efeito a 
nomeação. 
 
Art. 66. Se o nomeado reconhecer a qualidade que Ihe é 
atribuída, contra ele correrá o processo; se a negar, o 
processo continuará contra o nomeante. 
 
Art. 67. Quando o autor recusar o nomeado, ou quando 
este negar a qualidade que Ihe é atribuída, assinar-se-á 
ao nomeante novo prazo para contestar. 
 
Art. 68. Presume-se aceita a nomeação se: 
I - o autor nada requereu, no prazo em que, a seu 
respeito, Ihe competia manifestar-se; 
II - o nomeado não comparecer, ou, comparecendo, nada 
alegar. 
 
Art. 69. Responderá por perdas e danos aquele a quem 
incumbia a nomeação: 
I - deixando de nomear à autoria, quando Ihe competir; 
II - nomeando pessoa diversa daquela em cujo nome 
detém a coisa demandada. 
 
 
4.3 DENUNCIAÇÃO DA LIDE 
 
Tem natureza jurídica de verdadeira ação do denunciante contra o 
denunciado. São duas ações em um só processo. Existe, também, a 
denunciação da lide feita pelo autor. Todas as hipóteses de denunciação da 
lide estão associadas ao direito de regresso. As hipóteses de cabimento estão 
descritas no art. 70 do CPC e este rol é taxativo. 
O momento adequado para que o réu faça a denunciação da lide é no prazo 
da contestação (no prazo da contestação significa junto com a contestação). A 
denunciação da lide deve ser apresentada simultaneamente com a 
contestação, sob pena de preclusão, podendo ser apresentada na própria 
contestação ou em peça autônoma, devendo ser fundamentada. Se o Juiz 
entende que não é caso de denunciação da lide, ele indefere de plano; o 
recurso cabível, neste caso, é o agravo de instrumento. Se o Juiz deferir a 
denunciação da lide, determinará que o denunciado seja citado para oferecer 
contestação. Além de o denunciado contestar a denunciação da lide, nada 
obsta que também conteste a petição inicial, tendo em vista ter interesse em 
que a ação seja julgada improcedente. Quando o denunciado é citado e vem 
ao processo, o denunciante e o denunciado serão considerados pela parte 
contrária como litisconsortes. Entretanto o Código foi impreciso, visto que com 
a relação que se forma no caso de denunciação da lide, o denunciado seria 
assistente simples. O STJ proferiu um entendimento de que deve-se interpretar 
gramaticalmente a letra da lei, então o denunciado será considerado um 
litisconsorte, tendo direito ao prazo em dobro para contestar. 
Quando a denunciação da lide é feita pelo autor, deve ser feita na própria 
petição inicial, o que implicará no seguinte: haverá uma única petição inicial, na 
qual serão veiculadas duas ações (ação principal e denunciação da lide). Se a 
petição inicial estiver em termos, o Juiz deverá mandar citar tanto o réu quanto 
o denunciado. Deferida a denunciação da lide, o denunciante e o denunciado 
serão considerados como litisconsortes perante o réu. Então o denunciado será 
co-autor, possuindo poderes para aditar a petição inicial. Por este motivo, ele 
deverá ser citado para manifestar-se nos autos antes da citação do réu. A 
seguir, disposições do Código de Processo Civil: 
 
Art. 70. A denunciação da lide é obrigatória: 
I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a 
coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que 
esta possa exercer o direito que da evicção Ihe resulta; 
II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por 
força de obrigação ou direito, em casos como o do 
usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, 
citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa 
demandada; 
III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, 
a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder 
a demanda. 
 
Art. 71. A citação do denunciado será requerida, 
juntamente com a do réu, se o denunciante for o autor; e, 
no prazo para contestar, se o denunciante for o réu. 
 
Art. 72. Ordenada a citação, ficará suspenso o processo. 
§ 1o - A citação do alienante, do proprietário, do possuidor 
indireto ou do responsável pela indenização far-se-á: 
a) quando residir na mesma comarca, dentro de 10 (dez) 
dias; 
b) quando residir em outra comarca, ou em lugar incerto, 
dentro de 30 (trinta) dias. 
§ 2o Não se procedendo à citação no prazo marcado, a 
ação prosseguirá unicamente em relação ao denunciante. 
 
Art. 73. Para os fins do disposto no art. 70, o denunciado, 
por sua vez, intimará do litígio o alienante, o proprietário, 
o possuidor indireto ou o responsável pela indenização e, 
assim, sucessivamente, observando-se, quanto aos 
prazos, o disposto no artigo antecedente. 
 
Art. 74. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado, 
comparecendo, assumirá a posição de litisconsorte do 
denunciante e poderá aditar a petição inicial, procedendo-
se em seguida à citação do réu. 
 
Art. 75. Feita a denunciação pelo réu: 
I - se o denunciado a aceitar e contestar o pedido, o 
processo prosseguirá entre o autor, de um lado, e de 
outro, como litisconsortes, o denunciante e o denunciado; 
II - se o denunciado for revel, ou comparecer apenas para 
negar a qualidade que Ihe foi atribuída, cumprirá ao 
denunciante prosseguir na defesa até final; 
III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo 
autor, poderá o denunciante prosseguir na defesa. 
 
Art. 76. A sentença, que julgar procedente a ação, 
declarará, conforme o caso, o direito do evicto, ou a 
responsabilidade por perdas e danos, valendo como título 
executivo. 
 
 
4.4 CHAMAMENTO AO PROCESSO 
 
O chamamento ao processo, como a denunciação da lide, está relacionado 
ao direito de regresso. Entretanto, o chamamento ao processo é mais 
específico, cabendo apenas quando houver direito de regresso proveniente de 
fianças ou solidariedade. 
Sempre que houver solidariedade, aquele que pagou a dívida integralmente 
somente poderá cobrar dos demais as respectivas quotas. Código de processo 
civil: 
 
Art. 77. É admissível o chamamento ao processo: 
I - do devedor, na ação em que o fiador for réu; 
II - dos outros fiadores, quando para a ação for citado 
apenas um deles; 
III - de todos os devedores solidários, quando o credor 
exigir de um ou de algunsdeles, parcial ou totalmente, a 
dívida comum. 
 
Art. 78. Para que o juiz declare, na mesma sentença, as 
responsabilidades dos obrigados, a que se refere o artigo 
antecedente, o réu requererá, no prazo para contestar, a 
citação do chamado. 
 
Art. 79. O juiz suspenderá o processo, mandando 
observar, quanto à citação e aos prazos, o disposto nos 
arts. 72 e 74. 
 
Art. 80. A sentença, que julgar procedente a ação, 
condenando os devedores, valerá como título executivo, 
em favor do que satisfizer a dívida, para exigi-la, por 
inteiro, do devedor principal, ou de cada um dos co-
devedores a sua quota, na proporção que Ihes tocar. 
EXERCÍCIOS 
 
01. (FCC – TRT 9ª Região - 2010) Quando o credor exigir de um ou de 
alguns dos devedores solidários, parcial ou totalmente, a dívida comum, é 
(A) admissível a nomeação à autoria dos demais devedores solidários. 
(B) obrigatória a nomeação à autoria dos demais devedores solidários. 
(C) admissível a denunciação da lide a qualquer dos devedores solidários. 
(D) admissível o chamamento ao processo de todos os devedores solidários. 
(E) obrigatória a denunciação da lide aos demais devedores solidários. 
 
02. (FCC – TRE Piauí - 2009) Sobre a intervenção de terceiros, de acordo 
com o Código de Processo Civil, é certo que 
(A) cabendo ao juiz decidir simultaneamente a oposição e a ação, desta 
conhecerá em primeiro lugar. 
(B) a oposição poderá ser oferecida contra o autor e o réu até o trânsito em 
julgado da lide. 
(C) a citação do denunciado no caso de denunciação da lide será requerida 
no prazo para contestação pelo réu, não sendo cabível a denunciação da lide 
pelo autor. 
(D) o réu deverá requerer a nomeação à autoria no prazo para defesa e, no 
caso de deferimento do pedido, o juiz suspenderá o processo e mandará ouvir 
o autor no prazo de cinco dias. 
(E) na hipótese de nomeação à autoria, quando o nomeado negar a 
qualidade que lhe é atribuída o processo continuará contra o nomeante em 
litisconsórcio passivo com o nomeado. 
 
GABARITO: 
 
01 D 
02 D 
 
 
5. DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 
 
O art. 127 da Constituição Federal apresenta as funções institucionais do 
Ministério Público (MP), ressaltando que lhe incumbe a defesa da ordem 
jurídica, do regime democrático e dos interesses individuais e indisponíveis. 
Portanto, o MP não está subordinado ao Poder Judiciário, nem tem qualquer 
dependência com o mesmo. É uma instituição autônoma e não integra o Poder 
Judiciário, embora desenvolva suas funções essenciais, basicamente no 
processo e perante órgãos da jurisdição. 
O MP resguarda os valores fundamentais do Estado, quer seja na 
persecução penal, visando a repressão delitiva, quer na esfera civil, na defesa 
de valores fundamentais, como meio ambiente, valores históricos e 
paisagísticos, ou ainda na defesa de consumidores, trabalhadores acidentados, 
registros públicos, fundações ou o próprio direito de família. 
O § 1.º do art. 127 da CF estabelece os seguintes princípios: 
• princípio da unidade; 
• princípio da indivisibilidade; 
• princípio da independência funcional. 
 
Princípio da unidade: Todos os membros do MP fazem parte de uma só 
corporação, cabendo substituição, pois pouco importa o membro que venha 
oficiar num determinado processo. 
 
Princípio da indivisibilidade: O princípio da indivisibilidade decorre do 
próprio princípio da unidade. Quando um promotor atua em um processo, é o 
próprio Ministério Público que se faz presente no feito, de sorte que caso o 
promotor tenha que ser substituído, em nada vai prejudicar a atuação da 
instituição no processo. 
 
Princípio da independência funcional: Cada membro prima pela sua 
própria consciência jurídica, sem qualquer ingerência do Poder Executivo, nem 
ingerência dos seus próprios órgãos superiores. 
 
O art. 81 do CPC apresenta as hipóteses em que o MP atua como parte no 
processo, estabelecendo que o mesmo assim agirá nas hipóteses em que 
houver expressa determinação legal. Dessa forma, o MP só é parte de acordo 
com o princípio da legalidade, sendo que em casos não previstos em lei o MP 
não pode atuar como parte. 
O MP terá papel fiscalizatório, de acordo com o art. 82 do CPC, nas 
seguintes hipóteses: 
� Nas causas em que há interesses de incapazes; 
� Em todas as causas que digam respeito ao estado da pessoa; 
� Nas causas em que existem litígios coletivos, pela posse de terra rural, e 
em todas as causas de interesse público. 
O Ministério Público possui uma gama de funções, em diferentes campos do 
direito. No processo civil são diversas e múltiplas as funções exercidas, agindo 
ora como parte (art. 81 CPC), ora como fiscal da lei (art. 82 CPC). Ao 
estabelecer a atuação do Ministério Público como parte, o Código de Processo 
Civil quer referir-se àquelas causas em que esteja legitimado para agir ou 
contestar. Como autor ou como réu ele só tem legitimidade para atuar, quando 
autorizado por lei. 
O Código de Processo Civil, em seu artigo 81, prescreve que o Ministério 
Público desfruta dos mesmos poderes e submete-se aos mesmos ônus que as 
partes. Na realidade, tal não ocorre, por força mesmo de suas funções. Assim 
é, que o Ministério Público não se obriga a adiantar as despesas processuais, 
tampouco se submete ao princípio da sucumbência, isto é não está sujeito à 
condenação nas custas e honorários de advogado, mesmo quando vencido na 
demanda. Ademais, dado o assoberbamento de tarefas decorrentes das suas 
atividades, desfrutam de prazos diferenciados: em dobro para recorrer e em 
quádruplo para contestar (art. 188 CPC). 
Art. 81. O Ministério Público exercerá o direito de ação 
nos casos previstos em lei, cabendo-lhe, no processo, os 
mesmos poderes e ônus que às partes. 
 
Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir: 
I - nas causas em que há interesses de incapazes; 
II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio 
poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração 
de ausência e disposições de última vontade; 
III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse 
da terra rural e nas demais causas em que há interesse 
público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da 
parte. 
 
Art. 83. Intervindo como fiscal da lei, o Ministério Público: 
I - terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado 
de todos os atos do processo; 
II - poderá juntar documentos e certidões, produzir prova 
em audiência e requerer medidas ou diligências 
necessárias ao descobrimento da verdade. 
 
Art. 84. Quando a lei considerar obrigatória a intervenção 
do Ministério Público, a parte promover-lhe-á a intimação 
sob pena de nulidade do processo. 
 
Art. 85. O órgão do Ministério Público será civilmente 
responsável quando, no exercício de suas funções, 
proceder com dolo ou fraude. 
 
 
6. DA COMPETÊNCIA 
 
Os juízes são dotados de jurisdição. Jurisdição é o poder que detém o 
Estado para aplicar o direito ao caso concreto, com o objetivo de solucionar os 
conflitos de interesses e, com isso, resguardar a ordem jurídica e a autoridade 
da lei. Ocorre que a jurisdição tem uma medida que é chamada de 
competência. A competência é o critério de distribuição entre os vários órgãos 
do Poder Judiciário das atividades relativos ao desempenho da jurisdição. 
Portanto, competência judicial é uma parcela da jurisdição, indicadora da 
área geográfica em que o juiz irá atuar, da matéria e das pessoas que 
examinará. 
É a competência que dá ao juiz o poder de julgar. Atribuída em lei (ou seja, a 
lei fixa quais as causas que determinado juiz, em determinada vara, poderá 
julgar), a competência determina os limites dentro dos quais pode legalmente 
julgar. Quando o juiz não tem tal poder, é considerado incompetente, e os atos 
assim praticados podem ser declarados nulos. 
Quando um juiz assume a titularidade de uma vara criminal, por exemplo, 
não poderá julgar uma ação de divórcio, que é de competência das varas de 
família. 
O Código de Processo Civil (CPC) define foro como sendo o mesmo que 
comarca. Portanto, para

Outros materiais